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ALUNO: WAGNER MATHEUS JINKINGS NUNES

DIREITO CIVIL II
• Direito das Obrigações
- Conceito: relação jurídica transitória, existente entre um sujeito ativo,
denominado credor, e outro sujeito passivo, o devedor, e cujo objeto consiste em
uma prestação situada no âmbito dos direitos pessoais, positiva ou negativa.
Havendo o descumprimento ou inadimplemento obrigacional, poderá o credor
satisfazer-se no patrimônio do devedor.
- Elementos constitutivos da obrigação:
a) Elementos subjetivos: o credor (sujeito ativo) e o devedor (sujeito
passivo);
b) Elemento objetivo imediato: a prestação (objeto);
c) Elemento imaterial, virtual ou espiritual: o vínculo existente entre as
partes;
O desenho representa uma piscina: a obrigação. Na parte rasa, está o elemento
imediato dessa obrigação: a prestação; e, no fundo, está o seu elemento
mediato, que é a coisa, tarefa ou abstenção. Pois bem, o elemento mediato da
obrigação é o elemento imediato da prestação, o que pode ser facilmente
percebido pelo esquema.
OBS: Para que a obrigação seja válida no âmbito jurídico, devem seguir os
A obrigação é tida como um processo (uma série de atos relacionados entre si), elementos previstos no Art. 104, CC. A obrigação, para ter validade, deve
que desde o início se encaminha a uma finalidade: a satisfação do interesse na também ser economicamente apreciável. A violação dessas regras gera nulidade
prestação. da relação obrigacional, sendo aplicado o Art. 166, CC.
- Elementos subjetivos: - Características fundamentais da obrigação:
a) Sujeito ativo: é o beneficiário da obrigação a quem a prestação é devida, 1. A patrimonialidade – pois a obrigação deve ser avaliável em dinheiro ou
possuindo o direito de exigir o cumprimento da obrigação pelo sujeito em valor (conteúdo econômico).
passivo. Podem ser sujeitos ativos uma pessoa natural ou jurídica ou, 2. A mediação ou colaboração devida – uma vez “que o credor não pode
ainda, um ente despersonalizado. exercer direto e imediatamente o seu direito, necessitando da
b) Sujeito passivo: é aquele que assume um dever de cumprir o conteúdo colaboração do devedor para obter a satisfação do seu interesse”.
da obrigação, sob pena de responder com seu patrimônio (ótica civil). 3. A relatividade – eis que a relação jurídica é estabelecida e gera efeitos
entre os seus participantes.
- Elemento objetivo/ material da obrigação: 4. A autonomia – pela existência de uma disciplina própria dentro do Direito
a) Obrigação positiva: dever de entregar coisa certa ou incerta (obrigação Civil, qual seja o Direito das Obrigações.
de dar) ou dever de cumprir determinada tarefa (obrigação de fazer).
b) Obrigação negativa: abstenção, permissão ou omissão (dever de não
fazer).
- Autonomia privada: visa regular as relações entre particulares, possuindo 3. Atos jurídicos não negociais: sejam atos materiais ou participações, o
liberdade de contratar. simples comportamento humano produz efeitos na órbita do direito,
sendo capaz de gerar obrigações perante terceiros, com características
- Autonomia de vontade (vontade das partes): o que a parte vai contratar e singulares.
seus efeitos jurídicos (extensão do contrato). - São exemplos os atos jurídicos stricto sensu e os fatos materiais
• Fontes das Obrigações (obrigações jurídicas): Quando se indaga a fonte de 4. Atos ilícitos: é qualquer comportamento humano que contrariar a lei,
uma obrigação, procura-se conhecer o fato jurídico ao qual a lei atribui o efeito gerando a responsabilidade de reparar o dano causado pela ilicitude.
de suscitá-la. É que, entre a lei, esquema geral e abstrato, e a obrigação, relação Ex: Fred, meu cachorro, fugiu e comeu os pintinhos do fazendeiro.
singular entre pessoas, medeia sempre um fato, ou se configura uma situação, Nessa situação o fazendeiro poderia cobrar a reparação do dano,
considerado idôneo pelo ordenamento jurídico para determinar o dever de existindo a possibilidade de entrar com uma ação, caso eu me
prestar. A esse fato, ou a essa situação, denomina-se fonte ou causa geradora recusasse a pagar.
da obrigação. Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
1. Vontade do Estado: gera uma relação obrigacional, com força de lei. exclusivamente moral, comete ato ilícito.
- A lei é sempre fonte imediata das obrigações. Não pode existir OBS: de forma que o agente (devedor) ficará pessoalmente vinculado à
obrigação sem que a lei, ou, em síntese, o ordenamento jurídico, a vítima (credor), até que cumpra a sua obrigação de indenizar.
ampare. Todas as demais ‘várias figuras’ que podem dar nascimento a Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao
uma obrigação são fontes mediatas. São, na realidade, fatos, atos e exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim
negócios jurídicos que dão margem ao surgimento de obrigações. econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
- Ex: pagamento de tributos; prestação alimentar devida pelo pai ao filho. OBS: Analisando este artigo, conclui-se não ser imprescindível, para o
2. Atos jurídicos Negociais: reconhecimento da teoria do abuso de direito, que o agente tenha a
- Contratos: não são de relação obrigacional, elas são geradas por intenção de prejudicar terceiro, bastando, segundo a dicção legal, que
acordos de vontades. exceda manifestamente os limites impostos pela finalidade econômica
Conceito: é a convenção estabelecida entre duas ou mais pessoas, em ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Assim, desde que haja o
virtude do qual uma delas obriga a outra a cumprir uma determinada abuso, o agente ficará obrigado a indenizar a pessoa prejudicada.
prestação (dar, fazer ou não fazer). Ex: no Direito das Coisas, o abuso do direito de propriedade causando
- Declaração unilateral de vontade (não se inicia igual o contrato): danos a vizinhos.
• Formados por manifestação de uma só vontade. Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
• Conceito: são obrigações emanadas de manifestações de vontade outrem, fica obrigado a repará-lo.
de uma das partes e não discriminam desde logo a pessoa de credor, Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
que só irá surgir após a construção da obrigação. independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
- São exemplos os testamentos e as promessas de recompensa. quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
Exemplo da promessa de recompensa: X perdeu seu cachorrinho que implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
fugiu de sua residência, logo ele colocou uma recompensa de 1000 reais
para quem encontrasse seu cachorrinho. Y ao encontrar e devolver o • Princípio da Probidade e da Boa-fé: está previsto no artigo 422 do Código
cachorrinho de X, virou seu credor, e X que terá que pagar a Civil, o qual menciona: “Os contratantes são obrigados guardar, assim na
recompensa, virou devedor. OBS: X terá obrigação de pagar a conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e
recompensa que colocou. boa-fé”.
- Esses princípios encontram abrigo na própria essência da sociedade humana,  Quanto a duração: Nos direito pessoais, a duração é provisória/
pois tutelam todas as relações decorrentes do convivo social. Este princípio é transitória/ efêmeros, ou seja, tendem a acabar/ deixar de existir
basilar à própria dignidade da pessoa humana sob o qual se abriga todo o (normalmente são instantâneos); já a duração dos direitos reais é
ordenamento jurídico pátrio que se centra na autonomia limitada da vontade. perpétua/ permanente, eles não se extinguem pelo não uso, mas
somente nas hipóteses previstas em lei.
- A boa-fé é presumida, enquanto a má-fé precisa ser comprovada.
 Quanto a ação: Nos direitos pessoais a ação é dirigida somente contra
- Probidade: é um aspecto da boa-fé, ou seja, aquilo que atua dentro da lei. quem figura na relação jurídica como sujeito passivo; já nos direitos reais
o titular (o proprietário) só poderá acionar contra quem detém as coisas
- Ex: O uso de informações privilegiadas para enriquecimento pessoal, nesse injustamente.
caso deve ser comprovado que houve a má-fé.  Quanto a formação: Nos direitos pessoais seu número é ilimitado (rol
• Classificação quanto aos valores econômicos: exemplificativo); já nos direitos reais seu número é limitado, pois só
podem ser criados por força de lei (rol taxativo).
 Direitos patrimoniais: tutelas jurídicas relacionado a qualquer objeto com  Quanto ao exercício: Nos direitos pessoais o exercício exige uma figura
cunho financeiro, ou seja, que tenha especulação de mercado. intermediária (devedor); já nos direitos reais são exercidos diretamente
- Obrigação; contratos e reais. (São exclusivamente patrimonial) sobre a coisa, sem necessidade da existência de um sujeito passivo.
 Direitos não patrimoniais: objetos do direito que nõ possuem valoração
• Extinção das obrigações:
financeira.
- Direito à vida; liberdade; honra... - Pelo seu cumprimento/pagamento:
• Direitos de pessoais X Direitos reais: 1. Voluntário/Espontâneo: quando o devedor voluntariamente cumpre o
objeto da relação obrigacional.
Direito que regula Direito que regula a 2. Compulsória: quando por intermédio de execução forçada (judicial).
relação entre pessoas relação jurídica da
no âmbito negocial pessoa com a coisa - Pelo seu não cumprimento/pagamento:
(patrimonial) 1. Prescrição: é a extinção da possibilidade de pretensão de determinado
direito em juízo pela perda do prazo determinado em lei, em razão da
inércia do seu titular, sendo que os prazos de prescrição variam
- Distinção: conforme a natureza da obrigação.
2. Pela impossibilidade da execução: Por lei, quando a lei diz que você não
 Quanto ao objeto: O objeto dos direitos pessoais é uma prestação,
poderá cumprir ou pela modificação da natureza da obrigação.
enquanto o objeto dos direitos reais é a coisa (regula os direitos e
deveres que o proprietário tenha sobre as coisas).
 Quanto ao sujeito: Nos direitos pessoais o sujeito passivo é determinado
ou determinável, enquanto nos direitos Reais, o sujeito não existe sujeito • Fontes da obrigação: Quer-nos parecer, contudo, sem que haja total
passivo ou então ele é considerado universal (todas as pessoas devem discrepância com o que já foi dito, que a lei é sempre fonte imediata das
respeitar o direito da propriedade do titular. (sobre não existir ou ser obrigações. Não pode existir obrigação sem que a lei, ou, em síntese, o
universal, vai depender do doutrinador) ordenamento jurídico, a ampare. Todas as demais ‘várias figuras’ que podem dar
nascimento a uma obrigação são fontes mediatas. São, na realidade, fatos, atos
e negócios jurídicos que dão margem ao surgimento de obrigações.
- Fontes mediatas das obrigações: - Principal: é a obrigação autônoma que substitui por si só, sem
depender de outras obrigações. Ex: contrato de locação.
a) os atos jurídicos negociais (o contrato, o testamento, as declarações - Acessória: dependem da existência de outra obrigação (principal) a
unilaterais de vontade); qual se subordina. Ex: contrato de sublocação.
b) os atos jurídicos não negociais (o ato jurídico stricto sensu, os fatos Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou
materiais — como a situação fática de vizinhança etc.); concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do principal.
c) os atos ilícitos (no que se incluem o abuso de direito e o enriquecimento
ilícito).
 Obrigação em dinheiro e em valor:
OBS: Explicação do professor: - Dinheiro: obrigação pecuniária cuja o objeto da prestação é a moeda
(pagamento em moeda).
a) Obrigação derivadas de um negócio jurídico (ato jurídico em strictu - Valor: obrigação em que o dinheiro não é diretamente o objeto da
sensu). Ex: contratos (oferta e procura). prestação devida, mas fator de medida desta. Ex:o PIX.
b) Obrigações derivadas de atos ilícitos: qualquer conduta que viola a lei
(art. 186 e 187, CC). Qualquer ilícito penal é também civil, mas nem todo  Obrigações reais: é obrigação híbrido ou mista, cuja o objeto da
ilícito civil é também penal. prestação está relacionado a um direito real.
c) Obrigações derivadas de força de lei: Ex: pais devem cuidar de seus - Obrigações reais são acessórias a um direito real, acompanhando-o
filhos menores, regra com força normativa. quando é transmitido. Existem, portanto, não em função da relação
d) Obrigações derivadas de declarações unilateral de vontade ou credor-devedor, mas em função da coisa. Daí seu nome latino:
Locuplemento (Enriquecimento sem justa causa, exemplo disso é obrigações propter rem, do latim para “em prol da coisa”.
quando a pessoa recebe um pix errado): A declaração unilateral está OBS: Não confundir com obrigações de ônus reais e obrigações com
ligado a uma expectativa, um exemplo disso é a recompensa por alguma eficácia real:
coisa. - Ônus reais: obrigações que limitam o uso e o gozo da propriedade,
constituindo gravames ou direitos oponíveis erga omnes.
• Classificação das obrigações:
- Eficácia real: são obrigações oponíveis a terceiro que, adquire-se o
 Obrigações contratuais e extracontratuais: direito sobre determinado bem, sem perder seu caráter de direito a uma
- Contratuais: aquelas que se originam das cláusulas contratuais. prestação.
- Extracontratuais: qualquer modalidade de obrigação que não se origina Obs: Diferença entre obrigações propter rem e ônus reais:
de cláusulas contratuais. (a) a responsabilidade pelo ônus real é limitada ao bem onerado,
limite que não existe no âmbito das obrigações propter rem;
 Obrigação civil e natural (moral): (b) o ônus real desaparece com o perecimento do objeto, o que não
- Civil: é a obrigação juridicamente exigível ao qual o devedor se sujeita se dá com a obrigação propter rem, que pode permanecer,
ao credor e ao poder de coerção representado pela força do poder ainda que a coisa pereça;
estatal (execução compulsória). (c) os ônus reais implicam sempre uma prestação positiva,
- Natural (moral): é inexigível no mundo jurídico, ou seja, o devedor enquanto a obrigação propter rem pode surgir com uma
cumpre a prestação se desejar. prestação negativa;
(d) e, por fim, nos ônus reais, a ação cabível é de natureza real, ao
 Obrigação principal e acessória: passo que nas obrigações propter rem, é de índole pessoal.
- Líquida: É aquela certa quanto a sua existência e determinada quanto
ao seu objeto. A obrigação líquida é sempre expressa por uma cifra ou
algarismo, quando se trata de dívida em dinheiro.
- Ilíquida: Verifica-se quando o objeto da obrigação para ser apurado
depende da feitura de cálculos, posto que o objeto da obrigação se
 Obrigações instantâneas e periódicas: apresenta como incerto. Carecendo de ato que fixe seu valor pecuniário.
OBS: Obrigação de execução deferida Muitas vezes, a apuração do valor devido depende de perícia judicial.
- Instantâneas: que se cumpre de uma única vez mediante um único
comportamento (ato do devedor) logo após a constituição de tal  Obrigação de meio e resultado:
obrigação. Exemplo: Eu compro um celular e o recebo no momento da - Meio: obrigação de eficiência, é uma obrigação em que a execução do
compra. serviço tem que ser eficiente, ou seja, depende do comportamento do
- Obrigação de execução deferida: o seu cumprimento também deve ser devedor no cumprimento da obrigação. Tem que atuar da forma mais
realizado em um só ato, porém em um momento futuro. Exemplo: prudente. Ex: O advogado, ele não tem obrigação de ganhar a causa,
Comprar algo pela internet, o pagamento é na hora, mas o recebimento porém ele tem que agir da forma mais eficiente possível para que
é futuro. consiga ganhar a causa.
- Periódica (pluralidade de comportamentos): são constituídas em atos - Resultado: essa obrigação só será satisfeita com a eficácia (produto
continuados, tratos sucessivos, desta forma, fica o devedor obrigado a final) do objeto. Execução depende da satisfação do credor, pelo
cumprir com a prestação em parcelas periodicamente. São exemplos alcance do objeto pretendido. Ex: O mecânico, quando a pessoa leva
desta, as compras a prazo, aluguéis e prestação de serviços. seu carro para conserto o mecânico tem obrigação de concertá-lo, ou
seja, obrigação de resultado. Obs: caso ele não consiga o resultado,
 Obrigações com a clausula penal: são obrigações que tem a será inadimplente.
cominação de uma multa ou de uma pena (civil) em caso inadimplente
ou atraso do adimplemento, ou seja, é uma obrigação ACESSÓRIA,  Obrigação Pura e Simples: são obrigações que por exclusão não são
instituída junto com a principal, ou depois desta (por meio de um as outras modalidades (impuras). Não está sujeita a condição, termo ou
instrumento em separado, um adendo), em que o credor, buscando encargo.
evitar o seu descumprimento absoluto ou mora da principal, comina ao
devedor (com consentimento deste) uma pena para o caso de  Obrigações impuras: são elementos acidentais (cláusulas que as
inadimplemento total ou parcial, culposo, a qual pode ser em pecúnia ou partes inserem no contrato, para modificar os seus elementos naturais.
em outra prestação (fazer, não fazer, dar, perda de benefício que teria Que não existiriam naturalmente no negócio jurídico) que geram
etc). obrigações condicionais, a termo ou modais/encargos.
- Compensatória: Estipulada para a hipótese de total inadimplemento da a) Condicionais: só começa a gerar efeitos a partir do implemento
obrigação, de modo que seu valor, por este motivo, é elevado, chegando de um evento futuro e incerto, podendo ser:
a ser igual ou quase igual ao da obrigação principal. - Suspensiva: pode suspender a eficácia da obrigação até que
- Moratório: Estipulada para garantir o cumprimento de outra cláusula a condição seja implementada. Ou seja, os efeitos do ato
determinada e/ou evitar o retardamento da obrigação, sendo a multa jurídico ficam suspensos até a ocorrência do evento. Exemplo:
proporcional. Se o Brasil ganhar a copa, darei 100 reais para minha mãe.
 Obrigação líquida ou ilíquida:
Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à c) Modal: é aquela que onera com encargo aquele que é
condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá beneficiado pelo negócio jurídico. O encargo é a cláusula que
adquirido o direito, a que ele visa. vai modificar os elementos naturais, deverá ser pequeno e não
- Resolutiva: A obrigação começa a gerar efeitos a partir da pode ser ilegal, imoral ou absurdo.
conclusão do contrato (no momento em que é firmado) e Exemplo de doação com encargo: o proprietário de um imóvel
cessará os seus efeitos quando implementada a condição. doa esse imóvel a uma fundação, com o encargo de que ela vá
Exemplo: Uma compra e venda de um imóvel rural, que será construir uma universidade naquele imóvel. Ou seja, a doação
eficaz desde que não ocorra nenhuma geada, no prazo de 3 tem uma finalidade que deve ser cumprida pelo beneficiário.
anos. Passado os 3 anos e não tenha ocorrido nenhuma geada, Caso ele não cumpra, a doação pode ser rescindida e o imóvel
o contrato está perfeito e não será mais rescindido. Mas, na retorna para o doador.
hipótese de ocorrer uma geada se passado 2 anos do início do Art. 136. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício
contrato, ele será rescindido. do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio
Art. 127. Se for resolutiva a condição, enquanto esta se não jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva.
realizar, vigorará o negócio jurídico, podendo exercer-se desde a
conclusão deste o direito por ele estabelecido. Art. 137. Considera-se não escrito o encargo ilícito ou
Art. 128. Sobrevindo a condição resolutiva, extingue-se, para impossível, salvo se constituir o motivo determinante da
todos os efeitos, o direito a que ela se opõe; mas, se aposta a liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico.
um negócio de execução continuada ou periódica, a sua  Obrigações Divisíveis: possui uma prestação divisível, que pode ser
realização, salvo disposição em contrário, não tem eficácia fracionada.
quanto aos atos já praticados, desde que compatíveis com a - A prestação pode ser cumprida de forma parcial, pois a divisão da
natureza da condição pendente e conforme aos ditames de boa- prestação não acarreta:
fé. a) Na alteração da substância.
OBS: Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno b) Na diminuição do valor ou prejuízo à sua finalidade.
direito; a tácita depende de interpelação judicial. Serve também
para as cláusulas suspensivas. - Anotação do professor: A divisibilidade jurídica tem a ver com dois
b) Termo: é a obrigação que fica subordinada a um evento futuro e elementos:
certo. O termo pode ser inicial, ou seja, pode ser subordinado os a. O objeto dividido precisa continuar tendo funcionalidade.
efeitos da obrigação a um evento para que se possa estabelecer Quando perde a funcionalidade, ele é indivisível.
um termo inicial para que a obrigação tenha eficácia. Ou pode b. Quando perde o seu valor econômico, é indivisível.
ser estabelecido um termo final para a eficácia da obrigação.
Exemplo de obrigação com termo inicial: Um contrato de locação - Exemplo: João comprou 2000 KG de feijão. Constava no contrato que
celebrado hoje, sendo que a locação se iniciará daqui a 5 dias, Rafael deveria entregar os 2000 KG de feijão em até 30 dias, podendo
quando o locador irá transferir a posse para o locatário e este entregar parcelado durante esse período. Ou seja, Rafael poderá dividir
passará a pagar o aluguel. a prestação, pois a entrega parcelada do feijão (dentro dos 30 dias
Exemplo de obrigação com termo final: Um contrato de locação previstos no contrato) não irá acarretar a alteração da substância, nem
que começa a gerar efeitos hoje e tem a previsão da data final perda do uso e nem a diminuição do valor.
do contrato. Obs: contrato por tempo indeterminado não possui
termo final da obrigação. Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação
divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas,
quantos os credores ou devedores. Ou seja, em uma obrigação divisível, se - Obrigação de DAR: Tem por objeto prestações de coisa, consistem na
existir vários credores ou devedores, deve-se dividir a obrigação em partes atividade de dar (transferindo a propriedade da coisa), entregar (transferindo a
iguais para cada credor e para cada devedor. Essa divisão irá gerar obrigações posse ou a detenção da coisa) ou restituir (quando o credor recupera a posse ou
distintas para cada credor e para cada devedor. a detenção da coisa entregue ao devedor).
Exemplo: Em um contrato consta que João e Pedro devem R$ 20000,00 para
Maria e Ana. Como R$ 20000,00 é uma obrigação divisível, deve ser dividido em 1. Obrigação de dar coisa certa: O devedor obriga-se a dar, entregar
partes iguais. Cada devedor deverá pagar R$ 10000,00 e cada credor deverá ou restituir coisa específica, certa, determinada (deve especificar o
receber R$ 10000,00. gênero, a quantidade e a qualidade do produto). Aplica-se também o
Obrigação distinta quer dizer que cada credor somente pode cobrar a pare que princípio jurídico de que o acessório segue o principal (acessorium
lhe cabe; e o devedor somente é obrigado a cumprir a parte que deve. Nesse sequitur principale).
caso, se Maria resolver cobra a dívida apenas de João, só poderá cobrar R$ Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela
5000,00, pois como as obrigações são distintas, os outros R$ 5000,00 que João embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das
deve cabem a Ana. Caso João pague Maria e Ana, sua obrigação será extinta. A circunstâncias do caso.
mesma situação cabe para Pedro. Exemplo: João vendou seu carro para Maria e no contrato ficou
especificado que João iria retirar a câmera de ré que estava instalada no
veículo. Como consta no contrato (título), João não tem a obrigação de
 Obrigações Indivisíveis: Art. 258. A obrigação é indivisível quando a entregar o carro (coisa certa) com a câmera de ré (acessório).
prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de
divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a - Perecimento da coisa certa: Art. 234. Se, no caso do artigo
razão determinante do negócio jurídico. antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da
- Espécies de Indivisibilidade (motivos de não ser dividida): tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação
a) Natural: A própria natureza não permite que seja dividido, tendo para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor,
em vista que se a prestação for dividida haverá: perda da responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos.
substância; perda do valor e/ou perda da utilidade. OBS: Em caso de perda ou perecimento (prejuízo total), duas situações
- Ex¹: Um carro (objeto) diversas, todavia, podem ocorrer:
- Ex²: Um médico que é contratado para fazer uma cirurgia a) se a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição
plástica de nariz em um paciente (fato). O médico não poderá (da entrega da coisa), ou pendente condição suspensiva, fica
fazer a cirurgia pela metade. resolvida a obrigação para ambas as partes, suportando o
b) Legal: A prestação é indivisível por determinação de lei. Seria prejuízo o proprietário da coisa que ainda não a havia alienado.
naturalmente divisível, mas como a lei determina o contrário, Nessa situação, Extingue-se a obrigação para ambas as partes.
não poderá ser dividida. Exemplo: João vendeu seu carro para Maria. João ficou de
c) Convencional: A prestação é indivisível por vontade entregar o carro no sábado para Maria, quando Maria pagaria o
(convenção) das partes. Nesse caso, deverá ser cumprida de valor. Ocorre que na sexta-feira o carro de João estav
forma integral, de uma só vez. estacionado na garagem quando foi atingido pela enchente,
d) Judicial: Indivisível decorrente de decisão judicial. vindo a sofrer perda total. A perda do veículo ocorreu antes da
tradição (entrega do bem) e sem culpa de João (devedor) –
Nesse caso extingue-se a obrigação para ambas as partes –
João não será obrigado a entregar o carro para Maria e Maria
não será obrigada a pagar o valor do carro para joão.
b) se a coisa se perder, por culpa do devedor, responderá este 1° Caso: O credor não pretende ficar com a coisa deteriorada. O
pelo equivalente (valor da coisa), mais perdas e danos. credor pretende receber o equivalente em dinheiro mais perdas
Exemplo: João doou seu carro para Maria. João ficou de e danos. João é motorista de caminhão. João comprou, e pagou,
entregar o carro no sábado. Na sexta-feira João estava dirigindo um caminhão usado na Loja delta. A loja delta ficou de fazer
embriagado e arremessou o veículo em um rio, vindo a causar uma revisão geral no caminhão e entregá-lo no prazo de 48
perda total do veículo. A perda do veículo ocorreu antes da horas. João, já contando com a entrega do caminhão, recebeu
tradição (entrega do bem) e por culpa de João (dirigir várias encomendas de fretes para os próximos dias. Ocorre que,
embriagado) – Nesse caso João será obrigado a dar o valor do por um descuido do funcionário da loja, o caminhão sofreu um
veículo para Maria e, se for o caso, mais as perdas e danos acidente dentro da própria oficina da loja delta que danificou
sofridos por Maria. toda a lateral do caminhão. João não pretende ficar com o
OBS: Em caso de deterioração (prejuízo parcial), também duas caminhão deteriorado e prefere receber o valor corrigido que
hipóteses são previstas em lei: pagou pelo caminhão mais as perdas e danos que sofreu em
a) se a coisa se deteriora sem culpa do devedor, poderá o credor, virtude de não poder realizar os fretes que havia se
a seu critério, resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido comprometido.
de seu preço o valor que perdeu. (art. 235 do CC/2002); 2° Caso: O credor pretende ficar com a coisa deteriorada mais
1° Caso: O credor escolhe não aceitar a coisa deteriorada e receber perdas e danos. João é motorista de caminhão. João
considerar extinta (resolver) a obrigação: João vendeu seu carro comprou, e pagou, um caminhão usado na Loja delta. A loja
para Maria. João ficou de entregar o carro para Maria no sábado delta ficou de fazer uma revisão geral no caminhão e entregá-lo
(quando Maria pagaria o valor), mas na sexta-feira a noite uma no prazo de 48 horas. João, já contando com a entrega do
chuva de granizo danificou a lataria do carro de João. Pode-se caminhão, recebeu várias encomendas de fretes para os
observar que o carro sofreu uma deterioração, sem culpa de próximos dias. Ocorre que, por um descuido do funcionário da
João, antes de ser entregue a Maria. Maria não tem interesse loja, o caminhão sofreu um acidente dentro da própria oficina da
em ficar com o carro danificado, por esse motivo Maria loja delta que danificou toda a lateral do caminhão. João
prefere dar por extinta a obrigação. João não precisará mais pretende ficar com a coisa deteriorada (caminhão batido). Nesse
entregar o carro e Maria não precisará pagar o valor. exemplo, João pretende receber: o caminhão deteriorado mais o
2° Caso: O credor escolhe receber a coisa deteriorada, abatido o valor da depreciação do bem mais as perdas e danos que sofreu
valor da depreciação em razão da deterioração do bem: João em virtude de não poder realizar os fretes que havia se
vendeu seu carro para Maria. João ficou de entregar o carro comprometido.
para Maria no sábado (quando Maria pagaria o valor), mas na
sexta-feira à noite uma chuva de granizo danificou a lataria do Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus
carro de João. Apesar da deterioração do carro, Maria não tem melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no
interesse em resolver a obrigação. Sendo assim, Maria pretende preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação. Ou
ficar com o veículo de João, mas terá direito a abater o valor seja, se antes da tradição, o bem sofrer melhoramentos ou acréscimos:
referente à depreciação do veículo. o devedor poderá exigir aumento no preço do bem. Caso o credor não
b) se a coisa se deteriora por culpa do devedor, poderá o credor aceite o aumento de preço, o devedor poderá extinguir a obrigação.
exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se Esse artigo trata do cômodos (vantagens; melhoramentos; benfeitorias;
acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, a os acréscimos; que se somaram ao bem principal).
indenização pelas perdas e danos (art. 236 do CC/2002).
Exemplo: João assinou um contrato de promessa de compra e venda encontra. O credor não terá direito à indenização (perdas e
comprometendo-se a transferir sua fazenda para Rafael o prazo de 1 danos).
ano, quando Rafael pagará pelo imóvel a quantia de 500 mil reais. Exemplo: João foi viajar por 1 mês e deixou seu carro
Nesse meio tempo, formou-se uma ilha no rio que passa em frente a estacionado no pátio da casa de Rafael, que cobrou R$ 300,00
fzenda de João. João entendeu que houve um acréscimo em seu imóvel, reais para cuidar do veículo. Quando João voltar de viagem,
tendo em vista que a ilha passou a pertencer à fazenda. Diante do Rafael tem a obrigação de devolver o veículo para João. Ocorre
acréscimo no bem, João pretende exigir um aumento no preço, para que que durante esse período, houve uma grande tempestade e uma
Rafael pague pela fazenda a quantia de 600 mil reais. Se Rafael não árvore caiu em cima do carro, danificando a lataria.
aceitar (anuir) pagar o acréscimo no preço, João poderá dar por extinta a Considerando que Rafael não teve culpa pelo evento que
obrigação. danificou o carro de João, Rafael não terá responsabilidade.
Parágrafo único. Os frutos percebidos (aqueles que já foram colhidos, Assim, João deverá receber o carro danificado no estado em
separados do bem principal) são do devedor, cabendo ao credor os que se encontra, sem receber indenização.
pendentes (aqueles que ainda estão ligados ao bem principal). b) Deterioração da coisa a ser restituída ao credor, por culpa do
Obrigação de restituir: devedor: o credor poderá escolher entre receber o equivalente
Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do em dinheiro mais perdas e danos; ou receber a coisa
devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a deteriorada no estado em que se encontra mais perdas e danos.
obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda.
Exemplo: João alugou seu carro por 10 dias para seu vizinho Rafael. Ao Art. 241. Se, no caso do art. 238 (na obrigação de restituir coisa certa),
término do prazo de 10 dias, Rafael terá obrigação de devolver (restituir) sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho
o carro de João. No quinto dia do aluguel, o carro de João foi furtado do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização.
dentro da garagem de Rafael. Considerando que o carro de João se Exemplo: João emprestou (comodato) sua fazendo para seu primo
perdeu sem culpa de Rafael, Rafael não será obrigado a devolver o Rafael para cultivo de milho pelo prazo de 2 anos. Durante esse período
carro ou indenizar João, sendo que a obrigação de restituir o carro será o Rio que margeava a fazenda de João secou, aumentando em 10% a
extinta. área da fazenda. Como podemos observar, a fazenda de João sofreu
Apesar da obrigação de restituir ter sido extinta, o final do artigo 238 um acréscimo de 10% em sua área, mas Rafael não contribuiu para o
deve ser observado: ressalvados os seus direitos até o dia da perda. acréscimo, pois tratou-se de uma acessão natural (acréscimo feito pela
Rafael terá que pagar o aluguel pelos 5 dias que utilizou o carro, até o natureza). No momento de devolver a fazenda para João, Rafael não
veículo ser furtado. terá direito à indenização. E João, que é o proprietário da terra, terá o
Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este direito de receber a fazenda com o acréscimo de 10%.
pelo dano equivalente do bem, mais perdas e danos.
Art. 242. Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor
Art. 240. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste Código
recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização; se por atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou de má-
culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239. fé. As disposições sobre as benfeitorias do possuidor de BOA-FÉ e MÁ-
FÉ estão disciplinadas do Art. 1219 ao 1222 do CC, sendo assim,
Duas situações: empregaremos estes mesmos artigos para disciplinar os melhoramentos
a) Deterioração da coisa a ser restituída sem culpa do devedor: o ou acréscimos da coisa a ser restituída ao credor, quando houver a
credor deverá receber a coisa deteriorada no estado em que se participação do Devedor de boa-fé ou o devedor de má-fé.
devedor cientificar o credor de sua escolha, a obrigação passará a ser
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das uma obrigação de dar coisa certa.
benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se
não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou
coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito.
necessárias e úteis. - Não se pode alegar perda ou deterioração da coisa incerta pois antes
da escolha (concentração) não se sabe o que vai ser entregue ao
Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as credor, sendo assim não se pode alegar a perda ou a deterioração de
benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela uma coisa genérica.
importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.
- Obrigações de FAZER: Nas obrigações de fazer interessa ao credor a própria
Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam atividade do devedor. A depender da possibilidade ou não de o serviço ser
ao ressarcimento se ao tempo da evicção ainda existirem. prestado por terceiro, a prestação do fato poderá ser fungível ou infungível.

Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao 1. A obrigação de fazer Personalíssima (infungível) como vimos é aquela
possuidor de má-fé, tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu que não pode ser executada por terceiros, ou seja, somente o devedor
custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual. pode fazer, ninguém pode fazer por ele.

Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á, do - A obrigação pode ser personalíssima em duas situações:
mesmo modo, o disposto neste Código, acerca do possuidor de boa-fé a) Quando estiver expresso no negócio jurídico que o devedor
ou de má-fé. deverá realizar pessoalmente a obrigação;
Exemplo: João contratou o advogado Rafael para defendê-lo
2. Obrigações de dar coisa incerta : A prestação consiste na entrega perante o Tribunal do Júri. Consta expressamente no contrato
de coisa especificada apenas pela espécie e quantidade (art. 243 do que Rafael deverá realizar pessoalmente a defesa de João.
Código Civil de 2002). Nesse caso, a obrigação imposta no contrato é personalíssima
porque somente o advogado Rafael poderá realizar a obrigação.
Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a Caso Rafael, no dia do julgamento, se recuse a realizar
escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da pessoalmente a defesa de João, João poderá requerer uma
obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar indenização por perdas e danos de Rafael.
a melhor. b) Quando as qualidades pessoais do devedor forem
- Concentração = Ato da escolha da coisa a ser entregue ao credor. essencialmente relevantes para a realização do serviço
- Critério de qualidade média, pois o devedor não poderá dar a coisa (Exemplo: artistas, cantores, escritores etc).
pior, nem é obrigado a dar a melhor. Exemplo: Um músico famoso foi contratado para fazer um show.
Somente esse músico pode fazer o show, ele não poderá
Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção mandar outra pessoa em seu lugar porque a obrigação é
antecedente. Ou seja, após o devedor escolher a coisa que será personalíssima.
entregue ao credor (concentração), o Devedor deverá dar ciência ao Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que
Credor de sua escolha (por notificação, e-mail, carta etc). Depois do recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível. Ou seja, caso o
devedor se recusar a cumprir a obrigação personalíssima, como não se pode Exemplo: João comprou um apartamento na planta e a construtora se obrigou a
constranger fisicamente alguém a fazer algo, a solução será o credor exigir instalar uma churrasqueira na varanda. Após o imóvel ficar pronto, a construtora
judicialmente uma indenização por perdas e danos pelo descumprimento da se recusou a cumprir a obrigação, ou seja, a construtora se recusou a construir a
obrigação. churrasqueira no apartamento de João. A obrigação assumida pela construtora é
impessoal (fungível), pois a churrasqueira pode ser construída por um terceiro,
Art. 248. Se a prestação do fato se tornar impossível sem culpa do devedor, por uma outra empresa. Assim, João poderá ajuizar uma ação (Art. 249) para
resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos. requerer ao Juiz que a construção da churrasqueira seja feita por um terceiro à
a) Sem culpa do devedor: Resolve-se (extingue) a obrigação. custa do devedor (construtora), e exigir perdas e danos (se for o caso).
Exemplo: João, pianista, obrigou-se a fazer um recital no dia de Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de
Natal. Um dia antes do Natal João sofreu um acidente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois
trânsito, ficando internado no hospital, e foi impossível pra João ressarcido.
fazer o recital. Como a obrigação tornou-se impossível,
extingue-se a obrigação de João. Caso ele já tenha recebido Exemplo: João contratou com a funerária Delta um plano assistencial que
pelo recital, deverá devolver o valor que recebeu. compreendia a realização de serviços funerários para sua família. A mão de
b) Por culpa do devedor: O devedor responderá por perdas e João constava como sua dependente no plano funerário. Quando a mãe de João
danos. faleceu, a funerária Delta recusou-se a realizar o funeral. Como o fato era
Exemplo: João, pianista, obrigou-se a fazer um recital no dia de urgente, pois João não poderia aguardar para sepultar a sua mãe, João
Natal. No dia de Natal João se embriagou e perdeu o horário do contratou outra empresa para realizar o funeral e, depois, cobrou judicialmente
recital. A obrigação de fazer tornou-se impossível por culpa de da funerária Delta as despesas que teve com o funeral.
João que se embriagou. Considerando que a culpa foi de João,
ele será responsabilizado pelos prejuízos que causou ao 3. Obrigação de fazer em Emitir Declaração de vontade é aquela em
contratante, devendo indenizá-lo por perdas e danos. que o devedor, por meio de um contrato prévio, se obriga a fazer uma
declaração de vontade.
2. A obrigação de fazer Impessoal (fungível) é aquela obrigação que Exemplos:
pode ser realizada por uma terceira pessoa porque as qualidades a) O vendedor se obriga a transferir o imóvel por escritura pública;
pessoais do Devedor não são relevantes. b) Obrigação da loja em dar baixa no SPC após o pagamento da
Exemplo: caso eu contrate a reparação do cano da cozinha com o dívida;
encanador Caio, nada impede — se as circunstâncias do negócio não - Obrigações de NÃO FAZER: tem por objeto uma prestação negativa, um
apontarem em sentido contrário — que a execução do serviço seja feita comportamento omissivo do devedor.
pelo seu colega Tício. Exemplo: quando alguém se obriga a não construir acima de determinada altura.
Observa-se que nessa hipótese, o devedor descumpre a obrigação ao realizar o
comportamento que se obrigara a abster.
Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá- OBS: Não serão consideradas lícitas as obrigações de não fazer que violem
lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da princípios de ordem pública e vulnerem garantias fundamentais.
indenização cabível. Ou seja, caso o devedor de uma obrigação impessoal se OBS²: A obrigação de não fazer também pode compreender a obrigação do
recusar a realizar a obrigação, o credor poderá requerer ao juiz que um terceiro devedor de permitir ou tolerar algo;
cumpra a obrigação à custa do devedor. Exemplo: O dono do imóvel deve permitir a passagem da fiação elétrica pública
pelo seu terreno;
Exemplo²: O locatário deve permitir ao locador vistoriar o imóvel locado conforme Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar
previsto no contrato; desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do
ressarcimento devido. Ou seja, caso o devedor praticar o ato que se obrigou a
Efeitos decorrentes do descumprimento das obrigações negativas: não praticar, e houver urgência, o credor terá o direito de desfazer (ou mandar
Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do desfazer) o ato, sem precisar de autorização judicial e, ainda, confere ao credor
devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar. o direito de requerer o que gastou para desfazer o ato.
Ou seja, se a obrigação de não fazer (obrigação de abster-se) tornou-se Exemplo: João alugou uma sala comercial. Constava no contrato de locação que
impossível, por caso fortuito ou força maior (sem culpa do devedor), a obrigação João deveria pagar e manter acessas as luzes do estacionamento do prédio
de não fazer será extinta. (obrigação de não apagar as luzes), que estavam ligadas no relógio da sua sala.
Exemplo: O estaleiro Delta comprou um terreno à margem do rio e obrigou-se a Já no primeiro mês da locação, João desfez as ligações de luz, deixando todo o
não desmanchar o trapiche dos pescadores pelo prazo de 5 anos. Um ano após estacionamento do prédio no escuro. Em virtude da urgência, em razão da
a compra do terreno, uma forte maré derrubou o trapiche, que foi levado pela segurança dos demais condôminos, o condomínio por conta própria poderá
correnteza. Como é possível observar, a obrigação assumida pelo estrangeiro providenciar a ligação da luz e requerer judicialmente de João as despesas que
Delta é uma obrigação de não fazer, que se tornou impossível por um evento de teve, mais perdas e danos (se houver).
força maior. Nessa situação, o devedor não teve culpa, portanto, considera-se
essa obrigação extinta.
– Obrigações complexas subjetivas: existe pluralidade de credores e/ou
devedores.
Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor
1. Conjunta: (REGRA) cada devedor fica responsável pela sua cota parte
pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa,
para o cumprimento da obrigação.
ressarcindo o culpado perdas e danos. Ou seja, caso o devedor faça o ato que
Exemplo: Um grupo de quatro pessoas deve 20 reais a um credor. Cada
se obrigou a não praticar, o credor poderá exigir judicialmente que o devedor
devedor deverá pagar a sua cota parte (5 reais). Não podendo o credor
desfaça o ato; ou que desfaça o ato à custa do devedor e, ainda requerer as
exigi-la individualmente.
perdas e danos.

O Art. 823, parágrafo único, do CPC determina que se não for mais possível 2. Solidária: Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação
desfazer o ato, a obrigação de não fazer será convertida em perdas e danos. concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com
direito, ou obrigado, à dívida toda.
Exemplo: João comprou um terreno em um condomínio fechado. A passagem
para o campo de futebol do condomínio se dá pelo terreno de João. Ao comprar Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das
o terreno, João se obrigou a não fechar a passagem para o campo de futebol. partes.
Ocorre que, devido ao barulho, João construiu uma cerca impedindo os demais
a) Quando resulta da lei: (Exemplo) Art. 585. Se duas ou mais
condôminos de acessar o campo de futebol. Como é possível observar, João ao
pessoas forem simultaneamente comodatárias de uma coisa,
comprar o terreno se obrigou a não fazer algo. Ocorre que João praticou o ato
ficarão solidariamente responsáveis para com o comodante.
que se obrigou a não fazer. Nessa situação, o condomínio poderá requerer
b) Quando resulta da vontade das partes: (Exemplo) João e Pedro
judicialmente que João desfaça a cerca, ou que se desfaça a cerca à custa de
são responsáveis solidariamente pelo pagamento de R$
João, e requerer perdas e danos (se houver).
40.000,00 à Maria. Como pode-se observar, a responsabilidade
solidária está expressa no negócio jurídico, sendo assim João e Exemplo: um contrato prevê que João é credor de Ana, Maria e Sandra,
Pedro são devedores solidários e cada um é responsável pelo que são devedoras solidárias na quantia de R$ 30.000,00. Apesar de
pagamento da dívida inteira. haver três devedoras, João terá direito de cobrar os 30 mil reais somente
de uma das devedoras. João também poderá cobrar os 30 mil reais das
Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores três devedoras, mas se João não quiser, poderá cobrar o valor integral
ou co-devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para de apenas uma ou duas devedoras, pois elas são devedoras solidárias.
o outro. Ou seja, a obrigação solidária poderá ser diferente quanto “ao modo de E se uma só das devedoras pagar a dívida sozinha, essa poderá exigir
ser cumprida” para os credores e devedores solidários. Esse artigo prevê o das outras o que entende que lhe devem.
princípio da variabilidade do modo de ser da obrigação na solidariedade,
deixando claro que a obrigação poderá ser pura ou simples (é a obrigação que
não está sujeita a nenhum elemento acidental como: condição termo ou
encargo) para alguns (credores ou devedores solidários) e para outros (credores Obrigações complexas objetiva: existe pluralidade de prestações.
e devedores solidários) a obrigação poderá estar sujeita a termo (prazo), 1. Cumulativa: A obrigação composta por dois ou mais objetos
condição ou ser exigida em lugar diferente. singularizados, que se consuma apenas com a execução de
Enunciado n. 347 da IV Jornada de Direito Civil do CJF: “A solidariedade todos os objetos. É o que ocorre quando alguém se obriga a
admite outras disposições de conteúdo particular além do rol previsto no art. 266 entregar uma casa e certa quantia em dinheiro. Note-se que as
do Código Civil.” prestações, mesmo diversas, são cumpridas como se fossem
uma só, e encontram-se vinculadas pela partícula conjuntiva “e”.
OBS: Se não houver disposição contrária no negócio jurídico: a obrigação Nesses casos, o devedor apenas se desobriga cumprindo todas
solidária será pura e simples para todos os cocredores ou codevedores. as prestações.
- Solidariedade Ativa: acontece quando em uma obrigação (de dar; de 2. Facultativas: A obrigação é considerada facultativa quando,
fazer; de pagar etc) existe mais de um credor e cada um desses tendo um único objeto, o devedor tem a faculdade de substituir a
credores tem direito a exigir a dívida inteira. prestação devida por outra de natureza diversa, prevista
Exemplo: Está previsto em um contrato que João, Pedro e Rafael são subsidiariamente.
credores solidários de Maria na quantia de R$ 30.000,00. Está previsto Exemplo: o devedor A obriga-se a pagar a quantia de R$
em um contrato que João, Pedro e Rafael são credores solidários de 10.000,00, facultando-se lhe, todavia, a possibilidade de
Maria. Nesse caso, existem três credores, mas é como se fosse apenas substituir a prestação principal pela entrega de um carro usado.
um credor, pois cada credor pode exigir o pagamento da dívida inteira. Note-se que se trata de obrigação com objeto único, não
Se Maria pagar a dívida para apenas um credor, ela não terá mais obstante se reconheça ao devedor o poder de substituição da
nenhuma obrigação perante os demais credores, sendo que nesse caso, prestação. Por isso, se a prestação inicialmente prevista se
os demais credores deverão exigir o valor que lhes cabia do credor que impossibilitar sem culpa do devedor, a obrigação extingue-se,
recebeu os 30 mil de Maria, e não mais de Maria. não tendo o credor o direito de exigir a prestação subsidiária.
- Efeitos:
OBS: Se o contrato não previsse a solidariedade, cada devedor só poderia exigir a. o credor não pode exigir o cumprimento da prestação
10 mil de Maria e não a dívida toda. facultativa;
b. a impossibilidade de cumprimento da prestação devida
- Solidariedade passiva: existe mais de um devedor e cada um desses extingue a obrigação;
devedores é obrigado pela dívida toda.
c. somente a existência de defeito na prestação devida A despeito da omissão de nossa lei substantiva, o Código de Processo Civil de
pode invalidar a obrigação. 2015, em seu art. 800, dispõe que:

3. Alternativas: “A obrigação pode ter como objeto duas ou mais Art. 800. Nas obrigações alternativas, quando a escolha couber ao devedor,
prestações, que se excluem no pressuposto de que somente esse será citado para exercer a opção e realizar a prestação dentro de 10 (dez)
uma delas deve ser satisfeita mediante escolha do devedor, ou dias, se outro prazo não lhe foi determinado em lei ou em contrato.
do credor. Neste caso, a prestação é devida alternativamente” § 1.º Devolver-se-á ao credor a opção, se o devedor não a exercer no prazo
Exemplo: A, devedor, libera-se pagando um touro reprodutor ou determinado.
um carro a B, credor. Nada impede, outrossim, que as
prestações sejam, na perspectiva da classificação básica, de § 2.º A escolha será indicada na petição inicial da execução quando couber ao
natureza diversa: a entrega de uma joia ou a prestação de um credor exercê-la
serviço.
Extinção das Obrigações:
• Pagamento: é a “morte” natural da obrigação que nem sempre se dará em
Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa dinheiro. É o cumprimento da obrigação de dar/ fazer/ não fazer, sendo o
não se estipulou. Ou seja, como regra geral, o direito de escolha cabe ao pagamento, a principal forma de extinção da obrigação.
devedor, se o contrário não houver sido estipulado no título da obrigação.

Entretanto, essa regra geral sofre alguns temperamentos, consoante deflui da


análise dos parágrafos do art. 252, abaixo sintetizados:

1) embora a escolha caiba ao devedor, o credor não está obrigado a


receber parte em uma prestação e parte em outra (princípio da
- Características:
indivisibilidade do objeto);
2) se a obrigação for de prestações periódicas, o direito de escolha poderá 1) Ato jurídico formal: é a conduta humana volitiva com a finalidade de
ser exercido em cada período; produzir um efeito jurídico específico.
3) havendo pluralidade de optantes (imagine, por exemplo, um grupo de 2) Unilateral: Para que produza efeitos basta a manifestação da vontade do
devedores com direito de escolha), não tendo havido acordo unânime devedor.
entre eles, a decisão caberá ao juiz, após expirar o prazo judicial 3) Execução voluntária e exata: o pagamento se dá por livre e espontânea
assinado para que chegassem a um entendimento (suprimento judicial vontade.
da manifestação de vontade); 4) Por parte do devedor da prestação devido ao credor no tempo, modo e
4) também caberá ao juiz escolher a prestação a ser cumprida, se o título lugar previstos no título constitutivo.
da obrigação houver deferido esse encargo a um terceiro, e este não
quiser ou não puder exercê-lo. - Prova do pagamento (Arts. 319 ao 326): se dá pela quitação (em regra, é um
documento escrito em que o credor reconhece ter recebido o pagamento e
O Código Civil não cuidou de estabelecer prazo para o exercício do direito de exonera o devedor da obrigação).
escolha, em seu capítulo dedicado às obrigações alternativas – Arts. 252 a 256.
Isso, todavia, não significa dizer que o optante possa exercê-lo a qualquer tempo Art. 319. O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o
pagamento, enquanto não lhe seja dada.
Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, sujeito passivo deve ser procurado pelo credor em seu domicílio para
designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem efetuar o pagamento, salvo se o instrumento negocial, a natureza da
por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou obrigação ou a lei impuserem regra em contrário (art. 327, caput, do
do seu representante. CC). Assim, “a Lei adjetiva civil, em seu artigo 327, encerra uma
presunção (legal). Não havendo contratação específica quanto ao local
Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a do cumprimento da obrigação, esta será considerada quesível, ou seja,
quitação, se de seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a o credor, quando do vencimento, deve dirigir-se até o domicílio do
dívida. devedor para receber o pagamento que lhe é devido. A própria natureza
Art. 321. Nos débitos, cuja quitação consista na devolução do título, perdido da obrigação sub judice não autoriza o reconhecimento de que o local de
este, poderá o devedor exigir, retendo o pagamento, declaração do credor que seu cumprimento seria o domicílio do credor” (STJ, REsp 1.101.524/AM,
inutilize o título desaparecido. 3.ª Turma, Rel. Min. Massami Uyeda, j.12.04.2011, DJe 27.04.2011).
 Obrigação portável ou portable – é a situação em que se estipula, por
Art. 322. Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última força do instrumento negocial ou pela natureza da obrigação, que o local
estabelece, até prova em contrário, a presunção de estarem solvidas as do cumprimento da obrigação será o domicílio do credor.
anteriores. Eventualmente, também recebe essa denominação a obrigação cujo
pagamento deva ocorrer no domicílio de terceiro. Em casos tais, o
Art. 323. Sendo a quitação do capital sem reserva dos juros, estes presumem-se
sujeito passivo obrigacional deve levar e oferecer o pagamento a esses
pagos.
locais.
Art. 324. A entrega do título ao devedor firma a presunção do pagamento.  Designados dois ou mais lugares, caberá ao credor escolher entre
eles (art. 327, parágrafo único, do CC). Por uma questão prática que lhe
Parágrafo único. Ficará sem efeito a quitação assim operada se o credor é mais favorável, é muito comum o credor escolher o próprio domicílio
provar, em sessenta dias, a falta do pagamento. para o pagamento. Percebe-se que se trata de uma das poucas vezes
em que a escolha cabe ao credor, e não ao devedor, na teoria geral das
Art. 325. Presumem-se a cargo do devedor as despesas com o pagamento e a
obrigações.
quitação; se ocorrer aumento por fato do credor, suportará este a despesa
 Se o pagamento consistir na tradição de um imóvel, ou em prestações
acrescida.
a ele relativas, far-se-á no lugar onde situado o bem (art. 328 do CC).
Art. 326. Se o pagamento se houver de fazer por medida, ou peso, entender-se-
- Elementos do pagamento:
á, no silêncio das partes, que aceitaram os do lugar da execução.
a. Vínculo obrigacional (objeto da prestação) – Caso não tenha um vículo
obrigacional e a pessoa pagar (mesmo não possuindo dívida), será
- Ônus da prova: se a obrigação for positiva o ônus da prova é do devedor; se a considerado um pagamento indevido, possuindo o direito de ser
obrigação for negativa, o ônus da prova será do credor. restituído o valor pago indevidamente.
b. Sujeito ativo do pagamento – Solves (devedor)
- Lugar do pagamento: o local do pagamento é aquele que as partes escolherem c. Sujeito passivo do pagamento – Accipiens (credor)
(local livre) – Regra.
• Condições subjetivas do pagamento:
 Obrigação quesível ou quérable – situação em que o pagamento
deverá ocorrer no domicílio do devedor. De acordo coma lei, há uma - Quem deve pagar (Art. 304 ao 306):
presunção relativa de que o pagamento é quesível, uma vez que o
 Devedor: Possui responsabilidade principal para o pagamento da terá posse dos dois pagamentos, devolvendo se quiser, para o terceiro
obrigação. desinteressado.
 Terceiro: Segunda opção que poderá realizar o pagamento, possuindo
- A quem deve pagar:
duas classificações:
 Terceiro interessado: é o sujeito que possui interesse jurídico, 1° Credor:
excluindo-se o interesse moral ou natural.
 Terceiro desinteressado: o interesse é apenas moral.  Aquele que contraiu a obrigação.
 Aquele que recebe o crédito a título de herança.
 Aquele que recebe por concessão de crédito.
Art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o 2° Representante do credor:
credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor. Ou seja,
qualquer pessoa que possua interesse jurídico poderá realizar o pagamento.  Representante legal (a lei define).
 Representante convencional.
Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em
 Representante judicial.
nome e à conta do devedor, salvo oposição deste. Ou seja, a pessoa que possui
interesse moral. 3° Terceiro: Art. 308. O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito
o represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto
Art. 305. O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome,
reverter em seu proveito. Ou seja, se uma terceira pessoa receber o pagamento,
tem direito a reembolsar-se do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do
a confirmação do pagamento irá depender de duas hipóteses:
credor. Nesse caso, existem duas situações:
1. Se houver a ratificação do credor.
 1° Situação: o terceiro não interessado paga em nome em conta do
2. Se ficar comprovado que o valor do pagamento se reverteu para
devedor, nesse caso, a priori, não tem direito do reembolso.
ela (credor).
 2° Situação: o terceiro não interessado que em seu próprio nome, tem
direito de cobrar o que desembolsou, mas não se sub-roga (não substitui - Credor putativo: Aquele que aparenta ter todas as qualidades de ser o
o credor na relação obrigacional) dos direitos do credor. legítimo credor, mas não é.
Obs: o terceiro interessado sempre terá direito de reembolso. Art. 309. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado
depois que não era credor.
Parágrafo único. Se pagar antes de vencida a dívida, só terá direito ao
Exemplo: Em caso de concessão/ transmissão de crédito sem aviso ao devedor.
reembolso no vencimento.
O devedor que pagar com boas intenções (sem a má fé) o credor putativo, não
Art. 306. O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou oposição do terá mais que pagar o credor real. Nesse aso, o credor real terá que ir atrás do
devedor, não obriga a reembolsar aquele que pagou, se o devedor tinha meios credor putativo.
para ilidir a ação. Ou seja, quando o devedor não tem conhecimento do ato do Caso o devedor pague de má fé o credor putativo, o devedor não se exonera da
terceiro ou não quer sua ajuda, não terá que reembolsar. obrigação, ainda terá que pagar o credor real. Ocorre a má fé se for comprovado
que o devedor tinha conhecimento da concessão de crédito.
Obs: o pagamento por terceiro desinteressado deve ter o conhecimento ou não
oposição do devedor originário, se não, aquele que pagou sem autorização não - O tempo do pagamento:
será reembolsado, caso o devedor originário pague também. Ou seja, o credor
Art. 331. Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época
para o pagamento, pode o credor exigi-lo imediatamente. Ou seja, quem
determina o tempo do pagamento são as partes, com previsão no título
(contrato). Caso não tenha nada no título, presume-se que o pagamento é
instantâneo, podendo o credor, cobrar de forma imediata.

Art. 332. As obrigações condicionais cumprem-se na data do implemento da


condição, cabendo ao credor a prova de que deste teve ciência o devedor.
Art. 333. Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo
estipulado no contrato ou marcado neste Código:
I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores;
II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução
por outro credor;
III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito,
fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las.
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, se houver, no débito, solidariedade
passiva, não se reputará vencido quanto aos outros devedores solventes.
- Pagamento indevido ou não pagamento: ocorre quando não era para o
pagamento ter acontecido, pela inexistência de vínculo obrigacional. É quando o
devedor paga alguém que não é o credor, por engano. É o pagamento inválido.
É o não pagamento.

Efeito: Deverá ainda pagar o crédito ao verdadeiro credor e terá direito de


regresso da pessoa que recebeu o pagamento (pois ocorre o enriquecimento
ilícito).

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