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Teores de Nutrientes em Folhas de Genétipos de Mamoneira Cultivados em Solo Com Alto Teor de Aluminio ‘Sampaio, Ligia Rodrigues" Lima, Rosiane de Lourdes Silva’; Severino, Liv Soares*; Leao, Armindo Bezerra*; Sofiatt, Valdinei*; Beltrao, Napoledo Esberard de Macédo", Freire, Maria Aline de Oliveira’ e Léda Versnica Benevides Dantas sina’ Resumo ‘Amamoneira 6 uma planta sensivel ao excesso de aluminio no solo. Este trabalho teve como objetivo avaliar 0 efeito do contetido de aluminio no solo sobre a nutrigo das plantas de duas cultivares e um hibrido de mamoneira. © experimento foi conduzide em casa de vegetacdo na Embrapa Algodao, em Campina Grande - PB, em delineamento inteiramente casualizado, com 4 repetig6es. Os tratamentos consistiram de uma combinagao fatorial (5x3) de cinco niveis de aluminio trocavel no solo (0,0; 0,15; 0,30; 0,60 e 1,20 cmolJdm') e trés gendtipos de mamoneira, sendo duas cultivares (BRS Nordestina e BRS Paraguagu), e um hibrido precoce de porte baixo (Lyra). Foram determinados os teores de macronutrientes (N, P, K, Ca, Mg @ ) no tecido foliar das plantas aos 43 dias apés a germinagao (DAE). Os resultados mostraram que os teores foliares de Ca, Mg ¢ K se elevaram com 0 aumento do contetido de Al”? no solo, Por outro lado, os teores foliares de N, P e S foram pouco afetados pelo contetido de Al"? no solo. Palavras-chave:: Ricinus communis, tolerancia ao aluminio, nutrigéo de plantas, INTRODUGAO © aluminio 6 0 terceiro elemento em abundancia na litosfera, devido a sua participagao nos minerals primérios, no sendo necessério para o crescimento da planta (DELHAIZE ¢ RYAN, 1995), ‘A maioria das terras cultivadas, aproximadamente 78,4%, € composta de solos acidos que impossibilitam a exploracao economicamente vidvel das culturas, uma vez que os processos de formacao do solo que originam a sua acidez, freqlentemente, ocasionam também 0 esgotamento de alguns elementos essenciais para as plantas (HAMEL et al., 1998). * Bolsista da Embrapa Algodao, Rua Osvaldo Cruz 1143, Centenario, CEP; 58108-0333, Campina Grande, PB. malt fgiasampat@ yahoo.com br ? Engenheira Agrnoma, Doutoranda em Agronomia (UNESP Jaboticabal). * Engenheiro Agrénomo, MSc. Pesquisador da Embrapa Algodao. * Engenheiro Agrénomo, Doutorando em Fttotecnia (UFV). * Engenheiro Agrénomo, Or. Pesquisador da Embrapa Algodao, § Engen Agiénomo, Dr. Pasqusador da Embrapa Agocdo Grasvanéa em Biapa pela Untersiade Vale do Acarau * Engenheira Agrénoma, Estudante da Universidade Federal de Campina Grande. Em altas concentragées a presenga do Al trocavel resulla em toxicidade, inibindo inicialmente 0 crescimento do sistema radicular (DELHAIZE e RYAN, 1995). Mudancas no pH e/ou na concentrago do aluminio trocavel podem ter grande efeito na atividade do aluminio, visto que o pH critico depende da cultura e do teor de aluminio no solo. Conforme Foy (1988), a toxicidade do aluminio pode as vezes diminuir substancialmente a produgao das culturas sem apresentar sintomas evidentes na parte aérea da planta, demonstrando que a coloragdo das raizes e 0 grau de ramificagao parecem ser os melhores indicadores da injuria por aluminio. Além disso, a presenga do aluminio em altas concentragées provoca menor absorgao de Ca, Mg, K ¢ P, resultando em redugao acentuada na produgdo relativa de matéria seca total da planta, como conseqiiéncias da toxicidade do aluminio que provoca inibigao da absor¢ao de cations (MENDONGA et al., 2003), © baixo potencial de resposta das culturas 4s adubagSes pode ser atribuido, em parte, ao excesso de aluminio do solo, que em elevada concentragao limita 0 crescimento e impede o ciclo da cultura comprometendo a produgao (SALVADOR et al., 2000). Os efeitos nocivos do aluminio tém sido mencionados para culturas tals como arroz (MENDONCA et al., 2003), milho (MARTINS et al., 1999) soja (SOUZA, 2001), dentre outras, contudo ndo ha registros de trabalhos que mencionem os efeitos negativos do excesso de aluminio na absorgao e acimulo de macronutrientes nos tecidos foliares da mamoneira. Esta pesquisa teve como objetivo avaliar 0 efeito do contetido de aluminio no solo sobre a nutrigao das plantas de duas cultivares e um hibrido de mamoneira. MATERIAL E METODOS © experimento foi conduzido em casa de vegetagao, na Embrapa Algoddo, em Campina Grande, PB. Adotou-se delineamento inteiramente casualizado com 4 repetigdes ¢ os tratamentos foram arranjados em esquema fatorial (5 x 3) com cinco niveis de aluminio trocavel no solo (0; 0,15; 0,3; 0,6 e 1,2 cmoldm’) e trés gendtipos de mamoneira (cultivares BRS Nordestina e BRS Paraguagu eo hibrido Lyra). A unidade experimental foi constituida por um vaso com capacidade de 10 L, contendo uma planta por vaso. Como substrato utiizou-se amostras de solo arenoso classificado como Neossolo Regolitico. Quinze dias apés a incubagdo realizou-se a adubago do substrato adicionando-se 4 g de sulfato de am6nio, 6 g de superfostato Itiplo e 4 g de cloreto de potassio por vaso. Ao término da incubagao analisou-se 0 solo quimicamente o qual apresentou pH de 6,6, 18,5 mmole dm® de Ca, 13,9 mmol, dm®, 30 mmol, dm” de Na, 46 mmol, dm” de K, auséncia de aluminio, saturagdo de bases de 100%, 88,5 mmol, dm* de P e 5,4 g kg’ de matéria orgénica. Aos 43 dias apés a germinagao, determinou-se a concentragao dos nutrientes na massa seca da parte aérea das plantas. Assim, amostras de tecido vegetal foram moidas em moinho tipo Willey, passados em peneira de matha de 20 mesh e submetidas a digestao nitrico-perclérica para dosar 0 teor de P, K, Ca, e S. Para a determinagao do teor de N, as amostras foram submetidas a digestdo sulfirica, O N foi dosado pelo método colorimétrico de Nessler, o P pelo método da redugdo do fotomolibdato pela vitamina C, 0 K por fotometria de chama, o Ca por espectrofotometria de absorgao alémica, e o S por turbidimetria do sulfato, Os dados obtidos foram submetides @ andlise de variancia e regress4o polinomial. Estimaram-se os Pontos de maximo e/ou minimo das equagées de regressao através da derivada de "Y" em relagao aX" RESULTADOS E DISCUSSAO. © aumento do teor de Aluminio trocavel no solo ocasionou alteragao no contetido foliar dos macronutrientes tanto das cultivares BRS Nordestina e BRS Paraguagu quanto do hibrido Lyra. Para os teores de Ne P no tecido foliar das plantas de mamoneira, verificou-se pequenas variagies com 0 aumento do teor de Al” no solo (Figuras 1A 1B). teor de N no tecido foliar apresentou pequenos aumentos com o incremento da dose de Al” para a cultivar BRS Nordestina ¢ para o hibrido Lyra, enquanto que na cultivar BRS Paraguagu houve redugao no teor de N foliar em doses superiores a 0,66 cmol jdm" de AI. Para o teor foliar de P, apenas 0 hibrido Lyra apresentou redugdo acentuada com 0 aumento do contetido de Al” trocavel no solo, O teor de K no tecido foliar (Figura 1C) apresentou decréscimo linear com o aumento dos teores de AI”? no solo para a cultivar BRS Paraguacu e para o hibrido Lyra, de forma que esse decréscimo foi de 4,1 €3,9.g kg'ide K no tecido foliar a cada aumento de 0,2 emol,idm’ no teor de Al’? no solo, respectivamente, Na cultivar BRS Nordestina o teor de K foliar nao decresceu até a dose de, aproximadamente 0,36 cmol,/dm® de ‘AN, porém a partir dessa dose os teores de K no tecido foliar decresceram de maneira semelhante aquelas da cultivar BRS Paraguagu e do hibrido Lyra. 00 a0 Be) TT pee nna z so He 0 Oe ed Drs A (a A a0 M9 sao no amo = 190 3 00 ge Smof ee a : ao am nnn = 6 soa om : oe 20 00 ooo: as os sa " eR 2 oo 02 has Osa aes A aa) va aent ae D a0 $ = 80 3 2 z £00 € 24 i E . * ap eo 02 a ae see a0 Doses eA ida E igura 1. Efeito do teor de aluminio no solo nos teores foliares de Nitrogénio (A), Fésforo (B), Potassio (C) CAilcio (D) Magnésio (E) ¢ S (F) das cultivares de mamoneira BRS Nordestina ¢ BRS Paraguagu e do Hibrido Lyra. Campina Grande, PB. Os teores de célcio © magnésio do tecido foliar das plantas de mamoneira (Figuras 1D e 1E) aumentaram linearmente com o incremento da concentragao de aluminio no solo. A cada incremento de 0,2 cmol./dm? no contetido de Al'* no solo, houve aumento do teor de célcio do tecido foliar de 1,56; 1,57 € 1,01 g kg" para o hibrido Lyra @ para as cultivares BRS Nordestina e BRS Paraguagu, respectivamente, Cada incremento de 0,2 cmoldm* no contetido de Al" no solo ocasionou elevagao nos teores de magnésio no tecido foliar de 1,33; 1,50 e 1,87 g kg" para o hibrido Lyra e para as cultivares BRS Nordestina BRS Paraguagu, respectivamente. Quanto ao contetido foliar de S (Figura 1F) verificou-se que houve pequenas variagées com o aumento do contetido de AI" no solo, sendo que o hibrido Lyra apresentou menor concentragao de S em relacdo as cultivares. A cultivar BRS Nordestina apresentou redugao mais acentuada no teor foliar de S em relagao aos demais genstipos com o aumento no contetido de Al" no solo. Para a maioria das culturas agricolas relatadas na literatura 0 aumento do teor de Al no solo tem ocasionado a redugao na absorgao da maioria dos macronutrientes (MENDONCA et al., 2003; SALVADOR et al,, 2000). No presente trabalho, com mamoneira, verificou-se aumento no contetido foliar de Ca, Mg e K com a elevacao da concentragdo de Al no solo. Esse aumento nos teores follares, provavelmente, & decorrente da reducao no crescimento das plantas ocasionado pela toxicidade do aluminio (dados nao apresentados) associado a nao alteragao na taxa de absorgdo desses nutrientes, 0 que pode ter proporcionado acréscimo nos teores desses nutrientes no tecido foliar das plantas. Assim, é provavel que a redugao na produgao de fitomassa seca aliada a nao alteragao na absoreao de nutrientes tenha aumentado a concentragao relativa desses nutrientes no tecido foliar das plantas. Outra provavel hipétese 6 que a mamoneira apresente comportamento diferente das demais espécies vegetais quanto a absorg4o de nutrientes na presenga de Al"? Dessa forma, so necessarios mais estudos quanto ao efeito dos teores de Al" no solo sobre 0 estado nutricional da planta de mamoneira. CONCLUSOES = Os teores foliares de Ca, Mg e K aumentaram com o aumento do contetido de Al’* no solo. - Os teores foliares de N, P e S foram pouco afetados pelo contetido de AI" no solo REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS DELHAIZE, E.; RYAN, P.R. Aluminum toxicity and tolerance in plants. Plant Physiology, v. 107, n. 2, p. 315+ 321, 1996, FOY, C.D. Plant adaptation to acid, aluminum-toxic soils. Communication in Soil Science Plant Analysis, v. 19, p. 959-987, 1988. HAMEL, F.; BRETON, C.; HOUDE, M. Isolation and characterization of wheat aluminum-regulated genes: possible involvement of aluminum as a pathogenesis response elicitor. Planta, v. 205, p. 531-638, 1998. MARTINS, P.R; PARENTONI, S.N.; LOPES, MA; PAIVA, E. Eficiéncia de indices fenotipicos de comprimento de raiz seminal na avaliag4o de plantas individuais de milho quanto a tolerancia ao aluminio, Pesquisa Agropecudria Brasileira, v. 34, n. 10, p.1897-1904, 1999. MENDONGA, RJ.; CAMBRAIA, J.; OLIVEIRA, J.A.; OLIVA, MA. Efeito do aluminio na absorgéo e na utilizagéo de macronutrientes em duas cultivares de arroz. Pesquisa Agropecuéria Brasileira, v. 38, n. 7, p.843-848, 2003. SALVADOR, J.0., MOREIRA, A., MALAVOLTA, E., CABRAL, C.P. Influéncia do aluminio no crescimento € na acumulagao de nutrientes em mudas de goiabeira. Revista Brasileira de Ciéncia do Solo, Vigosa, M.G, v. 24, p. 787-796, 2000. SOUZA, LA.C. Relagdo de genétipos de soja ao aluminio em hidroponia e no solo. Pesquisa Agropecuéria Brasileira, v. 36, n. 10, p.1255-1260, 2001

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