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ORGANIZADOR CURRICULAR DO SISTEMA MUNICIPAL DE ENSINO

DE BELÉM DO SÃO FRANCISCO

13. ÁREA: MATEMÁTICA

A Matemática é compreendida como uma ciência que se expressa por meio de


uma linguagem própria. Seu surgimento está ligado diretamente às necessidades do
ser humano ao longo de sua história, tais como: contar, medir, prever eventos, contabilizar
as mercadorias vendidas e adquiridas, entre outras.
Essa linguagem foi se tornando mais complexa, assim como a vida em sociedade
também foi se complexificando, revelando-se um processo incessante de análise e síntese,
gerado na dinâmica da construção de respostas aos problemas, de modo a permitir o
desenvolvimento de instrumentos e conhecimentos para satisfação das necessidades
coletivas.
Sabemos, contudo, que os homens, ao longo da história, elaboraram diferentes
sistemas numéricos para o controle e a comunicação das diferentes quantidades. Assim o
fizeram os maias, os astecas, os egípcios, os romanos, até o aparecimento do sistema
numérico hindu-arábico, o qual traduz a apropriação da expressão mais desenvolvida de
sistema numérico por envolver em sua constituição as propriedades fundamentais: base
decimal, posicional, com dez símbolos numéricos, com os quais podemos representar
grandes e pequenas quantidades.
Tais propriedades não se fizeram presentes, em sua totalidade, em outros sistemas
numéricos, apenas de forma parcial ou não, daí serem menos desenvolvidos. Trata-se de
um processo ocorrido ao longo da história humana em que se superou, por incorporação, a
base dez, o cálculo digital, os diferentes registros a partir do cálculo pelo ábaco, a criação do
zero para representar a casa vazia do ábaco etc. Cada momento deste processo retrata a
parcial contribuição de povos na gênese do sistema numérico até sua forma mais
desenvolvida [...] (GIARDINETTO, 2012, p.199).
Dessa forma, destacamos a Matemática como um patrimônio cultural produzido
historicamente pela humanidade. Por esse motivo, tornou-se fundamental que todos
os seres humanos se apropriem dos conhecimentos matemáticos, visto que é condição do
processo de humanização. Como afirma Giardinetto (2012, p. 9): “A Matemática representa
parte dos bens culturais produzidos pela humanidade, por isso a escola precisa assegurar a
‘apropriação da Matemática escolar como legado universal a todos os indivíduos’”.
Nessa mesma direção, Moura (2007, p.44) defende que “A Matemática é um
destes instrumentos simbólicos que sai do mundo concreto e ‘ganha o cérebro’ para
dar mais poder ao homem na satisfação das necessidades integrativas”.
Outro ponto a se destacar sobre a concepção de Matemática diz respeito às
propriedades abstratas, tomando essa dimensão como algo muito importante para o
desenvolvimento da Matemática e outras ciências, como Física, Química, Astronomia.

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Krutetsky (1991, p. 60) destaca que “[...] a Matemática é essencialmente uma ciência
que se ocupa das propriedades abstratas e generalizadas dos objetos e das suas relações.
Neste alinhamento, o objetivo de se ensinar Matemática no Ensino Fundamental é
assegurar aos estudantes a apropriação dos conceitos matemáticos para controlar a
variação entre as diferentes grandezas – contínuas e discretas – presentes na prática social.
Para garantir essa forma de trabalho o professor precisa conhecer a gênese do
conteúdo, a necessidade humana na produção do conceito, visto que essa carrega a
essência do processo de seu desenvolvimento. Compreender a essência do conceito
e a necessidade humana nele encarnada possibilita aos professores organizar o ensino de
modo a desencadear nos estudantes motivos cognitivos para se apropriarem dos conceitos
matemáticos e desenvolverem as funções psíquicas superiores.
De acordo com Andrade (2009, p.143), “[...] quanto maior o conhecimento e
compreensão, maiores as possibilidades de ações conscientes no mundo pessoal, social e
cultural”. Assim, compreender a linguagem matemática e os seus avanços torna- se
relevante para a organização de práticas pedagógicas centradas na apropriação conceitual
e no desenvolvimento das funções psíquicas superiores dos estudantes, visto que as
significações – isto é, as funções sociais dos instrumentos simbólicos (conceitos), os quais
são produtos das relações humanas, refletidas e fixadas na e pela linguagem – constituem o
conteúdo da consciência social.
Considerando esses pressupostos e em consonância com a BNCC, a área de
Matemática e, por consequência, o componente curricular de Matemática deve garantir aos
estudantes o desenvolvimento das competências que contribuam para a formação integral
de cidadãos críticos, éticos, criativos, proativos e conscientes de sua responsabilidade social
no mundo contemporâneo.

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13.2 Matemática

Para compreender a Matemática na educação escolar, é importante entendermos


essa disciplina de acordo com a função social da escola, que, nesse caso, é garantir a
apropriação do saber em suas formas mais desenvolvidas, “os clássicos”. Nas palavras de
Saviani (2003, p. 101),

Clássico é aquilo que resistiu ao tempo, logo, sua validade


extrapola o momento em que ele foi proposto. É por isso que a
cultura greco-romana é considerada clássica: embora tenha sido
produzida na Antiguidade, mantém-se válida, mesmo para as
épocas posteriores. [...] Aqui o clássico não se identifica com o
antigo, porque um moderno é também considerado um clássico.
Dostoievski, por exemplo – segundo a periodização dos manuais
de História, um autor contemporâneo –, é tido como um clássico
da literatura universal. Da mesma forma, diz-se que Machado de
Assis é um clássico da literatura brasileira, apesar de o Brasil
ser mais recente até mesmo que a Idade Média, quanto mais
que a Antiguidade. Então, o clássico não se confunde com o
tradicional.

De acordo com a BNCC (2017), durante o Ensino Fundamental deve ocorrer o


desenvolvimento do letramento matemático, ou seja, desenvolver habilidades que
permitam compreender e interagir com o mundo no qual vivemos, como, por exemplo, ler e
interpretar números expressos em diversos tipos de textos, consumir de modo consciente,
realizar compras sendo capaz de escolher a opção mais vantajosa, analisar criticamente
dados provenientes de pesquisas etc.
A Matriz do Pisa (2012), traz a seguinte definição sobre o letramento matemático:

Letramento em matemática é a capacidade do indivíduo


de formular, aplicar e interpretar a matemática em
diferentes contextos, o que inclui o raciocínio
matemático e a aplicação de conceitos, procedimentos,
ferramentas e fatos matemáticos para descrever,
explicar e prever fenômenos. Além disso, o letramento
em matemática ajuda os indivíduos a reconhecerem a
importância da matemática no mundo, e agir de
maneira consciente ao ponderar e tomar decisões.
.necessárias a todos os cidadãos construtivos,
engajados e reflexivos. (BRASIL, 2014, p.17).
O desenvolvimento de habilidades ligadas ao letramento matemático está
relacionado a formas de organização da aprendizagem baseadas na análise de situações da
vida cotidiana e de outras áreas do conhecimento, além da própria Matemática. Dessa
forma, o letramento em matemática significa observar o desenvolvimento de diferentes
habilidades de relação com o mundo, tais como: ler e compreender informações do mundo
presentes em documentos diversos; analisar e interpretar criticamente dados encontrados

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nas mais diversas notícias em meios como jornais, revistas e internet; analisar e decidir a
melhor forma de compra de um produto; participar de atividades que exijam quantificação e
operações diferentes cognitivas, dentre tantas outras habilidades.
Neste documento, seguindo a proposta da BNCC, as habilidades a serem
desenvolvidas, ao longo dos nove anos do Ensino Fundamental, são orientadas por cinco
unidades temáticas – Números, Álgebra, Geometria, Grandezas e Medidas e Probabilidade
e Estatística – que podem receber diferentes ênfases, dependendo do ano de escolarização.
NÚMEROS têm a finalidade de desenvolver o pensamento numérico, ou seja, a
capacidade de contar, quantificar atributos, julgar e interpretar argumentos baseados em
quantidades.
Durante o processo de construção da noção de número, é preciso desenvolver as
ideias fundamentais da Matemática, tais como equivalência, ordem, aproximação e
proporcionalidade, permitindo ao aluno conhecer as diferentes funções dos números
(quantificar, ordenar, comparar, medir e codificar). Isso pode ser alcançado por meio de
situações significativas, propondo sucessivas ampliações dos campos numéricos (naturais,
inteiros, racionais, irracionais e reais), de modo que sejam capazes de identificar e
compreender as características de cada campo.
Ao longo do Ensino Fundamental, o aluno deverá ser capaz de entender o
significado das operações básicas, além de resolver problemas que envolvam as operações
básicas com números, podendo utilizar-se de estratégias próprias, cálculo mental,
algoritmos, calculadoras e computadores.
ÁLGEBRA desenvolve o pensamento algébrico a partir dos anos iniciais do Ensino
Fundamental, que inclui: generalizar padrões; estabelecer relação entre grandezas; modelar
e resolver problemas aritméticos; desenvolver habilidades de observação e de interpretação
de regularidades a partir de diferentes representações (tabular, gráfica, simbólica); e abstrair
fenômenos matemáticos.
Assim, conforme a BNCC, as ideias matemáticas fundamentais vinculadas a esta
unidade são: equivalência, variação, interdependência e proporcionalidade (BRASIL, 2017).
O pensamento algébrico é essencial para a compreensão de modelos matemáticos
que representem relações quantitativas entre grandezas, fazendo uso de letras e outros
símbolos, permite compreender e representar relações de equivalência, variação,
interdependência e proporcionalidade, ideias fundamentais da Matemática.
Para o desenvolvimento do pensamento algébrico, é necessário que os estudantes
desenvolvam a capacidade de identificar regularidades em sequências numéricas e não
numéricas, criar e interpretar representações gráficas, construir leis matemáticas que
expressem a interdependência entre grandezas, bem como utilizar equações e inequações
na resolução de situações problema. É importante destacar também a importância dos

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algoritmos e de seus fluxogramas nas aulas de Matemática.


GEOMETRIA envolve o estudo de um amplo conjunto de conceitos e procedimentos
que permitem o estudo das formas, do deslocamento no espaço e das relações entre
elementos de figuras planas e espaciais.
Além disso, desenvolver o raciocínio espacial é fundamental para que o aluno seja
capaz de orientar-se no espaço que o rodeia. A compreensão e a análise de propriedades
geométricas permitem a resolução problemas do mundo físico e de diferentes áreas do
conhecimento. As ideias matemáticas fundamentais associadas a essa temática são,
principalmente, construção, representação e interdependência.
GRANDEZAS E MEDIDAS propõem o estudo das relações métricas que quantificam
as grandezas do mundo físico, favorecendo a integração da Matemática com outros campos
do conhecimento, como Ciências e Geografia, bem como contribui para a consolidação e
ampliação da noção de número, de noções geométricas e a construção do pensamento
algébrico.
No dia a dia é de suma importância que os alunos compreendam o conceito de
grandeza e sejam capazes de medir e de realizar comparações por meio das diversas
unidades de medidas utilizadas, por exemplo, para medir as dimensões de um objeto, a
passagem do tempo, a velocidade de um veículo, bem como conhecer as medidas utilizadas
na informática.
Assim, é esperado que, ao final do ensino fundamental, o aluno seja capaz de
resolver problemas que envolvam o uso de unidades de medidas padronizadas mais usuais.
PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA propõe o estudo da incerteza, o que pressupõe a
necessidade do desenvolvimento da noção de aleatoriedade que deverá possibilitar que os
estudantes compreendam que nem todo fenômeno é determinístico; e do tratamento de
dados, que envolve o trabalho com a coleta e com a organização de dados de uma
pesquisa.
Para o desenvolvimento do que presume esta unidade temática, o professor deverá
incentivar a verbalização dos estudantes em eventos que envolvem o acaso, possibilitando
a construção do espaço amostral; além disso, permitir que os estudantes não apenas
participem do desenvolvimento de pesquisas, mas de seu planejamento, de modo que
possam desenvolver a noção de amostra, de cruzamento de variáveis, de classificação e da
definição do gráfico (CASTRO; CASTRO-FILHO,2015).
Este tipo de atividade deverá contribuir para a leitura, para a interpretação e para a
construção de gráficos, bem como com a forma de produção de texto escrito para a
comunicação de dados.
Por fim, é importante destacar que esta proposta curricular oferece parâmetros
mínimos conforme orientação encontrada na BNCC e não restringe a autonomia do trabalho

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docente, permitindo a diversificação dos planos de ensino, conforme a realidade de cada


unidade escolar.

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