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Aspectos Da Cultura Científica em Atividades de Experimentação Nas Aulas de Física
Aspectos Da Cultura Científica em Atividades de Experimentação Nas Aulas de Física
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
Tese de Doutorado
SÃO PAULO
2004
1
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
SÃO PAULO
2004
2
Agradecimentos
No Brasil,
À Profa. Dra. Anna Maria Pessoa de Carvalho, pela valiosa orientação, grande
incentivo, compreensão, amizade e notável exemplo de mulher vencedora
em todos os sentidos.
Aos Professores: Dra. Myriam Krasilchik e Dra. Marli André, Dr. Eduardo
Mortimer e Dra. Sílvia Trivelato pelas sugestões nos exames de qualificação
do mestrado e do doutorado.
Aos amigos Alex , Diana e Francisco, pelo apoio nas transcrições e Rogério,
pelas ilustrações.
Em Leeds,
Aos amigos Edenia / Savio / Cla e Diego (minha família brasileira em Leeds)
/ Jutta, Terê y José / Jessie / Ali / Abbas e Shekou / Toyosi/ Fatih / Yvonne
(minha família multicultural em Leeds), por todo o carinho, amizade e pelos
valiosos momentos de união e intercâmbio.
À família,
Aos queridos irmãos Xandre e Tomoko, Mila e Edu, Záza e Wilson, e aos
queridos sobrinhos Bela, Tóta Lu, Fefa e Tuseco (carinhosamente), pela
torcida organizada.
5
Resumo
Abstract
Sumário
RESUMO 5
ABSTRACT 6
INTRODUÇÃO 9
BIBLIOGRAFIA 200
ANEXOS 207
9
Introdução
Inicio este trabalho recordando algumas das motivações que levaram a meu
ingresso na pesquisa sobre ensino de Ciências. Minha primeira experiência
como professora de Física ocorreu em uma escola da rede estadual de São
Paulo, quando era estudante do curso de bacharelado. Naquela época, sem
qualquer contato anterior com teorias sobre ensino e aprendizagem,
considerava que os ingredientes suficientes para a realização de uma boa
aula eram o domínio do conteúdo e a apresentação clara do mesmo para os
alunos. Não é de se admirar que aquela primeira experiência tenha sido
extremamente frustrante e que, naquele momento, eu tenha desistido de
lecionar.
Voltei a dar aulas no Ensino Médio somente três anos depois, quando
estava cursando a licenciatura. Foi um período de muito aprendizado, pois
tinha a oportunidade de questionar minhas próprias aulas e também podia
tentar aperfeiçoá-las a partir dos conhecimentos que adquiria no curso.
Minha visão sobre os processos de ensino e aprendizagem ampliou-se muito
e passei a compreender que “entender o conteúdo” significava muito mais do
que dominar conceitos e que não bastava fazer uma “apresentação clara” do
1
Depoimento de um profissional com escolaridade de nível superior sobre as aulas de Física que
freqüentou no Ensino Médio
10
mesmo para que meus alunos aprendessem, visto que o conhecimento não
podia ser transmitido, este devia ser construído ativamente.
Estrutura da tese
2
A abordagem genética de Vygotsky desdobra-se “nos níveis filogenético (desenvolvimento da
espécie humana), sociogenético (história dos grupos sociais), ontogenético (desenvolvimento do
indivíduo) e microgenético desenvolvimento de aspectos específicos do repertório psicológico dos
sujeitos), os quais interagem na construção dos processos psicológicos” (Oliveira, 1995, p. 55).
18
1.2. Mediação
A linguagem, por outro lado, passa por uma fase pré-intelectual, em que é
utilizada somente como meio de intercâmbio. Este comportamento também
é observado tanto na análise da filogênese, quanto da ontogênese. Num
determinado momento da evolução da espécie humana3, pensamento e
linguagem passam a se relacionar, sendo que esta última, com seu caráter
generalizante, passa a funcionar como instrumento de pensamento.
3
Oliveira (1999) destaca: “A associação entre pensamento e linguagem [para Vygosky] é atribuída à
necessidade de intercâmbio dos indivíduos durante o trabalho, atividade especificamente humana. O
trabalho é uma atividade que exige, por um lado, a utilização de instrumentos para a transformação da
natureza e, por outro lado, o planejamento, a ação coletiva e, portanto, a comunicação social.” (p. 45)
21
muitas vezes consiste no próprio objeto de estudo dos alunos. Além disso,
como será abordado mais adiante, nas aulas de Ciências diferentes
linguagens podem ser reconhecidas, empregadas tanto como recursos
semióticos, quanto como parte do conteúdo a ser trabalhado.
Gil Pérez et. al. (2001) abordam dois tipos de deformações importantes que
podem ser observadas no ensino de Ciências. Em muitos casos, no ensino
mais tradicional, a Ciência é apresentada de forma elitista e através de
conteúdos fechados. Como citado anteriormente, no caso da Física, é muito
comum que esta seja reduzida a um conjunto de formulações matemáticas
completamente distantes da realidade dos estudantes. Por outro lado, se
uma visão menos elitista (nas palavras de Gil et. el.) for levada ao extremo,
esta também pode causar problemas. Os autores chama atenção para o fato
de que uma idéia distorcida de que a atividade científica é algo simples e
que os estudantes podem ser motivados à realização de “descobertas”
também dificulta o entendimento dos conteúdos científicos. Neste último
caso, a insistência na criação de espaços para que os próprios alunos
‘descubram’ os conceitos almejados acaba levando à frustração tanto destes
quanto de seus professores. Além disso, é importante levar em consideração
que o formalismo matemático, assim como outras ferramentas culturais, é
parte do conteúdo científico e não pode ser deixado em segundo plano. Ou
seja, buscar relações entre Ciência e cotidiano é muito importante, mas há
também a necessidade de uma abordagem aprofundada da natureza
simbólica do conhecimento científico.
25
Portanto, ainda há muitas questões sobre a forma com que conteúdos são
trabalhados em sala de aula que precisam ser investigadas. Dentre elas,
como disponibilizar as ferramentas culturais da Ciência para os alunos, de
modo que eles possam compreender os potenciais que as mesmas podem
oferecer para a construção de conhecimentos, assim como familiarizar-se
com seu emprego.
Primeiros Estudos
Outras Vozes
Além deste novo olhar sobre o padrão triádico, os autores observaram que a
alternância entre uma postura avaliativa e elicitativa por parte da professora
pode determinar o sucesso ou fracasso de um processo de mudança
conceitual.
4
O conceito de dialogismo construído por Bakhtin (ver Bakhtin, 1981 e Voloshinov, 1997) está
relacionado à presença de diferentes vozes numa enunciação. Para o autor este processo ocorre o
tempo todo na língua viva; todo locutor, ao buscar uma forma de expressar-se sobre determinado
tema, encontra-o já defendido e desacreditado por outrem, ou seja, todo tema carrega consigo uma
multiplicidade de vozes e significações (plurilingüismos) já atribuídas a ele em diversos contextos
sociais e históricos. Esta multiplicidade de vozes, porém, pode ser explícita/perceptível ou não, em
função das intenções do locutor e também do grau de compreensão que apresenta sobre o tema.
Uma enunciação é caracterizada como dialógica quando é possível identificar a presença de outras
vozes na mesma.
37
5
Lotman (op. cit.) identifica uma dualidade funcional em textos falados e escritos. Para o autor, todo
texto apresenta duas funções básicas: transmitir significados adequadamente e gerar novos
significados. É importante notar, porém, que uma dessas funções pode ser predominante.
38
Narrativa de Ensino
Selecionar idéias
Marcar idéias
Aspectos da Análise
6
O conceito de linguagem social, desenvolvido por Bakhtin (ver Bakhtin, 1981 e Voloshinov, 1997),
corresponde a estratificações da língua baseadas na divisão de grupos sociais, que incluem dialetos
empregados em áreas geográficas particulares ou formas de jargão profissional. Mortimer e Scott (op.
cit.) fazem um paralelo entre este conceito e o discurso em sala de aula, destacando que na aula de
Ciências ao menos duas linguagens sociais se apresentam enquanto professor e alunos falam a
respeito de fenômenos, a linguagem ‘científica’ e a linguagem do cotidiano.
41
Ogborn et. al. (1996) apresentam um estudo diferenciado cujo foco está na
retórica empregada pelo professor para a construção de explicações em
sala de aula. De forma semelhante a Lemke (1997), os autores reconhecem
o papel de diferentes recursos semióticos na construção de explicações em
sala de aula, mas concentram seu estudo na linguagem verbal:
7
“... ou freqüentemente assumido como desconhecido” (Ogborn et. al., op. cit., p. 11)
44
Lemke (op. cit.) observa que a separação de escrita e desenho como modos
semióticos distintos, assim como a diferenciação entre modos comunicativos
(fala e gestos) e seus traços mais duradouros (escrita e desenho), é
resultado do aprendizado. Essa perda de unidade entre os diversos modos
de comunicação, segundo o autor, possibilita o refinamento dos mesmos, à
medida que são usados em situações sociais, proporcionando sua evolução
em diferentes especializações.
... Para fazer ciência, para falar ciência, para ler e escrever
ciência, é necessário lidar com e combinar em formas regradas
discurso verbal, expressões matemáticas, representações gráfico
– visuais e operações motoras no mundo ‘natural’ (incluindo
humano como natural). (Lemke, 1998, p. 3, tradução nossa)
50
8
Brown et. al. (1989) fazem uma distinção entre cultura autêntica, aquela praticada no domínio
original (p. e. cultura científica), e a cultura escolar.
55
9
Estes projetos, com forte ênfase nas atividades de experimentação, surgiram quando governos de
países como EUA e Inglaterra (Projetos PSSC e Nuffield, respectivamente) passaram a considerar a
necessidade de investimentos de grande porte na educação em Ciências, em função de suas
dimensões política e econômica (Carvalho, 1972).
10
No Brasil, o Projeto de Ensino de Física (PEF) foi desenvolvido dentro desta linha de trabalho, com
forte ênfase nas atividades de laboratório. Além disso, diferentes abordagens para laboratório didático
surgiram na década de setenta, acompanhando a tendência de valorização deste tipo de atividade
dentro das pesquisas sobre educação em Ciências (Pinho Alves, 2000).
56
11
Detalhes sobre esta seqüência e sua elaboração são apresentados no capítulo 4 sobre Metodologia
da Pesquisa
12
A realização de demonstrações também pode ser de responsabilidade dos alunos, quando estes
são convidados a apresentar para a turma a demonstração de algum fenômeno, mas a ação continua
concentrada em apenas poucos sujeitos, restando aos demais a observação.
58
ou social. Além disso, se uma atividade de ensino visa abordar não somente
os produtos da Ciência, mas também um pouco de suas características
culturais, é preciso que a mesma seja apresentada na forma de um
problema. Além de constituir-se num aspecto fundamental da construção de
um novo conhecimento (Bachelard, 1996), um problema a ser estudado é o
ponto inicial de uma investigação. É importante lembrar que a resolução de
um problema, neste caso, não refere-se a uma atividade estritamente
operacional, mas a uma atividade investigativa, com uma orientação próxima
do que constitui o trabalho científico, nos moldes propostos por Gil Pérez et.
al. (op. cit.).
A atividade de laboratório aberto proposta por Carvalho et. al. (op. cit.) e
implementada na seqüência de ensino analisada na presente pesquisa conta
com seis etapas de trabalho: proposta do problema, levantamento de
hipóteses, elaboração de plano de trabalho, montagem de arranjo
experimental e coleta de dados, análise dos dados e conclusão.
13
prêmio Nobel de medicina em 1978.
62
devem ser abordadas com os alunos, porém como o foco desta pesquisa
está nas ferramentas culturais envolvidas nas investigações de laboratório,
vamos nos concentrar no processo de inscrição literária.
Roth (2002b) fez um estudo para mostrar como cientistas passam a usar
gráficos de tal modo que não mais os distinguem do objeto ao qual estão
relacionados. O autor refere-se a este processo como o desaparecimento da
ferramenta, no caso o gráfico, que possibilita a mediação entre o mundo
material e a investigação do cientista. Ou seja, na medida que os cientistas
65
"Ron: [quando [eu venho para baixo [eu estou [no estado de domínio
[((indica parte direita do diagrama))
14
Além deste tipo de prática referencial, típica do discurso informal privado, os autores observaram
outro tipo de prática, que também é reconhecida nas pesquisas sobre a vida no laboratório. Trata-se
daquela empregada em discursos formais de domínio público, em que os cientistas constróem um
relato de fenômenos científicos destacando as construções físicas de interesse para a pesquisa e
mascarando o envolvimento humano na manipulação da natureza.
69
3.2.2. Argumentação
15
É importante citar que esta transformação de enunciados em fatos consiste num processo complexo
e longo, em que afirmações são defendidas e desacreditadas por diferentes autores, até o ponto em
que não seja necessário sequer a citação da fonte da qual o fato foi retirado (ver Latour e Woolgar,
1997, p. 68-90, e Latour, 1997).
71
16
Quando concordamos com o papel da argumentação na construção do fato científico, citada por
Latour e Woolgar, não deixamos de considerar a relação entre essa construção e a realidade.
Embora, segundo os autores, aspectos políticos e sociais exerçam forte papel nessa construção, é
importante lembrar que tanto a construção quanto o questionamento de argumentos num laboratório
passam pelo emprego de inscrições que representam atributos da realidade.
72
Candela (1997, 1999) observou que à medida que práticas discursivas são
incentivadas nas aulas de ciências, os alunos vão se apropriando de novas
formas de se expressar, adquirindo mais independência e confiança em
suas idéias. O principal foco de sua pesquisa foi investigar a capacidade dos
alunos de expressar suas opiniões e participar de uma forma ativa nos
processos de negociação de conhecimentos, contrariando a idéia de que
somente o professor determina os rumos das interações em sala de aula. A
criação de situações de conflito foi indicada pela autora como uma forma de
envolver estudantes na busca de recursos discursivos para a validação de
suas versões sobre conteúdos de Ciências.
D Então, Q, C Dado
I I Justificativa
I Conhecimento Básico
Refutação
Num trabalho posterior, Driver et. al. (1999) indicam algumas formas de
argumentos tipicamente importantes para a comunidade científica –
desenvolvimento de simplificações; postulação de teorias explicativas
causais que gerem previsões; e apresentação de evidências a partir de
observações ou experimentações.
Pr: Deixa eu ver ... ajudar na discussão ... Eu quero cozinhar uma
carne, por exemplo, pra isso eu posso dispor do fogão ... a
combustível ... a gás e de um forno de microondas ... a primeira
coisa ... é o tempo de cozimento eles são iguais?
J: Não ... o microondas a gente pode controlar a intensidade e o
tempo ...
Pr: Ótimo ... o microondas doura as coisas?
[todos falam juntos]
Pr: Pera aí ... um por vez...
F: Não ... porque ele cozinha por dentro ...
Pr: Ótimo vocês já tão começando a levantar hipóteses de que um
processo diferente tá ocorrendo ...
E: Aqui a gente tinha feito ... que ele aquece substâncias que
tinham 50% de água ... (Silva, op. cit., p. 219)
Neste trecho, pela primeira vez, o professor entra na discussão e sua atitude
é de promover novas questões, tentando ajudar os alunos a reorganizarem
suas idéias. Apesar de não chegarem a nenhuma conclusão, os alunos
foram evoluindo ao longo da discussão elaborando diferentes hipóteses e
apresentando dados a favor e contra as mesmas. A presença de refutações
mostrou uma preocupação com o rigor no uso do vocabulário, assim como a
capacidade de associar evidências com as hipóteses desenvolvidas. O
discurso avaliativo do professor ajudou os alunos a acrescentarem novos
dados ao problema.
Este episódio ocorreu duas aulas depois do 1A. Nesta aula, antes da
seqüência analisada, o professor havia feito algumas experiências com os
alunos em laboratório, comparando o forno de microondas com o forno
elétrico convencional. A seguir apresentamos a transcrição da fase da aula
em que o professor pediu aos alunos que lessem em voz alta o que haviam
80
escrito sobre cada classe de aquecedores a partir das discussões das aulas
anteriores.
17
Mais informações sobre esta atividade, O Problema do Submarino, podem ser encontradas em
Carvalho et. al. (1998), p. 68 a 77.
83
Somente dez turnos depois, a aluna Adriana apresenta uma terceira idéia,
não contando nem com a entrada de água e nem com a presença de um
motor, que imediatamente é refutada por um colega. A presença de uma
refutação indica um alto nível de participação dos alunos na discussão,
estando atentos o suficiente para reagir prontamente a algum argumento
inadequado.
Apesar de sua fala ter sido refutada, a aluna Adriana apresentou uma
importante extensão da discussão anterior à nova situação, retomando a
grandeza peso como fator importante. Na fala 64, o aluno Alexandre faz uma
síntese em defesa da entrada de água para imersão, acrescentando a
grandeza peso resgatada pela aluna Adriana na fala 59.
Comentários Gerais
Este grupo era formado por cinco professores da rede pública de ensino,
que, preocupados em melhorar os resultados de aprendizagem de seus
alunos, reuniam-se uma vez por semana na Universidade de São Paulo, sob
orientação da Profa. Anna Maria Pessoa de Carvalho no Laboratório de
Pesquisa e Ensino de Física (LaPEF) da Faculdade de Educação.
Recebendo apoio da FAPESP, eles buscavam, por meio de análises e
reflexões, desenvolver um projeto de pesquisa que conduzisse os alunos a
adquirirem resultados mais satisfatórios. Dentre os objetivos almejados pelo
grupo estava o incentivo à participação dos mesmos na construção de
explicações em sala de aula e a consideração de diferentes facetas do
conhecimento científico.
A Professora e os Alunos
A Escola
18
Termodinâmica: um ensino por investigação. Carvalho, A M. P. (coordenadora), USP, Faculdade de Educação,
São Paulo, 1999.
94
1
2
mesa P
B1 B2 B3 B4
Armários de alvenaria
A seqüência de ensino
Registro em Vídeo
19
Uma avaliação sobre temas trabalhados em aulas anteriores à filmagem foi realizada na primeira
parte da aula 5 da seqüência registrada.
97
Observação
20
Como a professora da turma era a coordenadora da classe, em algumas das aulas registradas,
houve momentos de discussão de assuntos não relacionados à disciplina de Física. Nestes períodos
a gravação em vídeo era interrompida e a descrição e período de duração das conversas era
registrada nas notas de campo.
98
Evento 2/5 – Lab. Aberto: Revisão de hipóteses e Planejamento de teste empírico 20’20”
303 P: Agitadas ... Será que é possível ... tem duas moléculas Gesto
soltas andando agitadas ... conseguir que elas fiquem
com mais velocidade ... mais ()...
Bloco Temático I
Bloco Temático II
analisados foi impossibilitada pela longa duração dos mesmos. Desta forma,
optamos por fazer uma descrição analítica de cada evento, apresentado
exemplos representativos ao longo da mesma. A transcrição completa dos
eventos analisados é apresentada nos anexos 3 a 5.
(1a) P: este trabalho vai ser um pouquinho mais difícil ... então eu vou
propor uma questão ... e nós vamos BUSCAR a resposta [gesticula
indicando a turma toda] em grupo na classe ... então quem tiver idéia pode
falar ... nós vamos respeitar os colegas ... se não for a mesma idéia ... a
gente pode ter várias idéias ... não tem problema ... o importante é a gente
TROCAR [repete gesto anterior] essas idéias ... todo mundo tem direito de
falar e todo mundo tem direito de ser ouvido ...
(117) P: Ninguém falou nisso até agora ... né ((67’)) se eu tiver mais água
... quê que vai acontecer... [escreve no quadro: “Hipóteses: - Quantidade
de água; + água → demora mais”]
Como explicado anteriormente, a mudança na formatação do fonte, no caso
negrito, representa situações em que diferentes modos foram empregados
simultaneamente.
Mapa da Aula 1
Evento 3/1 – Demonstração Investigativa sobre dilatação dos gases 78’ 24’
Assim, que o aparato ficou pronto e pouco antes de P iniciar o aquecimento, um aluno
elaborou uma hipótese sobre o que seria observado (T29):
Uma explicação para fenômeno foi construída através de argumentos e emprego de teste
empírico.
No turno 132, P deixou cair por acidente o aparato experimental, o que provocou grande
agitação entre os alunos (~10’).
21
Do tempo total duração do evento, aproximadamente dez minutos correspondem a um período de
grande agitação dos alunos, devido à queda do aparato experimental e quebra do erlenmeyer.
107
O evento 3/1 pode ser dividido em dois episódios de acordo com o foco das
discussões realizadas ao longo do mesmo. No episódio 1, os alunos
constróem explicações para o fenômeno demonstrado por P. Neste período,
há um grande envolvimento da classe num processo de argumentação, em
que estudantes procuram defender suas idéias e P procura organizá-las. No
episódio 2, P retoma aspectos da teoria cinética molecular estudada em
aulas anteriores para construir uma explicação sobre o processo de
resfriamento do aparato experimental.
Enquanto pega os materiais no armário para montar o arranjo que será utilizado
na demonstração, a professora vai comentando com os alunos o que está fazendo.
12 A8: é o quê?
Este episódio marca o início de uma nova atividade e um novo tema. Neste
momento é necessário estabelecer as principais características do processo
de construção de significados intencionado pela professora. Em relação à
função comunicativa ideacional, o tema desta atividade é a construção de
uma explicação para um novo fenômeno. Este é apresentado no turno 1b,
quando P define o objetivo central do trabalho.
Esta apresentação das intenções de P para este novo momento da aula tem
um importante papel na construção do contexto para que a atividade
aconteça. Nos turnos seguintes, observamos que as funções comunicativas
110
14 P: nós vamos usar pouca coisa ... P mostra bexiga enquanto Bexiga
nós vamos usar um Erlenmeyer ... fala
uma bexiga comum ...
Bexiga vazia
27 A14: é o Erlenmeyer...
deles levanta uma questão prevendo o que vai acontecer (turno 29). É
importante lembrar que no turno 16 a professora já tinha sinalizado que algo
aconteceria com a bexiga. A fala espontânea de A3, além de mostrar que
está acompanhando o processo, é um indicador da existência de um espaço
acolhedor para a participação. Da mesma forma, a reação da professora,
transformando tal pergunta em uma afirmação hipotética, dirigida a toda
classe, estimula o posicionamento de outros alunos a respeito (turnos 31, 32
e 33). Neste momento, com respeito à função ideacional, o papel das
hipóteses na construção de explicações para o fenômeno está sendo
enfatizado. Já com respeito à função interpessoal, a valorização de
intervenções dos alunos expressa a intenção de construção coletiva. Assim
como na seqüência anterior, há uma ampla participação da turma, mesmo
que em meio a grande agitação.
P transforma contribuição de
A3 em hipótese do grupo /
aceita comentários de alunos
(T31 a T35)
22
Os modos visual e gestual foram empregados para informar tentativas dos alunos e ilustrar pista da
professora, respectivamente, porém isto não foi relevante para a função interpessoal.
116
42 A5: é
118
45 A5: como ele não tem espaço ... ele A5 gesto 1 A5 gesto 2
enche a bexiga ... porque a bexiga tá ...
((inaudível))
46 A17: então
informações também são veiculadas pelo discurso oral. Desta forma, dentro
da função ideacional, estes gestos possibilitam enfatizar e ilustrar as idéias,
mais do que complementá-las. Esta ênfase na apresentação das
explicações pode ser interpretada como um esforço dos estudantes em se
fazer entender em defesa de suas hipóteses. Neste momento da aula
começa a configurar-se um processo de argumentação, que envolve, além
da apresentação de idéias sobre o fenômeno para a construção de uma
explicação (função ideacional), uma atitude de engajamento dos estudantes
em relação à mesma (função interpessoal).
49 A9: sobe
50 A17: sobe
120
51 A3: ô professora
52 P: porque se ele sobe ... ele tá saindo daqui... pra cá ... Indica Erlenmeyer
e _____________________aqui tá ficando vazio Indica bexiga
56 A17: se expande
57 Alunos: se expande
imediata mudança de opinião por parte de alguns alunos (turnos 54, 55, 56 e
57). O que não garante que estes tenham reconhecido a diferença entre as
duas idéias (ver A3 nos turnos 58 e 60).
70 A14: __________________________
subiu
124
78 ((discussão inaudível))
No turno 71, A7, que entra pela primeira vez na discussão, defende a idéia
de que “o ar se expande”, enquanto A15 se opõe. É interessante notar que
neste turno, A7 emprega um gesto semelhante ao de A5 no turno 48 do
episódio anterior. Desta vez, porém este gesto é usado para defender a idéia
de “expandir” ao invés de “subir. Este emprego de gestos semelhantes não
ocorre por acaso, como será visto mais a frente, estas duas idéias ainda são
complementares para os alunos, da mesma forma que se apresentavam
para A5 no episódio 1B.
82 A3: tá subindo...
84 Alunos: expande
86 ((discussão inaudível))
87 A14: ele se expande ... ele tá querendo sair Bexiga continua enchendo
90 Turma: TEM AR
94 ((comentários))
96 A7:__________________ ((inaudível))
99 A4: nada
107 P: ahn.
Este último aspecto foi muito marcante na evolução dos argumentos dos
alunos. É importante observar que somente nos turnos 101 e 103, após uma
ampla discussão, e em posse de uma evidência experimental, um dos
alunos apresentou uma refutação para as explicações sustentadas pela
afirmação “o ar quente sobe”, diferenciando claramente o que se entende
por “subir” e “expandir”. E, somente após esta refutação ter sido construída,
com um grande envolvimento de toda a classe, é que a professora deu um
feedback avaliativo para os alunos – “certo ... se o ar tivesse subindo .. ele
agora esvazia ... como ele ainda tá quente ... ele deveria inverter, né?” - e
explicou claramente porque a explicação refutada era inadequada – “é:: o
que estava em dúvida aqui... vem a ser o seguinte... se o ar saiu daqui
((Erlenmeyer)) e veio pra cá ((bexiga)) ... como se fosse na Convecção -- o
ar quente fica menos denso ... sobe -- ou se o ar se espalhou -- se o ar que
estava aqui agora tá aqui E aqui e tá ocupando mais espaço”.
P incentiva o dissenso e a
construção de argumentos,
sem explicar diferença entre
idéias.
23
É importante lembrar que as aulas filmadas eram duplas e, portanto, uma aula dentro da seqüência,
compreende 105 minutos, dos quais 5 correspondem ao intervalo entre aulas.
135
(1a) P: este trabalho vai ser um pouquinho mais difícil ... então eu vou
propor uma questão ... e nós vamos BUSCAR a resposta [gesticula
indicando a turma toda] em grupo na classe ... então quem tiver idéia pode
falar ... nós vamos respeitar os colegas ... se não for a mesma idéia ... a
gente pode ter várias idéias ... não tem problema ... o importante é a gente
TROCAR [repete gesto anterior] essas idéias ... todo mundo tem direito de
falar e todo mundo tem direito de ser ouvido ...
(31) A4: ela ((água quando vira vapor)) só se mistura com o ar?
(32) P: Quando ela vira vapor ela se mistura com o ar ... tá ... mas eu estou
pensando no vapor ... se a gente [indica turma toda] coloca a água pra
aquecer ... vocês estão dizendo que a temperatura aumenta ... nós temos
um primeiro problema aí ... será que ela aumenta ... sempre por igual? você
acha que não [indica A14] ... você acha que no começo ela aumenta ...
Além do modo verbal oral, que já vinha exercendo as três funções dentro do
processo de construção de significados, no turno 32 são empregados
também gestos dêiticos. Estes últimos correm em paralelo ao primeiro,
enfatizando a proposta de atividade coletiva e a aceitação das idéias dos
alunos.
(43) P: bom ... então eu vou escrever isso pra gente num perder essas
idéias ... né ... senão a gente se perde ... então primeiro o que acontece
com a temperatura da água enquanto a aquecemos ... então ela
aumenta [escreve no quadro] ... primeiro ela aumenta ... aí você [indica A6]
disse que nesse aumento ... ela aumenta ... no começo ... mais devagar
[escreve] ... ((59’))
(44) A6: ( ) eu acho que ela no começo vai mais devagar e depois mais
rápido
(45) P: e depois mais rápido [escreve] ... então vamos pensar em números
... só pra chutar ... a gente não tem a menor idéia ... mas ... vamos supor
assim ... se aumentava no começo dez graus por minuto ... depois ela
passa a aumentar quinze ... vinte ... por aí
(46) quinze ... vinte
(109) P(b): que mais que tá faltando? vocês não pensaram numa coisa...
(110) A4: Em relação à química...
143
(111) P: A própria água ... a gente tá falando na água ... mas não falou no
que da água...
(112) A14: ()
(113) P: ... a gente falou da quantidade de energia ... se eu estiver
aquecendo pouca água ... ou muita água ...
(114) A4: a quantidade de água?
(115) P: ahn? a quantidade de água modifica o aquecimento?
(116) A4: Claro...
(117) P: Ninguém falou nisso até agora ... né ((67’)) se eu tiver mais água
... quê que vai acontecer... [escreve no quadro: “Hipóteses: - Quantidade
de água; + água → demora mais”]
O extrato acima exemplifica o uso feito do modo verbal escrito, que segue a
tendência iniciada em turnos anteriores. Este modo é empregado como
forma de organizar e compartilhar hipóteses na lousa, a medida que estas
são apresentadas e esclarecidas pelos alunos (ver anexo 3, turnos 51a, 58,
64, 88, 107, 117, 152 e 163). A função ideacional dos registros no quadro é
explicitada na fala e nos gestos da professora no turno 119b:
(119b) P: bom ... então a gente tá vendo aqui [gesto dêitico indica lousa] ...
uma série de coisas que a gente acha que vão influneciar - - vamos parar a
conversa ... se a gente se perder agora ... a gente vai se perder pr/os
próximos ... pr/o próximo trabalho ... que é a seqüência desse aqui ... - -
então a gente tá vendo aqui VÁRIAS coisas [gesto dêitico indica hipóteses
no quadro e, em seguida, alunos] que influenciam no aquecimento ... por
exemplo ... da água ... estou falando da água porque a água é um material
fácil de conseguir ... fácil de achar ... e tudo isso ... então ... várias coisas
estão influenciando nesse assunto ... né ... se nesse aquecimento ...
Ainda dentro desta seqüência, entre os turnos 140 e 183, três alunos
começam a discutir sobre a estabilidade da temperatura da água durante a
ebulição, dois acreditam que a temperatura aumenta, enquanto uma acredita
que se mantém. Este é um aspecto importante para a motivação de um teste
experimental e, neste momento, P emprega uma abordagem comunicativa
dialógica, dando espaço para as hipóteses concorrentes:
(186) P: eu pus uma idéia ... um problema pra gente resolver ... a gente fez
uma série de hipóteses aqui ... a gente tem certeza de alguma coisa
dessas?
(187) Alunos: não...
(188) A21: a gente podia fazer uma experiência...
(189) P: bom [indica A21] ... a gente podia fazer uma experiência... ((73’))
(190) A14: agora...
(191) P: só que pra gente fazer uma experiência ... a gente tem que planejar
... tá ... nós estamos agindo agora como se age em ciência ... eu joguei o
problema ... eu propus uma idéia aqui ... vocês levantaram um monte de
hipóteses ... tem coisas que a gente está de acordo ... tem coisas que a
gente tem dúvidas ... né ... que todo mundo acha que no começo aumenta
mais devagar e depois mais rápido - - pelo menos ninguém disse nada em
147
contrário - - depois ... pára de aumentar [indica A4] - - já num é bem assim
- - né ... aumenta e depois pára de aumentar ...
(192) A4: só que num desce ... ela se mantém...
(193) P: ela não diminui ... ela se mantém ... né ... ele acha que no começo
aumenta mais devagar depois aumenta mais rápido ... ahn ... que o tipo de
recipiente que a gente vai usar ... o material influencia ... ((74’)) se o
recipiente está aberto ou fechado ... também ... da quantidade de calor que
fornece ... conforme a altitude ... a quantidade de água ... então ... a gente
tem uma série de coisas ... que acha que influencia ... a gente num dá bem
como ainda definir ... né ... a gente ACHA que é assim ... só hipótese
(320b) P: bom ... então ... ó ... nós já vimos ... quais hipóteses que a gente
quer verificar ... que vocês acham que vão influenciar ((85’)) ... nós já vimos
o material que vai utilizar ... agora como é que a gente vai fazer o trabalho?
Como é que a gente vai medir pra verificar? Porque é muita coisa pra ver...
((pausa 7”)) ... quê que a gente vai ter que fazer agora pra poder verificar
cada uma dessas hipóteses..
(324) A4: A gente... A gente se mistura ... e cada um faz um...
(...)
(330) A27: Vai um trampo ... professora...
(331) P: Vai um trampo ... então ... como é que a gente resolve o trampo?
(332) A21: Organizando...
(333) P: Vamos tentar organizar isso ... só que aí a gente vai ter que ter ...
grupos que trabalhem à sério ... porque a gente tem que confiar no
resultado do outro ... será que a gente tem - - sh:: ((para um grupo que está
conversando)) - - será que a gente pode fazer o trabalho na classe como
um todo ... onde ... um vai fazer ... com mais água ... outro faz com menos
... outro faz com mais lamparina ... outro faz com tampa ... e depois a gente
faz aí ... um grande painel pra olharmos TUDO?...
(...)
(342) P: Se a gente fizer vários ... lógico ... se a gente fizer ... sei lá ... seis
grupos ... cada um trabalhando de um jeito ... a gente vai ter uma confiança
muito grande no trabalho do colega [gesticula indicando trabalho coletivo
com toda a classe] ... então ... precisa haver um compromisso da classe de
trabalhar legal ... senão ... não pode ... se um não faz o negócio bem feito ...
não vai funcionar ... nós vamos ter que detalhar isso daí ... olha ... sh:: ...
nós vamos ter que detalhar o como fazer ... PRA TODOS AGIREM
IGUALMENTE [indica todos os alunos] ... pra gente poder comparar ... tá ...
então é pra todo mundo fazer direitinho ... pra gente não ter que retomar e
refazer nenhuma parte .. .então ... primeira coisa ... ((88’)) vamos anotar o
que está na lousa ... e vamos ... olha gente ... é importante agora ... nós
vamos ter uma seqüência de trabalho ... vocês tão vendo isso ... nós vamos
ter de fazer como medir todo mundo ... igual ... nós vamos ter que ... depois
... medir ... depois comparar essas medidas ... então ... vai ser uma coisa
seqüencial...
(1b) P: vamos ver como é que a gente faz essa experiência ... não adianta a
gente sair que nem doido ... pegando material e medir ... sem saber o que
vai medir ... então a gente precisa planejar o trabalho ... pra gente depois
poder verificar ... se tudo que a gente falou estava certo ... se não estava ...
onde que a gente tem certeza ... onde que não tem...pra partir pr/os nossos
resultados ... ((70’)) então por isso precisa ... organizar o trabalho ... se cada
um ... cada grupo ... for testar tudo isso ... ele vai ter que fazer ... uma
medida com uma certa quantidade de água ... outra com outra ... outra com
ela aberta ... outra fechada ... outra com ... com vidro ... outra com alumínio
... outra com uma lamparina ... outra com duas lamparinas ... então ...
demora muito tempo pra pegar TODOS esses dados ... tá ... a gente vai
153
ficar o ano inteiro aí ... medindo ... medindo ... medindo ... pra ver ... ahn
...tirar esses valores todos ... então ... a sugestão é ... a gente dividir o
trabalho .. .nos grupos da classe ... cada um vai fazer uma parte ... e no fim
a gente faz ... uma comparação de todos ... pra gente poder ver se as
nossas hipóteses estão corretas ou não ... tá ...
Até este ponto a intenção da professora pode ser classificada como manter
a narrativa, de acordo com a abordagem de Mortimer e Scott (op. cit.). Este
momento tem o papel de retomar e sustentar o desenvolvimento da estória
científica iniciada na aula anterior.
(1c) P: mesmo que a gente vá fazer assim ... cada grupo faz alguma coisa
... o quê que a gente teria que fazer? ((71’)) bem ... como que a gente ...
cada grupo iria trabalhar com esse material ... como? quê que a gente vai
medir?
ou aumenta depois da ebulição ... dava pra eu fazer isso ... espera ela
ferver ... fica olhando ... se aumentou ou se não aumentou depois - - mas a
gente tem que ver ... se o material tá influenciando no aquecimento ... se a
quantidade de lamparina ... também ... etc. ... então não é só do rela/ deixa
ferver ... e pronto ...
(15b ) P: então ... a gente vai ter que medir conforme o tempo vai passando
((73’)) ... esse tempo que vai passando ... vai dar também uma outra
medida pra gente ... que é uma medida de ... quanto de energia está
chegando pra água ... como é que eu vou medir o calor que a água está
recebendo?
(16) A: Termômetro...
(17) A22: Termômetro...
(18) A: Colocando o dedo...
(19) A22: Nossa...que idéia...
(20) P: Será que se eu for e colocar o termômetro ... eu meço o calor que a
lamparina está dando?
(21) A22: Não...( )
(22) P: Espera aí ... fala aí A4 ... ela fornece o quê?
(23) A4: Calor ... pr/o negócio ferver ... né ... fogo...
(24) P: Vai chegar a energia ... quê que vai acontecer com as partículas da
água?
(25) A22: Vai...se agitando...
(26) A4: Se movimentar...
155
(27 a) P: vão ficar mais agitadas ... vão se movimentar mais .. .e é por isso
que a temperatura ((74’)) aumenta ... então pra gente ver também ... quanto
de energia a gente está fornecendo ... a gente vai medir pelo tempo
(83) P: ((94’56”)) vai chegar ... nós vamos medir a água ... alguém vai ver se
as lamparinas estão certas ... vai deixar tudo igualzinho ... vamos medir a
água ... pegar a água ... cada grupo vai pegar o tripezinho ... vai colocar lá
nas mesas ... cada grupo vai trabalhar ... vai fazer o quê? Pegar o
termômetro e faz o que?24
24
A contagem de turnos havia sido interrompida durante o evento 3/5.
157
O evento 2/6, descrito e analisado a seguir, tem início aos vinte e dois
minutos da aula 6. Neste momento, três dos quatro estudantes do grupo III
estão reunidos na bancada preparando os materiais para começar a
experiência. A condição de teste desse grupo25, que foi atribuída pela
professora na aula anterior, é a seguinte: 100 ml de água; recipiente de
vidro; sem tampa e 2 lamparinas.
Cena 26
Ação Verbal Oral
∆t)
(∆
Gu: observa colegas
1 Tom: acompanha Bel
(22’24”) Bel: mede temperatura inicial da água Bel: dezoito graus [p/ Vic]
Vic: anota
Gu: olha no relógio de pulso e fala Gu: ó ... já são dez e
vinte
Tom: pega as duas lamparinas, colocando-as na
2 altura dos olhos. Compara os pavios, enquanto fala Tom: essa aqui num
(22’44”)
p/ Bel. tem mais álcool?
Bel: olha p/ Gu
Vic: deixa o grupo
Gu: Fala p/ Bel (mantendo uma mão sobre o relógio Gu: já são dez e vinte
de pulso)
3
Tom: Coloca lamparinas embaixo do tripé
Bel: segura o Termômetro fora do béquer /
Gu: olha para grupo ao lado
4
Tom: curva-se para verificar lamparinas sob o tripé
(22’59’)
Bel: acompanha os movimentos de Tom
Tom: pega caixa de fósforos com grupo ao lado e
prepara – se para acender lamparinas
5
Bel: ninguém acendeu
Bel: olha outros grupos e fala p/ Tom ainda
Gu: fala p/ Tom Gu: não acende ainda
25
Para facilitar a análise desta etapa da aula, atribuímos pseudônimos aos participantes do grupo III, a
saber: Gu (A25); Tom (A14); Bel (A1) e Vic (A29). Mais detalhes sobre a escolha desse grupo de
alunos são apresentados no capítulo 4
26
Para descrever as ações simultâneas dos alunos ao longo da seqüência, optamos por uma
transcrição dividida em cenas. Em algumas dessas cenas apresentamos a marcação do tempo da
aula.
160
∆t)
C (∆ Ação Verbal Oral
Tom e Vic ajeitam lamparinas embaixo do tripé
∆t)
C (∆ Ação Verbal Oral
Vic: lê a folha de papel em que estão registrando os
13 dados e fala para Bel
Vic: o que você fez aqui?
(25’) Tom: aproxima-se de Vic e verifica as anotações de
Bel
Gu: vira-se para Bel e fala Gu: vê a temperatura
Bel: Segura o Termômetro fora do béquer
14
Tom: pega o Termômetro e coloca na água Vic: dez ... trinta e nove ...
dez ... vinte e um?
Vic: Lê registro de Bel
Tom: observa o termômetro dentro da água Gu: vê a temperatura
15
(25’15”) Vic: já passaram dois
minutos?
Gu: olha para Vic e fala, vira-se para o grupo ao lado, Gu: não ... quando
16
ficando de costas para seu grupo. passar eu falo
Tom: está no centro do grupo, olha para Gu e Vic, Tom: “( ) [p/ Gu] ... fica
controlando a medida de tempo e anotação dos pronto aí [p/ Vic]”
17 dados.
Bel: posiciona-se atrás de Tom e Vic, esforçando-se
para observar o termômetro à distância.
Tom: ajusta a posição do termômetro dentro da água,
de modo que não precise tocá-lo para fazer as
medidas.
18 Vic: o quê que é dez ...
Vic: verifica o que está escrito no papel e toma notas.
(25’28”)
vinte e um ? [lendo
Tom: vira-se para Bel, que está olhando distraída anotações de Bel]
para outro grupo
Tom: dez ... vinte e um
[repete questão de Vic]
também na cena 17, em que o aluno assume esse papel delegando funções
aos colegas.
∆t)
C (∆ Ação Verbal Oral
Gu: olha relógio e fala Gu: faltam cinco
segundos
Tom: pronto para ler a temperatura
19
(26’40”) Bel: observa o termômetro à distância
Vic: pronta para escrever
∆t)
C (∆ Ação Verbal Oral
25 Gu: fala Gu: vai ... agora
(28’57”)
Tom: observa termômetro e fala Tom: cinqüenta e oito
Bel: olha rapidamente para outro grupo
Vic: verifica anotações e fala Vic: tá de vinte em vinte
graus
Tom: se pode ver ... o
próximo vai ser ...
Gu: olha para outro grupo, enquanto aguarda
Vic: setenta e oito
passagem do tempo
Tom: o próximo vai ser?
Vic: setenta e oito
∆t)
C (∆ Ação Verbal Oral
26 Tom: fala para Vic Tom: vamos ver se seus
(29’09”) cálculos tão certos
∆t)
C (∆ Ação Verbal Oral
29 Gu: olha o relógio Vic: ô [p/ Gu] ... num é o
(30’15”) tempo ainda?
Tom e Bel: observam termômetro
Tom: setenta e cinco ...
ainda tão faltando três
graus
Gu: tá faltando cinco
segundos
30 Gu: fala p/ Tom Gu: vai ... vê aí
Tom: verifica temperatura Tom: setenta e um e meio
31 Gu, Bel e Vic: estão surpresos Vic: setenta e um?
(30’44”)
Tom: claro
Bel: toca levemente o termômetro, tentando lê-lo à Bel: setenta e um?
distância (questão sem muita
ênfase)
Gu: tá louco!
32 Tom: verifica a temperatura e surpreende-se Tom: setenta e sete
Bel: setenta e sete
33 Gu: verifica a temperatura no termômetro Gu: setenta e oito
Tom: não ... setenta e sete
e meio
Bel: setenta e sete
Tom: e meio
Vic: reclama devido à indecisão dos colegas
Vic: e meio?
Bel: não ... setenta e sete
Após a realização da leitura por Tom (cena 30), seus colegas surpreendem-
se ao verificar que, diferentemente das previsões anunciadas pelo mesmo
167
∆t)
C (∆ Ação Verbal Oral
34 GU: enquanto controla o tempo, observa grupo ao
(33’05”) lado
TOM: observa o conjunto experimental e fala
TOM: tá evaporando
BEL: observa o conjunto experimental
35 Tom: fala com grupo ao lado Tom: tá evaporando
Bel: observa o conjunto experimental
Gu: olha para o conjunto experimental e fala para Vic Gu: tá indo
gradualmente?
Vic: observa suas anotações e indica tabela
Vic: daqui pra cá ... tá
indo de vinte em vinte
36 Gu: olha conjunto experimental Gu: sempre de vinte em
vinte?
Vic: verifica dados
Vic: não ... nos três
Tom: olha conjunto experimental
primeiros
Bel: olha conjunto experimental
Bel: vamos ver se ele vai
até cem graus
37 Gu: olha conjunto experimental Gu: já vai chegar em cem
(35’)
Tom: olha conjunto experimental
Bel: olha conjunto experimental
38 Gu: olha relógio Gu: agora
Tom: verifica temperatura Tom: noventa e sete ...
ainda
Bel: olha conjunto experimental
Bel: noventa e sete
Vic: toma notas
Vic: noventa e sete
∆t)
C (∆ Ação Verbal Oral
39 Tom: olha conjunto experimental Tom: noventa e sete e
(36’04”) meio ... eu acho que a
água pode ir só até cem
Bel: ( )
Vic: fala com colegas, fazendo gestos com as mãos,
Vic: ( )
indicando que a temperatura da água está constante
40 Estudantes: prestam atenção ao conjunto Tom: até ela vai evaporar
experimental ... vai chegar até cem
Nas cenas seguintes (46 a 52) esta tendência de grande participação dos
alunos se repete até que, na cena 53 Bel observa um dado novo:
∆t)
C (∆ Ação Verbal Oral
53 Bel: observa termômetro e surpreende-se Bel: espera ... tá
(44’10”) diminuindo ... olha
Vic: olha para BEL
Vic: mesmo?
Bel: foi para noventa e
sete
54 Tom: lê temperatura e faz uma expressão afirmativa Vic: que isso?
Gu: olha o relógio Bel: que isso ... ô
professora
55 Gu: vai ... agora
Bel: lê temperatura Bel: noventa e sete
Vic: anota a temperatura Vic: noventa e sete
56 P: aproxima-se do grupo P: está diminuindo?
(46’33”)
Estudantes: observam a professora
P: aponta béquer com água P: olha o que está
acontecendo ... está
metade fora da água
170
Aos quarenta e sete minutos da aula, a professora solicita aos alunos que
encerrem a realização de medidas, apaguem as lamparinas e copiem os
dados coletados em uma grande tabela desenhada na lousa (evento 3/6).
Durante o intervalo entre aulas (5’), muitos dos alunos permanecem na sala
fazendo anotações ou guardando os materiais empregados na atividade. No
início da segunda aula P faz a chamada, enquanto alunos retomam seus
lugares habituais na sala e escrevem dados na lousa (evento 4/6). Em
seguida , a professora faz uma revisão do trabalho que está sendo realizado,
falando sobre as próximas etapas do mesmo (evento 5/6), dando início ao
evento 6/6, apresentado a seguir:
Fase 2B – Interpretando a
Primeira Inscrição
174
(1) P: ((67’17”)) primeira coisa ... vamos olhar os valores ... ver o quê que a
gente pode achar de SEMELHANÇAS e de diferenças ((muita conversa na
sala)) shhh ... quê que tem de IGUAL ... primeiro ... quê que tem () ...
(2) A: temperatura ...
(3) A2: praticamente só ()
(4) P: a temperatu/ -- vamos parar a conversa ... agora é sério ((pausa – 8”))
– primeira coisa ... tem igual a temperatura? ((68’)) Inicial ... todo mundo
começou mais ou menos com a mesma temperatura ... por que? ((pausa
4”))
(5) A: ( ) a água ...
(6) Alunos: ((inaudível))
27
Ver anexo 5
175
No turno 13, o modo verbal escrito é empregado pela primeira vez. Embora
não tenha participado da construção de uma resposta para a questão em
discussão (turno 1), este modo ajuda a trazer para o plano social da sala de
aula mais um aspecto da cultura científica, o emprego de conceitos e
unidades de medida nas explicações. A contribuição de A14 apresentada no
turno 10 – “porque a água foi quase noventa e sete... mais ou menos” - é
transformada para “em todos a temperatura estabilizou próximo de noventa
e sete graus Celsius”, quando apresentada no modo escrito. Portanto, o
emprego da linguagem escrita, além de organizar as informações
construídas até o momento, numa função textual, possibilita à professora
realçar as informações mais importantes e introduzir termos mais
apropriados ao discurso científico.
(14b) P: QUE mais... agora que falou... que com mais lamparina aquece
mais rápido... que com mais água aquece mais devagar... será que dá pra
gente perceber isso nos resultados? ((50’))
(15) A14: dá...
(16) ((comentários de alunos))
(17) P: dá?
(18) A14: pode... por exemplo...()
(19) P: os dois primeiros... ó [indica dados na tabela]... fizeram::: com as
mesmas condições... né... era a lamparina... era o béquer... era aberto... os
resultados são:: próximos [aproxima-se da tabela para ler] ((diminui a
entonação, como se mudasse de idéia sobre sua afirmação)) ...
(20) A4: não...
(21) A14: não ...
(22) P: não? ((Quase uma afirmação))
(23) A4: sim...
(24) A14: alguns não...()
(25) A4: ___________no começo não ... no começo... (ficou diferente) ()...
dezoito... trinta e dois... cinqüenta e três...
(26a) P: dezoito ... trinta e dois ... cinqüenta e três ... dezenove ... trinta e
cinco ... cinqüenta e quatro ((A4: é)) ... setenta... setenta e cinco... ((A:
setenta e quatro)) oitenta e cinco ... oitenta e nove ... as diferenças são
de::... mais ou menos... o que ... quatro graus... ((4’ pause)) ((51’))
É importante notar que a professora inicia este turno num tom afirmativo,
mas ao final, olhando para os dados da tabela, parece constatar que sua
afirmação não corresponde aos resultados obtidos. A finalização deste turno
transforma-o, então, de uma afirmação para uma quase interrogação, que é
prontamente refutada pelos alunos (turnos 20 e 21). Mais uma vez, o retorno
elicitativo da professora cria um espaço para justificativas. Observa-se nesta
etapa a presença de duas idéias distintas, a expectativa teórica de P de que
nas mesmas condições experimentais os dados sejam semelhantes e a
observação sobre os dados empíricos, que negam a mesma. A interação é
dialógica, visto que há espaço para as intervenções dos alunos e seus
pontos de vista são considerados.
(26b) P: DÁ uma outra... do primeiro pr/o segundo [indica a tabela] ... qual
era a diferença?
(27) A: tinha mais água...
(28) P: tinha MAIS água... aumentou mais devagar Quando tinha mais
água?
(29) A4: aumentou...
181
(39) P: quem mais fez com tampa aqui? ((pausa – 6”)) qual era o de vocês?
(40) A19: o nosso?
(41) P: é
(42) A19: aquele ali que tem um monte de noventa e setezinho ..
(43) P: ah ah ... só o seu?
(44) A19: não ... ali ó ... tem dezoito ... quarenta e um ... cinqüenta e quatro
... sessenta e dois ...
Relação entre
hipóteses e dados
O emprego do modo linguagem escrita foi realizado tanto para o registro das
primeiras conclusões, quanto para a comparação das mesmas com as
hipóteses iniciais, reforçando mais uma vez o papel da experimentação
como teste das mesmas.
Episódio 6.8. – O que pode ter afetado a coleta de dados? (T55 a 98)
(55) P: por que será:: por que será... – vamos parar um pouquinho na...
estabilidade - ... por que será que ... pra certas pessoas... deu uns números
bonitinhos ... redondinhos ... sempre iguais.... e pra outras ... deu flutuações
... porque aqui [indica tabela] tem ... ninguém pode dizer que é uma
GRANDE diferença... né... tá dentro de um grau -- noventa e seis ... noventa
e sete ... nove/ -- não saiu de um espacinho de um grau... ((54’))
81 A24:__descendo... aí equilibra...
82 P: ... mas o TEU termômetro está no MEIO P aponta o Termômetro
dessa água que está em movimento desenhado na lousa
83 A14: mas (porque) o nível da água também
abaixa ...
84 P: tem outro problema... o NÍVEL da água vai
baixando::... porque ela vai... evaporando::...
teve um dos grupos:... – quem foi que o
Termômetro começou ficar fora da água?
85 A24: o nosso...
86 P: foi o de vocês ... quando a gente Gesticula Termômetro
PERCEBEU... começou a abaixar a
temperatura ... por quê? Porque... a
PARTEZINHA do termômetro... que tem o
MERCÚRIO ... a água começou a ficar por
aqui ... então já tinha mercúrio que estava
FORA da água... então aí já está medindo
de um jeito DIFERENTE... né... você não
está com ele mergulhado na água... então
isso pode ALTERAR ... ((78’))
concordado com a mesma. Ao longo dos turnos seguintes, A24 justifica seu
ponto de vista com base numa idéia de equilíbrio da temperatura da água. A
postura da professora é elicitativa, ela deixa que o aluno desenvolva seu
argumento para poder apresentar novamente sua posição no turno 82.
semelhanças e diferenças nos dados, precisando fazer uso dos dois modos
para a construção de significados.
(163) P: pessoal ... pra gente fazer ... pra gente poder:::... shhh::... observar
e poder fazer uma:: relação de QUAN-TI-DA-DE -- não só como a gente fez
aqui [tabela]-- aqui a gente só falou qualitativamente... aumenta ... diminui
... aumenta mais ... aumenta menos ... agora ... a gente em física trabalha ...
trabalha muito na qualidade também pra ver se afasta ... dilata ... ( ) sem ...
sem medir ... né... essa eu vou querer medir um pouco mais... ((88’)) então
vou querer es-ta-be-le-cer uma relação de quan-ti-da-de ... SERÁ que cada
vez que eu DOBRO a quantidade de lamparinas... a temperatura aumenta
duas vezes mais rápido? ou ... um vez mais rápido? ou ... será que quando
eu DOBRO a quantidade de ÁGUA ... a temperatura DEMORA metade pra
aumentar ... ela vai aumentando de menos em menos na metade... na
mesma proporção? será que É a mesma proporção? será que NÃO é? Pra
gente poder ver essa parte de quan-ti-da-de – QUANTO aumenta -- a gente
não vai poder comparar só numérico ... fazendo AQUI [tabela] o quanto
aumentou em cada minuto. .. pra cada um ... pra ver o que acontece ... pra
gente ver isso ... a gente vai usar um OUTRO recurso científico ... que é o
GRÁFICO ... ((89’)) o que a gente está vendo aqui -- olhando pra UM
MONTE de números -- no GRÁFICO a gente vai ver muito claramente...
porque você vai dar uma ... uma:: impressão VISUAL ... você vai bater o
olho no gráfico e vai dizer se está aumentando rápido ... se está
aumentando devagar ... se está aumentando no mesmo ritmo ... ou não...
(164) A14: (esse gráfico a gente pode fazer) ... pode fazer?
(165) P: PODE fazer ... VAMOS fazer ((89’35”))
28
Embora a construção de uma explicação conceitual seja um aspecto essencial dentro da prática
científica, optamos por concentrar nosso olhar sobre as inscrições científicas empregadas nas práticas
de laboratório.
194
Argumentação
Bibliografia
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Scientific Knowledge in the Classroom. Paper prepared for submission
to Educational Researcher, May 1994.
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Gil Pérez, D.; Furió Más, C.; Valdés, P.; Salinas, J.; Martínez Torregrosa, J.;
Guisasola, J.; Gonzáles, E.; Dumas Carré, A.; Goffard, M. e Carvalho,
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prácticas de laboratorio? Enseñanza de las Ciencias, 17(2), 311-320,
1999.
Gil-Pérez, D.; Montoro, I. F.; Alis, J. C.; Cachapuz, A. e Praia, J. Para uma
imagem não deformada do trabalho científico. Ciência & Educação, v.
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Jewitt, C.; Kress, G.; Ogborn, J. & Tsatsarelis, C. Exploring learning through
visual, actional and linguistic communication: the
multimodalenvironment of a science classroom. Educational Review,
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Ochs, E.; Gonzales, P. e Jacoby, S. "When I come down I´m in the domain
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Roth, W-M. 'Authentic science': Enculturation into the conceptual blind spots
of a discipline. Artigo apresentado no Encontro Anual da American
Educational Research Association, Montréal, Québec, 1999.
ANEXOS
Anexo 1 – Normas empregadas na transcrição (Preti, 1997, p. 15 e 16)
Mapa de Eventos
73’50”
Evento 2/1 – Revisão da aula anterior
(4’10”)
78’
Evento 3/1 – Demonstração Investigativa sobre dilatação dos gases
(24’)
102’
Evento 4/1 – Assuntos para próxima aula
(3’)
Enquanto pega os materiais no armário para montar o arranjo que será utilizado na
demonstração, a professora vai comentando com os alunos o que está fazendo.
2 A1: legal...
Erlenmeyer
17 ((dos turnos 17 a 22 há bastante agitação Neste período, P coloca álcool na
a na sala e as intervenções da professora e lamparina, pede um fósforo para
22 dos alunos não estão relacionadas ao aluna, acende a lamparina e
desenvolvimento da atividade)) coloca a mesma sobre a carteira
em frente à turma
23 P: ((3’55”)) eu vou pegar uma pinça porque a P pega pinça no armário
gente vai precisar ((4’)) ... vamos usar uma
pinça pra segurar ...
42 A5: é
43 P: peraí ... o ar quente é mais leve e sobe P continua aquecendo o conjunto
bexiga- erlenmeyer
44 A12: olha ... eles tão querendo dizer ...
professora ... que o ar quente expande ... mas
aí dentro ... ((inaudível))
45 A5: como ele não tem espaço ... ele enche
A5 gesto 1 A5 gesto 2
a bexiga ... porque a bexiga está ...
((inaudível))
49 A9: sobe
50 A17: sobe
51 A3: ô professora
52 P: porque se ele sobe ... ele está saindo Indica Erlenmeyer
daqui... pra cá ... e Indica bexiga
_____________________aqui está ficando
vazio Bexiga continua enchendo
78 ((discussão inaudível))
79 A5: viu... professora... o ar não subiu...
80 A7: ô Bruno... o ar não está ocupando mais P continua aquecendo o conjunto
espaço? bexiga- erlenmeyer
Bexiga continua enchendo
81 P: ele se expandiu ou ele subiu?
82 A3: está subindo...
83 A15: ele se expande
84 Alunos: expande
85 A7: ele se expande pra todos os lados...
86 ((discussão inaudível))
87 A14: ele se expande ... ele está querendo sair P continua aquecendo o conjunto
bexiga- erlenmeyer
Bexiga continua enchendo
88 A7:_______________________________ pra
cima é mais fácil
89 P: quer dizer que aqui não tem ar? Erlenmeyer
90 Turma: TEM AR
91 A21: só que ele está subindo
92 A3: coloca de lado
93 A7: professora... coloca de lado ((o arranjo))
pra ver o que acontece
94 ((comentários))
95 P: ((8’)) se o ar... está subindo __________ P vira o conjunto bexiga –
se eu colocar assim erlenmeyer de cabeça para baixo
96 A7:______________ ((inaudível))
97 A4: a bexiga vai estourar
98 P: eu vou pôr bem longe pra ela não
estourar... mas com a bexiga ia acontecer o
que?
99 A4: nada
100 ((discussão inaudível))
101 A15: ela ia esvaziar... se o ar tivesse subindo
_____ela ia esvaziar...
102 P: ______________se o ar tivesse subindo
ela deveria estar esvaziando...
103 A15: mas o ar não está subindo... ele está se
expandindo... então ela não vai esvaziar...
104 Alunos: ah::::::
105 P: certo... se o ar tivesse só subindo... ele iria
esvaziar... como ele ainda está quente... ele
deveria inverter...né? ((9’))
213
Mapa de Eventos
1(a) P: este trabalho vai ser um pouquinho mais difícil ... então
eu vou propor uma questão ... e nós vamos BUSCAR a
P gesticula
resposta em grupo na classe ... então quem tiver idéia pode
indicando uma
falar ... nós vamos respeitar os colegas ... se não for a
proposta de
mesma idéia ... a gente pode ter várias idéias ... não tem
trabalho coletivo
problema ... o importante é a gente TROCAR essas idéias
... todo mundo tem direito de falar e todo mundo tem direito
de ser ouvido ...
1(b) P: então ... o quê que eu vou perguntar ... a minha pergunta
é essa ... o quê que acontece - - vamos imaginar com a
água ... porque a água é uma coisa fácil - - o que acontece
com a temperatura da água enquanto a gente AQUECE
essa água?
2 A15: aumenta
3 P: aumenta ... COMO que ela aumenta? ((56’))
4 A21: são as moléculas
5 A4: as moléculas ... é isso?
6 P: uhn ... como que essa temperatura aumenta? ... será que
ela aumenta sempre no mesmo ritmo?
7 A14: não
8 A4: não ... né
9 P: será que ela aumenta ... sei lá ... mais rápido no começo
e devagar depois ...
10 A14: não ... devagar no começo
216
Verbal
T Ação / gestos
Oral Escrito
[quadro]
43 P: bom ... então eu vou escrever isso pra “O que
gente não perder essas idéias ... né ... acontece com
P indica aluno
senão a gente se perde ... então primeiro a temperatura
o que acontece com a temperatura da da água
água enquanto a aquecemos ... então enquanto a
ela aumenta ... primeiro ela aumenta ... aí aquecemos?
você ((A6)) disse que nesse aumento ...
- aumenta – no
ela aumenta ... no começo ... mais
começo +
devagar ... ((59’))
devagar e
depois +
rápido”
44 A6: () eu acho que ela no começo vai mais
devagar e depois mais rápido
45 P: e depois mais rápido ...então vamos
pensar em números ... só pra chutar ... a
gente não tem a menor idéia ... mas
...vamos supor assim...se aumentava no
começo dez graus por minuto ... depois ela
passa a aumentar Quinze...vinte...por aí...
46 A: ____quinze...vinte...
47 P: alguém acha diferente? ((pausa de 4”)) P gesticula
pode achar...nós não sabemos ... a gente convidando
tem direito de errar tudo agora ... a gente participação dos
não sabe mesmo ... não sei ... não sabe o alunos
que está acontecendo...
48 A21: eu acho que depende da temperatura
que colocar água...
49 P: depende da temperatura que eu colocar
a água...
50 A21: se eu colocar muito alto ()
51 P(a): então aí você já está vendo uma
outra coisa ... que depende ... no caso ...
“- depende da
do ... quanto de calor você está
quantidade de
fornecendo pra água ... né ... quanto de
energia
energia você está fornecendo ... ((60’)) se
fornecida, +
eu fornecer bastante energia ela vai
energia +
aquecer mais rápido ... então é ...
rapidamente”
quantidade de energia fornecida ...
então quanto mais energia ... mais ... mais
... rápido ...
218
Verbal
T Ação / gestos
Oral Escrito
[quadro]
88 P: Tá ... depende do recipiente... “- depende do
material do
recipiente:
alumínio ou
vidro
89 A4: É::...
90 A23: E também ... e também ... ou no
forno microondas ou no fogão também ...
(riso)()
91 P: Se puser no fogão ou...
92 A: Ou no microondas...
93 A22: Ou numa fogueira ... então ((risos)) ...
94 P: Daí se colocar no fogão ... numa
fogueira ... na nossa lamparina ... vai fazer
diferença...
95 A22: Lógico...
96 A4: É claro...
97 P: POR quê? P gesticula
representando
ênfase neste ponto
98 A22: Por causa da temperatura()
99 P: Aí...a gente está falando do quê?
100 A14: Da energia...
101 P: Da energia fornecida ... né ... então
lógico ... se agente for aquecer a água
com um maçarico ... e aquece a água com
a nossa lamparina...
102 A4: Ah:: ... vai ser mais devagar...
103 P(a): DEVE ir muito mais devagar com a
nossa lamparina ... né ((65’))
103 P(b): que mais? Que pode influenciar?
104 A4: ()
105 P: Você está falando uma coisa
importante...
106 A23: Eu acho que é importante ... vamos
supor ... a água ... num recipiente ...
alguma coisa ... se ele é fechado ou aberto
... também
221
119 P(b): bom ... então a gente está vendo aqui ... uma série de
coisas que a gente acha que não fornecia/ - - vamos parar a
conversa ... se a gente se perder agora ... a gente vai se
perder pr/os próximos ... pr/o próximo trabalho ... que é a P gesticula
seqüência desse aqui ... - - então a gente está vendo aqui indicando as
VÁRIAS coisas que influenciam no aquecimento ... por hipóteses escritas
exemplo ... da água ... estou falando da água porque a água no quadro e, em
é um material fácil de conseguir ... fácil de achar ... e tudo seguida, os alunos
isso ... então ... várias coisas estão influenciando nesse
assunto ... né ... se nesse aquecimento ...
119 P(c): se a gente ... por exemplo ... escolher uma
determinada quantidade de água e uma determinada fonte
de energia e aquecer essa água ... quê que vai acontecer
com a temperatura...
120 A14: Da água? ((68’))
121 P: Ela vai subindo ... subindo ... subindo ... subindo ...
subindo...
122 A14: Ela vai até atingir o limite...
123 P: Que limite?...
124 A14: ()
125 P: ela vai para as nuvens depois quando ela virar vapor...
126 A4: ()
127 A14: Ela tem um limite...
128 P: Ela tem um limite...da temperatura...
129 A4: ()
130 A14: ()
131 A4: Não tem como subir mais()
132 P: A gente aquece ... e a temperatura vai subindo ... subindo
... subindo ... subindo ... chega uma hora que a temperatura
não aumenta mais...
133 A14: Aí vira vapor...
134 P: Aí ela vira vapor...
135 A4: É...
136 A: A A2 colocou uma pergunta...
137 A4: Porque não tem mais a ()
138 A14: Não tem mais...
139 P: Não ... mais até a água der/ evaporar todinha - -PÁRA A
CONVERSA ((pausa de 4”)) - - ((69’)) até a água ... vai
aumentar a temperatura e vai começar a virar vapor ... e vai
ferver ... agora enquanto ela estiver fervendo ... a
temperatura vai ficar a mesma ... vai aumentar ... vai
diminuir...
223
Verbal
T Ação / gestos
Oral Escrito
[quadro]
152 P: a temperatura ... aumenta ... sempre “- temperatura ((alunos continuam
... aumenta discutindo o tema em
sempre” voz baixa))
153 ((volta-se para a
classe novamente e
P: mais alto ... mais alto ...
fala com um grupo
que está discutindo o
problema))
154 A14: mais alto?
155 P: é eu quero ouvir o papo aí que está
particular e quero socializar a idéia
156 A4: não ... eu estou falando aqui que eu
acho que se ficar a água fervendo ...
fervendo ... se colocar o termômetro lá ...
vai se manter ... eles acham que não...
157 A21: mas eu acho que ela tem que ferver
até evaporar ... então ... ela aumenta...
158 A14: é por isso que vai aumentar ...
professora...
224
197 A: Vamos...
198 P: Primeiro...
199 A27: A gente não vai precisar fazer relatório não ... né
professora...
200 A: Vai...
201 A: Só pensa em relatório...
202 P: Olha ... esse relatório você vai ver como vai ficar P apaga o quadro
comprido ... aí ... ó ... primeira coisa que a gente precisa
pra fazer a experiência...
203 A4: ... Esse aqui ... ó::..
204 P: Agora não ... vamos fazer semana que vem...
205 A4: Esse aqui ... ó::... P gesticula para dar
espaço para a fala
de A21
106 A21: Nós precisamos fazer lista com materiais da
experiência...
207 P: Então ... pera aí ... primeiro vamos planejar a experiência
... ((vários alunos falando)) pera aí...
208 A: Pega uma panela de pressão...
Verbal
T Ação / gestos
Oral Escrito
[quadro]
209 P: Plano de trabalho... “Plano de
trabalho”
210 A: Professora ... precisamos fazer um
projeto...
211 P: Vamos ver o material que a gente vai
precisar... ou a gente vai vendo/ bom ...
vamos tentar fazer as duas coisas juntas
... né ... ela falou assim que a gente
poderia testar com dois recipientes
diferentes... ((76’))
212 A21: Pra ver se a temperatura depende do
recipiente...
213 P: Pra ver se a temperatura depende do
recipiente ... então pra checar isso daqui...
214 A21: Precisa ver se um é mais pesado do
que o outro...
227
308 P: Vai ser um vapor mais quente ... vai ter vapor a cem
graus ... a cento e vinte graus ... cento e quarenta graus...
309 A25: e o gelo? Tem um gelo mais gelado
...
310 P: Se existe gelo mais gelado? Existe ... sim ... o gelo do
frigorífico ... é mais gelado que da geladeira da sua casa ...
com certeza...
311 A14: Não sei ... o gelo ()
312 P: que existe uma diferença ... vou te dizer ... sim ... vamos
levar ... ahn ... ah ... ((84’)) cuidado com o que é quente e
frio ... que a gente volta pra sensação ... porque que eu
sinto que o gelo é mais gelado ... menos gelado ... é mais
sensação ... () ... existe gelo e temperatura ... sei lá ...
menos dez graus ... e existe gelo e temperatura ... menos
cinqüenta graus...
313 A14: E o gelo seco? O gelo seco é quente
314 A25: mas assim ... ó ...
315 ((alunos falam ao mesmo tempo))
316 P: O gelo seco é outra coisa diferente de água...
317 A25: mas assim ... professora ... o gelo é mais é
temperaturas mais frias ... então ... o ... o ... o vapor ... ele
se expande ... o gelo vai está reduzindo ... e se ele se
contrair demais?
318 P: Começa a encolher ... ocupa menos espaço...
319 A25: ()((fala somente para a professora))
320 P(a): Como é a água muda um pouca de caso ...
320 P(b): bom ... então ... ó ... nós já vimos ... quais hipóteses
que a gente quer verificar ... do que vocês acham que vão
influenciar ((85’)) ... nós já vimos o material que vai utilizar
... agora como é que a gente vai fazer o trabalho? Como é
que a gente vai medir pra verificar? Porque é muita coisa
pra ver... ((pausa 7”)) ... quê que a gente vai ter que fazer
agora pra poder verificar cada uma dessas hipóteses...
321 A21: Só se colocar...
322 A27:fazendo uma por vez...
323 P: Péra ((para os que estão conversando)) ... fazendo uma
por vez? ... por exemplo...
324 A4: A gente... A gente se mistura ... e cada um faz um...
325 A14: Aí depois...
326 A21: Só no caso com tampa e sem tampa ... a gente faz
duas vezes...
232
327 P: Olha ... presta atenção ... nós deveríamos verificar ...
quantidade diferente de água ... isso é uma coisa ... porque
se eu mexo com uma quantidade de água ... o resto tem
que estar igual ((86’)) ... depois ... as lamparinas ... você
falou que pode usar uma ... pode usar duas ...também ... se
eu faço uma ou duas ... eu tenho que medir a água ... para o
volume de água ... saber...
328 A21: Tem que fazer muitas vezes...
329 P: Contando/ muitas vezes...
330 A27: Vai um trampo ... professora...
331 P: Vai um trampo ... então ... como é que a gente resolve o
trampo?
332 A21: Organizando...
333 P: Vamos tentar organizar isso ... só que aí a gente vai ter
que ter ... grupos que trabalhem à sério ... porque a gente
tem que confiar no resultado do outro ... será que a gente
tem - - sh:: ((para um grupo conversando)) - - será que a P aponta para
gente pode fazer o trabalho na classe como um todo ... turma
onde ... um vai fazer ... com mais água ... outro faz com
menos ... outro faz com mais lamparina ... outro faz com
tampa ... e depois a gente faz aí ... um grande painel pra
olharmos TUDO?...
334 A21: dá
335 A14: E discutir...
336 P: E discutir ... e comparar...
337 A4: E ver qual está certo...
338 P: ((87’)) E ver qual que estava certo ... e qual que não
estava ...
339 A25: Se a gente fizer vários()...
340 P: Ahn...
341 A25: Se a gente fizer vários ... (o resultado vai sair melhor...)
342 P: Se a gente fizer vários ... lógico ... se a gente fizer ... sei P gesticula
lá ... seis grupos ... cada um trabalhando de um jeito ... a indicando trabalho
gente vai ter uma confiança muito grande no trabalho do coletivo com toda a
colega ... então ... precisa haver um compromisso da classe classe
de trabalhar legal ... senão ... não pode ... se um não faz o
negócio bem feito ... não vai funcionar ... nós vamos ter que
detalhar isso daí ... olha ... sh:: ... nós vamos ter que P indica todos
detalhar o como fazer ... PRA TODOS AGIREM alunos
IGUALMENTE ... pra gente poder comparar ... tá ... então é
pra todo mundo fazer direitinho ... pra gente não ter que
retomar e refazer nenhuma parte .. .então ... primeira coisa
... ((88’)) vamos anotar o que está na lousa ... e vamos ...
olha gente ... é importante agora ... nós vamos ter uma
seqüência de trabalho ... vocês tão vendo isso ... nós vamos
ter de fazer como medir todo mundo ... igual ... nós vamos
ter que ... depois ... medir ... depois comparar essas
medidas ... então ... vai ser uma coisa seqüencial...
233
Mapa de Eventos
Assim que alunos terminam a prova (65’) P começa a escrever na lousa um resumo
das idéias discutidas na aula anterior. Há grande agitação na classe enquanto P está
escrevendo e, por este motivo no episódio a seguir, a professora precisa chamar atenção de
alguns alunos.
Verbal
Ação / gestos
T
Oral Escrito [quadro]
Evento 3/5 - Separação dos grupos / a divisão é baseada nos grupos já formados em
atividades anteriores / P anota na lousa as condições experimentais para cada grupo / P
fala da necessidade de compromisso entre os grupos ((começa em 85’20” e vai até 94’02”))
94’02” há grande agitação na sala / P começa a questionar alunos sobre como fazer as
medidas, mas ainda há muita conversa ...
242
Verbal
T Ação / gestos
Oral Escrito
[quadro]
1 P: ((94’56”)) vai chegar ... nós vamos medir
a água ... alguém vai ver se as lamparinas
estão certas ... vai deixar tudo igualzinho ...
vamos medir a água ... pegar a água ...
cada grupo vai pegar o tripezinho ... vai
colocar lá nas mesas ... cada grupo vai
trabalhar ... vai fazer o quê? Pegar o
Termômetro e faz o que?
2 A?: pega o material pra discussão ...
professora
3 P: Material todo está aqui... quê que a
gente vai fazer?
4 Alunos: Medir a temperatura da água...
5 P: Mede a temperatura da água...
6 A22: Exatamente...
7 P: ANTES de começar a esquentar?
((quase afirmação))
8 A22: Isso...
9 A4: antes e depois
10 A29: e durante...
11 P: Antes e durante ... então ... como a “- marcar a Escreve na lousa:
gente vai medir o durante ... porque o antes temperatura da
é pegar o copinho de água ... botar lá o água antes de
termômetro e marcar ... então ... medir ... iniciar o
marcar ... a temperatura da água ... antes aquecimento”
... de iniciar ... o aquecimento ... como é
que a gente vai medir o durante? ((96’))
12 A29: A gente pode medir de dez em dez
minutos...
13 P: Dez em dez minutos é muito tempo...
14 A29: Cinco em cinco...
15 A15: Dois em dois minutos...
16 P: De um em um minuto...
17 Alunos: Não...
18 A: É muito pouco tempo...
19 A21: De cinco em cinco...
20 A: De dois em dois...professora...
21 P: Dois em dois minutos? ((afirmação))
243
Mapa de Eventos
E6 – 67’17”
Análise (22’18”)
qualitativa
dos dados
(fase 4)
E7 – Início P apresenta o papel milimetrado, mencionando suas 89’35”
da vantagens em relação ao quadriculado; fala de como os (15’25”)
confecção gráficos serão construídos, que cada aluno fará o seu;
de um começa a entregar folhas para os alunos) alunos sentados
gráfico para em seus grupos (carteiras) há alunos conversando e alunos
os dados prestando atenção
Sinal Fim da aula 105’
(1) A1: olha no relógio de pulso e fala A1: oh ... já são dez e
vinte
A2: pega as duas lamparinas, colocando-as na
altura dos olhos. Compara os pavios, enquanto fala A2: essa aqui tem mais
com A3. álcool?
A3: olha para A1
(2) A1: Fala com A3 A1: já são dez e vinte
A2: Coloca lamparinas embaixo do tripé e fala A2: essa aqui ( ) maior
A3: segura o termômetro fora do béquer e fala A3: ( ) ô professora
(3) A2: pega caixa de fósforos com grupo ao lado e
prepara –se para acender lamparinas
A3: ninguém acendeu
A3: olha outros grupos e fala com A2 ainda
A1: fala com A2 A1: não acende ainda
(4) A2: olha na direção da professora, segurando o
palito de fósforo, pronto para acender as
lamparinas.
(5) A2 e A3 ajeitam lamparinas embaixo do tripé
A4: observa as ações dos colegas atentamente e
procura ajudá-los.
A2, A3 e A4: mostram um sorriso de excitamento
enquanto colocam as lamparinas sob o tripé.
(6) A3: pega uma caneta e prepara-se para escrever, A1: vai começar
enquanto segura o Termômetro fora da água.
A4: ( ) muda ... não é
A4: fala para A2 melhor? Um lá e outro
aqui?
247
1 P: ((67’17”)) primeira coisa ... vamos olhar os valores ... ver Lousa – Tabela
o quê que a gente pode achar de SEMELHANÇAS e de relaciona dados de
diferenças ((muita conversa na sala)) shhh ... quê que tem tempo e temperatura.
de IGUAL ... primeiro ... quê que tem () ...
2 A: temperatura ...
3 A2: praticamente só ()
5 A: ( ) a água ...
6 As: ((inaudível))
14a P: COMO a gente viu que estabilizou próximo do Tabela Indica lousa
noventa e sete ... naquel/... naquela hipótese que
tinha... a temperatura ia continuar subindo...ou ela iria
ESTABILIZAR ... já temos uma comparação... p/ que ó...
mesmo mudando o recipiente... mesmo tampando... sem
TAMPAR... não houve... alteração... só vai faltar uma
comparação... que o Bruno vai fazer... na praia... e
depois ele traz... pra gente vê se dá também se dá
noventa e sete graus... né...
15 A14: dá...
16 ((comentários de alunos))
17 P: dá?
254
23 A4: sim...
32 A14: a lamparina?
255
33 P: duas lamparinas...
34 A14: estabilizou
41 P: é
44 A19: não ... ali ó ... tem dezoito ... quarenta e um ...
cinqüenta e quatro ... sessenta e dois ...
45 P: é esse aqui
46 A19: isso
48 As: tava
51 A: aqueceu ...
52 A?: não...
55 P: por que será:: por que será... – vamos parar um pouquinho na...
estabilidade - ... por que será que ... pra certas pessoas... deu uns
256
números bonitinhos ... redondinhos ... sempre iguais.... e pra outras ...
deu flutuações ... porque aqui tem ... ninguém pode dizer que é uma
GRANDE diferença... né... está dentro de um grau -- noventa e seis ...
noventa e sete ... nove/ -- não saiu de um espacinho de um grau... ((75’))
56 A4: o último...
57 P: o último...
58 A21: ________noventa e seis... noventa...
59 A: não
60a P: não saiu de dentro de um grau – de noventa e sete... noventa seis e
dois... até noventa e seis e nove -- não saiu de dentro de um espacinho
de um grau ... por quê que pra alguns teve mais isso ... pra outros teve
menos? aqui também teve ... ó... noventa e seis... noventa e sete...
noventa e seis e meio... noventa e sete... noventa e sete e meio...
noventa e sete e oito... noventa e sete...
62 A14: ______gradualmente...
70 A2: circulando...
257
73 A4: pode::...
75 A4: é::
76 P: será ... que ... no lugar onde ficou o Mantém uma mão e move
Termômetro a gente tem variações a outra em círculos
porque::... sai água mais quente ...
entra água mais fria e etc.?
81 A24:__descendo... aí equilibra...
85 A24: o nosso...
89 P: será que::... teve gente que ... olhou Desenho na P desenha na lousa
ali... os dois tracinhos... e o mercúrio lousa
estava por aqui:::... ele falou:: ah:::... isso
é noventa e sete mesmo ... tudo bem... P aponta para o desenho
90 A: o Augusto...
93 P: arredondou?
95 A2: sim...
259
99 P: outra pergunta ... será que dá pra gente tirar alguma::: alguma::
expressão que envolva o AUMENTO da temperatura? E essas
variáveis que a gente está mexendo... quer dizer ... por exemplo ... se
eu dob/ dobramos a quantidade de água ... será que dobrando a
quantidade de água a temperatura aumentou duas vezes menos?
101 A24: tá noventa e seis ... (vai ficar assim)() aí vai ficar demorando...()
102 P: ela vai demorar mais ... agora eu quero ver o seguinte ... no caminho Tabela
... aqui ... por exemplo... aumentou quantos graus?
103 A: onde?
260
112 P(b): será que existe uma re-gu-la-ri-da-de não aumento? Será que ela
aumenta SEMPRE:: valores iguais?
117 P: não ... alguém fez um comentário aqui ... dizendo que no começo:: e
depois aqueceu mais rápido...
119 P: foi você ... que no começo ... você achou que foi mais rápido ...
depois achou que foi mais devagar... ((83’))
124 P: não ... quando ela vai estabilizar ... vai chegar uma hora q/ ela nu/...
não:: pass/
125 A14: ______________________ então.. ela vai parando ... ela não
pode ir rápido ela () vai parando ... gradualmente
129 P: essa pergunta (vou responder) mais pra Indica concentração de matéria
frente ... mas está relacionada com o
processo de ferver ... o quê que acontece
quando ferve?
134 A21: ( )
137 P: não ... quê que tem que acontecer para Gesto 5 Gesto 6 Gesto 7
ela virar vapor?
138 A14: ( )
139 P: () o que?
145 P: ela tem que evaporar de vez ... quer Gesto 5 / Gestos 6 e 7
dizer ... as partículas do líquido estão lá e
vão ter que ir se soltando de vez... e se Repete 5 a 7 quatro vezes
misturando com ar ... sair com grande
velocidade ... se elas são ATRAÍDAS ...
primeiro elas vão se afastando ... chega Gesto 9 Gesto 10 Gesto 11
uma HORA que pra ela ... ela não consegue
se afastar mais ... ela só vai conseguir ... se
ela consegui soltar de tudo ... sair e ir
embora ... então a partir DAÍ... toda energia
que está (chegando) ... ela vai (voltar pra) ...
não.. ela só vai evaporar ... só vai -- toda a
energia que for (chegando) -- vai ser usada
pra soltar as partículas ... fazer elas irem
voando no ar ... virando vapor... é pra
quebrar as ligações entre elas... ()essa
energia não está sendo só pra agitar... vai
se soltar ... ((85’))
163 P: pessoal ... pra gente fazer ... pra gente poder:::... shhh::... observar e Tabela com
poder fazer uma:: relação de QUAN-TI-DA-DE -- não só como a gente dados e
fez aqui -- aqui a gente só falou qualitativamente... aumenta ... diminui registros
... aumenta mais ... aumenta menos ... agora ... a gente em física feitos pela
trabalha ... trabalha muito na qualidade também pra ver se afasta ... profa. sobre
dilata ... ( ) sem ... sem medir ... né... essa eu vou querer medir um a diferenças
pouco mais... ((88’)) então vou querer es-ta-be-le-cer uma relação de entre
quan-ti-da-de ... SERÁ que cada vez que eu DOBRO a quantidade de valores
lamparinas... a temperatura aumenta duas vezes mais rápido? ou ... consecutivo
um vez mais rápido? ou ... será que quando eu DOBRO a Quantidade s de
de ÁGUA ... a temperatura DEMORA metade pra aumentar ... ela vai temperatura
aumentando de menos em menos na metade... na mesma proporção?
será que É a mesma proporção? será que NÃO é? Pra gente poder ver
essa parte de quan-ti-da-de – QUANTO aumenta -- a gente não vai
poder comparar só numérico ... fazendo AQUI o quanto aumentou em
cada minuto. .. pra cada um ... pra ver o que acontece ... pra gente ver
isso ... a gente vai usar um OUTRO recurso científico ... que é o
GRÁFICO ... ((89’)) o que a gente está vendo aqui -- olhando pra UM
MONTE de números -- no GRÁFICO a gente vai ver muito
claramente... porque você vai dar uma ... uma:: impressão VISUAL ...
você vai bater o olho no gráfico e vai dizer se está aumentando rápido
... se está aumentando devagar ... se está aumentando no mesmo
ritmo ... ou não...
164 A14: (esse gráfico a gente pode fazer) ... pode fazer?
165 P: PODE fazer ... VAMOS fazer ((89’35”))