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TECNOLOGIA

DA INFORMAÇÃO
NO ENSINO DE
CIÊNCIAS

Pricila Kohls
dos Santos
Reflexão temporal: relação
entre escola, sociedade
e TICs na educação
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Reconhecer o papel da escola na sociedade.


„„ Identificar os impactos da presença das TICs na educação.
„„ Analisar o papel da escola, da sociedade e das TICs na educação.

Introdução
Neste capítulo, você vai estudar sobre a relação da escola, da sociedade
e das TICs na educação. Vamos reconhecer, primeiramente, o papel da
escola na sociedade, analisando os impactos que a presença das TICs
trouxe para a educação, bem como os diferentes papéis na educação
que a escola, a sociedade e as TICs desempenham.

O papel da escola na sociedade


A escola passa há algum tempo por uma transição, porém essa não é mais uma
transição silenciosa. Chegamos a um estágio em que as mudanças cruciais na
sua infraestrutura organizacional e no fazer pedagógico são necessárias, para
adaptar-se aos parâmetros comportamentais dessa nova cultura: a cibercultura.
Tais mudanças são imprescindíveis para manter a comunicação entre os agentes
dos espaços escolares, sejam eles nativos ou imigrantes digitais. Lévy (1993)
diz que a cibercultura é a expressão da aspiração de construção de um laço
social, que não seria fundado nem sobre links territoriais, nem sobre relações
2 Reflexão temporal: relação entre escola, sociedade e TICs na educação

institucionais, nem sobre relações de poder, mas sobre a reunião em torno de


centros de interesses comuns, sobre o jogo, sobre o compartilhamento do saber,
sobre a aprendizagem cooperativa, sobre processos abertos de colaboração.
Historicamente, no Brasil, a educação esteve muito fortemente atrelada
à política e à economia. Na década de 1960, por exemplo, o país passava por
grandes mudanças estruturais, inclusive pela instauração do Golpe Militar de
1964. Nesse contexto, a educação assumiu um caráter de instrumento reali-
zador do projeto de desenvolvimento econômico e social, e foi chamada pelo
Estado nacional, centralizado e autoritário, para exercer um papel fundamental
nesse processo. Nesse sentido, a escola tinha o papel social importantíssimo
de qualificar a mão de obra do Estado, para atuação no mercado de trabalho
e no desenvolvimento econômico do país (SANDER, 2007).
O papel da escola é auxiliar no desenvolvimento integral do ser humano,
como preconiza a Lei nº 9.434, de 20 de dezembro de 1996, a Lei de Diretrizes
e Bases (LDB): “A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho
e à prática social” (BRASIL, 1996). Assim, a escola torna-se importante na
prática social e um dever para com a sociedade e seus indivíduos, devendo
estar vinculada, também, ao mundo do trabalho.
Para Saviani (2003, p. 15), “a escola existe, pois, para propiciar a aquisição
dos instrumentos que possibilitam o acesso ao saber elaborado (ciência), bem
como o próprio acesso aos rudimentos desse saber”. Ainda segundo esse autor
(2003, p. 13),

[…] o trabalho educativo é o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada


indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente
pelo conjunto dos homens. Assim, o objeto da educação diz respeito, de um
lado, à identificação dos elementos culturais que precisam ser assimilados
pelos indivíduos da espécie humana para que eles se tornem humanos e, de
outro lado e concomitantemente, à descoberta das formas mais adequadas
para atingir esse objetivo.

Nesse sentido, o papel da escola no desenvolvimento social é a mediação


entre o conhecimento científico e o cotidiano — indo além de simplesmente
ensinar conteúdos. Também é objetivo da escola o desenvolvimento de valores,
competências e atitudes que refletirão na sociedade como um todo.
Moran (2011, p. 11) afirma:

[...] a sociedade está caminhando para ser uma sociedade que aprende de
novas maneiras, por novos caminhos, com novos participantes (atores), de
forma contínua. [...] A educação escolar precisa, cada vez mais, ajudar a to-
Reflexão temporal: relação entre escola, sociedade e TICs na educação 3

dos a aprender de forma mais integral, humana, afetiva e ética, integrando o


individual e o social, os diversos ritmos, métodos, tecnologias, para construir
cidadãos plenos em todas as dimensões.

Na sociedade atual, é inevitável a relação entre a escola e as tecnologias de


informação e comunicação, uma vez que as TICs fazem parte do cotidiano e
impactam as coisas, as formas como vivemos e as relações sociais e escolares.

Assista ao vídeo “Como usar as novas tecnologias na


educação: sala de aula deve ser ambiente de criação”.

https://goo.gl/Y25zqS

Impactos das TICs na educação


As tecnologias de informação e comunicação estão mudando as formas de
ser e estar em sociedade e, por conseguinte, as relações e o papel da escola.
Como vimemos socialmente conectados a dispositivos informáticos e de
telecomunicações, os impactos dessa conexão são perceptíveis no contexto
educacional.
Conforme salientam Pool e Faria (2013, p. 35),

[...] a maioria dos alunos que são usuários de Internet e seus serviços demonstra
possuir as habilidades para usar essas tecnologias e talvez seja pela naturalidade
como os usos destas tecnologias entram em suas vidas, que se pode evidenciar
a existência de uma geração digital, cercada de ambientes amigáveis que por
definição podem ser chamadas de plataformas de comunicação.
É na comunicação o início de todo o relacionamento humano e, provavel-
mente, os pais, os professores, os chefes, e outros membros hierárquicos
destas relações também precisarão entender, decifrar e transitar por estes
meios. A geração digital já é uma realidade, não se pode negar a sua exis-
tência, principalmente ao entender que ela é o resultado dos engenhos da
geração anterior.
4 Reflexão temporal: relação entre escola, sociedade e TICs na educação

Nesse contexto, a escola muda, acompanhando esses novos usuários —


seus alunos — que muitas vezes são os atores que impulsionam e dinamizam
a presença das TICs na escola (Figura 1). Além disso, cabe à escola o papel
de acompanhar esse desenvolvimento tecnológico e suas implicações para o
contexto escolar, pois esta é responsável por sistematizar as ações de ensinar
e de aprender, e não pode estar alheia ao contexto de seus estudantes.

Figura 1. Relação entre TICs e sala de aula.


Fonte: Syda Productions/Shutterstock.com.

As TICs são ferramentas auxiliadoras e potencializadoras do processo


de ensino e de aprendizagem. Elas são um meio, e não um fim, portanto, o
educando deve ter a oportunidade de utilizar o recurso das TICs como suporte
para suas descobertas. Para isso, é preciso ter consciência de que o professor,
no papel de mediador, precisa agregar esse recurso à sua prática pedagógica,
pois, sozinha, a tecnologia não faz nada.
Ainda é necessário desmistificar o uso da “máquina” como recurso no
processo de ensino e de aprendizagem em sala de aula, para que a tecnologia
possa ser utilizada de forma mais proveitosa e educativa. Tal como preconizam
Veen e Vrakking (2009), a educação atual necessita de novas abordagens para
atender e até mesmo aproximar-se desse novo estudante, que nasce já imerso
no contexto digital.
Reflexão temporal: relação entre escola, sociedade e TICs na educação 5

A geração de crianças nascidas depois de 1990, que não conheceram o mundo


sem a internet e a tecnologia. [...] Tendo crescido em uma época de mudança e
de abundância de informações, desenvolveram estratégias para se comunicar,
cooperar e lidar com a informação, algo que pode ser crucial para a sociedade
nas próximas décadas. Pelo fato de estarem acostumadas à colaboração, à
investigação e à experimentação, o sistema escolar tradicional parece-lhes
algo extremamente pobre. O Homo Zappiens considera a escola como algo
que está “fora do mundo real”. (VEEN; VRAKKING, 2009, p. 27).

Dessa forma, a escola de pensamento analógico, que concebe, muitas


vezes, apenas uma fonte de informação, precisa começar a considerar esse
novo jeito de pensar e de acessar a informação, para, assim, transformá-la
em conhecimento. Torna-se necessário pensar que os sujeitos presentes na
sociedade e nas escolas, além de possuírem ritmos e interesses diferentes,
muitas vezes são de gerações distintas, como os imigrantes digitais —as
pessoas nascidas antes do advento e da massificação das tecnologias digitais
de informação e comunicação — e os nativos digitais — nascidos imersos
no contexto da tecnologia digital.
Nesse contexto, o professor, seja ele imigrante ou nativo digital, precisa con-
siderar os diferentes meios e essa nova capacidade do ser humano de processar
diferentes fontes de informação ao mesmo tempo. Ora, se a forma de acesso e
a quantidade de informação possível de ser alcançada mudou, a escola e seus
professores não podem continuar trabalhando de forma linear, sem considerar as
possibilidades de se construir o conhecimento a partir da realidade e dos conhe-
cimentos prévios de seus alunos. É preciso também levarem consideração que tais
conhecimentos podem ser construídos dentro ou fora do contexto de sala de aula.
A nova dimensão de sociedade que nos é apresentada hoje, a sociedade
digital, clama por novas perspectivas educacionais que envolvam a tecnologia
e seus meios na educação. Nessa sociedade, todos estamos reaprendendo a
conhecer, a comunicar, a ensinar e a aprender. Assim, precisamos saber lidar
com a incerteza e a velocidade das transformações tecnológicas.
Desse modo, a escola estará desempenhando o seu papel de formar cidadãos
críticos e preparados para a realidade que os aguarda, ao saírem da condição de
alunos, para o mercado de trabalho. Ela deve buscar a inserção de seus alunos
em um mercado altamente competitivo, o qual requer profissionais preparados
para lidar com as diversidades apresentadas a cada instante, e principalmente
com a tecnologia, que hoje faz parte do dia a dia de qualquer profissional.
Olhar a tecnologia como parte da função da escola não é mais objeto de
luxo, mas sim uma realidade necessária para o desenvolvimento integral do ser
humano e do profissional que está sendo preparado para o mercado e para a vida.
6 Reflexão temporal: relação entre escola, sociedade e TICs na educação

Os papéis da escola, da sociedade


e das TICs na educação
A escola tem o papel de preparar os alunos para serem cidadãos críticos e
aptos a fazer escolhas conscientes, frente às mudanças e inovações que lhes
são apresentadas.
Diante dessa realidade, a utilização das tecnologias de informação e co-
municação na escola se torna um meio de aproximação do aluno com essa
sociedade digital, proporcionando uma aprendizagem mais significativa e
promovendo a cooperação e colaboração entre os estudantes. Dessa forma,
o aluno pode ser familiarizar com os recursos tecnológicos que poderão ser
utilizados em outros contextos e realidades.
A construção do conhecimento exige uma escola mais contextualizada,
motivadora, dinâmica e interessante, para que o aprendizado se torne sinônimo
de prazer, realização e novas descobertas. Por meio das TICs, é possível que
o educando aprenda determinado conteúdo mais facilmente, pois pode ver,
ouvir e interagir com ele através do computador.
Segundo Papert (1986), dizer que as estruturas intelectuais são construídas
pelo aluno, em vez de ensinadas por um professor, não significa que elas sejam
construídas do nada. Pelo contrário, como qualquer construtor, a criança se
apropria, para seu próprio uso, de materiais que ela encontra e, mais signi-
ficativamente, de modelos e metáforas sugeridos pela cultura que a rodeia.
Ele ainda complementa, afirmando que nós nos motivamos a apreender
novos conhecimentos, se estes estiverem conectados, de alguma forma, a
conjuntos de conhecimentos significativos para nós. É assim que se dá a
aprendizagem espontânea e informal.
Com a utilização das novas tecnologias, o professor deixa de ser o centro
transmissor de informações e passa a exercer o papel de mediador e facilitador
no processo de aprendizagem, permitindo a cada aluno explorar ao máximo
suas potencialidades e proporcionando um ambiente capaz de fornecer conexões
individuais e coletivas. O conhecimento passa a ser construído, não mais imposto.
Com isso, a escola estará exercendo sua função na formação de pessoas mais
criativas, críticas, autônomas, motivadas e felizes. Entretanto, para que este
seja realmente um processo eficaz, o professor deve estar atento ao caminho
percorrido, e não apenas ao resultado obtido. Passa a ser fundamental não só
trabalhar o conteúdo específico, mas também valorizar o afetivo do aluno, esti-
mulando a cooperação como forma de valorizar as potencialidades de cada um.
A tecnologia também propicia a interação social no desenvolvimento da
cognição, valendo-se dos aspectos de sociabilização, tanto em ambientes
Reflexão temporal: relação entre escola, sociedade e TICs na educação 7

informatizados, quanto no cotidiano. O desenvolvimento pleno do potencial


cognitivo depende da interação social. Portanto, precisamos tornar a sala de
aula um ambiente comunicativo, onde as trocas entre os educandos e o estímulo
à colaboração sejam altamente valorizados.
Vale ressaltar que, para que haja uma aprendizagem efetiva com o uso da
tecnologia, o professor deve ter bem claros seus objetivos e ter consciência
de que não é mais o detentor do conhecimento. Ele precisa estar aberto para a
troca e a interação com o aluno, a fim de que, juntos, possam traçar o caminho
rumo ao conhecimento e à aprendizagem significativa.
De acordo com Leite (2004, p. 77),

[...] o domínio contínuo e crescente das tecnologias que estão na escola e na so-
ciedade, mediante o relacionamento crítico com elas. Este domínio se traduz em
uma percepção global do papel das tecnologias na organização do mundo atual e
na capacidade do/a professor/a em lidar com as diversas tecnologias, interpretando
sua linguagem e criando novas formas de expressão, além de distinguir como,
quando e por que são importantes e devem ser utilizadas no processo educativo.

Nesse sentido, os papéis da escola, das TICs e da sociedade estão intima-


mente relacionados (Figura 2) no que se refere à educação, uma vez que tanto
contribuem para o desenvolvimento uma da outra, como estão imbricadas em
suas relações e seus fazeres. A sociedade tem a responsabilidade de cobrar
pela educação de qualidade e precisa entender a sua corresponsabilidade com
a educação ou com a escola.

Figura 2. Relação entre es-


cola, TICs e sociedade.
8 Reflexão temporal: relação entre escola, sociedade e TICs na educação

Já a escola tem o papel de aproximar o conhecimento dito teórico ao


cotidiano e ao contexto de seus educandos, formando cidadãos capazes de
atuar socialmente com ética, valores e competência para atuar no mundo do
trabalho e na vida em sociedade. Por sua vez, as TICs estão disponíveis para
auxiliar os processos de ensinar e de aprender, a fim de aproximar as pessoas
e tornar a busca pelo conhecimento mais atrativa, atual e dinâmica.
Portanto, no contexto atual, a educação deve estar apoiada nesses três
elementos — escola, sociedade e TICs — para o seu desenvolvimento e a sua
qualidade, pois disso depende o futuro e o presente de um país.

Em entrevista à Revista Saber & Educar, o professor António Nóvoa fala sobre os desafios
da escola no mundo contemporâneo.
“São muitos os desafios da Escola no mundo contemporâneo. Assinalo apenas
dois [...] Em primeiro lugar, a necessidade de construir outro ‘modelo de Escola’.
Continuamos fechados num modelo de Escola inventado no final do século XIX
e que já não serve para enfrentar os desafios do mundo contemporâneo: escolas
voltadas para dentro dos quatro muros, currículos rígidos, professores fechados no
interior das salas de aula, horários escolares desajustados, organização tradicional
das turmas e dos ciclos de ensino etc. Defendo, por isso, que é necessário repensar
os modos de organização do trabalho escolar, desde a estrutura física das escolas
até a lógica curricular das disciplinas e dos programas, desde as formas de agru-
pamento e de acompanhamento dos alunos até as modalidades de recrutamento
e de contratação dos professores. Temos de reinventar a Escola se quisermos que
ela cumpra um papel relevante nas sociedades do século XXI. Em segundo lugar,
a importância de nunca renunciar ao conhecimento e à cultura. Quando se fala
de ‘educação permanente’ (e, pior ainda, de ‘educação e formação ao longo da
vida’), há, por vezes, uma tendência para valorizar certas competências técnicas
ou instrumentais em detrimento do conhecimento, da ciência e da cultura. Fala-se
do ‘aprender a aprender’, das capacidades de atualização e de procura autônoma
do saber, das competências informáticas e outras. Tudo isto é verdade e deve ser
tido em conta. Mas estas aprendizagens não se fazem no ‘vazio’. Por isso, não nos
devemos vergar às modas instrumentais e temos de manter uma grande atenção
aos conhecimentos e às disciplinas que formam os nossos alunos.” (PEREIRA; VIEIRA,
2006, p. 113-114).
A entrevista na íntegra pode ser conferida em:
https://goo.gl/i5ArjJ
Reflexão temporal: relação entre escola, sociedade e TICs na educação 9

1. A escola sempre desempenhou do País, uma vez que ela foi


seu papel influenciada pela chamada pelo Estado nacional
sociedade. No Brasil, durante o para desempenhar esse papel.
golpe militar (1960), qual era o 2. Moran (2011, p. 11) afirma que “[...] a
principal objetivo da escola? sociedade está caminhando para
a) O papel da escola era o de formar ser uma sociedade que aprende de
mão de obra especializada, novas maneiras, por novos caminhos,
com o objetivo de formar os com novos participantes (atores),
cidadãos para prosseguirem de forma contínua” Com base na
seus estudos em outro nível, afirmação, qual a importância da
como motivo principal de educação escolar para contribuir
fomentar o desenvolvimento com esse momento da sociedade?
do intelecto da sociedade. a) Com o intuito de contribuir
b) Durante o golpe militar, o para esse novo momento
objetivo principal da escola da sociedade, a educação
era o de ofertar educação escolar precisa concentrar seus
profissionalizante gratuita, uma esforços em uma educação
vez que havia uma escassez de tecnológica, uma vez que
mão de obra qualificada para é inadmissível a escola não
contribuir no desenvolvimento promover a inserção das TICs
econômico do País. em sua prática pedagógica,
c) Durante o golpe militar, a escola pois a tecnologia está ao
foi convocada pelo Estado alcance de todos, inclusive das
nacional que solicitou um acesso crianças que são conhecidos
dificultado aos estudantes, com como os nativos digitais.
o objetivo de que um menor b) Com o intuito de contribuir
número de pessoas ingressasse para esse novo momento da
na escola, pois via na escola sociedade, a educação escolar
uma afronta ao momento deve estar aberta para uma
antidemocrático que o País vivia. educação totalitária, onde todos
d) A escola sempre teve por objetivo aprendem integralmente, não
ofertar um ensino de qualidade e desconsiderando o lado humano,
democrático, aprimorando pela afetivo e ético, dessa forma,
formação integral do cidadão. promovendo a integração afetiva
Nunca se deixou influenciar por e ética, o individual e o social,
outras instituições, mesmo no os diversos ritmos, métodos,
período da ditadura militar. tecnologias, contribuindo para
e) O papel da escola era o de construção de cidadãos plenos.
qualificar a mão de obra com c) Com o intuito de contribuir
o objetivo de contribuir para o para esse novo momento da
desenvolvimento econômico sociedade, a educação escolar
10 Reflexão temporal: relação entre escola, sociedade e TICs na educação

deve considerar o aluno como apático, pois vive permeado


o principal ator no processo de tecnologias desde seu
de ensino e aprendizagem. nascimento, não tendo
Dessa forma, o professor pode interesse pelo novo. Seu perfil
ter um papel secundário, não é curioso, uma vez que
de menor importância, já a tecnologia faz com que
que o aluno com acesso às toda informação esteja ao
TICs e tecnologias digitais seu alcance, sem necessitar
chega à escola dominando muito esforço para obtê-la.
conceitos e conteúdos. b) Para os autores, esse “novo
d) Com o intuito de contribuir estudante” é extremamente
para esse novo momento da impaciente, chegando ao
sociedade, a educação escolar ponto de não conseguir se
deve estar aberta para uma concentrar nos estudos, uma
educação mais individualista, vez que o uso constante da
pois o momento é de focar no tecnologia o torna um sujeito
indivíduo, em suas experiências impulsivo e egocêntrico, vendo
e necessidades; do contrário, a na escola um local desafiador
educação escolar não terá sentido para seu estilo, uma vez que a
e significado para o aluno. Uma escola promove um ambiente
educação com foco no individual colaborativo e focado no
passará a valorizar o coletivo. equilíbrio entre teoria e prática.
e) Com o intuito de contribuir c) Para os autores, o “novo
para esse novo momento da estudante” possui um perfil
sociedade, a educação escolar habituado ao processo
deve propiciar um ensino mais colaborativo, é curioso e tem um
rígido, pois o perfil do aluno perfil investigativo e disposto a
é de aprender cada vez mais experimentar. Esse estudante
sozinho; por esse motivo, os já nasceu com a tecnologia
valores éticos e morais acabam fazendo parte da sua rotina, por
sendo esquecidos e, do contrário, isso, a escola passa a mensagem
teremos uma sociedade que de estar muito distante da
não irá considerar o próximo sua realidade, como sendo
e o respeito como valores algo “fora do mundo real”.
primordiais para o convívio social. d) Para os autores, o “novo
3. Para Veen e Vrakking (2009), a estudante” tem uma postura
educação atual necessita de novas pouco responsável, pois nasceu
abordagens para atender e, até em um ambiente permeado
mesmo, aproximar-se deste novo por tecnologias, algo distante
estudante que nasce já imerso no da realidade dos seus pais, por
contexto digital. Qual o perfil que exemplo, fazendo com que esse
identifica esse “novo estudante”? domínio precoce da tecnologia
a) Para os autores, esse “novo intimide os pais a uma educação
estudante” possui um perfil familiar que exija dos filhos uma
Reflexão temporal: relação entre escola, sociedade e TICs na educação 11

postura responsável, ficando essa de suas estruturas intelectuais,


responsabilidade para a escola. mas isso não significa que elas
e) Para os autores, o “novo aconteçam sozinhas, sem uma
estudante” é pouco informado, interação ou intermediação. O
pois o acesso é farto de papel do professor passa a ser
tecnologias, mas a informação exclusivamente o de trabalhar
é limitada. Isso se deve ao fato os conteúdos com o aluno,
de essa geração não ter o hábito pois a cultura que o rodeia se
da leitura e considerar que ler encarrega das demais áreas.
é cansativo e demorado, já d) Para Papert, o aluno não necessita
que está acostumada com a do professor para construção
agilidade das telas, dos jogos de suas estruturas intelectuais,
e da interatividade com os mas isso não significa que elas
amigos da sua geração. aconteçam sozinhas, sem uma
4. Papert (1986) afirma que o aluno interação ou intermediação.
constrói suas estruturas intelectuais, Essa interação ocorre com seu
não necessitando exclusivamente meio social e na cultura em que
do professor para essa construção. está inserido, se conectando a
Segundo o autor, de que forma essas conjuntos de conhecimentos
estruturas intelectuais são formadas? significativos para ele.
a) Para Papert, o aluno necessita e) Para Papert, o aluno, mesmo
do professor para a construção tendo acesso a um universo
de suas estruturas intelectuais. de informações ilimitadas,
A diferença está na forma necessita do professor para a
como essa construção se dará, construção dessas estruturas
pois o papel do professor intelectuais; do contrário, ela
passa a ser o de mediador não ocorre. O uso de materiais,
no processo de construção modelos e metáforas disponíveis
de ensino e aprendizagem e na cultura que o rodeia não é
não mais um papel de único suficiente para um crescimento
detentor do conhecimento. intelectual significativo.
b) Para Papert, o aluno constrói 5. De acordo com sua leitura,
suas estruturas intelectuais qual o papel da escola, da
sozinho – na verdade, ele sociedade e das TICs?
vai além, sugerindo que os a) A escola, a sociedade e as
considerados nativos digitais, TICs têm papéis intimamente
devido aos estímulos ainda relacionados quando olhamos
no útero, já têm tais estruturas pelo viés da educação.
formadas ao nascer, apenas se Todas contribuem para o
aperfeiçoando com os modelos desenvolvimento uma da
e as metáforas disponíveis na outra, como estão imbricadas
cultura em que está inserido. em suas relações e seu fazer.
c) Para Papert, o aluno não necessita b) A escola está subordinada à
do professor para a construção sociedade, pois o meio social
12 Reflexão temporal: relação entre escola, sociedade e TICs na educação

é quem dita as regras do pois se tratam de instituições


ambiente escolar e da educação. independentes e sem
As tecnologias passam a ser impacto uma na outra.
inseridas na escola, pois fazem e) A escola sempre exerceu
parte do dia a dia social. influência na sociedade. Mesmo
c) As TICs, sendo responsáveis com a evolução das TICs, sua
por uma mudança de era, são influência não se sobressai ao
responsáveis pelas regras na papel da escola diante das TICs
sociedade como um todo, e da sociedade, principalmente
consequentemente na escola, no Brasil, onde a escola sempre
causando impacto na educação. teve um papel de domínio
d) Não existe relação entre as diante da sociedade.
TICs, a sociedade e a escola,

BRASIL. Lei nº 9.434, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases


da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 1996. Disponível
em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1996/lei-9394-20-dezembro-1996-
-362578-normaatualizada-pl.html>. Acesso em: 26 nov. 2017.
LEITE, L. S. (Coord.). Tecnologia educacional: descubra suas possibilidades na sala de
aula. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2004.
LÉVY, P. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática.
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MORAN, J. M. A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá. 5. ed.
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PEREIRA, H. M. S.; VIEIRA, M. C. Entrevista: pela Educação, com António Nóvoa. Revista
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SANDER, B. Administração da educação no Brasil: genealogia do conhecimento. Brasília,
DF: Liber Livro, 2007.
SAVIANI, D. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. Campinas: Autores
Associados, 2003.
VEEN, W.; VRAKKING, B. Homo zappiens: educando na era digital. Porto Alegre: Artmed, 2009.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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