Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Livro I
Livro I
PSICOLÓGICOS
BÁSICOS II
Introduzindo
as emoções
Maria Beatriz Rodrigues
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
A história das emoções é longa: remonta à Grécia Antiga, com os estudos de
Aristóteles, entre outros. Porém, a história filosófica que embasa os estudos das
emoções na psicologia começou com Descartes, cientista e filósofo, fundador da
ciência moderna. Nas suas elaborações sobre a mente e o corpo, as emoções figu-
ram como importantes elementos conectivos entre eles e como reações integradas
frente a eventos e pessoas. Descartes influenciou muitos estudos posteriores,
até os dias atuais, que também ressaltam a contextualização cultural e social.
A psicologia, junto com a neurociência e outras ciências que se ocupam do
desvendamento das emoções, tenta explicar as origens e o processamento
destas, reconhecendo-as como fenômenos complexos e multidimensionais.
As discussões sobre mente e corpo evoluíram muito desde Descartes, mas
as dimensões biológicas e cognitivas, além das subjetivas e de propósitos,
continuam sendo relevantes para o estudo das emoções.
Neste capítulo, vamos percorrer alguns períodos da história das emoções,
da filosofia à psicologia, com o envolvimento de conhecimentos oriundos de
outras ciências. Vamos nos aventurar na difícil tarefa de definir emoções e
2 Introduzindo as emoções
Um ser vivo tem um corpo e uma mente, que possibilitam ações físicas,
liberdade, vontade, etc. Isso não se dá pela presença de partes da alma, mas
pela presença de uma alma inteira. A mente é para pensar, duvidar (cogito
ergo sum), negar, afirmar, planejar, sentir, criar, enfim, todos os modos de
cognição. Ela não ocupa um lugar no espaço e não segue as leis físicas: é
indivisível, imortal e incorruptível. Os pensamentos são atos de consciência e
se dividem em ações e paixões. As paixões são divididas em duas categorias:
1. subjetiva;
2. biológica;
3. proposital;
4. social.
Sentimentos Excitação
Experiência
corporal
subjetivas Ativação fisiológica
Consciência Preparação do
fenomenológica corpo para a ação
Cognição Respostas motoras
Sentido de
propósito Social-expressivo
Estado motivacional Comunicação social
direcionado para Expressão facial
a meta
Expressão vocal
Aspecto
funcional
1. surpresa;
2. felicidade;
3. tristeza;
4. raiva;
5. medo;
6. repugnância/nojo.
por algum animal mesmo sabendo que ele não representa real risco à nossa
integridade física (FELDMAN, 2015).
Após entender o que são as emoções no debate da psicologia e verificar
que podem ser relacionadas a sentimentos positivos e negativos, precisa-
mos nos perguntar para que elas servem. Os estudiosos das emoções não
as relacionam aos sentimentos resultantes fazendo juízos de valor do tipo
negativo ou positivo. De forma geral, consideram que as emoções sejam res-
postas construtivas e essenciais para a manutenção da vida. Mesmo as mais
terrificantes, como ânsia, agitação e ódio, têm o seu papel na sobrevivência
e na dinâmica humana. Entre as funções mais importantes, segundo Feldman
(2015, p. 314), estão as elencadas no Quadro 1.
Função Justificativa
As emoções somos nós. Elas nos definem como sujeitos, marcam as nossas
vidas e tornam possíveis os relacionamentos com os outros. O ser humano não
é somente biológico, assim como não é somente psicológico: é uma integração
de todas essas dimensões. O estudo das emoções aproxima a psicologia
da complexidade humana e permite o auxílio a indivíduos nas suas marcas
mais profundas. São muitas as abordagens desses estudos, com diferenças
de concepção relevantes, mas que, juntas, reúnem elementos para decifrar
esse conceito tão complexo e multifacetado.
Referências
ALEXANDROFF, M. C. O papel das emoções na constituição do sujeito. Construção
Psicopedagógica, v. 20, n. 20, p. 35-56, 2012.
ALVES, M. A. (org.). Cognição, emoções e ação. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2019.
(CLE Collection, v. 84).
EKMAN, P. Atlas of emotions in the New York Times. Paul Ekman Group, 6 May 2016.
Disponível em: https://www.paulekman.com/blog/atlas-of-emotions/. Acesso em: 24
fev. 2022.
FELDMAN, R. S. Introdução à psicologia. 10. ed. Porto Alegre: AMGH, 2015.
Introduzindo as emoções 15
GAZZANIGA, M.; HEATHERTON, T.; HALPERN, D. Ciência psicológica. 5. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2018.
GUDWIN, R. R. Motivação e emoções em criaturas naturais e artificiais. In: ALVES, M. A.
(org.). Cognição, emoções e ação. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2019. (CLE Collection,
v. 84). p. 151-176.
OTOYA, M. G. Historia de las emociones y los sentimientos: aprendizajes y preguntas
desde América Latina. Historia Crítica, n. 78, p. 9-23, 2020.
REEVE, J. Motivação e emoção. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006.
SMITH, T. W. The history of human emotions. TED, 2017. Disponível em: https://www.
ted.com/talks/tiffany_watt_smith_the_history_of_human_emotions?language=en.
Acesso em: 25 mar. 2022.
Leituras recomendadas
COSENZA, R. M.; GUERRA, L. B. Neurociência e educação: como o cérebro aprende. Porto
Alegre: Artmed, 2011.
SMITH, T. W. The book of human emotions. London: Profile Books, 2015.