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Presente na vida do ser humano desde a primeira infância, a matemática

é perceptível desde as formas iniciais do bebê responder aos primeiros


estímulos ao seu redor. Este dado é importante pois aponta para a
preocupação que se deve ter sobre qual fase do desenvolvimento a criança
está, para se compreender como ela raciocina sobre as tarefas escolares e do
cotidiano, a exemplo da utilização do calendário. Para atingir um ótimo nível de
aprendizado, tão importante quanto ensinar as operações matemáticas, é
explicar a intencionalidade das atividades, mostrar às crianças o porquê de
elas estarem fazendo aquilo. Uma sugestão é fazer uso de situações que estão
ao alcance delas, como a quantidade de comida que deve ter na cantina para
que não falte para ninguém ou quantos pares de sapatos existem na turma,
não esquecendo do caráter lúdico fundamental que atravessa os jogos,
dinâmicas e brincadeiras.
Além das atividades práticas, nota-se que é preciso pensar com calma
nas situações-problema que serão propostas aos alunos, pois, a partir delas as
crianças, além de buscar resolver os conflitos, criarão teorias matemáticas
sobre o assunto e poderão expandir seus horizontes de aplicação do que foi
visto na teoria das operações, o que se relaciona diretamente com a ideia de
desequilíbrio, assimilação e acomodação do conhecimento proposta por
Piaget. Assim, segundo o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil,
elas estarão “desenvolvendo sua capacidade de generalizar, analisar,
sintetizar, inferir, formular hipóteses, deduzir, refletir e argumentar”. Ainda
nesse tópico, faz-se necessário salientar que a resolução de problemas fora da
escola não deve ser confundida com as situações-problema apresentadas no
âmbito escolar, pois estas são elaboradas estrategicamente em esquemas
baseados em estudos e práticas com objetivos definidos, ou seja, com um rigor
profissional.
Além dos números em si, é preciso o enfoque no ensino de três grandes
campos da matemática: o espacial, sobre as formas e a geometria, o numérico,
das quantidades e a aritmética, e o das medidas, que integra os campos
espacial e aritmético. Dentro disso, alguns pares de palavras são fundamentais
para se comunicar com os estudantes, como maior/menor, grande/pequeno,
muito/pouco, igual/diferente etc. Continuando neste espectro do ensino
matemático, Lorenzo versa sobre sete atos básicos que devem ser transmitidos
para as crianças: a correspondência, sobre as relações de que cada um
coincide com outro um; a comparação, para se perceber as igualdades e
diferenças; a classificação, para que a criança aprenda a separação em
categorias baseados no que foi percebido no ato da comparação; a
sequenciação, que diz respeito a sucessão de cada elemento sem considerar
sua ordem; a seriação, para ordenar os elementos da sequência de acordo
com um parâmetro definido; o da inclusão, que constrói conjuntos que abarcam
outros conjuntos; e o da conservação, que faz a criança se atentar para o fato
de que a quantidade não depende da forma ou arrumação.
Em suma, entre as conclusões mais importantes que se pode absorver
dos vídeos e do texto é a visão de que o ensino da matemática não deve ser
restringido apenas às operações básicas e nem deve ser passado com uma
formalidade não compatível com as fases do desenvolvimento infantil, pois é
necessário fazer com que os estudantes percebam a matemática como um
conhecimento que alcança diversos aspectos da vida prática, incluindo fora dos
muros da escola. Para que ocorra um ensino matemático de qualidade, é
essencial que o professor não compactue com a ideia de que matemática é
difícil e realize uma análise metalinguística sempre que for possível para que
se verifique e repense se as práticas docentes aplicadas estão sendo eficazes
na criação de um ambiente propício de aprendizagem.

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