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Garage 21
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O impacto das mídias no contexto sociocultural


A evolução da mídia na sociedade
Nesta seção, será discutida a importância das mídias tradicionais como formadoras de opinião pública, e de que
forma é possível regulamentar essas empresas para que o interesse popular seja priorizado.
As mídias impressas, tais como jornais, revistas, folhetos e cartazes, foram as primeiras formas de comunicação
em grande escala. Elas surgiram na Europa no início do século XVIII, a partir de uma adaptação da prensa móvel,
que é um processo gráfico descoberto por Johannes Gutenberg em 1440. No Brasil, a chegada desse tipo de
mídia teve um atraso em relação aos países europeus, isso porque havia uma determinação da Coroa
Portuguesa que proibia a produção e a distribuição de jornais impressos; nem mesmo bibliotecas eram
permitidas no país. Porém, em 1808, esse impedimento chega ao fim e, então, a Gazeta do Rio de Janeiro, o
primeiro jornal brasileiro, é publicado.
Embora nesse período grande parte da população brasileira fosse analfabeta, esse tipo de mídia possibilitou a
divulgação de movimentos literários, fomentando o cenário artístico e cultural, além de facilitar a organização
de coletivos por meio da divulgação de eventos por parte dos movimentos sociais, partidos políticos, entre
outros. Durante mais de um século, a única forma de mídia existente era a impressa, até que, nos Estados Unidos,
acontece a primeira transmissão de um programa de rádio. A partir daí, esse tipo de mídia oralizada passa a ser
difundida pelo mundo, chegando ao Brasil na década de 1920.
Tais quais as mídias impressas, as transmissões radiofônicas traziam também conteúdos informativos,
publicitários e culturais. Porém, como a linguagem midiática do rádio é oralizada, foi possível ampliar o acesso à
informação para pessoas que não eram alfabetizadas, tornando esse tipo de mídia bastante popular. Além disso,
os conteúdos relacionados a entretenimento também ganharam novo formato, possibilitando o acesso a
músicas de diversas regiões.
Algumas décadas depois, em 1950, o Brasil inaugura o seu primeiro programa de televisão, e desde então esse
formato de mídia tem sido um dos mais consumidos no país. Porém, nem sempre foi assim, porque, durante
certo período, o valor para a aquisição de um aparelho de televisão não era acessível para a população. Com o
passar dos anos, essa realidade foi mudando, e ainda hoje a TV é um dos principais meios de comunicação, tanto
do Brasil quanto do mundo.
Acesse o link e faça uma viagem no tempo navegando pela evolução das mídias.

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A evolução das mídias
Esquema de linha do tempo interativa mostra a evolução das mídias - MULTIRIO
Link: http://www.multirio.rj.gov.br/index.php/interaja/multiclube/6a8/viagem-no-tempo/10986-a-
evolu%C3%A7%C3%A3o-das-m%C3%ADdias

Na linha do tempo, pode-se perceber que foram necessários três séculos após a invenção da prensa para se
iniciar a primeira mídia impressa. Além disso, foram sendo desenvolvidas outras ferramentas que tornaram a
experiência da mídia impressa mais atrativa, como a fotografia. Outro ponto interessante é o fato de o cinema
ter sido criado antes mesmo da televisão, o que revela que existiam outras formas de transmissão de imagem
que não foram tão relevantes quanto a TV. É importante perceber também que, a partir da criação da internet,
em 1989, todas as tecnologias de comunicação desenvolvidas foram pensadas a partir dela.

A grande mídia

Durante décadas, antes da popularização da internet no Brasil, as mídias tradicionais foram


os únicos meios de comunicação em massa da sociedade. Essas mídias, que são jornais
impressos, revistas e televisão, possuem uma longa trajetória na história, o que faz delas
uma importante fonte de informação para as pessoas. Esse longo caminho proporcionou
também uma relação de credibilidade entre os meios de comunicação e a sociedade, e, por
mais que os hábitos de consumir informação tenham mudado com a chegada da internet,
ainda assim as mídias tradicionais são referências quando se trata de informação, portanto,
uma importante formadora de opinião da sociedade. Diante de toda essa relevância, vale
lembrar que, apesar de sua importante função social de veicular informação para a
sociedade, as mídias tradicionais pertencem a empresas privadas que trabalham em busca
de lucro, o que pode levantar um questionamento sobre seu real comprometimento com a
imparcialidade.

Assista ao vídeo, que apresenta informações sobre os principais veículos de informação do país, considerando a
relação contraditória entre ter uma importante função social e ser uma empresa que visa ao lucro.

Os interesses empresariais dos donos da mídia no Brasil


Reportagem mostra os interesses dos empresários donos dos meios de
comunicação no Brasil
- LE DIPLOMATIQUE BRASIL/YOUTUBE
Link: https://www.youtube.com/watch?v=cVyLU73MS9k

Como é possível observar, as mídias mais populares, que estão presentes em grande parte dos lares brasileiros —
sendo, portanto, grandes formadoras de opinião —, possuem interesses para além do compromisso com a
sociedade. Um ponto de atenção que o vídeo revela é que os principais veículos de informação são controlados
por um pequeno grupo de pessoas, fazendo com que esses grupos obtenham quase um monopólio das
informações transmitidas. Outro fato evidenciado, e que pode gerar bastante discussão, é observar que essas
grandes mídias podem vir a utilizar os seus meios de comunicação para benefícios próprios, ou seja, graças ao
alcance midiático proporcionado pelos seus veículos de informação, somado à credibilidade que essas empresas
possuem junto à sociedade, elas podem influenciar a opinião da população buscando simplesmente a ampliação
de seus lucros. Embora exista um discurso por parte dessas grandes mídias afirmando que os veículos de
informação não convergem com os interesses próprios, é necessário ter um olhar crítico diante das informações
que recebemos, a fim de evitar que as narrativas compartilhadas por essas mídias manipulem a opinião pública.
Esta imagem mostra quais são os grupos que possuem os maiores veículos de informação:

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Os donos da mídia
Gráfico mostra os donos dos monopólios da mídia no Brasil - JORNAL DO CAMPUS
Link: http://www.jornaldocampus.usp.br/wp-content/uploads/2014/07/Donos-da-M%C3%ADdia.jpg

Perceba que os três primeiros grupos que controlam as mídias são empresas privadas bastante lucrativas; além
disso, são populares e de fácil acesso. Outra informação importante de se analisar é o fato de que o governo
brasileiro também possui uma grande parcela de controle midiático. Como as instituições públicas não têm
como objetivo gerar lucro, esse espaço pode ser bastante favorável para a população. Porém, se esse veículo de
comunicação for utilizado visando a interesses político-partidários, o compromisso com a sociedade novamente
pode ser comprometido. Por fim, perceba que outro grupo que possui grande controle da mídia são as
instituições religiosas.

A regulamentação das mídias


Após o fim da ditadura civil-militar, o Brasil inicia o processo de redemocratização, por meio do qual foram
elaborados documentos para organizar e garantir um funcionamento democrático do país. Então, em 1988, a
Constituição Federal foi promulgada e, com ela, algumas normativas que regulam os meios de comunicação.
Essas normativas têm como principais objetivos assegurar a liberdade de expressão, a democratização da
informação e os interesses da população. Para que esses objetivos estejam assegurados, está previsto também
que o serviço de comunicação seja de responsabilidade do Estado, isto é, os espaços para veicular informações
são considerados serviços públicos; portanto, cabe ao governo analisar e ceder esses espaços para que as
empresas privadas de mídias possam atuar. Esse controle estatal está relacionado com a garantia de que os
interesses da população estejam acima dos interesses das empresas, conforme prevê a Constituição Federal. Mas
será que o governo está conseguindo garantir o que está previsto na lei?
Veja, no vídeo, uma análise comparando o que prevê a Constituição e o que de fato ocorre nos meios de
comunicação do Brasil.

Regulação da mídia
Reportagem especial da Agência Brasil aborda a regulação de mídia - AGÊNCIA
BRASIL
Link: http://memoria.ebc.com.br/regulacaodamidia

De acordo com a reportagem, ouvindo a opinião pública, é possível perceber que uma das principais normativas
da Constituição — a garantia de que o interesse da população seja priorizado pelas empresas de mídia — não
está sendo cumprida. Entre as razões que podem ser apontadas como possíveis causas dessa situação, pode-se
mencionar a falta de conhecimento da população sobre as leis que regulam os meios de comunicação, uma vez
que, sem informação adequada, não há como cobrar o poder público dos seus deveres. Além disso, percebe-se
uma falta de interesse político em mudar esse cenário, pois, como mostra a reportagem, existem parlamentares
que estão em situação irregular, visto que assumiram os cargos políticos sendo proprietários de algum veículo
de comunicação, o que, de acordo com as normativas da Constituição, não pode ocorrer.
Para mudar essa realidade, é necessário entender o serviço de comunicação como um direito da população e
cobrar que os políticos elaborem dispositivos legais para a regulação dos meios de comunicação, criando formas
de fiscalizar as empresas de mídia, e pensar em programas que incentivem a produção local e independente de
mídias alternativas, promovendo a democratização dos meios de comunicação.

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