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SERVIDÃO ADMINISTRATIVA: CONCEITOS GERAIS


Diego Vitório

A servidão civil é um direito real instituído sobre um prédio estabelecido


(dominante) em favor de outro subserviente (Ex. servidão de passagem).

A servidão administrativa é o direito real público que autoriza o Poder Público a usar
a propriedade imóvel para permitir a execução de obras e serviços de interesse
público (ex: colocação de postes de energia; passagem de oleoduto ou caminho;
placas de sinalização).

Estabelece-se uma relação jurídica entre a coisa serviente e a coisa dominante. Coisa
serviente é a propriedade que possui o encargo real de suportar a servidão
administrativa, enquanto a coisa dominante é o serviço público concreto ou o bem
afetado a uma utilidade pública.

Para a doutrina majoritária, é possível a incidência de servidão administrativa


sobre bens públicos, desde que seja respeitada a "hierarquia federativa",
analisando-se analogicamente o art. 2°, §2°, do Decreto-Lei 3.365/41, que trata da
desapropriação.

Características:

1) Natureza de direito real na coisa alheia;

2) Situação de sujeição da coisa serviente em relação à coisa (ou serviço) dominante;

3) O conteúdo da servidão é uma utilidade inerente à coisa. Dá ao titular do direito


real a possibilidade de usar, gozar ou extrair determinados produtos;

4) Incide sobre imóvel (no caso de bem público, deve ser observado o princípio da
hierarquia federativa e deve contar com autorização legislativa).

5) Perpetuidade;

6) Indenização em razão de prejuízos (dano efetivo). A indenização não deve


corresponder ao valor total do bem, mas apenas compensar as restrições impostas -
para Di Pietro, não cabe indenização se a servidão decorrer de lei, exceto existência
de prejuízo maior que os demais afetados.

7) Inexistência de autoexecutoriedade: só se constitui mediante lei, acordo ou


sentença judicial.

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Princípios informadores da servidão:

1) Perpetuidade;

2) Não se presume;

3) Uso moderado;

4) Não se institui sobre coisa própria.

Constituição:

1) Por lei, independentemente de qualquer ato jurídico, unilateral ou bilateral. É a


regra. Ex: servidão sobre as margens dos rios navegáveis e servidão ao redor de
aeroportos.

Servidão administrativa decorrente de fato: nasce de ato administrativo para colocá-


la em execução, apesar de já prevista em lei. Ex.: servidão em virtude de serviços de
energia elétrica.

Obs.: alguns autores não admitem essa forma de constituição, entendendo que,
nesses casos, ter-se-á limitação administrativa (Carvalho Filho).

2) Por acordo, precedido de ato declaratório de utilidade pública (art. 40, DL


3365/41 – Súmula 56 STJ). Ex.: servidão de aqueduto, oleoduto, gasoduto;

3) Por sentença judicial (art. 40, DL 3365/41 – Súmula 56 STJ - Na desapropriação


para instituir servidão administrativa são devidos os juros compensatórios pela
limitação de uso da propriedade)

Não observadas as formalidades necessárias à implementação da servidão


administrativa (decreto de declaração de utilidade pública), em atenção ao princípio
da eficiência e da continuidade do serviço público, deve ser mantida a servidão, com
a indenização correspondente à justa reparação dos prejuízos e das restrições ao uso
do imóvel, como ocorre com a desapropriação indireta. (REsp 857.596/RN, DJe
19/05/2008)

Registro: Quando for estabelecida por lei: não precisa.

Nas demais hipóteses: o registro é necessário para que se torne oponível erga
omnes.

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Extinção: 1º) Desaparecimento da coisa gravada; 2º) Cessação da necessidade


pública ou da utilidade do prédio serviente; 3º) Incorporação do imóvel serviente ao
patrimônio público;

As servidões administrativas não se extinguem pelo não uso (prescrição).

Hipóteses de servidões administrativas:

1) Servidão De Terrenos Marginais: Há muitos autores que falam que se trata de uma
limitação. Essa é uma questão polêmica.

2) Servidão ao lado do Aeroporto: quem mora próximo ao aeroporto sofre limitação


de suas atividades e direito de construir. Ex.: altura e utilização de rádio-amador.
Muitos autores também consideram como limitação.

3) Servidão de Patrimônio Tombado: as propriedades próximas ao patrimônio


tombado ficam obrigadas a respeitar a visibilidade do patrimônio tombado.

4) Servidão De Fortificações Militares: proteção da segurança nacional.

5) Servidão de aqueduto: para aproveitamento de águas no interesse público.

O compartilhamento de infraestrutura de estação rádio base de telefonia celular por


prestadoras de serviços de telecomunicações de interesse coletivo
caracteriza servidão administrativa, não ensejando direito à indenização ao locador
da área utilizada para instalação dos equipamentos. O direito de uso previsto no art.
73 da Lei nº 9.472/97 constitui-se como servidão administrativa instituída pela lei em
benefício das prestadoras de serviços de telecomunicações de interesse coletivo,
constituindo-se direito real, de natureza pública, a ser exercido sobre bem de
propriedade alheia, para fins de utilidade pública, instituído com base em lei
específica. Ex: João possui um terreno na beira da estrada. Ele celebrou contrato de
locação com a Embratel permitindo que a empresa instalasse, em seu imóvel, uma
torre e uma antena de telecomunicações. Alguns meses depois, a Embratel permitiu
que a TIM compartilhasse de sua infraestrutura. João ajuizou ação de indenização
alegando que o contrato de locação proíbe que a locatária faça a sublocação do
imóvel para outra empresa. Ele não terá direito à indenização. STJ. 4ª Turma.REsp
1309158-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 26/09/2017 (Info 614).

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