Aula 08 - Norma Jurídica - Continuação

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Aula 08 – Norma Jurídica -

Continuação
5. CLASSIFICAÇÃO DAS
NORMAS JURÍDICAS
Quanto à imperatividade, podem ser:
1) De imperatividade absoluta ou impositivas, também chamadas absolutamente cogentes ou de
ordem pública. São as que ordenam ou proíbem alguma coisa (obrigação de fazer ou de não
fazer) de modo absoluto.
As que determinam, em certas circunstâncias, a ação, a abstenção ou o estado das pessoas, sem
admitir qualquer alternativa, vinculando o destinatário a um único esquema de conduta.
Por Ex.: o Código Civil, no art. 1.526, diz: "A habilitação será feita perante o oficial do Registro
Civil e, após a audiência do Ministério Público, será homologada pelo juiz";
5. CLASSIFICAÇÃO DAS
NORMAS JURÍDICAS
Quanto à imperatividade, podem ser:
1) De imperatividade absoluta ou impositivas:
Essas normas, por sua vez, subdividem-se em afirmativas e negativas. P. ex.: o art. 1.245, caput,
do Código Civil, que estatui o seguinte: "Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o
registro do título translativo no Registro de Imóveis"; o art. 426 do Código Civil, que dispõe:
"Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva".
A imperatividade absoluta de algumas normas é motivada pela convicção de que determinadas
relações ou estados da vida social não podem ser deixados ao arbítrio individual, o que
acarretaria graves prejuízos para a sociedade. As normas impositivas tutelam interesses
fundamentais, diretamente ligados ao bem comum, por isso são também chamadas de "ordem
pública.
5. CLASSIFICAÇÃO DAS
NORMAS JURÍDICAS
2) De imperatividade relativa ou dispositivas, que não ordenam nem proíbem de modo absoluto;
permitem ação ou abstenção, ou suprem declaração de vontade não existente.

Podem ser, portanto, permissivas, quando consentem uma ação ou abstenção. P. ex., Código
Civil, art. 1.639: "É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos
seus bens, o que lhes aprouver";
art. 628, que estabelece que "o contrato de depósito é gratuito, exceto se houver convenção em
contrário, se resultante de atividade negocial ou se o depositário o praticar por profissão”.
5. CLASSIFICAÇÃO DAS
NORMAS JURÍDICAS
As normas dispositivas são supletivas quando suprem a falta de manifestação de vontade das
partes; só se aplicam, então, na ausência da declaração de vontade dos interessados.
Se estes nada estipularem, em determinadas circunstâncias, a norma o faz em lugar deles.
Por exemplo: "Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes
convencionarem diversamente..." (CC, art. 327, 1º parte);
"Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os
cônjuges, o regime da comunhão parcial" (CC, art. 1.640, caput)
5. CLASSIFICAÇÃO DAS
NORMAS JURÍDICAS
Uma norma dispositiva pode tornar-se impositiva, em virtude da doutrina e da jurisprudência,
como verifica Goffredo Telles Jr. O Código Civil de 1916, p. ex., no art. 924, estatuía o
seguinte: "Quando se cumprir em parte a obrigação, poderá o juiz reduzir proporcionalmente a
pena estipulada para o caso de mora, ou inadimplemento". Salienta o autor que ao tempo da
promulgação do Código Civil esse dispositivo só vigorava quando não havia, no contrato, a
declaração de que a multa era sempre devida, integralmente, no caso de mora ou
inadimplemento. Por influência dos civilistas e dos tribunais entendia-se que a multa era sempre
devida por inteiro, o juiz podia reduzir a pena, proporcionalmente à parte devida da obrigação,
porque o citado artigo, que era dispositivo, passou a ser considerado norma impositives. Hoje,
pelo art. 413 do novo Código Civil, "a penalidade deve ser reduzida eqüitativamente pelo juiz se
a obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for
manifestadamente excessiva, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do negócio".
5. CLASSIFICAÇÃO DAS
NORMAS JURÍDICAS
Quanto ao autorizamento, as normas jurídicas podem classificar-se em:
1) Mais que perfeitas (plus quam perfectae), as que por sua violação autorizam a aplicação de
duas sanções: a nulidade do ato praticado ou o restabelecimento da situação anterior e ainda a
aplicação de uma pena ao violador.
Como exemplo desta norma podemos citar o Código Civil, que estatui:
“Art. 1.521, VI. Não podem casar as pessoas casadas ..."; com a violação dessa disposição legal,
autoriza a norma que se decrete a nulidade do casamento. Realmente, estabelece o Código, no
art. 1.548, II, que: "É nulo o casamento contraído por infringência de impedimento". Pelo
Código Penal é aplicada uma pena ao transgressor: "Art. 235. Contrair alguém, sendo casado,
novo Casamento: Pena — reclusão, de dois a seis anos".
5. CLASSIFICAÇÃO
a DAS
NORMAS JURÍDICAS
2) Perfeitas (perfectae), que são aquelas cuja violação as leva a autorizar a declaração da
nulidade do ato ou a possibilidade de anulação do praticado contra sua disposição e não a
aplicação de pena ao violador.
São exemplos dessas normas o Código Civil: “Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648,
nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: I
— alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis”, sob pena de nulidade relativa, não havendo
suprimento judicial (CC, art. 1.649);
“Art. 1.730. É nula a nomeação de tutor pelo pai ou pela mãe que, ao tempo de sua morte, não
tinha o poder familiar”;
5. CLASSIFICAÇÃO
a DAS
NORMAS JURÍDICAS
3) Menos que perfeitas (minus quam perfectae), as que autorizam, no caso de serem violadas, a
aplicação de pena ao violador, mas não a nulidade ou anulação do ato que as violou.
Como exemplos temos o Código Civil: “Art. 1.523, I. Não devem casar o viúvo ou a viúva que
tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos
herdeiros...". Violada esta norma, não está nulo o novo matrimônio, porque ela não autoriza que
se declare a nulidade desse ato. Com efeito, o art. 1.641,1, do mesmo Código diz: "É obrigatório
o regime da separação de bens no casamento: 1— das pessoas que o contraírem com
inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento”.
5. CLASSIFICAÇÃO
a DAS
NORMAS JURÍDICAS
Quanto à hierarquia, classificam-se em:
normas constitucionais;
leis complementares;
leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções;
decretos regulamentares;
normas internas (despachos, estatutos, regimentos etc.);
normas individuais (contratos, testamentos, sentenças etc.).
5. CLASSIFICAÇÃO DAS
NORMAS JURÍDICAS
Quanto à natureza de suas disposições, as normas podem ser:

I) substantivas, se definem e regulam relações jurídicas ou criam direitos põem deveres, como,
p. ex., as disposições do Código Penal, do Código Civil, do Código Comercial etc.;

II) adjetivas, se regulam o modo ou o processo de efetivar as relações jurídicas, ou de fazer valer
os direitos ameaçados ou violados, tais, p. ex., os gos do Código de Processo Penal e do Código
de Processo Civil.
5. CLASSIFICAÇÃO DAS
NORMAS JURÍDICAS
Quanto à aplicação, as normas jurídicas serão:
I) de eficácia absoluta, se inatingíveis, insuscetíveis de emenda, daí conterem força paralisante
total de toda a legislação que vier a contrariá-las (Cláusulas Pétreas);

II) de eficácia plena, ou plenamente eficazes, quando suficientes para disciplinar as relações
jurídicas ou o processo da sua efetivação, por apresentarem todos os requisitos necessários para
produzir os efeitos previstos imediatamente (p. ex., uma norma revoga outra; o efeito extintivo é
imediato)
5. CLASSIFICAÇÃO DAS
NORMAS JURÍDICAS
III) de eficácia relativa restringível, por serem de aplicabilidade imediata, embora sua eficácia
possa ser reduzida nos casos e na forma que a lei estabelecer; têm, portanto, seu alcance
reduzido pela atividade legislativa. Nelas a possibilidade de produzir os efeitos é imediata,
embora sujeita a restrições que elas mesmas prevêem (p. ex.: normas que prescrevem
regulamentação delimitadora); são normas dependentes de complementação por elas mesmas
previstas ou resultante inequivocamente do sentido da disposição normativa (CF, arts. 5º, XII e
LXVI, 139 e 170, parágrafo único). Assim, se apenas uma parte da lei depender de regulamento,
somente essa parte deixará de ser auto-aplicável;
5. CLASSIFICAÇÃO DAS
NORMAS JURÍDICAS
IV) de eficácia relativa complementável, se a possibilidade de produzir efeitos é mediata,
dependendo de norma posterior que lhe desenvolva a eficácia, permitindo o exercício do direito
ou benefício consagrado. Logo, enquanto não promulgada lei complementar ou ordinária, o
dispositivo constitucional não produzirá efeito positivo, mas terá eficácia paralisante de efeitos
de normas precedentes incompatíveis e impeditiva de qualquer conduta contrária ao que
estabelecer.
As normas programáticas (p. ex., arts. 205 e 218 da CF) comandam normas, ou seja, o próprio
procedimento legislativo. O mesmo se diga da norma constitucional de princípio institutivo (p.
ex., arts. 17, IV, 25, § 3º, 165, § 9º, I que requer que o legislador estabeleça, mediante lei,
esquemas gerais de estruturação e atribuições de órgãos, para que tenha aplicabilidade imediata.
5. CLASSIFICAÇÃO DAS
NORMAS JURÍDICAS
Quanto ao poder de autonomia legislativa conferido às circunscrições político-administrativas,
as normas podem ser:
1) nacionais e locais, conforme vigorem em todo o território do país ou em parte dele,
embora ambas sejam oriundas da mesma fonte legiferante;

2) federais, estaduais e municipais, se se tratarem de normas da União, dos Estados


federados ou dos Municípios. Cada uma dessas esferas territoriais tem sua competência
normativa estabelecida na norma constitucional, como p. ex., os arts. 22, parágrafo único, 25, §
1º, e 30,I e II.
5. CLASSIFICAÇÃO DAS
NORMAS JURÍDICAS
A Constituição Federal reserva não só à União o poder de emanar normas para reger certas
situações mas também dá aos Estados e aos Municípios certo âmbito de ação, uma esfera
privativa, vedando a ingerência de qualquer poder.

São leis federais a norma constitucional e suas leis complementares, leis, códigos, medidas
provisórias e decretos federais, editados pela União ou qualquer de seus órgãos.
5. CLASSIFICAÇÃO DAS
NORMAS JURÍDICAS
Constituem exemplos de leis estaduais: a Constituição dos Estados e leis complementares, leis,
códigos e decretos estaduais, emitidos pelos entes estaduais
As leis municipais abrangem leis, decretos, posturas, estatuídos por órgãos municipais.
Não há hierarquia entre leis federais, estaduais e municipais, esta somente existirá quando
houver possibilidade de concorrência entre as diferentes esferas de ação.
Apenas nos casos de assuntos sobre os quais pode manifestar-se qualquer dos poderes
conjuntamente, isto é, na esfera de competência concorrente, é que se tem a primazia, p. ex., da
lei federal sobre a estadual.
5. CLASSIFICAÇÃO DAS
NORMAS JURÍDICAS
As únicas normas jurídicas que têm prevalência, no Brasil, sobre as demais são as normas
constitucionais federais.
5. CLASSIFICAÇÃO DAS
NORMAS JURÍDICAS
Quanto à sistematização, podem ser:
1) esparsas ou extravagantes, se editadas isoladamente; p. ex., a lei do inquilinato, a do salário-
família etc.;
2) codificadas, quando constituem um corpo orgânico de normas sobre certo ramo do direito; p.
ex.: Código Tributário Nacional, Código Civil, Código Penal, Código de Processo Civil etc. O
código não é um complexo de normas, mas uma lei única que dispõe sistematicamente sobre um
ramo jurídico;
3) consolidadas, quando forem uma reunião de leis esparsas vigentes sobre determinado assunto;
p. ex., a Consolidação das Leis do Trabalho.
6. VALIDADE DA NORMA
JURÍDICA
l. Aspectos essenciais da validade
Tomando o termo validade como gênero, nele distinguimos, seguindo a esteira de Miguel Reale,
a vigência como validade formal ou técnico-jurídica, a eficácia como validade fática, e
fundamento axiológico como validade ética.
Logo, a validade seria um complexo, com aspectos de vigência, eficácia e fundamento.
Esses três aspectos essenciais da validade são os requisitos para que a norma jurídica seja
legitimamente obrigatória. Há na norma uma relação necessária entre validade formal, fática e
ética.
6. VALIDADE DA NORMA
JURÍDICA
2. Validade formal ou vigência
2.1. Conceito e requisitos da vigência da norma
Vigência (em sentido amplo), validade formal ou técnico-jurídica, é uma qualidade da norma de
direito.
Para Hans Kelsen, vigência seria a existência específica da norma, indicando uma propriedade
das relações entre normas. Assim, uma norma inferior só será válida se se fundar em uma
superior, reveladora do órgão competente e do processo para sua elaboração.
A norma válida, então, será a promulgada por um ato legítimo de autoridade, não tendo sido
revogada.
6. VALIDADE DA NORMA
JURÍDICA
Será imprescindível para que tenha vigência (sentido amplo) a presença de alguns requisitos,
como:
1º) elaboração por um órgão competente, que é legítimo por ter sido constituído para tal fim;
2º) competência ratione materiae do órgão, isto é, a matéria objeto da norma deve estar contida
na competência do órgão;
3º) observância dos processos ou procedimentos estabelecidos em lei para sua produção, que nos
EUA se denomina due process of law.
A validade formal ou vigência, em sentido amplo, é uma relação entre normas (em regra,
inferior e superior), no que diz respeito à competência dos órgãos e ao processo de sua
elaboração.
Vigente será a norma se emanada do poder competente com obediência aos trâmites legais.
6. VALIDADE DA NORMA
JURÍDICA
Sob o prisma da pragmática, nas palavras de Tércio Sampaio Ferraz Jr., a norma válida é aquela
cuja autoridade, ainda que o conteúdo não seja cumprido, é respeitada, sendo tecnicamente
imune a qualquer descrédito.

Logo, o valer de uma norma não depende da existência real e concreta das condutas que
prescreve: mesmo descumprida, ela vale.

Será válida a norma se a autoridade legiferante for tecnicamente competente e se agiu de


conformidade com as normas de sua competência legislativa, hipótese em que se terá uma
validade condicional.
6. VALIDADE DA NORMA
JURÍDICA
Também será válida a norma cuja autoridade legisladora agiu dentro dos fins estabelecidos pelo
ordenamento, caso em que haverá uma validade finalística.

Fácil é denotar que para ser válida a norma precisará estar integrada no ordenamento, retirando
sua validade de outras normas que condicionam a competência e/ou determinam os fins.

Validade formal é, pois, sob esse ponto de vista, uma qualidade da norma cuja relação
autoridade/sujeito (cometimento) é imune, por estar ela conforme ao ordenamento, tanto quanto
às condições como quanto aos fins por ele estabelecidos.
6. VALIDADE DA NORMA
JURÍDICA
2.2. Âmbito temporal, espacial, material e pessoal de validade
Para Hans Kelsen, o âmbito ou domínio de vigência de uma norma é um elemento do seu
conteúdo, que, por sua vez, pode ser predeterminado até certo ponto por uma norma superior.
A vigência das normas jurídicas é, segundo Kelsen, espaço-temporal na medida em que elas têm
por conteúdo processos espaço-temporais.
Dizer que uma norma vale, na teoria kelseniana, significa afirmar que ela vigora para um
determinado espaço ou para um certo período de tempo, ou seja, que se refere a um
comportamento que apenas pode verificar-se num dado lugar ou num certo momento (se bem
que porventura não venha de fato a verificar-se).
O âmbito de vigência temporal e espacial da norma de direito pode ser limitado ou ilimitado.
A norma pode valer apenas para um determinado espaço ou para um certo tempo por ela mesma
6. VALIDADE DA NORMA
JURÍDICA
2.2. Âmbito temporal, espacial, material e pessoal de validade
Para Hans Kelsen, o âmbito ou domínio de vigência de uma norma é um elemento do seu
conteúdo, que, por sua vez, pode ser predeterminado até certo ponto por uma norma superior.
A vigência das normas jurídicas é, segundo Kelsen, espaço-temporal na medida em que elas têm
por conteúdo processos espaço-temporais.
Dizer que uma norma vale, na teoria kelseniana, significa afirmar que ela vigora para um
determinado espaço ou para um certo período de tempo, ou seja, que se refere a um
comportamento que apenas pode verificar-se num dado lugar ou num certo momento (se bem
que porventura não venha de fato a verificar-se).
O âmbito de vigência temporal e espacial da norma de direito pode ser limitado ou ilimitado.
6. VALIDADE DA NORMA
JURÍDICA
Assim, pode-se afirmar que as normas jurídicas têm vida própria, pois nascem, existem e
morrem.
Esses momentos dizem respeito à determinação do início, da continuidade e da cessação de sua
vigência.
Vigência temporal é uma qualidade da norma atinente ao tempo de sua atuação, podendo ser
invocada para produzir efeitos.
Seria, então, como um termo com o qual se demarcaria o tempo de validade de uma norma.
A vigência pode coincidir com a validade, mas nem sempre, pois nada obsta que uma norma
válida, cujo processo de produção já se aperfeiçoou, tenha sua vigência postergada (LINDB)
6. VALIDADE DA NORMA
JURÍDICA
As normas nascem com a promulgação, mas só começam a vigorar com sua publicação no
Diário Oficial.
De forma que a promulgação atesta sua existência e a publicação, sua obrigatoriedade, visto que
ninguém pode furtar-se a sua observância, alegando que não a conhece (LINDB).

É obrigatória para todos, mesmo para os que a ignoram, porque assim o exige o interesse
público.
Vigor é uma qualidade da norma relativa à sua força vinculante, pela qual não há como subtrair-
se ao seu comando.
6. VALIDADE DA NORMA
JURÍDICA
A obrigatoriedade da norma de direito não se inicia no dia da publicação, salvo se ela assim o
determinar.
A escolha de uma ou de outra determinação é arbitrária, pois o órgão elaborador pode fazer com
que a data da publicação e a entrada em vigor coincidam, se julgar inconveniente ao interesse
público a existência de um tempo de espera; pode, ainda, estipular data precisa e mais remota
quando verificar que há necessidade de maior estudo e divulgação devido à importância da
norma, como ocorreu com o Código Civil de 1916, promulgado a 1º de janeiro de 1916 e com
início de vigência estabelecida para 1º de janeiro de 1917 (CC de 1916, art. 1.806), e com o novo
Código Civil ao dispor no art. 2.044 que "este Código entrará em vigor 1 (um) ano após a sua
publicação". Reza o art. 8º, §§ 1º e 2º, da Lei Complementar n. 95/98, com a redação da Lei
Complementar n. 107/2001, que: "A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que
estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia
6. VALIDADE DA NORMA
JURÍDICA
Reza o art. 8º, §§ 1º e 2º, da Lei Complementar n. 95/98, com a redação da Lei Complementar n.
107/2001, que: "A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de
vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em
vigor no dia subsequente à sua consumação integral. As leis que estabeleçam período de
vacância deverão utilizar a cláusula 'esta lei entra em vigor após decorridos (o número de) dias
de sua publicação oficial— (no mesmo sentido o art. 20 do Dec. n. 4.176/2002).
6. VALIDADE DA NORMA
JURÍDICA
Pelo prazo único, a sua obrigatoriedade é simultânea, porque a norma entra em vigor, a um só
tempo, em todo o país, na data prevista em lei, e, se não houver previsão legal, quarenta e cinco
dias após sua publicação, conforme dispõe em caráter supletivo a atual LINDB.

Embora válida, a norma não produz efeito durante aqueles quarenta e cinco dias; só entrará em
vigor posteriormente.
6. VALIDADE DA NORMA
JURÍDICA
Qual a data da sua cessação? Duas são as hipóteses:
1º) A norma jurídica pode ter vigência temporária ou determinada, pelo simples fato de que o
seu elaborador já fixou-lhe o tempo de duração, p. ex., as leis orçamentárias, que fixam a
despesa e a receita nacional pelo período de um ano; aquela que concede favores fiscais durante
dez anos às indústrias que se estabelecerem em determinadas regiões; ou as leis que subordinam
sua duração a um fato: guerra, calamidade pública etc.

Tais normas desaparecem do cenário jurídico com o decurso do prazo preestabelecidos.


6. VALIDADE DA NORMA
JURÍDICA
2º) A norma de direito pode ter vigência para o futuro sem prazo determinado, durando até que
seja modificada ou revogada por outra.
Não sendo temporária a vigência, a norma não só atua, podendo ser invocada para produzir
efeitos, mas também tem força vinculante (vigor) até sua revogação.
Trata-se do princípio de continuidade, que assim se enuncia: não se destinando a vigência
temporária, a norma estará em vigor enquanto não surgir outra que a altere ou revogue.
Contudo, as normas só podem ser revogadas por outras de hierarquia igual ou superior.
6. VALIDADE DA NORMA
JURÍDICA
Revogar é tornar sem efeito uma norma, retirando sua obrigatoriedade.

A revogação é o gênero, que contém duas espécies: a ab-rogação, supressão total da norma
anterior; e a derrogação, que torna sem efeito uma parte da norma.

Logo, se derrogada, a norma não sai de circulação jurídica, pois somente os dispositivos
atingidos é que perdem a obrigatoriedade.
6. VALIDADE DA NORMA
JURÍDICA
A revogação pode ser, ainda: expressa, quando o elaborador da norma declarar a lei velha
extinta em todos os seus dispositivos ou apontar os artigos que pretende retirar;
ou tácita, se houver incompatibilidade entre a lei nova e a antiga, pelo fato de que a nova passa a
regular inteiramente a matéria tratada pela anterior.
É evidente que na formação das leis deveria haver cuidado em indicar nitidamente, ao menos
tanto quanto possível, quais as lei que ab-rogam. Seriam o melhor meio de evitar antinomias e
obscuridades. Daí a razão pela qual a Lei Complementar n. 95/98, com a alteração da Lei
Complementar n. 107/2001, prescreve no art. 9º: “a cláusula de revogação deverá enumerar,
expressamente, as leis ou disposições legais revogadas”.
6. VALIDADE DA NORMA
JURÍDICA
A nova lei só tem vigor para futuro ou regula situações anteriormente constituídas?
Para solucionar tal questão, dois são os critérios utilizados:
1º) O das disposições transitórias, chamadas direito intertemporal, que
elaboradas pelo legislador, no próprio texto normativo, para conciliar a
a norma com as relações já definidas pela anterior.
São disposições que têm vigência temporária, com o objetivo de resolver e evitar os conflitos ou
lesões que emergem da nova lei em confronto com a antiga.
6. VALIDADE DA NORMA
JURÍDICA
2º) O dos princípios da retroatividade e da irretroatividade das normas,
Construções doutrinárias para solucionar conflitos na ausência de normação transitória.
Quanto ao âmbito de validade temporal da norma, na teoria kelseniana, deve-se distinguir o
período de tempo posterior e o anterior à sua promulgação.
Em regra, a norma só diz respeito a comportamentos futuros, embora possa referir-se a condutas
passadas, tendo, então, força retroativa. A norma que atinge os efeitos de atos jurídicos
praticados sob o império da lei revogada é retroativa; a que não se aplica a qualquer situação
jurídica constituída anteriormente é irretroativa, hipótese em que uma norma revogada continua
vinculante para os casos anteriores à sua revogação.
6. VALIDADE DA NORMA
JURÍDICA
2º) O dos princípios da retroatividade e da irretroatividade, das normas,
Não se pode aceitar a retroatividade e a irretroatividade como princípios absolutos.
O ideal seria que a lei nova retroagisse em alguns casos e em outros não. Foi o que fez o direito
pátrio no art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal, e no art. 6º, §§ 1º, 2º e 3º, da LINDB, ao
prescrever que a nova norma em vigor tem efeito imediato e geral, respeitando sempre o ato
jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
O ato jurídico perfeito é o que já se consumou segundo a norma vigente ao tempo em que se
efetuou; o direito adquirido é aquele que já se incorporou definitivamente ao patrimônio e à
personalidade de .eu titular; e a coisa julgada é a decisão judiciária de que já não caiba mais
recurso; a resolução definitiva do Poder Judiciário, trazendo a presunção absoluta de que o
direito foi aplicado corretamente ao caso sub judice452.
6. VALIDADE DA NORMA
JURÍDICA
O ato jurídico perfeito é o que já se consumou segundo a norma vigente ao tempo em que se
efetuou;
O direito adquirido é aquele que já se incorporou definitivamente ao patrimônio e à
personalidade de seu titular;
e a coisa julgada é a decisão judiciária de que já não caiba mais recurso; a resolução definitiva
do Poder Judiciário, trazendo a presunção absoluta de que o direito foi aplicado corretamente ao
caso concreto examinado.
6. VALIDADE DA NORMA
JURÍDICA
Em razão da soberania estatal, a norma aplica-se no espaço delimitado pelas fronteiras do
Estado.
Ela tem, portanto, uma vigência espacial (sentido estrito) limitada, só obrigando no espaço
nacional, ou seja, no seu território, nas suas águas e na sua atmosfera.
Todavia esse princípio da territorialidade não pode ser aplicado de modo absoluto, ante o fato
da comunidade humana alargar-se no espaço, relacionando-se com pessoas de outros Estados,
como seria o caso do brasileiro que herda de um parente bens situados na Itália; do brasileiro
que casa com francesa, na Inglaterra; do norte-americano divorciado que pretende convolar
núpcias com brasileira no Brasil; da firma brasileira que contrata com empresa alemã etc...
6. VALIDADE DA NORMA
JURÍDICA
Sem comprometer a soberania nacional e a ordem internacional, os Estados modernos têm
permitido, em seu território, a aplicação, em determinadas hipóteses, de normas estrangeiras,
admitindo assim o sistema da extra-territorialidade, para tornar mais fáceis as relações
internacionais, possibilitando conciliar duas ou mais ordens jurídicas pela adoção de uma norma
que dê solução mais justa.
6. VALIDADE DA NORMA
JURÍDICA
O Brasil adotou a doutrina da territorialidade moderada.

Pela territorialidade, a norma aplica-se no território do Estado, inclusive ficto, como


embaixadas, consulados e navios de guerra onde quer que se encontrem, por serem havidos
como extensões do território nacional, navios mercantes em águas territoriais ou em alto-mar,
navios estrangeiros, menos os de guerra, em águas territoriais, aviões no espaço aéreo do Estado,
assemelhando-se a posição das aeronaves de guerra à dos barcos de guerra.
6. VALIDADE DA NORMA
JURÍDICA
Pela extraterritorialidade, aplica-se a norma em território de outro Estado, segundo os
princípios e convenções internacionais. Classicamente denomina-se estatuto pessoal a situação
jurídica que rege o estrangeiro pela lei de seu país origem.
Trata-se da hipótese em que a norma de um Estado acompanha o cidadão para regular seus
direitos em outro país. Esse estatuto pessoal baseia-se na lei da nacionalidade ou na do
domicílio. No Brasil, em virtude do disposto no set. 7º da LINDB, funda-se na lei do domicílio.
Regem-se por esse princípio as questões relativas ao começo e fim da personalidade, ao nome, à
capacidade das pessoas, ao direito de família e sucessões.
Há, apesar disso, um limite à extraterritorialidade da lei, pois atos, sentenças e leis de países
alienígenas não serão aceitos no Brasil quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública
e os bons costumes.
6. VALIDADE DA NORMA
JURÍDICA
3. Validade fática ou eficácia
O problema da eficácia da norma jurídica diz respeito à questão de se saber se os seus
destinatários ajustam ou não seu comportamento, em maior ou menor grau, às prescrições
normativas, isto é, se cumprem ou não os comandos jurídicos, se os aplicam ou não.
Casos há em que o órgão competente emite normas que, por violentarem a consciência coletiva,
não são observadas nem aplicadas só logrando, por isso, ser cumpridas de modo compulsório, a
não ser quando caírem em desuso; consequentemente, têm vigência, mas não possuem eficácia
espontânea.
Vigência não se confunde com eficácia, logo, nada obsta que urna norma seja vigente sem ser
eficaz, ou que seja eficaz sem estar vigorando.
6. VALIDADE DA NORMA
JURÍDICA
A eficácia é, na lição de Tércio Sampaio Ferraz Jr., uma qualidade da norma que se refere à sua
adequação em vista da produção concreta de efeitos.

A norma será eficaz se tiver condições fáticas de atuar, por ser adequada à realidade (eficácia
semântica); e condições técnicas de atuação (eficácia sintática), por estarem presentes os
elementos normativos para adequá-la à produção de efeitos concretos.

Será ineficaz, p. ex., a norma que prescrever o uso de certa máquina para proteger o operário,
mas que não existe no mercado, por ser inadequada à realidade; a lei que determina que entrará
em vigor imediatamente, mas requer regulamentação, porque não pode produzir efeitos.
6. VALIDADE DA NORMA
JURÍDICA
Consiste a eficácia no fato real da aplicação da norma, tendo, portanto, um caráter experimental,
por se referir ao cumprimento efetivo da norma por parte de uma sociedade, ao reconhecimento
dela pela comunidade, no plano social, ou, mais particularizadamente, aos efeitos sociais que ela
suscita pelo seu cumprimento.
A eficácia social seria a efetiva correspondência da norma ao querer coletivo, ou dos
comportamentos sociais ao seu conteúdo.

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