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BÁSICO CONCURSOS

Prefeituras

Direito Administrativo

Direito Administrativo
Estado, Governo e Administração Pública: conceitos, elementos, poderes, natureza,
fins e princípios............................................................................................................. 1
Direito Administrativo: conceito, fontes e princípios...................................................... 6
Ato Administrativo: Conceito, requisitos, atributos, classificação e espécies; Invalida-
ção, anulação e revogação; Prescrição........................................................................ 11
Exercícios...................................................................................................................... 29
Gabarito......................................................................................................................... 38

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Estado, Governo e Administração Pública: conceitos, elementos, poderes, natureza,
fins e princípios

Estado
Conceito, Elementos e Princípios
Adentrando ao contexto histórico, o conceito de Estado veio a surgir por intermédio do antigo conceito de
cidade, da polis grega e da civitas romana. Em meados do século XVI o vocábulo Estado passou a ser utilizado
com o significado moderno de força, poder e direito.
O Estado pode ser conceituado como um ente, sujeito de direitos, que possui como elementos: o povo, o
território e a soberania. Nos dizeres de Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino (2010, p. 13), “Estado é pessoa
jurídica territorial soberana, formada pelos elementos povo, território e governo soberano”.
O Estado como ente, é plenamente capacitado para adquirir direitos e obrigações. Ademais, possui perso-
nalidade jurídica própria, tanto no âmbito interno, perante os agentes públicos e os cidadãos, quanto no âmbito
internacional, perante outros Estados.
Vejamos alguns conceitos acerca dos três elementos que compõem o Estado:

POVO: Elemento legitima a existência do Estado. Isso ocorre por que é do povo que origina todo o poder
representado pelo Estado, conforme dispões expressamente art. 1º, parágrafo único, da Constituição Federal:
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou direta-
mente, nos termos desta Constituição.
O povo se refere ao conjunto de indivíduos que se vincula juridicamente ao Estado, de forma estabilizada.
Entretanto, isso não ocorre com estrangeiros e apátridas, diferentemente da população, que tem sentido
demográfico e quantitativo, agregando, por sua vez, todos os que se encontrem sob sua jurisdição territorial,
sendo desnecessário haver quaisquer tipos de vínculo jurídico do indivíduo com o poder do Estado.
Com vários sentidos, o termo pode ser usado pela doutrina como sinônimo de nação e, ainda, no sentido de
subordinação a uma mesma autoridade política.
No entanto, a titularidade dos direitos políticos é determinada pela nacionalidade, que nada mais é que o
vínculo jurídico estabelecido pela Constituição entre os cidadãos e o Estado.
O Direito nos concede o conceito de povo como sendo o conjunto de pessoas que detém o poder, a so-
berania, conforme já foi explicitado por meio do art. 1º. Parágrafo único da CFB/88 dispondo que “Todo poder
emana do povo, que exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.

TERRITÓRIO: pode ser conceituado como a área na qual o Estado exerce sua soberania. Trata-se da base
física ou geográfica de um determinado Estado, seu elemento constitutivo, base delimitada de autoridade, ins-
trumento de poder com vistas a dirigir o grupo social, com tal delimitação que se pode assegurar à eficácia do
poder e a estabilidade da ordem.
O território é delimitado pelas fronteiras, que por sua vez, podem ser naturais ou convencionais. O território
como elemento do Estado, possui duas funções, sendo uma negativa limitante de fronteiras com a competência
da autoridade política, e outra positiva, que fornece ao Estado a base correta de recursos materiais para ação.
Por traçar os limites do poder soberanamente exercido, o território é elemento essencial à existência do
Estado, sendo, desta forma, pleno objeto de direitos do Estado, o qual se encontra a serviço do povo e pode
usar e dispor dele com poder absoluto e exclusivo, desde que estejam presentes as características essenciais
das relações de domínio. O território é formado pelo solo, subsolo, espaço aéreo, águas territoriais e plataforma
continental, prolongamento do solo coberto pelo mar.

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A Constituição Brasileira atribui ao Conselho de Defesa Nacional, órgão de consulta do presidente da Repú-
blica, competência para “propor os critérios e condições de utilização de áreas indispensáveis à segurança do
território nacional e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira e nas relacionadas com a
preservação e a exploração dos recursos naturais de qualquer tipo”. (Artigo 91, §1º, III,CFB/88).
Os espaços sobre o qual se desenvolvem as relações sociais próprias da vida do Estado é uma porção
da superfície terrestre, projetada desde o subsolo até o espaço aéreo. Para que essa porção territorial e suas
projeções adquiram significado político e jurídico, é preciso considerá-las como um local de assentamento do
grupo humano que integra o Estado, como campo de ação do poder político e como âmbito de validade das
normas jurídicas.

SOBERANIA: Trata-se do poder do Estado de se auto administrar. Por meio da soberania, o Estado detém
o poder de regular o seu funcionamento, as relações privadas dos cidadãos, bem como as funções econômicas
e sociais do povo que o integra. Por meio desse elemento, o Estado edita leis aplicáveis ao seu território, sem
estar sujeito a qualquer tipo de interferência ou dependência de outros Estados.
Em sua origem, no sentido de legitimação, a soberania está ligada à força e ao poder. Se antes, o direito era
dado, agora é arquitetado, anteriormente era pensado na justiça robusta, agora é engendrado na adequação
aos objetivos e na racionalidade técnica necessária. O poder do Estado é soberano, uno, indivisível e emana
do povo. Além disso, todos os Poderes são partes de um todo que é a atividade do Estado.
Como fundamento do Estado Democrático de Direito, nos parâmetros do art.1º, I, da CFB/88), a soberania
é elemento essencial e fundamental à existência da República Federativa do Brasil.
A lei se tornou de forma essencial o principal instrumento de organização da sociedade. Isso, por que a
exigência de justiça e de proteção aos direitos individuais, sempre se faz presente na vida do povo. Por conse-
guinte, por intermédio da Constituição escrita, desde a época da revolução democrática, foi colocada uma trava
jurídica à soberania, proclamando, assim, os direitos invioláveis do cidadão.
O direito incorpora a teoria da soberania e tenta compatibilizá-la aos problemas de hoje, e remetem ao povo,
aos cidadãos e à sua participação no exercício do poder, o direito sempre tende a preservar a vontade coletiva
de seu povo, através de seu ordenamento, a soberania sempre existirá no campo jurídico, pois o termo designa
igualmente o fenômeno político de decisão, de deliberação, sendo incorporada à soberania pela Constituição.
A Constituição Federal é documento jurídico hierarquicamente superior do nosso sistema, se ocupando
com a organização do poder, a definição de direitos, dentre outros fatores. Nesse diapasão, a soberania ganha
particular interesse junto ao Direito Constitucional. Nesse sentido, a soberania surge novamente em discussão,
procurando resolver ou atribuir o poder originário e seus limites, entrando em voga o poder constituinte originá-
rio, o poder constituinte derivado, a soberania popular, do parlamento e do povo como um todo. Depreende-se
que o fundo desta problemática está entranhado na discussão acerca da positivação do Direito em determinado
Estado e seu respectivo exercício.
Assim sendo, em síntese, já verificados o conceito de Estado e os seus elementos. Temos, portanto:

ESTADO = POVO + TERRITÓRIO + SOBERANIA

Obs. Os elementos (povo + território + soberania) do Estado não devem ser confundidos com suas funções
estatais que normalmente são denominadas “Poderes do Estado” e, por sua vez, são divididas em: legisla-
tiva, executiva e judiciária
Em relação aos princípios do Estado Brasileiro, é fácil encontra-los no disposto no art. 1º, da CFB/88. Ve-
jamos:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático de direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

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V - o pluralismo político.
Ressalta-se que os conceitos de soberania, cidadania e pluralismo político são os que mais são aceitos
como princípios do Estado. No condizente à dignidade da pessoa humana e aos valores sociais do trabalho e
da livre inciativa, pondera-se que estes constituem as finalidades que o Estado busca alcançar. Já os conceitos
de soberania, cidadania e pluralismo político, podem ser plenamente relacionados com o sentido de organi-
zação do Estado sob forma política, e, os conceitos de dignidade da pessoa humana e os valores sociais do
trabalho e da livre iniciativa, implicam na ideia do alcance de objetivos morais e éticos.
Governo
Conceito
Governo é a expressão política de comando, de iniciativa pública com a fixação de objetivos do Estado e de
manutenção da ordem jurídica contemporânea e atuante.
O Brasil adota a República como forma de Governo e o federalismo como forma de Estado. Em sua obra
Direito Administrativo da Série Advocacia Pública, o renomado jurista Leandro Zannoni, assegura que governo
é elemento do Estado e o explana como “a atividade política organizada do Estado, possuindo ampla discricio-
nariedade, sob responsabilidade constitucional e política” (p. 71).
É possível complementar esse conceito de Zannoni com a afirmação de Meirelles (1998, p. 64-65) que aduz
que “Governo é a expressão política de comando, de iniciativa, de fixação de objetivos do Estado e de manuten-
ção da ordem jurídica vigente”. Entretanto, tanto o conceito de Estado como o de governo podem ser definidos
sob diferentes perspectivas, sendo o primeiro, apresentado sob o critério sociológico, político, constitucional,
dentre outros fatores. No condizente ao segundo, é subdividido em sentido formal sob um conjunto de órgãos,
em sentido material nas funções que exerce e em sentido operacional sob a forma de condução política.
O objetivo final do Governo é a prestação dos serviços públicos com eficiência, visando de forma geral a
satisfação das necessidades coletivas. O Governo pratica uma função política que implica uma atividade de
ordem mediata e superior com referência à direção soberana e geral do Estado, com o fulcro de determinar os
fins da ação do Estado, assinalando as diretrizes para as demais funções e buscando sempre a unidade da
soberania estatal.

Administração pública
Conceito
Administração Pública em sentido geral e objetivo, é a atividade que o Estado pratica sob regime público,
para a realização dos interesses coletivos, por intermédio das pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos.
A Administração Pública pode ser definida em sentido amplo e estrito, além disso, é conceituada por Di Pie-
tro (2009, p. 57), como “a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve, sob regime jurídico total ou
parcialmente público, para a consecução dos interesses coletivos”.
Nos dizeres de Di Pietro (2009, p. 54), em sentido amplo, a Administração Pública é subdividida em órgãos
governamentais e órgãos administrativos, o que a destaca em seu sentido subjetivo, sendo ainda subdividida
pela sua função política e administrativa em sentido objetivo.
Já em sentido estrito, a Administração Pública se subdivide em órgãos, pessoas jurídicas e agentes públicos
que praticam funções administrativas em sentido subjetivo, sendo subdividida também na atividade exercida
por esses entes em sentido objetivo.
Em suma, temos:

Sentido amplo {órgãos governamentais e


SENTIDO SUBJETIVO
órgãos administrativos}.
Sentido estrito {pessoas jurídicas, órgãos e
SENTIDO SUBJETIVO
agentes públicos}.
Sentido amplo {função política e administra-
SENTIDO OBJETIVO
tiva}.

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Sentido estrito {atividade exercida por esses
SENTIDO OBJETIVO
entes}.

Existem funções na Administração Pública que são exercidas pelas pessoas jurídicas, órgãos e agentes da
Administração que são subdivididas em três grupos: fomento, polícia administrativa e serviço público.
Para melhor compreensão e conhecimento, detalharemos cada uma das funções. Vejamos:

a. Fomento: É a atividade administrativa incentivadora do desenvolvimento dos entes e pessoas que exer-
cem funções de utilidade ou de interesse público.

b. Polícia administrativa: É a atividade de polícia administrativa. São os atos da Administração que limitam
interesses individuais em prol do interesse coletivo.

c. Serviço público: resume-se em toda atividade que a Administração Pública executa, de forma direta
ou indireta, para satisfazer os anseios e as necessidades coletivas do povo, sob o regime jurídico e com pre-
dominância pública. O serviço público também regula a atividade permanente de edição de atos normativos e
concretos sobre atividades públicas e privadas, de forma implementativa de políticas de governo.
A finalidade de todas essas funções é executar as políticas de governo e desempenhar a função adminis-
trativa em favor do interesse público, dentre outros atributos essenciais ao bom andamento da Administração
Pública como um todo com o incentivo das atividades privadas de interesse social, visando sempre o interesse
público.

A Administração Pública também possui elementos que a compõe, são eles: as pessoas jurídicas de direito
público e de direito privado por delegação, órgãos e agentes públicos que exercem a função administrativa
estatal.
— Observação importante:

Pessoas jurídicas de direito público são entidades estatais acopladas ao Estado, exercendo finalidades de
interesse imediato da coletividade. Em se tratando do direito público externo, possuem a personalidade jurídica
de direito público cometida à diversas nações estrangeiras, como à Santa Sé, bem como a organismos interna-
cionais como a ONU, OEA, UNESCO.(art. 42 do CC).
No direito público interno encontra-se, no âmbito da administração direta, que cuida-se da Nação brasileira:
União, Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios (art. 41, incs. I, II e III, do CC).
No âmbito do direito público interno encontram-se, no campo da administração indireta, as autarquias e
associações públicas (art. 41, inc. IV, do CC). Posto que as associações públicas, pessoas jurídicas de direito
público interno dispostas no inc. IV do art. 41 do CC, pela Lei n.º 11.107/2005,7 foram sancionadas para auxiliar
ao consórcio público a ser firmado entre entes públicos (União, Estados, Municípios e Distrito Federal).
Princípios da administração pública
De acordo com o administrativista Alexandre Mazza (2017), princípios são regras condensadoras dos va-
lores fundamentais de um sistema. Sua função é informar e materializar o ordenamento jurídico bem como o
modo de atuação dos aplicadores e intérpretes do direito, sendo que a atribuição de informar decorre do fato
de que os princípios possuem um núcleo de valor essencial da ordem jurídica, ao passo que a atribuição de
enformar é denotada pelos contornos que conferem à determinada seara jurídica.

Desta forma, o administrativista atribui dupla aplicabilidade aos princípios da função hermenêutica e da
função integrativa.
Referente à função hermenêutica, os princípios são amplamente responsáveis por explicitar o conteúdo dos
demais parâmetros legais, isso se os mesmos se apresentarem obscuros no ato de tutela dos casos concretos.
Por meio da função integrativa, por sua vez, os princípios cumprem a tarefa de suprir eventuais lacunas legais
observadas em matérias específicas ou diante das particularidades que permeiam a aplicação das normas aos
casos existentes.

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Os princípios colocam em prática as função hermenêuticas e integrativas, bem como cumprem o papel de
esboçar os dispositivos legais disseminados que compõe a seara do Direito Administrativo, dando-lhe unicidade
e coerência.
Além disso, os princípios do Direito Administrativo podem ser expressos e positivados escritos na lei, ou
ainda, implícitos, não positivados e não escritos na lei de forma expressa.
— Observação importante:

Não existe hierarquia entre os princípios expressos e implícitos. Comprova tal afirmação, o fato de que
os dois princípios que dão forma o Regime Jurídico Administrativo, são meramente implícitos.

Regime Jurídico Administrativo: é composto por todos os princípios e demais dispositivos legais que
formam o Direito Administrativo. As diretrizes desse regime são lançadas por dois princípios centrais, ou supra-
princípios que são a Supremacia do Interesse Público e a Indisponibilidade do Interesse Público.

SUPREMACIA DO INTERES- Conclama a necessidade da sobreposição dos interes-


SE PÚBLICO ses da coletividade sobre os individuais.

INDISPONIBILIDADE DO Sua principal função é orientar a atuação dos agentes


públicos para que atuem em nome e em prol dos inte-
INTERESSE PÚBLICO resses da Administração Pública.

Ademais, tendo o agente público usufruído das prerrogativas de atuação conferidas pela supremacia do
interesse público, a indisponibilidade do interesse público, com o fito de impedir que tais prerrogativas sejam
utilizadas para a consecução de interesses privados, termina por colocar limitações aos agentes públicos no
campo de sua atuação, como por exemplo, a necessidade de aprovação em concurso público para o provimen-
to dos cargos públicos.
Princípios Administrativos
Nos parâmetros do art. 37, caput da Constituição Federal, a Administração Pública deverá obedecer aos
princípios da Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência.
Vejamos:

– Princípio da Legalidade: Esse princípio no Direito Administrativo, apresenta um significado diverso do


que apresenta no Direito Privado. No Direito Privado, toda e qualquer conduta do indivíduo que não esteja
proibida em lei e que não esteja contrária à lei, é considerada legal. O termo legalidade para o Direito Admi-
nistrativo, significa subordinação à lei, o que faz com que o administrador deva atuar somente no instante e da
forma que a lei permitir.
— Observação importante: O princípio da legalidade considera a lei em sentido amplo. Nesse diapasão,
compreende-se como lei, toda e qualquer espécie normativa expressamente disposta pelo art. 59 da Constitui-
ção Federal.

– Princípio da Impessoalidade: Deve ser analisado sob duas óticas:


a) Sob a ótica da atuação da Administração Pública em relação aos administrados: Em sua atuação, deve
o administrador pautar na não discriminação e na não concessão de privilégios àqueles que o ato atingirá. Sua
atuação deverá estar baseada na neutralidade e na objetividade.
b) Em relação à sua própria atuação, administrador deve executar atos de forma impessoal, como dispõe
e exige o parágrafo primeiro do art. 37 da CF/88 ao afirmar que: ‘‘A publicidade dos atos, programas, obras,
serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social,
dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades
ou servidores públicos.’’

– Princípio da Moralidade: Dispõe que a atuação administrativa deve ser totalmente pautada nos princí-
pios da ética, honestidade, probidade e boa-fé. Esse princípio está conexo à não corrupção na Administração
Pública.

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O princípio da moralidade exige que o administrador tenha conduta pautada de acordo com a ética, com o
bom senso, bons costumes e com a honestidade. O ato administrativo terá que obedecer a Lei, bem como a
ética da própria instituição em que o agente atua. Entretanto, não é suficiente que o ato seja praticado apenas
nos parâmetros da Lei, devendo, ainda, obedecer à moralidade.

– Princípio da Publicidade: Trata-se de um mecanismo de controle dos atos administrativos por meio da
sociedade. A publicidade está associada à prestação de satisfação e informação da atuação pública aos admi-
nistrados. Via de regra é que a atuação da Administração seja pública, tornando assim, possível o controle da
sociedade sobre os seus atos.
Ocorre que, no entanto, o princípio em estudo não é absoluto. Isso ocorre pelo fato deste acabar por admitir
exceções previstas em lei. Assim, em situações nas quais, por exemplo, devam ser preservadas a segurança
nacional, relevante interesse coletivo e intimidade, honra e vida privada, o princípio da publicidade deverá ser
afastado.

Sendo a publicidade requisito de eficácia dos atos administrativos que se voltam para a sociedade, ponde-
ra-se que os mesmos não poderão produzir efeitos enquanto não forem publicados.

– Princípio da Eficiência: A atividade administrativa deverá ser exercida com presteza, perfeição, rendi-
mento, qualidade e economicidade. Anteriormente era um princípio implícito, porém, hodiernamente, foi acres-
centado, de forma expressa, na CFB/88, com a EC n. 19/1998.
São decorrentes do princípio da eficiência:
a. A possibilidade de ampliação da autonomia gerencial, orçamentária e financeira de órgãos, bem como de
entidades administrativas, desde que haja a celebração de contrato de gestão.
b. A real exigência de avaliação por meio de comissão especial para a aquisição da estabilidade do servidor
Efetivo, nos termos do art. 41, § 4º da CFB/88.

Direito Administrativo: conceito, fontes e princípios

Conceito
De início, convém ressaltar que o estudo desse ramo do Direito, denota a distinção entre o Direito Adminis-
trativo, bem como entre as normas e princípios que nele se inserem.
No entanto, o Direito Administrativo, como sistema jurídico de normas e princípios, somente veio a surgir
com a instituição do Estado de Direito, no momento em que o Poder criador do direito passou também a respei-
tá-lo. Tal fenômeno teve sua origem com os movimentos constitucionalistas, cujo início se deu no final do século
XVIII. Por meio do novo sistema, o Estado passou a ter órgãos específicos para o exercício da Administração
Pública e, por isso, foi necessário a desenvoltura do quadro normativo disciplinante das relações internas da
Administração, bem como das relações entre esta e os administrados. Assim sendo, pode considerar-se que foi
a partir do século XIX que o mundo jurídico abriu os olhos para a existência do Direito Administrativo.
Destaca-se ainda, que o Direito Administrativo foi formado a partir da teoria da separação dos poderes de-
senvolvida por Montesquieu, L’Espirit des Lois, 1748, e acolhida de forma universal pelos Estados de Direito.
Até esse momento, o absolutismo reinante e a junção de todos os poderes governamentais nas mãos do Sobe-
rano não permitiam o desenvolvimento de quaisquer teorias que visassem a reconhecer direitos aos súditos, e
que se opusessem às ordens do Príncipe. Prevalecia o domínio operante da vontade onipotente do Monarca.
Conceituar com precisão o Direito Administrativo é tarefa difícil, uma vez que o mesmo é marcado por diver-
gências doutrinárias, o que ocorre pelo fato de cada autor evidenciar os critérios que considera essenciais para
a construção da definição mais apropriada para o termo jurídico apropriado.
De antemão, ao entrar no fundamento de algumas definições do Direito Administrativo,

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Considera-se importante denotar que o Estado desempenha três funções essenciais. São elas: Legislativa,
Administrativa e Jurisdicional.
Pondera-se que os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário são independentes, porém, em tese, harmô-
nicos entre si. Os poderes foram criados para desempenhar as funções do Estado. Desta forma, verifica-se o
seguinte:

Funções do Estado
> Legislativa
>> Administrativa
>>> Jurisdicional

Poderes criados para desenvolver as funções do estado


> Legislativo
>> Executivo
>>> Judiciário
Infere-se que cada poder exerce, de forma fundamental, uma das funções de Estado, é o que denominamos
de FUNÇÃO TÍPICA.

PODER EXECUTI-
PODER LEGISLATIVO PODER JUDICIÁRIO
VO
FUNÇÃO TÍPICA Legislar Administrativa Judiciária
Julgar e solucionar conflitos
Redigir e organizar o regra- Administração e ges- por
ATRIBUIÇÃO intermédio da interpretação
mento jurídico do Estado tão estatal e aplicação das leis.

Além do exercício da função típica, cada poder pode ainda exercer as funções destinadas a outro poder, é
o que denominamos de exercício de FUNÇÃO ATÍPICA. Vejamos:

PODER LEGISLATIVO PODER EXERCUTIVO


PODER JUDICIÁRIO
Tem-se como função atí- Tem-se por função atípica Tem-se por função atípi-
ca desse poder, por ser
pica desse poder, por ser desse poder, por ser típica típica do Poder Executivo:
típica do Poder Judiciário: do Poder Legislativo: A
FUNÇÃO ATÍPICA O Fazer licitação para rea-
julgamento do Presiden- edição de Medida Provi- lizar a aquisição de equi-
te da República por crime sória pelo Chefe do Exe- pamentos utilizados em
de responsabilidade. cutivo. regime interno.

Diante da difícil tarefa de conceituar o Direito Administrativo, uma vez que diversos são os conceitos utili-
zados pelos autores modernos de Direito Administrativo, sendo que, alguns consideram apenas as atividades
administrativas em si mesmas, ao passo que outros, optam por dar ênfase aos fins desejados pelo Estado,
abordaremos alguns dos principais posicionamentos de diferentes e importantes autores.
No entendimento de Carvalho Filho (2010), “o Direito Administrativo, com a evolução que o vem impulsio-
nando contemporaneamente, há de focar-se em dois tipos fundamentais de relações jurídicas, sendo, uma, de
caráter interno, que existe entre as pessoas administrativas e entre os órgãos que as compõem e, a outra, de
caráter externo, que se forma entre o Estado e a coletividade em geral.” (2010, Carvalho Filho, p. 26).
Como regra geral, o Direito Administrativo é conceituado como o ramo do direito público que cuida de princí-
pios e regras que disciplinam a função administrativa abrangendo entes, órgãos, agentes e atividades desem-
penhadas pela Administração Pública na consecução do interesse público.
Vale lembrar que, como leciona DIEZ, o Direito Administrativo apresenta, ainda, três características princi-
pais:
1 – constitui um direito novo, já que se trata de disciplina recente com sistematização científica;

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2 – espelha um direito mutável, porque ainda se encontra em contínua transformação;
3 – é um direito em formação, não se tendo, até o momento, concluído todo o seu ciclo de abrangência.
Entretanto, o Direito Administrativo também pode ser conceituado sob os aspectos de diferentes óticas, as
quais, no deslindar desse estudo, iremos abordar as principais e mais importantes para estudo, conhecimento
e aplicação.
• Ótica Objetiva: Segundo os parâmetros da ótica objetiva, o Direito Administrativo é conceituado como o
acoplado de normas que regulamentam a atividade da Administração Pública de atendimento ao interesse pú-
blico.
• Ótica Subjetiva: Sob o ângulo da ótica subjetiva, o Direito Administrativo é conceituado como um conjunto
de normas que comandam as relações internas da Administração Pública e as relações externas que são en-
cadeadas entre elas e os administrados.
Nos moldes do conceito objetivo, o Direito Administrativo é tido como o objeto da relação jurídica travada,
não levando em conta os autores da relação.
O conceito de Direito Administrativo surge também como elemento próprio em um regime jurídico diferen-
ciado, isso ocorre por que em regra, as relações encadeadas pela Administração Pública ilustram evidente falta
de equilíbrio entre as partes.
Para o professor da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, Fernando Correia, o Direito Admi-
nistrativo é o sistema de normas jurídicas, diferenciadas das normas do direito privado, que regulam o funcio-
namento e a organização da Administração Pública, bem como a função ou atividade administrativa dos órgãos
administrativos.
Correia, o intitula como um corpo de normas de Direito Público, no qual os princípios, conceitos e institutos
distanciam-se do Direito Privado, posto que, as peculiaridades das normas de Direito Administrativo são mani-
festadas no reconhecimento à Administração Pública de prerrogativas sem equivalente nas relações jurídico-
-privadas e na imposição, em decorrência do princípio da legalidade, de limitações de atuação mais exatas do
que as que auferem os negócios particulares.
Entende o renomado professor, que apenas com o aparecimento do Estado de Direito acoplado ao acolhi-
mento do princípio da separação dos poderes, é que seria possível se falar em Direito Administrativo.
Oswaldo Aranha Bandeira de Mello aduz, em seu conceito analítico, que o Direito Administrativo juridica-
mente falando, ordena a atividade do Estado quanto à organização, bem como quanto aos modos e aos meios
da sua ação, quanto à forma da sua própria ação, ou seja, legislativa e executiva, por intermédio de atos jurí-
dicos normativos ou concretos, na consecução do seu fim de criação de utilidade pública, na qual participa de
forma direta e imediata, e, ainda como das pessoas de direito que façam as vezes do Estado.

— Observação importante: Note que os conceitos classificam o Direito Administrativo como Ramo do
Direito Público fazendo sempre referência ao interesse público, ao inverso do Direito Privado, que cuida do
regulamento das relações jurídicas entre particulares, o Direito Público, tem por foco regular os interesses da
sociedade, trabalhando em prol do interesse público.
Por fim, depreende-se que a busca por um conceito completo de Direito Administrativo não é recente. Entre-
tanto, a Administração Pública deve buscar a satisfação do interesse público como um todo, uma vez que a sua
natureza resta amparada a partir do momento que deixa de existir como fim em si mesmo, passando a existir
como instrumento de realização do bem comum, visando o interesse público, independentemente do conceito
de Direito Administrativo escolhido.

Objeto
De acordo com a ilibada autora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a formação do Direito Administrativo como
ramo autônomo, fadado de princípios e objeto próprios, teve início a partir do instante em que o conceito de
Estado de Direito começou a ser desenvolvido, com ampla estrutura sobre o princípio da legalidade e sobre o
princípio da separação de poderes. O Direito Administrativo Brasileiro não surgiu antes do Direito Romano, do

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Germânico, do Francês e do Italiano. Diversos direitos contribuíram para a formação do Direito Brasileiro, tais
como: o francês, o inglês, o italiano, o alemão e outros. Isso, de certa forma, contribuiu para que o nosso Direito
pudesse captar os traços positivos desses direitos e reproduzi-los de acordo com a nossa realidade histórica.
Atualmente, predomina, na definição do objeto do Direito Administrativo, o critério funcional, como sendo o
ramo do direito que estuda a disciplina normativa da função administrativa, independentemente de quem esteja
encarregado de exercê-la: Executivo, Legislativo, Judiciário ou particulares mediante delegação estatal”, (MA-
ZZA, 2013, p. 33).
Sendo o Direito Administrativo um ramo do Direito Público, o entendimento que predomina no Brasil e na
América Latina, ainda que incompleto, é que o objeto de estudo do Direito Administrativo é a Administração
Pública atuante como função administrativa ou organização administrativa, pessoas jurídicas, ou, ainda, como
órgãos públicos.
De maneira geral, o Direito é um conjunto de normas, princípios e regras, compostas de coercibilidade dis-
ciplinantes da vida social como um todo. Enquanto ramo do Direito Público, o Direito Administrativo, nada mais
é que, um conjunto de princípios e regras que disciplina a função administrativa, as pessoas e os órgãos que a
exercem. Desta forma, considera-se como seu objeto, toda a estrutura administrativa, a qual deverá ser voltada
para a satisfação dos interesses públicos.
São leis específicas do Direito Administrativo a Lei n. 8.666/1993 que regulamenta o art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providên-
cias; a Lei n. 8.112/1990, que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autar-
quias e das fundações públicas federais; a Lei n. 8.409/1992 que estima a receita e fixa a despesa da União
para o exercício financeiro de 1992 e a Lei n. 9.784/1999 que regula o processo administrativo no âmbito da
Administração Pública Federal.
O Direito Administrativo tem importante papel na identificação do seu objeto e o seu próprio conceito e sig-
nificado foi de grande importância à época do entendimento do Estado francês em dividir as ações administra-
tivas e as ações envolvendo o poder judiciário. Destaca-se na França, o sistema do contencioso administrativo
com matéria de teor administrativo, sendo decidido no tribunal administrativo e transitando em julgado nesse
mesmo tribunal. Definir o objeto do Direito Administrativo é importante no sentido de compreender quais maté-
rias serão julgadas pelo tribunal administrativo, e não pelo Tribunal de Justiça.
Depreende-se que com o passar do tempo, o objeto de estudo do Direito Administrativo sofreu significativa
e grande evolução, desde o momento em que era visto como um simples estudo das normas administrativas,
passando pelo período do serviço público, da disciplina do bem público, até os dias contemporâneos, quando
se ocupa em estudar e gerenciar os sujeitos e situações que exercem e sofrem com a atividade do Estado, as-
sim como das funções e atividades desempenhadas pela Administração Pública, fato que leva a compreender
que o seu objeto de estudo é evolutivo e dinâmico acoplado com a atividade administrativa e o desenvolvimento
do Estado. Destarte, em suma, seu objeto principal é o desempenho da função administrativa.

Fontes
Fonte significa origem. Neste tópico, iremos estudar a origem das regras que regem o Direito Administrativo.
Segundo Alexandre Sanches Cunha, “o termo fonte provém do latim fons, fontis, que implica o conceito de
nascente de água. Entende-se por fonte tudo o que dá origem, o início de tudo. Fonte do Direito nada mais é do
que a origem do Direito, suas raízes históricas, de onde se cria (fonte material) e como se aplica (fonte formal),
ou seja, o processo de produção das normas. São fontes do direito: as leis, costumes, jurisprudência, doutrina,
analogia, princípio geral do direito e equidade.” (CUNHA, 2012, p. 43).

Fontes do Direito Administrativo:

A) Lei
A lei se estende desde a constituição e é a fonte primária e principal do Direito Administrativo e se estende
desde a Constituição Federal em seus artigos 37 a 41, alcançando os atos administrativos normativos inferio-
res. Desta forma, a lei como fonte do Direito Administrativo significa a lei em sentido amplo, ou seja, a lei con-
feccionada pelo Parlamento, bem como os atos normativos expedidos pela Administração, tais como: decretos,
resoluções,

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Incluindo tratados internacionais.
Desta maneira, sendo a Lei a fonte primária, formal e primordial do Direito Administrativo, acaba por preva-
lecer sobre as demais fontes. E isso, prevalece como regra geral, posto que as demais fontes que estudaremos
a seguir, são consideradas fontes secundárias, acessórias ou informais.
A Lei pode ser subdividida da seguinte forma:
— Lei em sentido amplo
Refere-se a todas as fontes com conteúdo normativo, tais como: a Constituição Federal, lei ordinária, lei
complementar, medida provisória, tratados internacionais, e atos administrativos normativos (decretos, resolu-
ções, regimentos etc.).
— Lei em sentido estrito
Refere-se à Lei feita pelo Parlamento, pelo Poder Legislativo por meio de lei ordinária e lei complementar.
Engloba também, outras normas no mesmo nível como, por exemplo, a medida provisória que possui o mesmo
nível da lei ordinária. Pondera-se que todos mencionados são reputados como fonte primária (a lei) do Direito
Administrativo.

B) Doutrina
Tem alto poder de influência como teses doutrinadoras nas decisões administrativas, como no próprio Di-
reito Administrativo. A Doutrina visa indicar a melhor interpretação possível da norma administrativa, indicando
ainda, as possíveis soluções para casos determinados e concretos. Auxilia muito o viver diário da Administração
Pública, posto que, muitas vezes é ela que conceitua, interpreta e explica os dispositivos da lei.
Exemplo:
A Lei n. 9.784/1999, aduz que provas protelatórias podem ser recusadas no processo administrativo. Desta
forma, a doutrina explicará o que é prova protelatória, e a Administração Pública poderá usar o conceito doutri-
nário para recusar uma prova no processo administrativo.

C) Jurisprudência
Trata-se de decisões de um tribunal que estão na mesma direção, além de ser a reiteração de julgamentos
no mesmo sentido.
Exemplo:
O Superior Tribunal de Justiça (STJ), possui determinada jurisprudência que afirma que candidato aprovado
dentro do número de vagas previsto no edital tem direito à nomeação, aduzindo que existem diversas decisões
desse órgão ou tribunal com o mesmo entendimento final.
— Observação importante: Por tratar-se de uma orientação aos demais órgãos do Poder Judiciário e da
Administração Pública, a jurisprudência não é de seguimento obrigatório. Entretanto, com as alterações promo-
vidas desde a CFB/1988, esse sistema orientador da jurisprudência tem deixado de ser a regra.
Exemplo:
Os efeitos vinculantes das decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal na ação direta de inconsti-
tucionalidade (ADI), na ação declaratória constitucionalidade (ADC) e na arguição de descumprimento de pre-
ceito fundamental, e, em especial, com as súmulas vinculantes, a partir da Emenda Constitucional nº. 45/2004.
Nesses ocorridos, as decisões do STF acabaram por vincular e obrigar a Administração Pública direta e indireta
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nos termos dispostos no art. 103-A
da CF/1988.

D) Costumes
Costumes são condutas reiteradas. Assim sendo, cada país, Estado, cidade, povoado, comunidade, tribo
ou população tem os seus costumes, que via de regra, são diferentes em diversos aspectos, porém, em se
tratando do ordenamento jurídico, não poderão ultrapassar e ferir as leis soberanas da Carta Magna que regem
o Estado como um todo.

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Como fontes secundárias e atuantes no Direito Administrativo, os costumes administrativos são práticas
reiteradas que devem ser observadas pelos agentes públicos diante de determinadas situações. Os costumes
podem exercer influência no Direito Administrativo em decorrência da carência da legislação, consumando o
sistema normativo, costume praeter legem, ou nas situações em que seria impossível legislar sobre todas as
situações.
Os costumes não podem se opor à lei (contra legem), pois ela é a fonte primordial do Direito Administrativo,
devendo somente auxiliar à exata compreensão e incidência do sistema normativo.
Exemplo:
Ao determinar a CFB/1988 que um concurso terá validade de até 2 anos, não pode um órgão, de forma
alguma, atribuir por efeito de costume, prazo de até 10 anos, porque estaria contrariando disposição expressa
na Carta Magna, nossa Lei Maior e Soberana.
Ressalta-se, com veemente importância, que os costumes podem gerar direitos para os administrados, em
decorrência dos princípios da lealdade, boa-fé, moralidade administrativa, dentre outros, uma vez que um certo
comportamento repetitivo da Administração Pública gera uma expectativa em sentido geral de que essa prática
deverá ser seguida nas demais situações parecidas

— Observação importante: Existe divergência doutrinária em relação à aceitação dos costumes como
fonte do Direito Administrativo. No entanto, para concursos, e estudos correlatos, via de regra, deve ser com-
preendida como correta a tese no sentido de que o costume é fonte secundária, acessória, indireta e imediata
do Direito Administrativo, tendo em vista que a fonte primária e mediata é a Lei.

Nota - Sobre Súmulas Vinculantes


Nos termos do art. 103 - A da Constituição Federal, ‘‘o Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou me-
diante provocação, por decisão de dois terços de seus membros, após decisões reiteradas que versam sobre
matéria constitucional, aprovar súmulas que terão efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder
Judiciário e à administração pública direta e indireta”.

Ato Administrativo: Conceito, requisitos, atributos, classificação e espécies; Invalida-


ção, anulação e revogação; Prescrição

Conceito
Hely Lopes Meirelles conceitua ato administrativo como sendo “toda manifestação unilateral de vontade da
Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, mo-
dificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria”.
Já Maria Sylvia Zanella Di Pietro explana esse tema, como: “a declaração do Estado ou de quem o repre-
sente, que produz efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de direito público e
sujeita a controle pelo Poder Judiciário”.
O renomado, Celso Antônio Bandeira de Mello, por sua vez, explica o conceito de ato administrativo de duas
formas. São elas:

A) Primeira: em sentido amplo, na qual há a predominância de atos gerais e abstratos. Exemplos: os


contratos administrativos e os regulamentos.
No sentido amplo, de acordo com o mencionado autor, o ato administrativo pode, ainda, ser considerado
como a “declaração do Estado (ou de quem lhe faça as vezes – como, por exemplo, um concessionário de
serviço público), no exercício de prerrogativas públicas, manifestada mediante providências jurídicas comple-
mentares da lei a título de lhe dar cumprimento, e sujeitas a controle de legitimidade por órgão jurisdicional”.

B) Segunda: em sentido estrito, no qual acrescenta à definição anterior, os atributos da unilateralidade e


da concreção. Desta forma, no entendimento estrito de ato administrativo por ele exposta, ficam excluídos os
atos convencionais, como os contratos, por exemplo, bem como os atos abstratos.

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Embora haja ausência de uniformidade doutrinária, a partir da análise lúcida do tópico anterior, acoplada
aos estudos dos conceitos retro apresentados, é possível extrair alguns elementos fundamentais para a defini-
ção dos conceitos do ato administrativo.
De antemão, é importante observar que, embora o exercício da função administrativa consista na atividade
típica do Poder Executivo, os Poderes Legislativo e Judiciário, praticam esta função de forma atípica, vindo a
praticar, também, atos administrativos. Exemplo: ao realizar concursos públicos, os três Poderes devem no-
mear os aprovados, promovendo licitações e fornecendo benefícios legais aos servidores, dentre outras ativi-
dades. Acontece que em todas essas atividades, a função administrativa estará sendo exercida que, mesmo
sendo função típica, mas, recordemos, não é função exclusiva do Poder Executivo.
Denota-se também, que nem todo ato praticado no exercício da função administrativa é ato administrativo,
isso por que em inúmeras situações, o Poder Público pratica atos de caráter privado, desvestindo-se das prer-
rogativas que conformam o regime jurídico de direito público e assemelhando-se aos particulares. Exemplo: a
emissão de um cheque pelo Estado, uma vez que a referida providência deve ser disciplinada exclusivamente
por normas de direito privado e não público.
Há de se desvencilhar ainda que o ato administrativo pode ser praticado não apenas pelo Estado, mas
também por aquele que o represente. Exemplo: os órgãos da Administração Direta, bem como, os entes da
Administração Indireta e particulares, como acontece com as permissionárias e com as concessionárias de
serviços públicos.
Destaca-se, finalmente, que o ato administrativo por não apresentar caráter de definitividade, está sujeito a
controle por órgão jurisdicional. Em obediência a essas diretrizes, compreendemos que ato administrativo é a
manifestação unilateral de vontade proveniente de entidade arremetida em prerrogativas estatais amparadas
pelos atributos provenientes do regime jurídico de direito público, destinadas à produção de efeitos jurídicos e
sujeitos a controle judicial específico.
Em suma, temos:

ATO ADMINISTRATIVO: é a manifestação unilateral de vontade proveniente de entidade arremetida em


prerrogativas estatais amparadas pelos atributos provenientes do regime jurídico de direito público, destinadas
à produção de efeitos jurídicos e sujeitos a controle judicial específico.

ATOS ADMINISTRATIVOS EM SENTIDO AMPLO


Atos de Direito Privado
Atos materiais
Atos de opinião, conhecimento, juízo ou valor
Atos políticos
Contratos
Atos normativos
Atos normativos em sentido estrito e propriamente ditos

Requisitos
A lei da Ação Popular, Lei nº 4.717/1965, aponta a existência de cinco requisitos do ato administrativo. São
eles: competência, finalidade, forma, motivo e objeto. É importante esclarecer que a falta ou o defeito desses
elementos pode resultar.
De acordo com o a gravidade do caso em consideração, em simples irregularidade com possibilidade de ser
sanada, invalidando o ato do ato, ou até mesmo o tornando inexistente.
No condizente à competência, no sentido jurídico, esta palavra designa a prerrogativa de poder e autoriza-
ção de alguém que está legalmente autorizado a fazer algo. Da mesma maneira, qualquer pessoa, ainda que
possua capacidade e excelente rendimento para fazer algo, mas não alçada legal para tal, deve ser considera-
da incompetente em termos jurídicos para executar tal tarefa.

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Pensamento idêntico é válido para os órgãos e entidades públicas, de forma que, por exemplo, a Agência
Nacional de Aviação Civil (ANAC) não possui competência para conferir o passaporte e liberar a entrada de um
estrangeiro no Brasil, tendo em vista que o controle de imigração brasileiro é atividade exclusiva e privativa da
Polícia Federal.
Nesse sentido, podemos conceituar competência como sendo o acoplado de atribuições designadas pelo
ordenamento jurídico às pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos, com o fito de facilitar o desempenho de
suas atividades.
A competência possui como fundamento do seu instituto a divisão do trabalho com ampla necessidade de
distribuição do conjunto das tarefas entre os agentes públicos. Desta forma, a distribuição de competências
possibilita a organização administrativa do Poder Público, definindo quais as tarefas cabíveis a cada pessoa
política, órgão ou agente.
Relativo à competência com aplicação de multa por infração à legislação do imposto de renda, dentre as
pessoas políticas, a União é a competente para instituir, fiscalizar e arrecadar o imposto e também para estabe-
lecer as respectivas infrações e penalidades. Já em relação à instituição do tributo e cominação de penalidades,
que é de competência do legislativo, dentre os Órgãos Constitucionais da União, o Órgão que possui tal com-
petência, é o Congresso Nacional no que condizente à fiscalização e aplicação das respectivas penalidades.
Em relação às fontes, temos as competências primária e secundária. Vejamos a definição de cada uma
delas nos tópicos abaixo:

a) Competência primária: quando a competência é estabelecida pela lei ou pela Constituição Federal.

b) Competência Secundária: a competência vem expressa em normas de organização, editadas pelos


órgãos de competência primária, uma vez que é produto de um ato derivado de um órgão ou agente que possui
competência primária.
Entretanto, a distribuição de competência não ocorre de forma aleatória, de forma que sempre haverá um
critério lógico informando a distribuição de competências, como a matéria, o território, a hierarquia e o tempo.
Exemplo disso, concernente ao critério da matéria, é a criação do Ministério da Saúde.
Em relação ao critério territorial, a criação de Superintendências Regionais da Polícia Federal e, ainda,
pelo critério da hierarquia, a criação do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), órgão julgador
de recursos contra as decisões das Delegacias da Receita Federal de Julgamento criação da Comissão Na-
cional da Verdade que trabalham na investigação de violações graves de Direitos Humanos nos períodos entre
18.09.1946 e 05.10.1988, que resulta na combinação dos critérios da matéria e do tempo.
A competência possui como características:

a) Exercício obrigatório: pelos órgãos e agentes públicos, uma vez que se trata de um poder-dever de
ambos.

b) Irrenunciável ou inderrogável: isso ocorre, seja pela vontade da Administração, ou mesmo por acordo
com terceiros, uma vez que é estabelecida em decorrência do interesse público. Exemplo: diante de um exces-
sivo aumento da ocorrência de crimes graves e da sua diminuição de pessoal, uma delegacia de polícia não po-
derá jamais optar por não mais registrar boletins de ocorrência relativos a crimes considerados menos graves.

c) Intransferível: não pode ser objeto de transação ou acordo com o fulcro de ser repassada a responsabili-
dade a outra pessoa. Frise-se que a delegação de competência não provoca a transferência de sua titularidade,
porém, autoriza o exercício de determinadas atribuições não exclusivas da autoridade delegante, que poderá,
conforme critérios próprios e a qualquer tempo, revogar a delegação.

d) Imodificável: não admite ser modificada por ato do agente, quando fixada pela lei ou pela Constituição,
uma vez que somente estas normas poderão alterá-la.

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e) Imprescritível: o agente continua competente, mesmo que não tenha sido utilizada por muito tempo.

f) Improrrogável: com exceção de disposição expressa prevista em lei, o agente incompetente não passa
a ser competente pelo mero fato de ter praticado o ato ou, ainda, de ter sido o primeiro a tomar conhecimento
dos fatos que implicariam a motivação de sua prática.
Cabem dentro dos critérios de competência a delegação e a avocação, que podem ser definidas da seguinte
forma:

a) Delegação de competência: trata-se do fenômeno por intermédio do qual um órgão administrativo ou


um agente público delega a outros órgãos ou agentes públicos a tarefa de executar parte das funções que lhes
foram atribuídas. Em geral, a delegação é transferida para órgão ou agente de plano hierárquico inferior. No
entanto, a doutrina contemporânea considera, quando justificadamente necessário, a admissão da delegação
fora da linha hierárquica.
Considera-se ainda que o ato de delegação não suprime a atribuição da autoridade delegante, que continua
competente para o exercício das funções cumulativamente com a autoridade a que foi delegada a função. En-
tretanto, cada agente público, na prática de atos com fulcro nos poderes que lhe foram atribuídos, agirá sempre
em nome próprio e, respectivamente irá responder por seus atos.
Por todas as decisões que tomar. Do mesmo modo, adotando cautelas parecidas, a autoridade delegante
da ação também poderá revogar a qualquer tempo a delegação realizada anteriormente. Desta maneira, a
regra geral é a possibilidade de delegação de competências, só deixando esta de ser possível se houver quais-
quer impedimentos legais vigentes.
É importante conhecer a respeito da delegação de competência o disposto na Lei 9.784/1999, Lei do Pro-
cesso Administrativo Federal, que tendo tal norma aplicada somente no âmbito federal, incorporou grande parte
da orientação doutrinária existente, dispondo em seus arts. 11 a 14:

Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi atribuída como
própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos.

Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da
sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados,
quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.

Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à delegação de competência dos órgãos cole-
giados aos respectivos presidentes.

Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:

I - a edição de atos de caráter normativo;

II - a decisão de recursos administrativos;

III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.

Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados no meio oficial.
§ 1º O ato de delegação especificará as matérias e poderes transferidos, os limites da atuação do delegado,
a duração e os objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva de exercício da atribuição
delegada.
§ 2º O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante.
§ 3º As decisões adotadas por delegação devem mencionar explicitamente esta qualidade e considerar-se-
-ão editadas pelo delegado.

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Convém registrar que a delegação é ato discricionário, que leva em conta para sua prática circunstâncias
de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial, bem como é ato revogável a qualquer tempo pela
autoridade delegante, sendo que o ato de delegação bem como a sua revogação deverão ser expressamente
publicados no meio oficial, especificando em seu ato as matérias e poderes delegados, os parâmetros de limi-
tes da atuação do delegado, o recurso cabível, a duração e os objetivos da delegação.
Importante ressaltar:

Súmula 510 do STF: Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada, contra ela
cabe o mandado de segurança ou a medida judicial.
Com fundamento nessa orientação, o STF decidiu no julgamento do MS 24.732 MC/DF, que o foro da auto-
ridade delegante não poderá ser transmitido de forma alguma à autoridade delegada. Desta forma, tendo sido o
ato praticado pela autoridade delegada, todas e quaisquer medidas judiciais propostas contra este ato deverão
respeitar o respectivo foro da autoridade delegada.
Seguindo temos:

a) Avocação: trata-se do fenômeno contrário ao da delegação e se resume na possibilidade de o superior


hierárquico trazer para si de forma temporária o devido exercício de competências legalmente estabelecidas
para órgãos ou agentes hierarquicamente inferiores. Diferentemente da delegação, não cabe avocação fora
da linha de hierarquia, posto que a utilização do instituto é dependente de poder de vigilância e controle nas
relações hierarquizadas.
Vejamos a diferença entre a avocação com revogação de delegação:

• Na avocação, sendo sua providência de forma excepcional e temporária, nos termos do art. 15 da Lei
9.787/1999, a competência é de forma originária e advém do órgão ou agente subordinado, sendo que de forma
temporária, passa a ser exercida pelo órgão ou autoridade avocante.

• Já na revogação de delegação, anteriormente, a competência já era de forma original da autoridade ou


órgão delegante, que achou por conveniência e oportunidade revogar o ato de delegação, voltando, por conse-
guinte a exercer suas atribuições legais por cunho de mão própria.
Finalmente, adverte-se que, apesar de ser um dever ser exercido com autocontrole, o poder originário de
avocar competência também se constitui em regra na Administração Pública, uma vez que é inerente à orga-
nização hierárquica como um todo. Entretanto, conforme a doutrina de forma geral, o órgão superior não pode
avocar a competência do órgão subordinado em se tratando de competências exclusivas do órgão ou de agen-
tes inferiores atribuídas por lei. Exemplo: Secretário de Segurança Pública, mesmo estando alguns degraus
hierárquicos acima de todos os Delegados da Polícia Civil, não poderá jamais avocar para si a competência
para presidir determinado inquérito policial, tendo em vista que esta competência é exclusiva dos titulares des-
ses cargos.

Não convém encerrar esse tópico acerca da competência sem mencionarmos a respeito dos vícios de
competência que é conceituado como o sofrimento de algum defeito em razão de problemas com a competên-
cia do agente que o pratica que se subdivide em:

a) Excesso de poder: acontece quando o agente que pratica o ato acaba por exceder os limites de sua
competência, agindo além das providências que poderia adotar no caso concreto, vindo a praticar abuso de
poder. O vício de excesso de poder nem sempre poderá resultar em anulação do ato administrativo, tendo em
vista que em algumas situações será possível convalidar o ato defeituoso.

b) Usurpação de função: ocorre quando uma pessoa exerce atribuições próprias de um agente público,
sem que tenha esse atributo ou competência. Exemplo: uma pessoa que celebra casamentos civis fingindo ser
titular do cargo de juiz.

c) Função de fato: ocorre quando a pessoa que pratica o ato está irregularmente investida no cargo, em-
prego ou função pública ou ainda que, mesmo devidamente investida, existe qualquer tipo de impedimento
jurídico para a prática do ato naquele momento. Na função de fato, o agente pratica o ato num contexto que

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tem toda a aparência de legalidade. Por esse motivo, em decorrência da teoria da aparência, desde que haja
boa-fé do administrado, esta deve ser respeitada, devendo, por conseguinte, ser considerados válidos os atos,
como se fossem praticados pelo funcionário de fato.
Em suma, temos:

VÍCIOS DE COMPETÊNCIA
EXCESSO DE PODER Em determinadas situações é possível
a convalidação
USURPAÇÃO DE FUNÇÃO Ato inexistente
FUNÇÃO DE FATO Ato válido, se houver boa-fé do admi-
nistrado

ABUSO DE AUTORIDADE
EXCESSO DE PODER Vício de competência
DESVIO DE PODER Desvio de finalidade

Relativo à finalidade, denota-se que a finalidade pública é uma das características do princípio da impes-
soalidade. Nesse diapasão, a Administração não pode atuar com o objetivo de beneficiar ou prejudicar determi-
nadas pessoas, tendo em vista que seu comportamento deverá sempre ser norteado pela busca do interesse
público. Além disso, existe determinada finalidade típica para cada tipo de ato administrativo.
Assim sendo, identifica-se no ato administrativo duas espécies de finalidade pública. São elas:

a) Geral ou mediata: consiste na satisfação do interesse público considerado de forma geral.

b) Pública específica ou imediata: é o resultado específico previsto na lei, que deve ser alcançado com a
prática de determinado ato.
Está relacionada ao atributo da tipicidade, por meio do qual a lei dispõe uma finalidade a ser alcançada para
cada espécie de ato.
Destaca-se que o descumprimento de qualquer dessas finalidades, seja geral ou específica, resulta no vício
denominado desvio de poder ou desvio de finalidade. O desvio de poder é vício que não pode ser sanado, e por
esse motivo, não pode ser convalidado.
A Lei de Ação Popular, Lei 4.717/1965 em seu art. 2º, parágrafo único, alínea e, estabelece que “o desvio
de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou impli-
citamente, na regra de competência”. Destaque-se que por via de regra legal atributiva de competência estatui
de forma explícita ou implicitamente, os fins que devem ser seguidos e obedecidos pelo agente público. Caso o
ato venha a ser praticado visando a fins diversos, verificar-se-á a presença do vício de finalidade.
O desvio de finalidade, segundo grandes doutrinadores, se verifica em duas hipóteses. São elas:
a) o ato é formalmente praticado com finalidade diversa da prevista por lei. Exemplo: remover um funcioná-
rio com o objetivo de punição.
b) ocorre quando o ato, mesmo formalmente editado com a finalidade legal, possui, na prática, o foco de
atender a fim de interesse particular da autoridade. Exemplo: com o objetivo de perseguir inimigo, ocorre a de-
sapropriação de imóvel alegando interesse público.
Em resumo, temos:

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Específica ou Imediata e
FINALIDADE PÚBLICA
Geral ou Mediata
Ato praticado com finalidade diversa da prevista em Lei.
DESVIO DE FINALI- e
DADE OU DESVIO DE
PODER Ato praticado formalmente com finalidade prevista em Lei, po-
rém, visando a atender a fins pessoais de autoridade.

Concernente à forma, averígua-se na doutrina duas formas distintas de definição como requisito do ato
administrativo. São elas:
A) De caráter mais restrito, demonstrando que a forma é o modo de exteriorização do ato administrativo.
B) Considera a forma de natureza mais ampla, incluindo no conceito de forma apenas o modo de exterio-
rização do ato, bem como todas as formalidades que devem ser destacadas e observadas no seu curso de
formação.
Ambas as acepções estão meramente corretas, cuidando-se simplesmente de modos diferentes de exa-
minar a questão, sendo que a primeira analisa a forma do ato administrativo sob o aspecto exterior do ato já
formado e a segunda, analisa a dinâmica da formação do ato administrativo.
Via de regra, no Direito Privado, o que prevalece é a liberdade de forma do ato jurídico, ao passo que no Di-
reito Público, a regra é o formalismo moderado. O ato administrativo não precisa ser revestido de formas rígidas
e solenes, mas é imprescindível que ele seja escrito. Ainda assim, tal exigência, não é absoluta, tendo em vista
que em alguns casos, via de regra, o agente público tem a possibilidade de se manifestar de outra forma, como
acontece nas ordens verbais transmitidas de forma emergencial aos subordinados, ou, ainda, por exemplo,
quando um agente de trânsito transmite orientações para os condutores de veículos através de silvos e gestos.
Pondera-se ainda, que o ato administrativo é denominado vício de forma quando é enviado ou emitido sem
a obediência à forma e sem cumprimento das formalidades previstas em lei. Via de regra, considera-se plena-
mente possível a convalidação do ato administrativo que contenha vício de forma. No entanto, tal convalidação
não será possível nos casos em que a lei estabelecer que a forma é requisito primordial à validade do ato.
Devemos explanar também que a motivação declarada e escrita dos motivos que possibilitaram a prática do
ato, quando for de caráter obrigatório, integra a própria forma do ato. Desta maneira, quando for obrigatória, a
ausência de motivação enseja vício de forma, mas não vício de motivo.
Porém, de forma diferente, sendo o motivo declinado pela autoridade e comprovadamente ilícito ou falso, o
vício consistirá no elemento motivo.

Motivo
O motivo diz respeito aos pressupostos de fato e de direito que estabelecem ou autorizam a edição do ato
administrativo.
Quando a autoridade administrativa não tem margem para decidir a respeito da conveniência e oportunida-
de para editar o ato administrativo, diz-se que este é ato vinculado. No condizente ao ato discricionário, como
há espaço de decisão para a autoridade administrativa, a presença do motivo simplesmente autoriza a prática
do ato.
Nesse diapasão, existem também o motivo de direito que se trata da abstrata previsão normativa de uma
situação que ao ser verificada no mundo concreto que autoriza ou determina a prática do ato, ao passo que o
motivo de fato é a concretização no mundo empírico da situação prevista em lei.
Assim sendo, podemos esclarecer que a prática do ato administrativo depende da presença adjunta dos
motivos de fato e de direito, posto que para isso, são imprescindíveis à existência abstrata de previsão norma-
tiva bem como a ocorrência, de fato concreto que se integre à tal previsão.
De acordo com a doutrina, o vício de motivo é passível de ocorrer nas seguintes situações:
a) quando o motivo é inexistente.

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b) quando o motivo é falso.
c) quando o motivo é inadequado.
É de suma importância estabelecer a diferença entre motivo e motivação. Vejamos:

• Motivo: situação que autoriza ou determina a produção do ato administrativo. Sempre deve estar previsto
no ato administrativo, sob pena de nulidade, sendo que sua ausência de motivo legítimo ou ilegítimo é causa
de invalidação do ato administrativo.

• Motivação: é a declinação de forma expressa do motivo, sendo a declaração das razões que motivaram
à edição do ato. Já a motivação declarada e expressa dos motivos dos atos administrativos, via de regra, nem
sempre é exigida. Porém, se for obrigatória pela lei, sua ausência causará invalidade do ato administrativo por
vício de forma, e não de motivo.
Convém ressaltar que a Lei 9.784/1999, que regulamenta o processo administrativo na esfera federal, dis-
põe no art. 50, o seguinte:
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídi-
cos, quando:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;
V - decidam recursos administrativos;
VI - decorram de reexame de ofício;
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propos-
tas e relatórios oficiais;
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.
Prevê a mencionada norma em seu § 1º, que a motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo
consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou
propostas, que, nesse caso, serão parte integrante do ato. Tal hipótese é denominada pela doutrina de “motiva-
ção aliunde” que significa motivação “em outro local”, mas que está sendo admitida no direito brasileiro.

A motivação dos atos administrativos

É a teoria dos motivos determinantes. Convém explicitar a respeito da motivação dos atos administrativo e
da teoria dos motivos determinantes que se baseia na ideia de que mesmo a lei não exigindo a motivação, se o
ato administrativo for motivado, ele só terá validade se os motivos declarados forem verdadeiros.
Exemplo
A doutrina cita o caso do ato de exoneração ad nutum de servidor ocupante de cargo comissionado, uma
vez que esse tipo de ato não exige motivação. Entretanto, caso a autoridade competente venha a alegar que a
exoneração transcorre da falta de pontualidade habitual do comissionado, a validade do ato exoneratório virá a
ficar na dependência da existência do motivo declarado. Já se o interessado apresentar a folha de ponto com-
provando sua pontualidade, a exoneração, seja por via administrativa ou judicial, deverá ser anulada.
É importante registrar que a teoria dos motivos determinantes pode ser aplicada tanto aos atos administra-
tivos vinculados quanto aos discricionários, para que o ato tenha sido motivado.
Em suma, temos:
• Motivo do ato administrativo
— Definição: pressuposto de fato e direito que fundamenta a edição do ato administrativo.

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— Motivo de Direito: é a situação prevista na lei, de forma abstrata que autoriza ou determina a prática do
ato administrativo.
— Motivo de fato: circunstância que se realiza no mundo real que corresponde à descrição contida de forma
abstrata na lei, caracterizando o motivo de direito.

VÍCIOS DE MOTIVO DO ATO ADMINIS-


TRATIVO
Inexistente
Falso
Inadequado

• Teoria dos motivos determinantes


— O ato administrativo possui sua validade vinculada aos motivos expostos mesmo que não seja exigida a
motivação.
— Só é aplicada apenas se o ato conter motivação.

— STJ: “Não se decreta a invalidade de um ato administrativo quando apenas um, entre os diversos motivos
determinantes, não está adequado à realidade fática”.

Objeto
O objeto do ato administrativo pode ser conceituado como sendo o efeito jurídico imediato produzido pelo
ato. Em outras palavras, podemos afirmar que o objeto do ato administrativo cuida-se da alteração da situação
jurídica que o ato administrativo se propõe a realizar. Desta forma, no ato impositivo de multa, por exemplo, o
objeto é a punição do transgressor.
Para que o ato administrativo tenha validade, seu objeto deve ser lícito, possível, certo e revestido de mora-
lidade conforme os padrões aceitos como éticos e justos.
Havendo o descumprimento dessas exigências, podem incidir os esporádicos vícios de objeto dos atos ad-
ministrativos. Nesse sentido, podemos afirmar que serão viciados os atos que possuam os seguintes objetos,
seguidos com alguns exemplos:

a) Objeto lícito: punição de um servidor público com suspensão por prazo superior ao máximo estabelecido
por lei específica.

b) Objeto impossível: determinação aos subordinados para evitar o acontecimento de chuva durante al-
gum evento esportivo.

c) Objeto incerto: em ato unificado, a suspensão do direito de dirigir das pessoas que por ventura tenham
dirigido alcoolizadas nos últimos 12 meses, tanto as que tenham sido abordadas por autoridade pública ou fla-
gradas no teste do bafômetro.

d) Objeto moral: a autorização concedida a um grupo de pessoas específicas para a ocupação noturna de
determinado trecho de calçada para o exercício da prostituição. Nesse exemplo, o objeto é tido como imoral.

Atributos do Ato Administrativo


Tendo em vista os pormenores do regime jurídico de direito público ou regime jurídico administrativo, os atos
administrativos são dotados de alguns atributos que os se diferenciam dos atos privados.
Acontece que não há unanimidade doutrinária no condizente ao rol desses atributos. Entretanto, para efeito
de conhecimento, bem como a enumeração que tem sido mais cobrada em concursos públicos, bem como em
teses, abordaremos o conceito utilizado pela Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro.
Nos dizeres da mencionada administrativista, os atributos dos atos administrativos são:
• Presunção de legitimidade

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Decorre do próprio princípio da legalidade e milita em favor dos atos administrativos. É o único atributo pre-
sente em todos os atos administrativos. Pelo fato de a administração poder agir somente quando autorizada
por lei, presume-se, por conseguinte que se a administração agiu e executou tal ato, observando os parâmetros
legais. Desta forma, em decorrência da presunção de legitimidade, os atos administrativos presumem-se edita-
dos em conformidade com a lei, até que se prove o contrário.
De forma parecida, por efeito dos princípios da moralidade e da legalidade, quando a administração alega
algo, presume-se que suas alegações são verdadeiras. É o que a doutrina conceitua como presunção de vera-
cidade dos atos administrativos que se cuida da presunção de que o ato administrativo foi editado em conformi-
dade com a lei, gerando a desconfiança de que as alegações produzidas pela administração são verdadeiras.
As presunções de legitimidade e de veracidade são elementos e qualificadoras presentes em todos os atos
administrativos. No entanto, ambas serão sempre relativas ou juris tantum, podendo ser afastadas em decor-
rência da apresentação de prova em sentido contrário. Assim sendo, se o administrado se sentir prejudicado
por algum ato que refutar ilegal ou fundado em mentiras, poderá submetê-lo ao controle pela própria administra-
ção pública, bem como pelo Judiciário. Já se o órgão provocado alegar que a prática não está em conformidade
com a lei ou é fundada em alegações falsas, poderá proclamará a nulidade do ato, desfazendo os seus efeitos.
Denota-se que a principal consequência da presunção de veracidade é a inversão do ônus da prova. Nesse
sentido, relembremos que em regra, segundo os parâmetros jurídicos, o dever de provar é de quem alega o
fato a ser provado. Desta maneira, se o particular “X” alega que o particular “Y” cometeu ato ilícito em prejuízo
do próprio “X”, incumbe a “X” comprovar o que está alegando, de maneira que, em nada conseguir provar os
fatos, “Y” não poderá ser punido.
• Imperatividade
Em decorrência desse do atributo, os atos administrativos são impostos pelo Poder Público a terceiros, inde-
pendentemente da concordância destes. Infere-se que a imperatividade é proveniente do poder extroverso do
Estado, ou seja, o Poder Público poderá editar atos, de modo unilateral e com isso, constituir obrigações para
terceiros. A imperatividade representa um traço diferenciado em relação aos atos de direito privado, uma vez
que estes somente possuem o condão de obrigar os terceiros que manifestarem sua expressa concordância.
Entretanto, nem todo ato administrativo possui imperatividade, característica presente exclusivamente nos
atos que impõem obrigações ou restrições aos administrados. Pelo contrário, se o ato administrativo tiver por
objetivo conferir direitos, como por exemplo: licença, admissão, autorização ou permissão, ou, ainda, quando
possuir conteúdo apenas enunciativo como certidão, atestado ou parecer, por exemplo, não haverá imperativi-
dade.
• Autoexecutoriedade
Consiste na possibilidade de os atos administrativos serem executados diretamente pela Administração
Pública, por intermédio de meios coercitivos próprios, sem que seja necessário a intervenção prévia do Poder
Judiciário.
Esse atributo é decorrente do princípio da supremacia do interesse público, típico do regime de direito ad-
ministrativo, fato que acaba por possibilitar a atuação do Poder Público no condizente à rapidez e eficiência.
No entender de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a autoexecutoriedade somente é possível quando estiver
expressamente prevista em lei, ou, quando se tratar de medida urgente, que não sendo adotada de imediato,
ocasionará, por sua vez, prejuízo maior ao interesse público.

EXEMPLOS DE ATOS ADMINISTRATIVOS AUTOEXECUTÓRIOS


Apreensão de mercadorias impróprias para o consumo humano
Demolição de edifício em situação de risco
Internação de pessoa com doença contagiosa
Dissolução de reunião que ameace a segurança

Por fim, ressalta-se que o princípio da inafastabilidade da prestação jurisdicional possui o condão de ga-
rantir ao particular que considere que algum direito seu foi lesionado ou ameaçado, possa livremente levar a
questão ao Poder Judiciário em busca da defesa dos seus direitos.

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Tipicidade
De antemão, infere-se que a maior parte dos autores não cita a tipicidade como atributo do ato administra-
tivo. Isso ocorre pelo fato de tal característica não estabelecer um privilégio da administração, mas sim uma
restrição. Se adotarmos o entendimento de que a título de “atributos” devemos estudar as particularidades dos
atos administrativos que os divergem dos demais atos jurídicos, deveremos incluir a tipicidade na lista. Entre-
tanto, se entendermos que apenas são considerados atributos as prerrogativas que acabam por verticularizar
as relações jurídicas nas quais a administração toma parte, a tipicidade não poderia ser considerada.
Nos termos da primeira corrente, para a Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a “tipicidade é o atributo
pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei como aptas a produzir
determinados resultados”. Assim sendo, em consonância com esse atributo, para cada finalidade que a Admi-
nistração Pública pretender alcançar, deverá haver um ato previamente definido na lei.
Denota-se que a tipicidade é uma consequência do princípio da legalidade. Esse atributo não permite à
Administração praticar atos em desacordo com os parâmetros legais, motivo pelo qual o atributo da tipicidade é
considerado como uma ideia contrária à da autonomia da vontade, por meio da qual o particular tem liberdade
para praticar atos desprovidos de disciplina legal, inclusive atos inominados.
Ainda nos trâmites com o entendimento exposto, ressalta-se que a tipicidade só existe nos atos unilaterais,
não se encontrando presente nos contratos. Isso ocorre porque não existe qualquer impedimento de ordem
jurídica para que a Administração venha a firmar com o particular um contrato inominado desprovido de regula-
mentação legal, desde que esta seja a melhor maneira de atender tanto ao interesse público como ao interesse
particular.

Classificação dos Atos Administrativos


A Doutrina não é uniforme no que condiz à atribuição dada à diversidade dos critérios adotados com esse
objetivo. Por esse motivo, sem esgotar o assunto, apresentamos algumas classificações mais relevantes, tanto
no que se refere a uma maior utilidade prática na análise dos regimes jurídicos, tanto pela concomitante abor-
dagem nas provas de concursos públicos.
a) Em relação aos destinatários: atos gerais e individuais. Os atos gerais ou normativos, são expedidos sem
destinatários determinados ou determináveis e aplicáveis a todas as pessoas que de uma forma ou de outra se
coloquem em situações concretas que correspondam às situações reguladas pelo ato. Exemplo: o Regulamen-
to do Imposto de Renda.

• Atos individuais ou especiais: são dirigidos a destinatários individualizados, podendo ser singulares ou
plúrimos. Sendo que será singular quando alcançar um único sujeito determinado e será plúrimo, quando for
designado a uma pluralidade de sujeitos determinados em si.
Exemplo:
O decreto de desapropriação que atinja um único imóvel. Por outro lado, como hipótese de ato individual
plúrimo, cita-se: o ato de nomeação de servidores em forma de lista. Quanto aos destinatários: ATOS GERAIS,
ATOS INDIVIDUAIS, SINGULARES PLÚRIMOS
b) Em relação ao grau de liberdade do agente, os atos podem ser atos vinculados e discricionários.

• Os atos vinculados são aqueles nos quais a Administração Pública fica sem liberdade de escolha, nos
quais, desde que comprovados os requisitos legais, a edição do ato se torna obrigatória, nos parâmetros pre-
vistos na lei. Exemplo: licença para a construção de imóvel.

• Já os discricionários são aqueles em que a Administração Pública possui um pouco mais de liberdade
para, em consonância com critérios subjetivos de conveniência e oportunidade, tomar decisões quando e como
o ato será praticado, com a definição de seu conteúdo, destinatários, a motivação e a forma de sua prática.
c) Em relação às prerrogativas da Administração, os atos administrativos podem ser atos de império, de
gestão e de expediente.

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• Atos de império são atos por meio dos quais a Administração Pública pratica no uso das prerrogativas
tipicamente estatais usando o poder de império para impô-los de modo unilateral e coercitivo aos seus adminis-
trados. Exemplo: interdição de estabelecimentos comerciais.
d) Em relação aos atos de gestão, são atos por meio dos quais a Administração Pública atua sem o uso
das prerrogativas provenientes do regime jurídico administrativo. Exemplo: atos de administração dos bens e
serviços públicos e dos atos negociais com os particulares.
Quando praticados de forma regular os atos de gestão, passam a ter caráter vinculante e geram direitos
subjetivos.
Exemplo:
Uma autarquia ao alugar um imóvel a ela pertencente, de forma vinculante entre a administração e o loca-
tário aos termos do contrato, acaba por gerar direitos e deveres para ambos.

• Já os atos de expediente são tidos como aqueles que impulsionam a rotina interna da repartição, sem
caráter vinculante e sem forma especial, cujo objetivo é dar andamento aos processos e papéis que tramitam
internamente nos órgãos públicos.
Exemplo:
Um despacho com o teor: “ao setor de contabilidade para as devidas análises”.
e) Quanto à formação, os atos administrativos podem ser atos simples, complexos e compostos.

• O ato simples decorre da declaração de vontade de apenas um órgão da administração pública, pouco
importando se esse órgão é unipessoal ou colegiado. Assim sendo, a nomeação de um servidor público pelo
Prefeito de um Município, será considerada como ato simples singular, ao passo que a decisão de um processo
administrativo por órgão colegiado será apenas ato simples colegiado.

• O ato complexo é constituído pela manifestação de dois ou mais órgãos, por meio dos quais as vontades
se unem em todos os sentidos para formar um só ato. Exemplo: um decreto assinado pelo Presidente da Re-
pública e referendado pelo Ministro de Estado.
É importante não confundir ato complexo com procedimento administrativo. Nos dizeres de Hely Lopes Mei-
relles, “no ato complexo integram-se as vontades de vários órgãos para a obtenção de um mesmo ato, ao passo
que no procedimento administrativo praticam-se diversos atos intermediários e autônomos para a obtenção de
um ato final e principal”.
f) Em relação ao ato administrativo composto, pondera que este também decorre do resultado da manifes-
tação de vontade de dois ou mais órgãos. O que o diferencia do ato complexo é o fato de que, ao passo que
no ato complexo as vontades dos órgãos se unem para formar um só ato, no ato composto são praticados dois
atos, um principal e outro acessório.
Ademais, é importante explicar a definição de Hely Lopes Meirelles, para quem o ato administrativo com-
posto “é o que resulta da vontade única de um órgão, mas depende da verificação por parte de outro, para se
tornar exequível”. A mencionada definição, embora seja discutível, vem sendo muito utilizada pelas bancas
examinadoras na elaboração de questões de provas de concurso público. Isso ocorreu na aplicação da prova
para Assistente Jurídico do DF, elaborada pelo CESPE em 2001, que foi considerado correto o seguinte tópico:
“Ao ato administrativo cuja prática dependa de vontade única de um órgão da administração, mas cuja exequi-
bilidade dependa da verificação de outro órgão, dá-se o nome de ato administrativo composto”.

Espécies
O saudoso jurista Hely Lopes Meirelles propõe que os atos administrativos sejam divididos em cinco espé-
cies. São elas: atos normativos, atos ordinatórios, atos negociais, atos enunciativos e atos punitivos.

• Atos normativos
Os atos normativos são aqueles cuja finalidade imediata é esmiuçar os procedimentos e comportamentos
para a fiel execução da lei, posto que as dispostas e utilizadas por tais atos são gerais, não possuem destinatá-
rios específicos e determinados, e abstratas, versando sobre hipóteses e nunca sobre casos concretos.

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Em relação à forma jurídica adotada, os atos normativos podem ser:

a) Decreto: é ato administrativo de competência privativa dos chefes do Poder Executivo utilizados para re-
gulamentar situação geral ou individual prevista na legislação, englobando também de forma ampla, o decreto
legislativo, cuja competência é privativa das Casas Legislativas.
O decreto é de suma importância no direito brasileiro, motivo pelo qual, de acordo com seu conteúdo, os
decretos podem ser classificados em decreto geral e individual. Vejamos:

b) Decreto geral: possui caráter normativo veiculando regras gerais e abstratas, fato que visa facilitar ou
detalhar a correta aplicação da Lei. Exemplo: o decreto que institui o “Regulamento do Imposto de Renda”.

c) Decreto individual: seu objetivo é tratar da situação específica de pessoas ou grupos determinados,
sendo que a sua publicação produz de imediato, efeitos concretos.
Exemplo:
Decreto que declara a utilidade pública de determinado bem para fim de desapropriação.
Nesse ponto, passaremos a verificar a respeito do decreto regulamentar, também designado de decreto de
execução. A doutrina o conceitua como sendo aquele que introduz um regulamento, não permitindo que o seu
conteúdo e o seu alcance possam ir além daqueles do que é permitido por Lei.
Por sua vez, o decreto autônomo é aquele que dispõe sobre matéria não regulada em lei, passando a criar
um novo direito. Pondera-se que atualmente, as únicas hipóteses de decreto autônomo admitidas no direito
brasileiro, são as disposta no art. 84, VI, “a”, da Constituição Federal, incluída pela Emenda Constitucional
32/2001, que predispõe a competência privativa do Presidente da República para dispor, mediante decreto,
sobre a organização e funcionamento da administração federal, quando não incorrer em aumento de despesa
nem criação ou extinção de órgãos públicos.

• Atos ordinatórios
Os atos administrativos ordinatórios são aqueles que podem ser editados no exercício do poder hierárquico,
com o fulcro de disciplinar as relações internas da Administração Pública. Detalharemos aqui os principais atos
ordinatórios. São eles: as instruções, as circulares, os avisos, as portarias, as ordens de serviço, os ofícios e
os despachos.

Instruções: tratam-se de atos administrativos editados pela autoridade hierarquicamente superior, com o
fulcro de ordenar a atuação dos agentes que lhes são subordinados. Exemplo: as instruções que ordenam os
atos que devem ser usados de forma interna na análise do pedido de utilização de bem público formalizado
unicamente por particular.

Circulares: são consideradas idênticas às instruções, entretanto, de modo geral se encontram dotadas de
menor abrangência.

Avisos: tratam-se de atos administrativos que são editados por Ministros de Estados com o objetivo de
tratarem de assuntos correlatos aos respectivos Ministérios.

Portarias: são atos administrativos respectivamente editados por autoridades administrativas, porém, dife-
rentes das do chefe do Poder Executivo. Exemplo: determinação por meio de portaria determinando a instau-
ração de processo disciplinar específico.

Ordens de serviço: tratam-se de atos administrativos ordenadores da adoção de conduta específica em


circunstâncias especiais. Exemplo: ordem de serviço determinadora de início de obra pública.

Ofícios: são especificamente, atos administrativos que se responsabilizam pela formalização da comuni-
cação de forma escrita e oficial existente entre os diversos órgãos públicos, bem como de entidades adminis-
trativas como um todo. Exemplo: requisição de informações necessárias para a defesa do Estado em juízo por
meio de ofício enviado pela Procuradoria do Estado à Secretaria de Saúde.

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Despachos: são atos administrativos eivados de poder decisório ou apenas de mero expediente praticados
em processos administrativos. Exemplo: quando da ocorrência de processo disciplinar, é emitido despacho
especifico determinando a oitiva de testemunhas.

• Atos negociais
Também chamados de atos receptícios, são atos administrativos de caráter administrativo editados a pedido
do particular, com o fulcro de viabilizar o exercício de atividade específica, bem como a utilização de bens pú-
blicos. Nesse ato, a vontade da Administração Pública é pertinente com a pretensão do particular. Fazem parte
desta categoria, a licença, a permissão, a autorização e a admissão. Vejamos:

a) Licença: possui algumas características. São elas:


— Ato vinculado: desde que sejam preenchidos os requisitos legais por parte do particular, o Poder Público
deverá editar a licença;
— Ato de consentimento estatal: ato por meio do qual a Administração se torna conivente com o exercício
da atividade privada como um todo;
— Ato declaratório: ato que reconhece o direito subjetivo do particular, vindo a autorizar a habilitação do seu
exercício.

b) Permissão: trata-se de ato administrativo discricionário dotado da permissão do exercício de atividades


específicas realizadas pelo particular ou, ainda, o uso privativo de determinado bem público. Exemplo: a per-
missão para uso de bem público específico.
A permissão é dotada de características essenciais. São elas:
— Ato de consentimento estatal: ato por meio do qual a Administração Pública concorda com o exercício da
atividade privada, bem como da utilização de bem público por particulares;
— Ato discricionário: ato por intermédio do qual a autoridade administrativa é dotada de liberdade de análise
referente à conveniência e à oportunidade do ato administrativo;
— Ato constitutivo: ato por meio do qual, o particular possui somente expectativa de direito antes da edição
do ato, e não apenas de direito subjetivo ao ato.

c) Autorização: é detentora de características iguais às da permissão, vindo a constituir ato administrativo


discricionário permissionário do exercício de atividade específica pelo particular ou, ainda, o uso particular de
bem público. Da mesma forma que a permissão, a autorização possui como características: o ato de consenti-
mento estatal, o ato discricionário e o ato constitutivo.

d) Admissão: trata-se de ato administrativo vinculado portador do reconhecimento do direito ao recebimen-


to de serviço público específico pelo particular, que deve ser editado na hipótese na qual o particular preencha
devidamente os requisitos legais

• Atos enunciativos
São atos administrativos que expressam opiniões ou, ainda, que certificam fatos no campo da Admi-
nistração Pública. A doutrina reconhece como espécies de atos enunciativos: os pareceres, as certidões, os
atestados e o apostilamento. Vejamos:

a) Pareceres: são atos administrativos que buscam expressar a opinião do agente público a respeito de
determinada questão de ordem fática, técnica ou jurídica. Exemplo: no curso de processo de licenciamento
ambiental é apresentado parecer técnico.
De forma geral, a doutrina pondera a existência de três espécies de pareceres. São eles:
1) Parecer facultativo: esta espécie não é exigida pela legislação para formulação da decisão administrativa.
Ao ser elaborado, não vincula a autoridade competente;

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2) Parecer obrigatório: é o parecer que deve ser necessariamente elaborado nas hipóteses mencionadas
na legislação, mas a opinião nele contida não vincula de forma definitiva a autoridade responsável pela decisão
administrativa, que pode contrariar o parecer de forma motivada;
3) Parecer vinculante: é o parecer que deve ser elaborado de forma obrigatória contendo teor que vincule a
autoridade administrativa com o dever de acatá-lo.

b) Certidões: tratam-se de atos administrativos que possuem o condão de declarar a existência ou inexis-
tência de atos ou fatos administrativos. As certidões são atos que retratam a realidade, porém, não são capazes
de criar ou extinguir relações jurídicas.
*Nota importante: o art. 5, XXXIV, “b”, da Constituição Federal consagra o direito de certidão no âmbito de
direitos fundamentais, no qual assegura a todo e qualquer cidadão interessado, independentemente do paga-
mento de taxas, “a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de
situações de interesse pessoal”.

c) Atestados: tratam-se de atos administrativos similares às certidões, posto que também declaram a exis-
tência ou inexistência de fatos. Entretanto, os atestados não se confundem com as certidões, uma vez que nas
certidões, o agente público utiliza-se do ato de emitir declaração sobre ato ou fato constante dos arquivos públi-
cos, ao passo que os atestados se incumbem da tarefa de retratar fatos que não constam de forma antecipada
dos arquivos da Administração Pública.

d) Apostilamento: tratam-se atos administrativos que possuem o objetivo de averbar determinados fatos
ou direitos reconhecidos pela norma jurídica como um todo. Como exemplo, podemos citar o apostilamento, via
de regra, feito no verso da última página dos contratos administrativos, da variação do valor contratual advinda
de reajuste previsto no contrato, nos parâmetros do art. 65, § 8.°, da Lei 8.666/1993, Lei de Licitações.

• Atos punitivos
Também chamados de atos sancionatórios, os atos punitivos são aqueles que atuam na restrição de direi-
tos, bem como de interesses dos administrados que vierem a atuar em desalento com a ordem jurídica de modo
geral. Entretanto, exige-se, de qualquer forma, o devido respeito à ampla defesa e ao contraditório na edição
de atos punitivos, nos trâmites do art. 5.°, LV, da Constituição Federal Brasileira, bem como que as sanções
administrativas tenham previsão legal expressa cumprindo os ditames do princípio da legalidade.
Podemos dividir as sanções em dois grupos:
1) Sanções de polícia: de modo geral são aplicadas com supedâneo no poder de polícia, bem como são
relacionadas aos particulares em geral. Exemplo: multa de trânsito.
2) Sanções funcionais ou disciplinares: são aplicadas com embasamento no poder disciplinar aos servido-
res públicos e às demais pessoas que se encontram especialmente vinculadas à Administração Pública. Exem-
plo: reprimenda imposta à determinada empresa contratada pela Administração.
Em relação aos atos punitivos, pode-se citar como exemplos, as multas, as interdições de atividades, as
apreensões ou destruições de coisas e as sanções disciplinares. Vejamos resumidamente cada espécie:

Multas: tratam-se de sanções pecuniárias que são impostas aos administrados.

Interdições de atividades: são atos que proibitivos ou suspensivos do exercício de atividades diversas.

Apreensão ou destruição de coisas: cuidam-se de sanções aplicadas pela Administração relacionadas às


coisas que colocam a população em risco.
Ressalta-se que em se tratando de perigo público iminente, a autoridade pública deterá o poder de destruir
as coisas nocivas à coletividade, havendo ou não, processo administrativo prévio, situação hipotética na qual
a ampla defesa será delongada para momento posterior. Entretanto, estando ausente a urgência da medida,
denota-se que a sua aplicação dependerá da formalização feita de forma prévia no processo administrativo,
situação por intermédio da qual, a ampla defesa será postergada para momento ulterior.

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Sanções disciplinares: também chamadas de sanções funcionais, as sanções disciplinares são aplicadas
aos servidores públicos e aos administrados possuidores de relação jurídica especial com a Administração Pú-
blica, desde que tenha sido constatada a violação ao ordenamento jurídico, bem como aos termos do negócio
jurídico. Um exemplo disso, é a demissão de servidor público que tenha cometido falta grave.
*Nota importante: Diferentemente das sanções aplicadas aos particulares, de modo geral, no exercício
do poder de polícia, as sanções disciplinares são aplicadas no campo das relações de sujeição especial de
administrados específicos do poder disciplinar da Administração Pública, como é o caso dos servidores e con-
tratados. Ao passo que as sanções de polícia são aplicadas para o exterior da Administração - as chamadas
sanções externas - as sanções disciplinares são aplicadas no interior da Administração Pública, - as denomi-
nadas sanções internas.

Extinção do ato administrativo


Diversas são as causas que causam e determinam a extinção dos atos administrativos ou de seus efeitos.
No entendimento de Celso Antônio Bandeira de Mello, o ato administrativo eficaz poderá ser extinto pelos se-
guintes motivos: cumprimento de seus efeitos, vindo a se extinguir naturalmente; desaparecimento do sujeito,
vindo a causar a extinção subjetiva, ou sendo do objeto, extinção objetiva; retirada do ato pelo Poder Público
e pela renúncia do beneficiário.
Nesse tópico trataremos do condizente a outras situações por meio das quais a extinção do ato administra-
tivo ou de seus efeitos ocorre pelo fato do Poder Público ter emitido novo ato que surtiu efeito extintivo sobre o
ato anterior. Isso pode ocorrer nas seguintes situações:

Cassação
É a supressão do ato pelo fato do destinatário ter descumprido condições que deveriam permanecer aten-
didas com o fito de dar continuidade à0situação jurídica. Como modalidade de extinção do ato administrativo,
a cassação relaciona-se ao ato que, mesmo sendo legítimo na sua origem e formação, tornou-se ilegal na sua
execução. Exemplo: cassação de uma licença para funcionamento de hotel que passou a funcionar ilegalmente
como casa de prostituição.
Vale ressaltar que um dos principais requisitos da cassação de um ato administrativo é a preeminente
necessidade de sua vinculação obrigatória às hipóteses previstas em lei ou norma similar. Desta forma, a
Administração Pública não detém o poder de demonstrar ou indicar motivos diferentes dos previstos para
justificar a cassação, estando, desta maneira, limitada ao que houver sido fixado nas referidas leis ou normas
similares. Esse entendimento, em geral, evita que os particulares sejam coagidos a conviver com extravagante
insegurança jurídica, posto que, a qualquer momento a administração estaria apta a propor a cassação do ato
administrativo.
Relativo à sua natureza jurídica, sendo a cassação considerada como um ato sancionatório, uma vez que a
cassação só poderia ser proposta contra particulares que tenham sido flagrados pelos agentes de fiscalização
em descumprimento às condições de subsistência do ato, bem como por ato revisional que implicasse audito-
ria, acoplando até mesmo questões relativas à intercepção de bases de dados públicas.
Vale ressaltar que a cassação e a anulação possuem efeitos parecidos, porém não são equivalentes, uma
vez que a cassação advém do não cumprimento ou alteração dos requisitos necessários para a formação ou
manutenção de uma situação jurídica, ao passo que a anulação tem parte quando é verificado que o defeito do
ato ocorreu na formação do ato.

Anulação
É a retirada ou supressão do ato administrativo, pelo motivo de ele ter sido produzido com ausência de
conformidade com a lei e com o ordenamento jurídico. A anulação é resultado do controle de legalidade ou legi-
timidade do ato. O controle de legalidade ou legitimidade não permite que se aprofunde na análise do mérito do
ato, posto que, se a Administração contiver por objetivo retirar o ato por razões de conveniência e oportunidade,
deverá, por conseguinte, revogá-lo, e não o anular.
Diferentemente da revogação, que mantém incidência somente sobre atos discricionários, a anulação pode
atingir tanto os atos discricionários quanto os vinculados. Isso que é explicado pelo fato de que ambos deterem
a prerrogativa de conter vícios de legalidade.

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Em relação à competência, a anulação do ato administrativo viciado pode ser promovida tanto pela Admi-
nistração como pelo Poder Judiciário.
Muitas vezes, a Administração anula o seu próprio ato. Quando isso acontece, dizemos que ela agiu com
base no seu poder de autotutela, devidamente paramentado nas seguintes Súmulas do STF:

PODER DE AUTOTUTELA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


A Administração Pública pode declarar a nulidade dos
SÚMULA 346 seus próprios atos.
A Administração pode anular seus próprios atos,
quando eivados de vícios que os tornam ilegais, por-
que deles não se originam direitos; ou revogá-los, por
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados
SÚMULA 473 os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os ca-
sos, a apreciação judicial.

Assim, percebe-se que o instituto da autotutela pode ser invocado para anular o ato administrativo por mo-
tivo de ilegalidade, bem como para revogá-lo por razões de conveniência e oportunidade.
A anulação do ato administrativo pode se dar de ofício ou por provocação do interessado.
Tendo em vista o princípio da inércia Poder Judiciário, no exercício de função jurisdicional, este apenas
poderá anular o ato administrativo havendo pedido do interessado.
Destaque-se que a anulação de ato administrativo pela própria Administração, somente pode ser realizada
dentro do prazo legalmente estabelecido. À vista da autonomia administrativa atribuída de forma igual à União,
Estados, Distrito Federal e Municípios, cada uma dessas esferas tem a possibilidade de, observado o princípio
da razoabilidade e mediante legislação própria, fixar os prazos para o exercício da autotutela.
Em decorrência do disposto no art. 54 da Lei 9.784/1999, no âmbito federal, em razão do direito de a Ad-
ministração anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários de boa-fé,
o prazo de anulação decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados. Infere-se que como tal
norma não possui caráter nacional, não há impedimentos para a estipulação de prazos diferentes em outras
esferas.
Revogação
É a extinção do ato administrativo válido, promovido pela própria Administração, por motivos de conve-
niência e oportunidade, sendo que o ato é suprimido pelo Poder Público por motivações de conveniência e
oportunidade, sempre relacionadas ao atendimento do interesse público. Assim, se um ato administrativo legal
e perfeito se torna inconveniente ao interesse público, a administração pública poderá suprimi-lo por meio da
revogação.
A revogação resulta de um controle de conveniência e oportunidade do ato administrativo promovido pela
própria Administração que o editou.
É fundamental compreender que a revogação somente pode atingir os atos administrativos discricionários.
Isso ocorre por que quando a administração está à frente do motivo que ordena a prática do ato vinculado, ela
deve praticá-lo de forma obrigatória, não lhe sendo de forma alguma, facultada a possibilidade de analisar a
conveniência e nem mesmo a oportunidade de fazê-lo. Desta maneira, não havendo possibilidade de análise
de mérito para a edição do ato, essa abertura passará a não existir para que o ato seja desfeito pela revogação.
Mesmo não se submetendo a qualquer limite de prazo, a princípio, a revogação do ato administrativo pode
ser realizada a qualquer tempo. Nesse sentido, a doutrina infere a existência de certos limites ao poder de re-
vogar. Nos dizeres de Maria Sylvia Zanella Di Pietro12, não são revogáveis os seguintes atos:

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a) Os atos vinculados, porque sobre eles não é possível a análise de conveniência e oportunidade;

b) Os atos que exauriram seus efeitos, como a revogação não retroage e os atos já produziram todos os
efeitos que lhe seriam próprios, não há que falar em revogação; é o que ocorre quando transcorre o prazo de
uma licença concedida ao servidor público, após o gozo do direito, não há como revogar o ato;

c) Quando a prática do ato exauriu a competência de quem o praticou, o que ocorre quando o ato está
sob apreciação de autoridade superior, hipótese em que a autoridade inferior que o praticou deixou de ser com-
petente para revogá-lo;

d) Os meros atos administrativos, como certidões, atestados, votos, porque os efeitos deles decorrentes
são estabelecidos pela lei;

e) Os atos que integram um procedimento, porque a cada novo ato ocorre a preclusão com relação ao
ato anterior;

f) Os atos que geram direitos a terceiros, (o chamado direito adquirido), conforme estabelecido na Sú-
mula 473 do STF.
Convalidação
É a providência tomada para purificar o ato viciado, afastando por sua vez, o vício que o maculava e man-
tendo seus efeitos, inclusive aqueles que foram gerados antes da providência saneadora. Em sentido técnico, a
convalidação gera efeitos ex tunc, uma vez que retroage à data da edição do ato original, mantendo-lhe todos
os efeitos.
Sendo admitida a convalidação, a convalidação perderia sua razão de ser, equivalendo em tudo a uma anu-
lação, apagando os efeitos passados, seguida da edição de novo ato que por sua vez, passaria a gerar os seus
tradicionais efeitos prospectivos.
Por meio da teoria dualista é admitida a existência de vícios sanáveis e insanáveis, bem como de atos ad-
ministrativos nulos e anuláveis.
À vista da atual predominância doutrinária, a teoria dualista foi incorporada formalmente à legislação bra-
sileira. Nesse diapasão, o art. 55 da Lei 9.784/1999 atribui à Administração pública a possibilidade de convali-
dar os atos que apresentarem defeitos sanáveis, levando em conta que tal providência não acarrete lesão ao
interesse público nem prejuízo a terceiros. Embora tal regra seja destinada à aplicação no âmbito da União, o
mesmo entendimento tem sido aplicado em todas as esferas, tanto em decorrência da existência de dispositivo
similar nas leis locais, quanto mediante analogia com a esfera federal e também com fundamento na prevalên-
cia doutrinária vigente.
Assim, é de suma importância esclarecermos que a jurisprudência tem entendido que mesmo o ato nulo
pode, em determinadas lides, deixar de ter sua nulidade proclamada em decorrência do princípio da segurança
jurídica.

Decadência Administrativa
O instituto da decadência consiste na perda efetiva de um direito existente, pela falta de seu exercício, no
período de tempo determinado em lei e também pela vontade das próprias partes e, ainda no fim de um direito
subjetivo em face da inércia de seu titular, que não ajuizou uma ação constitutiva no prazo estabelecido pela lei.
Celso Antônio Bandeira de Mello considera esse instituto como sendo a “perda do próprio direito, em si,
por não o utilizar no prazo previsto para o seu exercício, evento, este, que sucede quando a única forma de
expressão do direito coincide conaturalmente com o direito de ação”. Ou seja, “quando o exercício do direito se
confunde com o exercício da ação para manifestá-lo”.
Nos trâmites do artigo 54 da Lei 9.784/99, encontramos o disposto legal sobre a decadência do direito de
a administração pública anular seus próprios atos, a partir do momento em que esses vierem a gerar efeitos
favoráveis a seus destinatários. Vejamos:

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Artigo 54. O direito da administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis
para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-
-fé.
§ 1° - No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do pri-
meiro pagamento.
§ 2° - Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que importe
impugnação à validade do ato.”
O mencionado direito de anulação do ato administrativo decai no prazo de cinco anos, contados da data
em que o ato foi praticado. Isso significa que durante esse decurso, o administrado permanecerá submetido a
revisões ou anulações do ato administrativo que o beneficia.
Entretanto, após o encerramento do prazo decadencial, o administrado poderá ter suas relações com a
administração consolidadas contando com a proteção da segurança jurídica.
Anote-se que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Mandado de Segurança 28.953, adotou o se-
guinte entendimento sobre a matéria na qual o ministro Luiz Fux desta forma esclareceu:

“No próprio Superior Tribunal de Justiça, onde ocupei durante dez anos a Turma de Direito Público, a minha
leitura era exatamente essa, igual à da ministra Carmen Lúcia; quer dizer, a administração tem cinco anos para
concluir e anular o ato administrativo, e não para iniciar o procedimento administrativo. Em cinco anos tem que
estar anulado o ato administrativo, sob pena de incorrer em decadência (grifo aditado). Eu registro também
que é da doutrina do Supremo Tribunal Federal o postulado da segurança jurídica e da proteção da con-
fiança, que são expressões do Estado Democrático de Direito, revelando-se impregnados de elevado
conteúdo ético, social e jurídico, projetando sobre as relações jurídicas, inclusive, as de Direito Público.
De sorte que é absolutamente insustentável o fato de que o Poder Público não se submente também a
essa consolidação das situações eventualmente antijurídicas pelo decurso do tempo.”
Destaca-se que ao afirmar que a Administração Pública dispõe de cinco anos para anular o ato administrati-
vo, o ministro Luiz Fux promoveu maior confiabilidade na relação entre o administrado e Administração Pública,
suprimindo da administração o poder de usar abusivamente sua prerrogativa de anulação do ato administrativo,
o que proporciona maior equilíbrio entre as partes interessadas.
Em resumo, é de grande importância o posicionamento adotado pela Corte Suprema, levando em conta
que ao mesmo só tempo, propicia maior segurança jurídica e respeita a regra geral de contagem do prazo de-
cadencial.

Exercícios

1. CESPE / CEBRASPE — 2022 — AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO


Fábio é pessoa com deficiência, exerce cargo público de professor em universidade pública estadual e pre-
tende prestar concurso público para emprego público de professor em empresa pública federal, porém o edital
não prevê percentual de vaga reservado para pessoas com deficiência. O prazo de validade desse concurso é
de um ano, conforme previsto no edital.
Considerando a situação hipotética apresentada, julgue o item a seguir.
A Constituição Federal de 1988 não prevê a reserva de percentual dos cargos e empregos públicos para
pessoas com deficiência.
( ) CERTO
( ) ERRADO
Resposta correta: ERRADO
A Constituição assegura reserva de percentual dos cargos e empregos públicos para pessoas com deficiên-
cia, previsto no art. 37, VIII, da CF:

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Art. 37 (...)
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e
definirá os critérios de sua admissão;

2. VUNESP — 2021 — PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTOS/SP


Quanto ao direito de sindicalização dos servidores públicos, à luz da Constituição Federal, assinale a alter-
nativa correta.
(A) Os servidores públicos civis gozam de direito de sindicalização; quanto aos militares, há expressa proi-
bição.
(B) Os servidores, sejam eles civis ou militares, indistintamente, gozam do direito de sindicalização.
(C) Há expressa vedação do direito de sindicalização para aqueles que ostentam a condição de servidor
público.
(D) O direito de sindicalização dos servidores públicos não está previsto na Constituição Federal.
(E) Os servidores públicos militares gozam de direito de sindicalização; quanto aos civis, não há previsão
constitucional.
Resposta correta: A
Com relação ao direito de sindicalização dos servidores públicos, a Constituição Federal diz que:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte:            
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical;
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições
nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade su-
prema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e,
por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve;
Ou seja, os servidores públicos civis gozam de direito de sindicalização; quanto aos militares, há expressa
proibição.

3. VUNESP — 2021 — PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTOS/SP


Quanto ao direito de greve dos servidores públicos, assinale a alternativa correta.
(A) Foi regulamentado por lei complementar específica que se aplica aos servidores civis e militares.
(B) Trata-se de direito previsto na Constituição que, enquanto não for regulamentado, não poderá ser invo-
cado pelo servidor.
(C) Considerando a preponderância do interesse público sobre o interesse privado, trata-se de direito veda-
do aos servidores públicos.
(D) Enquanto não for regulamentado o direito de greve, decidiu o STF que aos servidores se aplica a norma
vigente para os trabalhadores em geral.
(E) Foi objeto de regulamentação pelo Poder Público, não se aplicando referidas normas aos servidores
militares.
Resposta correta: D
Com relação ao direito de greve dos servidores públicos, temos que a Constituição Federal estabelece o
seguinte:

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Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte:
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica;
Ocorre que ainda não existe lei especifica regulando o direito de greve dos servidores. Nesse sentido, deci-
diu o STF que aos servidores se aplica a norma vigente para os trabalhadores em geral.
(...) Considerada a omissão legislativa alegada na espécie, seria o caso de se acolher a pretensão, tão so-
mente no sentido de que se aplique a Lei 7.783/1989 enquanto a omissão não for devidamente regulamentada
por lei específica para os servidores públicos civis (CF, art. 37, VII). (...) [MI 708, rel. min. Gilmar Mendes, j. 25-
10-2007, P, DJE de 31-10-2008.]
No entanto, o direito de greve não é garantido para todos os servidores, pois é vedado aos policiais civis e
a todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança pública.
O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos os
servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança pública. É obrigatória a participação do poder
público em mediação instaurada pelos órgãos classistas das carreiras de segurança pública, nos termos do art.
165 do CPC, para vocalização dos interesses da categoria.
[ARE 654.432, rel. p/ o ac. min. Alexandre de Moraes, j. 5-4-2017, P, DJE de 11-6-2018, Tema 541.]

4. FUMARC — 2022 — TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DE MINAS GERAIS


As funções do agente de polícia judicial incluem a seguinte atividade estatal:
(A)Fomento.
(B)Jurisdição.
(C) Legislação.
(D) Polícia Administrativa.
(E) Polícia militar.
Resposta correta: D
a)Alternativa incorreta, visto que a polícia judicial atua dentro das sedes do Poder judiciário de modo a ga-
rantir a segurança desses estabelecimentos.
b)Alternativa incorreta, na verdade, segundo o art. 1º, §3º da Resolução nº 344/2020 do CNJ disciplina que o
exercício do Poder de polícia administrativa - que seria a atividade exercida pela polícia judicial - se destina
a assegurar a boa ordem dos trabalhos no Tribunal.
c)Alternativa incorreta, pois não se trata de uma atividade da polícia judicial.
d)Alternativa correta, segundo a Resolução nº 344 de 2020 do CNJ que regulamenta o exercício da polícia
judicial e administrativa, o exercício da polícia judicial é voltado para a materialização da segurança insti-
tucional do Poder Judiciário, de modo que os presidentes dos tribunais respondem pelo poder da polícia
administrativa do tribunal, cujo exercício se dará, dentre outros, pelos inspetores da polícia judicial.
e)Alternativa incorreta, são outras as incumbências da polícia militar, a polícia judicial, por usa vez, exerce
sua atividade dentro do Poder Judiciário.

5. FUMARC — 2022 — TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DE MINAS GERAIS


A Gratificação de Atividade de Segurança - GAS é devida
(A)aos magistrados e servidores sob proteção pessoal.
(B) aos servidores do Tribunal Regional do Trabalho.

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(C) aos servidores ocupantes do cargo de Técnico Judiciário, Área Administrativa, Especialidade Agente e
Inspetor da Polícia Judicial dos quadros de pessoal dos Tribunais Regionais do Trabalho.
(D) apenas aos gestores da Polícia judicial.
(E) apenas aos servidores ocupantes do cargo de Inspetor da Polícia Judicial dos quadros de pessoal dos
Tribunais Regionais do Trabalho.
Resposta correta: C
(A) Alternativa incorreta, tendo em vista que a gratificação é devida aos servidores ocupantes do cargo de
Técnico Judiciário, Área Administrativa, Especialidade Agente e Inspetor da Polícia Judicial dos quadros de
pessoal dos Tribunais Regionais do Trabalho.
(B) Alternativa incorreta, pois contraria o art. 34 da Resolução da CSJT n.º 337 de 26/08/22.
(C) Alternativa correta, com respaldo no art. 34 da Resolução da CSJT n.º 337 de 26/08/22:
Art. 34. A gratificação de atividade de Segurança - GAS é devida aos servidores ocupantes dos cargos de
Técnico e Analista judiciário, área administrativa, especialidades agente de Polícia Judicial e inspetor de
Polícia Judicial dos quadros de pessoal dos Tribunais Regionais do Trabalho.
(D) Alternativa incorreta, como mencionado anteriormente, não é devida apenas aos gestores da Polícia judi-
cial, mas também aos servidores ocupantes dos cargos de Técnico e Analista judiciário e área administrativa
dos Tribunais Regionais do Trabalho.
(E) Alternativa incorreta, com observação aos comentários anteriores, é devida também a outros servidores.

6. FUMARC — 2022 — TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DE MINAS GERAIS


O uso de equipamentos de proteção individual (EPI) pelo policial judicial:é
(A) componente do uniforme.
(B) incompatível com as funções.
(C) obrigatório durante todo o horário de serviço.
(D) permitido, a critério de cada agente.
(E) permitido, desde que tenham pertinência com os riscos e as atividades desempenhadas e não desca-
racterizem o uniforme.
Resposta correta: E
(A) Alternativa incorreta, tendo em vista que é trazido o conteúdo da alternativa de forma vaga. O EPI, na
verdade vem com intuito de ser instrumento para minimizar possíveis riscos da atividade.
(B) Alternativa incorreta, vez que que quando existe a necessidade do uso, se torna totalmente compatível
com as funções a serem exercidas.
(C) Alternativa incorreta, contrariando o art. 7º da Resolução nº 379 de 15/03/2021, que enfatiza que deve
ser utilizado quando tenham pertinência com os riscos e as atividades desempenhadas pelos inspetores e
agentes de Polícia Judicial.
(D) Alternativa incorreta, contrariando o art. 7º da Resolução nº 379 de 15/03/2021, mencionado na próxima
justificativa.
(E) Alternativa correta, reproduzindo o conteúdo do art. 7º da Resolução nº 379 de 15/03/2021:
Art. 7º É permitido o uso de equipamentos de proteção individual (EPI) desde que tenham pertinência com
os riscos e as atividades desempenhadas pelos(as) Inspetores(as) e pelos(pelas) Agentes da Polícia Judicial
e não descaracterizem o uniforme.

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7. FGV — 2022 — PREFEITURA MUNICIPAL DE MANAUS/AM
Fernando, servidor público do Município Alfa, conduzia veículo oficial em via pública, imprimindo velocidade
bem superior à permitida. Em razão da conduta culposa por imprudência, Fernando abalroou o carro de Moacir,
que sofreu danos materiais. Moacir ajuizou ação indenizatória em face do Município Alfa, e obteve sentença,
que acaba de transitar em julgado, com a procedência do pedido. Observado o texto constitucional e o enten-
dimento do Supremo Tribunal Federal, com intuito de ser ressarcido pelo prejuízo que sofreu, o Município Alfa
deve ajuizar ação regressiva em face de Fernando, com base em sua responsabilidade civil
(A) subjetiva, pois o agente público tem o dever de ressarcir os cofres públicos independentemente da
comprovação de ter agido com culpa ou dolo, incidindo no caso narrado a teoria do risco administrativo que
dispensa a comprovação do elemento subjetivo para fins de ressarcimento ao erário.
(B) subsidiária, pois o agente público tem o dever de ressarcir o erário municipal, independentemente de ter
agido com culpa ou dolo, incidindo no caso narrado a teoria da dupla garantia: a primeira para o particular
Moacir que teve assegurada a responsabilidade em face do Município; e a segunda para o servidor Fernan-
do, que somente responderá perante o ente público.
(C) objetiva, pois o agente público tem o dever de ressarcir o erário municipal, independentemente de ter
agido com dolo ou culpa, incidindo no caso narrado a teoria do risco administrativo que dispensa a compro-
vação do elemento subjetivo para fins de ressarcimento ao erário.
(D) subjetiva, pois o agente público tem o dever de ressarcir o erário municipal, porque agiu com culpa, in-
cidindo no caso narrado a teoria da dupla garantia: a primeira para o particular Moacir que teve assegurada
a responsabilidade objetiva, não necessitando comprovar dolo ou culpa de Fernando; e a segunda para o
servidor Fernando, que somente responderá perante o ente municipal.
(E) objetiva, pois o agente público tem o dever de ressarcir o erário municipal, porque agiu com culpa, inci-
dindo no caso narrado a teoria da dupla garantia: a primeira para o particular Moacir que teve assegurada
a responsabilidade subjetiva, não necessitando comprovar dolo ou culpa de Fernando; e a segunda para o
servidor Fernando, que somente responderá perante o ente municipal.
Resposta correta: D
A questão trata do assunto responsabilidade civil do Estado. O Artigo 37, § 6° da CRFB/88 efetiva a teoria
do risco administrativo – responsabilidade objetiva.
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos res-
ponderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de re-
gresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Sendo assim, Moacir, que sofreu danos materiais poderá ajuizar ação indenizatória em face do Município
Alfa sem a necessidade de demonstrar o dolo ou a culpa do servidor público causador do dano. Basta que ele
demonstre a conduta do servidor, o resultado e o nexo de causalidade entre a conduta e o resultado. (Respon-
sabilidade Objetiva)

Posteriormente, o Estado ajuizará ação regressiva contra o servidor, mas aqui o Estado deverá demonstrar
o dolo ou a culpa do servidor público Fernando, ou seja, na ação regressiva a responsabilidade do agente pú-
blico é subjetiva.
Sendo assim, gabarito letra D. O Município Alfa deve ajuizar ação regressiva em face de Fernando, com
base em sua responsabilidade civil subjetiva, pois o agente público tem o dever de ressarcir o erário municipal,
porque agiu com culpa, incidindo no caso narrado a teoria da dupla garantia: a primeira para o particular Moacir
que teve assegurada a responsabilidade objetiva, não necessitando comprovar dolo ou culpa de Fernando; e a
segunda para o servidor Fernando, que somente responderá perante o ente municipal.
“RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO: § 6º
DO ART. 37 DA MAGNA CARTA. ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM. AGENTE PÚBLICO (EX-PREFEI-
TO). PRÁTICA DE ATO PRÓPRIO DA FUNÇÃO. DECRETO DE INTERVENÇÃO.

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O § 6º do artigo 37 da Magna Carta autoriza a proposição de que somente as pessoas jurídicas de direito
público, ou as pessoas jurídicas de direito privado que prestem serviços públicos, é que poderão responder,
objetivamente, pela reparação de danos a terceiros. Isto por ato ou omissão dos respectivos agentes, agindo
estes na qualidade de agentes públicos, e não como pessoas comuns. Esse mesmo dispositivo constitucional
consagra, ainda, dupla garantia: uma, em favor do particular, possibilitando-lhe ação indenizatória contra a
pessoa jurídica de direito público, ou de direito privado que preste serviço público, dado que bem maior, pratica-
mente certa, a possibilidade de pagamento do dano objetivamente sofrido. Outra garantia, no entanto, em prol
do servidor estatal, que somente responde administrativa e civilmente perante a pessoa jurídica a cujo quadro
funcional se vincular. Recurso extraordinário a que se nega provimento.” (RE 327.904, rel. Ministro CARLOS
BRITTO, 1ª. Turma, 15.08.2006)

8. FCC — 2022 — TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DO PARANÁ


Estevão Caprichoso foi convidado para assumir a posição de diretor estatutário em um banco estatal, cons-
tituído na forma de sociedade de economia mista federal e que independe de recursos do tesouro para paga-
mento de pessoal e para despesas de custeio em geral. A propósito do regime jurídico de tal posição, Estevão
(A) deve firmar contrato de trabalho, regido pela CLT, como qualquer outro empregado da empresa, segundo
jurisprudência consolidada.
(B) está submetido às normas da Lei n° 8.112/1990.
(C) deverá ser obrigatoriamente um empregado de carreira da empresa estatal.
(D) não estará submetido ao teto remuneratório previsto no inciso XI do art. 37 da Constituição Federal de
1988.
(E) deve ser brasileiro nato, para que possa tomar posse.
Resposta correta: D
A questão traz uma situação hipotética em que Estevão foi convidado para assumir a posição de diretor es-
tatutário em um banco estatal, constituído na forma de sociedade de economia mista federal e que independe
de recursos do tesouro para pagamento de pessoal e para despesas de custeio em geral.
A propósito do regime jurídico de tal posição, Estevão não estará submetido ao teto remuneratório previsto
no inciso XI do art. 37 da Constituição Federal de 1988. Veja:
Art. 37 § 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às sociedades de economia mista, e
suas subsidiárias, que receberem recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para
pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral.  
Como a questão deixa claro que a sociedade de economia mista federal independe de recursos do tesouro
para pagamento de pessoal e para despesas de custeio em geral, não se aplica a Estevão a regra do teto re-
muneratório.

9. FGV — 2022 — CGU


Caio recebeu o convite no mês de outubro de 2021 para exercer o cargo em comissão de titular de unidade
setorial de correição (corregedor) de um órgão público do Poder Executivo Federal.
Considerando que Caio possui nível de escolaridade superior em Direito, é correto afirmar que:
(A) não pode ser integrante da carreira de Finanças e Controle;
(B) seu nome não precisa ser submetido previamente à apreciação do órgão central do Sistema de Correi-
ção;
(C) caso seja nomeado, Caio disporá de um mandato de três anos, salvo disposição legal específica;
(D) caso seja servidor da Administração Pública Federal, não serão assegurados os direitos e vantagens a
que faça jus na respectiva carreira de origem no período em que exercer o cargo em questão;

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(E) pode ser ex-servidor ou ex-empregado permanente aposentado no exercício do cargo ou emprego da
carreira de Finanças e Controle ou do órgão ou entidade para o qual será nomeado ou designado.
Resposta correta: E
A questão esclarece que Caio recebeu o convite no mês de outubro de 2021 para exercer o cargo em co-
missão de titular de unidade setorial de correição (corregedor) de um órgão público do Poder Executivo Federal.
Considerando que Caio possui nível de escolaridade superior em Direito, é correto afirmar que pode ser ex-
-servidor ou ex-empregado permanente aposentado no exercício do cargo ou emprego da carreira de Finanças
e Controle ou do órgão ou entidade para o qual será nomeado ou designado. Veja o que prevê o o decreto nº
5.480/2005, que dispõe sobre o sistema de correição do poder executivo federal, com alterações dadas pelo
decreto nº 10.768, de 2021.
Art. 8º Os cargos em comissão e as funções de confiança dos titulares das unidades setoriais de correição
são privativos daqueles que possuam nível de escolaridade superior e sejam:
I - servidores ou empregados permanentes da administração pública federal:
a) graduados em Direito;
b) integrantes da carreira de Finanças e Controle; ou
c) integrantes do quadro permanente de órgão ou entidade; ou
II - ex-servidor ou ex-empregado permanente aposentado no exercício de cargo ou emprego:
a) da carreira de Finanças e Controle; ou
b) do órgão ou da entidade para o qual será nomeado ou designado.

10. FGV — 2022 — CGU


Maria foi designada coordenadora de uma equipe cuja missão é conduzir um trabalho de avaliação da con-
formidade da contratação e execução de uma obra de grande vulto. Compete a Maria:
(A) selecionar auditores que detenham, coletivamente, a proficiência necessária para realizar o trabalho com
êxito;
(B) garantir que a auditoria seja realizada de acordo com as normas e práticas de auditoria aplicáveis;
(C) aprovar o programa de trabalho e autorizar eventuais alterações;
(D) revisar os papéis de trabalho e certificar-se de que sustentam os achados e as conclusões alcançadas
pela equipe;
(E) liderar a execução do trabalho, de forma a garantir o cumprimento do planejamento.
Resposta correta: E
A questão esclarece que Maria foi designada coordenadora de uma equipe cuja missão é conduzir um tra-
balho de avaliação da conformidade da contratação e execução de uma obra de grande vulto. Nessas circuns-
tâncias, compete a Maria liderar a execução do trabalho, de forma a garantir o cumprimento do planejamento.
Veja o que prevê o Manual de Orientações Técnicas da Atividade de Auditoria Interna Governamental do Poder
Executivo Federal - MOT 2017
Disponível em https://www.gov.br/cgu/:
“O coordenador de equipe é um auditor, em geral, mais experiente, e que possui perfil e competência profis-
sional adequados para auxiliar na realização dos trabalhos em conformidade com os padrões e os requisitos de
qualidade estabelecidos. Adicionalmente, atua como facilitador da interação da UAIG com a Unidade Auditada
durante o trabalho de auditoria.
Atribuições relativas à função de supervisão dos trabalhos geralmente compreendem, além daquelas relati-
vas aos auditores internos governamentais:
a) auxiliar na elaboração do cronograma de atividades e zelar pelo seu cumprimento;
b) liderar a execução do trabalho, de forma a garantir o cumprimento do planejamento;

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c) participar da elaboração do programa de trabalho e, quando necessário, apresentar sugestões de altera-
ções do planejamento ao supervisor;
d) manter interlocução com a Unidade Auditada e atender aos seus servidores/funcionários e dirigentes,
sobretudo para esclarecer o conteúdo de documentos emitidos durante o trabalho de auditoria;
e) assegurar-se de que os documentos de comunicação da UAIG com a Unidade Auditada atendam aos
parâmetros contidos neste documento e nos demais normativos aplicáveis;
f) acompanhar os integrantes da equipe de auditoria na aplicação de testes que demandem interação com os
gestores ou servidores/funcionários da Unidade Auditada, tais como entrevistas ou aplicações de questioná-
rios; g) solicitar a intervenção do supervisor sempre que esta seja necessária para assegurar o cumprimento
das normas, das orientações, a segurança da equipe e a solução de eventuais conflitos.”

11. VUNESP — 2022 — POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE SÃO PAULO


Considere que a Assembleia Legislativa aprovou lei que concede adicional a militares, em função da dedi-
cação completa e exclusiva à corporação. O adicional foi escalonado em valores diversos e progressivos, de
acordo com os graus hierárquicos ocupados pelos agentes. Um dos militares que integra categoria localizada
em posição inferior na estrutura hierárquica propôs ação solicitando a concessão do benefício no valor máximo.
De acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e tendo por base a situação hipotética, é correto
afirmar que
(A) embora a concessão de gratificações da mesma natureza não possa ser realizada de forma escalonada
pelo legislador, considerando exclusivamente o nível hierárquico do servidor público, o Poder judiciário não
pode conceder o benefício com base no princípio da isonomia.
(B) o reajuste, quando não tiver por base o desempenho de atribuição específica, deve ser interpretado
como revisão geral de remuneração e estendido a todos os militares.
(C) a gradação definida em lei deve ser respeitada, pois não fere o princípio da isonomia, considerando-se
o próprio escalonamento da carreira militar e o nível de atribuições e responsabilidades de cada posto ocu-
pado.
(D) o pedido será deferido, tendo em vista que a dedicação completa e exclusiva à corporação é carac-
terística de todos os militares e, portanto, o reajuste no percentual máximo deve ser conferido a todos os
integrantes da corporação.
(E) os princípios da hierarquia e disciplina, que estruturam a organização das Forças Armadas, não podem
ser levados em consideração para fins de definição da estrutura remuneratória, especialmente se o adicional
possuir natureza indenizatória.
Resposta correta: C
Conforme decidiu o STF, o escalonamento de adicional pago a militares não afronta o princípio da isonomia.
Veja:
RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. ADMINISTRATIVO. MILITAR. ADICIONAL DE COMPEN-
SAÇÃO POR DISPONIBILIDADE MILITAR. LEI 13.954/2019. ESCALONAMENTO CONFORME POSTO OU
GRADUAÇÃO. PEDIDO DE APLICAÇÃO, INDISTINTAMENTE, DO MAIOR PERCENTUAL PREVISTO EM
LEI. ORGANIZAÇÃO HIERÁRQUICA DAS FORÇAS ARMADAS. OFENSA AO PRINCÍPIO DA ISONOMIA.
INEXISTÊNCIA. AUMENTO DE VENCIMENTOS PELO PODER JUDICIÁRIO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA
VINCULANTE 37. ACÓRDÃO RECORRIDO EM CONSONÂNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL. MULTIPLICIDADE DE RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS.CONTROVÉRSIA CONSTI-
TUCIONAL DOTADA DE REPERCUSSÃO GERAL. REAFIRMAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL. AGRAVO CONHECIDO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO DESPROVIDO.
(...)
A criação do Adicional de Compensação por Disponibilidade Militar, na forma trazida pela Lei n.º 13.954/2019,
não pode ser interpretada como revisão remuneratória geral, como aventado na inicial.
(...)

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A previsão de percentuais escalonados para o pagamento do adicional de compensação por disponibilidade
militar, conforme posto ou graduação do militar, não constitui justificativa juridicamente hábil a motivar a inter-
ferência do Poder Judiciário na criação de hipótese nova, qual seja, a majoração dos vencimentos da carreira
dos servidores militares, mediante a extensão do percentual máximo previsto na norma a todos os militares.
A opção pela adoção de valores variáveis a depender do cargo ocupado representa escolha essencialmente
política, baseada nas características próprias da carreira, tarefas desempenhadas, grau de responsabilidade,
entre outros, que somente cabe aos Poderes Executivo (que detém a iniciativa de lei) e Legislativo analisarem.
Cumpre esclarecer que, sendo as Forças Armadas constitucionalmente estruturadas sobre os pilares da
hierarquia e da disciplina, a diferenciação de percentuais para pagamento da vantagem em discussão não
ofende o princípio da isonomia, senão a aplica com a consideração basilar dos dois princípios referidos.
A diferenciação entre os percentuais para graduações e postos diferentes é condizente com a estrutura hie-
rarquizada de reconhecimento de antiguidade e mérito das Forças Armadas (art. 2º, Lei n. 6.880/1980).
(...) (STF - ARE: 1341061 SC 5015820-55.2020.4.04.7200, Relator: MINISTRO PRESIDENTE, Data de
Julgamento: 14/10/2021, Tribunal Pleno, Data de Publicação: 31/03/2022)
Portanto, gabarito letra C: “a gradação definida em lei deve ser respeitada, pois não fere o princípio da iso-
nomia, considerando-se o próprio escalonamento da carreira militar e o nível de atribuições e responsabilidades
de cada posto ocupado.”

12. CESPE / CEBRASPE — 2021 — CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE ALAGOAS


A respeito dos atos administrativos e dos agentes públicos, julgue o item a seguir.
Os militares dos corpos de bombeiros militares dos estados e do Distrito Federal e os servidores públicos
civis titulares de cargos de provimento efetivo são considerados agentes públicos, porém, embora possuam
vínculos estatutários, eles estão sujeitos a regime jurídico próprio.
( ) CERTO
( ) ERRADO
Resposta correta: CERTO
Os militares do corpo de bombeiros e também os servidores públicos civis ocupam cargo efetivo, sendo
portanto regidos pelo regime jurídico próprio, conforme definido pela norma Constitucional. O fato de serem
regidos por estatutos diferentes, pois de uma lado temos o militar e de outro o civil, não afeta a aplicação do
regime jurídico próprio.

13. CESPE / CEBRASPE — 2021 — CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE ALAGOAS


A respeito dos atos administrativos e dos agentes públicos, julgue o item a seguir.
Servidor estatutário que exerce função comissionada concomitantemente ao exercício do cargo efetivo po-
derá ser exonerado da função comissionada sem necessidade de motivação, submetendo-se exclusivamente
à conveniência e à oportunidade da administração.
( ) CERTO
( ) ERRADO
Resposta correta: CERTO
O cargo comissionado possui precariedade, ou seja, é de livre nomeação e de livre exoneração. Assim, não
se faz necessário que o Administrador motive sua decisão.
Na tentativa de confundir, a banca informa que o ocupante do cargo comissionado, ocupa também um cargo
efetivo, mas isso não interfere o mérito administrativo, conveniência e oportunidade.

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14. CESPE / CEBRASPE— 2022 — SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE PERNAMBUCO
Em relação aos poderes administrativos, julgue o item que se segue.
O servidor público deve obediência ao seu superior hierárquico, mesmo diante de uma ordem manifesta-
mente ilegal.
( ) CERTO
( ) ERRADO
Resposta correta: ERRADO
Alternativa ERRADA. Conforme prevê o Estatuto funcional do Estado de Pernambuco - Lei estadual 6.123/68.
Art. 193 - São deveres do funcionário, além do desempenho das tarefas cometidas em razão do cargo ou
função.
[...]
VI - obediência às ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais;
O servidor público deve obediência ao seu superior hierárquico, mesmo diante de uma ordem manifesta-
mente ilegal.

15. CESPE / CEBRASPE — 2022 — SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE PERNAMBUCO


Considerando as disposições do Estatuto do Servidor Público do Estado de Pernambuco, julgue o item
subsequente.
É vedada a acumulação remunerada de um cargo de professor com outro cargo técnico ou científico, mas
não a de dois cargos de professor.
( ) CERTO
( ) ERRADO
Resposta correta: ERRADO
Alternativa ERRADA de acordo com a Lei nº 6.123/1968 Estatuto do Servidor Público do Estado de Per-
nambuco.
Art. 190 - É vedada a acumulação remunerada exceto:
I - a de Juiz e um cargo de professor;
II - a de dois cargos de professor;
III - a de um cargo de professor com outra técnico ou científico;
IV - a de dois cargos privativos de médico.

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