Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Unid - 3 1 Geopolã - Tica
Unid - 3 1 Geopolã - Tica
E INTEGRAÇÃO
REGIONAL
UNIDADE III
Brasil: Geopolíticas da
Integração Nacional
Eduardo Henrique Freitas Braga
Brasil: Geopolíticas da
Integração Nacional
Introdução
Nesta unidade, nossas discussões seguirão por diferentes caminhos, e isso devido
à posição estratégica que o Brasil ocupa na geopolítica deste século. Para isso,
analisaremos o Brasil no contexto geopolítico e econômico sul-americano a partir
de um suposto subimperialismo; observaremos determinadas relações políticas e
econômicas do país com potências fora de sua vizinhança na América do Sul, a fim de
localizarmos seus principais alinhamentos.
Objetivos da Aprendizagem
Ao final do conteúdo, esperamos que você seja capaz de:
3
Sobre o Papel Geopolítico Brasileiro
Para compreendermos o papel do Brasil na geopolítica sul-americana e internacional,
é preciso olhar seu território, mas ir além. É preciso, antes de tudo, localizar o Brasil no
rol de economias emergentes do que se convenciona a chamar de "sul global" – uma
região composta por países com históricos semelhantes: economias exportadoras
de bens primários, com passado colonial, e industrialização tardia. Ainda que tais
características pertençam a diferentes países, a particularidade brasileira se mostra
em sua importância político-econômica global, com parceiros comerciais estratégicos
e potencial de expansão das cadeias produtivas globais a níveis fundamentais para as
grandes potências.
Assim, uma noção teórica surge em obras do economista Ruy Mauro Marini: a de
subimperialismo. Tal noção – ora incorporada, ora relativizada, mas sempre essencial –
ajuda a compreender o papel geopolítico do Brasil na América Latina, especificamente
na América do Sul.
4
O imponente território brasileiro
5
Atenção
O subimperialismo não é um espelho do imperialismo dos países
centrais, mas sim um produto do desenvolvimento capitalista em
ex-territórios coloniais, como é o Brasil.
Tais condições podem ser comprovadas no quadro a seguir. Ele explicita com clareza
as relações de produção que levam o Brasil à condição de potência emergente,
pertencente ao sul global. É nessa condição que parcerias com potências centrais
também se desenvolvem – principalmente com Estados Unidos e União Europeia –
assim como com potências emergentes, em um nível consideravelmente maior, como
a China.
6
Comparação entre as importações e exportações brasileiras no contexto sul-americano e
internacional
O que:
O que:
Veículos automóveis para transporte de
Veículos automóveis de passageiros; óleos
mercadorias; trigo e centeio não moídos;
brutos de petróleo ou outros minerais;
veículos automóveis de passageiros; gás
partes e acessórios de veículos; veículos
natural; cobre e minérios derivados; óleos
para transporte de mercadorias; papel e
combustíveis; partes e acessórios de
cartão; carne bovina; barras de ferro e aço;
veículos; pescado inteiro (vivo, morto ou
veículos rodoviários.
refrigerado).
Para:
Para:
Argentina, Chile, Colômbia, Paraguai,
Argentina, Chile, Peru, Colômbia, Bolívia,
Uruguai, Peru, Bolívia, Equador e Venezuela.
Paraguai e Uruguai.
O que:
Plataformas, embarcações e estruturas O que:
flutuantes; Adubos ou fertilizantes químicos; Soja; minério de ferro; óleos brutos de
óleos combustíveis; equipamentos de petróleo ou outros minerais; açúcares; carne
telecomunicações; válvulas e transistores; bovina ou frango; celulose; farelos de soja e
medicamentos e outros produtos outros alimentos para animais; milho.
farmacêuticos.
Para:
Para: China, Estados Unidos, Holanda, Canadá,
China, Estados Unidos, Alemanha, Coreia Japão e Alemanha, Espanha, Chile e México
do Sul, Índia, Japão, Itália, França, México (+ (+ Argentina).
Argentina).
7
A indústria automobilística como centro das exportações brasileiras na América do Sul
Nesse sentido, o “imperialismo tropical”, que dá título a este tópico, deve ser
conceitualmente convertido em um subimperialismo à brasileira, que se produz
mais a partir de uma economia forte, mas dependente, do que propriamente o
desenvolvimento bélico-militar. O que põe o Brasil nessa posição é a quantidade e a
intensidade de circulação de investimentos do capital, produzindo uma aceleração
dos fluxos e do processo de diversificação de sua economia.
Reflita
Qual é o papel do Brasil na geopolítica global, visto que possui
fortes relações com Estados Unidos e China, duas potências
antagônicas da economia global? Como administrar os interesses
e desenvolver uma soberania nacional?
8
O Brasil no Contexto Sul-Americano
América do Sul
América Latina
9
Cone Sul
As Políticas Extrarregionais
Aqui, precisamos pensar de forma setorizada. Como potência do sul global, o Brasil
possui diversas relações com outras potências – em maior ou menor equilíbrio de
poderio econômico. Com os BRICS (composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África
do Sul), o Brasil possui atualmente uma relação de retomada de relações, após um
hiato inter-político do governo de Jair Messias Bolsonaro (2019 – 2022) com as
potências emergentes.
10
BRICS: economias emergentes
Dos BRICS, destacam-se Rússia, Índia e China, visto que a economia sul-africana
também carece de maiores movimentos – problema surgido na segunda década
deste século. Com a Rússia, as relações se tensionam a partir do conflito com a
Ucrânia. Em posição intermediária em relação ao Ocidente (EUA), o Brasil possui hoje
a delicada tarefa de administrar suas declarações que envolvem tal conflito. Índia e
China apresentam-se como dois casos de absoluto potencial a partir do século XX,
porém, de uma polaridade assombrosa: a China como ameaça à hegemonia ocidental-
capitalista; a Índia como território central na geopolítica asiática, com suas boas
relações com os norte-americanos.
A relação do Brasil com a China é, entretanto, marcada por boas conversas, ainda que a
parceria comercial com os Estados Unidos permaneça. Em abril de 2023, por exemplo,
Brasil e China produziram uma declaração conjunta, que dentre vários pontos, apontou
que as duas nações
11
Manifestaram a disposição de promover a cooperação na área agrícola
entre instituições de pesquisa científica e empresas dos dois países, em
campos como ciência, tecnologia, inovação e desenvolvimento. Afirmaram,
ademais, o interesse em ampliar a cooperação em áreas como agricultura
sustentável e de baixo carbono (BRASIL, 2023).
12
China
Estados Unidos
União Europeia
13
Saiba mais
Brasil e China: história das relações diplomáticas
14
Conclusão
Nesta unidade, compreendemos a posição do Brasil na Geopolítica internacional,
enfatizando seu papel no contexto sul-americano e a necessidade de busca pela
construção de arranjos multilaterais de cooperação (COSTA, 1999). Assim, verificamos
que o país se mostra uma potência latino-americana, estratégica do ponto de vista de
suas próximas relações com os dois centros da geopolítica desse século (Estados
Unidos e China). Na próxima unidade, debateremos o comércio internacional no período
da globalização, e como isso transforma as tentativas de integrações regionais.
15
Referências
ABI-RAMIA, R. P. Posicionamento Brasileiro na América do Sul. Imperialismo e
Subimperialismo na Nova República (1990-2016). 2020. 136f. Dissertação (Mestrado)
– Instituto Latino-Americano de Economia, Sociedade e Política, Universidade Federal
da Integração Latino-Americana, Foz do Iguaçu, 2020.
16
MIYAMOTO, S. Geopolítica e poder no Brasil. Campinas: Papirus, 1995.
17