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Infothes Informação e Tesauro


V57 Venegas, Luis
Há saci na fome: poesia. / Luis Venegas. – São Paulo:
Annablume, 2009.
(Coleção [e] Editorial).
48 p.
ISBN 978-85-7419-940-5
Literatura Brasileira. 2. Poesia. I. Título. II. Série.
CDU 869.0(81)
CDD 890
Catalogação elaborada por Wanda Lucia Schmidt – CRB-8-1922

HÁ SACI NA FOME
1ª edição: agosto de 2009
© Luis Venegas

A Coleção FEITO NAS LETRAS é coordenada por


Antonio Vicente S. Pietroforte

Paginação e Capa
Vanderley Mendonça

Foto da Capa
Lucas Kiler

[e] editorial é
Antonio Vicente S. Pietroforte
Eva Batlickova
Gustavo Bernardo
Ivan Antunes
José Roberto Barreto
Vanderley Mendonça
[e] editorial é uma publicação da
ANNABLUME editora . comunicação
Rua Martins, 300 . Butantã
05511-000 . São Paulo . SP . Brasil
Tel. e Fax. (011) 3812-6764 – Televendas 3031-1754
www.annablume.com.br

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LUIS VENEGAS

há saci na fome
POESIA

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Muchísimas gracias a
Antonio Vicente Seraphim Pietroforte,
por hacerme creer que esta poesía
tiene algún valor, y quizá juicio.

Para minha Maíra e Herminia.

(crinis solaris)

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LUIS, DE QUEM VOCÊ GOSTA MAIS, DO


CUMMINGS OU DO BUKOWSKI?

Antonio Vicente Seraphim Pietroforte

Conheci o Luís Venegas em 2008, durante a palestra de


abertura de um ciclo de debates ocorrido na FFLCH-USP,
ministrada pelo Bóris Schnaiderman, a respeito da poesia
concreta e das contribuições dos irmãos Campos e de Dé-
cio Pignatari para a poesia brasileira contemporânea.
No final do evento, o Luís se levanta, mas antes de sair
ele distribui a todos uma folha de papel sulfite, dobrada em
três partes, com alguns dos seus poemas. Figura curiosa,
tinha mais o éthos de poeta marginal que de poeta concre-
to - Luís sabia das coisas.
Curioso também como polêmicas de antigamente en-
contram soluções interessantes; propostas tão contrárias
acabam se complexificando com o passar dos anos. É evi-
dente que o concretismo prepara uma geração de escritores
exigentes, preocupados com as relações poéticas entre as
formas semânticas, fonológicas e plásticas da composição
literária, que, em princípio, tenderiam a ver, em outras poé-
ticas, ou simplificação da linguagem, ou nenhum valor
artístico para a literatura. Por outro lado, o excesso de ela-
boração formal pode ser desvalorizado; uma poesia excessi-
vamente cerebral pode descuidar de uma certa ginga verbal,
a que muitos poetas tendem a considerar mais importante.

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Trata-se da variação de uma questão antiga no universo


do discurso da arte, a velha pendência entre os amantes do
Jazz e os do Rock parece ser semelhante: o primeiro exige
técnica, o segundo, levada – como se não houvesse método
na execução do Rock e swing, nas peças de Jazz.
De quem você gosta mais: do Augusto de Campos ou do
Roberto Piva? Ambos são eruditos, não resta dúvida, mas
Augusto é o professor e Roberto Piva, o maluco; Augusto
cita Webern e Varèse, Roberto Piva cita Jacob Boehme;
Augusto fala de Joyce, Roberto Piva fala de xamãs e discos
voadores. Assim, quando se pergunta a poetas contemporâ-
neos como Joca Terron e Ademir Assunção de quais poetas
brasileiros eles gostam, nota-se uma deriva para a harmo-
nização de posturas poéticas contrárias na resposta: gosta-
mos de Augusto de Campos e de Roberto Piva.
O Luís conhece os processos de composição formal, sua
poesia se vale da influência de técnicas como as do Cum-
mings, por exemplo, em que se nota o desdobramento da
palavra em outras, por meio de recortes nas estruturas
fonológicas e morfológicas próprias das semióticas verbais.
O título do livro é uma ilustração disso, que já prepara o
leitor para o tipo de composição esperada: há saci na fome
– assassina fome.
Contudo, sua temática difere bastante dos encantos
metapoéticos dos concretistas e afins; em seus temas, Luís é
um poeta marginal: ressacas, pagode com caninha embebi-
da, tucuruvi no tabuleiro e sua gente de toda classe e
parte... Luís lembra Bukowski: To end up alone/ in a tomb
rd
of a room / without cigarettes / or wine (poem for my 43
birthday).
Em sua folha de poemas, descobri o e-mail da pessoa e

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começamos a nos corresponder. Coloquei o Luís em duas


antologias organizadas por mim: há um poema seu na
M(ai)s – Antologia SadoMasoquista da Literatura Brasileira,
feita com Glauco Mattoso; há dez poemas do Luís no
Fomes de Formas, ao lado de mais sete poetas contemporâ-
neos. Quando resolvi organizar a coleção Feito nas Letras –
Venegas é aluno do curso de Espanhol, da FFLCH-USP –
lembrei-me imediatamente dele, que, há bastante tempo,
merece um livro solo.
Um monoglota, como ele mesmo se define, que herda os
processos formais de composição do concretismo, mas que
cuida de aplicá-los a uma outra realidade temática. Não
vou citar seus poemas, deixo ao leitor a surpresa de experi-
mentar suas soluções engenhosas, mas gostaria de terminar
essa apresentação dedicando alguma coisa ao meu amigo da
literatura:

o monoglota
o monolítico
o mono motor para fazer a volta

o monocórdio
para atormentar
o mono modulado
o rádio
a freqüência limitada do miocárdio
na hora de tamborilar os dedos na
caixinha de fósforo
fosfato?
foi-se na marola

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na monomania do macaco
na pia
no vaso
no jardim onde descansa uma monocotiledônea

o monoglota
para o Luís Venegas

ANTONIO VICENTE SERAPHIM PIETROFORTE é professor Livre Docente


em Semiótica pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da
Universidade de São Paulo-USP. É autor entre outros livros de: Semiótica visual –
os percursos do olhar (2ª ed 2007, Contexto), Amsterdã SM (romance, 2007, Dix),
M(ai)S – antologia SadoMasoquista da Literatura Brasileira (2008, Dix), A musa
chapada (poesias, com Ademir Assunção e Carlos Carah, 2008, Demônio Negro).

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HÁ SACI NA FOME

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mOOn ta gem do eL cU S pIdo

sujo de galáxias em obras


o rosto do aluno no horizonte
roteiro quase muro e controverso
transblanco de poesia da tarde
corpo serial da lábia do anticrítico
palavra do verso provável pela pedra
a educação viva e concreta
é antes do ímpeto das letras
caderno corporal do reverso
pois com 20 brócolis do silêncio moli
ner V ho uai ss mec serpa fari N a
livro de 40 poem(A)s hab L án buRtin
vinHoles tabacaria antropofágica e tradução
vaia primeiro uma tempestade
a luta da arte sobre a teoria
depois a memória da intersemiótica
estrela dos últimos dias da assa cina
f o me de do s bra s e pau péri a

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mórula na parambu

eu penso melhor utilizando minhas mãos

quando me chamavam de cabeça


elas já haviam pensado muito mais do que ela
com ela isto pouco seria enten dido(ca) muito
mais sur realista já elas fazem disto
d ut o l a g o maíz pene trável

crocrec

na autossugestão brasileira
um buraco é mais e abala
e mirar o deserto e acertar a cacimba
é a tesão de tanta embrenhada
fri m eza entre ruí dos e n au sên ci as

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veRa

bem de flor e prisões


nossas ba nanei ras burras
mapas é a polí tica

a manha vem
empaca natur r i c e
da c a s m a rr a inat a c ável

odin heir o não compra


ora con some
hora dá no tempo

e no s ac o de lata
quem di lat a n a m i n a ( l )
pro babil ida dedo a br aço

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dia querida

o agente polarizado da mesquinhez


enterra sonhos dando sorry sos
da arcada de quem não tem

pipas e parabólicas sobre os telhados


uma pá de pedaladas nas pal ( o ) mas
as grandes filas da imEn odU fic iên cia

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lump in one’s throat

há gente de todo tipo


mas para aquele homem do retrato
só havia do tipo que se sente añoranza
vínculo remediável ao abstrato
de quem só encontra o quadro
num tipo de lente branca
contava sempre sobre o voador
brin que doti p o p r a cri a r d e cri ança
o motor inútil sem o liqüidificador
as manhãs de sábado da mãe pobre
os filhos pro solar da tia rica
o tipo s a c a n a dos primos nos ac ode
che ios de suas g e l a d e i r a s de zica
tí picas dedo mingo
foi uma transa estúpida
pensava delirante e l a u d a n a d o
indo rá pido pro po rão de esc ape
a che gada está deserta
perc eb ( l ) eu o quântico e sem re vou ver
des fale cendo ali mesmo
ti pica men te
f o z end a p it o
a ge ring onça vo aria

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a m o r a da dirce

chega de fazer as coisas pela m et a de


vou p arti r chama
senão eu perco o senti da do sa l da de

enxu gue duas ou três lágrimas bem glandes


que depois daí
por nessa cidade a alegria ex pan de

o r o c o estava muito desin teres s a n t e


eu quero pra mim
um que seja mal mas esquente

lapi dance lante luci lance nante


comuna curió
sem ter berro pra temer idade só

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biótico a favor da deborah

perDo ar no prega dor


ele dá troco e se segura
em quem rege o código
óbito óbvio dos peDaCinhos

não m olhe a pas sara da


de repente nova ral
pau te comou tras b olas
dê band e i r a s e notas pro n atal

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paranapiacabadarochacatuta

o quê que a palavra bruma tem?


nome que ruma com a zabumba
faz passo com som de bumbam

bruna bem bombom bem

por quem será que tal meiga vem


põe o olho na rua e n a l u a
e cor teja o d o c e d o n o v o trem?

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a éri ka man da bem

as car gas são fi ctí ci as


a fi del id ade é sempre hum enfado
lamento tri ste de a z u l

abs tração jubi losa deu mara ci on ali dade


rachada vara e ar ame desnudos
parti dade doi sou mai soutro sem selo

o ato de escrever à faca não descarta


a tela de plasma tome lcd e morda
al guma so bra do mei o dama çã

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esticão dá luz né cesar rebolla?

tô num bec o tec o


este c o r p o se virando
um eco só tuim

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tiete de sampa e sandra

do lado de dentro
buena parte minto
afagando um conjunto
comum num andar quinto

alternadamente

através da janela
a madrugada pisca
meialua descurtindo
em sexto no espaço

sol de tungstênio
aquecendo um outro
sempre quase estrela
sensual vindo corpo

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bom toque com sutra


cela desencana
mi meti de quarto
eu nu cu fora

o sopro que espicho


na nãomente trilha
nó de vento rabisco
semilla tua cintila

pito seqüencial

ardida gente trinca


em oblíquo banquinho
ap onte pro céu
cai d eva gari nho

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porção de araignée

alô queda
sua entranha neste momento
é imprescindível pra minha sanha
apenas regozijo-me
na candeia de trindade
vez ou outra gaio
em kana pra cadela
mas a artilharia das casas
vem de fora
desaperta ossos
retroamarra as medulas
pensomuito
mais do que acredito
no seu olhar de grito
achando que escolher
parati é difícil
mais preu que arrebite sinto
a sua fala da minha pala
retina saltando sobre as pupilas

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cartola do anhangá

deseja quimeras e vai cremar


mesmo padecendo cretina
balapança na rede pra fisgar

esconde o da lata que dez fila

caro naval rasgando infanta sia


pano râmi ca mu át in to mais trágica
não há pó e cia tá na bar rica vazia?

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saque na boca

não traga pí lula nen huma que faça esque cer


já mais conSerVa c o m a indús tria
sem cochilar na corda logo maquia
obsessiva o imperfeito círculo

ga roto boni tinho reco nhe cendo


a imprudência por is so frá gil
de vo l tar co mum mu r ro na cara

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ãr roto por ra

em rolado com humor


chumaços de bambu
na tarde pra roda bamba

foz rindo de cair no riacho


xanto de fantã (estasia)
sóis pequenos no pomar

buana branca boa não é


fez atrás dos feixes
no chão só caquinhos

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sardinhada do zé

de vez em quando me surpreende a vida


o sentido de fundo do quintal
pagode com caninha embebida
e caco de telha escrita com sal

muito interior deste barata mato


todo tonto por dentro moço e de óculos
pensando distintamente em você
teia inteira e aranha desconfiada

tenho reconhecido e desacorda


neblina densa por falta de rumo
esqueço a bagagem visto que aborda
enxergo o futuro envergando e sumo

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estelas de bis coito

na barbárie e suas rotinas


o inseto sábio registra
ao gosto ou grosso

a palavra bastarda vem


desce leve na praça
aonde cordeiro não tem

se há luta no distrito
resina de fibra só
a cida de de pois

do rio pra tanque velho


teco da serra
taquaras verdes

t o c o s dour a d o s
quefi ( r ) cavam roxos
ga fanho tus

so a gente de toda classe


a p art e t u c u r u
vi no ta bu le(i)ro

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j ogo de não ama r e´ l a r

luma
abrigo
roseira
bom bixo mora
pingo de brilho
enroscando no gume
beiço sem queixas beijo
o fio cego do seu parto
as lágrimas de prata pranto
embolado em placenta e sangue
a praia lotada e a conversa fiada
os piqueniques com pazbengala
a capadelátex na broma furtada
o apelo das expressões chulas
fror
covacho dá cansão
não flagrar num rio sem saliva
minha goela
voz da chispa seca
desembaraça todos os véus
ninhos papalvos veludos féis pudicos

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ex er
ce ró
c!o
__^__

nasce o sol na pia


a água fria encaro
remar lento modela
a herba manga faro
es cura que bradas
troças dos triscos
busco por entradas
como pele e viscos
oeste tá pra quilo
qual naU já les te
pinta siL go cante
tanta árvore so to

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se guia mundo


fox paulistinha
tem

tu tu
tens
ti ti

ca

tô be
ta ça
ta bu

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chinfra

o
manguaça
ardente
na
cai xá se
hai chá

trem do
p in gá

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satisf
açã
o

minha existência
nada profunda
mente perene
à tona e no tom
bóia se farta

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esquete ou viu quem te vê

A MAR É DO QUEEN GOFA ZENDO UM TEEM PO


DES GRIL ANDO NAAR EIADO FER ROE DOCI MEN TO
ELE PLU GUE PRON TOPRA LAN ÇARSÊ MEN QUEEN TE
MOVI MEN TOQUE BRADO E PROGRESS IVO COOL ANTE
ELA HÁ MUI TOTO MADA QUER ENDO SER PEN TE
DE GLUT INDO OPR ÓP RIO RABO
PER TODA JAN ELA DO QU ARTO QU ARTO
QUE CONTI NHA ALMO FADAS DE RET ALHO
ES PAL HADAS PE LOPI SODE TACO
O DILÚ CULO ACA BANDO
ANGÚS TIA BOURR ADA DE CU RIO SIDADE
BA TUCA DA

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38
bu da
13:00

da bu da
cu da bu da
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cu da
cu

ba da
ba da da
ba da da cu
da cu
cu

ma
pra mina do planalto central

cu ba ma
ba cu ba ma
ba cu ba
ba
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ô tio po~e´tica

vire de lado eco loque na es posa


spaniela num terriero sor vi tudo
proutra log ística dei xes cor re gar
ga re gem tudo esta cio lar
na molé ca lu end uriça
o ser go zarpo derá v i r i r
bor deôn dula pre guiça
só men tin doe fa zen do gen t ir

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po radar de romã

o escamoso farfalhante de portobrasilês


se sentia na beirada do abismo da geni
ali dado quantas vezes idiota bangalô
gangorra cric Ah ah
pra dizer a verdade mais bobão e penso
tanto que não distinguia se era o erótico
ou o embarque fantasmagórico que levava
uma onda particular muvuca então
o palhacinho pode equalizar a tristeza
forrando a gargalhada como trincheira
pra torcer a forma da flor na tez

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aerona veche gabiru tastre mulam

n b a
m á a ç
a c a
s t
d e ã
e e r o
b à ç
c e e a
a m b
e e s o
m o ã
n s
i c e
m a a ç
n b a

t s
q ê u a
v o r
o m b
c e e a
m a c
i v t
q n e a
n m

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a brunda u bacu

descobrindo o beco
o bonde e o cine
no ócio obre
boi néscio
brinde

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gui a r o m a

é nossa a caixa
apesar da recusa
a carne é uma afirmação
canibalizar mamilos de feras

teu cheiro atiçando


minhas cabeças

adoro buceta e via de regra


chapo com tua chana
pois encaro e disparo
miti uva cê águia que plana

tatu age mir rem o v í v e l

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odô corbra feiabá

fui abdu diz o quando jovem


p e l o v o não identificado
cambiei d e d e v a leio
um louco preci o so de razão

oi filha
projetar virtude é ç e r t o
afin ando co n tas
jó nas ceu de vid ( r ) o

n a d a n ã o nosso algoz
quem tem tu vem cedo
e caganeira não dá em um
nem uma vez só

peraí saída
escolha ir pela entrada
assim
casu la men t eva r ( i ) ada

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o mala testa a márcia na

isso sempre remete à ze n da


mas não presto
troço e vou d e n o v o meu
compreender quem sopra ao vivo
vi ejá c a m i n a d a que zOO

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quem nada sôn h ia

hoje pra mim só tenro lê


e luta brusca
contra os malu mora dose retos

os nós na cadeira
cômoda em espeluncas
aluares desesperançados
dos nos sos es conde rijos

por trás depois


primeiro vem de frente
motéis hídricocadentes

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també man da sir lei

sujo barranço e dispuladeira


finjo intestículo e salto
pra escutar o papo
fiado sobre a selva do lugar

na terra nada é verdadementira


depende tudo da cristal ver quando mira
acendi um f ós f oro diante do espelho

ardenta e dura de plástico medonha


mordendo cinicamente os lábios posudos

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nago mado pic olé

o medíocre
reflito
o simples
encanta
e isto
reflexo nada difícil
bya tola

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bai la cris na tina

há de dar na tarde
alguma névoa
nadamos em flocos

dedar na tarde
algum incêndio
fagulhas pra cá

ar de dar na tarde
desgrenho dos cabelos
curvianas de lá

urge e arde pra dar


agrupa com idéias
pulsantes corpúsculos

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no bixiga

o tédio men sur rá vel


a antiga dra.go
o desti lado des car tá vel
a in crí v e l a g o s t a
o céu n a b o c a d a espécie
o ar re pio pela língua
a transa a v o n
a cami saras gada
o suor
a par an gol é

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aman garo sada ma rijo sé

eu hesito mas descubro que estou


sentindo muita falta de sexo
aí gente se toca porque dói a porrada

por detrás do estômago a história

sem ação seria estupidificante e flácida


certa ruptura dos criados com rostos
ocres duros e magros a mais

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avi d a n a n a v e lou ca

s i m i o tanea men teos


agoras eNtão eStrelaçados
nada d eve r deda
em clo aca l h eia

um ferreiro escultar
al guns r é g o rios
e um m a n o v é l u
na m a i o r p a r t e das som as

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n o pa sa re s e qui valencià

a extrema direta
já podemos passear no espaço
o valor da viagem poderá ser pago a prazo?
mais uma direita
puta vagabundo inconveniente

sempre andarei com a palavra e faço


pra parecer papelvaretafiorabiola
colar e sentir isso sem dúvidas
de que no tênis tem barro

o o l h a r de um bípede pensando
em c O m O as mãos b a t r a l h a m

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