Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
As Hipoteses Sobre o Centro de Origem e Rotas de Expansao Dos Tupi (Noelli 1996)
As Hipoteses Sobre o Centro de Origem e Rotas de Expansao Dos Tupi (Noelli 1996)
O inte resse e1n exp lica r c ientifica 1ne nte a enorme di spersão territorial
do s T upi surgiu pela pri 1neira vez e1n 1838 e se mantém , sendo uma
questão quase int eira 1nen te abe rta à pesqui sa e ao debate. At é o n10-
mento te1n hav ido consenso sobre a existência de u1n centro de ori-
gem comu m , do qual os T upi se dista nc iara 1n para várias direç ões e
se diferenciara1n , por 1neio de processo s hi stór ico-culturais di stint os.
Ma ntivera 1n , porén1 , d iversas ca rac ter ísticas cultura is co1nuns.
1-<'R\NCtso Nou .11.Rcn AS DE EXPA NSÃO Do s Tui>1
'f al co nsen so, entreta nto, re fe re-se apenas ú existência de uni cen-
tro e de distintas rotas de expa nsão. Não há consenso quanto à loca-
lização geográ fica desse cen tro e quanto à direção das ro tas .
Atrav és de uni histórico das pesqu isas sobre os dois temas, o obje-
tivo deste artigo é resenhar e disc utir as hipóteses sobre o centro de
origen1 e as rotas de expansão dos Tupi, 1nostrando que hou ve 1na is
recorrências à pri n1cira hipótese e ben1 1nc nos pesquisas e1n busca de
provas científica~. Para lela n1entc, 1nost rand o o estado e 1n que se en-
contra a questão, pretende-se aprese ntar sobretudo as interpretações
surgidas a partir de 1960 , quando foran1 incorporados dados arqueo -
lógicos (loca lização de sítios/datações radiocarbônicas e tern1olu1nines-
centcs) e lingüísticos (glotoc ronologia e relações entre as línguas). Ao
111es1notcn1po, n1inha intenção ta1nbé1n é mostrar que:
A) Há elen ientos suficientes para dar consistência ao estabelecin1en-
to de relações diretas ligando grupos Tupi pré-históricos aos históricos,
criando as bases científicas para co n1precnder globaln1ente suas origens,
con tinuidades, n1udanças e/ou desaparecin1ento.
B) É itnportantc que se passe a considerar a crono logia arqueológi-
ca, nos casos en1 que é poss ível, a partir das dataçõ es racliocarbônicas,
abandonando-se as te1nporalidades propostas no século XIX, con10 a
suges tão de que a expansão teria ocorrido pouco antes do século XVI.
/
-8-
R i::v 1ST/\ DE ANTROPOLOGIA, Si\o PAULO,USP, 1996, v. 39 nº 2.
Os Tupi
Por Tupi designa-se u1n tronco lingüístico que engloba aproxin1adamente
41 línguas que se expandira1n, há vários 1nilênios, pelo leste da A1néricado
Sul (Brasil, Peru, Bolívia, Paraguai, Argentina e U1uguai). Por Tupi são
designados ta1nbén1os povos fa lante s dessas língua s.
-9-
FR,\ 1c 1soNoELU. Ro r/\s DE ExP/\NSAo nos Tur>1
Migração ou expansão?
A terminologia tradi cionahn ente utilizada para definir todo s os mov i-
1nentos populacionai s dos Tupi é u1n tanto restrit iva, pois conceb e-os
apenas con10 niigrações 3. O tenno 1nig ra ção significa etimo logica-
1nente, e111 sua orige111latina, 1novin1ento saindo de u111lugar para outro,
aba ndonando sua região de orige111.No caso dos Tu pi este tenn o se-
ria 1na is adequado para defini r as 111ovi1n entações que os 1nes 111osre-
alizara 1n , 111ot
i vados pela pressão de outros povo s, corno por exe m-
plo, após 1500 , dos europeus. Estas 1nigrações foram caracterizadas,
inclusive, co 1no rnovi 1nentos de fuga (Métraux, 1927 ).
Es te ter mo, po ré1n , não parece definir adequadan1ente aqueles 1no-
vin1entos dos Tup i desenc adea dos poss ivelTnente por razões outr as,
tais co 1110 o cresc i1nento de1nográfico , di versas 1nodalidades sóc io-
po líticas de fraciona1nento das aldeias, 1nanej o agroflorestal etc. Con-
fonn e estud os arqueo lóg icos, fo i poss ível verificar que os Tupi man-
tinh a111a posse de seus do1nínios por longos períodos, expandind o-se
para novo s territórios sen1 abandonar os anti gos (Bro chado , 1984;
Scata 1nacc hia, 1990 ; Noe lli, 1993 b) . Pesquisas etnobiológ icas e de
história indíge na vê1n de1nonstrando que os territórios de domínio de
- 1O -
R EVISTA oc ANTROPOLOG IA, S Ao P AULO, USP, 1996, v. 39 nº 2.
- 11 -
FRA C ISO NOEi LI . ROT AS DE EXPANSt\O DOS T UPI
D'Orbigny suge riu un1a reg ião e ntre o Para guai e o Br as il como "pá-
tria pri1nitiva" (D'O rbi gny, [ 1839] 1944:37, 368) . D e no1ninou , e ntão,
todos os Tupi co 1no "B rasí lio -G uarani " ou "G uar an i".
E 1n 1886 Karl von den Steine n ( 1886:353) propô s que as cabec eiras
do rio Xingu estava1n na área "o nde n1ais ou rne nos se encontra o pon-
to geográ fico ce ntr al da irradiação tupi '' . Von de n Steinen ( 1886:323)
foi o criador do te rn10 tupi-guarani. E1nbora não tenha ju stificad o sua
criação, pode-se inferir que teve o objetivo de e li1ninar a confusão das
discussões da sua é poc a, quando se chan1avarn os Tupi ora de "t upi "
ora de "guara ni " (disc ussão do proble1na in : Edelweiss, 1947).
Pau1E hrenreich ( 189 l ). n1e111bro da seg unda exped ição de Von de n
SLeinen ao Xingu, e n1 1887, n1unido de argu111entações lin güí stica s e
etnográficos n1ais explícitas qu e se u s predecessore s, dizia qu e "t udo
indica qu e deven1os pr ocu rar se u ponto de ê xodo onde aind a hoje
ve1n os aglo111erada a 1nassa 111a i s co 1npac ta de sta s tribo s, isto é, no
P araguai e sua s v izinhan ças" . Di z ia ta1nbé1n que a "di stribuição mui -
to espal hada des tes po vos, co 1no se ve rá exa ,ninand o u 1n 1napa , ex-
plica -se pe la irradia ção de u1n cent ro-i" (E hr e nr eich, 1891) . E1n
Ehr e nr eic h nota-se a cont inui dade das hip óteses so bre o local do cen-
tro de or ige n1 de D ' Orbi g ny e Martiu s, e sobre a irr adia ção ce ntral de
Von den St e ine n. Foi nestes quat ro cient istas qu e grand e part e dos de-
m a is pesq ui sa dore s e 1nbasou suas propo s içõ es .
Wilh elin Sch 1nidt ( 1913), urn dos c riad ores da apli cação da teo ria
do s círcu los culturai s na A1né rica do Su l, após co tnpara ções de diver -
sos aspectos cu lturais e ntr e os rfupi e, nun1 es pectro n1ais a1nplo , des -
tes co 111povo s de outras cu ltura s, propôs co n10 ce ntr o de orige 1n a área
das nasce ntes do A tnazo nas .
Affon so A. de Fre itas ( I 9 14) suge riu co1no cen tro de origc 1n are-
g ião situ ada ent re as ca bece iras do rio M ade ira, lago T iticaca, rio s Beni
e A raguaia (c rítica in : Baldu s, 1954:251-2) .
Rodo lfo Ga rc ia ( 1922), basea do e ,n Eh re nre ich, co loca a área e ntre
as bac ias dos rios Para guai e Paran á co 1no prováve l ce ntro de orige 1n.
- 12 -
R EVIST A DE ANTROPOLO GIA , SÃo P AULO, USP , 1996, v. 39 nº 2.
F rit z Kr ause ( 1925) def iniu urna região aprox i111 ada à do s Omágua
e Koká111a, e ntr e os rio s Napo e Juruá, co1no centro de orige 1n.
A lfr ed M é traux ( 1927, 1928, 1948a, 1948b) pod e ser cons id e ra -
do o divi so r de água s e ntre todo s os que propuseram ce ntros de o ri -
ge m , poi s foi o primeiro a ju stificar sua s proposições com e leme n-
to s siste 1naticam e nte o rga nizado s e co 1nparados. Tamb ém fo i o mai s
c itado e o 111 e no s contestado em su as hipóte ses a res peito d o ce ntr o
de or ige 111e da s rot as de ex pan são (c rítica s in : Bro c hado , 1984 :351-
4; Lar a ia , 1986: 22). A notáve l imunidade de sua s propo sta s sobre
as " mi g rações" pré-históricas , tornad as obsoletas p e la a rqu eo lo gia,
a ind a se 111 a nt é 111(La rai a, 1988 ; Brandão , 1990; Fau sto , 1992:382 ;
Santos , 1992; Porro , 1992:74- 76 ).
Em bo ra o seu pri 111eiro trabalho de fôlego tenha tr ata d o das 111igra-
ções hi stóricas do s tup i5 (Mét raux, 1927 ), foi no estudo sob re a cul-
tur a 111ate ri al que M é traux ( 1928) propôs sua hip ótese so br e o centro
de o ri gem. In sp irad o p e los 1néto do s compa rativos de Erland
No rdenskjo ld e Wi lhe hn Sch111idt, Métraux co111parou geograficamente
ele1nen to s 111ate riais e tecno lóg icos, ded uzin do que o centro de orige1n
se ri a uma " reg ião sufi c iente111ente viz inha " da Amazônia, porque os
Tupi ap rese nt ava 111influ ê nc ias se tentr iona is e Atna zônicas (Mé traux ,
1928:31 O). M ét rau x supôs q ue, dificihnente , a 111 argem nort e do A111a-
zo na s se ri a a "pá tr ia primitiva ", e qu e o ce ntro d e o rigem estaria em
algu111luga r da bacia do Tapajó s ou do Xingu. Por fi111, definindo-se,
conc luiu qu e:
- 13 -
F Ri\NC ISO NOELU. ROTAS ()E EXPANSÃO DOS T UPI
- 14 -
R EV ISTA DE ANTROP OLOG IA, S ÃO P AULO, USP, 1996, v. 39 nº 2.
- 15 -
F1~\NC!~n Non i 1. Ro r.\s DE EXPANSÃO Dos T ur>t
- 16 -
R EV ISTA DE ANTROPOLOG IA, SÃO P AULO , USP , l 996, v. 39 nº 2.
- 17 -
FRI\NCl ~O NOELLI. R OTi\S DE EXPi\NSÃO DOS T UPI
C lari stell a Santos ( 1991, 1992), ao discut ir as aborda gens que sin-
tet iza 111e re lacio na1n res ult ado s lingüísticos e arg ueo]ógicos (exc lusi-
va1ne nte os do Pronap a), conside ra que na época su ger id a por
Rodrigu es ( 1964) para a origen1 do tronco Tup i - 5000 A .P.- tai s
povos a inda não poss uiria1n ce râ n1ica, se ndo ain da caça dores-co leto-
res. Seg undo a autora , não há uma unidade entre os dados lingüísticos
e arqueológ icos dev ido à suposição de que não have ria uma unidad e
histórico-cultural durant e a " 1nudança fu ndam enta) , eco nômica , ocor-
rida no s isten1a cultural nos fala ntes da proto líng u a tupi " (Sa ntos,
1992: 112). Assi1n, considera qu e a cerâ1n ica, todos os seus atribut os
e os 1nétodo s analít icos apJicados não fora1n sufi c ien tes par a de1nar-
c ar os e len1ento s que a re lacionasse tn aos 1ne111bros do tro nco tupi.
- 18 -
R EV ISTA DE ANTROPOLOG IA, SAo PAULO, US P, 1996 , v. 39 nº 2.
se dividir doi s grupo s prin cipais de propo stas: a) os que seguiram a ex-
pan são de sul para o nort e; b) os partidário s da expan são radial.
Martiu s ( 1867 I:7 - 1O) postulou que a partir do Par ag uai , a rota do s
Tupi teria seg uido prirneiro para o sul e depoi s para o nort e do Bra sil:
"Provavelmente da reg ião e ntre o Uruguai e o P aran á, chega nd o até
o litor al da Bahia , Pernarnbu co e as mata s Am azô nicas". Martiu s, j a-
1nais citado pelo s arqueólogo s profis sionai s no s últin1o s 38 ano s, apa-
rece in1pJicita1nente e1n M egg ers & Evan s ( 1957 ) e nos que a seg ui-
ram. Cos ta ( J 934:inapa VI) seg uiu Martiu s e foi o úni co que o citou .
D ' Orbi gny, seg uindo Martiu s, suge riu qu e uma porção do s Tupi
teria se diri gido até a reg ião de Bu enos Aires, a pa rtir de uma área en tre
Paraguai e Bra sil. Po sterio rm e nte , outra porção teri a ido para os A n-
des (C hiri guanos). F inaltne nte, se n1 fazer ligações com as sua s suge s-
tões citada s, co nclu iu que "s omente os Gua ran i8 , se se co nsidera sua
orige1n o Trópico de Capricó rnio , haviam desenvo lvido de sul a norte
suas 1nigraçõe s" (D ' Orbi gny , 1944:37) .
E hrenreich ( 1891 ), obse rva ndo a dispo sição geográfica dos Tupi
histór ico s, propô s qu e a "dispe rsão radia l" deu-se em sucessivas on-
das, para o norte , les te e sul. Por é1n , seg uind o Martiu s, repet iu que os
que chegara1n ao sul ter iam, a seg ui r, se de slocad o para o norte ao
longo do litoral at lântico.
M ét raux ( 1928:3 10-31 1), no caso guarani e tupin a1nbá, fund iu o
111od e lo da expansão radia l com o da ex pan são de sul para norte atra-
vés da costa atlânt ica.
Co1n a loc alização do s sítio s e as datas rad iocarbônicas , Brochado
( 1973) deta lhou u1n esqu e1na "1nigratório" para as regiões de atuação
do Pr onap a acata nd o ta1nbé1n as dir eções j á propostas po r Métraux .
Brochado ( 1973: 17) su ge riu qu e a ex pan são do s "Tup igua rani" teria
se da do e1n dua s "o nda s n1igratórias": u1na, pré- histór ica, e outra, que
se dese nvo lveu até depo is da chegada do s eu rop eus. A primeira onda
representava a Subt radição Pintada e a segunda a Subtradição Corrugada.
- 19 -
FRANCt~o NoELLI. Rcrr,,s DE Ex P/\NS1\o uos T uP 1
Após os conta to s co n1 os eur ope us, a Subt radi ção Corrugada teri a
passado por un1a tran sição, se ndo subst itu ída pe la Subt radi ção Esco-
vada. Estas subtra dições ca racteriza111-se, ern seu co njunto ce rân1ico ,
pe la predo111inância de un1a técnica de acaba1nento de sup erfície e1n
relação a outros (Ternúnolo1; ia, 1969:7, 1976: J 43). Po ster ior1ne nte,
en1 sua tese (Broc hado , 1984:69-77) e en1 diversos co ngressos cien-
tíficos , refutou co n1pleta1nente a ex istê ncia destas subtr adições, ex-
pl icando qu e tudo resu ltou de urna confusão estabelec ida co 111a rnistur a
indiscriininada das cerân1icas guara ni e tupin ~nnbá (veja tamb ém: Bro -
chado , Monticelli & Neuma nn , 1990; Brochado & Montice lli , 1994;
L a Sa l via & Brochado, 1989).
Lathr ap ( 1970:75-78 , fig. 5) cr uza ndo dados arqueo lóg icos, lingüís-
ticos e etnográficos, 111aspri nc ipa ltne nte os arqu eo lógico s, e 111pr egou
a idéia de expansão rad ial, baseado na distribuição geog ráfica do s Tupi .
En1bora se u 1nodelo ten ha s ido 111uito sintét ico e de du tivo , publicou
u1na hipót ese que influenc iaria propostas fora do es quema co rrente
e ntre os pesqu isadores. Lathrap inau gur o u u1na era de po larizaçã o
política, co111u1na discussão sobr e a origen1 da cerâ n1ica e da agricul-
tura fora ou dentro da A1nazô n ia. Sua 1ne todolo g ia de campo não foi
1nuito d iferente da dos " pro napiano s", e n1bora fosse 111o v ido po r co n-
cepções teó ricas dist intas .
Me gge rs & Eva ns ( 1973) , a partir do ce ntr o de ori ge 1n qu e propu -
se rarn a leste do rio Mad e ira , suge rira111rotas de e xpan são e ,n dir e-
ção ao sul do Br as il e depoi s pa ra o no rte (Megge rs, 1972: 129, 1975 ,
1976 , 1982; M egge rs & Eva ns, 1973 , 1978:figs. 7-8; M egge rs, Dia s,
Mi lle r & Pe rota , 1988: fig. 5). Por é 1n, Meg ge rs & Ev an s ( 1973) não
1ne nc iona1n a seqü ê nc ia co1npl e ta da análi se arqu eo lóg ica co 111parat i-
va re lati va aos T upi , privi leg ia ndo as seq üênc ias es tratigráfica s do
rnédio -ba ixo A1na zo nas e exc luindo as seq üê nc ias de fora d a A1nazô-
nia. Apesa r de M egge rs & Eva ns ( 1973:6 0 ) assu1nirern que há um a
" inabilidad e dos 1né todo s léx ico-es tatí sticos e n1 reve lar loca lizaçõe s
ante rio res de falantes de língua s apa re ntada s", toda su a argu111 e ntação
- 20 -
R EV ISTA DE A NTRO POLOG IA, SAo P AULO, US P, 199 6, v. 39 nº 2.
sobr e a expan são do s Tupi es tá ba seada na s hipót eses da lin güí stic a
hi stóri ca e na s informa ções hi stórica s anali sada s por M étraux ( 1927).
Brochado ( 1984: 2 8- 39), seg uindo Lathrap , pro curou pr opor rela-
ções entre as di visões int ern as do tronco Tupi , des de o Pr oto -Tupi até
a fo nna ção da s lín gua s e di aletos histórico s, sobr epondo -as ao m ode-
lo de ev olu ção e dif ere nc iaçõ es da s ce râmica s Ama zônica s (L athr ap ,
l 970 ~ Bro c hado & La thrap , 1980 ) . Apó s ob se rvar as divi sões do
Prot o-Tupi propo sta s por Rodri gu es ( 1964) e Leml e ( 197 1), ve rifi -
co u qu ais corr es pond ênc ias para es tab elece r sobrepo sições e ntre ele-
111e ntos arqu eol óg icos e lingüí sticos conh ec idos, con siderand o qu e as
dif erenciações 111at eriais e lin güí stic as deve111ter sid o conc om itantes.
Pos teriorm ente, ve111enfa tizando a nec ess idade de ampli ar as pes qui-
sas reg io nais co 111o obj eti vo de fortifi ca r os e los de ligação mu lti-
di sc ip lin ares qu e gar anta1n a con sistê nc ia dos re sult ados pa ra cada
povo Tu p i (Br oc hado, co 1n. pess oal , 1993).
B roc had o ( 198 4 , 1989 ) formul ou a hip ótese de qu e o aparec i1nen-
to do P ro to-Tup i teria sido res ultad o de 111n a divisão ent re povos pro-
du tores d as ce râ1nicas da Tr adi ção Guarit a ( da T rad ição Policrô 111ica
A 1nazô nica), e1n ai guin a reg ião da A1nazô nia Ce ntral. Baseado em pres-
supostos da lingüística histó rica, co nside rou que a diferenciação das lín-
guas e das ce râ1nicas ao longo de dife rentes expansões teria resultado
da sepa ração espaç o-te 1nporal do Pr oto -T up i, ca u sada por pressões
pop ul acionais co ntínuas dev idas a un1 aun1ento de1nog ráfico no interio r
da reg ião a111 azô nica. Des ta separação, as corre lações 1nais evidentes
1iga 111os Gua rani às cerâ 1n icas encon tradas no oeste da A1nazônia e os
Tupin a1nbá às ce râ1nicas do les te a1nazônico . Ta tnbém sugeriu que as
ex p ansões se dese nro lara1n e1n do is n101nentos: a) pri111e iro , ao lon go
dos prin cipa is cursos fluv iais~ b) segu ndo, co tn o au 1n ento da pressão
dernog ráfica, co lonizando os afluentes cada vez tneno res.
Estas co lonizações teriarn , no caso gua rani , u111sentido do norte para
o su l, desde a A1nazôn ia até a foz do P rata, pe los cursos dos rio s Paraná,
Pa ragua i e Ur uguai - há sítios desde Corurnbá (Peixoto, 1995) até
- 21-
Buenos Aires. Par a leste, no caso do s Tupina 1nbá, sa indo pela foz do
A,nazonas e seg uindo pe lo litora l até São Pau lo e , ta1nbé1n, e ntrand o
para o interior pelos rios que deság uan1 no At lântico . Ao lo ngo do s prin-
cipais rios as populações se expa ndiram e, reg idas pelo aumento derno-
gráfico, do111inanun succssiva1nen te os rios de grandezas m e nor es .
En1 colaboração co 1n Lathrap (B roc hado & Lat hr ap , 1980 ; Bro cha-
do. 1984), concl u iu que a d iferenc iação da ce râ1nica guarani e m rela -
ção à tradição guari ta 1nanifes tou -se pela perda de técn icas deco rati -
vas con10 o 1T1 odela do . a excisão e a inc isão e1n linha s fina s e lar gas,
oco rrida durante as expansões para fora da Arnazônia, em direção su l,
pelos rio s Madeira e Guaporé. Te ria1n desa parecido , ta1T1b , as ti-
é 1T1
gelas co1n bordas ex tro ver tida s e refo rçada s, assi 111 como as flan ges
labiai s e 1n e di ais o nd e antes se co ncentrava a deco ração . Do co nta to
co 1n portad o res das cerâ1n ica s do le ste boliv iano e pe ruano , teria1n
co nh ec ido novas for n1as de panelas e jarra s : co no id ais, co1n co ntorn o
infl et ido ou co 1np1exo, n1arcado pe lo dese nv o ]vi 1T1 ento do bojo e/ou
pela seg1nentação horizontal , co rru gadas ou pintadas , ut iliza da s sec un -
darian1ente co n10 urnas fun e rárias. E stes são os traços ca racterí stico s
da ce rârnica dos G uar ani arqueo lóg icos e históricos.
A inda não há res u1tados arqu eo lóg icos para os Tupi no ba ixo A tna-
zo nas , 1nas ape na s dad os lin g üísticos e hi stór icos , poré rn Broc had o
p rop ôs qu e a partir do se u centro de o rigen1 os T up ina1nbá ter ia111se
deslocado para o leste, pe lo n1é d io c urso at é sa ir pe la fo z do Am azo-
nas , co lo ni za ndo o litora l para o sul até o T rópico de Cap ricó rn io . A
ce râ111ica tup inambú po ss ui a lg u 1na s ca racte rísticas for ma is e ncontra -
da s no ba ixo A1nazonas e no es tilo 1na raj oa ra, p rese rva nd o quase to -
das as vasilhas abe rtas incl usive as de boca ova ló ide e quad ranguló ide,
co nse rvando a pin tura po licrôn1ica co nce ntr ada nas bo rd as ex trove r-
t id a s e refor ça da s (e sta s caracte rística s não oco rrem nas bac ias do
Made ira-Guapor é e Paraná -Pa ragua i). Não pos su i, po ré n1, a n1aioria
da s fonnas fecha das, principa ltn e nte as a ntropo mórfi c as e as téc nica s
- 22 -
R EV ISTA DE ANTR OPOLOG IA, SÃOP AULO, USP , 1996, v . 39 nº 2.
- 23 -
FR.\Nc1s o N oELLI. RoT ,\S u1: ExP ,\NS1\ o Dos T uii1
A esta ques tão lingüíst ica so 1na-se ou tro elen1ento: tllna da s 1nai-
ores dificu ldades para deriva r a cerân1ica tupinarnbá da guarani seria
ex plicar con10, ultrapa ssando o Paran apan e1n a, na sugerida difusão
do su l para norte. a cc rân1ica tupinan1bá teria se tran sfo nn ado tão
d ra s tican1en te, incluindo forn 1as e téc nica s de acaba n1en to de
super fície aus entes no Bras il n1eridional? Co 1no isto se ria po ss ível,
se dive rsos elen1cntos forn1ais da cerâ 1n ica tup inan1bá estão restritos
apenas à região a1na zônica?
Procu rou reto1nar a singu laridade das cerârnicas relacionadas a cada
un1 dos povos falante s das línguas do tron co tupi , procurando eli1n i-
nar o in1preciso co nceito "pronapiano " de "Tup iguar ani" (Broc hado,
l 984) . Tendo a ce rân1ica, a lingüí stica e os dados histó ricos com o
referênc ia, reto1n ou o antigo conc eito da arqueologia guarani , deno-
1ninando-a Sub tradição Guaran i. Sugeriu o no1ne de Su btradição tupi-
narnbá para os Tupina 1nbá do litor al brasileiro, assirn co1no pa ra os
den1ais Tupi (não-Tupinan1bá) anterionnent e enquadrados no "Tup i
guarani'' . Após 1984, Brochado ve1n propo ndo e1n enco ntros cien-
tíficos, con1 critérios se1nelhante s, out ra divisão: para os falantes do
Tupina,nbá, exc lusiv an1ente. o conceito de Subtradi ção Tupi na1T1bá,
con1 a inte nção de diferenciá-los dos de1nais Tup i. Ta n1bén1co nside-
ra necess ár io que se an1plie a diferenc ição pa ra todos os Tup i, esten-
dendo o concei to de subtradição cerân1ica aos Asurini, Kokán1a, Tapi -
rapé, M unduru kú etc. O caso dos povo s T up i que não utili zam
ce râ1n ica deveria se r acurada1nen te es tud ado , pa ra defini r se nun ca
a prod uzi r a 111 ou se houve u 1na per d a.
Co nside rando que o te11 1a ainda é incipiente, Brochado (co1T1. pes-
soa l, 1990) acredita que foi in1portante ter conseg uido organizar un1
1nodelo que refletisse o co njunt o de toda s inforn1ações sobre os Tupi
até 1984, escapando ao 1nodelo tradi cional apoiad o, ,najor itariarn en-
te, ern dados históricos e concebido 1nuito antes da existência das ev i-
dências arqueo lóg icas e lingüísLic as dos últi1r1os quarenta anos.
- 24 -
R 1:v 1sTA DE ANTR OPOLOG IA, SAo P AULO, US P, 1996 , v . 39 nº 2.
- 26 -
R EVISTA DE ANTROP OLOG IA, SÃ O PA ULO, USP , 1996, v. 39 nº 2.
- 27 -
FRA ciso N oEL LJ. Ro rAs DEEXPANSÃO Dos T u P1
1nas destas datações estão iso lad as, 1nas , como vere 111os a seg uir , ou-
tras f aze rn pa rte de seqüências qu e se es tende tn até os te111pos históri -
cos. Ta nto no ex treino sul do Br as il, no nord este e no litoral flumi nen se,
portan to afast ados de todos os centros de orige 1n proposto s, as data -
ções ates ta1n a an tigüidade das e xpansões, pode ndo se r re lacionadas
às deriva ções lin gü ísticas. Na Argentina, no Urug uai, no Para guai e
na Bolívia há pouca s data s, toda s posterior es ao séc ulo X (Br oc hado ,
1984 ). No Perú e áreas bras ileira s viz inh as , as ce râ111icas relac ionad as
aos Kok án1a, Otnágua e Kokan1íya ainda estão po r se r 111 elhor pes-
qu isadas (Lathrap. 197 0 ; M ye rs, 1990).
E111outros po ntos ex iste n1 dat ações próx im as das 111aisantiga s : no
rio M oji-Guaçu - 400 d .C.; litor al Fl u111inen se, RJ , ce rca de 440 d.C .;
Santa Maria, RS, cerca de 475 d.C.; médio rio I va í, PR , ce rca de 460
d.C. e cerca de 570 d.C. ; baixo Tietê, SP , cerca de 578 d.C., poden -
do de 111onst rar a co ns istê ncia da s 1nais anti gas. A seg uir, au ment a o
número de datas próxi 1na s do pre se nte, e 111diversos po nt os do leste
da América do Su l. No litoral sud es te e nord es te do Bra sil te1nos:
baixo Ti etê, SP , cerca de 668 d. C; Curi 1nataú , RN , ce rca de 800 d.C. ;
litoral F lum inense , RJ , ce rca de 870 d.C; Cricar é, ES , ce rca de 895
d .C., Guaratiba , RJ , ce rca de 980 d. C .
Pode-se ve rifica r que parte dos Tupi j á est ava espalhada pelo Br a-
sil há pe lo m enos 2000 ano s atrá s, e1n áreas 111 uit o di stant es entr e si e
dos ce ntro s de ori ge 1n propo stos , torna ndo obso le tas as cons ideraçõe s
origina is de Martiu s, re produ z ida s po r 111uitos pes qui sadore s, so bre a
ex pan s ão ráp ida , pouco ant es da cheg ada do s europeus.
Ne ste co ntex to é necessá rio co nsiderar as pe squ isas arqueológica s
e os res ultado s regiona is. Le111brar-se qu e hou ve mai s pesqui sa e data -
ções no Bra sil me ridi onal e pouca s pe squisas dentro da A111azônia e
de outras reg iões (c uj os dado s es tão parc ial ,nente pub licados; cf.
Br oc had o & Lat hrap , 1980; Bro c hado, 1984; Scatan1acchia , 1981 ,
1991 ) . As n1ais recente s pesqu isas na A1nazônia es tão apr ese ntand o
data ções qu e rcvc lan1 un1a ant igü idad e ainda n1aior de certos fenô1ne -
- 28 -
R1 :v1SI' ;\ 111:. /\N 'l'l {(H'n1.oc a A, SAo PAu1.o, lJSP, !<)<)(, , v . 19 nu 2 .
Co11cl11sões
- L <) -
FRANc1so NocuJ. Ro rAs DE ExPANsAoDOS T UPI
- 30 -
R EVISTA DE ANTROPOLOGIA, SÃO P AULO, USP, 1996, v. 39 nº 2.
- 31-
FR,\Nc 1so N o[ LU . Ro rAs DE ExPANs,,o Dos Tt 1111
- 32 -
R EV ISTA DE ANTROPOLO GIA, SÃOP AULO, USP, 1996, v. 39 nº 2.
- 33 -
F1v\ Nc1so Nocu 1. ROTAS DE EXPANSÃO DOS Turr
- 34 -
R EV ISTA DE A NTROPOLOG IA, SÃO PAULO,USP , 1996, v. 39 nº 2.
- 35 -
FRANCISO NOELLI. R OTAS DE EXPA NSÃO DOS T UPI
- 36 -
R EYI~A DE ANT ROPOLOGIA, SÃO P AULO, US P , 1996, v. 39 nº 2.
,,
Area de circunscrição do centro de origem dos
Tupi (figura 2)
.__
~ ...........
~"-' - -----
- .~
- 37 -
FR ·\Nc 1so N oELu. Ro rAs Dr E X PANSÃO nos T UPI
.....
. - - ...--, ~ -
1
t
E3 Área co n1 inforina çõcs históricas e arqu eo lóg icas da loca lização do.
Tupin a1nbá, co n1 instrusões de outros povos indíge nas
ITilII]Área co n1 inl'onn açõcs históricas e arq_uc~ 16g icas da locali zação do.
Guarani, con1 intrusõcs de outros povos I nd 1gc nas
- 38 -
REVISTADE ANTROPOLOGIA
, SÃOPAULO,USP, 1996, v. 39 nº 2.
Notas
1 Esta é um a versão co 1n pro funda s alteraç ões, co rreç ões e ac résc im os de
um artigo publi ca do a nteriorm e nte (Noe lli , 1994).
2 Prof esso r visita nte no departa1n ent o de Hi stória da Univer sidad e Estadual
de Marin gá. D outorand o e 1n Ciências So c iais na Unicamp.
3 Anthony ( 1990) sint etiza os prin c ípi os gerais para o es tud o de mi gração.
4 O rnap a de Nimuendajú ( 1981) m os tra a loc ali zação históri ca dos Tup i .
5 Em 1927-28 o tronco tupi não havia sido definid o lin g üistica me nte, se n-
do chan 1ado por Métraux de "tupi -guarani " .
7 Atua hn e nte ultrapa ssa das (M orá n, 1990; Roosevelt , 199 1a, b , 1992 ).
- 39 -
f : R, ' l 'I\O Nou 11 Ro 1 ,s DF EXP ·\NS., o DOS Tt 'PI
Bibliografia
1\BBEVILLE , C'.
197.:::, 1/istária do 111issc7ocios podr es capuc/1i11!,osno illza do Moranlu7o e ter-
Hn cin u11,·i;i11!ut.\, São P,nilo. Itatiaia/EDUS P.
,\L \t ES. C .
1991 "A ccrâtnica pré-hist<>rica no Bra sil: Avaliação e Propo sta'' . Clio. sé rie
arqu co l<>gica, Rcc if'c, 1(7):9-88.
ANTHONY, D.W.
1990 "Mi gra tion in archacology: lhe baby and thc bathwatcr", A,n ericon
Antlzropologist , 92:895-914.
BALI)US . H.
1954 '·Bibliografia crítica da etnologia brasileira", São Paulo, Con 1issão do IV
Ccntcn,frio da Cidade de São Pau lo.
,
BALEE. W.
1994 Footprints r~fthe fores/. Ka 'apor etlu1obotany - the histori cal eco logy
<~lp/0111 utili z.otion hy an a111c1
-;.011ion p eopl e. Ncw York, Co lu1nbia
Univ crsity Prcss .
BERT 'ONI , M. S.
19 16 " I n ri ue n e ia d e Ia Ieng u a Guara n í e n S ud-;\ 111éri e a y An ti 11a~... A 11a I e s
Cicn l (ji'cos Parog uayos , séri e 1l , As unc i ôn, 1: 1- 120.
1922 Lo Ci,·ili-;.ociôn G1u1roni, parte I , Pucrto Bcrto ni, Ex Sylvis.
BRANDÃO , C. R.
1990 "Os Guarani: índ ios do sul , re ligião, res istê nc ia e adapt ação ", Estudos
codos , São Pau lo, 4( 10):53 -90.
A vc111
BR OC HAD O , J.P.
J 973 "Mi grac íoncs que d ifundi crón la trad ición alfarcra Tupig uarani ", R ela-
ciolles. B ucnos /\i rcs, 7 :7-39.
- 40 -
REVISTADE ANTROP
OLOG
IA, SÃOPAULO,USP, 1996, v. 39 nº 2.
1984 An ecological 1nodel of the spread ofpottery and agriculture into Eastern
South A111erica, U rbana -C hainpaign , Un ive rsity of I llinois at Urbana-
C harnpaig n, tese de doutorad o .
1989 "A expansão dos Tupi e da cerân1ica da tradição pol icrômi ca amazôni-
ca", D édalo, São Paul o, 27 :65-82.
199 1 "U ni 1node lo de d ifusão da cerfün ica e da agricu ltura no leste da Am éri-
ca do Sul. Ana is do Iº S in1pósio de Pré-história do No rdes te Brasileiro",
Clio, série arqueo lóg ica, Rec ife , 4:85-88.
- 41 -
FR ANC IS<> N()EI.! 1. R<nAS D1~ ExPA N\.1\ 0 1,, ,s Tt 1ii1
Ct\ RTJf>--1.F.
1939 Tratodo da terra e 1;ente do /Jrfoil Süo Paulo C1a I:d1t<>ra i':ac1<>n,d.
1
ClfILDL. A.
1940 ''Ét udc philologiquc \U r k\ no rns du ·chien · de 1· antiquit é ju\qu · a nos
jour1.,", ArqLu vo\ do M Lneu Na cio na l, 39:5-498. Ri o de Janei ro.
COSTA, A.
1914 /11tro du çtio à arqueolox ia bra \ ileira , São Pau lo , Ci a. Edi t(Jra N ac1onal.
CUNHA. M.C.
1992 ..Introdução a un1a hi\ tória ind ígena''. in CUNHA , M.C. (o rg.). fli stória
dos índios no Rra sil, São Paul o, FAPESP/SMC/Cia . das Letras. pp . 9-24.
DIAS . O.
1993 Con.side ra çôes a re~pei to dos ,nodelo s de dijú são ela ce rán7ica
Tupiguarani no Bra s il!, texto ap rese ntad o na IX Reu nião Científica da
Sociedade de Arqueo log ia Brasileira , 14 pág s. (datil og rafad o).
D ' ORBIGNY , A.
1944 El ho nzbre anzericano con siderad o en sus aspecrosfisiológi cos y 1norales.
Tradu cc ión de Alfr edo Cepeda, B uenos Aire -, Edit orial Futu ro.
DYEN , I.
19 56 "Lan guage d is Lribu ti on and 1n igratio n the ory ''. Languog e. B ai ti n1ore.
32:6 1 1-26.
EDE LW EISS, F.
l 947 Tupis e Guara ni s, estlldos de et11011ín1i(le lingiiísrico. Sah ·ad r. Mu ~eu
do E ·tado da Bahi a.
EI-IRENREICH, P.
1891 '·Die Einteílun~
...,und Ycrb rei lun ~ der Vülkcr st~i1n11
'-'
1c Brasilicn: na ·h den1
gege nw arli gc n Stand c un src r Kcnnlni ssc". Pal<'!'11101111s
A-filfcilungen .
Go thin gc n, 37:8 1-91. 114-24.
- 42 -
R EV ISTA DE ANTROPOLOGIA, S ií.o PA ULO, USP , 1996 , v. 39 nº 2.
EHRET , C.
1976 "Lin gui stic cv idence and its co rrelations with archaeo logy", World
Archa eology, 8( I ) :5- 18. l 976.
EVANS, C.
1967 "Intr od ução", PRONAPA 1, Publi cações Avul sas do Mu se u P ara ense
E 1nílio Goe ldi , Belé1n, 6:7- l 2.
FAUSTO, C.
1992 "Frag n1e ntos de hi stóri a e cultura tupin a1nbá. Da etn olog ia co m o in s-
trun1ent o críti co de co nh ec i1nento etn o- hi stóri co", in CUN HA , M.C.
(o rg.) , H istória dos índios no Brasil, Sã o Paul o, FAPESP/SMC/Cia. da s
Letra s, pp. 38 1-96.
FERNANDES, F.
1963 Orga nizaç üo soc ial dos Tupinan zbâ, 2ª edição, São Pau lo, Dif el.
FREITAS , A.A.
1914 "Di stribui ção geog raphica das tribu s indí ge nas na épo ca do de sco brim en-
to", R evista do Instituto H istórico e Geographico de São P aulo, São
Pau lo, 19: 103-28 .
GALLO IS , D.T .
1986 Mi gração, guer ra e co,nér cio: os Waiapi na Guiana , São Paulo, FFLCH-
USP.
GA RCIA , R.
1922 "E thn og raphia indi ge na", Di cc ionario histórico, geog raphi co, e
ethn og raphi co do Bra sil, Intr odu ção ge ral , I, Rio de Jan eiro, Imprensa
Offi cial , pp . 249-77.
GREENBERG , J.
1987 LaHguag e in the An1ericas, Stanford, Stanfo rd Uni versity Prcss.
- 43 -
FR ,\NCISO N OELU. R OTAS DE EXPANSÃO DOS T UPI
GUÉRIOS, R.F.M.
1935 ''Novos ru n1os da tupinolog ia", se par ata da Revis ta do Círculo d e Es tu-
dos Bandei rant es, Cu riti ba, 1(2), 12 págs.
HOWARD, G.D.
1947 ''Prc h istor ic ce ra1nic sty les of lo wl and So uth Am eric a , th e ir di st ribu tio n
and h is tor y ", New Have n , Ya le Uni ve rsity Pub lica ti o ns in A nthr o-
pology, 37:5-9 5 .
1948 "Nor theas t A rge ntina ", in HOWARD , O .D & WI L LE Y , G .R ., Lowla nd
Argc nt in e ar cha eo logy, N c w Ha vc n , Yal e U ni ver sity Pub lic at io ns in
Archae log y , 39:9- 24 , l 94 8.
JENSEN , C.J . J.
1989 ent o histórico da líng ua Waycunpi , Ca mpina s, Edi tora d a
O dese n volvi111
UNICAM P .
KR AUSE, F .
192 5 " B e itr age z ur E thn og ra p h ie des A raguaya -Xi ng u-Ge bie tes " , A ctés du
XXI'' Cong res l nternati onal des An 1éricani stes, G ote borg , pp . 67- 79 .
LARAIA , R .B .
l 986 Tup i: índios do Br as il at ual , São Paulo , FFCLH -USP.
1988 "O 1nov i1nent o co nstant e do povo ain ento indí ge na no B rasil" , Hun zani -
da des, B ras ília , 5: I 04-9 .
L AT HRAP , D .
1970 Th e upp er A niazon , L ondon, Than 1cs a nd Hud so n.
LEMLE , M .
197 1 "In te rn a i c lass ificati o n of thc T up i-g uara ni lin gui stic fa1n ily" , in
BENDO R -SAMUE L , D. , Tup i S t1tdi es , l : l 07 -29, N onn an, Su1nm e r
Jnstitut e of Li ngui stics .
- 44 -
R EVISTA DE A NTROPOLOG IA, S ÃO P AULO, USP , 1996, v. 39 nº 2.
LIMA , T .A.
l987 "Cerfün ica indí ge na bra sileira", in RIB EIRO , B . (coo rd.), Sunia
etnol óg ica bra sileira , vo l. 2. Petrópo lis, Vo zes, 1987 , pp. 173-229.
LINNÉ , S.
L925 "Th e tec hniqu e of So uth A m er icain ce raini cs", Gotehorg, Got ehor gs
kuJLg l, Vete nskap s-oc h Vitt erh ets- Smnhall es Handlin ga r.
LOTHROP , S.K.
1932 "Indian s of the Paraná D e lta , Arg entina ", Anna ls of th e New York
Acade ,ny of Science, New Y ork , 32:77-232 .
LOUKO TKA, C.
1929 "Le se tá, u n nouvea u dialecte tupi ", Journal de la Société des
An 1éricanistes, n .s., Par is, 2 1:373 -98.
1935 "Lí nguas indí ge nas do Bra sil", R ev ista do Arquivo M unicipal, São P au-
lo, 54: 147-74.
1950 "Les lang ues de la fatn illie tupi -g uarani ", Boleti,n nºl6 de Etnografia e
Línguas tup i-g uarani da Faculdade de Filo sofia, Ciências e Letras da
Unive rsida de de São Paul o, São Pau lo.
MAGALH A ES , E .D.
1993 "O tupi no lito ral", Revista de Arque ologia, São Paulo, 7 :51-67.
MASON , J. A.
1950 "Th e language s of South A 1ner ica n Indian s", in STEWARD, J. (ed.),
Handbook of South A111 e rica11 lndian s, 6: 157-3 17, Washington,
S 1n ith so n i an I ns ti tuti o n.
- 45 -
FRANCIS() NOELLI. R OTAS DE EXPAN~ÃO DO ' T UPI
MEGGERS, B .J.
195 I " A pre -co lun1bian co lonizati on of thc An1azon ", Ar clzaeology, N ew Yo rk,
4(2): 110-14.
1954 " En v iro n111cntal I i1nitation o n thc de velop1nc nt of c ultur e", A nzerican
Anthropologist, 56: 801 -2 4.
1957 "E nvironn1cnt and culturc in thc A1nazo n Basin : an appraisal of thc theory
of enviro nn1cntal dcte nninisrnc ' ', Studies in huntan. ecology, Wa shing -
ton D.C. , Thc Pan A1ncrican U ni on.
196 3 Cult ur al dcvclop1ncnt in Lat in A 1nerica: a n int erpr etativc overv iew , in
MEG GERS, B. & EVANS, C. (c ds.), Ab origi nal cul tural d evelopnzent
ill Latin A n1eri ca: {uz in te rpretar ive review, Wa shin gton D .C. ,
S1niths on ian In stitution, pp . 13 1-4 5.
197 2 Pr elzistoric Anzeri ca, Chicago, A ldine Pu b lishin g Pr ess.
1975 "Appli ca tion of th c bio log ica l 1node l o f di ve rs ifica tion to cultura l
distributi ons in Trop ical Low land Sou th A1n erica", Biotrop ica, 7: 141-61.
1976 "Fluc tua c ión vege ta l y adaptac ión c ultural prehi stóric a en Amaz onia :
a lgu na , co rrelacion es tentativas" R elac iones, n.s ., Bu enos A ire s, 1O:11-26.
1982 "Ar c haeo logica l and cthn ogr aphi c ev idencc com pat ible wit h th e m ode]
of forcst fragincntati on" in PRANCE , G.T. , Biological divers~fi cati on in
tlze tropi cs, Ncw York , Co lu1nbia Un ive rsi ty Pr ess, pp. 483-96.
1985 " Advance s in Braz ilian Arc hacology , 1935- 1985 ", A,n e rica n Antiquit y,
50(2 ) :364 -73 .
- 46 -
RE VISTA DE ANTROPOLOGIA, SÃO PA ULO, USP, J 996, v. 39 nº 2.
MELIÀ , B.
1986 "E l 'modo de ser ' Guaraní en la primera documentación jesuítica ( 1594-
1639)", in Barto1neu MELIÀ, B., El Guaraní conquistado y reducido,
Asunción , CEAUC, pp. 93- J 16.
MENÉNDEZ, M.
1981 "U1na contribui ção para etno- histó ria da área Tapajós-Madeira", Revis-
ta do Mus eu Paulista, nova série, São Paul o, 28:289-388.
MÉTRAUX , A.
1927 "Migration s hi storique s des Tupi-guarani" , Journal de la So cie té de
Aniérica nist es, n.s., Paris , 19: 1-45.
1928 La civilisation niatérielle des tribus Tupi-guarani, Pari s, Librarie
Orien talist e.
1948 "Th e Gua ran i", in STEWARD , J., Handbook of SouthAm .erican India ns,
3:69-94. Wa shington , Smithsonian Institution.
1948 "Th e Tupinainba ", in STEWARD , J., Handbook of South American
lndian s, 3:95-133. Wa shington , S1nithso nian In stitu tion.
MIGLIAZZA, E.
1982 "Linguist ic prehi sto ry and the refuge 1nodel in A1nazo nia ", in PRANCE ,
G.T. (ed .), Biological divers~fication. in the Tropics. New York , Columbia
Un iversity Press, pp. 497-5 19.
MONTSERRAT, R.M.F .
1994 "Lí ngua s indígenas no Bra si l co ntemp orâneo" in GRUPIONI , L .D. B .
(org. ), Índi os no Brasil, Bra síl ia , Ministéri o da Educação e Desporto,
1994 , pp . 93-104.
MORÁN , E.F.
1990 A Ecologia hu,nana das populações da A,na zôn ia, Petrópoli s, Vozes.
- 47 -
FR ,\N CISO NOELLJ. ROTA S DE EXPANSÃO DOS TUPI
MYERS, T.
NETTO, L.
1885 '' In ves tigaçõ es sobre archeolo g ia brazil e ira", Ar clú vos do Mus eo Nac io-
nal do Ri o de Jan eiro, Ri o de Janeiro , 6:257-554.
N IM U ENDAJÚ , C.U.
1981 Mapa etno-lzistóri co d e C!lrt Ninzu endc~jú, Rio de Jancjro , IBG E/FUN-
DAÇÃO NAC IONAL PRÓ -MEMÓRIA.
NOELLL F.S.
1993a " Po r uma rev isão da ' busca da terra sc1n n1al' dos Tupi", B oletún da ABA ,
Florianópolis, 20: 16, dczc 1nbro.
1993b Sen1 Tekohâ não há Tekô (e 111 bu sca de 1un 111odeloetno a rqueológico da
subsi stência e da o/e/eia guarani aplicado a unia área de donzínio no delta
do Jacuí-RS), Porto A legre, dissertação de 1nest rado, JFCH -PUCRS .
1994 "Unia revisão das hip óteses so bre o ce ntr o de orige n1 e rotas de ex pansão
pr é- hi stóricas dos Tupi", Estudos lb ero-A 111 ericanos, Porto A leg re,
20( l ): l 07-35.
s.d. A fossil iz ação de tuna visão acadênzica: o desenvolviniento e a ntanu-
tenção da produção cient(ti ca d e B etty J. Meggers ( 1948-199 3 ), tnanu s-
c ri to.
PEIXOTO , J .L .
1995 A ocupação do Tupi gua rani na bo rda oeste do Pan tan al SuL-
tog rossense: ,na ciço do Urucu, Porto A leg re, disse rtação de n1es trad o,
111a
IFC H-PUCRS.
PORRO , A.
1992 A s c rôni cas do rio cuna zona s. Notas et110-históri cas sobr e as anti gas
popula ções indí ge nas do A111a zô11ia , Petrópoli s, Voze s.
- 48 -
IA, SÃOPAULO,USP , 1996, v. 39 nº 2.
REVISTADE ANTROPOLOG
RENFREW , C.
!987 Archaeology anel languag e. Th e pu zz le of Indo-European ortgtns,
London, Jonathan Cape Ltd ., 1987.
RIVET , P.
1924 "Langu es A1néricaine s, III. Lan gues de l ' Amériquc du Sud et des
Anti lles", in MEILLET , A. & COHEN, M . (eds.), Les Langues du Mon -
de, Co llection Lingui stique , Societé de Lingui stiqu e de Pari s, Pari s,
16:639-7 17.
- 49 -
FRANCIS() NOELLI. ROTAS DE EXPANSÃO DOS T UPI
ROOSEVELT , A.C.
199la "Dete rrnin i ·111
0 eco lóg ico na int erpretação do dese nvo lvimento soc ial
indígena da A1nazô nia ", in NEVES, W . (o rg.), Orige ns, adaptaçõ es e
diversidade biológica elo honzent nativo da Aniazô nia , Belétn, SCT/CNPq/
MPEG, pp. l 03 -4 1.
199lb Moundbuilders of the Anzazon, Nova York, Acade mic Pre ss.
1992 "Arq ueo logia A1nazônica", in CUN HA , M .C. (org.), Histór ia dos índios
no Bra sil,. São Paul o, FAPESP/SMC/C ia das Letras, pp. 53-86.
ROUSE, I.
1986 Migrations in prehi sto r.y, New Haven, Yale Univer sity Pre ss .
SALZAN ·o , F .M .
1992 "O ve lho e o novo . Antropologia física e história indíg ena" , in CUN HA,
M .C . (o rg.), Hi stó ria dos índios no B rasil, São Paulo, FA PES P/SMC/Cia.
da s Le tra s, pp. 27-36.
SANTOS, C.A.
1991 Rotas de núg ração Tupiguaralli - aná lise das hipóteses, Rec ife, disse r-
tação de 1nes trado, CFCH -UFPE.
1992 "M obi lidade es paço -te1npo ral da Trad ição T upiguarani: co nsiderações
I i ngüísticas e arqu eo lógicas", Clio, série arqu eo lógica, Recife, 1(8): 89-
130.
- 50 -
R EVISTA DE AN T ROPOLOGIA, SÃ O P AU LO , USP, 1996, v. 39 nº 2.
SCHMIDT , W.
1913 " Kullurkr e ise und Kulturschicht en 111Südamerika", Zeitschrift für
Ethnologie, Berlin , 45: 10 14- 130.
SCHMITZ, P.I .
1985 "O Guarani no Ri o Grande do Sul", Bol etirn do Mar sul, Taquara , 2:5-42.
199 1 "Mi grant es da An1azô nia: A tradi ção tupi -guarani ", Arqu eo logia do RGS ,
Brasil - Docu111 .entos, São Leopo ldo, 5:31 -66.
SOARES DE SOUSA , G.
1987 Tratado descritivo do Brasil eni 1587, São Paulo , Cia. Editora Na cional.
STELLA , J .B.
1928 " A s lín guas ind ígena s da An1érica ", R ev ista do Instituto H istórico e
Geographi co de São Paulo, São Paulo, 26:5- 172.
SUSNIK, B.
1975 Dispers iôn tupí-guaranf pr ehist órica. Ensayo analíti co, As unción, Museo
Etn og ráfico "André s Barb cro".
SWADES H , M.
197 1 " Gl olloc hrono logy", in FR IED, M. , Readings in Anthropolog y, 2nd Ed.
New Y ork , Th o1nas Crowcll Co. , pp. 384- 40 3.
TERMINOLOGIA.
1969 "Tennin olog ia arqueológ ica bra silei ra par a a ce râmi ca, part e II", CEPA,
Manuai s de Ar queologia nº 1, C uritiba , UFPR , 8 págs .
1976 "Tennin olog ia arqu eo lóg ica bra sileira para a ce rân1ica", 2ª Ed. revista e
ainpliada , Cadernos de Ar queo logia, C uritib a, 1(1): 119-148, Centro de
Ensino e Pe squi sas A rqu eo lógicas. ·
- 51 -
FRANCISO NüELLI. ROT AS DE EXPANS/\.0 DOS T UPI
TO RRES , L.M .
191 l Los pr inzitivos habi tantes del del ta del Paraná, Bu enos Aire s, Imp renta
de Coni Hennanos.
1934 ''Relacio ne s arq ueo lóg icas de los pueb los dei A1na zo na s", Actas y
Trabajos Cient(ticos del XXV Con greso Internacio nal de An iericani stas,
Bueno s Ai res, 2 : 191- 193.
UR BAN ,G.
1922 " A história da cu ltura bra sileira seg und o as línguas nativ as", in CU NHA ,
M.C. , Histó ria do s índios no Br as il (org.), São Paulo , FA PESP /S MC/Ci a.
da s Letra s, pp . 87- l 02 .
VLB
1952 Voca bul ário na língua brasílica, 2ª ed. revist a por Car los Drum ond , Sã o
Paulo , Bol eti1n nº 137 , Et nog rafia e tupi -g uara ni nº 23 -FFCL -USP .
WILLEY , G.
1949 "Ccrmníc s", in STEW ARD , J., Handbook of South A,n erican l ndians ,
5: 139-204, Wa shin gto n, Smithson ian In stitu tion.
- 52 -
R EVISTA DE AN T ROPOLOG IA, SAo P AULO, USP , 1996, v. 39 nº 2.
ABSTRACT: Th e origins and ex pan s ion of the Tupian has bee n fancied
and inves Liga Led s ince 1838. On ly in the last 40 ye ar s the pr obl e1n has bee n
tac kled wit h he lp fro1n Hi sto rica l, Lin g uist ic asd Arc haeo logica l dat a. Yet
th ose ne w info nn a tio n has not bee n in co rp orat ed, a nd hypote s is a nd
co nc lus io ns pr opose d 1nore than a ce ntury ago are st ill ex tand .
KEY WORDS : arc hae ]ogy, Tupian hotn e lan d , route s of ex pansion of the
Tup ians.
- 53 -