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PROCESSO PENAL – PROCEDIMENTOS

PROF. - EDMILSON VIEIRA – 09AGO23


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PROCEDIMENTO COMUM (Art. 394):
O procedimento comum pode ser ordinário, sumário ou
sumaríssimo.
A escolha da espécie de procedimento comum obedece ao critério
da quantidade de pena.
a) Rito ordinário: aplicado aos crimes com pena máxima igual ou
superior a quatro anos (Pena máxima ≥ 4 anos);
b) Rito sumário: aplicado aos crimes com pena máxima inferior
a quatro anos (Pena máxima < 4 anos);
c) Rito sumaríssimo: aplicado as Infrações Penais de Menor
Potencial Ofensivo (art. 61 da Lei 9.099/95).
Art. 394. O procedimento será comum ou especial.
§ 1o O procedimento comum será ordinário, sumário ou
sumaríssimo:
I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima
cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena
privativa de liberdade;
II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima
cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de
liberdade;
III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial
ofensivo, na forma da lei.1

OBSERVAÇÕES
a) O procedimento comum é a regra, somente sendo possível a
aplicação de procedimento especial se houver menção expressa da lei.
(art. 394, § 2°, do CPP).
§ 2º Aplica-se a todos os processos o procedimento comum,
salvo disposições em contrário deste Código ou de lei especial.

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Art. 61 da lei 9.099/95

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b) O procedimento comum ordinário, por ser mais completo, é o
procedimento regra (tem aplicação subsidiária aos procedimentos
especial, sumário e sumaríssimo - art. 394, § 5°, do CPP).
§ 5º Aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos especial,
sumário e sumaríssimo as disposições do procedimento
ordinário.
c) Eventualmente, o rito sumário é aplicado para infrações de
menor potencial ofensivo.
Exemplos:
- Necessidade de citação por edital (JECrim não existe esta
possibilidade);
Art. 66 da lei 9099/95. A citação será pessoal e far-se-á no
próprio Juizado, sempre que possível, ou por mandado.
Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o
Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo comum para
adoção do procedimento previsto em lei.

- Quando a complexidade do fato impede a oferta oral da inicial no


juizado (JECrim a oferta da inicial deve ser oral – art. 77, e §2º, da Lei
9099/95). No rito sumário, a inicial pode ser oferecida por escrito.
Art. 77, §2º, da Lei 9099/95 - Se a complexidade ou
circunstâncias do caso não permitirem a formulação da
denúncia, o Ministério Público poderá requerer ao Juiz o
encaminhamento das peças existentes, na forma do
parágrafo único do art. 66 desta Lei.

d) Justiça Militar - não se aplica as disposições do procedimento


sumaríssimo, ou seja, os crimes militares se sujeitarão ao Código de
Processo Penal Militar. (art. 90-A da lei 9.099/95).
Art. 90-A. As disposições desta Lei não se aplicam no
âmbito da Justiça Militar.

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e) Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher – não se aplica
as disposições da Lei 9.099/95. Em face de expressa disposição legal.
(art. 41 da LMP 11.340/06)
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e
familiar contra a mulher, independentemente da pena
prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de
1995.

Escolha do Procedimento (rito)


- Concurso Material de Crimes - as penas máximas deverão ser
somadas para a definição do rito.
Exemplo: crime com pena máxima de três anos: rito sumário, mas em concurso
com outro crime com pena máxima de dois anos, somando-se as penas (cinco
anos), o rito deve ser ordinário.
Três anos - Art. 121 §3º, 124, 133, 134, 140, §3º,
Dois anos – Arts. 138, 137 §único, 150,

- Causa de aumento de pena - soma-se a pena máxima com a


fração máxima incidente sobre ela.
Exemplo: art. 121, §4º (crime com pena máxima de três anos seguiria o rito
sumário. Tem causa de aumento de pena que quando somada alcança a pena
máxima de quatro ou mais anos - rito ordinário).

- Causa de diminuição de pena – subtrai da pena máxima a


redução mínima incidente sobre ela.
Exemplo: crime com pena máxima de três anos e causa de redução de pena de
1/3 a 2/3, deve-se retirar 1/3 de três anos, ou seja, três anos menos um (segue
rito sumaríssimo após a aplicação da causa de diminuição da pena).

O Estatuto do Idoso, visando imprimir maior celeridade na


apuração dos crimes contra o idoso, permite a aplicação do rito
sumaríssimo a crimes com pena máxima de até quatro anos (art. 94,
Lei 10.741/2003).
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Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima
privativa de liberdade não ultrapasse 4 (quatro) anos,
aplica-se o procedimento previsto na Lei no 9.099, de 26 de
setembro de 1995, e, subsidiariamente, no que couber, as
disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal.

ATENÇÃO
- O Estatuto do Idoso não alterou o conceito de infração de menor
potencial ofensivo.
- Crime contra o idoso com pena máxima de até dois anos também se
aplica o rito sumaríssimo e se aplica a Lei 9.099/95 (Estatuto não proibiu
a aplicação da lei dos juizados).
- Infração contra o idoso que tiver pena máxima superior a dois anos
e inferior a quatro anos, aplica-se apenas o rito sumaríssimo. (Nesse caso
não se aplica os institutos típicos das infrações de menor potencial
ofensivo).

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Estrutura do Procedimento Comum de Rito Ordinário

JUIZ
JUIZ
- Rejeita (art. ACUSADO
OFERECIDA 395) CITADO - Absolve
- DENUNCIA (MP) sumariament AIJ - 60 DIAS
ou - Apresenta e (Art. 397);
- QUEIXA (OFENDIDO) - Recebe - manda resposta a ART. 400
acusação ou
(art. 394) citar para
resposta 10 dias (Art. 396 A) - Marca AIJ
(art. 399)
(art. 396)

SEQUÊNCIA DA AIJ
ART.
400
• Declaração do ofendido;
• Oitiva testemunas (acusação e defesa) - Máx. 8 - art. 401;
• Esclarecimento dos peritos;
• Acareaçoes;
• Reconhecimento (pessoas e coisas);
• Interrogatorio do acusado;
Art. • Alegações finais orais (acusação e defesa - 20 + 10 min.)
403
Art. 403
• sentença juiz

Observações:
- Possibilidade de requerimento de diligências após produção das provas (art.
402)
- Memoriais (acusação x defesa) 5 dias sucessivos (Art. 403, § 3º e 404,
parágrafo único);
- Sentença 10 dias

FASE POSTULATÓRIA:

1º passo – oferta da inicial acusatória (denúncia ou queixa),


observados os requisitos do art. 41, CPP;

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Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato
criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação
do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa
identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário,
o rol das testemunhas.

Revisão Ação Penal (Pública e Privada)

ATENÇÃO
- Denuncia - peça inaugural quando tratar-se de crimes de Ação
Penal Publica Incondicionada ou crimes de Ação Penal Publica
Condicionada a Representação ou Requisição e for oferecida essa
representação ou requisição (Art. 24 do CPP).
- Queixa - peça inaugural quando tratar-se de crime de Ação Penal
Privada (Art. 30 do CPP) ou Ação Penal Privada Subsidiaria da Pública
(Art. 29 do CPP).
- - Procedimento ordinário - podem ser arroladas até oito testemunhas
para cada crime imputado, sob pena de preclusão.
- O STJ (RHC 201.301.244.282) já considerou que se o MP não arrolou
as testemunhas na denúncia, mas apresentou o rol antes de formada
a relação processual, ou seja, antes da citação do imputado, não há
prejuízo para a defesa, portanto, o rol deve ser considerado.

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2º passo – realização do juízo de admissibilidade da inicial:
Esse juízo de admissibilidade pode ser negativo ou positivo.
1) juízo de admissibilidade NEGATIVO:
Ocorre quando o magistrado rejeita a inicial, uma vez que a
denúncia ou queixa, não preencheu os requisitos legais pertinentes.
As hipóteses de rejeição estão previstas no art. 395 do CPP.
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando:
I - for manifestamente inepta;
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício
da ação penal; ou
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.

A denúncia ou queixa pode ser rejeitada nas seguintes situações:

Manifestamente inepta
REJEIÇÃO DA DENÚNCIA

Faltar pressuposto
processual

Faltar condição para o


exercício da ação penal

Faltar justa causa para o


exercício da ação penal

a) inépcia (art. 41) -


Defeito formal grave na inicial acusatória, que normalmente
compromete a narrativa dos fatos, também chamada pela doutrina de
“criptoimputação”, ou seja, uma imputação cifrada. As formalidades
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que a sua falta provoca a inépcia da inicial estão previstas no Art. 41
do CPP:
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do
fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a
qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais
se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando
necessário, o rol das testemunhas.

b) faltar pressuposto processual

Pressupostos processuais

Pressupostos processuais de existência


- demanda veiculada na inicial acusatória;
- órgão jurisdicional com investidura; e
- partes que possam estar em juízo.

Pressupostos processuais de validade


- Inexistência de vícios no procedimento (regularidade formal);
- originalidade da demanda (ausência de litispendência e de
coisa julgada);

c) Faltar condição para o exercício da ação penal (geral e específica)


Por condição da ação é a necessidade de a ação apresentar
determinadas características para que possa dar início ao
procedimento adequado (mínimo possível para que se estabeleça uma
relação processual entre as partes).

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Condições gerais da
ação

legitimidade de partes

interesse processual

Possibilidade jurídica do pedido

1. Condições Gerais (legitimidade das partes, interesse de agir e


Possibilidade jurídica do pedido)
Para que a ação possa se desenvolver, é necessário a conjugação
dos seguintes elementos:

- Legitimidade de parte: quem está propondo a ação, tem


legitimidade para isso?
Ação penal pública – tem legitimidade o MP (promotor - estadual)
ou Procurador da República (competência federal).
Ação penal privada – a legitimidade é do ofendido ou
representante legal, por meio de queixa-crime, a ser manejada por
advogado devidamente inscrito nos quadros da OAB.

- Interesse de agir: materializa-se no trinômio necessidade,


adequação e utilidade.
Deve haver necessidade para bater as portas do judiciário no
intuito de solver a demanda, através do meio adequado, e este
provimento deve ter a capacidade de trazer algo de relevo, útil ao
autor.

Atenção: O interesse de agir faz-se também presente quando não


houver extinção da punibilidade e estiverem presentes os indícios de
autoria e materialidade da infração penal.

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- Possibilidade jurídica do pedido:
Para que alguém seja processado por uma infração penal, o fato
descrito da ação penal deve ser típico, isto é, existir previsão legal.
No Processo Penal, a ação penal deve ser motivada para a
aplicação de uma pena ou medida de segurança, uma vez que essas
são as únicas possibilidades de execução penal.

2. Condições Especiais
As condições especiais da ação penal são aquelas que precisam
estar presentes por força de cada situação, ou seja, entende-se que a
ação penal específica exige tais requisitos.
Diferentemente das condições gerais da ação penal, aqui não
trabalhamos com um rol concentrado de requisitos, mas sim com
dispositivos esparsos no CP e no CPP que apontam a necessidade do
cumprimento de determinado pressuposto para o processamento da
ação em específico.
Exemplos: representação; requisição; extreterritorialidade
condicionada (indivíduo pratica crime no exterior, a continuidade do
processamento da sua conduta depende do seu ingresso em território
brasileiro).

c) ausência de justa causa:


Falta de lastro probatório mínimo para a propositura da inicial
acusatória.

ATENÇÃO
- Magistrado competente para o juízo de admissibilidade da inicial será o juiz
das garantias (Pacote Anticrime - art. 3º-B, CPP).
Atenção: essa previsão está suspensa pelo STF. (HC 195.807)

- Sistema recursal:

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A decisão de rejeição, como regra geral, é desafiada por recurso
em sentido estrito (art. 581, I, CPP);
Essa regra não se aplica no juizado especial, situação em que a
decisão é desafiada por apelação (Art. 82 da Lei 9099/95)

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES (aprofundamento)


Súmula 707 do STF: se o promotor ou o querelante recorrerem da rejeição da
inicial, o juiz está obrigado a intimar a defesa para formular contrarrazões ao
recurso, sob pena de nulidade. Além disso, a ausência de intimação não é
suprida por mera nomeação de advogado dativo.
Súmula 709 do STF: se o recurso for acolhido pelo tribunal, será proferido um
acórdão e a inicial será recebida, iniciando-se o processo, a menos que os
argumentos do recurso sejam no sentido de pedir a declaração da nulidade da
decisão de rejeição, neste caso o tribunal devolverá os autos para que o juiz de
primeira instância profira uma nova decisão.

REJEIÇÃO vs NÃO RECEBIMENTO


O CPP não adota distinção, portanto, não diferencia rejeição de
não recebimento.
O CPP prevê apenas um recurso para desafiar o repúdio da inicial:
o recurso em sentido estrito (Art. 581 do CPP), com exceção do
juizado especial, onde cabe apelação (art. 82 da lei 9099/95).

2) juízo de admissibilidade POSITIVA


Se o juiz verificar que a denúncia ou queixa preenchem os
requisitos legais (juízo positivo de admissibilidade), a inicial será
recebida.

Consequências do recebimento na inicial


a) Início do processo.
O recebimento da inicial é o ato do juiz que marca o início do
processo (preenche os requisitos legais).
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Essa é a posição do STF (RHC 89721) e o STJ (HC 9843), o termo
inicial é o recebimento da denúncia ou queixa.
b) O investigado se torna réu;

ATENÇÃO
- Na fase da investigação, fala-se em suspeito ou indiciado, conforme
o caso e posteriormente, trata-se do denunciado;
- No processo, após o juiz receber a denúncia, há o réu;
- Se condenado, há o sentenciado;
- Se transitado em julgado, há o executado.

c) O prazo prescricional é interrompido (começará a contar do


zero - art. 117, I, Código Penal).

d) Fixação da prevenção (prevento, nesse caso, é o juiz que


primeiro recebe a inicial - art. 83, CPP).

ATENÇÃO
- O art. 3º-B, XIV do CPP (suspenso pelo STF), indica que o juízo de
admissibilidade da inicial será formulado pelo juiz das garantias;
Art. 3º-B, XIV do CPP
(…)
“XIV - decidir sobre o recebimento da denúncia ou queixa, nos termos do art. 399
deste Código”

“Art. 3º-C. A competência do juiz das garantias abrange todas as infrações


penais, exceto as de menor potencial ofensivo, e cessa com o recebimento da
denúncia ou queixa na forma do art. 399 deste Código.
§ 1º Recebida a denúncia ou queixa, as questões pendentes serão decididas pelo
juiz da instrução e julgamento.”

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- Atualmente o juiz das garantias está suspenso pelo STF (o atual
sistema da prevenção deverá ser alterado);
- A doutrina majoritária entende que a decisão de recebimento da
inicial possui natureza de decisão interlocutória, por isso, precisa ser
motivada.
- O STF e o STJ possuem precedente no sentido de que o recebimento
da inicial tem natureza jurídica de mero despacho, razão pela qual a
motivação está dispensada, ou seja, não possui caráter decisório.

Recurso contra a decisão que recebe a denúncia ou queixa


Considerando a posição dos tribunais superiores (entendem que
a decisão é um mero despacho), não cabe recurso.
A doutrinária majoritária entende que a decisão é interlocutória
simples. O ato é irrecorrível por ausência de previsão legal.
Apesar disso, a defesa poderá impetrar habeas corpus com o
objetivo de trancar o processo recém-iniciado.

Seja o piloto de suas histórias e voe o mais alto que


conseguir. O limite dos seus sonhos quem limita é
você.
Fuzileiro

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