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ENG03003 - Mecânica dos Sólidos I - Turma B - 2011/2

Prof. Jakson Manfredini Vassoler


8 de setembro de 2011

Resumo
Material para o módulo: Relações Constitutivas.

1 Notação
Notação encontrada neste material. Em alguns livros esta pode ser apresentada de modo diferente. Embora
com excessões, reserva-se letras gregas para escalares, letras latinas minúsculas para vetores e letras latinas
maiúsculas para tensores de ordem superior.
1. Constantes elásticas: Módulo de Young (ou módulo de elasticidade longitudinal) E, coeficiente de Poisson
ν, constantes de Lamé λ e µ, módulo de elasticidade transversal G ou µ, e módulo volumétrico κ.

2 Relações constitutivas - Comportamento dos materiais


As relações constitutivas (também chamadas de modelos constitutivos ou modelos do material) relacionam as
tensões com as deformações de uma partícula de um corpo. Os modelos constitutivos são modelos matemático
que são construidos de forma a reproduzir aproximadamente o comportamento mecânico de um material.

2.1 Materiais - Classificações


Os materiais podem ser classificados de diferentes formas:
• Homogêneo ou Não-homogêneo
– Homogêneo - todos as pontos de um corpo possuem as mesmas propriedades.
– Não-Homogêneo - os pontos de um corpo possuem propriedades diferentes.
A rigor todos os materiais não são homogêneos podendo apresentar descontinuidades em seu interior,
dependendo da escala de ordem de grandeza que é utilizada. Na mecânica dos sólidos técnicas de homo-
genização são utilizadas com sucesso para tratar um corpo a priori não homogêneo como homogêneo.
• Isotrópico ou Anisotrópico
– Isotrópico - qualquer ponto do corpo possuem a mesma propriedade em qualquer direção.
– Anisotrópico - as propriedades dos pontos mudam com a direção de um esforço.(Fig.1)
• Elastico ou Inelástico
– Elástico - o material quando descarregado retorna pelo mesmo percurso de carregamento sem apre-
sentar deformações permanentes.
– Inelástico - O material apresenta algum fenômeno de dissipação de energia, como plasticidade ou
viscosidade.
• Elastico Linear ou Não-linear
– Elástico Linear - a relação elástica entre a tensão e a deformação é linear.
– Elástico Não-linear - a relação entre a tensão e a deformação não é linear.

1
Figura 1: Comportamento Isotrópico e Anisotrópico

2.2 Curva Típica


A curva da Fig.2, obtida de um ensaio de tração, apresenta o comportamento mecânico de um material. Esta
curva é um exemplo de uma curva típica para aços doces,

Figura 2: Comportamento mecânico de um material Dúctil

Nesta curva pode-se identificar várias propriedades importantes do material, como:

• Módulo de Elasticidade
• Região de Elasticidade
• Região de Proporcionalidade
• Tensão de Escoamento

• Região de Plasticidade
• Retorno Elástico
• Tensão de Ruptura

• Tensão Máxima
• Encruamento
• Estricção
• Tensão real e tensão de engenharia (nominal)

2
2.3 Lei de Hooke Generalizada
Escreve-se finalmente a lei de Hooke generalizada para a região elástica e particulariza-se para a isotropia.
3 X
X 3
σij = Cijkl εkl
k=1 l=1
3
!
X
σij = λδij εkk + 2µεij
k=1

onde
νE
λ =
(1 + ν) (1 − 2ν)
E
µ =
2 (1 + ν)

onde µ e λ são, respectivamente, a primeira e a segunda constante de Lamè. Por extenso:




 σxx = (λ + 2µ) εxx + λεyy + λεzz
σyy = λεxx + (λ + 2µ) εyy + λεzz




σzz = λεxx + λεyy + (λ + 2µ) εzz


 σ xz = 2µεxz
σ = 2µεyz

yz



σxy = 2µεxy

e a relação inversa
1 ν ν
εxx = E σxx − E σyy − E σzz


= − E σxx + E σyy − Eν σzz
ν 1



 εyy
= − Eν σxx − Eν σyy + E1 σzz

 ε
zz
εxz = 1 .
 2µ σxz
1




 εyz = 2µ σyz
1
εxy = 2µ σxy

Utilizando as constantes de Lamè pode-se escrever em notação matricial:


    
σxx 2µ + λ λ λ 0 0 0 εxx
 σyy   λ 2µ + λ λ 0 0 0  εyy 
    
 σzz   λ λ 2µ + λ 0 0 0  εzz 
 σxy  = 
    
   0 0 0 2µ 0 0 
 εxy 

 σxz   0 0 0 0 2µ 0  εxz 
σyz 0 0 0 0 0 2µ εyz

ou, lembrando que γij = 2εij :


    
σxx 2µ + λ λ λ 0 0 0 εxx
 σyy   λ 2µ + λ λ 0 0 0  εyy 
    
 σzz   λ λ 2µ + λ 0 0 0  εzz 
 =  
 σxy   0 0 0 µ 0 0  γxy 
    
 σxz   0 0 0 0 µ 0  γxz 
σyz 0 0 0 0 0 µ γyz

3
Reescrevendo em termos do Módulo de elasticidade E e do Coeficiente de Poisson ν:
 ν ν 
1 0 0 0
 (1 − ν) (1 − ν) 
 ν ν 
  
 (1 − ν) 1 0 0 0  
σxx (1 − ν)  εxx
 σyy 
 ν ν 
 

 (1 − ν) (1 − ν) 1 0 0 0 
 εyy 

 σzz  E(1 − ν)   εzz 
 = 
 σxy  (1 + ν)(1 − 2ν)  (1 − 2ν)  
0 0 0 0 0  εxy 

 σxz 
 
 (1 − ν) 
 εxz


 (1 − 2ν) 
σyz  0 0 0 0 0  εyz

 (1 − ν) 

 (1 − 2ν) 
0 0 0 0 0
(1 − ν)
fazendo γij = 2εij :
 ν ν 
1 0 0 0
 (1 − ν) (1 − ν) 
 ν ν 
   1 0 0 0  
σxx  (1 − ν) (1 − ν)  εxx
 ν ν 
 σyy   1 0 0 0  εyy 

 σzz

 E(1 − ν)

 (1 − ν) (1 − ν) 
 εzz


 =  (1 − 2ν)  
 σxy  (1 + ν)(1 − 2ν)  0 0 0 0 0  γxy 

 σxz



 2(1 − ν) 
 γxz


 (1 − 2ν) 
σyz  0 0 0 0 0  γyz

 2(1 − ν) 

 (1 − 2ν) 
0 0 0 0 0
2(1 − ν)

2.4 Energia de deformação


A energia de deformação pode ser calculada como a integral do trabalho das forças externas, que para problemas
lineares resulta em metade do trabalho final das forças externas. Desta maneira:
¨ ˚
W = t · u dS + b · u dV .
S V

A integral de superfície do primeiro termo do lado direito pode ser transformada em uma integral de volume
usando o teorema da divergência:
¨ ¨
t · u dS = (σn) · u dS
S
˚S
= ((∇ · σ) · u + σ : ∇u) dV .
V

Substituindo no trabalho, resulta em


˚ ˚
W = (∇ · σ + b) dV + σ : ∇u dV ,
V V

onde a primeira parte se anula pelas equações de equilíbrio. A simetria da tensão de Cauchy na segunda integral
permite substituir o gradiente dos deslocamentos pela deformação infinitesimal. O trabalho então pode ser
escrito como
˚
W = σ : ε dV
˚ V

= ε : C : ε dV
˚V
= σ : C−1 : σ dV
V

4
utilizando as relações constitutivas da elasticidade linear σ = C : ε.
A energia de deformação pode ser escrita como
˚ ˚ ˚
1 1 1
U= σ : ε dV = ε : C : ε dV = σ : C−1 : σ dV .
2 V 2 V 2 V

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