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Centro Universitário para Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí

Acadêmica: Bianca Sens


Professor Joacir Sevegnani
Direito Tributário II

ATIVIDADE Nº 3

Você exerce a atividade de advocacia e assessoria tributária, e hoje foi


consultado por João da Silva, 58 anos, viúvo, aposentado, e seu filho Mário da
Silva, atualmente com 28 anos, que exerce a função de Engenheiro Florestal na
Empresa Madeiras Dom Mayer & Lee Ltda, ambos residentes no Estado de
Santa Catarina.
Com base nas informações trazidas pelos interessados você constata que
em 01 de fevereiro de 2022 João emprestou a seu filho o valor equivalente a R$
200.000,00, para pagamento em 36 parcelas mensais, corrigidas de acordo com o
índice da poupança. Posteriormente, em 30 de novembro do mesmo ano, diante das
dificuldades financeiras do filho, em razão de sua demissão da Empresa, João
decidiu perdoar integralmente a dívida, sem lhe exigir nenhuma contraprestação.
Ambas as operações (“empréstimo” e “remissão de dívida”) foram devidamente
formalizadas em contrato e informadas na Declaração de Imposto de Renda da
Pessoa Física de João da Silva e de Mário da Silva, as quais já foram entregues à
Receita Federal do Brasil deste ano (2023). Mário da Silva apresenta ainda a
Carteira de Trabalho para comprovar a perda do emprego em 30 de setembro de
2022.
Considerando a situação hipotética apresentada disserte, de forma
fundamentada, sobre a incidência ou não do Imposto de Renda e do ITCMD sobre o
as operações realizadas. Para fins de fundamentação, procure identificar se há
disposições legais regulamentando as matérias e eventual entendimento
jurisprudencial ou doutrinário. Procurem redigir o texto de forma organizada, com
introdução, fundamentação e conclusão. Ainda, peço que o texto tenha uma
apresentação agradável (justificado, com parágrafos, textos de lei ou de doutrina
destacados, etc).

RESPOSTA:
Quanto à incidência do IR, o inciso I do artigo 47 do Decreto nº 9.580/18, a
qual regulamenta a tributação, a fiscalização, a arrecadação e a administração do
IR, dispõe que são também tributados:

“[...] I - as importâncias com que o devedor for beneficiado, nas hipóteses


de perdão ou de cancelamento de dívida em troca de serviços prestados”.

Como visto, a dívida do filho foi perdoada pelo pai ora credor e, inclusive,
sem exigência de qualquer contraprestação, dessa forma, não ficará sujeita à
Declaração de Imposto de Renda da Pessoa Física de João da Silva e de Mário da
Silva, qual pode ser simplesmente baixada na declaração de IR.
Já no que tange ao Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação -
ITCMD, observa-se que o perdão de dívida não pode ser considerado uma doação
sujeita à incidência do ITCMD.
Tendo em vista que tanto a remissão de dívida (art. 385) e quanto a doação
(art. 538), ambos são contratos típicos contemplados no Código Civil e, ainda, cada
contrato possui efeitos tributários diversos.
Conforme o artigo 110 do CTN, “a lei tributária não pode alterar a definição, o
conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados,
expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos
Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir
ou limitar competências tributárias”. Ou seja, ao equiparar perdão de dívida a
doação, ambos contratos típicos, como já visto, os estados estarão desvirtuando o
termo "doação" adotado pela CF.

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