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LIVROS INDICADOS PARA O VESTIBULAR UFU

A ROSA DO POVO (Carlos Drummond de Andrade)


É um livro de poesias brasileiro composto por 55 poemas. É a obra mais extensa do
autor representante do Modernismo no Brasil Carlos Drummond de
Andrade. Também é considerada a maior expressão do lirismo social e modernista.
Seguindo algumas linhas temáticas, nesta obra Drummond tenta expressar suas
contemplações e perturbações diante dos acontecimentos do mundo.

Com poemas produzidos entre 1943 e 1945, o livro “A Rosa do Povo” projeta a relação
entre o indivíduo e a sociedade por meio da poesia.

Foi escrito durante o período de horror e tormento da humanidade causados pela


Segunda Guerra Mundial, o maior e mais sangrento conflito de toda a história que
acarretou a morte de, aproximadamente, setenta milhões de pessoas.

Nesta época, o Brasil também passava por dificuldades devido ao endurecimento do


regime de Getúlio Vargas.

Em “A Rosa do Povo”, ele apresenta seus poemas através do cenário social ao qual
pertence naquele momento.

O CORTIÇO (Aluísio de Azevedo)


É um romance do escritor brasileiro Aluísio de Azevedo. Foi publicado em 1890 e faz
parte do movimento naturalista do Brasil. A obra retrata a vida das pessoas simples em
um cortiço (habitação coletiva) do Rio de Janeiro. Com um teor crítico, trata-se de uma
exímia representação da realidade brasileira do século XIX.

Composta de 23 capítulos, O Cortiço apresenta um narrador onisciente (aquele que


sabe de todo a história), sendo narrado em terceira pessoa. O tempo da narrativa é
linear (começo, meio e fim), seguindo o tempo cronológico dos acontecimentos.
O local em que se desenvolve a trama representa o coletivo, tema explorado pela
escola naturalista. Na obra, o cortiço torna-se o personagem principal, espaço
personificado em diversas passagens do livro. Além do cortiço, há momentos em que a
história se passa na pedreira e na taverna de João Romão. Nalguns momentos é citado
o sobrado da classe burguesa, no bairro do Botafogo. De tal modo, personagens
burgueses se misturam com a vida simples dos habitantes do cortiço. Repleto de
descrições, o romance explora as características físicas e o comportamento de seus
personagens, marcados pela degradação (moral, espiritual e física) e ambição. Um
exemplo é animalização dos personagens, revelada sobretudo, pelos instintos sexuais.

Dono do Cortiço, João Romão é um português ambicioso que explora seus


empregados. Além de proprietário da habitação coletiva, ele é dono de uma pedreira e
uma taverna. Ainda que não seja o personagem principal da trama, muitas passagens
do romance revelam sua ascensão social.

Ao mesmo tempo, é demostrada a degradação social dos menos favorecidos que


vivem no cortiço. Ao lado do cortiço aparece o sobrado aristocrático, em que vive o
burguês Miranda, comerciante de tecidos, casado com Estela. Eles vivem um
casamento infeliz, e Estela o trai sempre. Miranda demostra-se incomodado com o
crescimento do cortiço e por esse motivo, entra em rivalidade com João Romão. No
entanto, com o intuito de ter um status social parecido com de seu rival, João Romão
casa-se com a filha de Miranda e Estela: Zulmira. A partir daí, ele consegue alcançar
melhores condições sociais. João Romão, tem uma escrava chamada Bertoleza. Ele
forjou uma carta de alforria para ela, que por fim, torna-se sua amante e passa a
trabalhar para ele. Entretanto, após seu casamento Romão entrega sua escrava
fugitiva. Desiludida com essa ação, Bertoleza se mata. No cortiço, a vida é simples e
dura. Grande parte do enredo retrata a vida de seus moradores e de seus
envolvimentos. Rita baiana é uma mulata de grande carisma e que conhece todos os
moradores da habitação coletiva. De natureza sedutora, teve um envolvimento com
firmo e mais tarde, com o português Jerônimo. Esse envolvimento, levou ao
assassinato de firmo. Jerônimo é um homem honesto que trabalha na pedreira de João
Romão. É casado com a portuguesa Piedade e juntos tem uma filha. Após se envolver
com a sedutora Rita Baiana, sua esposa descobre a relação e começa a beber.
Enciumado pelo envolvimento anterior que Rita teve com Firmo, Jerônimo resolve
assassinar seu rival. Por fim, Jerônimo abandona sua família para ficar com Rita. O
incêndio no cortiço foi um dos fatores principais para que muitos moradores se
transferissem para outro cortiço, o “cabeça-de-gato”. Com isso, o local foi reformado e
a avenida recebeu o nome de “Avenida São Romão”.

A obra O Cortiço é a mais emblemática do movimento naturalista no Brasil. A grande


questão levantada pelo escritor esteve relacionada como o meio, a raça e a história.
Assim, a degradação e a decadência do ser humano pode ser explicada pela mistura de
raças, que, segundo Aluísio, levam à promiscuidade. Ademais, o meio influencia
diretamente o comportamento de seus personagens. A desigualdade social é um tema
muito explorado, o qual é reforçado por meio das diferenças sociais e históricas dos
indivíduos envolvidos. Trata-se, portanto, de um retrato revelador da sociedade
brasileira em meados do século XIX. A busca pela ascensão dos personagens demostra
a ambição deles, envolvidas em questões superficiais. Ainda que tenha sido escrita em
fins do século XIX, até os dias de hoje podemos notar essa postura de busca de
ascensão social na sociedade brasileira.

O HOMEM QUE SABIA JAVANÊS E OUTROS CONTOS (Lima Barreto)

Nesta trama satírica, o escritor pré-modernista/modernista apresenta um


trambiqueiro ao melhor estilo malandro carioca. O protagonista de “O Homem que
Sabia Javanês” consegue ascender social e profissionalmente na recém-proclamada
República ao mentir dizendo que dominava uma língua estrangeira. Diante da
ignorância de seus compatriotas, que ao menos sabiam valorizar alguém com
capacidade intelectual para aprender mais de um idioma, a personagem principal do
conto torna-se do dia para a noite um figurão da sociedade burguesa do Rio de Janeiro
e do corpo diplomático brasileiro. Sua fama se espalha rapidamente de boca em boca.
Todos admiram o rapaz que sabe falar a tal língua javanesa. Narrado em primeira
pessoa por seu protagonista, “O Homem que Sabia Javanês” é uma conversa de bar
(na verdade, a história se passa em uma confeitaria) entre dois amigos. Entre uma
cervejinha e outra, Castelo, um vigarista de mão-cheia, conta para Castro, um velho
conhecido, as maracutaias que o fizeram progredir na vida. Em uma época em que não
tinha um tostão furado no bolso e já estava devendo o aluguel do quarto de pensão, o
narrador do conto viu um anúncio no jornal em que se contratava um professor de
javanês. Sem ter qualquer conhecimento do idioma requerido, Castelo apresentou-se
na Rua Conde do Bonfim para a vaga. O contratante era Manuel Feliciano Soares
Albernaz, o Barão de Jacuecanga. Já idoso, o português queria aprender a língua
javanesa para ler um livro deixado por seu avô, o Conselheiro Albernaz. Segundo a
crença da família, aquela obra trazia sorte para seus proprietários. Por isso, o interesse
de conhecer o conteúdo daquela publicação. Aproveitando-se que o prefácio do livro
estava em inglês, Castelo, com toda a cara de pau que Deus lhe deu, diz ao Barão de
Jacuecanga que aquela história fora escrita pelo Príncipe Kulanga, um escritor javanês
de muitos méritos. Encantado com os conhecimentos idiomáticos do jovem professor,
o Barão de Jacuecanga o contrata imediatamente. Para surpresa de Castelo, ele se
torna, de uma hora para outra, bem-quisto pela sociedade carioca. Todos na Capital
Federal ficam encantados com o rapaz que sabe falar javanês. Um dos mais
entusiasmados com as habilidades do professor é o genro do Barão de Jacuecanga, um
importante desembargador. Foi ele quem indicou o nome de Castelo para o corpo
diplomático brasileiro. Inicia-se, assim, a trajetória ascendente do jovem professor no
funcionalismo público nacional e nas palestras internacionais de linguística.
O ponto alto deste conto está na divertida sátira social que o autor carioca faz de seu
país e de seus conterrâneos. Logo de cara, nota-se em “O Homem que Sabia Javanês”
uma forte crítica à burocracia do Estado tupiniquim, à falta de inteligência do brasileiro
médio, ao pseud. patriotismo nacional e à mentira como estilo de vida. Castro diz logo
nas primeiras linhas: “O que me admira é que tenhas corrido tantas aventuras aqui
nesse Brasil imbecil e burocrático”. Aí Castelo responde: “Qual! Aqui mesmo, meu caro
Castro, se podem arranjar belas páginas de vida. Imagina tu que eu já fui professor de
javanês!”. Em outras palavras, o que o narrador-protagonista quis dizer é: “Nesse
nosso país, é possível se sair muito bem se você não fizer as coisas certas. Eu nunca fiz
e cheguei aonde cheguei”. Lima Barreto é famoso pelos seus textos críticos. Ele
debochava principalmente da corrupção dos governantes, da forte presença dos
militares na cúpula do Estado nacional, da burocracia do serviço público, dos modelos
econômicos esdrúxulos aplicados por aqui, da ignorância, da falta de cultura e da
incivilidade da maioria dos brasileiros, do papel pouco plural da imprensa e da crítica
literária e do racismo em nossa sociedade.

O NOVIÇO (Martins Pena)


Escrito em 1845 e representada pela primeira vez no Teatro São Pedro (Rio de Janeiro),
em 10 de agosto do mesmo ano, talvez seja o texto mais bem construído de todas as
comédias de Martins Pena, O Noviço é ainda hoje encenado, como convém a um
clássico da nossa literatura dramática. Tematizando a liberdade de escolha entre os
jovens, O Noviço é uma comédia romântica que explora de maneira interessante o
maniqueísmo típico desse estilo literário: na dualidade entre enganados e
enganadores, entre fracos e fortes, enfim, entre o bem e o mal.
Ambrósio era um homem malandro que se casara com Florência apenas por elas ser
uma viúva muito rica. Era padrasto dos dois filhos dela, Emília e Juca, e ainda havia
Carlos, sobrinho de sua esposa que vivia sob sua guarda. Florência era totalmente cega
em relação a Ambrósio, achando-o um homem perfeito e se sentia uma felizarda por
entre tantos pretendentes ter escolhido um que a amava de verdade e que não estava
interessado em seu dinheiro. Assim, Ambrósio tinha uma influência tremenda sobre a
esposa, que acatava a tudo o que ele dizia. Foi desse modo que ele a fez concordar em
mandar Carlos para o convento, porque assim a herança dele ficaria com a tia – vale
dizer que Florência se importava muito em se auto satisfazer – e ainda a convenceu de
mandar Emília e Juca ao convento também porque assim não era preciso gastar com
eles, por exemplo, quando fossem casar. Carlos, no entanto era um rapaz arteiro e
como odiava o convento fugiu de lá, depois de muitas confusões em que já tinha se
envolvido. Foi numa dessas duas fugas que falou com Emília. Os dois claramente se
amavam. E ele discursou a ela de como era errado obrigar as pessoas a seguirem
carreiras que não queriam. Quando ele ficou sozinho na casa viu chegar ali uma
mulher chamada Rosa. Tratava-se da primeira esposa de Ambrósio, a quem ele
abandonara há seis anos. Ela, descobrindo que ele estava vivo, veio do Ceará até a
corte atrás do marido traidor. Carlos, que falou à mulher, sabia que Ambrósio era o
culpado por sua ida ao convento e agora tinha condições de se livrar do homem.
Quando todos voltaram à sala antes de saírem para a missa, Carlos enfrentou com
humor ao marido da tia dizendo que não voltava ao convento e ainda lhe mostrou
Rosa, que estava fechada em um quarto. A reação dele foi tomar Florência e Emília e
sair correndo com elas porta afora. Nisso, meirinhos e o padre mestre do convento
vieram buscar Carlos e ele, muito esperto, trocou suas roupas com Rosa, com o
pretexto de que viriam buscar a ele e isso impediria que ela fosse levada. Assim, ele
vestido como mulher ficou e a pobre com a roupa de frade foi levada ao convento.
Nesse momento, Ambrósio voltou à casa e vendo Carlos vestido com as roupas de
Rosa começou a falar-lhe, afirmando que fosse embora porque senão a mataria. Então
Carlos se revelou e viu o marido da tia negar que tinha outra esposa, mas assim que
ele mostrou a certidão de casamento, Ambrósio já mudou o tratamento com o rapaz.
Seguidamente, os dois fizeram um acordo. Carlos, Emília e Juca estavam livres do
convento, ele se casaria com a prima e teriam o dinheiro que lhes pertencia. Somente
assim ele não falaria nada e depois até entregaria a certidão a Ambrósio. Neste tempo,
a tia e a prima voltaram para casa. Florência assustou-se ao ver Ambrósio falando com
outra mulher dentro de sua casa. Mas logo eles se explicaram, Carlos se revelou a elas
e falou que os dois estavam a ensaiar uma comédia para divertir a família e que,
conversando, Ambrósio viu que o convento não era a melhor opção para os jovens da
casa. Carlos deveria sair do convento e se casar com Emília, pois era claro que se
amavam. Florência, que acatava a tudo que o marido dizia, acabou por aceitar. A esse
momento o padre mestre chegou e contou que vieram buscar Carlos e acabaram por
levar uma mulher que estava vestida de frade e que isso foi um escândalo dentro do
convento. Durante essa narração, Ambrósio não parava de perguntar sobre a tal
mulher. A resposta deles ao padre foi dizer que Carlos não seria mais mandado ao
convento e assim eles só teriam que conversar com o chefe do convento para que o
rapaz fosse dispensado. Depois que o padre mestre saiu, Florência perguntou ao
marido por que ele estava tão interessado na tal mulher, por que se assustara tanto ao
vê-la dentro do quarto e por que depois disso saíram apressadamente. Ambrósio
tentou inventar uma mentira, mas acabou em meio a declarações de amor a Florência,
falando que se tratava de uma mulher que ele amara antes de conhecê-la, estava
quase a dobrando quando Rosa chegou e revelou a verdade. Em seguida ele fugiu. Nos
dias seguintes Florência passou muito mal, sempre se lembrando do traste. Carlos, que
fora levado de volta ao convento, fugira outra vez e estava escondido na casa da tia,
debaixo da cama, quando ouviu rumores. O fato seguinte foi a tia entrar no aposento,
receber ali o padre mestre, que contou a fuga de Carlos e disse que ele seria liberado
do convento, desde que passasse pelo castigo por ter fugido. Em seguida, entra um
outro padre. Este quando entrou fechou-se no aposento com Florência, ela acreditava
que era o confessor que ela tinha pedido, mas na verdade tratava-se de Ambrósio, que
viera lhe pedir dinheiro para fugir senão a mataria. O ato seguinte foi de gritos de
socorro e corre-corre. Depois disso, os vizinhos chegaram e ficaram dentro da casa
sozinhos para pegar o “ladrão”. Mas quem acabou levando uma coça foi Carlos, que foi
perseguido pelos vizinhos. Seguidamente, Florência recebeu a visita de Rosa e as duas
resolveram juntar-se para vingar-se de Ambrósio, o incrível era que ele, para não ser
pego pelos vizinhos, se escondera dentro do armário e, felizmente, o armário caíra,
deixando-o preso. Quando as duas mulheres conversavam, ele tirou uma das tabuas
do armário, pois estava abafado, e assim elas o viram. Logo começaram a bater nele,
até que chegaram os meirinhos trazendo preso Carlos. Logo a tia e Rosa esclareceram
que aquele era o sobrinho dela e que quem devia ser preso era o homem que estava
dentro do armário, tinham até o mandado de prisão. Quando o estavam levando, ele
disse que Carlos também tinha que ir preso, pois era fugido do convento, mas a isso
chegou o padre mestre dizendo que não era necessário, pois ele tinha sido dispensado
da instituição. Assim, só Ambrósio foi levado preso, enquanto dizia que uma só mulher
já pode desgraçar um homem, quanto mais duas.

A COR PÚRPURA (Alice Walker)

Livro de ficção da feminista e ativista pelos direitos civis Alice Walker, não é apenas um
clássico da literatura norte-americana, como também vencedor do prêmio Pulitzer em
1983. O livro conta, através de cartas, a jornada de crescimento e autodescobrimento
de Celie, no início do século XX.

Logo nas primeiras páginas, Celie, a personagem principal, é abusada sexualmente


pelo pai, engravida e é dada em casamento para um vizinho que a maltrata. É também
um livro recheado de ternura, de amor e de personagens que demonstram sua
capacidade de reinvenção e, sobretudo, de afeto. Celie é a mais velha entre vários
irmãos e, na tentativa de proteger a irmã mais nova, ela sofre constantes abusos
sexuais do pai. Suas duas gravidezes não desejadas terminam com os bebês sendo
retirados de seu convívio, entregues para outras famílias. Quando sua mãe morre, o
pai decide tirá-la terminantemente de casa, na tentativa de afastá-la da irmã mais
nova, Nessie, dando-a em casamento para Albert, um fazendeiro da região que
também cortejava sua irmã, que decide fugir em busca de uma vida diferente. No
início, Celie tem dificuldade de reagir. Entre os abusos do pai e os maus tratos do
marido, ela se afunda na depressão, concentrada em trabalhar na roça e cuidar dos
filhos do primeiro casamento de Albert. A história só começa a mudar com a chegada
de Avery Shug, a amante de Albert. No começo, as duas se estranham. Avery diz para
Celie que ela é mesmo feia, e Celie se sente pouco à vontade em sua insignificância
perto da exuberância da mulher, que emana calor e decisão, do alto de suas roupas
bonitas e de sua confiança. Ela é tudo que Celie não é. A relação entre as duas se torna
mais próxima. O desgastado termo sororidade poderia ser aplicado aqui sem
problemas. É Shug que vai contribuir para a reviravolta na vida de Celie, lhe garantindo
autonomia, independência e até mesmo felicidade. Esse caminho, claro, é tortuoso,
mas a leitura fica cada vez mais empolgante a cada passo dado por Celie em direção à
liberdade. Os demais personagens também contam boas histórias, simbolizando
embates específicos. Walker não tem receio de encarar diversos temas em um mesmo
livro. Celie, que é negra, é alvo de violência doméstica. Em seu entorno, os negros
também sofrem preconceito de raça. Aqueles que ousam se levantar, como Sofia, a
esposa de um dos filhos de Albert, acabam tendo um destino ainda pior. Sofia, que não
engoliu as agressões gratuitas da esposa do prefeito e a agrediu, acabou atrás das
grades, em uma prisão de condições subumanas, que quase a mataram. Um outro
núcleo, que aparece mais para o fim da trama, retrata outro drama do início do século
XX, a colonização africana. O olhar que Walker apresenta da chegada dos
colonizadores ingleses a um povoado africano, destruindo seus costumes, suas
crenças, tomando suas terras, é devastador. Entre as tentativas de resistência
frustrada da aldeia, surge um pensamento óbvio: “eles estavam aqui desde sempre”.
Mas essa verdade incontestável não estava escrita nas leis dos homens brancos, que
em pedaços de papel podiam designar a posse de terras de propriedade de tribos
milenares. Um povo sem terra e sem pátria, seja na África, onde nasceram e de onde
vieram, seja nos Estados Unidos, onde eram considerados cidadãos de segunda classe.
Ao explorar o destino de uma família negra no século XX, Walker constrói um
panorama do racismo, ao mesmo tempo em que mostra a condição de submissão das
mulheres. O livro não é um manifesto racial ou feminista, mas é um forte discurso
sobre raça e gênero, ao mostrar o poder devastador da opressão sobre a vida de seres
humanos comuns, com vontades, desejos e dramas pessoais.

A lição de amor, contudo, é o que fica. Celie aprende a amar a si mesma e aos outros,
com a ajuda de Avery Shug. E até mesmo Albert tem uma segunda chance, quando fica
sozinho e tem que aprender, aos trancos, como se cuidar. A lição mais bonita vem de
Shug, claro, a personagem mais esclarecida sobre seu papel no mundo

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