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Factores de Desenvolvimento Humano

Segundo os autores, BOCK, FURTADO E TEIXEIRA (2001), o desenvolvimento humano


compreende o desenvolvimento mental e o crescimento orgânico.

O desenvolvimento mental é considerado uma construção contínua, caracterizado pelo


surgimento de estruturas mentais gradativamente, as quais organizam a actividade mental e se
aperfeiçoam e se solidificam até desenvolverem-se completamente gerando um estado de
equilíbrio referente aos aspectos da inteligência, afectividade e socialização (BOCK, et al.,
2008).

Este processo ocorre durante todo o ciclo vital, por meio da interacção entre as características
biológicas individuais (crescimento e maturação) com o meio ambiente, ao qual o sujeito é
exposto (PAPALIA & OLDS, 2000; ROGOFF, 2005).

O desenvolvimento é um longo caminhado, nem sempre sequencial, e intercorre em inúmeros


campos da longevidade, nomeadamente o afectivo, cognitivo, social e motor (SANTOS, 2020).

FACTORES QUE INFLUENCIAM O DESENVOLVIMENTO HUMANO

Diversos factores indissociáveis e em contínua interacção afectam todos os aspectos do


desenvolvimento humano. São eles (BOCK, FURTADO E TEIXEIRA, 1999): hereditariedade,
crescimento orgânico, maturação neurofisiológica e meio.

HEREDITARIEDADE que diz respeito ao conjunto de processos biológicos que asseguram que
cada ser vivo receba e transmita informações genéticas através da reprodução, sendo
responsável pelos muitos aspectos da forma do corpo, do funcionamento dos órgãos e do tipo de
comportamento. (PIOVESAN, et al. , 2018, p.42).

CRESCIMENTO ORGÂNICO que diz respeito ao processo responsável pelas mudanças do


organismo tanto em tamanho como em complexidade. Refere-se às transformações do
organismo como um todo, sofrendo influências tanto ambientais quanto do processo
maturacional (PIOVESAN, et al. , 2018, p.42).

MATURAÇÃO NEUROFISIOLÓGICA que diz respeito ao processo de evolução da maturação


do sistema neurofisiológico, tornando possíveis determinados padrões de comportamento
(PIOVESAN, et al. , 2018, p.42). . É preciso que o indivíduo saia do senso comum e apreenda
conceitos científicos.
MEIO que diz respeito ao conjunto de influências e estimulações ambientais que interferem nos
padrões de comportamento do indivíduo, incluindo neste termo a cultura, sociedade, práticas e
interacções (PIOVESAN, et al. , 2018, p.42).

INFLUÊNCIA QUE TEM OS FACTORES DE DESENVOLVIMENTO NO PROCESSO


DE ENSINO-APRENDIZAGEM (PEA).

No processo de ensino-aprendizagem (PEA), nenhum factor pode ser visto isoladamente e nem
com preponderância sobre os demais.

Para SILVA (2022), ao falar em aprendizagem, deve-se ter em mente o processo de ensino-
aprendizagem, já que uma não acontece sem o outro e isso é a forma mais concreta do que se
nomeia “interacção social”, ou seja, não existe ensino-aprendizagem sem as interacções, sem as
trocas, sem o convívio, o que pode ser mais bem vivenciado, intermediado, levado a cabo pela
via da afectividade e a compreensão das suas implicações no processo.

De acordo com MOROZINI, CAMBRUZZI e LONGO (2007), apontam que actualmente o


processo ensino-aprendizagem é idealizado, planejado, destacando ainda ser indispensável que
este processo permeie no âmbito do “[...] desenvolvimento das competências e habilidades de
todos os envolvidos no processo: professores e alunos” (p. 89).

O processo de ensino é definido por ARAÚJO E SANTANA (2009) como um processo


pragmático, ou seja, apresenta-se como um mecanismo cuja pretensão é alcançar determinados
objectivos, por meio de uma sequência estratégica sequencial e lógica de acções.

A aprendizagem é como uma construção pessoal resultante de um processo experimental,


inerente à pessoa e que se manifesta por uma modificação de comportamento. Sabe-se que a
aprendizagem é um fenómeno extremamente complexo, envolvendo aspectos cognitivos,
emocionais, orgânicos, psicossociais e culturais (TABILLE,JACOMENTO,2017, p.43)

Segundo PAPALIA (2013),"algumas influências sobre o desenvolvimento têm origem


principalmente na hereditariedade: traços inatos ou características herdadas dos pais biológicos"
(p. 42).

Por exemplo as dificuldades advindas de algumas doenças (miopia) nem sempre são
geneticamente influenciadas, mas sim geneticamente causadas, com características e sintomas
específicos (ASBURY & PLOMIN, 2013).
Hereditariedade e inteligência: O QI (quociente intelectual) está relacionado com factores
hereditários e ambientais, se o nível QI dos progenitores (pais) se for elevada, isso irá reflectir
nos seus descendentes, isto é, este terá um nível igual ou superior de um dos seus progenitores
de QI. Neste contexto, segundo as autoras PAPALIA, OLDS e FELDMAN (2006), destaca-se
“a inteligência como um forte componente hereditário” (p.65).

No processo da PEA os factores hereditários de estimulação dos pais, educação, influência dos
amigos e outras variáveis fazem a diferença. À medida que as crianças crescem, suas tendências
naturais para, digamos, música ou exportes as encaminham a actividades que reforçam essas
tendências. (PAPALIA, OLDS e FELDMAN, 2006, p.65).

Ainda de salientar que, cada criança ao nascer herda de seus pais uma carga genética que
estabelece o seu potencial de desenvolvimento. Estas potencialidades poderão ou não se
desenvolver de acordo com os estímulos advindos do meio ambiente, ocorrendo, desta feia o
processo da PEA como estimulador (SANTOS, 2020).

No processo da PEA o factor Meio influencia em estimulações educacionais e ambientais que


podem modificar certos padrões comportamentais do indivíduo, em que o indivíduo reage frente
a situações que envolvem outras pessoas (PIOVESAN, et al., 2018).

No processo da PEA o factor crescimento orgânico, actua como a base biológica do


funcionamento psicológico humano que se assenta no cérebro como órgão principal do
desenvolvimento mental, neste compreende-se que os aspectos biológicos presentes fortemente
no nascimento vão gradativamente cedendo lugar à influência dos aspectos sociais (XAVIER e
NUNES, 2015).

No processo da PEA o factor crescimento orgânico, proporciona um decréscimo da influência


da maturação e, consequentemente, um aumento das influências do meio físico e social
(XAVIER e NUNES, 2015).

No processo da PEA influencia o factor Maturação neurofisiológica no que corresponde às


habilidades necessárias para dominar novos conhecimentos. Por exemplo, o aluno para ser,
adequadamente, alfabetizado deve ter condições de segurar o lápis e manejá-lo com habilidade,
para tanto, é necessário um desenvolvimento neurológico que uma criança de 2 anos ainda não
possui (SANTOS, 2020).
Conclusão

Na Psicologia do Desenvolvimento utiliza-se métodos de observação e experimentação, dentre


os quais dois métodos se destacam: o longitudinal e o transversal (BOCK; FURTADO;
TEIXEIRA, 2008).

OBSERVAÇÕES LONGITUDINAIS: Efetuadas por um longo período de tempo, empregando


sempre os mesmos sujeitos.

Exemplo: estudo do desenvolvimento da atenção. As mesmas crianças são submetidas a testes


adequados, semestralmente, desde 3 até 8 – 10 anos. A observação dos resultados desses testes
possibilitaria ao pesquisador conhecer o desenvolvimento da capacidade de atenção de crianças
dentro dessa faixa etária.

OBSERVAÇÕES TRANSVERSAIS: Efetuadas durante um tempo menor, empregando sujeitos


de diferentes idades.

Exemplo: estudar o desenvolvimento da atenção, sendo submetidas crianças de idades variadas


de 4 a 10 anos a testes adequados a cada faixa etária. A observação dos resultados desses testes
permitiria ao pesquisador conhecer o desenvolvimento da capacidade de atenção.

O processo de aprendizagem acontece a partir da aquisição de conhecimentos, habilidades,


valores e atitudes através do estudo, do ensino ou da experiência. A construção de
conhecimentos em sala de aula deve se constituir de forma gradativa adequando-se a cada
estágio do desenvolvimento da criança. O professor deve oportunizar situações de aprendizagem
em que o aluno participe activamente desse processo, ainda que a fonte desse conhecimento
possa estar tanto no exterior (meio físico, social) como no seu interior
(TABILLE,JACOMENTO,2017, p.79).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Apalia, D. & Olds, S. (2000). Desenvolvimento Humano. (D. Bueno, trad.) Porto Alegre:
Artmed.

Asbury, K, Plomin, R. (2013). G é para genes: o impacto da genética na educação e no


desempenho. Wiley-Blackwell. Disponível em: https://doi.org/10.1017/thg.2014›. Acesso em:
10 de Setembro de 2023.

Bock, A. M. B.; Furtado, O.; Teixeira, M. L. T. Psicologias: uma introdução ao estudo da


psicologia. (14ª ed.). São Paulo: Saraiva, 2008.

Bock, Ana Mercês Bahia; Furtado, Odair; Teixeira, Maria de Lourdes Transi. (2001).
Psicologias, Uma Introdução ao Estudo de Psicologia. (13º ed.). Saraiva.

Papalia, Diane E., Olds, Sally Wendkos, Feldman, Ruth Duskin. (2006).Desenvolvimento
humano.(8ª.ed.). São Paulo: Artmed Editora S.A.

Piovesan, Josieli; Ottonelli, Juliana Cerutti; Bordin, Jussania Basso;PIOVESAN Laís. (2018).
Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem. (1ª Edição). Santa Maria, RS : UFSM, NTE.

PIOVESAN, Josieli. et al. (2018). Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem. 1ª ed. –


Santa Maria, RS : UFSM, NTE.

ROGOFF, Barbara. (2005). A Natureza cultural do desenvolvimento humano. (tradução:


Roberto Cataldo Costa).Porto Alegre: Artmed.

SANTOS, Fabíola Ribeiro Dos. (2020). Desenvolvimento motor. EMPSS – COZAC.


Disponível em: https://educacao.cristalina.go.gov.br/. Acesso em: 10 de Setembro de 2023.

SILVA, Gleice Marangueli da. (2022). Relato de experiência: trabalhando as emoções na


Educação Infantil. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro. Disponível em:
https://educacaopublica.cecierj.edu.br. Acesso em: 10 de Setembro de 2023.

TABILLE, Ariete Frohlich, JACOMETO, Marisa Cláudia Durante. (2017).Factores


influenciadores no processo de aprendizagem: um estudo de caso. Rev. Psicopedagogia.
Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org › scielo ›. Acesso em: 10 de Setembro de 2023.

XAVIER, Alessandra Silva, NUNES Ana Ignez Belém Lima. (2015). Psicologia do
Desenvolvimento. 4ª Edição. Revisada e ampliada, Ceará - Fortaleza.

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