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Instituto Bíblico Maranata - Jardim Primavera

Os Evangelhos

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...............................................................................................3
CAPÍTULO I
PALESTINA - A NAÇÃO DE JESUS .........................................................4-5
CAPÍTULO II
PROVÌNCIAS E CIDADES DA PALESTINA NO TEMPO DE JESUS.....6-7
CAPÍTULO III
DO ANTIGO PARA O NOVO TESTAMENTO .............................................8
CAPÍTULO IV
O CENÁRIO JUDAICO...............................................................................9-10
CAPÍTULO V
OS QUATRO EVANGELHOS........ ...............................................................11
CAPÍTULO VI
O EVANGELHO SEGUNDO MATEUS...................................................12-14
CAPÍTULO VII
O EVANGELHO SEGUNDO MARCOS...................................................15-16
CAPÍTULO VIII
O EVANGELHO SEGUNDO LUCAS.......................................................17-20
APÍTULO IX
O EVANGELHO SEGUNDO JOÃO.........................................................21-22
CAPÍTULO X
PROFECIAS MESSIÂNICAS E CUMPRIMENTO.......................................23
CAPÍTULO XI
RELAÇÃO DAS PARÁBOLAS DE JESUS...................................................24
CAPÍTULO XII
TABELA DE MILAGRES RELIZADOS POR JESUS..................................25
CAPÍTULO XIII
CONTRIBUIÇÃO DOS POVOS...............................................................26-29
BILBIOGRAFIA ...........................................................................................29

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INTRODUÇÃO

O registro da vida e do ensinamento de Jesus encontramos relatados nos Evangelhos.


Praticamente tudo que sabemos sobre a vida terrena de Jesus é encontrado nos quatro Evangelhos
contidos no NT. Estes só foram escritos provavelmente uns 30 anos após a morte de Jesus. Durante
este período de três décadas o material que acabaria entrando nos Evangelhos foi preservado e
transmitido de forma oral e em registros que se perderam.
Essa tradição foi transmitida com todo o cuidado. Nas escolas judaicas, as crianças aprendiam a
memorizar informações e tradições orais de forma bem precisa, e os rabinos judeus que viveram um
pouco depois dessa época tinham o mesmo cuidado ao transmitirem ensinamentos que não haviam
sido colocados por escrito. Seria natural esperar que os cristãos de origem judaica lembrassem e
preservassem de forma bem acurada o que Jesus ensinou. O material que aparece nos Evangelhos
foi ensinado originalmente em aramaico, a língua falada por Jesus, e numa forma poética que era
fácil de memorizar.
A história de Jesus foi lembrada e recontada porque era relevante para a vida da igreja. Ao lermos
uma passagem do Evangelho, sempre é bom perguntar qual era a sua importância para a igreja
primitiva.
A história de Jesus não foi preservada por mero interesse acadêmico em história, mas por causa da
sua relevância prática para os primeiros cristãos. Não era história pura, mas história aplicada.
Estudando os Evangelhos observamos como os escritores dos Evangelhos eram autores e não
apenas editores das informações que receberam. O exemplo mais claro é o Evangelho de João.
Aqui, o autor de certa forma interpretou a história de Jesus para mostrar seu significado a seus
leitores. Ele faz uma espécie de comentário sobre o ministério de Jesus, no qual é difícil distinguir o
“texto” original da sua “interpretação”. Mas o importante é que realmente há um “texto” que ele nos
está explicando. Ou seja, ele não está comentando algo que nunca existiu.
Os autores não estavam tentando fazer um relato histórico detalhado da vida de Jesus com tudo na
sua devida ordem cronológica. Além disso, os Evangelhos registram pouca coisa sobre alguns
aspectos da vida de Jesus. No prefácio do seu Evangelho (Lc.1.1-4), Lucas dá grande ênfase ao fato
de estar usando depoimentos autênticos de testemunhas oculares. A história certamente era
importante para ele e não há motivos para supor que os outros autores pensavam de forma diferente,
retratavam Jesus como seus seguidores o viam. Assim sendo, a história que aparece nos Evangelhos
é a história do ponto de vista dos cristãos.
Cada um dos autores evangélicos nos apresenta Jesus de uma forma bem peculiar. Seria impossível
registrar a grandeza desta pessoa numa única descrição. Assim, foram feitos quatro retratos, quatro
ângulos fotográficos da mesma cena, cada qual destacando seus próprios aspectos peculiares do
caráter de Jesus, por Mateus, Marcos, Lucas e João.

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Capítulo I

Palestina – A Nação de Jesus


A região onde Jesus viveu é uma faixa da costa mediterrânea que se estende entre a Síria meridional
e o Egito. Ao longo dos séculos, essa região recebeu diferentes nomes como Canaã, a Terra
prometida, Terra Santa ou simplesmente Palestina, e esteve limitada por diferentes fronteiras. A
Palestina é a terra que Deus prometeu dar a Abrão por herança, e por isso é chamada terra da
promessa. Foi o Lar do povo escolhido de Deus e a maior parte das histórias bíblicas se passou lá.
Apesar de sua pequena extensão, localiza-se em uma posição muito especial porque era uma terra
de passagem entre a Mesopotâmia e o Egito, duas poderosas nações da antiguidade.
Também era muito importante por que servia de conexão entre a Ásia, África e Europa. Havia
estradas na Palestina usadas por comerciantes que traziam mercadorias da Europa, Índia e África.
Os Exércitos também usavam essas estradas quando mudavam de região procurando poder, terra e
riqueza. Hoje a Palestina transformou-se na terra santa para três religiões do mundo: cristianismo,
islamismo e judaísmo.
Seus limites são em partes naturais, e em partes convencionais. Sua área territorial tem variado
muito. A Palestina é uma região muito pequena se a examinarmos do ponto de vista puramente
natural. Tem limites naturais a Oeste demarcada pelo mediterrâneo, e a Leste, pela Jordânia. Seus
limites naturais ao Norte e ao Sul não são exatos, mas ao Norte ficam bastante assinalados pela
cordilheira do Líbano, que desce paralela ao Mediterrâneo, sendo um ponto avançado do monte
Hermom. O desfiladeiro entre o Hermomt e o Líbano pode ser considerado o limite norte da
Palestina. Ao centro, o limite geográfico está representado genericamente pela Iduméia e pelas
regiões desérticas que se estendem imediatamente ao sul de Berseba e do mar Morto.

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A extensão de sua superfície


A longitude (norte-sul) da Palestina é de 470 km. Sua Largura (leste-oeste) é de 135 km. A
superfície total de seu território é de 27.000 Km².

Fenômeno Geológico
A região inteira, em suas duas porções assinaladas, está dividida em um profundo vale sobre o qual
corre o rio Jordão e que constitui um fenômeno geológico único no mundo. Esse vale, que se
prolonga de Taurus à Celessíria, afunda cada vez mais à medida que se entra na Palestina,
alcançando sua maior profundidade no mar Morto(cuja água tem o maior nível de salinidade do
mundo), e continuando ao oriente da península do Sinai, chega ao mar Vermelho.

Origem, importância e Trajeto do Rio Jordão


Esse vale singular é cortado em sua longitude pelo único rio importante da Palestina, o Jordão, que
nasce no Hermom, e depois de formar os lagos El Hude e Tiberíades(chamado antigamente de
Genesaré ou mar da Galiléia) deságua no mar Morto e morre nele, sem chegar a despejar-se no
oceano. O vale do Jordão atravessa a Palestina de norte a sul e tem o rio Jordão como sua artéria,
podemos compreender quão grande é a importância geográfica deste rio para a Terra Santa. Ele
divide a Palestina em duas partes bem distintas, que se chamam Palestina Cisjordânia, a oeste; e
Palestina Transjordânia, a leste.

Condições climáticas da Palestina


A Palestina é uma região subtropical. Praticamente só há nela duas estações: o inverno, a estação
das chuvas, que vai de novembro a abril, e o verão, período de seca, que vai de maio a outubro. No
verão as chuvas são raríssimas. Mas as chuvas de inverno superam em quase todo território, a
medida de 600 milímetros.
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A temperatura varia de acordo com os lugares. No vale do Jordão, muito profundo e estreito, é
quase sempre maior que nas outras regiões e, ás vezes, aproxima-se dos 50ºC. Na costa
mediterrânea, a temperatura média invernal é de 12 graus. Na primavera, é de 18ºC, no verão é de
25ºC, e no outono é de 22ºC. Em Jerusalém a temperatura média anual é de 16ºC.

Capítulo II

Província e Cidades da Palestina no tempo de Jesus

A região tinha sido dividida em Províncias, das quais três estavam situadas do lado oeste do
Jordão: Judéia, ao sul; Samaria, ao centro; e Galiléia, ao norte. A leste do Jordão: a Peréia e
Decápolis.
Os evangelhos registram o salvador percorrendo essas quatro regiões. Mas foram poucas e rápidas
suas visitas a Samaria e a Peréia. Em contrapartida, na Judéia e na Galiléia, sobretudo nesta última,
Jesus exerceu seu ministério público e conquistou a maior e mais fiel parte de seus seguidores.

Judéia
Dessas quatro províncias, a Judéia representava sem dúvida o papel mais importante, pois para os
judeus era o centro religioso, o centro político e até certo ponto o centro intelectual da Palestina.
Nessa província, ficava Jerusalém e o seu glorioso templo, bem como o Sinédrio, os chefes das
grandes escolas rabínicas e os membros mais influentes da casta sacerdotal da seita farisaica. Era a
maior província da Palestina, pois compreende o território que antigamente correspondia às tribos
de Judá, Simeão, Dã e Benjamim. Foi a província para onde os judeus voltaram após o cativeiro.
E como a maioria dos que voltavam pertenciam à tribo de Judá, esta província ficou conhecida
como Judéia.
Os habitantes deste lugar, através dos anos, mantinham-se firmes em suas tradições e suas crenças
inflexíveis no único e Verdadeiro Deus.

Samaria
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Era a província central da Palestina, situada entre a Judéia e a cordilheira do Carmelo. Abrangia as
tribos de Efraim e Manassés do Oeste. Os samaritanos eram descendentes dos judeus que
permaneceram na Palestina depois que os assírios derrotaram Israel. Provinham de casamentos
mistos entre judeus e colonizadores assírios. Existia certa rivalidade e hostilidade entre Samaria e
Judéia através da história. Depois do retorno do exílio, quando a Judéia estava reconstituída como
estado religioso sob Esdras e Neemias, os samaritanos foram excluídos do templo de Jerusalém, por
ser povo misto, e por haver adulterado o culto do Senhor com práticas idólatras, fato que motivou a
construção de um templo rival no monte Gerizim, onde sacrificavam animais.

Galiléia
Situava-se ao norte da Palestina. Por muito tempo esta província foi chamada Galiléia dos Gentios,
em virtude de se achar povoada principalmente por Fenícios, árabes, egípcios, sírios, etc(Is9.1-2).
Durante o tempo da monarquia , a Galiléia foi foco da maioria das invasões síria. O povo galileu
passou constantemente por invasões e migração. Desde o tempo da conquista de Israel até quase o
fim do século II AC, a população da Galiléia foi dominada pelos gentios, e poucos Judeus
permaneceram lá. Os judeus que lá ficaram foram levados para a Judéia por Simão Macabeu em
164 a.C. Mais tarde, durante o reinado de João Hircano, os judeus puderam voltar a estabelecer-se
no território sem temor de serem perseguidos. Durante o tempo do Novo testamento, era um
proeminente centro da vida judaica e foi uma região muito importante para Jesus, uma vez que Ele
foi criado nesta cidade, sendo por isto chamado “ Galileu”. Nesta cidade ensinou suas doutrinas,
proferindo muitas de suas parábolas e operando milagres. Também foi na Galiléia que Ele escolheu
seus primeiros apóstolos (Mt 4.18-22).

Peréia
Designada no Novo Testamento como a “outra banda do Jordão”. Esse território, que se confundia a
Leste com o deserto arábico, não contava com a população numerosa e não figurava muito no
império gregos,também se estabeleceram dentro de seus limites.

Decápolis
Palavra em grego que significa “dez cidades”. Situava-se em um espaçoso território a leste do mar
da Galiléia. Estas cidades foram construídas por gregos na tentativa de helenizar a região. Sofreram,
entretanto, grande oposição dos judeus, principalmente da família Macabéia. Os nomes das cidades
são: Citópolis, Damasco, Rafana, Canata, Gerasa, Diom, Filadélfia, Hipos, Gadara, Pela. Na região
compreendida entre Hipos e Filadélfia, predominavam os gregos, enquanto que estrangeiros de
diversos países e judeus residiam principalmente ao Norte e Nordeste da dita região. O evangelho
encontrou nestas confederações terreno fértil.

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Capítulo III

DO ANTIGO PARA O NOVO TESTAMENTO

Ao tempo em que se encerrou a história do Antigo Testamento, uns poucos judeus,


especialmente da tribo de Judá, haviam voltado à Palestina sob a direção de Zorobabel, e
aproximadamente oitenta anos mais tarde outro grupo havia voltado com Esdras. Viviam
pacificamente em sua própria terra, com o templo reconstruído e as cerimônias religiosas
restabelecidas. Os últimos três livros históricos do Antigo Testamento - Esdras, Neemias e Ester -
dão-nos a história desse período. Cobrem um período de cem anos que se seguiu ao decreto do rei
Ciro, permitindo que os judeus voltassem à sua terra (536-432 a.C.). De Neemias até o início do
período do Novo Testamento, passaram-se quatrocentos anos. Durante esse tempo nenhum profeta
falou ou escreveu. Por isso é chamado o “período do silêncio”. Ao chegarmos ao ano em que Jesus
nasceu, é importante que saibamos algumas das coisas que aconteceram, desde os dias de Neemias
e Malaquias, até aquela época. Antes da morte de Alexandre, o Grande, ele dividiu o império entre
seus quatro generais, porque não tinha herdeiro para o seu trono. O Egito, e mais tarde a Palestina,
foram entregues a seu general Ptolomeu. Grande número de judeus nesse tempo se estabeleceram
no Egito, bem como em outros centros de cultura, divulgando por toda a parte o conhecimento do
seu Deus e a sua esperança de um Messias. Foi nessa ocasião, aproximadamente em 285 a.C., que o
Antigo Testamento foi traduzido para o grego. Esta versão das Escrituras se chama “Septuaginta”,
que significa setenta, pois foram setenta eruditos hebreus que fizeram este trabalho.

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O reino da Síria surgiu por esse tempo. Nos conflitos entre a Síria e o Egito, Antíoco Epifânio, rei
da Síria, cercou a Palestina. Ele começou uma terrível perseguição contra os judeus. Foram
proibidos por ele de adorar no Templo e obrigados a comer carne de porco, o que Deus havia
proibido por meio de Moisés (Lv. 11:1-8). Muitos judeus se recusaram e teve início uma época de
martírio. As crueldades desse terrível rei, provocaram a revolta dos macabeus, sob a liderança de
Matatias. Estimulados pelo patriotismo e fervor religioso de Matatias, um grupo de judeus patriotas
se uniu a ele e começou uma insurreição, que se espalhou rapidamente. Quando ele morreu, seu
filho Judas tomou seu lugar. Embora os seguidores de Judas não fossem treinados, não tivessem
equipamentos, inspirados por uma fé destemida em Deus, saíram vitoriosos!
No ano 63 a.C., Roma entrou de posse da Palestina, preparando o caminho e a época para
o nascimento de Jesus. Os judeus tinham alguma liberdade política, mas tinham de pagar um
imposto anual ao governo romano.
Os Evangelhos foram escritos durante o Império Romano. Seu primeiro imperador
chamava-se Augusto, depois dele houve vários outros, sendo Nero o mais conhecido de todos. Jesus
nasceu durante o reinado de Augusto e morreu e ressuscitou durante o reinado de Tibério (14 a 37
d.C.). Quando Jesus nasceu, o rei (governador) da Judéia era Herodes. Nesse período a sociedade
pagã e judaica era constituída de uma aristocracia opulenta. Os judeus ricos eram sacerdotes e
rabinos. Os pagãos ricos grandes proprietários de terra e políticos. E o restante da sociedade pagã
era composta pela classe média, a plebe, escravos e criminosos. Também foi uma era de grandes
avanços na ciência, agricultura, indústria, literatura, música, dramaturgia e principalmente na
arquitetura, com construções magníficas. Mas, contudo, o nível ético em geral era muito baixo.
Corrupção, imoralidade, superstição religiosa, etc. Tudo isso e muito mais revelava um estado
alarmante de degradação. Algumas religiões se destacavam: o animismo (culto a natureza); o
misticismo (culto aos mortos); o ocultismo (magia); a astrologia; etc. Foi nesse contexto que
Mateus, Marcos, Lucas e João escreveram os Evangelhos. Eles registram o cumprimento das
profecias pronunciadas, a respeito do nascimento de Jesus, no Antigo Testamento. Entretanto,
realçamos o que o povo judeu aguardava com ansiedade e patriotismo a vinda de um Rei com
pompa e poder. Esperavam pelo Rei dos judeus. Os Evangelhos conta-nos QUANDO e COMO
Jesus veio.

Capítulo IV

O CENÁRIO JUDAICO
O judaísmo, no primeiro século da era cristã, era uma religião baseada na lei e nos
profetas. Eles enfatizavam o monoteísmo e não era permitido a existência de outro deus. A certa
altura da história, os judeus foram forçados a cessar os sacrifícios de animais. E então começaram a
estudar a lei - o Torá. O escriba, tornou-se uma pessoa de grande prestígio entre os judeus. Até este
ponto, o templo de Salomão tinha sido o lugar central de adoração, mas após o exílio surgiram as
sinagogas. O rabino tomou o lugar do sacerdote e muitas sinagogas começaram a surgir, não
somente na Palestina, mas também em outras nações. Os judeus prosseguiam observando as festas
que se originaram no Pentateuco. Dentro do judaísmo haviam vários grupos religiosos:

Os Fariseus

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O nome significa “Separatistas”. Quando o Remanescente voltou à Judéia depois do


Exílio, seu objetivo era reconstruir a comunidade judaica como Nação dedicada ao Senhor pela
observância da lei. Com a influência crescente do sumo sacerdote, tornou-se um cargo ambicioso
que pensava mais em vantagens políticas de que em responsabilidades espirituais. Nos tempos de
Jesus esse grupo era considerado a seita mais numerosa, poderosa e influente . Eram legalistas
rigorosos, defendiam a rígida observância da letra e das formas da Lei, como também das tradições.
Apesar de haver alguns homens bons no meio deles, mas em geral eram conhecidos por sua cobiça,
crueldade, justiça-própria e hipocrisia. Os Fariseus e os Escribas eram os líderes religiosos do povo.

Os Escribas

Copistas dos textos sagrados e mestres encarregados de ensinar a lei ao povo. O escribismo
desenvolveu-se durante o cativeiro babilônico. Eram perítos profissionais na interpretação e aplicação
da lei e outras Escrituras do Velho Testamento. Com a multiplicação das tradições orais e a introdução
de um sistema de interpretação e exposição das Escrituras, passo a passo os Escribas foram levados a
conclusões, que teriam horrorizado os primeiros representantes da ordem. A relação entre a lei moral e
cerimonial foi esquecida e invertida. O estudo das Escritura em si tornou-se uma obsessão para com as
minúcias, até nas sílabas e letras, sendo que a idolatria da letra destruia a reverência em que ela tivera
origem. Por isso Jesus Cristo condenou essa super-veneração da “tradição” dos homens(Mc 7:7-8).

Os Essênios

Os essênios eram uma comunidade a parte. viviam isolados em suas propriedades,


rabalhando no campo ou em serviços úteis, mas rejeitando o comércio como um estímulo à cobiça. Os
mais stritos renunciavam até ao casamento. Eram exclusivistas, ascetico e místicos. Eram escravos da
forma. Sua liberdade mística com a Palavra escrita não lhes proporcionou liberdade espiritual.

Os Saduceus

Membros de um partido oposto aos fariseus. Pessoas moralistas, negavam tudo o que é
sobrenatural (At 23:8). Doutrinas principais : aceitavam somente a lei escrita, pentateuco ; negavam a
providência de Deus ; a alma não existe; o corpo não ressuscitará; interpretavam literalmente o Velho
Testamento ; não existem os anjos ; não há céu nem inferno, nem demônios. Eram materialistas
consumados. O partido nasceu durante o cativeiro babilônico, por parte de um grupo de judeus liberais
na guarda da Lei e contra os quais os fariseus, zelosos da Lei, levantaram-se.

Os Herodianos

Formavam mais um partido político do que religioso. Eram inimigos dos fariseus, bem
como dos judeus de modo geral. Mas uniram-se àqueles no episódio do tributo, a fim de pressionar
Jesus (Mt 22:15-22). Não tinham alguma doutrina peculiar, mas era injustos e hipócritas. Isso
constituia uma influência nefasta que o Senhor Jesus chamou de “fermento dos fariseus” (Mc 8:15).
Nasceram com Herodes o Grande.

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Os Zelotes

Pregavam que a lei devia ser guardada, mesmo pela força da espada. Eles eram violentos,
cruéis, sanguinários. Quando tinham oportunidade, matavam até mesmo a judeus que pagassem tributo
a César. Odiavam mortalmente os romanos. Eles foram os responsáveis pela destruição de Jerusalém,
no ano 70 dC. Quanto a doutrina seguiam o judaísmo em geral. Alguns acham que Simão (Mt 10:1-4)
era Zelote. Naturalmente antes da sua conversão.

Os Publicanos

Não constituiam algum partido político e, muito menos, religioso. Os Publicanos, devido à
natureza de seu trabalho, eram tidos como traidores da pária e odiados pelos judeus. Eram reputados
pecadores, no mesmo nível das meretrizes (Mt 9:10; 21; 31- Mc 2:15). Jesus salvou a Mateus, um
publicano e fez dele um apóstolo (Mt 9:9). Também comeu com publicanos; salvou o publicano
Zaqueu (Lc 19:1-10) e se mostrou amigável para com os publicanos (Lc 6:12-13). Os publicanos eram
desprezados pelos judeus, porque o governo romano os encarregava de receber os impostos e os
direitos de alfândega.

Os Samaritanos

Não pertenciam ao povo judeu e nem residiam dentro dos termos de Israel. Os Samaritanos
eram colonos de raça estranha, estabelecidos ali pelos assírios (700 anos antes, II Reis 17 :24-31 e
Ed 4: 1; 9; 10). Aceitavam o pentateuco e adotavam em parte, a religião judaica. Esperavam que o
Messias fizesse de Samaria não de Jerusalém, a sede do seu governo. Os Samaritanos odiavam os
judeus de Jerusalém.

Capítulo V

OS QUATRO EVANGELHOS
A primeira pergunta que surge, antes de começar o estudo dos Evangelhos é : por que há
quatro Evangelhos, especialmente quando os três primeiros parecem abranger quase o mesmo
assunto? Um só não seria melhor?
A primeira resposta é porque Deus assim o quis. Mas, podemos acrescentar que existem razões
claras para Deus ter feito isso.
Nos tempos apostólicos, existiam quatro classes representativas do povo: judeus, romanos, gregos e
um corpo tomado das três classes, a igreja. Cada um dos evangelistas escreveu para uma dessas
classes, adaptando-se ao seu caráter, às suas necessidades e ideais.
Mateus, sabendo que os judeus aguardavam ansiosos a vinda do Messias prometido no Antigo
Testamento, apresenta Jesus como o Messias.
Lucas escrevendo para um povo culto, os gregos, cujo ideal era o homem perfeito, faz com que o
seu livro focalizasse a pessoa de Cristo como a expressão desse ideal.
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Marcos escreveu aos romanos, um povo cujo ideal era o poder e o serviço, e ele descreveu Cristo
como o Conquistador Poderoso.
João tinha em mente as necessidades dos cristãos de todas as nações e assim apresenta as verdades
mais profundas do Evangelho, entre as quais mencionamos os ensinos acerca da divindade de Cristo
e do Espírito Santo.
Outro aspecto que chama a nossa atenção é o fato que Mateus, Marcos e Lucas cobrem
quase o mesmo terreno e João trata em sua maior parte de matéria não mencionada por eles. João
não repete, senão, num só caso, os milagres narrados nos Evangelhos sinóticos e esse único é o da
multiplicação dos pães; embora seja apresentado de modo mais completo no que diz respeito à
significação do próprio milagre (João 6).
Os primeiros três Evangelhos são chamados sinóticos, porque fornecem um vista geral dos
mesmos acontecimentos e tem um plano comum. Enquanto que o Evangelho de João foi escrito em
base inteiramente diferente dos outros três.
Os quatro livros do Evangelho revelam o tríplice ministério de Cristo: Profeta, Sacerdote e
Rei. Como Profeta Ele cumpriu o que vaticinou Moisés (Dt. 18:15-22). Como Sacerdote, Cristo
tornou-se o próprio sacrifício, quando passou pela morte na cruz. Como Rei, toda a escritura
testemunha que Ele possui um reino que jamais terá fim.
Evangelho quer dizer “boas-novas”. As boas-novas a respeito de Jesus Cristo, o Filho de
Deus, que nos são apresentadas pelos quatro autores Mateus, Marcos, Lucas e João. Quando
falamos do Evangelho de Lucas, devemos compreender que se trata das boas-novas de Jesus Cristo
conforme foram registradas por Lucas. Originalmente essas boas-novas eram transmitidas pela
palavra falada.
Depois de algum tempo fez-se necessário um registro escrito. Lucas diz: “Visto que muitos têm
empreendido fazer uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram, segundo no-los
transmitiram os que desde o princípio foram testemunhas oculares e ministros da palavra, também
a mim, depois de haver investido tudo cuidadosamente desde o começo, pareceu-me bem, ó
excelentíssimo Teófilo, escrever-te uma narração em ordem, para que conheças plenamente a
verdade das coisas em que foste instruído” (Lc. 1:1-4). Há somente um evangelho, apresentado de
quatro maneiras. Quatro retratos de Cristo são focalizados. Eles apresentam uma Personalidade,
mais do que a história conjunta de uma vida.

Capítulo VI

O EVANGELHO SEGUNDO MATEUS

INTRODUÇÃO

Mateus liga-nos com o Antigo Testamento. Em cada página ele procura relacionar o
Evangelho com os profetas e mostrar que todos os ensinos estão se cumprindo na pessoa e no reino
de Jesus Cristo. É difícil avaliar como é grande a transição do antigo para o novo. Parecia ao judeu
que ele tinha de abandonar sua tradição e ortodoxia e aceitar outra crença. Mateus, em seu
Evangelho, e Paulo, especialmente em Gálatas, mostram aos cristãos judeus que eles não estavam
renunciando à sua antiga fé, mas apenas abandonando símbolos e rituais em troca da substância
real.
Mateus conhecia bem a história e os costumes judaicos. Nas sete parábolas do capítulo 13 ele fala
sobre agricultura, pesca e hábitos caseiros do seu povo. Sabia que essas referências provocariam
uma reação favorável no povo judeu.
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Em Mateus achamos a genealogia do Rei; seu nascimento em Belém, a cidade de Davi, de acordo
com a profecia de Miquéias (Mq. 5:2); a vinda do percursor, João Batista, predito por Malaquias
(Ml. 3:1); o ministério do Rei; sua rejeição por Israel; e a promessa da sua volta em poder e glória.

O AUTOR

Embora o autor não apareça identificado por nome no texto bíblico, o testemunho unânime
de todos os antigos pais da igreja (a partir de cerca de 130 d.C.) é que este Evangelho foi escrito por
Mateus, um dos doze discípulos de Jesus. Mateus, que quer dizer “dádiva de Deus”, era cobrador de
impostos em Cafarnaum, para os romanos, quando Jesus o escolheu como um dos doze discípulos.
Ele era filho de Alfeu(marcos 2:14;Lucas 5:27). Seu nome aparece em todas as relações dos doze,
ainda que Marcos e Lucas dêem seu outro nome, Levi. A única menção que o autor faz a seu
respeito é chamar-se de “publicano”, termo pejorativo na época. Os outros evangelistas falam da
grande festa que ele deu para Jesus e registram o fato significativo de ele ter deixado tudo para
seguir o Mestre. Ele era, sem dúvida, um homem de recursos.
Mateus teria escrito o Evangelho, principalmente em aramaico, para os judeus da
Palestina, e depois, teria traduzido para o grego, visando os judeus helenistas. Não se sabe ao certo
quando esse Evangelho foi escrito. Dizem que foi escrito entre 45-66 d.C. Diz-se que Mateus,
depois da Ascensão de Jesus, pregou na Palestina pelo espaço de 15 anos. Viajou dali para outros
países, e, conforme a tradição histórica, morreu como mártir na Etiópia.

O TEMA DO LIVRO

O tema do livro de Mateus, se encontra em Mateus 27:37b: “ESTE É JESUS, O REI DOS
JUDEUS”. O objetivo especial de Mateus é mostrar aos judeus que Jesus é o tão esperado Messias,
o Filho de Davi, e que sua vida é o cumprimento das profecias do Antigo Testamento. O propósito é
dado no primeiro capítulo: Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão. Esta
declaração une Cristo às alianças que Deus fez com Davi e Abraão. A aliança de Deus com Davi
consistia na promessa de um Rei que se assentaria no seu trono para sempre (II Sm. 7:8-13).
A aliança de Deus com Abraão prometia que através dele todas as famílias da terra seriam
abençoadas (Gn.12:3). O filho de Davi seria Rei. O filho de Abraão seria Sacrifício. Mateus começa
com o nascimento de um Rei e termina com o oferecimento de um Sacrifício.

Desde o princípio Jesus está ligado à nação judaica. Mateus procura convencer aos judeus
de que Jesus era o cumprimento de todas as profecias feitas a respeito do seu Messias prometido.
Mais do que qualquer dos outros Evangelhos, ele cita com freqüência o AntigoTestamento.
Aparecem vinte e nove citações. Em dezesseis delas ele diz que o acontecimento se deu para que se
cumprisse o que fora dito pelo profeta. A idéia predominante neste Evangelho é a de Jesus como
Rei. Já no primeiro capítulo vemos Jesus como descendente de Davi. O título “Filho de Davi”,
aparece em vários lugares no livro. Os magos do Oriente vieram à procura do “rei dos judeus”
(2:2); a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém era para muitos a entrada triunfal de um rei
(21:1-11); até perante Pilatos vemos a anunciação de Jesus, como o Rei dos judeus (27:11).

O ADVENTO DO REI (Mt. 1 e 2)

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Mateus quebra o silêncio de 400 anos entre a profecia de Malaquias e o anúncio do


nascimento de Jesus. Israel estava sob o domínio do Império Romano. Ninguém da “casa de Davi”
tinha sentado no trono por mais de 600 anos.
Herodes não era rei de Israel, mas governador da Judéia, nomeado pelo imperador de Roma. O
homem que na realidade tinha direito ao trono da casa de Davi era José, o carpinteiro que se tornara
marido de Maria. Veja a genealogia de José em Mateus 1, e observe especialmente um nome,
Jeconias, no versículo 11. Se José tivesse sido pai de Jesus segundo a carne, Jesus nunca poderia ter
ocupado o trono, porque a Palavra de Deus teria barrado o caminho. Houve uma maldição sobre
essa linhagem real desde os dias de Jeconias. Em Jeremias 22:30 lemos: “Assim diz o Senhor:
Registrai este como se não tivera filhos; homem que não prosperará nos seus dias; pois nenhum da
sua linhagem prosperará para assentar-se sobre o trono de Davi e reinar daqui em diante em
Judá”. José estava na linhagem dessa maldição. Portanto, se Cristo tivesse sido filho de José, ele
não poderia ter assentado no trono de Davi. Mas encontramos outra genealogia em Lucas 3. Esta é a
linhagem de Maria, traçada até Davi, através de Natã, e não de Jeconias (Lc.3:31). Não havia
maldição nessa linhagem. A Maria, Deus disse: “Não temas, Maria; pois achaste graça diante de
Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus. Este será grande e
será chamado filho do Altíssimo; o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi seu pai; e reinará
eternamente sobre a casa de Jacó, e o seu reino não terá fim” (Lc. 1:30-33).
Mateus é o Evangelho do Messias, o Ungido de Deus. O propósito principal do Espírito Santo,
neste livro, é mostrar que Jesus de Nazaré é o Messias predito, o Libertador, de quem Moisés e os
profetas escreveram: Cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade (Mq.
5:2). Ele é o menino que estava para nascer, o filho que seria dado, de quem Isaías fala e que seria
chamado Maravilhoso,Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz (Is. 9:6).
Todos os mapas do mundo e todos os calendários indicam o lugar e o tempo de nascimento de
Cristo. Ele nasceu em Belém da Judéia (Mq.5:2; Mt. 2:1), nos dias do rei Herodes. A história do
Seu nascimento em Mateus difere do Evangelho de Lucas. Elas se complementam. Ainda que muita
coisa não tenha sido registrada, Deus contou-nos tudo o que precisávamos saber. A vida terrena de
Jesus começou numa estrebaria. Sua família era de condição humilde. Mas, Jesus teve um arcanjo
por arauto, a saudação de um coro de anjos, e, os mais sábios filósofos do mundo o adoraram!

RESUMO DO EVANGELHO DE MATEUS

Uma única mensagem atravessa este Evangelho, Jesus Cristo, Rei dos judeus.
Em Mateus 1, Ele apresenta Suas credenciais genealógicas de Rei. Em Mateus 2, o Menino Rei
recebe a homenagem dos sábios do Oriente, suscitando a inveja de outro monarca, Herodes.
Mateus 3 apresenta-nos João Batista, o mensageiro e precursor do Rei. Em Mateus 4, o próprio
Jesus Cristo anuncia a iminência de Seu reino. Os capítulos 5-7, revela os princípios fundamentais
desse reino “ O sermão da montanha”. Os capítulos seguintes 8 e 9 demonstram que esse reino de
Deus “ não consiste em palavras, mas em poder” (1 Coríntios 4 : 20); eles relatam uma sucessão de
milagres messiânicos. Os capítulos 10 - 12 descrevem-nos a missão dos enviados do Rei, o
assassinato de Seu precursor, e a decisão tomada pelas autoridades eclesiásticas de rejeitar o seu
Rei. Mateus 13 traz as parábolas do reino dos céus. Os capítulos 14 a 16 narram as circunstâncias
da rejeição do Messias. Esse tema é ainda mais salientado nos capítulos seguintes (17 a 23), em que
Jesus Cristo sobe a Jerusalém; Ele entra em Sua cidade como Rei, montado em um jumentinho ( 21:
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59). É aclamado pela multidão, mas proscrito pelos chefes religiosos que, cheios de inveja,
planejam matá-Lo ( 21: 46 ; 26 : 3-5). Depois, dois capítulos proféticos ( 24 e 25) deixam entrever
as circunstâncias que precedem a vinda de Cristo e Seu reino de glória aqui na terra. O final do
Evangelho (26 a 28 ) é inteiramente dedicado à paixão do Rei do judeus, pregado na Cruz do
Gólgota ( 27 : 32- 37), e à Sua ressurreição dentre os mortos.

Capítulo VII

O EVANGELHO SEGUNDO MARCOS

INTRODUÇÃO

Livro de Marcos é o menor dos quatro Evangelhos. Muitos historiadores acham que o
livro foi o primeiro a ser escrito. Marcos é considerado o mais cronológico dos Evangelhos. O livro
não inclui o nascimento e os primeiros anos de Jesus e nada escreve acerca do ministério de João
Batista.
Há uma aceitação geral de que o Evangelho de Marcos foi escrito para leitores romanos. O
romano carateriza-se por um espírito prático, consequentemente sua religião era prática. Era
indiferente a genealogias e cumprimentos de profecias. Não tinha interesse por dogmas judaicos.
Marcos é bem diferente de Mateus, tanto em sua natureza como em seu propósito. Marcos tem 16
capítulos, e só registra quatro parábolas; apresenta Jesus como o Servo Jeová, humilde mas perfeito.
O livro de Marcos é um livro cronológico, em que os eventos nele registrados seguem uma certa
ordem. Marcos não escreveu uma biografia ou história completa da vida de Jesus, mas destaca as
fases principais, em torno das quais ocorre o ministério de Jesus.

O AUTOR

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João, cujo sobrenome era Marcos, é o autor. João é seu nome judaico e Marcos é seu nome
romano. Era filho de Maria e primo de Barnabé; e, provavelmente, natural de Jerusalém. Dizem que
este livro foi escrito entre 61-67 d.C., e segundo a história que foi em Roma. É possível que a casa
de Marcos tenha sido o local onde Jesus e os doze realizaram a última Ceia. Marcos não foi um dos
doze discípulos de Jesus. Ele foi discípulo de Pedro e registrou as pregações desse apóstolo. Pedro
foi instrumento da sua conversão e afetuosamente o trata de “meu filho” (I Pe. 5:13). Percebe-se a
influência de Pedro neste Evangelho. Marcos acompanhou Paulo e Barnabé a Antioquia, e foi causa
de desavença entre eles (At. 12:25; 13:5). Nessa ocasião deixou-os, talvez devido a dificuldades
surgidas (Cl. 4:10,11; II Tm. 4:11)

O TEMA DO LIVRO

Em Marcos 10:45 encontramos o objetivo do autor ao escrever o seu Evangelho: “Pois


também o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em
resgate de muitos”. Ao contrário de Mateus, Marcos não estava procurando provar certas
declarações e profecias a respeito de Jesus. Seu único objetivo foi narrar claramente determinados
fatos a respeito de Jesus; seus atos mais do que suas palavras. Ele prova que Jesus é o Filho de
Deus, não por declarar que ele veio à terra, mas mostrando o que Ele realizou durante a sua breve
carreira terrena e como sua vinda transformou o mundo. Como o Evangelho de Marcos salienta
Jesus como Servo, são omitido alguns detalhes. Observemos algumas dessas omissões:
- Não há nada sobre o nascimento de Jesus. Ninguém se interessa pela genealogia de um servo.
- Não se menciona a visita dos magos. Um servo não recebe homenagens.
- Não aparece o Sermão do Monte. Um servo não tem reino nem elabora leis.
- Não se usam títulos divinos. Nunca se fala dele como Rei, a não ser em tom de zombaria. Mateus
diz: Ele será chamado pelo nome de Emanuel - Deus conosco. Marcos o chama de “Mestre”.
- Não há introdução em Marcos. O versículo inicial de Marcos diz:Evangelho de Jesus Cristo.

Uma das coisas que nos impressiona em Marcos é a sua brevidade, é o mais curto dos evangelhos,
com apenas 16 capítulos (Mateus tem 28 capítulos). Em Marcos registramos apenas quatro
parábolas. Os milagres têm lugar saliente em Marcos como as parábolas em Mateus. O servo
trabalha, o rei fala.

Os versículos iniciais do livro de Marcos preparam o caminho para a chegada do Servo.


Este Evangelho começa com João preparando o povo para a vinda do Messias. A vinda de João
ocorreu em cumprimento de uma profecia messiânica: conforme está escrito na profecia (Mc. 1:2).
Este homem estranho surge no cenário, de modo quase sensacional, vestido de pelos de camelo e
com um cinto de couro, alimentando-se de gafanhotos e mel silvestre. A mensagem de João Batista
era tão surpreendente quanto o seu aspecto. Precedendo o seu Monarca, como qualquer oficial
romano ordenando que as estradas fossem consertadas e os caminhos fossem reconstruídos, ele
anunciava: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.

O livro de Marcos não fala dos primeiros trinta anos da vida de Jesus, mas esses anos
todos foram necessários à sua preparação humana para a obra da sua vida. Ele cresceu em contato
com o trabalho diário. Lutou, como Jacó, com os problemas da vida. Travou muitas batalhas na
arena do coração. Meditou sobre as necessidades da sua nação e sentiu profundamente por ela.
Jesus passou trinta anos na obscuridade em Nazaré, antes de iniciar seu ministério público de três
anos.

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Os milagres de Jesus eram prova da sua missão divina. Mostravam que Ele era o
prometido Redentor e Rei, aquele de quem todos precisamos. Porque Jesus era Deus, os milagres
eram tão naturais para Ele como uma ação qualquer para nós. Por meio deles Jesus infundia fé em
muitos dos que o viam e ouviam. O Servo aparece sempre trabalhando. É necessário que façamos
as obras daquele que me enviou enquanto é dia, são Suas palavras.

Depois que o Servo deu a vida em resgate de muitos, Ele ressuscitou dos mortos. Sua
missão estava agora quase completa! Jesus, após a sua ressurreição, aparece aos discípulos para dar
instruções e incumbindo-lhes da Grande Comissão.

Podemos observar que em Mateus, Jesus inicia suas instruções com as seguintes palavras:
Toda autoridade me foi dada no céu e na terra,pois ouvimos um rei falando. Em Marcos, Jesus está
na posição de Servo. Ele diz: “Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura. Quem
crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. E estes sinais acompanharão
aos que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes;
e se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os
enfermos, e estes serão curados” (Mc. 16:15-18).Após Jesus lhes passar as instruções, é recebido
no céu para sentar-se à destra de Deus (Mc. 16:19). Aquele que tomou sobre si a forma de servo, é
agora exaltado sobremaneira.

Capítulo VIII

O EVANGELHO SEGUNDO LUCAS


INTRODUÇÃO

O Evangelho do Filho do Homem. O Evangelho de Lucas trata da humanidade de nosso


Senhor. Revela o Salvador como homem, com toda a sua compaixão, seus sentimentos e poderes
crescentes. Neste Evangelho vemos o Deus da glória descer ao nosso nível, assumir nossas
condições e sujeitar-se às nossas circunstâncias. É o Evangelho da varonilidade de Jesus. As
palavras do anjo a Maria: O ente santo que há de nascer (Lc. 1:35) referem-se à humanidade de
nosso Senhor, em contraste com a nossa. Nossa natureza humana é impura (Is. 64:6), mas o Filho de
Deus, quando encarnou, era “santo”.
O Evangelho de Lucas é um dos livros mais belos e fascinantes do mundo. De fato, o terceiro
Evangelho se distingue pelo seu estilo literário, pelo seu vocabulário e uso que faz do grego,
considerado pelos eruditos como o mais refinado do Novo Testamento. Mas a sua maior beleza está
em narrar a história da salvação (Lc 19.10). O autor procura mostrar, sempre de forma bem
documentada, que o plano de Deus em salvar a humanidade, revelado através da história,
cumpriu-se cabalmente em Cristo quando Ele se deu como sacrifício expiador pelos pecadores (Jo
10.11). Deus continua sendo Senhor da história e o advento do Messias para estabelecer o seu Reino
é a prova disso. Lucas mostra que é através do Espírito Santo, primeiramente operando no
ministério de Jesus e, posteriormente na Igreja, que esse propósito se efetiva.

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O AUTOR

O autor do terceiro Evangelho é o médico chamado Lucas, companheiro de Paulo (At.


16:10-24; II Tm. 4:11; Cl. 4:14). Era natural da Síria, da cidade de Antioquia - um gentio. É o único
escritor gentio do Novo Testamento. Lucas era um homem culto e observador perspicaz. O seu
estilo é elegante e o vocabulário é rico. Escreveu também o livro de Atos. Este livro foi escrito
cerca de 60 d.C. Lucas, que notara o grande crescimento do Evangelho na Ásia Menor (At. 19:10),
viu a necessidade de uma descrição correta da vida e morte de Cristo. A sua organização é em parte
cronológica. Na sua narrativa há cinco poemas, vinte milagres e trinta e duas parábolas. O
Evangelho de Lucas foi endereçado a Teófilo, um gentio, que buscava saber mais sobre as
boas-novas. Esse livro foi escrito para os gregos. Além do judeu e do romano, o grego também
estava se
preparando para a vinda de Jesus. O grego era diferente em muitos aspectos. Possuía cultura mais
ampla, amava o belo, a retórica e a filosofia. Lucas explica os costumes e maneiras judaicas, através
de palavras gentias em vez de palavras judaicas, como por exemplo: mestre e não rabino; advogado,
e não escriba.
Lucas inicia seu Evangelho com uma declaração especial: ele mesmo havia se ‘informado
minuciosamente de tudo [sobre a vida de Jesus] desde o princípio’ (1.1-4). Dessa forma, o
Evangelho de Lucas é um relatório cuidadoso e historicamente exato do nascimento, ministério,
morte e ressurreição de Jesus. Contudo, ao lermos Lucas percebemos que a sua obra não é uma
repetição monótona das datas e ações. A escrita de Lucas é vívida, nos atraindo para dentro dos
eventos que ele descreve. A escrita de Lucas também exibe uma fervorosa sensibilidade quanto aos
detalhes pessoais íntimos”

O TEMA DO LIVRO

Lucas escreve aos gentios, apresentando Jesus como o Homem perfeito. Lucas 19:10,
encerra o tema: “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o perdido”. É uma apresentação de
Jesus como o Salvador de todos os pecadores. O autor, no seu estilo polido e poético, registra
importantes acontecimentos anteriores ao nascimento de Jesus. E também nos dá informações
minuciosas quanto ao nascimento miraculoso de Jesus. Lucas escreveu este Evangelho aos gentios
para proporcionar-lhes um registro completo e exato de “tudo que Jesus começou, não só a fazer,
mas a ensinar, até o dia que foi recebido em cima” (At. 1:1b, 2a). Escrevendo sob a inspiração do
Espírito Santo, sua intenção foi transmitir a Teófilo e outros convertidos e interessados gentios, com
certeza, a plena verdade sobre o que já tinham sido oralmente falado. Lucas é o Evangelho dos
desprezados. É ele quem nos conta do bom samaritano, do publicano, do filho pródigo etc. É o autor
que mais tem o que dizer sobre a mulher (cap. 1,2). Fala mais das orações de nosso Senhor que
qualquer outro Evangelho.

AS PARÁBOLAS NO EVANGELHO DE LUCAS


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Trinta e duas parábolas estão presentes no livro de Lucas. Veremos aqui algumas delas,
principalmente as que não foram mencionadas nos Evangelhos de Mateus e Marcos.
A Parábola do Credor e dos Devedores (Lc. 7:40-43) - Ensina que o perdão do pecador tem
origem no imensurável amor de Deus.
A Parábola do Bom Samaritano (Lc. 10:25-37) - Ilustra a verdadeira operação do amor. “Quem é
o próximo?” perguntara o doutor a lei. E a resposta é que todos os homens são próximos,
independente de raça, religião ou caráter.
A Parábola do Amigo Importuno (Lc. 11:5-13) - Ensina sobre a necessidade do bom
relacionamento entre o que pede e o que dá. A parábola destaca a importância da persistência, da
perseverança, pois isto valoriza o que pedimos e dá maior substância à nossa fé em Deus.
A Parábola do Rico Insensato (Lc. 12: 13-21) - Jesus mostra que não está tão preocupado com os
nossos interesses materiais. O valor de uma vida consiste no que ela é, e não no que ela tem ou não
tem. A Parábola do Servo Vigilante (Lc. 12: 35 -48) - Ensina que a atitude do crente deve ser de
serviço, testemunho e vigilância.
A Parábola da Figueira Estéril (Lc. 13: 6-9) - Refere-se a Israel. Por três anos Israel foi o objeto
de atenção de Jesus. Essa parábola nos ensina que Deus é paciente e cultiva a esperança ainda que
as perspectivas de fruto sejam poucas.
A Parábola dos Primeiros Assentos e dos Convidados (Lc. 14: 7-
14) - Ensina sobre humildade. Aqueles que se exaltam nesta vida serão humilhados no futuro no
reino dos céus.
A Parábola da Grande Ceia (Lc. 14: 12-14) - Essa parábola se refere ao povo de Israel. Os
primeiros convidados foram eles para participarem da Grande Ceia, mas como escusaram ao
convite, Jesus estendeu o convite aos pobres e aleijados, cegos e coxos.
A Parábola Acerca da Providência (Lc. 14: 25-35) - Ensina que não se serve a Cristo
verdadeiramente se não houver disposição e propósito para renunciar a tudo o que for preciso; que o
cristão, deve ter um bom testemunho; que em tudo Jesus seja o primeiro .

As Parábolas da Ovelha Perdida, da Moeda Perdida e do Filho


Pródigo (Lc. 15) - Revelam que Deus é aquele que, no seu amor, busca a pessoa perdida para
salvá-la. A primeira fala da miséria do perdido; A segunda, da sua insensibilidade; e a terceira, do
seu remorso.
A Parábola do Mordomo Infiel (Lc. 16: 1-13) - Ensina que os incrédulos têm muito interesse nas
coisas materiais para promover seus próprios interesses e bem-estar. Por outro lado, os crentes
freqüentemente não têm uma mentalidade celestial para usar seus bens terrenos para promover seus
interesses espirituais e celestiais.
A Parábola do Rico e Lázaro (Lc. 16:19-31) - Ensina que aquele que leva uma vida egocêntrica e
longe de Deus, terá na outra vida um grande abismo entre ele e o céu.
A Parábola do Juiz Iníquo (Lc. 18:1-4) - Ensina que devemos ser persistentes na oração.
A Parábola do Fariseu e do Publicano (Lc. 18:9-14) - Ensina que devemos ter um coração
humilde, e reconhecer que somos pecadores, pois assim fazendo somos justificados pela graça do
Senhor.

Lucas começa com uma simples história terrena: Nos dias de Herodes, rei da Judéia,
houve um sacerdote. Com o desenrolar da história, aparecem expressões de afeição e simpatia
humana que nenhum dos outros Evangelhos apresenta. Nele consta as circunstâncias que cercaram
o nascimento e a infância de Jesus e do que fora enviado como seu precursor. O nascimento de João

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Batista (1:57-80), o cântico dos anjos aos pastores (2:8-20), a circuncisão (2:21), a apresentação no
templo (2:22-38) e a história do menino Jesus com doze anos (2:41-52), são todos apresentados por
Lucas. Lucas relata que naqueles dias foi publicado um decreto de César Augusto, convocando toda
a população do império para recensear-se (Lc. 2:1-3).Vem depois um fato que nunca
encontraríamos em Mateus: que José e Maria subiram para se alistar como os demais cada um à
sua cidade. Deus cumpre o que os profetas haviam dito. Miquéias dissera que Belém seria o lugar
de nascimento de Jesus (Mq. 5:2-5), porque Ele pertencia à família de Davi. Maria, porém, vivia em
Nazaré, que ficava a uns cento e sessenta quilômetros de Belém. Mas, Deus fez com que Roma
baixasse um decreto que obrigava Maria e José irem a Belém, exatamente quando a criança estava
para nascer. Ouvimos a mensagem dos anjos aos pastores em vigília, mas não vemos os reis do
Oriente indagando sobre o recém-nascido Rei dos Judeus. O anjo diz aos humildes pastores: Eis que
vos trago boa nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu na
cidade de Davi, o Salvador (Não o Rei) (Lc. 2:10-12).
Os versículos 25 a 38, do capítulo 2, relatam as profecias de Simeão e Ana - dois santos anciãos,
que aguardavam a chegada do Messias. O Espírito Santo tinha prometido a Simeão que ele não
morreria antes de ver a Jesus, e assim se cumpriu. E Ana na sua velhice teve o privilégio de ver o
Salvador. Ainda no capítulo 2, temos informações sobre Jesus ainda criança. Crescia o menino... e a
graça de Deus estava sobre ele (v. 40). Como menino, Jesus se desenvolveu naturalmente (Lc.
2.40-52). Como criança era sujeito a José e Maria (Lc. 2:51). Não há nenhum registro de um
crescimento sobrenatural. Só Lucas conta que aos doze anos, Jesus subiu a Jerusalém com os pais
para a festa, como todo menino judeu fazia nessa idade. E regressando Maria e José para a sua
cidade, não perceberam que o menino tinha permanecido em Jerusalém. E, como não o
encontraram, retornaram a cidade. Eles o acharam assentado no meio dos mestre, ouvindo-os e
interrogando-os. E todos os que o ouviam admiravam a sua inteligência e respostas. Temos aqui as
primeiras palavras de Jesus registradas: Não sabíeis que me cumpria estar na casa de meu Pai? É o
primeiro auto-testemunho da sua divindade.

A Genealogia
A genealogia de Jesus em Lucas é dada em conexão com o seu batismo e não com seu
nascimento (Lc. 3:23). Em Lucas, temos a sua genealogia pessoal, pelo lado de Maria. Jesus
aparece em conexão com a raça humana; daí sua genealogia ir até Adão, pai da humanidade. Não se
diz que Jesus era filho de José. Lucas usa a expressão: E Era, como se cuidava, filho de José. Em
Mateus 1:16, onde aparece a genealogia de José, vemos que ele era filho de Jacó. Em Lucas, José é
mencionado como filho de Heli. Ele não podia ser filho de dois homens. Observa-se que o registro
não declara que Heli gerou José, daí supor-se que Heli era sogro de José, pai de Maria. A
genealogia por parte de Davi passa por Natã e não por Salomão. Isto também é importante. O
Messias deve ser filho e herdeiro de Davi e sua semente segundo a carne. Daí Maria e José deverem
ser membros da casa de Davi (Lc. 1:32).

O Objetivo da missão de Jesus


“Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías; e abrindo-o, achou o lugar em que estava
escrito: O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos
pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e restauração da vista aos cegos, para pôr
em liberdade os oprimidos, e para proclamar o ano aceitável do Senhor. E fechando o livro,
devolveu-o ao assistente e sentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele” (Lc. 4:
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17-20). Ele escolheu o texto de Isaías 61, que anunciava o objetivo da sua missão na terra. Ele foi
comissionado e enviado por Deus e divinamente qualificado para a sua obra.

A vitório do Filho do Homem (Lc. 24:1-53)


Passamos, com grande alívio, da tristeza e da morte na cruz, da escuridão e do desalento
do túmulo, para o esplendor e a glória da manhã da ressurreição. Lucas dá-nos parte da cena que os
outros não narram. É a história da caminhada a Emaús. Jesus mostra a dois discípulos que como seu
Senhor ressuscitado, Ele é exatamente o mesmo amigo amoroso e compreensivo que tinha sido
antes da sua morte. Depois de caminhar e conversar com eles, os discípulos insistem em que Ele
entre e passe a noite com eles. Jesus se revela quem é, ao levantar as mãos que tinham sido varadas
pelos cravos, para partir o pão. Então eles o reconhecem, e Jesus desaparece. Os dois retornam a
Jerusalém, e lá encontram provas abundantes da Sua ressurreição. Jesus provou que era um ente real
com carne e ossos. Todos esses pormenores pertencem ao Evangelho de Lucas. Jesus, após levantar
Suas mãos para os abençoar, é elevado ao céu (Lc. 24:51). O fato de ter sido “elevado” revela mais
uma vez que ele era homem. Ele já não é um Cristo local, limitado a Jerusalém, mas um Cristo
universal. Ele podia, agora, dizer aos discípulos que se lamentavam, pensando que não mais o
teriam consigo: Eis que estou convosco todos os dias. Como era diferente a esperança e a alegria
desses seguidores escolhidos, do desespero e opróbrio da crucificação, eles voltam a Jerusalém com
grande alegria.

Capítulo IX

O EVANGELHO SEGUNDO JOÃO


INTRODUÇÃO

O Evangelho segundo João é ímpar entre os quatro Evangelhos. Enquanto os Evangelhos


Sinóticos se ocupam mais com o ministério de Jesus na Galiléia, o evangelista João se caracteriza
pelo relato em torno do ministério de Jesus na Judéia e revela mais a fundo o mistério da sua
pessoa. O autor identifica-se como o discípulo “a quem Jesus amava”. Segundo testemunhos muitos
antigos, os presbíteros da igreja da Ásia Menor pediram ao venerável ancião e apóstolo João,
residente em Éfeso, que escrevesse este “Evangelho espiritual” para contestar e refutar uma
perigosa heresia concernente à natureza, pessoa e deidade de Jesus. Este livro foi escrito durante
esse período de propagação das heresias. Setenta anos antes, Jesus fora crucificado. Havia relatos de
influencia do gnosticismo judaico. De acordo com João 20.31, o objetivo do livro é que os seus
leitores creiam que “Jesus é o Cristo, o Filho de Deus.” A igreja agora era um organismo e os
líderes estavam formulando dogmas, credos e doutrinas, mas alguns deles pregavam heresias. O
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Evangelho de João combateu tais ensinamentos falsos. Ainda hoje, esse Evangelho continua sendo
para a igreja uma grandiosa exposição teológica da “Verdade”, como a temos personalizada em
Jesus.

O AUTOR
O autor foi João, filho de Zebedeu, irmão de Tiago, um pescador. Sua mãe era Salomé,
devotada seguidora do Senhor. Cresceu na cidade de Betsaida, perto da Galiléia. João, bem como
seu irmão Tiago, receberam o nome de Boanerges(MC 3.17), que quer dizer “filhos do trovão”.
João escreveu para os crentes, para a igreja em geral. Usou um vocabulário simples, um
estilo hebraico, mas escreveu na língua grega. Ele escreveu quase uma geração depois dos outros
evangelistas, entre os anos 80 e 100 A.D., no fim do primeiro século, quando todo o restante do
Novo testamento já estava completo. A vida e a obra de Jesus já eram bem conhecidas nessa época.
O Evangelho havia sido pregado; Paulo e Pedro tinham sido martirizados e todos os apóstolos
haviam morrido; Jerusalém fora destruída pelas legiões romanas sob o comando de Tito em 70 A.D.
João devia ter uns 25 anos quando Jesus o chamou. Tinha sido seguidor de João Batista. No
governo de Domiciano, João, o discípulo, foi exilado para a ilha de Patmos, porém mais tarde
voltou a Éfeso e se tornou pastor. Viveu naquela cidade até idade avançada, sobrevivendo a todos os
apóstolos. Durante esse tempo escreveu o seu Evangelho sobre a divindade de Cristo. João escreveu
cinco livros do Novo Testamento.

TEMA
João escreveu para provar que Jesus era o Cristo, o Messias prometido (para os judeus) e o
Filho de Deus (para os gentios); tinha em mente levar os seus leitores a crer em Jesus afim de que,
crendo, tivessem vida em seu nome. A palavra-chave é crer. Encontra-se, em suas diversas formas,
quase cem vezes no livro. O tema do Evangelho de João é a divindade de Jesus Cristo - “O Verbo
Divino e Eterno se fez carne, a fim de trazer salvação ao homem”. Aqui, mais do que em qualquer
outro lugar, a sua divina filiação é apresentada. Neste Evangelho vemos que “o infante de Belém”
não é outro senão o “unigênito do Pai”. São incontáveis no livro as evidências e provas desse fato.
Apesar de que todas as coisas foram feitas por ele e de que a vida estava nele, todavia, o Verbo se
fez carne e habitou entre nós. Nenhum homem podia ver a Deus, por isso Cristo veio para revelá-lo.
João é o Evangelho da salvação. O seu propósito está revelado no capítulo 20, versículo 31, que diz:
“Para que creiais... e crendo, tenhais vida”.

Comparando os primeiros versículos de João com os outros três Evangelhos, vemos como
é diferente o início e como é elevado o tema. Omitindo o nascimento de Jesus, João começa como o
livro de Gênesis: “No princípio...”. Jesus é apresentado como o Filho de Deus. Nosso Senhor não
teve princípio. Ele é o princípio. Ele é eterno. Cristo era antes de todas as coisas, por conseguinte,
não é parte da criação - ele é o Criador. O Verbo estava com Deus. Ele é uma Pessoa da Divindade.
É chamado “o Verbo”. Ele veio para proclamar Deus. Assim como as palavras expressam o
pensamento, assim Cristo exprime Deus. As palavras revelam o coração e a mente; assim Cristo
expressa, manifesta e mostra Deus. Jesus disse a Filipe: Se vós me tivésseis conhecido, conheceríeis
dele...A vida estava nele, e a vida era a luz dos homens; sim, ele se fez carne, e habitou entre nós.
Estas são as informações completas de que Cristo é o Deus verdadeiro, a Luz do mundo, o
Proclamador de Deus, o Batizador no Espírito Santo.

O vocábulo Verbo é a tradução do grego Logos. Logos revela o Ser cuja existência excede o
tempo. É a preexistência do Filho de Deus, sendo Ele portanto eterno, sem princípio nem fim de
dias. Como referência a Cristo a palavra Logos tem um sentido muito peculiar, apropriado, porque
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n’Ele estão escondidos todos os tesouros da divina sabedoria, os infinitos pensamentos de Deus.
Jesus Cristo é, desde a eternidade. Porém, especialmente em Sua encarnação, estão expressas a
pessoa e o “pensamento” de Deus. (Jo. 1:3-5,9; 14:9-11; Cl. 2:9). Sob a unção do Espírito Santo,
João aplicou a palavra exata - o vocabulário Verbo, único capaz de expressar aos judeus e aos
gregos, a natureza divina e verdadeira de Jesus. “O Verbo estava com Deus”. A preposição com
indica interligação. O Logos identifica-se com Deus - é co-participante da essência e natureza
divina. (Os Evangelhos, EETAD, Pág. 97).

Quando João Batista entra em cena, começa o grande drama do Evangelho de João. Entre
os nascidos de mulher, ninguém apareceu maior do que João Batista, declara Jesus. Ele foi o
precursor do Messias. Neste Evangelho não aparece nenhuma descrição de João Batista. Até o
testemunho de João Batista é diferente no Evangelho de João. Em Mateus, ele fala do reino
vindouro. Em Lucas, prega o arrependimento. Em João, ele dá testemunho da luz, para que todos
creiam (Jo. 1:7). Ele aponta para o “Cordeiro de Deus” (Jo. 1:32-36). Tudo isso é característico
deste Evangelho.

No governo de Domiciano, João foi exilado na ilha de Patmos, porém mais tarde voltou a
Éfeso e se tornou pastor daquela maravilhosa igreja. Viveu naquela cidade até idade avançada,
sobrevivendo a todos os apóstolos. De todos os apóstolos foi João quem desfrutou de maior
intimidade com o Mestre. De todos os apóstolos, foi ele o único que esteve ao pé da cruz para
receber a mensagem do Senhor antes de expiar (Jo 19:25-27). Essa intimidade e comunhão com o
Senhor, juntamente com meio século de experiências, como pastor e evangelista, qualificaram-no
muito em para escrever este evangelho que contém as doutrinas mais espirituais e sublimes
concernentes à pessoa de Cristo. Ele escreveu cinco livros do Novo Testamento e somente Paulo o
excedeu em número de livros escritos.

Capítulo X
Profecias Messiânicas e cumprimentos no Evangelho

Para os escritores dos Evangelhos, uma das principais razões para se crer em Jesus foi o modo
como sua vida cumpriu as profecias do Antigo Testamento relacionadas ao Messias. Na tabela 1, é
apresentada algumas destas profecias.

Tabela 1: Algumas profecias Messiânicas que se cumpriram em Jesus.


Profecias Referências no AT Cumprimento no NT
O Messias nasceria em Belém Miquéias 5:2 Mateus 2:1-6; Lucas 2:1-20
O Messias nasceria de uma virgem Isaías 7:14 Mateus 1:18-25; Lucas 1:26-38
O Messias seria um profeta como Moisés Deuteronômio João 7:40
18:15,18, 19
O Messias entraria em Jerusalém em Zacarias 9:9 Mateus 21:1-9; João 12:12-16
triunfo

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O Messias seria rejeitado pelo seu Isaías 53:1-3; Salmos Mateus 26:3-4; João 12:37-43;
próprio povo 118:22 Atos 4:1-12
O Messias seria traído por um de seus Salmos 41:9 Mateus 26:14-16, 47-50; Lc
seguidores 22:19-23
O Messias seria julgado e condenado Isaías 53:8 Mateus 27:1-2; Lucas 2:1-25
O Messias ficaria em silêncio diante de Isaías 53:7 Mateus 27:12-14; Marcos
seus acusadores 15:3-4; Lucas 23:8-10
O Messias seria espancado e cuspido por Isaías 50:6 Mateus 26:67, 27:30; Marcos
seus inimigos 14:65
O Messias seria escarnecido e insultado Salmos 22:7-8 Mateus27:39-44;Lucas 23:11,35
O Messias morreria crucificado Salmos 22:14, 16, 17 Mateus 27:31;Marcos 15:20,25
O Messias sofreria com criminosos e Isaías 53:12 Mateus 27:38; Marcos
oraria por seus inimigos 15:27-28; Lucas 23:32-34
O Messias receberia vinagre para beber Salmos 69:21 Mateus 27:34; João 19:28-30
Outros lançariam sorte sobre as vestes do Salmos 22:18 Mateus 27:35; João 19:23-24
Messias
Os ossos do Messias não seriam Êxodo 12:46 João 19:31-36
quebrados
O Messias morreria como um sacrifício Isaías 53:5-8, 10-12 João 1:29, 11:49-52; Atos
pelo pecado 10:43, 13:38-39
O Messias ressuscitaria dos mortos Salmos 16:10 Mateus 28:1-10; Atos 2:22-32
O Messias está agora à direita de Deus Salmos 110:1 Marcos 16:19; Lucas 24:50-51

Fonte: Adaptado da Bíblia de Estudo de Aplicação pessoal, CPAD

Capítulo XI
Relação das parábolas de Jesus
I. Parábolas de Ensino
A. Acerca do Reino de Deus
1. O Semeador (Mateus 13:3-8; Marcos 4:4-8; Lucas 8:5-8)
2. O Joio (Mateus 13:24-30)
3. O Grão de Mostarda (Mateus 13:31-32; Marcos 4:30-32; Lucas 13:18-19)
4. O Fermento (Mateus 13:33; Lucas 13:20-21)
5. O Tesouro Escondido (Mateus 13:44)
6. A Pérola de Grande Valor (Mateus 13:45-46)
7. A Rede (Mateus 13:47-50)
8. A Semente que brota e cresce (Marcos 4:26-29)
B. Acerca do Serviço e da Obediência
1. Os trabalhadores na Vinha (Mateus 20:1-6)
2. Os Talentos (Mateus 25:14-30)
3. As Dez Minas (Lucas 19:11-27)
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4. O Senhor e o Servo (Lucas 17:7-10)


C. Acerca da Oração
1. O Amigo Necessitado (Lucas 11:5-8)
2. A Viúva Persistente (Lucas 18:1-8)
D. Acerca do Próximo
1. O Bom Samaritano (Lucas 10:30-37)
E. Acerca da Humildade
1. O Último lugar na festa (Lucas 14:7-11)
2. O Fariseu e o Publicano (Lucas 18:9-14)
F. Acerca da Riqueza
1. O Rico Insensato (Lucas 12:16-21
2. A Grande Ceia (Lucas 14:16-24)
3. 3. O Mordomo infiel (Lucas 16:1-9)

II. Parábolas Relacionadas ao Evangelho


A. Acerca do Amor de Deus
1. A Ovelha perdida (Mateus 18:12-14; Lucas 15:3-7)
2. A Dracma Perdida (Lucas 15:8-10)
3. O Filho Pródigo (Lucas 15:11-32)
B. Acerca da Gratidão
1. O Credor (Lucas 7:41-43)

III. Parábolas sobre o Juízo e o Futuro


A. Acerca da Volta de Cristo
1. As Dez Virgens (Mateus 25:1-13)
2. O Servo Fiel e Prudente (Mateus 24:45-51; Lucas 12:42-48)
B. Acerca dos Valores de Deus
1. OS Dois Filhos (Mateus 21:28-32)
2. Os Lavradores Maus (Mateus 21:33-34; Marcos 12:1-9; Lucas 20:9-16)
3. A Figueira Infrutífera (Lucas 13:6-9)
4. As Bodas (Mateus 22:1-14)
5. O Credor Incompassivo (Mateus 18:23-35)
Capítulo XII
Tabela 2: Milagres realizados por Jesus, descritos nos Evangelhos.
Milagres Mateus Marcos Lucas João
Cinco mil pessoas são 14:15-21 6:35-44 9:12-17 6:5-14
alimentadas
A tempestade é acalmada 8:23-27 4:35-41 8:22-25 -
Demônios são expulsos e entram 8:28-34 5:1-20 8:26-39 -
na manada de porcos
A filha de Jairo é ressuscitada 9:18,23-26 5:22-24, 35-43 8:41,42, 49-56 -
Uma mulher enferma é curada 9:20-22 5:25-34 8:43-48 -
Jesus cura um paralítico 9:1-8 2:1-12 5:17-26 -
Um leproso é curado em 8:1-4 1:40-45 5:12-15 -
Genesaré
A sogra de Pedro é curada 8:14-17 1:29-31 4:38-39 -
Uma mão deformada é restaurada 12:9-13 3:1-5 6:6-10 -

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Um menino com um espírito 17:14-21 9:14-29 9:37-42 -


maligno é curado
Jesus anda sobre as águas 14:22-33 6:45-52 - 6:17-21
O cego Bartimeu tem a visão 20:29-34 10:46-52 18:35-43 -
restaurada
Uma menina é libertada de um 15:21-28 7:24-30 - -
demônio
Quatro mil pessoas são 15:32-38 8:1-9 - -
alimentadas
A figueira e amaldiçoada 21:18-22 11:12-14; - -
20-24
O servo e um Centurião é curado 8:5-13 - 7:1-10 -
Um espírito maligno é expulso - 1:23-27 4:33-36 -
de um homem
Um endemoninhado mudo é 12:22 - 11:14 -
curado
Dois homens cegos recuperam a 9:27-31 - - -
visão

Capítulo XIII

Contribuição dos povos


O cristianismo chegou cumprindo uma série de profecias que anunciava um novo momento
marcado pelo nascimento do Salvador, o Messias. Ele é o alicerce da igreja e o apóstolo Paulo diz
em Gl 4:4 que: “Vindo, porém, a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de
mulher, nascido sob a lei”. O significado da expressão “plenitude dos tempos” seria a culminância
de uma preparação divina para a vinda de Cristo ao mundo. Isto significa que Deus havia preparado
o mundo para a vinda de seu Filho e também para a propagação do evangelho. Três povos
contribuíram para isso:
1. Os Romanos com sua organização político-social
2.  Os Gregos com sua língua e cultura
3.  Os Judeus com sua religião

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1.Contribuição Romana
Os romanos contribuíram para a preparação do cristianismo de três formas: unidade política, paz
romana e insatisfação dos povos conquistados por seus deuses.

1.1. Unidade Política: O império romano serviu para unir os homens sob uma mesma bandeira, um
mesmo governo e uma mesma lei, a lei romana. A aplicação desta lei era imposta diariamente a
todos os cidadãos e súditos do império dado pela justiça imparcial das cortes romanas. Um passo
adicional no estabelecimento da idéia de unidade foi a concessão de cidadania romana aos
não-romanos, dessa forma todos os homens oriundos das mais diversas etnias eram cidadãos de um
único reino. A idéia de todos os povos unificados sob um único reino permitiu a percepção de que a
proposta de salvação era para todos os povos, sem distinção de raça. Assim, todos estavam debaixo
de uma só lei, a Bíblia Sagrada, e sob um só Senhor, Jesus Cristo. Entretanto, esta tendência à
unidade dos romanos também trouxe desvantagem para o cristianismo, pois eles não buscavam
apenas uma unidade política, mas também religiosa, a fim de garantir uma maior uniformidade
entre seus súditos que eram de origens diferentes. E os romanos faziam isso mediante o sincretismo
religioso (mistura indiscriminada de religiões) e o culto ao imperador, iniciado com Otávio Augusto
como um meio de promover a lealdade e a unidade. Devido à característica exclusivista do
cristianismo que se recusava a misturar o mesmo com qualquer outra religião e o fato de adorarem
um único Deus, considerando os demais deuses apenas imagens criadas pelos homens, foi que o
mesmo sofreu intensa perseguição pelo Estado Romano.

1.2. Paz Romana: A divisão do mundo antigo em pequenas cidades-estados ou tribos, enciumados
uns dos outros, impedia a circulação e a propagação de idéias e com a expansão do império romano
ocorreu um grande desenvolvimento nos países ao redor do Mediterrâneo. O domínio do império
romano tornou as guerras entre nações quase impossíveis e também com seu exército poderoso
conseguiu eliminar grande parte dos ladrões e dos piratas que assombravam os viajantes,
permitindo assim uma circulação mais fácil por todo o Mediterrâneo. Os romanos também
construíram excelentes estradas de modo que de todas as partes do império saíam estradas que
davam acesso a Roma. Estas estradas eram bem pavimentadas, possuía boa drenagem e, geralmente
eram patrulhadas por soldados. Todo esse sistema floresceu o comércio e também os caminhos do
evangelho. Pois permitiu que os primeiros cristãos viajassem de um lugar para o outro sem temor de
se verem envoltos em guerras e assaltos. As estradas e as cidades estrategicamente localizadas às
margens destas foram uma ajuda indispensável na concretização da missão de Paulo, sem as
mesmas sua carreira missionária teria sido muito difícil. Além disso, por vezes o cristianismo
chegava a outras regiões, não por meio de missionários ou pregadores, e sim através de mercadores
escravos e de outras pessoas que se viam obrigadas a viajar.

1.3. Perda de fé em seus deuses :Havia na época uma gritante degeneração da moralidade e da
religião e um profundo anelo por redenção que se percebia entre os povos da bacia do
Mediterrâneo. Os povos conquistados por Roma haviam perdido a fé em seus deuses, pois estes não
tinham sido capazes de protegê-los dos romanos. Tais povos foram deixados num vácuo espiritual
que não estava sendo satisfeito pelas religiões de então. E apesar de toda a religiosidade da época
havia o anseio de crer em um Deus verdadeiro, que fosse vencedor.

2. Contribuição Grega
O povo grego também contribuiu para a preparação do mundo através de sua cultura, difundida por
Alexandre à medida que este aumentava seus territórios, e da sua língua que se tornou universal.
Roma governava politicamente os povos da época, mas a mentalidade deles havia sido moldada
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pelos gregos. Foi graças à influência grega que a cultura basicamente rural da antiga república deu
lugar à cultura intelectual do império.

2.1. Uma língua Universal: Uma língua e um mundo era esta a ambição do jovem Alexandre, filho
do rei Filipe da Macedônia. Ele conseguiu realizar muitos de seus planos, pois conquistou grande
parte dos territórios do mundo antigo e fez do pequeno reino que herdara um Império, e estabeleceu
a Grécia como sua nação sede. Em 331 a.C. derrubou o Império Persa e para fundamentar suas
vitórias, estabeleceu o idioma grego como o idioma comum, e a cultura grega como o padrão para o
pensamento e a conduta de vida. Foi através deste idioma universal que os cristãos conseguiram se
comunicar com os povos do mundo antigo, usando inclusive para escrever o Novo Testamento.

2.2. A filosofia grega: A disseminação da filosofia entre os gregos foi outra contribuição para a
propagação do evangelho, uma vez que fez com que um houvesse um enfraquecimento da religião e
dos costumes gregos. Sócrates, Platão e toda a tradição de que ambos faziam parte, haviam
criticado os deuses pagãos, dizendo que era criação humana, e que segundo os mitos clássicos eram
mais perversos do que os seres humanos. Para os gregos os deuses eram bem parecidos com os
humanos, a diferença é que os primeiros eram imortais. Platão, no entanto, falava de um ser
supremo, imutável, perfeito que era a suprema bondade e beleza. Também criam na imortalidade da
alma e, portanto na vida após a morte. Os filósofos gregos também chamaram a atenção para uma
realidade que transcendia o mundo temporal e visível em que viviam. Platão afirmava que além
deste mundo sensível e passageiro havia outro de realidades invisíveis e permanentes. A filosofia
foi positiva, pois levou o homem a pensar em uma realidade além das coisas materiais, a questionar
sua origem, sua função neste mundo e sua vida após a morte, porém falhou na satisfação de suas
necessidades espirituais por não dar uma resposta que saciasse os anseios da alma. Este anseio foi
preenchido pelo cristianismo que trouxe respostas aos questionamentos do homem. A filosofia
também mostrou a incapacidade do homem encontrar Deus através da razão.

3. Contribuição dos Judeus


Os judeus fazem parte do povo que Deus escolheu para si. Eles foram escolhidos para serem os
transmissores da revelação divina a respeito da pessoa de Deus e da Sua soberana vontade, além de
servirem de modelo para as nações à sua volta. Entretanto, eles fracassaram, e por conta do pecado
e da desobediência do povo, Deus permitiu que eles fossem conquistados e levados em cativeiro
para a Babilônia. E a partir daí aos poucos eles foram se espalhando por todo o mundo antigo, e a
este evento dá-se o nome de Grande Dispersão (ou diáspora). Mas à medida que se dispersavam,
onde quer que fossem levavam consigo costumes que faziam com que se destacassem, em meio à
cultura pagã dominante na época. Eles eram monoteístas, enquanto que a religião da época era
politeísta, possuíam a Lei de Deus, o mais puro e elevado sistema ético já visto, e suas esperanças
estavam depositadas no Messias, aquele que viria a ser o salvador dos judeus.

3.1. Monoteísmo:Este termo significa a crença em um único Deus e isso contrastava com a
sociedade da época que era politeísta (crença em vários deuses) e também idólatra. Os judeus não
cultuavam apenas um único Deus, eles criam que só existia um Deus (Dt 4:35,39 e Is 44:6-8),
criador de todas as coisas, santo, e que se relacionava com os homens. Os deuses das demais
religiões eram apenas ídolos cuja adoração havia sido severamente condenada pelos profetas. Ao
contrário dos gregos não buscaram encontrar Deus pela razão humana, apenas criam em sua
existência e lhe prestavam o culto que sentiam lhe dever. Isto está atrelado ao fato de ter sido o
próprio Deus quem se revelou a eles, através de Abraão e dos demais líderes do povo hebreu.

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3.2. A Esperança Messiânica : Os judeus eram detentores de todas as promessas acerca do


Messias, do Salvador que estabeleceria a justiça na terra. Eles aguardavam por um Salvador divino,
mas ansiavam por um Messias libertador. Os diversos povos conquistados por Roma ansiavam por
um Deus vencedor e os judeus não eram diferentes. Suas esperanças estavam depositadas em um
Messias que seria o Filho de Deus e que viria a fim de resgatar o seu povo e ele seria da
descendência do grande Rei Davi. Eles esperavam um guerreiro que os livraria da opressão de
Roma e estabeleceria seu reino na terra. E por causa desta visão deturpada acerca do Salvador, não
puderam aceitar o Senhor Jesus como o Messias. Pois o mesmo não veio falando em guerras, mas
em amor, em ceder a outra face. Era impossível para eles olhar a humildade do Senhor Jesus e crer
que Ele era o Filho de Deus. Não conseguiram compreender que Ele falava de uma salvação muito
maior, de um reino muito mais grandioso. (Jo 1:11-14) .
Assim como os judeus muitas vezes somos imediatistas. Eles não conseguiram ver em Jesus o Filho
de Deus porque só enxergavam o presente e o material. Não entenderam que Deus deseja que
sejamos abençoados enquanto vivemos neste mundo, mas aquilo que tenhamos de mais valor aqui,
ainda será nada perto da grandiosidade que é viver eternamente com Ele, nos céus. O propósito
maior de Deus é e sempre será a nossa salvação e para conseguir tal coisa, Ele nos deu aquilo que
tinha de maior valor que é o seu Filho, para ser maltratado e morto, a fim de que através do seu
sacrifício todos pudéssemos ser resgatados da morte para a vida.

3.3. Sistema Ético : Os judeus tinham o Livro de Deus. Os primeiros cristãos honravam o Antigo
Testamento como sendo a Palavra de Deus e assim também fez o Senhor Jesus, honrando-o e
citando-o em diversos momentos. O AT se tornou a base das doutrinas desenvolvidas no Novo
Testamento. Só mais tarde foi que o NT foi escrito e divulgado, sendo posteriormente incorporado
ao AT e formando a Bíblia Sagrada. Os judeus dividiam o AT em três partes: a Lei, os Escritos e os
Profetas. As Escrituras judaicas eram lidas regularmente nas reuniões de culto dos primeiros
cristãos. Através do AT, o cristianismo impunha uma vida pura e saudável de seus adeptos. Este
elevado padrão contrastava com os sistemas éticos predominantes da época e com a forma corrupta
com os que seguiam tais sistemas os aplicavam na prática. Também evidenciava o mais alto ideal de
vida moral que se conhecia resultante desta sublime concepção de Deus.

3.4. As sinagogas :Desde os tempos do exílio babilônico os judeus haviam perdido seu lugar central
de adoração, o Templo. E as sinagogas surgiram desta necessidade que os exilados sentiam de orar e
se edificarem. Com isso, os judeus de um mesmo lugar passaram a se reunirem para falar das
Escrituras, orar e cantar e a estes lugares foi dado o nome de sinagoga (reunidos juntos). Para que
uma sinagoga fosse formada eram necessários, no mínimo, dez homens e no período interbíblico as
mesmas se multiplicaram por todo o mundo.
Em muitos lugares realizavam trabalhos missionários ativo, ganhando milhares de gentios que
ficaram conhecidos como prosélitos, nome dado aos pagãos que se convertiam a doutrina dos
judeus. As sinagogas contribuíram para a disseminação do judaísmo com sua esperança messiânica.

BIBLIOGRAFIA:

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✧ MANUAL BÍBLICO SBB-Sociedade Bíblica do Brasil - Tadução Laila de Noronha - 2ª Ed.


revisada , 2010.
✧ ENCICLOPÉDIA BÍBLICA ILUSTRADA - SBB - Mike Beaumont , 2012.

✧ ATLAS HSTÓRICO E GEOGRÁFICO DA BÍBLIA - Paul Lawrence, tadução de Suzana


Brasil, Klaussen e Vanderlei Ortigoza, SBB- Sociedade Bíblica do Brasil, 2008.
✧ BÍBLIA DE ESTUDO - Matthew Henry , Editora Central Gospel, 2014.

✧ BÍBLIA DE ESTUDO ALMEIDA - SBB-Sociedade Bíblica do Brasil, 1999

✧ ENCICLOPÉDIA DA VIDA DE JESUS -Louis Claude Fillion , Editora Central Gospel, 2012.

✧ OS EVANGELHOS - INSTITUTO BÍBLICO MARANATA(IBM) - Aldiley Lessa Barboza;


José Roberto Fidelis da Silva; Silvana Valeriano

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