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A Revogação Da Instrução Normativa 17-B Do Incra - Migalhas
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Migalhas Notariais e
Registrais
A revogação da instrução normativa 17-B do
Incra e suas consequências jurídicas
Marcelo da Silva Borges Brandão
quarta-feira, 10 de março de 2021
Atualizado às 08:52
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Introdução
Este artigo tem o propósito de tratar da revogação da Instrução Normativa 17 B do
INCRA e suas nuances, consequências jurídicas. Para isso, será necessário
introduzirmos falando sobre a criação do INCRA, sua natureza jurídica, atribuições e
poderes; o que dispunha esta instrução normativa, para depois entrarmos no tema
específico deste artigo.
O INCRA, sigla que denomina o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária,
foi criado pelo decreto-lei 1110, de 09 de julho de 1970, como entidade autárquica,
vinculada ao Ministério da Agricultura, passando a ter todos os poderes, atributos e
competências que tinham o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, Instituto Nacional
de Desenvolvimento Agrário e o Grupo Executivo da Reforma Agrária, órgãos que
foram extintos à partir da criação da Autarquia. (artigos 1° e 2 do DL 1110/1970).
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11/09/2023, 14:33 A revogação da instrução normativa 17-B do Incra - Migalhas
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tentar, assim, uma melhora significativa dos seus serviços e um controle mais eficiente
do ordenamento fundiário nacional.
Nesse diapasão, sobreveio a Instrução Normativa 82 do INCRA, que dispõe sobre os
procedimentos para atualização cadastral no Sistema Nacional de Cadastro Rural, e
dando outras providências. Trouxe um aperfeiçoamento no que tange as regras para
criação, alteração, retificação ou cancelamento dos cadastros, permitindo que o
requerimento seja feito na forma eletrônica. Até o advento desta norma administrativa,
o requerimento era feito por escrito à uma Superintendência Regional da Autarquia ou
à algum agente credenciado no Município em que se localizava determinado imóvel
rural.
Este avanço tecnológico foi muito importante para facilitar maior acesso ao Sistema e,
ao mesmo tempo, permitir um cadastro mais seguro, com maiores informações à
respeito dos imóveis rurais e maior aperfeiçoamento do controle fundiário.
No entanto, esta mesma Instrução Normativa, no capítulo das disposições finais, mais
precisamente em seu artigo 35, revogou expressamente as Instruções Normativas 66,
de 30 de dezembro de 2010 e, a Instrução Normativa 17 B de 22 de dezembro de 1980,
com o intuito de concentrar todas as regras cadastrais em uma única instrução.
Acontece que, as disposições referentes às hipóteses excepcionais de fracionamentos
que eram regulamentadas pela IN 17 B e, que tinham o condão de regulamentar
hipóteses previstas em Leis ou Decretos, já acima citados, que não tiveram
inconstitucionalidades declaradas ou de não recepção pela Carta Constitucional, não
foram reproduzidas na nova instrução que modernizava os cadastros rurais.
Sobreveio, assim, diversas indagações junto ao INCRA, ante ao silencio à respeito de
tais hipóteses já que as normas e decretos que tratam dos assuntos estão em vigor.
Um dos indagadores foi o Ministério Público do Paraná, através de sua Promotoria do
Meio Ambiente. Em resposta, o INCRA expediu um Ofício sob 148, em 16 de junho de
2016, informando que a Coordenação Geral de Cadastro Rural expediu uma Nota
Técnica INCRA/DFC n° 02 de 2016, explicando as razões da revogação da IN 17-B.
Nesta norma técnica, o INCRA trouxe como fundamentos principais o Princípio
Constitucional do Pacto Federativo e as repartições de competências entre os Entes
Federativos. Trouxe à baila, a previsão do artigo 30, VIII da Constituição da República
Federativa do Brasil, para dizer que compete aos Municípios promoverem, no que
couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso,
do parcelamento e da ocupação do solo urbano.
Em seguida, trouxe como argumentos o Estatuto da Cidade (lei 10257/2001), a lei
11977, que trata do Programa Minha Casa e Minha Vida e, outras seguidas leis para
argumentar que as políticas de desenvolvimento urbano e suas execuções devem ficar
a cargo dos Municípios e orientadas pelo Planos Diretores dos mesmos.
A partir dessa premissa, as regras de fracionamento específicas do citado provimento
revogado, segundo o INCRA, teriam perdido seu fundamento de validade com o
advento da Constituição de 1988.
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Assim, os chamados Sítios de Recreio, Hotéis Fazenda e Parques Ecológicos não mais
são autorizados, por ferimento à função social do imóvel rural, não obstante o Decreto
Federal ainda esteja em vigor. Sem querer entrar nesse tipo de discussão, até porque
não é a proposta deste artigo, a Autarquia entendeu por não aplicar o Decreto por
entendê-lo inconstitucional.
Acertou, no entanto, ao criar a Instrução Normativa 82/2015, e determinar que, para as
hipóteses de parcelamento para fins urbanos em área urbana ou de expansão urbana,
o caso é de alteração cadastral a cargo da Autarquia, assim como entender que,
respeitada a fração mínima de parcelamento prevista no CCIR do imóvel rural, fica à
cargo do Registrador de Imóveis a análise de observância dos ditames legais e das
regras ambientais, cabendo também ao Incra realizar as alterações cadastrais.
Referências bibliográficas
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília:
Senado, 1988.
CARVALHO, Matheus. Manual de Direito Administrativo. |Salvador. Jus podium, 2019.
CENEVIVA, Walter. LEI DOS NOTÁRIOS E REGISTRADORES COMENTADA. São Paulo.
Saraiva, 2010.
LOUREIRO, Luiz Guilherme. REGISTROS PÚBLICOS. TEORIA E PRÁTICA. Salvador. Jus
Podium, 2019.
SARMENTO FILHO, Eduardo Sócrates Castanheira. DIREITO REGISTRAL IMOBILIÁRIO.
Curitiba. Juruá Editora, 2018.
*Marcelo da Silva Borges Brandão é notário e registrador do Ofício Único de Varre-
Sai/RJ. Pós-graduado em Direito Imobiliário e em Direito Notarial e Registral.
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ISSN 1983-392X
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