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Baudelaire
Baudelaire
A mágoa que te roça os passos Quis dar uma volta em todo o mundo
Sucumbe à tua mocidade, Mas não é bem assim que as coisas são
À tua flama, à claridade Seu interesse é só traição
Dos teus ombros e dos teus braços.
E mentir é fácil demais
As fulgurantes, vivas cores Mentir é fácil demais
De tuas vestes indiscretas Mentir é fácil demais
Lançam no espírito dos poetas Mentir é fácil demais
A imagem de um balé de flores.
Tua indecência não serve mais
Tais vestes loucas são o emblema Tão decadente e tanto faz
De teu espírito travesso; Quais são as regras? O que ficou?
Ó louca por quem enlouqueço, O seu cinismo, essa sedução
Te odeio e te amo, eis meu dilema!
Volta pro esgoto baby
Certa vez, num belo jardim, Vê se alguém lhe quer
Ao arrastar minha atonia, O que ficou é esse modelito da estação passada
Senti, como cruel ironia,
O sol erguer-se contra mim; Extorsão e drogas demais
Todos já sabem o que você faz
E humilhado pela beleza Teu perfume barato, teus truques banais
Da primavera ébria de cor, Você acabou ficando pra trás
Ali castiguei numa flor
A insolência da Natureza. Porque mentir é fácil demais
Mentir é fácil demais
Assim eu quisera uma noite, Mentir é fácil demais
Quando a hora da volúpia soa, Mentir é fácil demais
Às frondes de tua pessoa
Subir, tendo à mão um açoite, Volta pro esgoto baby
E vê se alguém lhe quer
Punir-te a carne embevecida,
Magoar o teu peito perdoado
E abrir em teu flanco assustado
Uma larga e funda ferida,