DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PARA CONCURSOS

| Módulo 2 – Prof. Konrad Mota

OS: 031/10/23-Gil

CONCURSO: COMBO – TRT 21 & MPU

CONTEÚDO: COMPETÊNCIA JURISDICIONAL

CONCEITO E ESPÉCIES que a empresa tenha agência ou filial e a esta o empregado

Medida de jurisdição atribuída por lei a
determinados órgãos do Poder Judiciário para que eles
possam bem exercer suas atribuições. A competência se
divide em duas espécies: competência absoluta (em razão
da matéria, pessoa ou função), que não se prorroga nem se
modifica; e competência relativa (em razão do lugar), que
se prorroga e se modifica.
Assim, tem-se que incompetência absoluta pode
ser reconhecida de ofício pelo juiz do trabalho e a
competência relativa tem que se alegada oportunamente
através da exceção de incompetência (art. 800, CLT).
esteja subordinado e, na falta, será competente a Vara da
localização em que o empregado tenha domicílio ou a
localidade mais próxima (ART. 651, §1º, CLT). Com efeito,
sempre que o reclamante for agente ou viajante comercial,
a competência não mais será do local da prestação de
serviços. Isto porque o vendedor viajante, em regra, presta
serviços em vários lugares ao mesmo tempo, o que dificulta
a fixação da competência territorial. Assim, para tal
categoria de trabalhadores, o juízo competente será ou o da
localidade onde esteja situada a agência ou filial em relação
a qual o trabalhador é subordinado, ou a jurisdição onde
está localizado o seu domicílio.

DISTRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIA EMPREGADO BRASILEIRO NO ESTRANGEIRO (ART. 651,

§2º, CLT)
COMPETÊNCIA RELATIVA TERRITORIAL (ART. 651, CLT)
A competência das Varas do Trabalho no Brasil
A competência relativa é classificada em relação ao
estende-se aos dissídios ocorridos em agência ou filial no
valor e ao território. Porém, no processo do trabalho, a
estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro e não
competência relativa é classificada exclusivamente em
haja convenção internacional dispondo em contrário.
relação ao lugar. O valor da ação não altera a competência
Assim, o empregado brasileiro, ainda que a execução de seu
do juiz do trabalho. Analisemos, pois, a competência
contrato ocorra em Estado Estrangeiro, tem a faculdade de
relativa territorial, a qual se encontra regulamentada no art.
ajuizar sua demanda no Brasil, exceto se existir convenção
651 da CLT.
internacional que o impeça.

REGRA GERAL: LOCAL DA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS (ART.

EMPRESA QUE PROMOVE ATIVIDADE FORA DO LOCAL DE
651, CAPUT, CLT)
CELEBRAÇÃO DO CONTRATO (ART. 651, §3º, CLT)
A regra geral da competência territorial na Justiça
Em se tratando de empregador que promova
do Trabalho é que será competente o Juízo do local da
realização de atividades fora do lugar do contrato de
prestação de serviços, segundo dicção do art. 651, caput, da
trabalho, é assegurado ao empregado apresentar
CLT. Não importa, pois, se trabalhador foi contratado em
reclamação no foro da celebração do contrato ou no da
outro local ou se não reside no lugar da prestação dos
prestação dos respectivos serviços. Perceba-se que, na
serviços. É irrelevante, ademais, se a sede da empresa não
espécie, o empregado tem a faculdade de ajuizar sua
se localiza no lugar onde os serviços foram prestados.
demanda no local da prestação de serviços ou no lugar da
Ressalte-se que a competência territorial em exame facilita
celebração do contrato. Impende ressaltar, ademais, que o
a produção de provas pelas partes, pois é geralmente no
contrato considera-se celebrado com a efetiva aceitação da
local da prestação de serviços que estão as testemunhas, os
proposta formulada, ainda que de forma tácita.
documentos e demais elementos necessários à
demonstração dos fatos.
Se o empregado tiver trabalhado em vários lugares, COMPETÊNCIA ABSOLUTA (ART. 114 CF)
todos eles serão competentes, surgindo assim uma
AÇÕES DECORRENTES DAS RELAÇÕES DE TRABALHO
competência concorrente. No que diz respeito ao trabalho
(INCISO I)
realizado pela internet, o local de trabalho será tanto
aquele em que o empregado estiver fisicamente, como no Relação de trabalho é gênero do qual são espécies
qual o trabalho é efetivamente aproveitado. empreitada, emprego, voluntário, eventual, autônomo,
mandato, corretagem, estágio etc. A CLT cuida da relação
de emprego. Antigamente a justiça de trabalho era só para
AGENTE OU VIAJANTE COMERCIAL (ART. 651, §1º, CLT) relação de emprego, mas, atualmente, com a EC 45/04
passou a ser justiça do TRABALHO.
Quando for parte no dissídio agente ou viajante
comercial, a competência será da Vara da localidade em

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RELAÇÃO DE TRABALHO VS RELAÇÃO DE CONSUMO
Relação de trabalho é diferente de relação de
consumo. Se o objeto for bem não há duvidas, mas quando
o objeto é um serviço há discussão sobre que tipo de
relação será. Ex. o dentista através do consultório presta
serviços odontológicos. Este dentista começa a prestar
serviços a um determinado paciente. O dentista
paralelamente presta serviços ao consultório e ao paciente.
Digamos que o consultório não paga o dentista e o paciente
também não. Onde buscar seus direitos? Contra o
consultório será relação de trabalho, justiça do trabalho, e
contra o paciente será relação de consumo, na justiça
comum. O dentista é um fornecedor de serviço e o paciente
o destinatário final do serviço. O consultório é um
intermediador do serviço, portanto tomador de serviço e
não o consumidor final.
Nesse sentido, dispõe a súmula 363 do STJ:
Compete à Justiça estadual processar e julgar a ação de
cobrança ajuizada por profissional liberal contra cliente.
AGENTES PÚBLICOS
▪ Celetistas – empregado público = podem procurar a
justiça do trabalho, pois o seu regime é celetista e não
estatutário. Ex. funcionários da caixa, banco do Brasil.
▪ Estatutários - institucional = justiça comum federal ou
estadual.
▪ Comissão = pode ser celetista (emprego em comissão)
ou estatutário (cargo em comissão), dependerá da lei
que cria o cargo de comissão. Se for celetista será a
justiça do trabalho
▪ Temporários (art. 37, IX CF) = O STF sedimentou que irá
para a justiça comum, pois se trata de regime jurídico
administrativo.
▪ Políticos = o regime é jurídico administrativo vão para a
justiça comum através de prerrogativa.
MEIO AMBIENTE DO TRABALHO
De acordo com a súmula 736 do STF, STF, Compete
à Justiça do Trabalho julgar as ações que tenham como
causa de pedir o descumprimento de normas trabalhistas
relativas à segurança, higiene e saúde dos trabalhadores.
EXERCÍCIO DO DIREITO DE GREVE (INCISO II)
Greve é paralisação temporária pacifica feita pelos
empregados. Poderá tratar de conflitos individuais ou
coletivos. Os dissídios coletivos de natureza econômica
estão no §2º do art. 114 da CF.
As ações de interdito proibitório, reintegração e
manutenção de posse fruto do exercício do direito de greve
são de competência da justiça do trabalho. Se a empresa
tiver a sua posse esbulhada ou turbada poderá usar estas
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ações para buscar seus direitos. A greve deve ser de
iniciativa privada, pois os estatutários vão para a justiça
comum. Súmula vinculante n.º 23 do STF.
Súm. Vinc. STF 23. A Justiça do Trabalho é
competente para processar e julgar ação possessória
ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve
pelos trabalhadores da iniciativa privada.
CONFLITOS SINDICAIS (INCISO III)
Segundo disposto no art. 114, III, da CF/88,
compete à Justiça do Trabalho processar e julgar “as ações
sobre representação sindical, entre sindicatos e
trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores”. Trata-se
de nítida competência em razão da pessoa, bastando ter
um sindicato em um dos pólos da lide para fixar a
competência material da Justiça Laboral. Ressalte-se que
sequer há necessidade da presença do sindicato
profissional, admitindo-se conflitos entre o sindicato
econômico e as empresas, além de demandas intra e inter-
sindicais, tais como eleições sindicais, legitimidade sindical,
criação e desmembramento sindical, etc. Para que a
competência seja da Justiça do Trabalho é indispensável
que os sindicatos envolvam categorias da iniciativa privada.
MANDADO DE SEGURANÇA, HABEAS CORPUS E HABEAS
DATA (INCISO IV)
Dispõe o art. 114, IV, da CF/88 que compete à
Justiça do Trabalho processar e julgar “os mandados de
segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato
questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição”.
Tratam-se de ações constitucionais, destinadas, via de
regra, a proteção de direitos fundamentais em face de atos
abusivos e ilegais do Poder Público. Ressalte-se que a
competência da Justiça do Trabalho para tais ações
somente irá prevalecer se o ato questionado envolver
matéria sujeita à jurisdição trabalhista, como, por exemplo,
o ato abusivo de um auditor fiscal do trabalho que pode ser
atacado via mandado de segurança; a prisão civil do
depositário infiel, que pode ser atacada via habeas corpus
(ou por reclamação constitucional, após a edição da Súmula
Vinculante nº 25 do STF); bem como a negativa de
informações cadastradas junto ao Ministério do Trabalho e
Emprego, que pode ensejar habeas data.
CONFLITOS DE COMPETÊNCIA (INCISO V)
Ressalvada as hipóteses de competência do STF e
do STJ, cabe à própria Justiça do Trabalho solucionar os
conflitos de competência estabelecidos entre órgãos com
jurisdição trabalhista, a teor do disposto no art. 114, V, da
CF/88. São exemplos de alguns conflitos de competência e
dos órgãos destinados a sua solução:
▪ 1ª Vara do Trabalho Fortaleza x 1ª Vara do Trabalho
Juazeiro do Norte = TRT7 resolve.
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▪ 1ª VT Fortaleza x 1ª Vara Cível de Fortaleza = STJ resolve
▪ 1ª VT Fortaleza x 1ª Vara do Trabalho de Natal (TRT´s
diferentes) = TST resolve
▪ TST x STJ = STF resolve.
▪ 1ª VT Fortaleza x TRT 7ª = não há conflito de
competência.
DANOS MORAIS E PATRIMONIAIS, INCLUSIVE
DECORRENTES DE ACIDENTE DE TRABALHO (INCISO VI)
Preleciona o art. 114, VI, da CF/88 que compete a
Justiça do Trabalho processar e julgar: “as ações de
indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da
relação de trabalho”. Perceba-se que a norma
constitucional não faz qualquer restrição, de modo que
todo e qualquer dano, seja ele material ou exclusivamente
moral, desde que decorrente da relação de trabalho lato
sensu, poderá ter seu ressarcimento determinado pela
Especializada Trabalhista. Estão incluídos, até mesmo, os
danos oriundos de acidente de trabalho. Ressalte-se que,
em face da leitura do disposto no art. 109, I, da CF/88,
poder-se-ia entender que a competência para ações que
demandam indenização por danos decorrentes de acidente
de trabalho seria da Justiça Comum Estadual. Entretanto,
não é essa a melhor interpretação. Tanto assim é verdade
que o STF já enfrentou a matéria, decidindo que a
competência da Justiça Comum restringe-se às chamadas
ações acidentárias, figurando no polo passivo o INSS e
objetivando recursos oriundos do Seguro de Acidente de
Trabalho (SAT) devidos ao trabalhador acidentado ou
incapacitado em virtude de doença ocupacional. Para todas
as demais ações atinentes ao acidente de trabalho,
especialmente as indenizatórias que tenham no polo
passivo o empregador ou tomador, a competência será da
Justiça do Trabalho (súmula vinculante 22 do STF).
PENALIDADES IMPOSTAS PELA FISCALIZAÇÃO DO
TRABALHO (INCISO VII)
Denota o art. 114, VII, da CF/88 que compete à
Justiça do Trabalho processar e julgar “as ações relativas às
penalidades administrativas impostas aos empregadores
pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho”.
Assim, as ações anulatórias de auto de infração lavrado pela
Fiscalização do Trabalho, que antes eram aforadas perante
à Justiça Federal em face da União, são agora da
competência material da Especializada Laboral. Oportuno
salientar que a dicção constitucional fala em “ações”, sem
impor qualquer restrição. Dessa forma, não importa a
natureza da ação, tampouco é relevante se a mesma é de
conhecimento ou execução, bastando que envolva
penalidades impostas pela Fiscalização do Trabalho. Tal
interpretação justifica a competência da Especializada
Trabalhista para processar e julgar as execuções fiscais da
União, decorrentes de dívidas ativas não-tributárias
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oriundas das multas aplicadas pela Fiscalização do Trabalho.
Aludida competência é, sem dúvida, da Justiça do Trabalho.
CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS (INCISO VIII)
Nos moldes do art. 114, VIII, da CF/88, compete à
Justiça do Trabalho processar e julgar “a execução, de
ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e
II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que
proferir”. Por sua vez, o art. 195, I, a, e II, da Carta Política
preleciona que: “A seguridade social será financiada por
toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da
lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e
das seguintes contribuições sociais: I – do empregador, da
empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei,
incidentes sobre: a) a folha de salários e demais
rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer
título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem
vínculo empregatício; (...)II – do trabalhador e dos demais
segurados da previdência social, não incidindo contribuição
sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral
de previdência social de que trata o artigo 201”. Trata-se de
competência material executória, viabilizando a execução
das contribuições sociais nascidas do exercício da atividade
laboral. Sobre o tema, o TST editou a súmula 368,
restringindo a competência trabalhista para a execução das
contribuições nascidas nas sentenças condenatórias ou
homologações de acordo.
CLT, Art. 876. (...) Parágrafo único. A Justiça do
Trabalho executará, de ofício, as contribuições sociais
previstas na alínea a do inciso I e no inciso II do caput do
art. 195 da Constituição Federal, e seus acréscimos legais,
relativas ao objeto da condenação constante das sentenças
que proferir e dos acordos que homologar.
ORIUNDO VS DECORRENTE
O art. 114, IX, da CF/88 diz que compete à Justiça
do Trabalho processar e julgar “outras controvérsias
decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei”. A
primeira observação a ser feita quanto a tal dispositivo é
que o mesmo possui eficácia limitada, ou seja, depende de
uma norma infraconstitucional para produzir todos os seus
efeitos. Em segundo lugar, necessário se faz alguns
esclarecimentos quanto à interpretação a ser dada ao
aludido preceito. Isto porque pode parecer, em princípio,
que o mesmo é repetitivo, haja vista que o art. 114, I, já
coloca sob a competência laboral todas as ações oriundas
da relação de trabalho, aparentando um esvaziamento do
inciso IX em exame. Poder-se-ia pensar, portanto, que a
competência trazida pelo inciso IX estaria abrangida pelo
inciso I, tornando este último inócuo. Porém, não é essa a
melhor interpretação. Nesse sentido, impende destacar que
o vocábulo “oriundo” (presente no inciso I do art. 114)
significa “nascido de”. Já o vocábulo “decorrente”
(transcrito no incido IX do mesmo artigo) significa “como
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conseqüência de”. Desse modo, seguimos a corrente que _______________________________________________

harmoniza a existência concomitante dos incisos I e IX do
art. 114 da CF/88, posto que compatíveis entre si. _________________________________________________

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COMPETÊNCIA CRIMINAL
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Embora existam renomadas vozes doutrinárias
sustentando a competência criminal da Justiça do Trabalho,
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prevalece o entendimento de que a Especializada Laboral
não é dotada de competência criminal, nem mesmo quando
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se tratar de crimes contra a organização do trabalho,
sobretudo em virtude do disposto no art. 109, VI, da CF/88,
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que remete tal competência à Justiça Federal.
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