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A Arte de Morrer Bem de São Roberto Belarmino
A Arte de Morrer Bem de São Roberto Belarmino
A regra geral "quem vive bem, irá morrer bem" deve ser
mencionada antes de tudo, pois sendo a morte nada mais que o
fim da vida, é certo que quem viver bem até o final da sua vida,
morrerá bem; nem pode morrer doente quem que nunca
estiver doente; por outro lado, quem nunca tiver vivido bem,
não poderá morrer bem. A mesma coisa é observável em
muitos casos similares: todos que houverem percorrido o
caminho certo poderão chegar aos seus destinos; ao contrário,
aqueles que vaguearem por aí, jamais chegarão ao final de sua
jornada.
Vamos iniciar pela fé, que é a primeira das virtudes que existem
no coração do homem justificado pela fé. Não sem razão, o
apóstolo acrescenta "sem hipocrisia" a fé. Pela fé vêm a
justificação, desde que seja verdadeira e sincera, não falsa e
afetada. A fé dos heréticos não conduz à justificação, pois não é
verdadeira, é falsa; a fé dos maus católicos não conduz à
justificação por que não é sincera, mas afetada. É afetada de
duas maneiras: quando nós não acreditamos realmente, mas
somente fingimos acreditar; ou quando, apesar de acreditar,
não é vivida, como acreditamos que deve ser. Nestas duas
situações é que as palavras de São Paulo na epístola a tito
devem ser compreendidas: "Afirmam conhecer a Deus, mas
negam-no com seus atos". (Tt 1,16a) Desta maneira os santos
padres Jerônimo e Agostinho interpretam estas palavras do
apóstolo.
As núpcias do Senhor
Cristo no Deserto.
Pintura de Moretto da Brescia, (Metropolitam
Museum of Art/NY)
Tertuliano assim qualifica em duas palavras, no seu livro "A
Ressureição da Carne", quando chama o limento daqueles que
jejuam como "refeições tardias e secas". Há aqueles que
certamente não observam estes preceitos, que nos dias de
jejum comem em apenas uma refeição tudo que comeriam
durante num dia normal, que almoçam e jantam ao mesmo
tempo, que para apenas uma refeição preparam tantos pratos
de diferentes peixes e outras coisas agradáveis, que não parece
algo para piedosos jejuadores, mas um banquete nupcial que
continua através da noite. Estes que assim jejuam, certamente
não aproveitam os benefícios do jejum.
Por fim, acima de todas as coisas, quem desejar ser salvo e ter
uma boa morte, diligentemente deve perguntar-se, através de
leituras e meditações, ou consultando homens santos e sábios,
se suas supérfluas riquezas podem ser mantidas sem cometer
pecado, ou se devem dá-las para os pobres; o que deve ser
compreendido como supérfluo e quais são os bens necessários.
Pode ocorrer que algumas riquezas moderadas sejam
supérfluas, enquanto outras grandes riquezas seja
absolutamente essenciais.