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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA ÚNICA

DA COMARCA DE NOVA YORK – US

FEITO Nº XXXXXXXXXXXXX

OLÍVIA PALITO DA SILVA, devidamente qualificada


nos autos desta AÇÃO ANULATÓRIA DE DÉBITO C.C RESTITUIÇÃO DE
VALORES EM DOBRO E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS de número
em epígrafe, movida em face de BANCO C6 CONSIGNADO S/A, também
qualificado, a qual tramita por essa R. Vara e respectivo Cartório, por
intermédio de seu advogado que ao final se identifica e assina, em atenção
ao r. despacho de fls. 233, manifestar-se sobre a contestação e documentos
apresentados (fls. 97/119 e docs. de fls. 122/131, nos seguintes termos:

DA PRIMEIRA PRELIMINAR APONTADA PELA REQUERIDA

Em preliminar, a Requerida alega que a Autora não


faz jus aos benefícios da justiça gratuita, uma vez que sua hipossuficiência
financeira não restou comprovada nos autos.

Alega que o benefício da justiça gratuita é uma


garantia constitucional que busca garantir o acesso à justiça para aqueles
que verdadeiramente não possuem condições de arcar com os encargos de
um processo judicial, o que não se vê no caso concreto, já que a Autora
somente apresentou uma declaração de pobreza, a qual não autoriza,
sozinha, a concessão automática na benesse.

Contudo, as alegações trazidas pela Contestante


quanto a gratuidade da Justiça são totalmente incabíveis, conforme
destacado a seguir.

Ao contrário do que sustenta a Requerida, a Autora


não apresentou somente a declaração de pobreza, tendo anexado às fls.
20/26 extrato bancário e comprovante do valor recebido do INSS, a título de
pensão por morte, comprovando que a sua mensal é de R$ 2.680,34 (dois
mil, seiscentos e oitenta reais e trinta e quatro centavos).

Logo, a Autora comprovou a sua situação de


hipossuficiência, trazendo com a inicial a cópia do demonstrativo do valor
mensal recebido junto ao INSS (fls. 20/26), comprovando que a sua renda
mensal é inferior a 3 (três) salários mínimos, razão pela qual a justiça
gratuita foi sabiamente concedida-lhe.
Daí por que, não é o caso de revogação da
gratuidade concedida à Autora.

Como se nota, com a devida vênia, verifica-se que a


Requerida não produziu qualquer prova capaz de afastar a condição de
hipossuficiência da Autora, se limitando apenas em fazer meras alegações
sem qualquer fundamento ou embasamento legal.

Ora, é pacífico na jurisprudência o entendimento de


que a declaração de hipossuficiência basta para que seja concedida a
benesse e, muito embora possa o juiz da causa indeferi-lo, ou exigir
comprovação de necessidade, quando houver nos autos indícios de que a
parte não ostenta a condição de necessitada, no caso em tela a Autora
comprovou não possuir condições financeiras para arcar com as despesas
processuais sem comprometer diretamente seu sustento e de sua família.

Conforme pode ser comprovado através da


declaração de pobreza e do histórico de créditos do benefício percebido junto
ao INSS acostados aos autos pela Autora às fls. 19 e 25/26, de fato recebe
salário inferior ao teto utilizado pela Defensoria Pública Estadual para
nomeação de defensor dativo aos assistidos.

Dessa forma, a presunção de veracidade prevalece, a


menos que desde logo haja indícios de que tenha a Autora renda suficiente
para arcar com as custas do processo sem prejuízo do sustento próprio ou
de sua família, o que não é o caso, uma vez que comprovou através da
juntada do seu demonstrativo de rendimentos que recebe menos que 3 (três)
salários mínimos.

No caso dos autos, em que pese o pedido da


Requerida de reforma do despacho que concedeu os benefícios da justiça
gratuita à Autora, verifica-se que ela não trouxe quaisquer provas aptas a
afastar a presunção legal.

Desta forma, diante do todo exposto, requer-se que o


pedido de reforma do despacho que concedeu os benefícios da justiça
gratuita para a Autora seja julgado improcedente, devendo ser mantida a
gratuidade deferida por Vossa Excelência às fls. 72/73.

DA SEGUNDA PRELIMINAR APONTADA PELA REQUERIDA – PERDA DO


OBJETO

Alega a Requerida que teria iniciado processo de


desaverbação do contrato em 23 de fevereiro de 2.021, o qual foi liquidado,
vindo, a ocorrer de modo definitivo na mencionada data, de acordo com o
anexo.

Porém, conforme pode ser constatado através do


print de telas juntado pela Requerida a fls. 101, a liquidação diz respeito ao
2º empréstimo, no valor de R$ 1.671,20, dividido em 84 (oitenta e quatro)
parcelas de R$ 40,56, o qual, conforme já informado na inicial, já foi
resolvido através de reclamação perante o PROCON.
Com relação ao primeiro empréstimo, no valor de R$
1.520,20, realizado em setembro de 2.020, o qual é objeto da presente
demanda, é fato que só foi cancelado após o ajuizamento dessa ação, razão
pela qual não há que se falar em perda do objeto.

Desta feita, muito embora tenha a instituição


financeira Requerida informado que o contrato já se encontra cancelado, em
fase de desaverbação, impõe-se o reconhecimento do pedido de declaração
da inexigibilidade dos débitos.

Assim, tendo em vista que a Autora tem interesse na


declaração formal da inexigibilidade do débito, bem como na condenação da
Requerida em indenização por danos morais, motivo pelo qual a preliminar
de perda do objeto deve ser rejeitada.

DO MÉRITO

No tocante ao mérito, quer fazer crer a Requerida


que o empréstimo consignado efetuado na conta da Requerente foi
regularmente contratado, para tanto, apresentou até mesmo a Cédula de
Crédito Bancário- CCB, com os dados do empréstimo, bem como, com a
suposta assinatura do Requerente.

Ocorre Excelência, que a Requerente jamais realizou


empréstimo junto a instituição financeira Requerida, nem tampouco assinou
qualquer documento para tal finalidade.

De fato, a contratação do referido empréstimo


consignado não fora solicitado, muito menos, houve solicitação do
numerário depositado em sua conta no valor de R$ 1.520,20, ou seja, o
referido valor foi “creditado” de forma unilateral pela instituição financeira,a
qual utiliza de dados de outro banco, para fazer esses tipos de transições
não contratadas pela Autora e milhares de aposentados pelo país.

Excelência, analisando o contrato trazido aos autos


pela Requerida às fls. 124/125, constata-se graves irregularidades, as quais
demonstram ser o contrato produto de fraude em desfavor da Autora, senão
vejamos:

As incongruências se iniciam com a mera


observação da data de celebração do negócio jurídico. Conforme o
documento acostado aos autos às 28/29, o empréstimo consignado foi
incluído no benefício previdenciário da Autora no dia 27/09/2020.
Contudo, o contrato foi assinado apenas no dia 29/09/2020 (fls. 125),
sendo certo que a instituição financeira Requerida não esclareceu na
contestação apresentada como um empréstimo formalizado em data
posterior poderia estar incluído no benefício previdenciário da Autora, antes
mesmo da assinatura do contrato.
Constata-se também no contrato de fls. 124/125
que o correspondente bancário que intermediou a alegada contratação do
empréstimo consignado tem endereço comercial na Rua Sete de Setembro,
nº 2.659, na cidade de TARABAI/SP, local distante do endereço residencial
da Autora, sendo certo que não faz qualquer sentido dirigir-se ao outro
município para contratar um simples empréstimo. Vejamos:
Come se vê, nessa simples verificação fica evidente a
fraude da contratação.

De fato.

Da “cédula de crédito bancário” colacionada aos


autos (124/125), onde a Autora supostamente manifesta seu desejo de
contratar operação de crédito com desconto em folha de pagamento, verifica-
se que o correspondente autorizado, que efetuou a transação, tem endereço
na cidade de Tarabai-SP.

Diante desse fato, nota-se a estranheza na


negociação. Por qual motivo a Autora sairia dessa cidade de Avaré para
contratar com correspondente na cidade de Tarabai?

Como se nota, o comprovante de endereço da Autora


acostado a fls. 27 comprova que ela reside nesta cidade de Avaré, sendo que
JAMAIS se deslocou e sequer conhece a cidade de Tarabai, muito menos
recebeu visita de representante da Requerida para lhe ofertar o referido
empréstimo, fato que corroboram a fraude praticada pela Ré.

Mas não é só. Ainda existem outros graves indícios


de fraude.
A Autora não reconhece a assinatura contida no
contrato apresentado pela Requerida.

Neste ponto, seria demasiado requerer que a Autora


produzisse robusta prova de que não contratou qualquer empréstimo com a
Requerida, ao passo em que, na verdade, esta é quem deveria juntar aos
autos as contraprovas que achassem necessárias para corroborar com a
regularidade do negócio jurídico.

Isso nos leva a outra questão: por que, não obstante


tenha alegado que a Autora assinou o contrato de empréstimo ora
impugnado, a Requerida não apresentou aos autos, a versão original e
integral do documento?

A resposta desse questionamento reside no simples


fato de que a Autora desconhece a referida assinatura, uma vez que ela não
compareceu a nenhuma das filiais da instituição bancária Requerida, nem
tampouco assinou qualquer documento solicitando a concessão do referido
empréstimo.

E como prova de que a Autora jamais compareceu


a nenhuma das agências da instituição financeira Requerida, note-se
que os contratos trazidos aos autos pela Requerida às fls. 122/125 e
130/131 indicam como endereço da Autora a cidade de Itapetininga-SP,
endereço e cidade na qual a Autora jamais residiu. Aliás, a Autora
jamais foi até a cidade de Itapetininga, sendo que sequer conhece tal
cidade.

Nesse passo, cumpre ressaltar que, diversos casos


idênticos têm sido relatados nos processos distribuídos em face da
Requerida, onde os clientes têm suscitado, justamente, a apresentação de
assinatura fraudulenta, sem que, no entanto, houvesse a juntada da integra
do contrato.1

Esses casos, apenas servem de amostra ante as


centenas de fraudes que têm sido perpetuadas pela Requerida, conforme
relatou o Diretor do Procon de São Paulo, Fernando Capez, entre outros, que
disseram em entrevista concedida a revista Veja2:

“O banco está sendo acusado de conceder empréstimos consignados


a aposentados que não autorizaram a transação, cobrando ainda
juros acima dos de mercado.

(...)

1
Processos: nº. 1114291-89.2020.8.26.0100 – 39ª Vara Cível do Foro Central da Comarca
de São Paulo (Katia Aparecida x Ficsa S/A); nº 1114628-78.2020.8.26.0100 – 19ª Vara Cível
do Foro Central da Comarca de São Paulo (Maria Lucia Figueiredo Bueno de Camargo x
Banco Ficsa S/A); nº 1109220-09.8.26.0100 – 11ª Vara Cível do Foro Central da Comarca
de São Paulo (Nelson Orfano Caetano x Banco Ficsa S/A).
2
Link para a reportagem completa: https://veja.abril.com.br/economia/depois-de-aporte-
bilionario-c6- bank-enfrenta-primeiro-desafio-de-imagem/
O advogado especialista em causas bancárias João Antonio Motta diz
que o caso do C6 é explicitamente um exemplo de mal uso dos dados
dos clientes.

(...) Fernando Capez, Diretor do Procon de São Paulo, diz que a


entidade recebeu mais de 600 reclamações de aposentados dizendo
que não autorizaram os empréstimos. Quando o dinheiro caía na
conta e o cliente reclamava com o C6, não tinha atendimento. Além
disso era cobrado com multa e juros.

(...) Segundo Capez, o C6 alega que havia a assinatura dos clientes


nos contratos. Os clientes, por sua vez, dizerem que a assinatura é
falsa. O caso será agora enviado para o departamento de crimes
contra o consumidor do Procon para uma análise grafotécnica das
assinaturas. “O C6 diz que não sabe, que podem ser alguns
terceirizados. Isso pouco importa porque o banco tem
responsabilidade solidária.” (grifo nosso). Data da reportagem:
21/01/21.

Por todas essas questões, a assinatura apresentada


pela Requerida e atribuída à Autora, não deve ser reconhecida por Vossa
Excelência, ante a presença de diversos elementos que indicam a fraude.

Nesse ponto, a Autora não reconhece a escrita do


seu nome inserido nos contratos de fls. 122/125 e 130/131, uma vez que os
traços como colocados nas assinaturas, não estão em conformidade com a
sua assinatura, de modo que se trata de assinatura falsificada, em uma
tentativa de dar validade aos empréstimos não contratados pela Autora.

Portanto, o documento de fls.122/125 não serve


como prova da contratação de empréstimo consignado, razão pela qual resta
desde já impugnado, em virtude das inúmeras irregularidades na celebração
do instrumento guerreado.

Assim sendo, Excelência, de rigor que a Requerida


seja intimada para a exibição do documento original em cartório, nos termos
do artigo 396 e seguintes do Código de Processo Civil, a fim de que se
viabilize a conseguinte realização de PERÍCIA GRAFOTÉCNICA a ser
designada.

Em caso de recusa injustificada para a exibição do


documento, requer, desde já, seja aplicado o disposto no artigo 400 do CPC.

“Art. 400. Ao decidir o pedido, o juiz admitirá como verdadeiros os


fatos que, por meio do documento ou da coisa, a parte pretendia
provar se:

I - o requerido não efetuar a exibição nem fizer nenhuma declaração


no prazo do art. 398;

II - a recusa for havida por ilegítima.


Parágrafo único. Sendo necessário, o juiz pode adotar medidas
indutivas, coercitivas, mandamentais ou subrogatórias para que o
documento seja exibido.”

Desta feita, diante de apontado na inicial


corroborado pelos documentos apresentados pela Requerente, bem como,
pelos documentos apresentados pela defesa, verifica-se que o empréstimo
ocorreu de forma completamente irregular.

Ao final, a instituição financeira Requerida afirma


que, “não merece prosperar o pedido de indenização formulado pela parte
autora, tendo em vista que restou comprovada a regular contratação do
empréstimo consignado” e que “agiu no exercício regular de seu direito de
credor ao efetuar os descontos (art. 188, I do CC)”.

Ora Excelência, se utilizar os dados pessoais de uma


pessoa idosa para realizar empréstimos consignados não é ato ilícito e
abusivo, o que poderá ser?

Se ardilosamente falsificar assinatura de uma


pessoa para “comprovar” a anuência de um empréstimo, não é ato ilícito e
abusivo, o que caracteriza tais ações?

Verdadeiro absurdo!

Segundo a doutrina, o dano moral configura-se


quando ocorre lesão a um bem que esteja na esfera extrapatrimonial de um
indivíduo, e a reparação do mesmo tem o objetivo de possibilitar no lesado
uma satisfação compensatória pelo dano sofrido, atenuando, em parte, as
consequências da lesão.

Assim, tendo em vista que não foi comprovada pelo


banco Requerido a regularidade do empréstimo, de rigor a declaração de sua
inexigibilidade e a consequente condenação por danos morais, já que, ao
contrário do que defende, causou dano moral em razão da significativa
abusividade praticada e da má-fé com a qual se houve com a consumidora,
pelo que extrapolou o mero aborrecimento e ingressou no campo do dano
extrapatrimonial, com a estipulação de uma dívida imposta à Autora sem
respaldo contratual e, portanto, violadora de sua paz de espírito, de seu
equilíbrio emocional.

Sequer seria necessário mencionar que trata-se de


relação de consumo e, como tal, a responsabilidade civil é objetiva.

Daí por que é perfeitamente cabível ao caso a


indenização pelos danos experimentados pela Requerente, por se tratar de
uma relação de consumo, evento em que a reparação se dará
independentemente do agente ter agido com culpa, uma vez que nosso
ordenamento jurídico adota a teoria da responsabilidade objetiva (Art. 12 do
CDC).

Sendo assim, o direito da Requerente de ser


indenizada pelos danos sofridos, em face da conduta negligente da
instituição Requerida em firmar contrato não solicitado por aquela, danos
esses de natureza moral que são presumidamente reconhecidos.

Assim, provado e confessado o ato lesivo e o nexo de


causalidade, de rigor a indenização.

Como se sabe, para constatação do dano moral tem-


se que a responsabilização do agente deriva do simples fato da violação
"ex facto", tornando-se, portanto, desnecessária a prova de reflexo no
âmbito do lesado. É esse o entendimento pacífico de nossos tribunais:

“O dano moral independe de prova, porque a respectiva percepção


decorre do senso comum” (STJ 3ª T. Resp. 260.792 rel. Ari
Pargendler j. 26.09.2000 Bol. AASP 2.220/413).

“Na concepção moderna da reparação do dano moral prevalece a


orientação de que a responsabilidade do agente se opera por força do
simples fato da violação, de modo a tornar-se desnecessária a prova
do
prejuízo em concreto” (STJ 4ª T. Resp. 173.124 rel. César Asfor
Rocha j. 11.09.2001 DJU 19.11.2001 RSTJ 152/389).

O quantum indenizatório se faz necessário tanto


para remediar o dissabor experimentado indevidamente pela Autora, como
para punir a empresa Ré, de forma a torná-la mais rigorosa na prestação de
seus serviços.

Desta forma, diante dos transtornos suportados pela


Autora em virtude da falha na prestação de serviço pela Requerida, sendo
obrigada, inclusive, a ajuizar a presente ação para cancelar os descontos que
já estavam provisionados no benefício previdenciário recebido junto ao INSS,
referentes a um empréstimo que não contratou.

Assim, não há como afastar a ocorrência dos danos


morais, os quais consistiram muito além de mero dissabor.

Daí por que devida a indenização pretendida, a qual


não pode ser inferior ao sugerido na inicial, haja vista, de um lado, a
imprudência irresponsável da instituição financeira na forma como efetuou a
contratação, assim como seu imenso patrimônio e lucros obtidos com
práticas comerciais condenáveis como no caso.

De outro lado, a Autora espera que a condenação


venha não só a compor o dano sofrido, mas que sirva de lição para a
Requerida e suas concorrentes e, assim, passem a tratar o consumidor com
o merecido respeito.

DA ALEGAÇÃO DE IMPOSSIBILIDADE DE INVERSÃO DO ÔNUS DA


PROVA

No caso em tela não resta dúvida de que é de rigor a


aplicação do Código de Defesa do Consumidor, inclusive quanto a inversão
do ônus da prova. Isto porque se trata de relação processual onde, no polo
ativo está um particular e, no polo passivo, uma grande instituição
financeira. Evidente a hipossuficiência do primeiro, sobretudo no que se
refere à disposição de meios de prova para fundamentar suas alegações.

As alegações da Autora são negativas e cabia a


empresa Requerida provar o contrário, pois é ela a detentora dos meios
necessários para demonstrar eventual culpa exclusiva do consumidor ou de
terceiro. Mas assim não fez!

Nesse sentido é o entendimento da doutrina:

“Não há qualquer outra exigência no CDC, sendo assim facultado ao


juiz inverter o ônus da prova inclusive quando esta prova é difícil
mesmo para o fornecedor, parte mais forte e expert na relação, pois o
espírito do CDC é justamente de facilitar a defesa dos direitos dos
consumidores e não o contrário, impondo provar o que é em verdade o
“risco profissional” ao vulnerável e leigo consumidor.” (Comentários
ao Código de Defesa do Consumidor, Cláudia Lima Marques e
outros, RT, 2ª edição, p. 183/184)

A instituição financeira Requerida, na qualidade de


fornecedora de serviços, tem responsabilidade objetiva em face aos seus
clientes, tendo em vista ser instituição financeira, conforme discorre o art.
37, § 6º, da CF c/c o art. 3º, § 2º, do CDC.

Assim, à luz do art. 14, da Lei nº. 8.078/90, deve ser


aplicado a inversão do ônus probatório e a empresa Ré responder pelos
danos causados à Autora, independentemente de culpa, em decorrência da
prestação defeituosa de seus serviços.

Ante todo o exposto, de rigor a procedência da ação


nos exatos moldes em que proposta, na forma do que dispõe o artigo 373,
inciso I, do Código de Processo Civil, condenando-se a Requerida ao ônus
sucumbencial inerente.

Termos em que,
P. e E. Deferimento.

Nova York, 28 de Maio de 2.021.

RUI BARBOSA
OAB 1

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