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A Revolução Constitucionalista de 1932 foi um levante armado protagonizado por São Paulo e

iniciado em 9 de julho de 1932. O levante manifestou a insatisfação dos paulistas com o governo
de Getúlio Vargas, sobretudo pela centralização de poder imposta pelo governo. Ele resistiu por
três meses, mas foi derrotado. Mesmo assim, algumas exigências dos paulistas foram atendidas.
Resumo sobre a Revolução Constitucionalista
• A Revolução de 1930 fez com que São Paulo perdesse muito poder político no Brasil.
• A insatisfação paulista se concentrava no desejo pela constitucionalização do país, pela
realização de eleição presidencial e pelo direito de nomear o próprio interventor.
• O grupo que concentrou a insatisfação em São Paulo foi a Frente Única Paulista.
• O levante armado se iniciou em 9 de julho de 1932 e contou com muito apoio da
população.
• Em 2 de outubro de 1932, os paulistas renderam-se, mas, mesmo assim, tiveram algumas
de suas exigências aceitas por Vargas.
Antecedentes sobre a Revolução Constitucionalista
A Revolução Constitucionalista de 1932 é uma consequência direta das transformações políticas
que o Brasil passou a partir da década de 1930. Essas transformações estão relacionadas com
a ascensão política de Getúlio Vargas, que aconteceu por meio da Revolução de 1930, um
levante armado que destituiu as oligarquias do poder.
A Revolução de 1930 foi resultado das disputas políticas que aconteciam no país, sendo que os
tenentistas, aliados com oligarquias dissidentes, lutavam contra o domínio político da oligarquia
paulista. O resultado foi um levante militar que derrubou Washington Luís da presidência, impediu
a posse de Júlio Prestes e levou Getúlio Vargas à presidência.
A posse de Vargas se deu em um Governo Provisório que anulou a Constituição de 1891 e deu
início a uma série de transformações no país. Essas mudanças faziam parte de um novo projeto
político que estava sendo construído, pois Vargas ascendeu politicamente visando à derrubada
das oligarquias, assim, a centralização do poder era algo essencial.
Havia dois projetos políticos que estavam em choque em nosso país. O projeto político de Vargas
manifestava aquilo que os tenentistas defendiam e, portanto, visava à centralização do poder e
à redução da autonomia dos estados. As oligarquias dissidentes que apoiaram a ascensão de
Vargas defendiam a reestruturação imediata da democracia, com a limitação do poder da União
e com maior autonomia aos estados.
Uma das formas que Getúlio Vargas procurou enfraquecer as oligarquias estaduais foi nomeando
interventores para todos os estados brasileiros. Isso porque esses interventores nomeados eram
pessoas leais ao seu governo, e isso limitava o poder políticos das oligarquias. Em São Paulo,
por exemplo, foi nomeado como interventor o tenente pernambucano João Alberto.
Insatisfação paulista
Todo esse contexto causou profunda insatisfação no estado de São Paulo. A chave para
entendermos a insatisfação dos paulistas é o fato de que São Paulo foi o estado que mais perdeu
poderio político com a Revolução de 1930. Sendo assim, as pressões sobre Getúlio Vargas foram
fortes desde o início e foram crescendo à medida que ele não atendia aos interesses da elite
paulista.
A primeira grande insatisfação dos paulistas se refere à questão da interventoria do estado. A
elite política de São Paulo não aceitava que Vargas nomeasse militares e forasteiros para a
interventoria paulista. Eles demandavam que o estado fosse governado por um interventor civil
e paulista, e por isso, em menos de dois anos, São Paulo teve cinco interventores.
As trocas constantes eram a forma encontrada por Vargas para tentar acalmar os ânimos dos
paulistas. Além disso, seu projeto de centralização não agradava nem um pouco aos paulistas,
que se tornaram fortes defensores da constitucionalização do regime, ou seja, defendiam a
formação de uma Assembleia Constituinte para que uma nova Constituição fosse elaborada.
A partir disso, o caminho estaria assentado para que uma nova eleição presidencial fosse
realizada, o que poderia colocar fim no governo de Vargas. Esses interesses dos paulistas não
eram do agrado de Vargas, que procurou ao máximo atrasar as iniciativas para ser elaborada
uma nova Constituição e para a realização de uma eleição presidencial.
Outro fator que não pode ser descartado é o fato de os paulistas também terem perdido o poder
e o controle na política do café. Isso porque o Governo Provisório de Vargas criou o Conselho
Nacional do Café, órgão que federalizou a gestão da política cafeeira. Isso também gerou
insatisfação na elite política desse estado, que era o maior produtor de café do Brasil.
Assim, São Paulo tornou-se o maior foco da insatisfação política contra o governo Vargas. Os
paulistas desejavam nomear o próprio interventor, reivindicavam a constitucionalização do país
e a realização de eleição presidencial. Essa insatisfação deu origem à Frente Única Paulista
(FUP), movimento formado pelos dois grandes partidos do estado que tecia fortes críticas a
Vargas
Essa insatisfação tomou as ruas do estado. Em maio de 1932, protestos aconteceram na cidade
de São Paulo, e confrontos nas ruas resultaram na morte de quatro estudantes: Miragaia,
Martins, Dráusio e Camargo. Esses quatro se tornaram mártires em São Paulo, e as iniciais de
seus nomes deram origem ao MMDC, movimento que liderou as ações para um levante armado.
Reação do governo
Vargas percebeu que a situação em São Paulo era crítica, e, para evitar que o estado se
rebelasse, procurou realizar algumas reformas. Em fevereiro de 1932, Vargas anunciou o Código
Eleitoral, que realizava profundas modificações no sistema eleitoral do Brasil e que traria maior
estabilidade e segurança para as eleições brasileiras.
Além disso, em maio, Vargas anunciou a convocação de eleições para a composição de uma
Assembleia Constituinte, que seria responsável por elaborar a nova Constituição do Brasil. Por
fim, Vargas atendeu as exigências paulistas para que os interventores fossem substituídos, e,
como vimos, o estado teve cinco interventores em dois anos.
Levante armado
Apesar das reformas promovidas por Vargas, a insatisfação em São Paulo permaneceu em alta
e se converteu em um movimento armado contra o Governo Federal. Os paulistas entenderam
que as reformas promovidas por Vargas eram muito lentas. O resultado foi que uma revolta
armada se iniciou no estado de São Paulo, em 9 de julho de 1932.
O movimento ficou conhecido como Revolução Constitucionalista e recebeu grande adesão da
população do estado. O apoio da população ficou perceptível, pois milhares de cidadãos se
voluntariaram para integrar às forças armadas que lutariam por São Paulo. Além disso, mulheres
de classe média e alta doaram as suas joias para que elas pudessem financiar a compra de
armas.
O esforço de guerra realizado no estado também foi responsável por converter as fábricas
presentes nele em fábricas bélicas para que munição e armamentos fossem produzidos. Além
disso, os paulistas ainda esperavam que Minas Gerais e o Rio Grande do Sul, também
insatisfeitos com Vargas, se juntassem a eles na luta.
As tropas paulistas contaram com a presença de cerca de 70 mil soldados e eram lideradas por
Isidoro Dias Lopes. Muitos vieram de outros estados para se juntar aos paulistas, mas o apoio
esperado de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul nunca chegou. Os paulistas lutaram por três
meses contra o governo absolutamente isolados, contando apenas com a mobilização da
população.
A resistência do governo Vargas foi liderada por Góes Monteiro, à frente de 80 mil soldados. O
estado de São Paulo foi cercado por terra, e as tropas paulistas em locais de divisa foram
constantemente atacadas por aviões e pela artilharia do Exército. Além disso, a Marinha
bloqueou o litoral paulista.
A mobilização paulista foi enorme, mas o estado viu-se isolado e sua resistência não conseguiu
suportar mais os ataques do Exército. A rendição paulista aconteceu em 2 de outubro de 1932,
e Vargas logo tratou de punir os líderes do movimento, cassando seus direitos políticos e
prendendo-os. Algumas das lideranças foram obrigadas a exilar-se do país.
Consequências da Revolução Constitucionalista
Apesar da derrota e da punição aos líderes da Revolução Constitucionalista, do ponto de vista
político, o estado de São Paulo ganhou bastante com o movimento. Isso porque Vargas realizou
uma série de concessões aos paulistas:

• Reafirmou a constitucionalização do país com a convocação de eleição para formação


da Assembleia Constituinte em 1933;
• Nomeou um interventor do agrado dos paulistas: o civil Armando Sales de Oliveira;
• Anunciou que as dívidas de guerra realizadas pelos paulistas seriam assumidas pelo
Banco do Brasil.
Por fim, além de punir os líderes rebeldes, Vargas realizou uma verdadeira reforma no Exército.
Segundo a historiadora Dulce Chaves Pandolfi, mais de 500 oficiais foram expulsos da
corporação, o que fez com que o oficialato fosse majoritariamente formado por apoiadores de
Vargas|1|. Além disso, ele enfraqueceu o poderio da Força Pública, órgão de São Paulo que
atuou em peso na Revolução Constitucionalista de 1932.
A Constituição de 1934 foi a 3ª Constituição brasileira e a 2ª da República.
A Carta Magna trouxe novidades como a instituição do voto feminino e da Ação Popular.
Contexto Histórico
O Brasil passava por mudanças políticas significativas na década de 30.
Getúlio Vargas e seus aliados tinham conseguido derrubar o presidente Washington Luís e uma
Junta Militar instaura um Governo Provisório.
Neste período, a Constituição de 1891 deixou de vigorar e em substituição foi feito o Decreto
19.380/30 que determinava:

• O fim da política dos governadores;


• O desarmamento dos coronéis;
• A dissolução do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas e Câmeras
Municipais;
• O governo Provisório exerceria os Poderes Legislativos e Executivo;
• O presidente da República governaria por decretos.
Estas medidas deveriam ter um caráter transitório, mas Getúlio Vargas não fazia nenhum
movimento para mudar esta situação.
Assim, o estado de São Paulo, lançou a Revolução de 1932 com o objetivo de derrubar o governo
e dar ao país uma Constituição.
Apesar de os paulistas saírem derrotados, Vargas não pôde mais adiar a convocação de uma
Assembleia Legislativa se quisesse permanecer no poder. Por isso, convoca eleições legislativas
e inaugura os trabalhos para a elaboração da nova Constituição.
Características da Constituição de 1934
• República Federativa como forma de governo;
• Estados Unidos do Brasil;
• Incorporou o voto feminino;
• Determinou que o sufrágio eleitoral fosse universal, secreto, direto e por maioria dos
votos;
• Estabeleceu o ensino primário gratuito e obrigatório;
• A Câmara dos Deputados era eleita de forma direta, mas também havia representantes
eleitos por organizações profissionais;
• O Poder Executivo era exercido pelo presidente da República com o mandato de quatro
anos e sem direito à reeleição;
• Estabeleceu a Justiça Eleitoral e a Justiça do Trabalho;
• Previa o Mandado de Segurança;
• Instituiu a Ação Popular.
Curiosidade
A Constituição de 1934 foi a que menos durou em toda História do Brasil: apenas três anos.
O integralismo foi um partido e movimento político surgido no Brasil na década de 1930,
influenciado pelos ideais e práticas fascistas que se desenvolveram na Europa após o fim da I
Guerra Mundial. O movimento de extrema-direita foi fundado com o nome de Ação Integralista
Brasileira (AIB), em 1932, quando o jornalista Plínio Salgado lançou o Manifesto de Outubro.
Até os dias atuais é invocada a liderança de Plínio Salgado nas tendências integralistas que
existem, como a Frente Integralista Brasileira (FIB) e o Movimento Integralista e Linearista
Brasileiro (MIL-B).
O lema do Integralismo “Deus, pátria e família” serve como ponto de partida para se entender as
propostas do movimento que ficou conhecido como o fascismo brasileiro.
A palavra “Deus” indica a influência religiosa cristã dos integralistas, estando a figura divina em
primeiro lugar e ocupando o cimo da estrutura hierárquica social, como era entendido pelos
integralistas, já que era Deus “que dirigia o destino dos povos”.
A pátria era definida pelos integralistas como “nosso lar”. A pretensão era apresentar uma
unidade da população brasileira dentro do território, principalmente como uma contraposição à
divisão da sociedade em classes. Os integralistas pretendiam alcançar essa unidade através da
constituição de um Estado integral, que harmonizaria os diferentes interesses existentes no seio
da sociedade.
Por fim, temos a família como a menor unidade de organização social dentro da proposta
integralista. A família seria o “início e fim de tudo”, a garantia da manutenção da tradição,
veiculada através dessa forma de organização social.
Assim, podemos caracterizar o integralismo como um movimento nacionalista, autoritário,
tradicionalista e fundado em preceitos religiosos, cabendo ao Estado manter a unificação integral
da sociedade através da coerção.
Os principais símbolos do integralismo eram a letra grega ∑, o sigma, que na matemática significa
a soma dos infinitamente pequenos, indicando que através da união dos indivíduos e da família
se garantiria a integração da sociedade, tendo por eixo o Estado; e o cumprimento com o braço
levantado para o alto, utilizando a expressão “anauê”, palavra de origem tupi que significa “você
é meu irmão”.
A saudação integralista era muito semelhante à utilizada pelos nazistas, sendo mais um item de
aproximação com os fascismos europeus. Mas ao contrário do nazismo, os integralistas não se
afirmaram como racistas, pois para eles a sociedade brasileira se fundou também na
miscigenação das diferentes etnias que habitavam o território.
O integralismo teve força durante a década de 1930, quando chegou a mobilizar entre 600 mil e
1 milhão de pessoas. Os integralistas eram ferrenhos opositores do liberalismo, do anarquismo
e do comunismo. Contra estes últimos, vários conflitos de rua foram realizados na década de
1930. Os integralistas eram conhecidos tanto por camisas-verdes, em virtude da roupa utilizada,
quanto depreciativamente por galinhas-verdes.
O autoritarismo e o nacionalismo dos integralistas aproximaram-nos dos governos de Getúlio
Vargas. Porém, apesar de o Estado Novo instituído em 1937 ter o centralismo na instituição
estatal e o extremo autoritarismo como características, os integralistas foram perseguidos
durante a ditadura de Vargas, que extinguiu os partidos. A partir desse momento, os integralistas
não conseguiram mais se organizar com a mesma força, sendo hoje um movimento político
residual no cenário brasileiro.
Durante o governo constitucional de Getúlio Vargas, observamos a organização de um
movimento político comprometido em se opor às tendências totalitárias no Brasil. Já no ano de
1932, tal demanda se fez presente com a institucionalização da Ação Integralista Brasileira. Em
pouco tempo, um heterogêneo grupo de intelectuais, militares, socialistas e comunistas se
reuniram com esse intuito e assim formaram a chamada Aliança Nacional Libertadora.

Após algumas breves reuniões, todas essas realizadas inicialmente no Rio de Janeiro, os
integrantes do movimento lançaram as primeiras diretrizes do seu programa. Entre outros
aspectos, defendiam o fim do pagamento da dívida externa do país, a nacionalização das
empresas estrangeiras, a defesa do regime democrático, a realização da reforma agrária e a
expressa oposição ao nazi-fascismo. Nesse instante, os aliancistas deixaram clara a natureza
de seus interesses e reivindicações.

Superadas essas primeiras medidas, a ANL anunciou que Luis Carlos Prestes seria colocado na
condição de presidente de honra do movimento. Enquanto isso, diversas adesões mostravam
que vários brasileiros acreditavam na urgência e necessidade dos pontos defendidos pela ANL.
Sob tal aspecto, não pouparam esforços para criticar o governo de Getúlio Vargas e denunciar
qualquer ação que representasse uma ameaça às liberdades políticas da nação.

Quando retornou ao Brasil, Luis Carlos Prestes despertou a grande expectativa de que poderia
finalmente encabeçar a ANL. Tal possibilidade poderia significar uma projeção nunca antes
almejada pelo movimento. Contudo, seguindo as determinações soviéticas, Luis Carlos Prestes
chegou ao país de forma clandestina. Seu grande interesse era tomar as providências
necessárias para que uma revolução armada se desenvolvesse. Com isso, os interesses de
Prestes apontavam outra orientação à ANL.

Por volta de julho de 1935, os aliancistas organizaram uma série de manifestações em


homenagem aos levantes tenentistas ocorridos em 1922 e 1924. Durante o evento, alguns
membros da ANL se equivocaram ao ler um manifesto de Prestes onde defendia a queda de
Getúlio Vargas. Aproveitando do incidente, o governo de Getúlio Vargas acionou as diretrizes da
Lei de Segurança Nacional e, assim, colocou a Aliança Nacional Libertadora na clandestinidade.

Impedida de funcionar livremente, a ANL acabou perdendo o apoio recebido através das
manifestações populares que davam fôlego ao movimento. Nesse momento de retração,
militares e outros integrantes do PCB simpáticos à causa passaram a encabeçar um movimento
golpista. Em novembro de 1935, a chamada Intentona Comunista não passou de uma tentativa
frustrada de derrubar o governo varguista.

A partir de então, o governo encabeçou uma forte onda repressora contra os setores de esquerda
no país. A ANL fechou as suas portas e deixou que uma onda de anticomunismo tomasse conta
de vários setores da sociedade. Não por acaso, era o mesmo fantasma da “ameaça comunista”
ventilado em 1935 que, dois anos mais tarde, deu lastro ao golpe que instituiria o Estado Novo.
A Intentona Comunista foi um levante organizado pelo Partido Comunista em 1935 na tentativa
de tirar Getúlio Vargas do poder. Esse levante aconteceu no Rio de Janeiro, então capital federal,
em Natal (RN) e em Recife (PE).
Luís Carlos Prestes liderou a intentona contando com o apoio de Olga Benário, agente soviética
enviada por Moscou. As tropas federais derrotaram os comunistas, que foram presos. Vargas
usou a instabilidade política provocada pelos conflitos com os comunistas para decretar a
ditadura do Estado Novo em 1937.
O que foi a Intentona Comunista?
No começo da década de 1930, a Europa atravessava um momento delicado com a chegada de
Adolf Hitler ao poder na Alemanha, e de Benito Mussolini, na Itália. As disputas ideológicas
envolvendo nazifascismo e comunismo materializaram-se em confrontos violentos. Esse embate
chegou ao Brasil.
Em março de 1935, foi criada a Aliança Nacional Libertadora, de orientação comunista e liderada
por Luís Carlos Prestes. O principal objetivo da aliança era conter o avanço do nazifascismo no
país e difundir os ideais comunistas. A Ação Integralista Brasileira, liderada por Plínio Salgado,
seguindo a linha fascista, entrou em confronto com a ANL. Essa instabilidade foi pretexto para
que Getúlio Vargas desse um golpe e decretasse, em 1937, a ditadura do Estado Novo.
Os integrantes da ANL eram compostos por militares, comunistas e líderes operários que
estavam insatisfeitos com os rumos tomados por Getúlio Vargas desde a Revolução de 1930. A
aliança espalhou-se rapidamente e formou sedes em várias regiões do Brasil. Por conta da sua
posição contrária ao governo, a ANL foi posta na ilegalidade em julho de 1935.
Em agosto do mesmo ano, iniciou-se a organização de um levante armado para derrubar Vargas
do poder e instalar um novo governo sob o comando de Prestes. Esperava-se o apoio popular
para esse movimento, já que líderes operários participaram da sua elaboração, e que ele se
espalhasse por todo o território nacional, tendo-se em vista as várias sedes da ANL espalhadas
pelo país.
A Intentona Comunista começou em 23 de novembro de 1935, com a revolta deflagrada em Natal
(RN) e, no dia seguinte, em Recife (RN). O levante começou no Rio de Janeiro em 27 de
novembro. Esperava-se o apoio dos operários, mas os revoltosos estavam sozinhos nessa
batalha contra o governo Vargas.
Objetivos da Intentona Comunista
Os principais objetivos da Intentona Comunista eram a deposição de Getúlio Vargas do poder e
a implantação de um novo governo sob a liderança de Luís Carlos Prestes. Essa tentativa de
tomar o poder pelas armas fez com que Vargas decretasse a ilegalidade da ANL.
Líder da Intentona Comunista
Luís Carlos Prestes, conhecido também como o “Cavaleiro da Esperança”, foi o principal nome
do comunismo no Brasil durante o século XX. Ele era um oficial do Exército e participou
ativamente dos levantes militares da década de 1920. Logo após a derrota da Revolução de
1924, em São Paulo, organizou a Coluna Prestes, que percorreria o interior do Brasil
denunciando os desmandos da República Velha. A coluna acabou em 1927, e Prestes foi para
a Bolívia.
Nesse período, ele aderiu ao comunismo por meio do secretário do Partido Comunista Brasileiro
(PCB) Astrogildo Pereira. Em 1931, Prestes foi convidado para ir a Moscou receber instruções
para organizar um levante armado contra o governo Vargas. Para executar a revolta, Prestes
contou com o apoio de Olga Benário, agente soviética e sua amante. Com a derrota da Intentona,
Prestes foi preso e Benário, que era judia, foi deportada para a Alemanha nazista.
Fim da Intentona Comunista
Os participantes da Intentona Comunista esperavam ter o apoio da classe trabalhadora, mas isso
não aconteceu. As tropas federais derrotaram os revoltosos. Prestes foi preso, e Olga Benário,
que era judia, foi deportada para a Alemanha nazista. Ela morreu na câmara de gás, em um
campo de concentração.
Getúlio Vargas usou esses conflitos contra o seu governo para justificar o maior controle do
Poder Executivo sobre a sociedade. Em 1937, o governo denunciou o Plano Cohen, suposta
tentativa comunista de tomar de poder. Anos depois, mostrou-se que tal plano era falso. Em 10
de novembro daquele ano, Vargas deu um golpe de Estado, fechou o Congresso Nacional,
extinguiu os partidos políticos, censurou a imprensa, e outorgou uma nova Constituição, que
dava amplos poderes para o presidente. Começava a ditadura do Estado Novo.
"O Plano Cohen foi uma suposta tentativa de tomada do poder por parte dos comunistas, em
1937. Ele foi denunciado por Vargas pela rádio e foi utilizado como justificativa para o golpe d e
Estado que instalou a ditadura do Estado Novo, em 10 de novembro de 1937. Anos depois,
comprovou-se a falsidade do plano e que sua real intenção era servir de justificativa para Getúlio
Vargas instalar uma ditadura no Brasil.
O que foi o Plano Cohen?
O Plano Cohen foi um documento obtido pelo governo de Getúlio Vargas, em setembro de 1937,
no qual os comunistas organizavam tomar o poder no Brasil. Esse suposto plano previa a
mobilização de trabalhadores para que aderissem a uma greve geral, incêndio de prédios
públicos e até a eliminação física de autoridades que tentassem impedir a suposta revolta
comunista. Segundo o governo, o plano teria sido elaborado pela Internacional Comunista.
A alta cúpula militar da época apresentou o Plano Cohen e, logo em seguida, o documento foi
divulgado pela imprensa, gerando comoção em toda a sociedade. Vargas se utilizou disso para
articular o cancelamento das eleições presidenciais em janeiro de 1938 e, dessa forma, continuar
no governo.
Origens do Plano Cohen
O Plano Cohen foi notícia nos jornais após a sua divulgação pelo governo, que alarmou sobre o
perigo de uma possível tomada de poder pelos comunistas.
A década de 1930 foi marcada pelo acirramento ideológico entre nazifascistas e comunistas. Do
debate de ideias, passou-se para o confronto físico e armado, iniciando-se na Europa e se
espalhando para outros países, como o Brasil. Grupos se formaram inspirados nessas duas
ideologias. Esse é o caso, no Brasil, da Aliança Nacional Libertadora (ANL), pelo lado comunista,
e da Ação Integralista Brasileira (AIB), de inspiração fascista.
Desde a promulgação da Constituição de 1934, Getúlio Vargas externava a sua preocupação
com a fragilidade na legislação para coibir os confrontos ideológicos e manter a ordem social. No
ano seguinte, aconteceu a Intentona Comunista, no Rio de Janeiro e em Natal (RN), um levante
armado organizado pela ANL para derrubar Vargas do poder e instalar um governo comunista
no Brasil. Porém, as tropas governistas derrotaram os revoltosos. Vale dizer que os
trabalhadores não aderiram à causa comunista, em razão dos direitos trabalhistas concedidos
pelo governo.
Em 1937, o mandato presidencial de Vargas terminava, e se preparavam as eleições
presidenciais. Os pretendentes ao cargo já se organizavam para fazer campanha eleitoral.
Porém, Vargas, que chegou ao poder logo após a vitória da Revolução de 1930, demonstrava
seu interesse em se manter na presidência, mas não tinha ainda justificativas para convencer a
população da necessidade disso. Seu plano continuísta esbarrava na resistência de alguns
governadores, como Flores da Cunha, do Rio Grande do Sul.
Getúlio Vargas usou o Plano Cohen como justificativa para o golpe de Estado que impôs a
ditadura do Estado Novo a partir de 10 de novembro de 1937.
Golpe de 1937
O golpe de Estado liderado por Getúlio Vargas, em 10 de março de 1937, deu início à ditadura
do Estado Novo. No mesmo dia do golpe, o Congresso foi fechado; os partidos políticos, extintos;
e as liberdades individuais, suspensas. Além disso, a Constituição de 1934 foi anulada e outra
Carta foi outorgada. A Constituição de 1937, escrita pelo jurista Francisco Campos, concedia a
Vargas amplos poderes para governar o Brasil. Sem o Legislativo, o próprio presidente fazia as
leis.
“Atendendo às legitimas aspirações do povo brasileiro à paz política e social, profundamente
perturbada por conhecidos fatores de desordem, resultantes da crescente a gravação dos
dissídios partidários, que, uma, notória propaganda demagógica procura desnaturar em luta de
classes, e da extremação, de conflitos ideológicos, tendentes, pelo seu desenvolvimento natural,
resolver-se em termos de violência, colocando a Nação sob a funesta iminência da guerra civil;
Atendendo ao estado de apreensão criado no País pela infiltração comunista, que se torna dia a
dia mais extensa e mais profunda, exigindo remédios, de caráter radical e permanente;
Atendendo a que, sob as instituições anteriores, não dispunha, o Estado de meios normais de
preservação e de defesa da paz, da segurança e do bem-estar do povo; Sem o apoio das forças
armadas e cedendo às inspirações da opinião nacional, umas e outras justificadamente
apreensivas diante dos perigos que ameaçam a nossa unidade e da rapidez com que se vem
processando a decomposição das nossas instituições civis e políticas”
Nota-se que a participação das Forças Armadas no golpe de Estado liderado por Getúlio Vargas
e as intenções da Constituição de 1937 se justificavam na tentativa dos comunistas de tomarem
o poder. A instalação de uma ditadura no Brasil, isto é, a concentração de poderes na presidência
da República, tinha como argumento a manutenção da ordem nacional e o combate ao
comunismo.
Revelação da farsa
Em 1945, a ditadura do Estado Novo perdia força e a censura não estava tão atuante. O general
Góis Monteiro, aproveitando a crise da ditadura varguista e com oito anos de atraso, revelou que
o Plano Cohen era uma farsa.
Segundo ele, quem entregou o documento para o Estado Maior do Exército foi o capitão Olímpio
Mourão, que era chefe do Serviço Secreto da Ação Integralista Brasileira. Mourão reconheceu a
falsidade do plano e afirmou que era de uso restrito à AIB. O capitão acusou Góis Monteiro de
usar o plano de forma indevida e que não acusou a farsa antes por causa da disciplina militar,
isto é, ele não poderia questionar as ações dos seus superiores hierárquicos.
Com a revelação da farsa e o envolvimento da AIB, Plínio Salgado, seu maior chefe, pronunciou-
se sobre o Plano Cohen, afirmando que não denunciou a falsidade do documento para que as
Forças Armadas não fossem desmoralizadas. Em novembro de 1937, quando o plano foi
utilizado para justificar o golpe de Getúlio Vargas, Plínio Salgado era candidato presidencial e
abriu mão de sua candidatura para apoiar a ditadura do Estado Novo.
O general Góis Monteiro, em 1945, denunciou a farsa do Plano Cohen e apontou outros militares
que participaram da elaboração do documento falso.
Consequências do Plano Cohen
As consequências do Plano Cohen estão ligadas ao golpe de Estado liderado por Getúlio Vargas,
em 10 de novembro de 1937, que inaugurou a ditadura do Estado Novo. O documento, apesar
da sua farsa, serviu de pretexto para Vargas conseguir o apoio da população ao seu projeto
continuísta de poder, bem como a aliança com as Forças Armadas."
"Desde sua ascensão ao poder com a Revolução de 1930, Getúlio Vargas demonstrava
tendência a um modo centralizador de administração. De 1930 a 1937, período que abrange
duas fases da Era Vargas, conhecidas como “Governo Provisório” (1930-1934) e “Governo
Constitucional” (1934-1937), Getúlio pretendeu, de diversas maneiras, estabelecer controle
sobre agremiações sociais, fossem organizações partidárias, fossem organizações militares
(como o movimento tenentista). A Constituição de 1934, elaborada por uma Assembleia
Constituinte, procurava dar um ar de legitimação para o governo estabelecido no comando do
país por via revolucionária. Entretanto, em 1937, uma nova reviravolta política resultou em outro
golpe, que instituiu o Estado Novo. Essa nova fase da Era Vargas precisava de uma nova
Constituição, que foi outorgada nesse mesmo ano.
A Constituição de 1937, ao contrário daquela de 1934, não foi redigida por uma Assembleia
Constituinte, isto é, não passou pela discussão e apreciação de deputados e especialistas da
área jurídica, mas foi elaborada por uma só pessoa: Francisco Campos, então Ministro da Justiça
de Getúlio. Francisco Campos era jurista por formação e muito ajustado à linha de pensamento
jurídica totalitária dos anos de 1930 e 1940. O texto que Campos elaborou para sustentar o novo
regime ditatorial de Vargas estava ancorado em modelos do fascismo europeu, sobretudo o
italiano e o polonês.
Consta-se na Carta Constitucional redigida por Campos elementos muito semelhantes aos da
“Carta del Lavoro” (Constituição do Trabalho) do governo fascista de Benito Mussolini, outorgada
em 1927. Um desses elementos era a tentativa de controle das organizações de trabalhadores,
como os sindicatos, que foram cooptados tanto por Mussolini quanto por Vargas com vistas a
neutralizar qualquer penetração de ideias comunistas ou anarquistas que viessem a rivalizar com
a proposta do modelo fascista
Por ter sido um texto escrito para legitimar um governo ditatorial de inspiração abertamente
fascista, Vargas procurou convencer muitos políticos da necessidade do golpe, alardeando o que
já havia sido tramado com o Plano Cohen: a ameaça de uma revolução comunista (como a que
foi tentada em 1935). O principal articulador dessa “negociação” com outros políticos foi o
deputado Negrão de Lima, aliado de Vargas. Ao mesmo tempo que procurva neutralizar os
comunistas, bem como os tenentistas e outras linhas de expressão iminentemente
revolucionárias, Vargas propôs aos integralistas, liderados por Plínio Salgado, que a ditadura do
Estado Novo seria amplamente favorável aos ideias do integralismo. Vargas chegou a conceder
a Francisco Campos que mostrasse a Plínio Salgado parte do texto da Constituição.
Aconteceu que, depois de outorgada a Constituição e instituído o Estado Novo, um dos alvos
imediatamente atacados por Vargas foi a Ação Integralista Brasileira (AIB) e o próprio Plínio
Salgado. Vargas quis, de certo modo, dar um pequeno e discreto golpe contra os integralistas,
traindo a sua confiança. Isso atraiu a revolta da AIB, o que culminou na tentativa de um
contragolpe em 1938: a Intentona Integralista.
A Constituição de 1937 foi, ainda, apelidada de “polaca”, pois, tal como a Constituição Polonesa
de 1921, a Constituição Brasileira também não passou por uma Constituinte e foi outorgada pelo
chefe do Executivo, tendo ainda um texto que dava a esse chefe muitos dispositivos para
influenciar completamente toda a composição do governo. Essa alcunha “polaca” reverberou
negativamente entre a população, principalmente por também fazer alusão às prostitutas
europeias que circulavam pela capital do país, à época, tal como narra o biógrafo de Vargas, Lira
Neto:
[…] não podia haver dúvidas a respeito da vocação autoritária do texto constitucional elaborado
por Francisco Campos. A própria forma de elaboração do documento contrariara a tradição de
se confiar tão importante tarefa a uma Assembleia Constituinte. Por essas e outras, a nova Carta
Magna foi apelidada de 'Polaca', referência à Constituição outorgada e imposta pelo marechal
Józef Piludski à Polônia, em 1921 (o epíteto terminou por ganhar conotação ainda mais
pejorativa, ao aludir às prostitutas europeias que, a despeito de sua verdadeira nacionalidade,
eram tratadas à época, no Brasil, como polonesas – ou 'polacas').” [1]

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