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Princípios fundamentais

1 – Disposições gerais

1.1 - Disposições gerais

A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados,


Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito. Nesse
sentido, o Estado brasileiro adotou a forma republicana de governo, a forma federalista de
Estado, a democracia como regime político e o Estado de Direito como forma de
governabilidade.

1.2 – Federação

O Estado federado é caracterizado pela forma plural de Estado constituída pela


reunião indissolúvel de Estados autônomos, mediante a adoção de uma Constituição Federal.
Nesse sentido a vontade dos Estados-membros é manifestada por meio do Senado Federal,
excluídos os Municípios, e a guarda da Constituição é conferida ao Supremo Tribunal Federal,
no sentido de interpretação e controle de constitucionalidade, bem como a solução dos
conflitos entre os entes da federação, pela violação ao pacto federativo, exclusivamente.
(cláusula pétrea)

1.3 – República

A República é caracterizada pela forma de governo cujo poder emana do povo,


exercido por representantes eleitos, direta ou indiretamente, de forma temporária, no sentido
de alternância do poder baseada em mandato de duração limitada. Nesse sentido, o Chefe de
Estado eleito, que pode ainda acumular a função de Chefe de Governo, exerce uma relação de
sujeição perante os governados, devendo prestar contas anualmente. (ausência de proteção
como cláusula pétrea; plebiscito para a definição da forma e sistema de governo: cláusula
pétrea implícita, divergência doutrinária; princípio constitucional sensível: capacidade de
provocar intervenção federal)

1.4 – Regime político

A democracia é caracterizada pela participação dos cidadãos nos processos de decisão


do Estado, de maneira direta, indireta, ou semidireta, no sentido de representação eleita com
a preservação de mecanismos de decisão direta. Nesse sentido, o ordenamento jurídico
brasileiro instituiu como mecanismos de decisão popular direta o plebiscito, referendo, ação
popular, iniciativa popular de lei e júri popular.
1.5 – Forma de governabilidade

O Estado de Direito é caracterizado pela sujeição ao direito positivo dos sujeitos de


direito da sociedade, com fundamento na soberania da lei, incluindo o Estado, em sentido
oposto ao Estado Policial, caracterizado pela atuação com base nas próprias razões, de
maneira que a universalidade de jurisdição, a legalidade genérica e a tripartição dos poderes
constituem os pilares do Estado de Direito.

2 – Fundamentos da República

2.1 – Disposições gerais

Os fundamentos da República Federativa do Brasil, previstos no artigo 1º da


Constituição, constituem a estrutura do ordenamento jurídico brasileiro, e são considerados
como cláusulas pétreas implícitas.

2.2 – Soberania

A soberania é um atributo essencial do Estado que garante sua supremacia e


independência perante outro poder, interno ou externo, com fundamento na
autodeterminação popular, de maneira que, no âmbito interno, as normas e as decisões
estatais prevalecem sobre os grupos sociais, e no âmbito externo, o Estado somente se
submete às regras que manifestar livremente o seu consentimento. (termo plurívoco; idioma
nacional atos processuais)

2.3 – Cidadania

A cidadania como fundamento do Estado é caracterizada pela participação popular nas


decisões políticas do Estado, de maneira que está diretamente ligada ao conceito de
democracia e de bom funcionamento das instituições democráticas, e não se confunde com a
cidadania em sentido estrito, caracterizada pelo direito fundamental de exercício dos direitos
individuais, sociais e políticos.

2.4 – Dignidade da pessoa humana

A dignidade da pessoa humana constitui o valor fundamental do ordenamento


constitucional, no sentido de que o ser humano é o objeto central da tutela estatal. Nesse
sentido, a dignidade da pessoa humana, conforme entendimento do STF, é considerada como
o princípio supremo que atua como vetor interpretativo de conformação e inspiração do
ordenamento vigente, de maneira que possui uma elevada densidade normativa, e pode ser
aplicado de forma autônoma e direta, independentemente de regulamentação.
2.5 – Valor social do trabalho e da livre iniciativa

O valor social do trabalho é caracterizado pelo direito social diretamente ligado à


cidadania e à dignidade humana, no sentido de valorização do trabalho humano, enquanto o
valor social da livre iniciativa é caracterizado como princípio da ordem econômica, no sentido
de liberdade profissional e desenvolvimento econômico com base na justiça social. Entretanto,
a livre iniciativa não possui força para afastar as regras de regulamentação do mercado, de
defesa do consumidor e de proteção do trabalhador. (monopólio; trabalho escravo)

2.6 – Pluralismo político

O pluralismo político é caracterizado pela garantia de pluralidade de ideias, no sentido


de liberdade de consciência e de crença, garantindo a inclusão dos diferentes grupos sociais no
processo político. Nesse sentido, o pluripartidarismo, no sentido de liberdade de criação e
funcionamento dos partidos políticos, é decorrência do pluralismo político, e ainda, conforme
entendimento do STF, a crítica jornalística é um direito legitimado pelo pluralismo político, e
que deve ser preservado contra os ensaios autoritários de repressão penal. Entretanto, o
pluralismo político não confere legitimidade ao discurso de ódio, caracterizado por inferiorizar
as pessoas com base em qualquer forma de discriminação pessoal.

3 – Separação de Poderes

3.1 – Disposições gerais

A organização funcional ou horizontal do Estado brasileiro é fundamentada na


superação da teoria da tripartição orgânica clássica de Montesquieu. Nesse sentido, a teoria
clássica é fundamentada na separação absoluta entre os Poderes, enquanto o Estado brasileiro
adotou a separação fundamentada na harmonia e independência, de maneira que os órgãos
exercem, além da função típica, as funções atípicas, e ainda, a fiscalização e limitação
recíproca.

3.2 – Função jurisdicional atípica

Os julgamentos administrativos promovidos pelo Poder Executivo, segundo a doutrina


majoritária, não caracterizam o exercício da função jurisdicional atípica, com base na ausência
de definitividade da decisão. Contudo, o mesmo entendimento não prevalece perante
julgamentos promovidos pelo Poder Legislativo sobre crimes de responsabilidade, com
fundamento na ausência de recurso, caracterizando a decisão como definitiva.

4 – Objetivos da República
4.1 – Disposições gerais

A República tem como objetivos construir uma sociedade livre, justa e solidária,
garantir o desenvolvimento nacional, com a manutenção do equilíbrio ambiental e da
população indígena, erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e
regionais, e promover o bem de todos, sem preconceitos ou qualquer forma de discriminação.

4.2 – Normas programáticas

Os objetivos da República são constituídos por normas programáticas, de maneira que


definem a obrigação de fazer estatal, no sentido de implementação de políticas públicas
destinadas à realização dos objetivos, mediante a reserva do possível.

5 – Princípios das relações internacionais

5.1 – Disposições gerais

As relações internacionais da República serão regidas com base em princípios relativos


à soberania, à neutralidade e à condição humana. Nesse sentido, as relações internacionais
serão regidas, em relação à soberania, pela independência nacional, prevalência dos direitos
humanos, autodeterminação dos povos, e não-intervenção, em relação à neutralidade, pela
igualdade entre os Estados, defesa da paz e solução pacífica dos conflitos, e em relação à
condição humana, pelo repúdio ao racismo e ao terrorismo.

5.2 – Asilo político

O asilo político é caracterizado pelo abrigo ou proteção em defesa da dignidade


humana concedido às pessoas acusadas de crime político ou de opinião. Nesse sentido, o asilo
político é um ato político de competência do Presidente da República, sem prejuízo para a
extradição por crime diverso cometido antes da concessão.

5.3 – Comunidade latino-americana

A República Federativa o Brasil buscará, nas suas relações internacionais, a integração


econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma
comunidade latino-americana de nações.

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