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1. INTRODUÇÃO
0 30
22°30 ’ km
Estado do Rio de Janeiro
Rio de
Niterói
Janeiro
23°
Oceano Atlântico
Rio
Rio
0 2
Ri
Jun
o
Mo
km
Bacaxá
Seco
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Tin
res
Grosso
gu
to
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Ma
Bacaxá
Rio
Rio
dos
o
Ri
Rio
Saco
de Saco
Urussanga Saco de
Jardim Boqueirão Fora
Lagoa de
Jaconé Canal Salgado Saquarema
Oceano Atlântico
Figura 1.1: Localização do sistema lagunar de Saquarema
Até há alguns anos, a Lagoa de Saquarema tinha uma ligação que se não era perene, era
muito constante com o mar. Atualmente observamos que a lagoa praticamente não se abre
mais para o mar (Figura 1.2) e a sedimentação mais fina já começa a ocupar as regiões mais
remotas do sistema (como veremos ao longo deste trabalho).
Não obstante, ainda é possível salvar Saquarema. Esta lagoa não sofreu tanto com a
eutroficação cultural e embora parte da estrutura ecológica tenha mudado, principalmente no
tocante à fauna piscícola, acredita-se que esta estrutura ainda é recuperável e a construção da
Barra Franca é a solução para levar a vida de volta a Saquarema. Contudo há pressa ! Não se
pode deixar a lagoa atingir níveis de modificação ecológica e fisiográfica como em
Piratininga pois neste caso este sistema será irrecuperável.
Neste trabalho, serão relatados os estudos que foram feitos na Lagoa de Saquarema por
uma equipe multidisciplinar qualificada, abordando os aspectos físicos, químicos, biológicos
e sociológicos. A partir destes estudos foi possível estabelecer um diagnóstico ambiental da
RIMA da Abertura da Barra de Saquarema
3. A BARRA FRANCA
Itaipú (em 1979 pela Veplan Residência) que impediu definitivamente a abertura de
Piratininga. Mais recentemente, algumas ações como a instalação de uma comporta no canal
de Camboatá (em 1992) se mostraram ineficazes em melhorar a qualidade da água (Cunha,
1996).
O sistema lagunar de Maricá/Guarapina, embora esteja mais preservado, também sofre
com a eutroficação cultural (Knoppers et al. 1991). Vários trabalhos indicam a necessida de
maior aeração nesta lagoa que também está sujeita a eventos periódicos de mortandade de
peixes (Kjerfve et al., 1990; Machado e Knoppers, 1988; Machado, 1989). A abertura do
canal de Guarapina (Ponta Negra) aparentemente melhorou a qualidade da água nesta laguna,
ou pelo menos modificou o padrão de sedimentação orgânica na lagoa (Knoppers et al.,
RIMA da Abertura da Barra de Saquarema
e é indicativo da porção da estrutura de enrocamento que fica fora da água. Nesta mesma
figura, a linha externa representa aproximadamente o limite do talude de enrocamento no
fundo.
O Guia correntes segue o contorno do costão rochoso existente, de maneira que o canal
formado tem uma largura d de 80 m. Esta conformação objetiva modificar o menos possível a
forma da costa. Após (ou durante) a obra de construção do guia correntes, está prevista a
realização de dragagem no novo canal de maneira que este atinja a área hidráulica mínima de
160 m2. Nesta dragagem será utilizada uma draga flutuante e o material dragado será
obrigatoriamente devolvido à praia de Itaúna (veja parte da sedimentologia da praia de Itaúna
para maiores detalhes.
80 m
80 m
–5 m
80 m
Guia-correntes (quebramar), com piso
de 3,0 m de largura no topo. Linha –5 m
grossa indica topo que fica fora da –10 m
água, linha externa indica limite do
talude do enrocamento embaixo –10 m
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d’água.
3.1: Planta baixa do Guia Correntes instalado na praia de Itaúna às margens do costão rochoso
onde está a igreja de Nossa Senhora de Nazaré
RIMA da Abertura da Barra de Saquarema
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Tabela 4.1: Área total do município (em km2) segundo uso do solo.
Uso do solo Área (km2) Proporção da área total do
município (%)
Pastagem 157,24 44,5
Vegetação secundária 53,79 15,2
Corpos d´água 32,98 9,3
Restinga 30,82 8,7
Área urbana 23,96 6,8
Área inundável 21,73 6,1
Mata atlântica 19,38 5,5
Área urbana de média densidade 7,41 2,1
Praia 2,60 0,7
Área urbana de baixa densidade 2,13 0,6
Solo exposto 0,64 0,2
Área de reflorestamento 0,38 0,1
Área agrícola 0,19 0,1
Total 353,19 100,0
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Tabela 4.2: Área total e área inundável do município segundo tipo de vegetação.
Cobertura vegetal Área total Proporção da área Área inundável Proporção
(km2) total do município (km2) inundável
(%) (%)
Vegetação secundária 102,61 29,05 0,57 0,56
Mata atlântica 101,00 28,60 0,26 0,26
Mata atlântica alterada 57,19 16,19 2,85 4,98
Brejo - Tifal 30,52 8,64 17,80 58,32
Restinga 24,04 6,81 0,25 1,04
Outros 37,83 10,71 0,00 -
Total 353,19 100,00 21,73 6,15
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Figura 4.6: Estimativa da área total de alagamento da lagoa após a abertura da barra em
condições excepcionais.
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Os trabalho recentes de Turcq et al (1999) indicam que existem dois sistema distintos
nas lagunas, formados em períodos muito diferentes. O primeiro sistema, composto pelas
lagunas principais (Saquarema, Araruama, Maricá, etc.) foi chamado de interno e teria sido
formado conjuntamente com o cordão arenoso interno. Este sistema foi datado de 123000
anos BP, sendo pois muito mais antigo que o estabelecido por outros autores. Turcq et al.
(op.cit.) também reconheceu o que ele chamou de sistema externo, composto pelas lagunas
que se situavam entre os dois cordões arenosos (por exemplo, Lagoa Vermelha). Este sistema,
bem mais recente, corresponde àquele definido por outros autores como o mais recente e que
teria se formado há 3900 anos BP.
noção desta desvalorização. Supondo-se que toda a região de Itaipuaçú disponha de 2 km2 de
terra comercializável e supondo que o preço do terreno aumentasse para 50,00 Reais com a
existência de uma laguna, chegamos a uma desvalorização fundiária de 80 milhões de Reais.
A colmatação da laguna de Saquarema certamente custaria muito mais!
Os indícios do processo de colmatação são bastante claros. Uma maneira de se estudar a
deposição é comparando mapas batimétricos atuais com mapas batimétricos mais antigos. Um
mapa batimétrico bastante atualizado (1999) e que apresenta relativa precisão foi elaborado
pelo CREA-RJ, Lagoa Viva, ALFEA, Movimento de Cidadania pelas Águas. Neste estudo, o
grande problema surgiu ao tentarmos encontrar um mapa de batimetria mais antigo. A
marinha (Diretoria de Hidrografia e Navegação) raramente faz este tipo de levantamento em
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Figura 7.2: Mapa elaborado pelo CREA-RJ, Lagoa Viva, ALFEA, Movimento de Cidadania pelas
Águas em 1999, e digitalizado pela equipe do deste projeto, representando a batimetria da Lagoa de
saquarema. Azul > 1,0; verde 0,5 a 1,0; laranja < 0,5.
transporte significativo no sentido paralelo ao litoral, sendo que a praia, propriamente dita,
deve sofrer um transporte principalmente no sentido perpendicular à mesma. Não há também
indicação morfológica de acumulação sedimentar em uma ou outra extremidade do arco praial
de Itaúna o que permitiria deduzir uma direção residual de transporte. Esta questão somente
poderá ser respondida através de estudos adicionais. No caso de retenção sedimentar por
efeito do guia corrente, a boa prática é fazer com que as areias dragadas do futuro canal sejam
reincorporadas ao prisma praial.
Em resumo, apesar de permanecer algumas incertezas quanto aos efeitos da construção
de um guia corrente sobre a morfodinâmica da praia de Itaúna, é de esperar que, pela pequena
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dimensão da obra e sua posição paralela a uma das extremidades do arco praial, seus efeitos,
em termos de erosão ou progradação da linha de praia, sejam desprezíveis.
9. Hidroquímica Lagunar
O estudo hidroquímico da água da lagoa foi feito em uma só campanha, o que não
permite estabelecer um quadro das variações temporais nas concentrações. Neste caso, um
estudo a longo prazo é justificado na forte variação que se pode observar neste tipo de
ambiente, em função da pluviosidade, insolação, intensidade dos esgotos urbanos, etc. Muitos
trabalhos de longa duração já foram feitos na Lagoa de Saquarema, considerando tal
variabilidade, dos quais pudemos suprir a impossibilidade de se fazer uma amostragem
durante um período mais longo. A Figura 9.1 mostra os valores obtidos na campanha de 2 de
abril, plotados contra a salinidade
20
25
18
20 16
Condutividade (mS/cm)
Condutividade (mS/cm) 14
15 12
10
10 8
6
5 4
2
0
0
20 22 24 26 28 30
Temperatura (oC)
12,0 1600
1400
10,0
1200
NIT e NH4-N (ug/L)
8,0
pH e OD (mg/L)
1000
NH4-N
6,0 800
NIT
600
4,0
pH 400
2,0
OD 200
0,0 0
0 5 10 15 20 25 0 5 10 15 20 25
600 45
PT 40
500
PO4-P 35
COP (mg/L) e Chl.a (ug/L)
PT e PO4-P (ug/L)
400 30
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POC
25 Chl.a
300
20
200 15
10
100
5
0 0
0 5 10 15 20 25 0 5 10 15 20 25
Figura 9.1. a distribuição dos teores dos principais parâmetros químicos com a condutividade
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qualidade da água. Por outro lado, mudanças do balanço hídrico podem acarretar mudificaçõs
da flora e fauna e assim o rendimento pesqueiro. As obras de engenharia na década de
quarenta e cinquenta no sistema lagunar de Piratininga -Itaipú e Maricá-Guarapina
ocasionaram grandes modificações do seu balanço hídrico, estado trófico e a flora e fauna
(apud autores citados em Knoppers et alii, 1999). A pesca do camarão e da tainha
(outono/inverno) na lagoa de Guarapina voltou e aumentou após a abertura permanente do
canal de maré, processo que se pode repetir em saquarema. Estas obras podem contudo
prejudicar o funcionamento do sistema, como é o caso da lagoa de Piratininga. O problema
principal é de aferir a modificação do balanço hídrico com as características bioqeoquímicas e
ecológicas do sistema, sem perda de benefício dos seus usos.
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