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Ensino Clínici em Adultos Ou Idosos
Ensino Clínici em Adultos Ou Idosos
EM SAÚDE DO
ADULTO IDOSO
autor
RONALD TEIXEIRA PEÇANHA FERNANDES
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2017
Conselho editorial roberto paes e luciana varga
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2017.
isbn: 978-85-5548-478-0
Asma 39
Fisiopatologia 40
Distúrbios ácido-básico 42
Tamponamento ácido 42
Desequilíbrio ácido base 43
Aneurismas 60
Aneurismas aórticos 60
Aneurisma de aorta abdominal 61
Hipertensão arterial 62
Arritmias cardíacas 66
Arritmias atriais 67
Bloqueios atrioventriculares 68
Arritmias Ventriculares 69
Apendicite 80
Diverticulite 80
Peritonite 81
Fisiopatologia 82
Doença de Crohn 82
Fisiopatologia 82
Colite 83
Fisiopatologia 83
Sistema endócrino 90
Fisiopatologia do diabetes 90
Prezados(as) alunos(as),
Bons estudos!
7
1
Alterações
neurológicas e o
envelhecimento
Alterações neurológicas e o envelhecimento
OBJETIVOS
• Contextualizar a questão do idoso na sociedade em geral e os desafios para o Enfermeiro;
• Identificar as doenças do sistema neurológico prevalentes em adultos e idosos;
• Descrever o cuidado de Enfermagem ao paciente adulto e idoso nas diferentes alterações
do sistema Neurológico.
O processo de envelhecimento
CONEXÃO
Saiba mais assistindo ao Filme Conduzindo Miss Daisy disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=kc_pphQt_mw>.
capítulo 1 • 10
Envelhecimento fisiológico normal
capítulo 1 • 11
O enfermeiro que administra os medicamentos a pessoas idosas deve saber
que as drogas removidas do organismo, por excreção renal, por exemplo, perma-
necem mais tempo no organismo devido ao aumento da concentração plasmática
pelo metabolismo mais lento do idoso e com frequência é preciso reduzir a poso-
logia para minimizar a ocorrência de hiperdosagem e toxicidade medicamentosa
nas posologias terapêuticas habituais. Com a diminuição do débito cardíaco pode
haver redução na velocidade de fornecimento da droga ao órgão alvo ou ao tecido
que a armazena.
Os sistemas circulatório e nervoso central das pessoas idosas são menos capazes
de superar o efeito de certos medicamentos, mesmo quando os níveis sanguíneos
são normais contribuindo para respostas paradoxais ou incomuns aos medicamen-
tos podem se manifestar na forma de reações tóxicas e complicações.
Os idosos apresentam vários problemas clínicos que requerem tratamento
com um ou mais medicamentos. A possibilidade de interações entre as drogas é
elevada também se a pessoa idosa utiliza-se da automedicação.
Os idosos utilizam mais medicações do que qualquer outro grupo etário. Uma
entre quatro prescrições é dada a uma pessoa com 65 anos.
As medicações têm melhorado a saúde e o bem estar das pessoas idosas por
aliviar os sintomas de desconforto, por tratar enfermidades crônicas e por curar
processos infecciosos. Entretanto, os problemas são comuns, devido às interações
medicamentosas, aos efeitos de várias drogas e ao uso de múltiplas drogas e à de-
sobediência quanto ao modo de usá-las.
É preciso lembrar que em qualquer esquema de medicamentoso ao idoso, as
drogas são capazes de alterar o estado nutricional do paciente (MEINER, 2011) e
que já pode estar comprometido por dietas, pela doença crônica e seu tratamento.
As medicações podem diminuir o apetite, causar náusea e vômito, irritação gástri-
ca, causar constipação, diarreia e diminuir a absorção de nutrientes.
Além disso, podem alterar o equilíbrio eletrolítico e o metabolismo dos car-
boidratos e gorduras. Medicamentos como antiácidos são capazes de alterar o
estado nutricional, os antibióticos e a fenitoína reduzem o uso do ácido fólico
importante na constituição do sangue.
Diante de todas estas considerações relativas à pessoa idosa e fundamenta-
das no envelhecimento como processo natural e no aumento da expectativa de
capítulo 1 • 12
vida desta população em especial, o Governo criou um plano de ação focado nes-
ta população.
Políticas públicas
capítulo 1 • 13
3. Priorizar o atendimento ao idoso, por intermédio de suas próprias fa-
mílias, em detrimento do atendimento asilar, à exceção dos idosos que não
possuam condições de garantir sua sobrevivência;
4. Descentralizar as ações político-administrativas;
5. Capacitar e reciclar os recursos humanos nas áreas de geriatria e
gerontologia;
6. Implementar o sistema de informações que permita a divulgação da
política, dos serviços oferecidos, dos planos e programas em cada nível de
governo;
7. Estabelecer mecanismos que favoreçam a divulgação de informações de
caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais do envelhecimento;
8. Priorizar o atendimento ao idoso em órgãos públicos e privados
prestadores do serviço; e apoiar estudos e pesquisas sobre as questões
do envelhecimento.
A partir destes conhecimentos é que poderemos saber mais sobre esta popu-
lação que apresenta desafios e mudanças nos padrões de cuidados por se tratar de
um público especial, com condicionantes especiais e que ainda ocupam os hospi-
tais, em internações prolongadas.
capítulo 1 • 14
Entre elas é produzido dentro dos ventrículos cerebrais e banham toda a es-
trutura nervosa chamado de Líquido Cefalorraquidiano (LCR) ou Líquor. Ele
protege as estruturas do SNC contra choques mecânicos evitando alterações signi-
ficativas na estrutura cerebral como um todo.
CONEXÃO
Saiba mais sobre nervos cranianos em: <brasilescola.uol.com.br/biologia/doze
-pares-de-nervos.htm>.
Semiologia neurológica
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Nível de consciência
Motricidade
capítulo 1 • 16
Sensibilidade
Fotorreação pupilar
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A seguir abordaremos as doenças mais comuns entre indivíduos adultos e idosos e
que requerem atenção especial do enfermeiro exatamente devido a esta prevalência.
capítulo 1 • 18
espera-se que o organismo não reaja com tanta intensidade à remoção anterior dos
anticorpos pela plasmaferese. Os corticoides mais utilizados são: prednisolona,
dexametasona, metilprednisolona.
capítulo 1 • 19
Estes últimos costumam ser os sinais mais precoces de Alzheimer e o passar
do tempo, os outros sintomas da doença vão se instalando e tornando a perda da
memória cada vez mais evidente.
O diagnóstico é feito com análise dos sinais e sintomas da doença e o parecer
de um neurologista.
O Enfermeiro é muito importante nesse quadro patológico, pois estes pa-
cientes, principalmente na fase aguda, necessitam de um auxílio para o cuidado,
quando estão hospitalizados por apresentarem graus de dependência elevados.
Entretanto, toda hospitalização, tem como objetivo a estabilização e a recuperação
para a alta hospitalar e nesta situação o enfermeiro é imprescindível, orientando a
família e supervisionando regularmente o tratamento.
Os exames de imagem são importantes para acompanhar o processo degene-
rativo da doença o comprometimento cerebral.
Apesar de existirem, atualmente, muitas pesquisas na área, o Alzheimer ainda
não tem cura e o tratamento consiste em diminuir os sintomas.
capítulo 1 • 20
Como resultado das alterações da circulação do sangue oxigenado nas estru-
turas encefálicas (cérebro, cerebelo e tronco cerebral), estas entram em sofrimento
decorrente da isquemia, sendo a situação agravada de acordo com a extensão da
área afetada.
Essa alteração no suprimento sanguíneo também pode ocorrer por rompimen-
to das artérias que fazem parte da circulação encefálica, que além de interromper
o fluxo de sangue, também comprimem as estruturas cerebrais por compressão. O
que transforma esse quadro com mais gravidade em relação aos eventos isquêmi-
cos. Portanto, consideram-se dois grandes tipos de AVE:
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• Insensibilidade aos estímulos táteis;
• Palidez;
• Sudorese;
• Hemiplegia (paralisia de metade do corpo).
5
Orientada Confusa
4
Palavras inapropriadas
RESPOSTA VERBAL Palavras incompreensivas
3
2
Nenhuma
1
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AVALIAÇÃO RESULTADO PONTUAÇÃO
Obedece comandos 6
Localiza dor 5
Movimentação de retirada 4
RESPOSTA MOTORA Flexão anormal 3
Extensão anormal 2
Nenhuma 1
Ausência de alterações na
Crise convulsiva precedendo à instalação do AVC.
tomografia.
capítulo 1 • 23
Síncope
capítulo 1 • 24
Outra situação que pode provocar a síncope é a parada cardiorrespiratória
(PCR). Uma vez suspeitado e de acordo com o que é preconizado pela Sociedade
Americana do Coração (AHA 2015), se realiza a imediata manobra compressão
torácica e verificação, entre as compressões, da presença de pulso carotídeo após
um intervalo de 2 minutos de reanimação. Neste tempo o suporte de vida avança-
do com a introdução de tubo orotraqueal para a ventilação artificial definitiva, o
uso de drogas, como a adrenalina e a utilização do desfibrilador externo automá-
tico (DEA) deverá ser acionado.
A coluna vertebral faz parte da estrutura óssea que compõe o esqueleto hu-
mano. É naturalmente formada por ossos chamados de vértebras, que são clas-
sificados como ossos irregulares. A coluna dá sustentação a todo o nosso corpo.
Para que isso aconteça, uma complexa combinação entre ossos e músculos precisa
estar em pleno funcionamento. Entre cada uma das vértebras, há uma estrutura
que permite o amortecimento do impacto exercido pelas próprias vértebras ao se
chocarem umas com as outras enquanto andamos ou corremos. Essa estrutura é
chamada de disco intervertebral e é de fundamental importância para que toda a
coluna não sofra com os impactos do dia a dia.
Quando acontece algo de anormal com um desses discos ou quando eles, por
força extrema sobre eles e pelo desgaste, saem do lugar, é sentida uma dor incapa-
citante e de muita intensidade. Essa condição é motivo de muitas internações em
unidades clínicas pela restrição de movimento que causa e pela dor propriamen-
te dita. Os distúrbios da coluna vertebral são muitos e variados. Neste capítulo
veremos aqueles que ocorrem com maior frequência e que já é motivo de muita
atenção e cuidado durante a internação.
Dentro da coluna vertebral, há um canal, chamado canal vertebral, por onde
passam nervos que permitem a realização dos movimentos do corpo. Se por al-
guma razão a transmissão dos impulsos nervosos é interrompida ou o canal é
obstruído, não só o movimento é prejudicado como também pode influenciar no
funcionamento de outros órgãos e estruturas em nosso corpo.
Para se evitar isso, é preciso que, além de manter esse canal livre, a coluna es-
teja alinhada com o restante do corpo. Por essa razão é que os músculos estão em
associação com os ossos da coluna e fazem com que esse alinhamento ocorra. No
caso de um músculo flácido na região do abdome, por exemplo, a coluna tenderá a
capítulo 1 • 25
compensar o alinhamento e forçará o disco intervertebral a se deslocar e com isso a
dor pode vir a ocorrer. Na figura a seguir é possível observar alguns desses desvios.
Lombalgia
A lombalgia é uma dor localizada na região lombar que pode ter diferentes
causas. Entre elas estão o excesso de peso, a posição adquirida para realizar alguma
atividade, seja profissional ou doméstica (ZAVARIZE e WECHSLER, 2014). Em
geral, ela é localizada na parte inferior das costas próximo às nádegas, mas também
pode se irradiar para a perna, glúteos ou coxas. Nesse caso, a dor está intimamen-
te relacionada ao nervo ciático, que passa por essas regiões e provoca dor pela
compressão sobre ele. Assim como as demais lombalgias, a flacidez muscular é a
responsável por sobrecarregar os discos intervertebrais e fazer com que cerca de 50
milhões de brasileiros experimentem esse tipo de dor em algum momento da vida.
Por aparecer de repente é considerada aguda na maioria dos casos.
O tratamento da lombalgia é feito com a administração de medicamentos
que reduzem a inflamação do local e promovem a analgesia para o paciente. Esses
medicamentos são de uso, em geral, sistêmico, ou seja, administrados por via en-
dovenosa, e o tratamento pode ser associado com acupuntura, massoterapia e tam-
bém tratamentos com calor frio e quente. Além disso, tanto a enfermagem quanto
os fisioterapeutas encorajarão a pessoa a mudar hábitos alimentares, focando na
redução do peso corporal, e trabalhar a reeducação da postura do corpo ao realizar
qualquer atividade profissional ou doméstica.
Hérnia de disco
capítulo 1 • 26
vértebras e, além da dor, pode produzir fraturas no osso da vértebra ou até mesmo
comprometimentos neurológicos para o paciente.
O diagnóstico é feito pelo exame físico do paciente, mas a radiografia da co-
luna deve ser feita com o paciente com o intestino vazio. Além da radiografia, a
ressonância magnética nuclear é também indicada devido a sua especificidade. O
tratamento é feito da mesma maneira que na lombalgia, porém, conforme a gravi-
dade pode evoluir para a necessidade de cirurgia e até mesmo a colocação de uma
prótese que substitua a vértebra comprometida.
EXEMPLO
Caso clínico
Anísio é um senhor de 72 anos que há 15 dias sofrera uma queda da própria altura e
precisou ter o braço direito engessado por uma fratura que além do braço ocorreu também
na pelve. Na admissão de hoje a família relata que o trouxe, pois desde este evento o refe-
rido paciente não mais se comunica com eles, fato que começou a preocupar a filha dele.
Ao exame físico é um paciente hiporreativo, desidratado, hipotenso, com rigidez corporal
generalizada, higiene precária, disártrico. O genro mostra uma tomografia que mostra áreas
de atrofia cerebral compatível com a idade, mas que apresenta área hipodensa em região
fronto-parietal esquerda. Diante desta narrativa que ações o enfermeiro precisa estabelecer
na admissão e como medicadas de segurança na condução deste paciente. Que outras
condições clinicas poderiam levar este paciente ao quadro que ele apresenta? Que tipos de
exames laboratoriais serão solicitados e que informações serão obtidas a partir deles.
capítulo 1 • 27
Este caso é bastante simples de se atender. O paciente já possui algumas condições que
favorecem a ocorrência das situações citadas pelos familiares. A fratura na pelve por si só
já diz que existe a possibilidade de uma infecção urinária e que a mobilidade comprometida
favorece a ocorrência de trombose venosa. Portanto, estes dois problemas estão diretamente
relacionados aos sintomas que o paciente apresenta na admissão. Para começar a atendê
-lo o paciente deve ser posicionado em Fowler de 30 graus, um acesso venoso deverá ser
puncionado para posteriormente à prescrição ser iniciada a infusão de volume para a cor-
reção da desidratação e reposição de eletrólitos devido à diarreia. Oxigenioterapia iniciada
por cateter nasal ou máscara, dependendo dos valores de saturação de oxigênio na corrente
sanguínea. Diante da redução da função motora e da imagem da tomografia pode estar ocor-
rendo um acidente vascular cerebral e os exames laboratoriais sanguíneos deverão contem-
plar além dos valores de eletrólitos, deve-se buscar saber também quais são os valores de
elementos de coagulação do sangue visando a terapia trombolítica para reestabelecimento
do fluxo sanguíneo, embora na descrição do caso não fique claro o início do aparecimento
dos sintomas. Existem muitos mais cuidados a serem desenvolvidos a este cliente. Aproveite
o que ficou faltando para exercitar com seus colegas.
REFLEXÃO
Vimos neste capítulo que o cuidado à idosos requer preparo dos enfermeiros visando
adaptá-los a uma condição inerente ao ser humano, que é o envelhecimento. A partir da
compreensão dos fatores fisiológicos do envelhecimento é possível traçar um plano de ações
em que o indivíduo seja o centro das atenções e não a limitação às quais lhe são impostas.
Algumas doenças como o Acidente vascular cerebral e a Doença de Alzheimer são comuns
entre idosos e requerem demasiada atenção pelas incapacidades que provocam. Em suma
o entendimento do envelhecimento e a proteção dos direitos dos idosos devem permear o
cuidado ao idos seja qual for o ambiente. Doméstico ou institucional.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Alegre: Artes Médicas, 2005.
BRUNER Tratado de Enfermagem Médico cirúrgico - Guanabara Koogan./ 2016.
capítulo 1 • 28
CASTRO, Isabela C. M. F. Intervenção para reduzir o uso de benzodiazepínicos na população idosa da
USF Amoreiras do município de Paracatu. Trabalho de conclusão de curso de especialização em
atenção básica em saúde da família. Universidade Federal de Minas Gerais. Unaí, 2015.
CINTRA, E. A.; NISHIDE, V. M; NUNES, W. A. Assistência de Enfermagem ao Paciente Gravemente
Enfermo. 2 ed. São Paulo: Atheneu, 2005.
FIGUEIREDO, Nébia M. A.; MACHADO, Willian. C.(orgs).Tratado de Cuidados de Enfermagem. 1
ed. São Paulo: Roca, 2012. v.1 e v.2.
MEINER, S.E Gerontologic nursing 4 edição. Editora Elsevier 2011.
MORTON, Patrícia G. Fundamentos dos Cuidados Críticos de Enfermagem: uma abordagem
holística. Editora GEN. Rio de Janeiro, 2014.
NORTH American Nursing Diagnosis Association. Diagnósticos de Enfermagem da NANDA:
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SMELTEZER, S. C. Tratado de Enfermagem Médico-cirúrgica. 10 ed. Rio de Janeiro: Guanabara
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TEASDALE, G.; JENNETT, B. Assessment of coma and impaired consciousness. Lancet, v.13, n.7,
p.81-3, 1974
capítulo 1 • 29
capítulo 1 • 30
2
Alterações do
sistema respiratório
Alterações do sistema respiratório
As afecções do sistema respiratório produzem no indivíduo uma incapacita-
ção que pode ser transitória ou até mesmo permanente. As infecções decorrentes
destas complicações são os principais problemas encontrados. O Enfermeiro deve
conhecer cada uma das manifestações apresentadas pelos pacientes e intervir de
modo a diminuir tais incapacitações.
OBJETIVOS
• Identificar as doenças do sistema respiratório prevalentes em adultos e idosos;
• Descrever o cuidado de Enfermagem ao paciente adulto e idoso nas diferentes alterações
do sistema respiratório.
capítulo 2 • 32
O diafragma e os músculos intercostais são os principais músculos usados na
respiração. Eles contraem quando o cliente inala e relaxam quando ele exala crian-
do um gradiente de pressão que permite a entrada e saída do ar. Em situações de
trauma, dor ou lesão do nervo frênico este mecanismo é prejudicado e a respiração
torna-se mais superficial e ajuda a aumentar a concentração de gás carbônico no
sistema respiratório. Com este acúmulo há uma impregnação tecidual que leva à
alteração no nível de consciência das pessoas.
No cérebro, o bulbo, inicia cada ciclo respiratório enviando sinais para os
músculos diafragma e intercostais através do nervo frênico. Os impulsos do nervo
frênico ajustam a frequência e a profundidade da respiração.
Fisiologia da respiração
A respiração eficaz exige trocas gasosas nos pulmões e nos tecidos. Esta eficá-
cia somente existirá, se houver o equilíbrio entre os três principais processos que
envolvem a troca gasosa. São eles: a Ventilação caracterizada pela entrada e saída; a
Perfusão pulmonar caracterizada pela presença de sangue enriquecido com oxigê-
nio nos capilares pulmonares e a Difusão que é representada pela alternância entre
as concentrações dos gases na corrente sanguínea, promovendo o trânsito entre
estas substâncias, formando a oxihemoglobina. Depois de formada a oxihemoglo-
bina, as hemácias são levadas para os tecidos (BRUNNER, 2016).
Na difusão, moléculas de O2 e de CO2 se movem entre os alvéolos e os capi-
lares. O O2 se move dos alvéolos para a corrente sanguínea, onde é captado pela
hemoglobina nas hemácias,
capítulo 2 • 33
A pneumonia é um processo inflamatório do parênquima pulmonar que co-
mumente é causada por agentes infecciosos (CINTRA, NISHIDE e NUNES,
2005). Pode ser classificada de acordo com o seu agente etiológico causador da
infecção e conforme a estrutura pulmonar em que ocorrer a alteração parenqui-
matosa. Pode ser classificada em lobar e broncopneumonia.
A pneumonia lobar ocorre quando uma porção substancial de um ou mais
lobos é acometida. Já a broncopneumonia está em uma área localizada dentro do
brônquio que invade o parênquima pulmonar.
Fisiopatologia
capítulo 2 • 34
A investigação da pneumonia se dá com a Entrevista do paciente para corre-
lacionar os dados informados pelo paciente com os dados obtidos no exame físico
realizado pelo enfermeiro. O exame físico identificará as alterações na dinâmica
ventilatória do paciente, observando a existência de abaulamentos no tórax e a
assimetria ventilatória durante as incursões respiratórias. Auscultará o tórax em
busca de sons adventícios que justifiquem a história e entrevista ao paciente. Daí
o enfermeiro poderá traçar um diagnóstico de enfermagem preciso e baseado nas
necessidades do paciente e correlacionar estes diagnósticos com o tratamento mé-
dico fundamentado na coleta de exame laboratorial, com a realização de hemogra-
ma completo, radiografia do tórax (ALFARO-LEFREVE, 2005).
O tratamento medicamentoso é baseado na administração de antibióticos;
antitérmicos; já o Plano de cuidados de Enfermagem entre outros diagnósticos e
intervenções consiste em manter o repouso do paciente no leito; nebulizar o pa-
ciente com ou sem o uso de substâncias broncodilatadoras do sistema respiratório;
oferecer oxigenioterapia em casos de alterações nos parâmetros ventilatórios e de
saturação do oxigênio na corrente sanguínea; Oferecer líquidos em maior quan-
tidade e Estimular a expectoração de secreções broncopulmonares (CINTRA,
NISHIDE e NUNES, 2005).
Bronquite
É uma doença definida pela presença de tosse produtiva, por longos períodos
podem atingir até meses ao longo do ano. O fumo de cigarro e a exposição à po-
luição são as principais causas de bronquite crônica. As exacerbações da bronquite
capítulo 2 • 35
crônica são mais prováveis de ocorrer durante o inverno pela redução da umidade
atmosférica e também pela maior concentração de poluentes.
Fisiopatologia
capítulo 2 • 36
ponta dos dedos revelem a cronificação da doença. Quanto ao ponto de vista
dinâmico seguem as avaliações da frequência respiratória. Observará também a
coloração da secreção expectorada evidenciando sinais de processos infecciosos e
incentivará a ingestão de líquidos e a expectoração (NANDA, 2006).
Enfisema pulmonar
Fisiopatologia
À medida que as paredes dos alvéolos são destruídas, a área de superfície alveo-
lar diminui continuamente, causando um aumento no espaço morto e resultante
comprometimento da difusão de oxigênio. Este fenômeno levará a hipoxemia. Em
estágios mais avançado da doença, a eliminação de gás carbônico está comprome-
tida levando à hipercapnia, provocando acidose respiratória.
À medida que as paredes alveolares continuam a se romper, o leito capilar
pulmonar é destruído. O fluxo sanguíneo pulmonar é aumentado e o ventrículo
direito é forçado a manter maior pressão sanguínea na artéria pulmonar. Desta
forma, a insuficiência cardíaca direita (cor pulmonale) é uma das complicações
do enfisema.
As secreções brônquicas ficam aumentadas e retidas, pela incapacidade de
expectoração contribuindo para a repetição de infecções pulmonares agudas e
crônicas.
O Enfisema pulmonar pode ser classificado de duas maneiras conforme a lo-
calização da alteração parenquimatosa são elas (BRUNNER, 2016).
Panlobular
capítulo 2 • 37
Centrolobular
Bronquiectasia
É uma dilatação crônica dos brônquios e bronquíolos que pode ser causada
por várias condições. Uma pessoa pode estar predisposta à bronquiectasia como
resultado de infecção respiratória no início da infância, sarampo, influenza, tuber-
culose e distúrbios de imunodeficiência. Após uma cirurgia, a bronquiectasia pode
desenvolver-se quando o paciente é incapaz de tossir eficazmente, pois o muco
obstrui os brônquios e leva à atelectasia.
capítulo 2 • 38
Fisiopatologia
Asma
É uma afecção respiratória crônica que atinge as vias aéreas provocando uma
reação exacerbada e edema. Embora crônica, não é instalada, produz a crise de vez
em quando (conforme o ambiente e os fatores predisponentes), atinge igualmente
homens e mulheres. O tratamento da asma é muito prolongado e depende tam-
bém da adesão do doente, visto que os fatores ambientais e de vida interferem na
condução deste tratamento.
capítulo 2 • 39
Fisiopatologia
A exposição a um agente agressor produz o edema nas vias aéreas como resul-
tado da produção de muco aumentada, deposição de colágeno produto de meta-
bolismo do sistema imunológico (FERNANDES, 2015).
Os agentes agressores podem ser qualquer coisa que produziu irritação como,
por exemplo, a poeira, poluição, produtos químicos, fumo, alimentos, conservan-
tes e corantes entre outros.
O tecido respiratório, como já se sabe, é pseudoestratificado cilíndrico ciliado
com células caliciformes. Com isso o colágeno se deposita na membrana basal,
dificultando a passagem do líquido intracelular, causando edema de via aérea. É
preciso reduzir esse edema de, pois, com o colágeno a membrana fica mais rígida
e há maior dificuldade na transferência de líquido intracelular fazendo com que a
osmolaridade diminua e os líquidos se tornem mais densos.
A permeabilidade reduzida da célula causa coleção de líquido no interior da
célula e também fora (edema). Ocorre a migração e o acúmulo de macrófagos e
mastócitos para fazer fagocitose deste agente agressor.
O produto da fagocitose aumenta a infiltração de matérias imunológico cau-
sando a eosinófilia e neutrófilia (MORTON, 2005). Os brônquios terminais e se-
guimentares para compensar o edema aumentam de tamanho e colocam secreção
para fora. Se esta secreção permanecer na via aérea causará infecção.
O resultado do metabolismo da resposta inflamatória é a hipertrofia dos brôn-
quios e o aumento da secreção para colocar o agente agressor, que desencadeou a
resposta imune para fora. Encontramos associados a esse processo as imunoglobu-
linas produzidas pelo sistema imunológico.
Os sinais e sintomas apresentados pelos pacientes com crise asmática são a
dispneia, sibilos expiratórios, devido à resposta inflamatória, provocando o estrei-
tamento do brônquio, tosse.
Os fatores que podem desencadear a crise de asma são (BRUNNER, 2016):
• O refluxo gastroesofágico devido à diferença de alcalinidade entre o sistema
respiratório e o digestivo, funcionando como um agente irritante da mucosa;
• O contato com fumantes, pois a fumaça é irritativo e diminui a competên-
cia dos pulmões;
• O aumento de partículas de ozônio, óxido sulfídrico, óxido nítrico existen-
tes em ambientes poluídos;
• A atividade física que provoca o ressecamento de via aérea;
capítulo 2 • 40
• Alguns tipos e alergias alimentares, principalmente aquelas que envolvem
corantes da cor amarela (idiopático) e conservantes.
A asma pode ainda apresentar algumas complicações. Dentre elas está a hiper-
capnia que significa o aumento da concentração de CO2 na corrente sanguínea.
Outra complicação bastante frequente nas crises de asma é a exaustão do paciente
causada pelo esforço respiratório. Neste caso pode ser necessário que o médico rea-
lize a intubação orotraqueal para poupá-lo do esforço respiratório e evitar uma aci-
dose respiratória pelo aumento de CO2. Esta condição pode ser identificada pelo
rebaixamento do nível de consciência, em que o cliente que chega torporoso e pela
fadiga compensatória à dificuldade ventilatória. Estes dois eventos, são critérios
absolutos para a intubação orotraqueal quando o paciente não responde ao tra-
tamento de emergência dado a ele com medicamentos e ventilação não invasiva.
O tratamento de paciente com asma é prolongado e muito delicado, envol-
vendo os aspectos medicamentosos, mas sobretudo os aspectos socioambientais.
É muito comum o paciente que em virtude das restrições e do tempo para que
resultados concretos apareçam, desistam do tratamento e fiquem envolvidos em
um ciclo vicioso, visitando serviços de emergência com frequência. É preciso en-
contrar meios de adesão ao tratamento que reduzam as crises e ofereçam bem estar
a estes pacientes (FERNANDES, 2015).
Do ponto de vista medicamentoso são utilizados medicamentos β -adrenér-
gicos que broncodilatam as vias aéreas e permitem a passagem do ar com maior
facilidade. Os anticolinérgicos servem para produzir um estímulo adrenérgico que
dilata as vias aéreas favorecendo a ventilação. No entanto este é um medicamento
que somente deve ser utilizado quando as vias aéreas estão praticamente todas
ocluídas. Causando a hipoxemia.
Os corticóides são anti-inflamatórios esteroides que atuarão na mucosa brôn-
quica reduzindo o edema e assim ampliando a luz dos brônquios. As metilxanti-
nas são substâncias broncodilatadores, porém com meia vida reduzida e por isso,
produz poucos efeitos na asma. No entanto é bem aceita quando há casos de
persistência dos sibilos.
Do ponto de vista socioambiental e preciso que uma investigação da residên-
cia dos pacientes seja feita, senão na anamnese hospitalar, na visita domiciliar do
agente de saúde. A presença de animais domésticos com muitos pelos, a higiene da
casa, a existência de cortinas, tapetes entre outros materiais que acumulem poeira
devem ser evitados no ambiente doméstico. O mesmo acontece com travesseiros,
capítulo 2 • 41
que podem acumular ácaros devido a umidade produzida pelo suor, cabelos mo-
lhados. Deixar de fumar é uma das atitudes que mais contribuirão para a redução
de crises asmáticas assim como, a adesão ao tratamento.
Distúrbios ácido-básico
Tamponamento ácido
capítulo 2 • 42
Desequilíbrio ácido base
capítulo 2 • 43
A acidose Metabólica é o excesso de acidez no sangue caracterizada por uma
concentração anormal de carbonatos. Quando o pH sanguíneo cai, a respiração
torna-se mais profunda e rápida à medida que o organismo tenta excretar do san-
gue o excesso de ácido para assim, reduzir a quantidade de dióxido de carbono
(MORTON, 2014). A acidose metabólica faz com que haja um aumento da con-
centração de ácido metabólico; há uma taxa aumentada do metabolismo; dimi-
nuição de excreção renal de ácidos e a correção se dão pela excreção nos rins.
A acidose metabólica produz sintomas que são a (BRUNNER, 2016):
• Cefaleia;
• Dor abdominal;
• Arritmias;
• Depressão da contratilidade miocárdica;
• Aumento de catecolaminas;
• Manutenção do débito cardíaco.
capítulo 2 • 44
• Espasmos musculares;
• Cãibra muscular;
• Excitação do SNC seguida de depressão;
• Aumento da contratilidade miocárdica e,
• Vasoconstricção periférica.
Nas coletas de sangue arterial pela punção da artéria radial os benefícios envol-
vem a maior facilidade de acesso ao sítio de punção. Porém este é um lugar relata-
do pelo paciente como muito doloroso. Antes da realização da coleta do sangue é
preciso investigar se a interrupção do fluxo sanguíneo para artérias colaterais com
a artéria ulnar mantêm a perfusão da mão do paciente. Este é um teste realizado à
beira do leito chamado teste de Allen.
Consiste na digito pressão sobre as duas artérias na face anterior do braço,
junto ao punho por aproximadamente 5 segundo. Isso ocasionará a alteração da
coloração da palma da mão, tornando-a azulada. Em seguida libera-se o fluxo
da artéria ulnar e observa se a coloração da palma da mão tende a normalidade
(SMELTZER, 2013). Caso positivo. É possível a punção da artéria para a coleta
do sangue. Caso negativo é preciso investigar se o outro membro estaria apto para
a coleta.
Nos casos de impossibilidade de ambos os membros, opta-se então pela pun-
ção da artéria femoral, que por sua vez em pacientes acamados por períodos pro-
longados favorecem a formação de trombos. No entanto se não houver a possi-
bilidade de punção em outro sítio, isso não contraindica a realização da coleta de
sangue para a gasometria.
capítulo 2 • 45
seja, de repente, e traz risco à vida do paciente. Causa a retenção do gás carbôni-
co dentro de nosso organismo e consequentemente uma oxigenação inadequada.
Tecnicamente, a insuficiência respiratória é definida pelas alterações na gasometria
arterial do paciente (MORTON, 2014).
Entre os sintomas que estão diretamente relacionados à insuficiência respi-
ratória está a dispneia. Além disso, pode haver desorientação por parte do pa-
ciente, agitação psicomotora, ansiedade, tremor, taquipneia, taquicardia, cianose
e delírios.
Em uma situação de insuficiência respiratória, o corpo lança mão de diversos
métodos para que a respiração seja efetiva. Para tanto, os músculos do pescoço,
do tórax e em algumas circunstâncias até a posição adotada pelo paciente no leito,
podem significar que, mesmo respirando, a quantidade de ar não está sendo sufi-
ciente para suprir as necessidades de oxigênio.
O tratamento para a insuficiência respiratória está direcionado para a correção
e compensação da anormalidade nas trocas gasosas. É preciso identificar as causas
e tratar a hipóxia e a hipercapnia (CINTRA, NISHIDE e NUNES, 2005). A
avaliação inicial do paciente permite identificar as necessidades de oxigenioterapia
e também a necessidade de se instituir a ventilação mecânica.
O paciente tem que ser avaliado quanto a sua capacidade de ventilar adequa-
damente e como está o seu nível de consciência. Se estes dois parâmetros básicos
estiverem alterados, é necessário substituir a oxigenioterapia convencional com
o uso de máscara por um método invasivo de se ventilar o paciente usando o
tubo orotraqueal e o ventilador mecânico. Mas você sabe dizer quais as diferentes
maneiras de se avaliar o nível de consciência de um paciente? São três principais:
capítulo 2 • 46
Quando os pacientes se tornam torporosos em relação à dificuldade que sen-
tem para respirar, é importante que a respiração deles seja assistida com o tubo
orotraqueal e o ventilador mecânico para que com a respiração artificial o paciente
possa ter corrigida a troca gasosa e depois respire adequadamente.
EXEMPLO
Caso clínico 1
Um senhor de 62 anos, tabagista há 45 anos, fumando 1 maço de cigarros por dia.
Etilista social. Informa não ter água encanada em casa, assim como é ausente o sistema de
esgoto. É aposentado por uma Indústria de cimentos. Casado, com três filhos. Hipertenso,
fazendo uso de captopril 25 mg por dia, diabético, em uso de hipoglicemiante oral, há 20
anos. Deu entrada na Emergência com quadro de inquietação, ansioso, agitado, apresentan-
do momentos de desorientação, com tonteiras, com cianose nas extremidades, extremamen-
te dispneico, tosse com expectoração, fadiga. Não consegue se concentrar ao atendimento,
sendo auxiliado pela sua acompanhante.
Diante deste casos exercite que aprendeu respondendo a estas questões a seguir:
01. Quais são os sinais e sintomas dos distúrbios do Trato Respiratório presentes em seu
cliente? Justifique-os:
R: Os sintomas apresentados sugerem que o paciente já está passando por um quadro
de hipóxia cerebral em que a falta de oxigenação ceva ao quadro de desorientação e con-
fusão mental, assim como as tonteiras e cianose. A tosse com expectoração representa um
agravo para esta troca gasosa ineficiente e para o aparecimento de infecções que venham a
comprometer a oxigenação tanto do tecido pulmonar, quanto cerebral.
02. Quais são os fatores de risco, propiciadores dos distúrbios do Trato Respiratório? Cite e
explique os presentes neste caso.
R: Os fatores de risco presentes neste caso são principalmente a exposição prolongada
à substâncias nocivas ao trato respiratório, tais como o cimento. Além disso, o saneamento
básico é outro fator que contribui para casos infecciosos e parasitários que deprimem e com-
prometem a respiração, tornando as alterações respiratórias oportunistas.
capítulo 2 • 47
03. Após a implementação dos cuidados, quais são suas expectativas, em relação sua evo-
lução clínica?
R: Espera-se que o paciente melhore gradativamente sua condição pulmonar e ventila-
tória por meio, não apenas do tratamento medicamentosos, quanto pela melhoria ambiental
e controle dos danos provocados pelo exercício profissional. Este paciente precisa ser orien-
tado a buscar em momentos de crise, a mudança do ambiente para minimizar os efeitos e
consequências e incentivado à adesão do tratamento.
Caso clínico 2
Uma senhora chegou ao hospital trazida por seus familiares com queixa de dificuldade
de respirar e um chiado no peito. Imediatamente o enfermeiro que fazia a avaliação e classi-
ficação de risco deste paciente a submeteu à área de repouso para que esta paciente fosse
rapidamente avaliada pelo médico. Ao chegar lá, o médico a examinou e solicitou alguns
medicamentos e exames para que pudesse concluir seu diagnóstico com maior precisão.
Diante disso responda as seguintes questões.
01. Por que o enfermeiro rapidamente levou a paciente para ser melhor avaliada?
R: provavelmente pela semiótica apresentada pela paciente ao chegar à emergência. A
dispneia é incapacitante e o ruído adventício auscultado sugere redução do espaço brônqui-
co o que compromete a ventilação pulmonar.
02. Quais as classes de medicamentos solicitados pelo médico para serem administrados
na paciente e de que maneira esses medicamentos ajudam a aliviar os sintomas relatados
por ela?
R: diante dos sintomas apresentados e evidentes deverão ser prescritos broncodilatado-
res inalatórios, tais como os beta-adrenérgicos (fenoterol e ipratróprio) e ainda broncodilata-
dores venosos (metilxantina). Existe ainda a possibilidade de se prescrever corticoides que
auxiliarão na dilatação das vias aéreas melhorando a ventilação pulmonar.
REFLEXÃO
Neste capítulo vimos que as alterações do sistema respiratório abrangem toda a estru-
tura do trato. As doenças em geral se manifestam pela incapacidade da troca gasosa de
maneira eficiente de modo a trazer conforto e segurança ao paciente. São necessárias inter-
capítulo 2 • 48
venções tanto no posicionamento e orientação aos pacientes quanto o uso de medicamentos
e exames diagnósticos.
Seja bem vindo ao próximo capítulo e continue seus estudos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALFARO-LEFREVE, R. Aplicação do processo de Enfermagem: um guia passo a passo. 4 ed. Porto
Alegre: Artes Médicas, 2005.
BRUNER Tratado de Enfermagem Médico cirúrgico - Guanabara Koogan./ 2016.
CINTRA, E. A.; NISHIDE, V. M; NUNES, W. A. Assistência de Enfermagem ao Paciente
Gravemente Enfermo. 2 ed. São Paulo: Atheneu, 2005.
FERNANDES, Ronald. T. P. Enfermagem em Clínica Médica. Editora NT. Brasília, 2015, 152 p.
FIGUEIREDO, Nébia M. A.; MACHADO, Willian. C. (orgs). Tratado de Cuidados de Enfermagem. 1
ed. São Paulo: Roca, 2012. v.1 e v.2.
MORTON, Patrícia G. Fundamentos dos Cuidados Críticos de Enfermagem: uma abordagem
holística. Editora GEN. Rio de Janeiro, 2014.
NORTH American Nursing Diagnosis Association. Diagnósticos de Enfermagem da NANDA:
Definições e classificações. 2005/2006. Porto Alegre: Artes Médicas, 2006.
SMELTEZER, S. C. Tratado de Enfermagem Médico-cirúrgica. 10 ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2013. v. 1 e v. 2.
capítulo 2 • 49
capítulo 2 • 50
3
Alterações
do sistema
cardiológico
Alterações do sistema cardiológico
As afecções do sistema cardiológico são frequentes em nossa população e po-
dem ser identificadas por manifestações como o aumento da pressão arterial, dor
no peito entre outras manifestações. Os enfermeiros devem conhecer e estar aten-
tos a estes sintomas para uma rápida atuação, minimizando os agravos que estas
doenças podem produzir.
OBJETIVOS
• Identificar as doenças do sistema neurológico prevalentes em adultos e idosos;
• Descrever o cuidado de Enfermagem ao paciente adulto e idoso nas diferentes alterações
do sistema Cardiológico.
capítulo 3 • 52
denominada septo. O ventrículo tem a função de ejeção sanguínea para a artéria
aorta e para a artéria pulmonar esquerda e direita respectivamente. A função dos
átrios é de receber o volume sanguíneo provenientes das veias e servir de reserva-
tório antes que haja a ejeção para os ventrículos.
O coração contém 04 valvas: duas atrioventriculares (tricúspide e mitral) e
duas semilunares (aórtica e pulmonar). Estas valvas abrem e fecham de acordo
com as alterações de pressão exercida no interior das cavidades cardíacas, servindo
como válvulas unidirecionais do sangue para as cavidades. As valvas cardíacas pos-
suem cordoalhas tendíneas que tem a função de fixação das valvas a musculatura
cardíaca no momento de pressão sanguínea.
Ciclo Cardíaco
capítulo 3 • 53
ventrículo que por sua vez por aumento de pressão sanguínea contrai abrindo as
valvas semilunares e o sangue flui pelo sistema circulatório.
O ciclo cardíaco produz débito cardíaco, que é a quantidade de sangue que o
coração bombeia em 1 minuto, ele é medido multiplicando a frequência cardíaca
pelo volume sistólico.
O termo volume sistólico é a quantidade de sangue ejetada pelo ventrículo a
cada contração. O débito cardíaco normal é de 4 a 8 litros de sangue por minuto.
Três fatores influenciam o volume sistólico: contratilidade miocárdica, pré-carga
e pós-carga.
Circulação Coronariana
Infarto agudo do miocárdio ainda continua sendo a doença que mais mata no
Brasil e no Mundo, mesmo com todos os esforços para a redução dos fatores de
risco, tais como tabagismo e má alimentação.
O inicio do processo que leva ao infarto é proveniente da obstrução das arté-
rias coronarianas já que elas têm o papel de nutrir a musculatura cardíaca e assim
permitir que o tecido cardíaco execute suas funções com plenitude.
Para compreender o evento isquêmico que leva ao IAM é indispensável com-
preender a anatomia coronariana.
O IAM é uma doença que cria uma perda parcial do tecido cardíaco de acor-
do com a lesão instalada. Esta perda esta baseada no tamanho e intensidade da
necrose tecidual.
Um infarto é decorrente de coronariopatias, seguidas de lesão e necrose teci-
dual simultâneas. O tecido cardíaco depende do fluxo sanguíneo para ocorrer a
irrigação dos mesmos, com a obstrução das coronárias o tecido torna-se isquêmico
capítulo 3 • 54
e necrótico, levando ao infarto. A redução neste fluxo sanguíneo se dá pela redu-
ção da luz dos vasos em casos de aterosclerose ou de vaso espasmos.
Aterosclerose
Angina
capítulo 3 • 55
notar uma inversão da onda T. Os exames laboratoriais são mais específicos que o
eletrocardiograma para definir a existência do infarto.
Quando as lesões teciduais cardíacas ocorrem, grandes proteínas escapam
da face interna da musculatura cardiovascular e penetram na circulação. As en-
zimas que devem ser observadas são: a (CK) Creatinoquinase e a (CK massa)
Creatinoquinase cardíaca
Outros exames com um tempo de execução mais curto, permitindo diag-
nóstico mais rápido, incluem a da troponina, descritas a seguir. Esses exames ba-
seiam-se na liberação do conteúdo celular dentro da circulação, quando as células
miocárdicas morrem.
Dentre todas as frações de creatinoquinases a CK-MB é a mais importante,
devido ao seu custo benefício. Ela consiste no índice mais específico para o diag-
nóstico do IAM. Ela começa a aumentar dentro de 01 hora e atinge o máximo
dentro de 24 horas de um IAM.
A troponina, uma proteína encontrada no miocárdio, regula o processo con-
trátil miocárdico. Existem três isômeros da troponina (C, I e T). Por causa de
seu menor tamanho e da especificidade aumentada para o músculo cardíaco, a
troponina I é o exame mais frequentemente utilizado para identificar um evento
cardíaco. O aumento na quantidade de troponina no soro começa e atinge o máxi-
mo em um período aproximadamente de 4 horas após o início dos sintomas igual.
O exame mais comum para avaliação da posição de grau de obstrução das
artérias coronárias é o cateterismo cardíaco, também conhecido como coronario-
grafia. Porém o método intervencionista mais utilizado é a angioplastia primária
que permite a correção do fluxo sanguíneo pelo esmagamento da placa ateroma-
tosa pelo balão ou pela colocação de um dispositivo que mantém na estrutura da
artéria a fluidez para a circulação sanguínea, chamado stent.
Os pacientes com diagnósticos de infarto são submetidos à terapia medica-
mentosa composta por diversos tipos de medicamentos. Dentre eles estão os anti-
coagulantes, os trombolíticos e vasodilatadores.
Os anticoagulantes são utilizados devido ao risco de trombose causada pela irre-
gularidade dos batimentos cardíacos no infarto. É utilizada heparina sódica classifi-
cada como de alto peso molecular e a enoxaparina, como de baixo peso molecular.
A diferença entre elas traz muitos benefícios ao paciente. A enoxaparina, embora
mais cara, não expõe o paciente a eventos de sangramento, quantidade de doses e
frequência de administração destas doses tão acentuada quanto à heparina sódica.
capítulo 3 • 56
Os trombolítico é uma medicação que fragmenta o fibrinogênio, reduz os
fatores de coagulação e impede a agregação plaquetária. É a terapêutica mais uti-
lizada para dissolução dos trombos, este método leva a reperfusão coronariana em
horas com restabelecimento total do fluxo coronariano. Tal método pode causar
sangramento intenso, sendo esta sua principal complicação.
A utilização e o manuseio dessas drogas, assim como a presença de possí-
veis complicações decorrentes da administração desse fármaco, são muitas vezes
identificadas através de sangramentos em gengivas, enterorragias, sítios de punção
entre outros.
Os vasodilatadores são representados pela Nitroglicerina que é a medicação de
escolha para a diminuição do vasoespasmo coronariano. Alguns cuidados devem
ser lembrados, pois esta droga pode causar hipotensão, principalmente em pacien-
tes com hipovolemia. Portanto, a avaliação da pressão arterial é importante, já que
se a pressão arterial sistólica estiver abaixo de 100 mmhg, pois se o medicamento
for utilizado com a pressão arterial com estes valores a perfusão do miocárdio fica-
rá ainda menor e aumentará a extensão de isquemia e necrose.
As complicações decorrentes do IAM são frequentemente as: arritmias e o
choque cardiogênico.
As arritmias acompanham frequentemente os infartos, geralmente são produ-
zidas pelo ventrículo esquerdo, que possui uma frequência e uma força de contra-
ção insuficiente levando ao desencadeamento destes processos. O choque cardio-
gênico é a complicação mais grave relacionada ao Infarto agudo do miocárdio. Esta
complicação apesar de muito grave é esperada em pacientes com infartos extensos.
O choque cardiogênico é caracterizado com presença de decréscimo de pres-
são arterial abaixo de 90mmHg de sistólica, surgem crepitações e o débito urinário
diminui. Neste caso a intervenção deve ser imediata, pois o índice de mortalidade
hospitalar é alta.
capítulo 3 • 57
Fisiopatologia
capítulo 3 • 58
pulmonar força o líquido para o interior dos tecidos pulmonares, abrindo um
quadro de edema agudo de pulmão. Suas manifestações clínicas são:
• Dispneia;
• Tosse;
• Fadiga;
• Taquicardia;
• Ansiedade;
• Inquietação.
capítulo 3 • 59
farmacológicos; eliminação da acumulação de líquido corporal através de trata-
mento diurético, dietoterapia.
A terapia farmacológica envolve os seguintes medicamentos:
Aneurismas
Aneurismas aórticos
capítulo 3 • 60
As causas de aneurisma são principalmente a aterosclerose, os traumatismos
da parede da artéria, infecção e defeitos congênitos da parede arterial. Aneurismas
são eventos graves, pois podem se romper levando à hemorragia e à morte.
Aneurismas de aorta torácica correspondem a aproximadamente 85% de to-
dos os casos de aneurisma de aorta torácica são causados pela aterosclerose. Eles
ocorrem Mais frequentemente nos homens entre 40 e 70 anos de idade. Cerca
de um terço dos pacientes com aneurisma torácico morre em decorrência de
seu rompimento.
As manifestações clínicas dependem da rapidez de dilatação do aneurisma e de
como a massa pulsátil afeta as estruturas intratorácicas vizinhas. Alguns pacientes
são assintomáticos. A dor torácica é o sintoma mais proeminente, ela geralmen-
te é constante e desconfortável, podendo ocorrer apenas quando o paciente fica
na posição supina. Outros sintomas são dispneia, decorrente da compressão do
saco aneurismático de encontro à traqueia, um brônquio principal ou o próprio
pulmão; tosse; rouquidão, fraqueza; afonia decorrente da pressão contra o nervo
laríngeo recorrente esquerdo; disfagia decorrente de compressão esofágica.
O diagnóstico do aneurisma é feito através da realização de radiografia do
tórax, Ultrassonografia e angiotomografia.
O tratamento consiste na correção cirúrgica, o controle rigoroso da Pressão
Arterial Média (PAM) e correção dos fatores de risco, podem ser úteis. A pressão
arterial sistólica deve ser mantida em torno de 100 a 120 mmhg com o uso de
anti-hipertensivos. A contratilidade cardíaca é mantida diminuída através de me-
dicamentos betabloqueadores que atuam reduzindo-a na frequência cardíaca.
Fisiopatologia
capítulo 3 • 61
de iminente ruptura incluem dor nas costas ou dor abdominal, que pode ser per-
sistente e intermitente e, muitas vezes, localizada na porção média ou inferior do
abdome. A dor lombar baixa é um sintoma grave, quase sempre indicando que o
aneurisma está se expandindo rapidamente e está próximo da ruptura.
O diagnóstico é feito tal qual no aneurisma aórtico do tórax, porém o exame
físico revela a presença de massa pulsátil na porção média e superior do abdômen;
pode ser auscultado um sopro sistólico sobre a massa; radiografia do abdômen,
ultrassonografia abdominal e angiotomografia.
O tratamento consiste em procedimento cirúrgico em que são implanta-
das próteses que substituem a parede das artérias para canalização do sangue.
Além disso, deve-se manter o repouso no leito, a manutenção dos níveis pres-
sóricos controlados, anticoagulação e controle da frequência cardíaca por meio
de betabloqueadores.
Hipertensão arterial
capítulo 3 • 62
Edema agudo de pulmão
Neste capítulo já foi visto como que funciona o ciclo cardíaco e como o co-
ração faz para bombear o sangue através do corpo. Agora, nesta parte, veremos
outras consequências da falência deste bombeamento para os demais sistemas do
nosso corpo e como a enfermagem atua nessas situações.
O edema agudo de pulmão (EAP) é uma condição que resulta de diversos
fatores, tanto respiratórios quanto cardiológicos. Neste primeiro momento, abor-
daremos as complicações existentes em decorrência da insuficiência cardíaca. É
importante ressaltar alguns pontos importantes para a compreensão desta lição
quanto à anatomia e fisiologia do sistema respiratório.
O sistema respiratório começa na boca e nas fossas nasais. É por ambas que
o ar entra e vai ganhando espaço através das vias aéreas superiores e depois pelas
vias aéreas inferiores. As vias aéreas superiores são a boca, narinas, faringe, laringe
e parte da traqueia. Já as vias aéreas inferiores são a outra parte da traqueia, cha-
mada traqueia torácica, os brônquios principais, os brônquios segmentares e os
brônquios terminais, também chamados de bronquíolos.
A função dessas estruturas é basicamente de conduzir o ar, e por isso se chamam
vias aéreas. No entanto, quando o ar entra em contato com estas estruturas, ele as
estimula, fazendo com que contraiam ou relaxem, dependendo do que é carrega-
do com o ar para dentro do nosso corpo. Essa contração e relaxamento ocorrem
porque os brônquios, sejam eles de que tamanho forem, têm em sua constituição
músculos que promovem a constrição ou a dilatação dos próprios brônquios.
Quando ocorre a constrição, o espaço para a entrada do ar fica comprometido
e, portanto, menos ar entrará no sistema respiratório para que a hematose seja
realizada e assim ocorra a troca do gás carbônico pelo oxigênio nos pulmões. A
essa constrição, damos o nome de broncoespasmo. Esta é uma condição que está
relacionada ao ar que entra e sai das vias aéreas para que se efetue a respiração, no
entanto isso também acontece quando existem substâncias que causam alergias ou
quando, ao invés de ar nas vias aéreas, existe líquido.
Em relação às alergias, estas fazem com que os brônquios se defendam delas,
iniciando uma resposta inflamatória provocando edema nos próprios brônquios,
o que reduz a luz deles. Quando se trata de líquido, seja ele proveniente do meio
externo, quando, por exemplo, engasgamos, ou do meio interno, quando o cora-
ção falha e favorece a congestão de líquido no sistema respiratório, ocorre a mesma
coisa, e, então, além da presença de líquido, comprometendo a passagem do ar,
teremos a resposta inflamatória, reduzindo o espaço para que este ar passe.
capítulo 3 • 63
Essa presença de líquido no sistema respiratório é o que chamamos de EAP.
Mas por que isso acontece?
A circulação do sangue em todo o corpo é dividida de duas maneiras, chama-
das de grande circulação e pequena circulação. A grande circulação já foi mencio-
nada aqui. Ela ocorre quando o sangue sai do ventrículo esquerdo, passando por
todo o corpo e retornando ao átrio direto.
Depois disso, o sangue sai do coração novamente pelo ventrículo direito e vai
aos pulmões para que o sangue que é rico em gás carbônico faça a troca e receba o
oxigênio que novamente fará a nutrição do restante do corpo. Até aqui tudo bem,
mas é exatamente neste momento entre o sangue que é recebido pelo pulmão e o
sangue que sai dos pulmões que o EAP acontece.
Para que haja a troca gasosa, os capilares venosos que trazem o sangue enri-
quecido em gás carbônico entram em contato com os alvéolos pulmonares que
contêm oxigênio da nossa respiração. Então, por meio de uma força entre os gra-
dientes, o gás carbônico passa para o interior do alvéolo e o oxigênio passa para os
capilares, agora não mais capilar venoso e, sim, capilar arterial. Este fenômeno é
chamado de hematose.
Quando este processo de hematose não ocorre da maneira correta, como no
caso relatado nesta lição, em que existe uma incapacidade de o coração bom-
bear adequadamente o sangue, que fica acumulado no interior destes capilares
aumentando a pressão dentro deles, o líquido é obrigado a passar para dentro dos
alvéolos.
Como se sabe, não é possível respirar com a presença de líquidos nas vias aé-
reas e muito menos nos alvéolos. A presença de líquido nos alvéolos faz com que
o nosso corpo aumente a necessidade de respiração, com o aumento da frequência
respiratória, e também aumenta o bombeamento de sangue, mesmo que incom-
petente, ocasionando o aumento da frequência cardíaca.
O resultado de tudo isso são os sintomas apresentados pelo paciente que são
a dispneia, o cansaço, a falta de ar, tonteira, aumento da frequência cardíaca e
respiratória, alterações no nível de consciência, ficando o paciente menos alerta,
mais agitado e às vezes até agressivo. Isto tudo pela falta de oxigenação no cérebro.
Além disso, podem ocorrer sintomas de isquemia cardíaca, como dor torácica e
dormência em um dos membros superiores.
Este paciente será cuidado de forma a manter as funções cardíacas e respirató-
rias estabilizadas, ou seja, controladas por meio de medicamentos que vão reduzir
a pressão arterial promovendo a dilatação de vasos sanguíneos e também reduzin-
do o trabalho cardíaco por um mecanismo chamado de pré-carga. Além disso, será
capítulo 3 • 64
oferecido oxigênio por meio de máscara para aumentar a oferta e assim compensar
a redução ocorrida na hematose.
Como são muitas as intervenções necessárias para se atender este paciente,
vamos dividi-las em grupos.
Posicionamento no leito
Medicamentos
Assistência respiratória
capítulo 3 • 65
O CPAP, em linhas gerais, aumenta a pressão de ar dentro das vias aéreas e
faz com que o líquido que está dentro dos alvéolos retorne para os capilares para,
assim, a hematose ser realizada com maior sucesso e eficiência.
Monitoração cardiológica
Para que se saiba se os medicamentos e toda terapêutica que está sendo aplica-
da estão funcionando, deve-se monitorar todas as funções cardiológicas, portanto
serão posicionados nos pacientes eletrodos que possam captar a frequência cardía-
ca do paciente, assim como o ritmo cardíaco.
A avaliação do ritmo cardíaco é muito importante, pois as doenças de base que
contribuem para a ocorrência do EAP, como o infarto, favorecem a ocorrência de
arritmias que podem ser letais. Portanto, a realização de um eletrocardiograma du-
rante o período de internação é necessária para acompanhamento destes casos. Em
adição ao ritmo e frequência cardíaca, a pressão arterial e a saturação de oxigênio
são igualmente importantes.
Arritmias cardíacas
Para o coração bombear o sangue, é necessário que haja a contração dos mús-
culos cardíacos, produzindo uma onda que permite o deslocamento do sangue,
formando-se o que chamamos de pulsação. Mas essa onda a que nos referimos
só acontece, pois o músculo cardíaco conduz a eletricidade gerada por ele mesmo
que é controlada por uma estrutura de aproximadamente 2 cm chamada de nodo
sinoatrial.
Essa estrutura comanda toda a carga elétrica gerada pelo coração de forma a
organizá-la para que seja gerado um pulso e, assim, o sangue possa ser conduzido
através do coração e também através do corpo. Quando existe alguma alteração
no músculo cardíaco que impeça esta condução, como, por exemplo, no IAM, o
ritmo cardíaco pode ser alterado e a condução não se faz de maneira organizada.
Portanto, o fluxo sanguíneo fica comprometido.
As arritmias são classificadas conforme o local onde se inicia o ritmo irregu-
lar. Portanto, quando ocorrerem no átrio, são chamadas de arritmias atriais, que
são arritmias em que a condução entre átrios e ventrículos é comprometida; e as
arritmias ventriculares, que como o nome já diz, são originadas nos ventrículos.
capítulo 3 • 66
Arritmias atriais
São diversos os tipos de arritmias que podem ocorrer a partir do átrio, mas
separamos para esta lição apenas duas que são aquelas mais comuns. São o flutter
atrial e a fibrilação atrial.
O flutter atrial é uma arritmia em que a frequência cardíaca é aumentada,
ficando em torno de 120 a 150 batimentos por minuto. A característica registra-
da no ECG é a onda “P” repetidas vezes, antecedendo um complexo QRS. Isso
significa que o estímulo que contrai o átrio está partindo de dois locais diferentes.
Um nós sabemos, vem do NSA, mas o outro pode ocorrer em qualquer parte desse
átrio e assim é difícil de estabelecer o local exato.
O paciente apresenta sintomas de palpitação e falta de ar devido à rapidez com
que o coração bate. Isto provoca uma sensação de desespero e agonia, e por isso o
paciente precisa se manter calmo e em repouso para que não haja maior consumo
de oxigênio.
O tratamento medicamentoso consiste na administração de medicamentos
que controlam esta frequência cardíaca e procuram reverter do ritmo anormal
para o ritmo de normalidade. O medicamento comumente utilizado para este fim
é a amiodarona, que é administrada por via endovenosa e por meio de uma bomba
infusora que controla o volume de infusão.
Durante a administração, é importante observar o ritmo e a frequência cardía-
ca do paciente, além da pressão arterial. Posteriormente à administração por via
endovenosa, o paciente poderá continuar fazendo o uso do medicamento, sendo
administrado por via oral.
Além desses medicamentos, o paciente usará medicamentos que evitam a coa-
gulação do sangue, tais como a heparina, que pode ter duas apresentações dife-
rentes: a de baixo peso molecular e a de alto peso molecular (cada uma tem suas
especificidades). Esse medicamento é também administrado por bomba infusora
por via endovenosa ou por via subcutânea. O importante durante o tratamento
destes pacientes com heparina é que se observem sinais de sangramento em qual-
quer lugar do corpo, porém em casos de internação seriam mais comuns os pontos
de acesso venosos, gengiva, nariz entre outros.
A fibrilação atrial difere do flutter exatamente porque o problema está na au-
sência registrada ao ECG da onda “P”. A onda “P”, que representa a contração dos
átrios, não aparece no traçado eletrocardiográfico, pois o átrio não é capaz de gerar
uma onda devido à excitação dos músculos que se contraem desordenadamente.
capítulo 3 • 67
A frequência cardíaca é elevada – em torno de 150 a 200 bpm –, o que provoca
distúrbios na condução do sangue, e o paciente experimenta a sensação de palpi-
tação e falta de ar.
Assim como no flutter, o paciente precisa ser mantido em repouso, tendo
seus sinais vitais monitorados, e há a necessidade de se ter puncionado um acesso
venoso para proporcionar segurança durante o atendimento.
É importante ressaltar que a fibrilação atrial poder ser classificada de duas
maneiras: aquela que acontece de maneira abrupta e que provoca todos esses sin-
tomas, que é chamada de fibrilação atrial aguda, e aquela que é persistente e que
o paciente convive com ela, mesmo depois de se ter tentado muitos e diferentes
tipos de tratamento, tais como a ablação. Por ser persistente, essa fibrilação recebe
o nome de fibrilação atrial crônica.
O tratamento é também semelhante ao do flutter atrial, utilizando medica-
mentos como amiodarona e heparina. Já se a fibrilação atrial é do tipo crônica
que agudizou, ou seja, o paciente saiu de uma condição de estabilidade para uma
situação de risco à vida, os medicamentos podem ser administrados tanto por via
endovenosa como por via oral. Esses medicamentos podem ser a própria amioda-
rona ou a quinidina. A via de administração dependerá da estabilidade hemodi-
nâmica do paciente.
Bloqueios atrioventriculares
capítulo 3 • 68
É caracterizado por um retardamento na condução entre
os átrios e os ventrículos. Não tem sintomas e o tratamen-
to é feito apenas com o acompanhamento da progressão
BAV DE 1° GRAU do eletrocardiograma e aparecimento de sintomas. Pode
estar relacionado ao uso de medicamentos que interfe-
rem na frequência cardíaca, como os betabloqueadores
e os cardiotônicos.
Arritmias Ventriculares
capítulo 3 • 69
Elas são classificadas em extrassístole ventricular, taquicardia ventricular, fibrila-
ção ventricular.
A Extrassístole é uma atividade elétrica ventricular a mais dentro do ECG,
que pode gerar pulso, ou não. Em alguns períodos o coração pode gerar uma ati-
vidade elétrica com pouca corrente que apesar de observarmos o traçado de QRS
não observamos um pulso. No ECG a extrassístole é caracterizada como aspecto
bizarro causando irregularidade ventricular, a sequência segue um ritmo básico
que geralmente é regular.
A taquicardia ventricular é caracterizada como três ou mais extrassístoles ven-
triculares, a frequência ventricular excede 100 batimento por minuto. Esta ar-
ritmia precede a fibrilação ventricular. Portanto o enfermeiro deve avaliar se há
pulso ou não na presença desta arritmia. Ela é causada por patologias que causem
instabilidade da musculatura ou atividade elétrica cardíaca. Caso não haja pulso
na taquicardia ventricular a desfibrilação deve ser imediata.
A fibrilação ventricular também comumente chamada de FV é caracterizada
como ritmo caótico ventricular, é um tipo de parada cardiorrespiratória cerebral,
pois não produz nenhuma contração da musculatura cardíaca.
As causas de FV são isquemia miocárdica, IAM, taquiventricular não tratada,
cardiopatia grave, desequilíbrio ácido-básico, choque elétrico, hipotermia intensa
e desequilíbrios eletrolíticos. A principal característica da FV é que os ventrículos
"tremem" ao invés de realizar uma contração efetiva, o tratamento é desfibrila-
ção imediata.
Em todas estas arritmias a letalidade é alta e o tratamento se inicia com a
compressão torácica para a reanimação cardiopulmonar e a administração de me-
dicamentos adrenérgicos em intervalos de 3 à 5 minutos por via endovenosa. A
desfibrilação tão logo possa ser instituída aplicará choque não sincronizado com
cargas elétricas que se iniciam em 150 J e repetidas até um máximo de descarga
de 200 J. Posteriormente aos choques é avaliado o retorno à circulação espontânea
e são instituídas medidas de manutenção das funções neurológicas, cardiológicas
e respiratórias.
Estas medidas incluem máxima perfusão cerebral, manutenção dos níveis
pressóricos e controle de novas arritmias e ventilação pulmonar adequada.
capítulo 3 • 70
EXEMPLO
Caso clínico
A. S. P., 78 anos, sexo masculino, aposentado deu entrada no Hospital, queixando-se de
dispneia intensa e intensa (poliúria) há 3 dias relatada pela família. Informam ser hipertenso
(sem tratamento) e ter insuficiência cardíaca congestiva (interrompeu tratamento com digo-
xina há 1 semana). Ao exame físico: sonolento. Pupilas simétricas e isofotorreagentes, mu-
cosa ocular hipocorada (++/+4) e hipoidratada. Cavidades nasal e oral sem anormalidades,
em uso de prótese dentária. Gânglios impalpáveis. À ausculta cardíaca: bulhas hipofonéticas
em 3 tempos. À ausculta pulmonar: MV com estertores difusos. Abdome distendido, peris-
talse presente, doloroso em região de flanco direito (fígado palpável), eliminação intestinal
ausente (não sabe desde quando). MMII: edema (+++/+4), pulso pedioso filiforme, perfu-
são lentificada. Sinais Vitais: Tax: 36,8 ºC, FC: 90 bpm, FR: 23 irpm, PA: 180 X 100 mmhg.
REFLEXÃO
Neste capítulo você viu que as alterações cardiológicas são inerentes à condição do fun-
cionamento da bomba cardíaca, tanto em relação à musculatura, quanto à nutrição do tecido
cardíaco. As intervenções de enfermagem se resumem a manutenção da função cardíaca e
manobras de redução do retorno venoso e perfusão dos tecidos.
Seja bem vindo ao próximo capítulo.
capítulo 3 • 71
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMERICAN HEART ASSOCIATION. Diretrizes para Suporte avançado de vida em cardiologia.
Cliveland, 2015, p. 1-37
ALFARO-LEFREVE, R. Aplicação do processo de Enfermagem: um guia passo a passo. 4 ed. Porto
Alegre: Artes Médicas, 2005.
BRUNER Tratado de Enfermagem Médico cirúrgico - Guanabara Koogan./ 2016.
CINTRA, E. A.; NISHIDE, V. M; NUNES, W. A. Assistência de Enfermagem ao Paciente
Gravemente Enfermo. 2 ed. São Paulo: Atheneu, 2005.
FERNANDES, R. T. P. Enfermagem em Clínica Médica. Editora NT. Brasília, 2015, 152 p.
FIGUEIREDO, Nébia M. A.; MACHADO, Willian. C. (orgs). Tratado de Cuidados de Enfermagem. 1
ed. São Paulo: Roca, 2012. v.1 e v.2.
MORTON, Patrícia G. Fundamentos dos Cuidados Críticos de Enfermagem: uma abordagem
holística. Editora GEN. Rio de Janeiro, 2014.
NORTH American Nursing Diagnosis Association. Diagnósticos de Enfermagem da NANDA:
Definições e classificações. 2005/2006. Porto Alegre: Artes Médicas, 2006.
SMELTEZER, S. C. Tratado de Enfermagem Médico-cirúrgica. 10 ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2013. v. 1 e v. 2.
capítulo 3 • 72
4
Alterações dos
sistemas digestório
e sistema endócrino
Alterações dos Sistemas Digestório e
Sistema Endócrino
OBJETIVOS
• Identificar as doenças do sistema digestório prevalentes em adultos e idosos;
• Descrever o cuidado de Enfermagem ao paciente adulto e idoso nas diferentes alterações
do sistema digestório.
capítulo 4 • 74
Esses componentes essenciais são fornecidos ao intestino pelas artérias mesentéri-
cas. O sangue é drenado desses órgãos pelas veias do sistema porta.
As principais funções digestivas do TGI são:
• Reduzir as partículas alimentares à forma molecular para a digestão;
• Absorver na corrente sanguínea as pequenas moléculas produzidas
pela digestão;
• Eliminar restos alimentares não digeridos e não absorvidos e outros produ-
tos tóxicos nocivos ao corpo.
Hérnia de hiato
capítulo 4 • 75
Hérnia axial
Hérnia paraesofagiana
capítulo 4 • 76
endovenosa ou ainda orla, embora não deva ser incentivadas, pró-cinéticos que
ajudam no esvaziamento gástrico e aumenta a motilidade de todo o trato digesti-
vo também.
Gastrite
Fisiopatologia
capítulo 4 • 77
O tratamento instituído passa pelo estímulo pela mudança de hábitos, evi-
tando o consumo de bebidas alcoólicas e de alimentos ácidos e gordurosos até
que os sintomas passem. Uma dieta não irritante é recomendada. Se os sintomas
persistirem, pode ser necessária a administração de líquidos por via parenteral
para reidratação.
A terapêutica instituída é de suporte e pode incluir sondagem nasogástrica,
para o completo esvaziamento do estômago e em alguns casos a realização e uma
lavagem gástrica para conter sangramentos. A analgesia deverá ser planejada de
maneira a evitar o retorno dos sintomas, portanto de maneira contínua. Os antiá-
cidos e bloqueadores de H2 tem uma função primordial na redução da acidez do
estômago, controle álgico e proteção da mucosa do estômago. Em casos extremos
há a necessidade de tratamento cirúrgico, principalmente quando há sangramento
de grande vulto.
A gastrite crônica ao contrário da aguda é uma inflamação prolongada do
estômago, pode ser caudada tanto por úlceras malignas ou benignas do estômago,
ou pela bactéria Helicobacter pylori.
A gastrite crônica pode ser classificada como do tipo A ou do tipo B. A gastrite
do tipo A (autoimune) resulta de alterações nas células parietais, levando a atrofia
e infiltração celular. Está associada com doenças autoimunes e ocorre no fundo
gástrico ou no corpo do estômago.
A gastrite do tipo B (H. pylori) em geral afeta as regiões do antro e do piloro
no estômago. Está associada com infecção bacteriana, a fatores dietéticos, ao fumo
ou refluxo do conteúdo intestinal no estômago.
Os sintomas no paciente com gastrite do tipo A em geral não ocorrem, exce-
to, se houver deficiência de vitamina B12, associada. Já, na gastrite do tipo B, o
paciente queixa-se de inapetência; pirose pós prandial; plenitude gástrica; náusea
e vômito.
O diagnóstico é feito por meio da endoscopia do trato digestivo alto e em
alguns casos associa-se o exame histológico, principalmente quando há recidiva
de eventos semelhantes. São realizados também testes sorológicos para anticorpos
para antígeno H. Pylori.
A gastrite crônica é tratada modificando-se a dieta do paciente, promovendo o
repouso, reduzindo o estresse e iniciando farmacoterapia baseada em sintomáticos
e bloqueadores de H2. A bactéria H. pylori pode ser tratada com antibióticoterapia.
capítulo 4 • 78
Úlcera péptica
A úlcera péptica é caracterizada por uma lesão erosiva de uma área circunscrita
de membrana mucosa formada na parede mucosa do estômago, piloro, duodeno
ou esôfago. A úlcera péptica é chamada de úlcera gástrica, duodenal ou esofagiana,
dependendo da sua localização e com poder de malignidade variando de mode-
rado à grave.
Fisiopatologia
capítulo 4 • 79
Apendicite
Diverticulite
capítulo 4 • 80
pode impedir a drenagem e levar à perfuração ou à formação de abcesso na parede
do intestino.
A diverticulite é prevalente em idosos. A incidência desta doença é de aproxi-
madamente 60% nas pessoas acima de 80 anos de idade. Quando ocorre em pes-
soas mais jovens acredita-se em predisposição congênita. A ingestão de alimentos
pobres em fibras é considerada sua maior causa.
Os sintomas são principalmente a constipação ou diarréia, dor no Quadrante
Inferior Esquerdo (QIE), febre baixa, náusea e inapetência, sangramento oculto,
evidenciado apenas em exame investigativo próprio e realizado em laboratório,
miastenia e fadiga.
O diagnóstico é feito por meio de radiografias do abdome; tomografia com-
putadorizada, com a ingestão de contraste ao menos 2 horas antes deste exame de
imagem, Colonoscopia, Hemograma completo.
O tratamento deverá ser iniciado com a administração de antibióticos, redu-
ção da ingestão oral de líquidos, medicamentos antiespasmódicos, a prescrição de
alimentos anticonstipantes e possivelmente ato cirúrgico com emoção de parte do
intestino e anastomose.
A incidência da doença diverticular aumenta com a idade por causa da dege-
neração e das mudanças estruturais nas camadas musculares circulares do cólon,
assim como a hipertrofia celular. Os sintomas são menos evidentes nos idosos que
em adultos. O idoso pode não apresentar dor abdominal até que a infecção ocorra.
Eles podem relatar sintomas de forma tardia por terem medo da cirurgia ou de que
possam ter câncer. Sangue nas fezes pode frequentemente ser omitido em razão de
não terem sido examinadas as fezes, ou pela inabilidade de ver as mudanças devido
à visão diminuída.
Peritonite
capítulo 4 • 81
Fisiopatologia
Doença de Crohn
Fisiopatologia
capítulo 4 • 82
Colite
Fisiopatologia
O fígado, a maior glândula do corpo, pode ser considerada uma fábrica quí-
mica que produz, estoca, altera e excreta um grande número de substâncias en-
volvidas no metabolismo. O fígado é especialmente importante na regulação da
glicose e no metabolismo de proteínas. O fígado produz e secreta a bile, que tem
um papel importante na digestão e absorção de gorduras no sistema digestório. A
bile produzida pelo fígado é estocada temporariamente na vesícula biliar até que
capítulo 4 • 83
seja necessária para o processo de digestão, quando a vesícula biliar se esvazia e a
bile entra no intestino.
A circulação do sangue é de grande importância para o seu funcionamento.
Aproximadamente 75% do suprimento de sangue vêm da veia porta, drenando o
sistema digestório e rico em nutrientes. O restante do suprimento sanguíneo entra
pela artéria hepática e é rico em O2.
As funções metabólicas do fígado são:
capítulo 4 • 84
As vitaminas A, B12, D e várias vitaminas do complexo
ARMAZENAMENTO B são estocadas em grande quantidade no fígado, as-
sim como algumas substâncias como o ferro e o cobre.
DE VITAMINAS E Como o fígado é rico nestas substâncias, os extratos
FERRO hepáticos têm sido usados para a terapia de uma ampla
gama de distúrbios nutricionais.
Fisiopatologia
capítulo 4 • 85
As anormalidades endócrinas também ocorrem com a disfunção hepática
porque o fígado é incapaz de metabolizar normalmente os hormônios, incluindo
os hormônios sexuais. A ginecomastia, a amenorreia, a atrofia testicular e outras
perturbações do funcionamento sexual e características sexuais são tidas como re-
sultantes de falhas do fígado danificado para inativar normalmente os endógenos.
Insuficiência hepática
Um dano hepático agudo pode causar uma insuficiência hepática aguda, pode
ser completamente reversível ou pode progredir para doença hepática crônica. O
resultado final do dano hepático crônico é a cirrose, caracterizada pela substituição
de células parenquimatosas por tecido fibrótico. A insuficiência hepática ocorre
quando o fígado é incapaz de realizar suas funções excretoras, e as funções meta-
bólicas do fígado são inadequadas para atender às necessidades do corpo.
Ocorre encefalopatia hepática ou coma quando a disfunção hepática é tão
grave que o fígado é incapaz de remover amônia, um produto final do metabolis-
mo de proteínas da circulação sanguínea. A amônia acumula-se na circulação e no
sistema nervoso, produzindo sinais e sintomas graves, ameaçadores à vida.
Além do e exame físico complete os exames laboratoriais consistem na avalia-
ção da amilase e lipase e da TGO representando exatamente a qualidade da função
do fígado em metabolizar a amônia em outros. A ultrassonografia pode revelar o
aumento no tamanho do órgão e também a existência de gordura ao redor dele.
O mesmo ocorre com a tomografia, porém com maior especificidade devido aos
cortes axiais durante a realização do exame que permitem visualizar com precisão
o local da anatomia do fígado comprometida.
Se houver, na história justificativa, poderá ser feita biópsia hepática, identifi-
cando células neoplásicas.
capítulo 4 • 86
sangramento aumenta com as anormalidades de coagulação sanguínea geralmente
vistas em pacientes com cirrose.
O acúmulo de líquido (ascite) na cavidade abdominal influencia a redução do
volume intravascular tende a cair e a renina é liberada pelos rins. A renina causa
um aumento de secreção do hormônio aldosterona pelas glândulas suprarrenais, o
que, por sua vez, faz com que os rins retenham sódio e água em uma tentativa de
retornar o volume intravascular ao normal.
Para o diagnóstico preciso deste tipo de doença é importante a percussão ab-
dominal no exame físico que poderá revelar a presença de líquido acumulado
na cavidade por meio da vibração deste líquido em seu interior. É importante a
mensuração e registro diário do perímetro abdominal como medida de avaliação
do grau de comprometimento hepático e a prevenção de complicações respira-
tórias restritivas pela compressão diafragmática pelo líquido abdominal sobre o
diafragma. Além disso, pesar o cliente diariamente avalia a redução de edema e de
retenção de líquidos, associando ao uso de diuréticos.
Para tratar o paciente com Insuficiência hepática é preciso modificação dieté-
tica, restringindo o sódio na dieta para reduzir a retenção de liquido. Os diuréticos
atuam eliminando o líquido excedente e por esta razão é preciso o acompanha-
mento dos valores de eletrólitos no sangue. Administração de albumina por via
EV para elevar temporariamente o nível de albumina sérica o que ajuda a reduzir
o edema, fazendo com que o líquido ascítico volte para a corrente sanguínea e,
finalmente, seja eliminado pelos rins.
Em alguns casos em que a eliminação do líquido é ineficiente, mesmo com
a terapia medicamentosa, a paracentese é realizada para a remoção de líquido da
cavidade peritoneal por meio de uma pequena incisão cirúrgica ou punção feita
na parede abdominal.
Hepatites
Hepatite B
capítulo 4 • 87
Os sinais e sintomas de hepatite B podem ser insidiosos e variáveis. A febre e
os sintomas respiratórios são raros. Alguns pacientes têm artralgias e exantemas.
O paciente pode sofrer perda de apetite, dor abdominal, dor generalizada, mal
estar e fraqueza. A icterícia pode ou não estar evidente. Se ocorrer icterícia, ela
é acompanhada de fezes de cor clara (acolia fecal) e urina escura. O fígado pode
estar sensível e aumentado, assim como o baço. Os linfonodos cervicais também
podem estar aumentados. O diagnóstico se baseia, principalmente, na história e
nos testes laboratoriais.
O tratamento consiste em manter o paciente em repouso no leito para manter
as reservas energéticas, nutrição hiperproteica, antiácidos e antieméticos.
Hepatite C
capítulo 4 • 88
Esofagite pela elevação da acidez do
Alimentos pouco mastigados.
estômago.
Colecistite
É a infecção aguda da vesícula biliar, que causa dor aguda, sensibilidade e ri-
gidez do abdome direito superior, associada a náuseas e vômitos e os sinais usuais
de uma inflamação aguda.
Fisiopatologia
capítulo 4 • 89
Os pacientes experimentam a sensação de plenitude gástrica, distensão abdo-
minal, dor no quadrante superior direito representando a cólica biliar, icterícia,
alteração na coloração da urina e fezes, deficiência vitamínica exemplificada por
unhas quebradiças e pele ressecada e hálito cetônico.
O diagnostico é feito com ultrassonografia e exames laboratoriais. Quando há
obstrução dos canais biliares é recomendada uma CPRE (colangiopancreatografia
retrógada endoscópica) que permite a visualização direta de estruturas que antes
só estavam disponíveis durante a laparotomia, para se avaliar especificamente a
possibilidade de tratamento medicamentosos e dietoterápico.
Caso o tratamento clinico não seja possível é necessária a cirurgia.
Todas estas doenças do sistema digestório devem ser cuidadas pelos enfermei-
ros de maneira a envolver o paciente no tratamento e evitar a recorrência destes
eventos. Além disso, a investigação e reversão dos hábitos alimentares que contri-
buem para o aparecimento da doença precisam ser combatidos de modo a dar ao
paciente a possibilidade de decidir sobre as melhores alternativas para alcançar os
objetivos. Objetivos estes que devem ser traçados em conjunto, visto que os hábi-
tos, tanto alimentares quanto de vida, têm grande influência nas doenças.
Sistema endócrino
Fisiopatologia do diabetes
capítulo 4 • 90
Já no caso do diabetes tipo II ocorre resistência à insulina e secreção prejudi-
cada de insulina. A resistência à insulina refere-se a uma sensibilidade diminuída
dos tecidos à insulina. Esta resistência está associada a uma diminuição das rea-
ções intracelulares. A insulina torna-se, portanto, menos efetiva na estimulação da
captação de glicose pelos tecidos. Para superar a resistência à insulina e evitar o
acúmulo de glicose no sangue, deve haver um aumento na quantidade de insulina
secretada. Entretanto, as células do tipo beta localizadas no pâncreas são incapazes
de manter a demanda aumentada de insulina, o nível de glicose sobe, e desenvol-
ve-se o diabetes tipo II.
Outro tipo de diabetes, mas que pode ser transitória é a Diabetes gestacional
em que se desenvolve hiperglicemia durante a gestação devido à secreção de hor-
mônios placentários. O tratamento inclui modificações dietéticas e monitoramen-
to da glicose. Caso persista a hiperglicemia, a insulina é prescrita.
Os sintomas apresentados pelos pacientes com diabetes (tipo I, II ou gestacio-
nal) são os mesmos e incluem a tríade de poliúria, polidipsia e polifagia), redução
da acuidade visual, ulcerações crônicas nos pés devido a perda da sensibilidade e
suscetibilidade à lesões e infecções urinárias de repetição.
O diagnóstico fundamenta-se na história clínica, testes laboratoriais, e na ve-
rificação dos níveis de hemoglobina glicosilada.
O tratamento é feito com dieta com a redução de carboidratos e açúcares em
geral, atividade física regular e orientada por profissional, hipoglicemiantes orais
(diabetes tipo II) e Insulinoterapia (diabetes tipo I).
Complicações agudas do diabetes:
capítulo 4 • 91
Complicações crônicas:
EXEMPLO
Caso clínico
A diabetes mellitus é uma condição metabólica que faz com o paciente não consiga obter
energia dos açúcares consumidos na dieta. Esta energia é, portanto, retirada da gordura e
assim, mantém o funcionamento do organismo. Com isso, o açúcar consumido fica retido na
corrente sanguínea elevando estes níveis e comprometendo o funcionamento dos órgãos.
capítulo 4 • 92
se mantenha equilibrado. Além disso, a dieta rica em fibras e legumes permite a redução de
carboidratos e sua conversão em açúcares. Com a doença instalada a utilização de hipogli-
cemiantes orais, quando ainda há alguma produção de insulina por parte do pâncreas ou
Insulina de ação lenta, quando não há produção alguma. Estas estratégias são funda-
mentais e iniciais para o equilíbrio do organismo.
REFLEXÃO
Você viu neste capítulo que as alterações do sistema digestório e endócrino podem pro-
duzir efeitos duradouros e incapacitantes. Para contornar estas situações a intervenção de
enfermagem precisa ser objetiva e se estabelecer a partir dos sintomas apresentados pelos
pacientes do modo à recuperar a saúde dele.
Seja bem vindo ao próximo e último capítulo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALFARO-LEFREVE, R. Aplicação do processo de Enfermagem: um guia passo a passo. 4 ed. Porto
Alegre: Artes Médicas, 2005.
BRUNER Tratado de Enfermagem Médico cirúrgico - Guanabara Koogan./ 2016.
CINTRA, E. A.; NISHIDE, V. M; NUNES, W. A. Assistência de Enfermagem ao Paciente
Gravemente Enfermo. 2 ed. São Paulo: Atheneu, 2005.
FERNANDES, Ronald. T. P. Enfermagem em Clínica Médica. Editora NT. Brasília, 2015, 152 p.
FIGUEIREDO, Nébia M. A.; MACHADO, Willian. C. (orgs). Tratado de Cuidados de Enfermagem.
1 ed. São Paulo: Roca, 2012. v.1 e v.2.
MORTON, Patrícia G. Fundamentos dos Cuidados Críticos de Enfermagem: uma abordagem
holística. Editora GEN. Rio de Janeiro, 2014.
NORTH American Nursing Diagnosis Association. Diagnósticos de Enfermagem da NANDA:
Definições e classificações. 2005/2006. Porto Alegre: Artes Médicas, 2006.
SMELTEZER, S. C. Tratado de Enfermagem Médico-cirúrgica. 10 ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2013. v. 1 e v. 2.
capítulo 4 • 93
capítulo 4 • 94
5
Alterações do
sistema renal
Alterações do sistema renal
O sistema renal é um dos sistemas mais sensíveis à alteração da volemia e à
infecções. Por isso o enfermeiro precisa em suas intervenções estar atento a estas
alterações que comprometerão o funcionamento dos rins. Além disso, uma das
estruturas que compõem o sistema urinário, a próstata, é responsável por uma
das doenças mais frequentes em homens e que evoluem de maneira letal, o câncer
de próstata. Assim como as violências, acometem homens muito por causa da
masculinidade e preconceito. Neste capítulo veremos conceitos de masculinidade
que historicamente acompanham nossa sociedade e devem ser conhecidos pelos
enfermeiros para cuidar de maneira específica a esta população.
OBJETIVOS
• Identificar as doenças do sistema renal prevalentes em adultos e idosos;
• Descrever o cuidado de Enfermagem ao paciente adulto e idoso nas diferentes alterações
do sistema renal.
capítulo 5 • 96
SISTEMAS DE EXCREÇÃO FUNÇÕES
Responsável pela filtração de sangue e produ-
Sistema urinário
ção de urina
capítulo 5 • 97
Rim
Esse é o principal órgão que compõe o sistema excretor, responsável por fil-
trar as impurezas e o resultado do metabolismo celular presentes no sangue para
excretá-los juntamente com a água. Os rins ficam localizados na região posterior
do abdômen, atrás do peritônio, sendo, por isso, chamados de órgãos retroperi-
toneais. Há um rim em cada lado da coluna, sendo que o direito está localizado
logo abaixo do fígado e o esquerdo abaixo do baço. Na parte superior de cada rim
encontramos as glândulas suprarrenais.
Néfrons
Cada rim é constituído por milhões de néfrons, que são as unidades funcio-
nais dos rins, pois todo processo de filtração do sangue é realizado pelos néfrons.
Portanto, são capazes de realizar todas as funções renais. O néfron é constituído
por uma região dilatada, denominada corpúsculo renal ou de Malpighi (composto
pelo glomérulo e pela cápsula de Bowman), pelo túbulo contorcido proximal, pela
alça de Henle, pelo túbulo contorcido distal e pelos ductos coletores.
Urina
Passam pelos rins quase dois mil litros de filtrado glomerular. A urina inicial
caminha pelo túbulo contorcido proximal, pela alça de Henle e pelo túbulo con-
tornado distal, de onde é lançada no ducto coletor. Durante o percurso do filtrado
glomerular, nos túbulos renais são reabsorvidos glicose, vitaminas, hormônios, sais
minerais e a maior parte da água que compõe a urina. As substâncias reabsorvidas
passam para o sangue dos capilares que envolvem o néfron. Esses capilares origi-
nam-se da ramificação da arteríola eferente, pela qual o sangue deixa a cápsula de
Bowman. A ureia, por não ser reabsorvida pelas paredes do néfron, é a principal
constituinte da urina.
Após a revisão das estruturas do sistema excretor e da anatomia e fisiologia
do sistema urinário, podemos destacar as principais doenças que acometem esse
sistema, são eles:
capítulo 5 • 98
UROLITÍASE Formação de cálculos dentro do rim.
Glomerulonefrite
Síndrome nefrítica
Ocorre uma inflamação que irá provocar uma lesão no glomérulo diminuin-
do-lhe a sua capacidade de filtração do sangue. O sangue não é filtrado devi-
damente e as substâncias tóxicas acumulam-se no organismo. Os doentes apre-
sentam um quadro de insuficiência renal aguda, hematúria (sangue na urina) e
hipertensão arterial.
Síndrome nefrótica
capítulo 5 • 99
Os sinais e sintomas da doença incluem alterações no aspecto da urina, que
se torna mais escura e pela perda de sangue e de proteínas, há redução do volume
urinário (oligúria), elevação da pressão arterial, edema de membros inferiores. O
paciente pode apresentar ainda miastenia e anemia.
O diagnóstico começa com a investigação de sinais, tais como edemas e oli-
gúria relatadas pelo paciente. Com os exames laboratoriais é possível detectar a
presença de sangue e/ou proteínas na urina O diagnóstico preciso é feito a partir
da biopsia glomerular identificando lesões
O tratamento é feito a partir da utilização de anti-inflamatórios e corticóides,
e a ciclofosfamida. Em casos mais graves, a adoção de uma dieta com restrição de
proteínas, sal, potássio e fósforo faz parte das estratégias terapêuticas para evitar a
evolução da doença para a insuficiência renal crônica.
Nefrolitíase
capítulo 5 • 100
de parto. Além disso, é possível devido ao deslocamento do cálculo no trato uri-
nário a ocorrência de sangramento causando a hematúria.
Especialmente a dor é descrita como intensa pelos pacientes e podem ser lo-
calizadas na região abdominal com irradiação para o dorso ou ainda lombar, mas
sem relação ao movimento do tronco ou pernas. É preciso bastante atenção du-
rante o exame físico a fim de excluir a possibilidade de a dor ocorrer por alterações
musculares da costas ou dores provenientes da coluna vertebral. O paciente en-
contra-se inquieto, sem encontrar posição que alivie a dor.
A eliminação espontânea dos cálculos pode ocorrer principalmente especial-
mente quando o tamanho do cálculo não excede os 5 mm. Cálculos maiores fre-
quentemente necessitarão de intervenção urológica. Quanto ao tratamento da dor
e ao uso de drogas que facilitam a eliminação do cálculo, ver item.
Existe a possibilidade do desenvolvimento de infecções do trato urinário de-
vido a permanência da urina no trato em função da obstrução parcial ou total do
trato urinário, levando à pielonefrite. Quando esta obstrução é severa a ponto de
edemaciar os cálices renais um quadro de hidronefrose se instala e a o paciente
começa a apresentar algum grau de insuficiência renal. Neste casos o paciente
apresenta-se oligúrico evoluindo se não houver a desobstrução à anúria. A anúria
pode se associar a obstruções baixas (uretrais, por exemplo), a obstruções bilaterais
(incomuns) ou mesmo a obstruções unilaterais.
Para o diagnóstico da nefrolitíase é bastante relevante a realização de exames
laboratoriais envolvendo o hemograma e principalmente a leucometria visando
identificar processos infecciosos. A avaliação de própria urina colhida de maneira
estéril é também importante, não só para a identificação de infecções do trato
urinário quanto a possibilidade de se usar o antibiótico correto para tratá-la. Além
disso, com a urina será possível o médico avaliar se a função do rim está preservada
através da ureia e creatinina. Outro exame relevante na urina é a identificação do
tipo de composto que forma os cálculos e assim, na dieta restringi-los.
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cirúrgica de um cateter de duplo “J” auxilia na fragmentação e remoção deste
cálculo.
Do ponto de vista alimentar recomenda-se a ingestão diária de água de ao
menos 2 L/dia, de preferência com água ou sucos de fruta, tais como o de laranja.
O sal na dieta não deve exceder os 3 g/dia e as proteínas em geral, mas principal-
mente a de origem animal deve ser evitada.
Insuficiência renal
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para a insuficiência renal aguda, que dependem da localização de onde começam
as alterações.
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prejudicando todo o seu funcionamento normal. A primeira causa de insuficiência
renal crônica, e também a principal, é o diabetes mellitus não tratado adequada-
mente. Estima-se que cerca de 33% dos portadores da doença são diabéticos. Isso
ocorre, pois uma das consequências do diabetes mellitus é a vasculopatia, e essa
doença vascular compromete os rins.
Um grande problema que ocorre no quadro de insuficiência renal crônica é
o diagnóstico tardio, o que significa que haverá a necessidade de realizar terapia
renal substitutiva, conhecida como diálise ou transplante de rim.
Principais sinais e sintomas da insuficiência renal crônica:
Hemodiálise
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Transplante renal
Câncer de próstata
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No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens.
Em valores absolutos e considerando ambos os sexos é o quarto tipo mais comum
e o segundo mais incidente entre os homens. A taxa de incidência é maior nos paí-
ses desenvolvidos em comparação aos países em desenvolvimento (INCA, 2016).
Os sintomas decorrentes desta doença são, em geral, imperceptíveis, ou con-
fundidos com outros problemas do sistema geniturinário, tais como infecções e
obstruções por cálculo. Em muitos casos o primeiro sinais é a redução no volume
urinário e a disúria.
O tratamento está associado a medicamentos, quimioterapia e a prostatectomia.
Assim como muitas outras doenças, o câncer de próstata é uma doença
que tem na sua prevenção um grande estigma que passa pelo exame da próstata
por toque retal. Este tipo de exame traz consigo uma agressão à tradição social
da masculinidade.
Sobre isso, muitos autores como Connel (2010) e Guerreiro, Ayres e Hearts
(2006) já versaram sobre o assunto. Ou seja, a masculinidade hegemônica reflete
prática sociais que interferem diretamente na capacidade de o homem se prevenir
de doenças acreditando na invulnerabilidade, invencibilidade pelo mito da força
e do poder.
Para tal o Governo Federal proclamou a Política Nacional de Atenção Integral
à saúde do Homem (2009) que entre outras doenças do sistema cardiovascular e
digestório, contempla o câncer de próstata como uma dos problemas prevalente
em homens. Portanto, é primordial que o enfermeiro acompanhe a evolução dos
sintomas relativos a esta doença e que conforme a idade destes homens promova
a prevenção, por meio de orientações básicas de saúde que permitam a detecção
precoce do câncer.
EXEMPLO
Caso clínico
O paciente A. apresentou quadro álgico localizado no flanco direito considerada de forte
intensidade e que acontecia de maneira intermitente. O médico diagnosticou esta dor com
um quadro de urolitíase.
01. Quais seriam as intervenções de urgência que necessárias para o cuidado ao paciente
com estes sintomas?
R: Após a caracterização da dor a analgesia venosa será necessária. Para isso a punção
venosa periférica e a administração dos analgésicos serão feitas de forma lenta, sempre
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observando os sinais expressados pelo paciente e a melhora progressiva da dor, quanto a in-
tensidade. Além disso, deverá ser observado e medido o padrão urinário de modo a conhecer
o volume e aspectos da urina excretada. A manutenção do paciente no leito com a restrição
de deambulação é importante, porém, deve-se permitir a admissão por parte do paciente de
uma posição confortável no leito. Exames laboratoriais serão necessários para se evidenciar
substâncias que permitem a formação de cálculos urinários, assim como, quadro infecciosos.
A ingestão de líquidos, desde que não haja vômito deve ser incentivada.
REFLEXÃO
Você viu neste capítulo que o sistema renal/urinário é sensível à alterações e precisa de
rápida intervenção visto que a desidratação pode produzir efeitos irreversíveis. Viu também
que no que se refere à saúde do homem, o câncer de próstata é cercado de mitos e precon-
ceito, sendo necessário o conhecimento de conceitos relacionados à masculinidade para que
o cuidado seja alcançado e o paciente masculino tenha atendida a saúde integral.
Bons estudos.
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