Aula 1

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INTRODUÇÃO AOS MATERIAIS

CERÂMICOS
Ementa

► Classificação e aplicações dos materiais cerâmicos.

► Matérias-primas para obtenção de cerâmicas tradicionais e avançadas.

► Processamento, secagem e sinterização das cerâmicas tradicionais e


avançadas.

► Estrutura cristalina e de diagrama de equilíbrio de fases aplicados aos


materiais cerâmicos.

► Propriedades físicas, térmicas, óticas, mecânicas e mecanismos de


tenacificação.

► Processamento e propriedades dos materiais refratários obtidos com alumina


(Al2O3), zircônia (ZrO2), magnésia (MgO) e carbeto de silício (SiC).

► Processamento, aplicações e propriedades dos materiais vítreos e cimentícios.


BIBLIOGRAFIA BÁSICA

1 RICHERSON, D. W. Modern ceramic engineering: properties,


processing, and use in design. 3. ed. New York: CRC Press, 2005.

2 KINGERY, W. D.; BOWEN, H. K.; UHLMAN, D. R. Introduction to


ceramics. 2. ed. New York: Wiley-Interscience, 1976. 1056p.

3 BARSOUM, M. Fundamentals of ceramics. New York: Taylor & Francis,


2002. 624p.
AVALIAÇÃO

Primeira Prova
Data: 09/05 - Valor: 35 pontos

Segunda Prova
Data: 04/07 - Valor: 35,0 pontos

Seminário
Data: 11/07 - Valor: 30,0 pontos
Materiais Cerâmicos:

Cerâmica: origem, antiguidade

• Keramos = “coisa queimada” (grego)


• 5000 A.C.: artefatos de argila, louça de barro
• 3500 A.C.: torno de oleiro
• 1000 A.C.: porcelana (China)
• Séc. 18: porcelana (Alemanha), colagem, extrusão, forno túnel
• Séc. 19: mecanização, microscopia ótica, cones pirométricos
• Séc. 20: raios X, microscopia eletrônica, materiais sintéticos,
automatização
Materiais Cerâmicos:

▪ Cerâmicos são materiais inorgânicos e não-metálicos


que consistem em compostos que são formados entre
elementos metálicos e não-metálicos, para os quais as
ligações interatômicas ou são totalmente iônicas ou são
predominantemente iônicas com alguma natureza
covalente.
Classificação quanto a aplicação
Ligações iônicas versus covalentes
Os materiais cerâmicos de caráter muito iônico caracterizam compostos
de baixo ponto de fusão (para o grupo dos cerâmicos), baixa dureza,
baixa resistência e grande expansão térmica.

Os materiais cerâmicos que possuem ligações de caráter menos iônico


são compostos de alto ponto de fusão, alta resistência mecânica e alta
dureza.

Cálculo da porcentagem do caráter iônico

% caráter iônico = {1 – exp [-(0,25)(XA-XB)²]}x100

Onde XA e XB são as eletronegatividades dos respectivos elementos. A é o elemento mais


eletronegativo

A eletronegatividade corresponde à capacidade que o núcleo de um átomo tem de


atrair os elétrons envolvidos em uma ligação química.
FORÇA E ENERGIAS
DE LIGAÇÕES

FN = FA + FR
FA + FR = 0 (estado em equilíbrio)

Energia (E) e força de ligações (F)


estão relacionadas por : E= F.dr
As forças de ligação atrativa são culômbicas.

EA= -A/r
𝑑𝐸
ER= B/rn No equilíbrio: =0
𝑑𝑟

B (ajustado empiricamente)
n (aproximadamente igual a 8)

A é igual:

Onde є0 é a permissividade do vácuo (8,85x10-12 F/m), Z1 e Z2 são as


valências dos dois tipos de íons e e é a carga de num eletron (1,602x10-19 J)
Relação entre algumas propriedades e as curvas de força e de energia de
ligação

Temperatura de fusão
Quanto maior o valor de |E0|,
maior a temperatura de fusão
de um material, já que há
necessidade de rompimento de
ligações para a mudança de
estado físico (sólido →
líquido).
Relação entre algumas Propriedades e as curvas de força e de
energia de ligação

Coeficiente de Expansão

Elevadas E de ligação → baixo


coeficiente de expansão térmica
(alterações dimensionais
pequenas).
Relação entre algumas Propriedades e as curvas de força e de energia de
ligação

Resistência mecânica
Aumenta com a força
máxima e com a profundidade
do poço da curva de energia
de ligação. Ou seja, quanto
maior a energia de ligação,
maior a resistência.
Exercício 01: Calcule a força de atração entre um íon K+ e um íon O2- cujos centros
encontram-se separados por uma distância de 1,5 nm.

Exercício 02: Sabe-se que para o par iônico Na+ - F- as energias atrativas e
repulsivas EA e ER dependem da distância entre os íons, determine
matematicamente os valores de ro e Eo.
Secagem

1- Água interpartículas ou de concentração: separa as partículas uma das outras.

2- Água dos poros: água contidas nos poros.

3- Água adsorvida: formam películas ao redor das partículas.

4- Água do reticulado ou água estrutural: contida dentro da estrutura cristalina (não


é eliminada durante a secagem).

A secagem das regiões internas ocorre pela difusão de moléculas de água para a
superfície, onde ocorre a evaporação.
• Se a taxa de evaporação > taxa de difusão  trincas
• Peça mais espessas  formação de defeitos mais pronunciada.
• Teor de água no corpo é crítica  quanto mais água, mais intensa a
contração de volume.
Distribuição de umidade em um corpo cerâmico durante a secagem.
Curva de Bigot
Curva de Bigot: descreve a evolução da retração de secagem em função da perda de água
de conformação.
Sinterização: Conceito Geral Al2Si2O5 (OH)4 → Al2Si2O6 + 2H2O( gás )
Eliminação da água estrutural
“Sinterização é um tratamento térmico
realizado em uma peça verde ou uma massa
de pós visando gerar continuidade de matéria
entre as partículas.”

Sinterização: Conceito Físico


“Sinterização é o transporte de matéria ativado
termicamente, em uma massa de pós ou um
compactado poroso, resultando na diminuição da
superfície específica livre pelo crescimento de
contatos entre as partículas, redução do volume
dos poros e alteração da geometria dos poros”.

Sinterização: Conceito termodinâmico


É uma transformação de estado termodinâmico
(processo do tipo irreversível, espontâneo ou
natural, com ∆G < 0).
Sinterização

O processo de queima é composto de 3 estágios:


Estágio I: Pré-sinterização (decomposição de orgânicos, a vaporização da
água quimicamente ligada, a decomposição de sulfatos e carbonatos, etc..
Estágio II: Sinterização.
Estágio III: Resfriamento.

A sinterização somente se inicia numa peça após a sua temperatura exceder (0,5–
0,66)Tf.

 Sem presença de fase liquida: Sinterização no estado solido.


 Com presença de fase liquida: Sinterização na presença de fase liquida
(Vitrificação).
Sinterização por Fase Sólida

 por fluxo viscoso


 por difusão atômica
 por transporte de vapor

Estágios

Primeiro estágio:
 Rearranjo
 Formação do pescoço

Segundo estágio:
 Crescimento do pescoço
 Maior taxa de retração/densificação

Terceiro estágio:
 Sinterização final
 Crescimento de grão
Esquema de mudança da estrutura de poros durante a sinterização por fase sólida :
(a): contato inicial; (b): estágio inicial; (c): estágio intermediário; (d): estágio final da
sinterização.

A estrutura dos poros e grãos durante as etapas de sinterização. A densidade


aumenta gradualmente de (a) para (e).
Sinterização por Fase Líquida

Ocorre pela fusão de um dos componentes do sistema ou pode ser o resultado de uma
reação entre, pelo menos, dois dos componentes do sistema.
Esquema de mudança da estrutura de poros durante a sinterização : (a):
contato inicial; (b): estágio inicial; (c): estágio intermediário; (d): estágio
final da sinterização.

A estrutura dos poros e grãos durante as etapas de sinterização. A densidade


aumenta gradualmente de (a) para (e).
Densidade do material em função do conteúdo de líquido formado durante a
sinterização via fase líquida (a): estágio de aquecimento; (b): estágio inicial,
correspondente ao rearranjo das partículas (c): estágio intermediário, no qual
ocorre a solução-reprecipitação; (d): estágio final da sinterização.

Densidade (%)

volume de líquido
Influência da temperatura
Técnicas de Fabricação

Matérias-primas:

→ processo de moagem (reduzir tamanho das partículas)

→ processo de peneiramento ou classificação por tamanho


Conformação Hidroplástica

→ Extrusão

Exemplos: tijolos, tubos, blocos cerâmicos e azulejos.

Extrusão Extrusão + Compressão

Prensa para
telhas
COLAGEM DE BARBOTINA

Processo de colagem de barbotinas. (1) Introdução da suspensão no molde de


gesso. (2) Absorção de água pelo

(1) (2)

(3) (4)
Prensagem do Pó

Prensagem Uniaxial
Prensagem Isostática

▪ Material pulverizado é colocado dentro de um molde de borracha.


▪ A pressão é aplicada por um fluido, isostaticamente (possui a mesma
magnitude de pressão em todas as direções).
▪ São possíveis formas mais complicadas do que em uma situação de
prensagem uniaxial.
▪ Entretanto, na prensagem isostática, consome mais tempo e é mais cara.
Prensagem a quente
Pressão uniaxial e temperatura
são aplicados simultaneamente.

Ocorre a compactação e a
sinterização ao mesmo tempo.

Moldes e equipamentos são


caros. Ex: Grafita (maior
temperatura e maior resistência
mecânica); ligas refratárias
(tântalo e molibdênio); ligas
refratárias recobertas com
MoSi2 e Al2O3.
Parâmetro indicador da eficiência do processo de prensagem

A razão de Dc Dc = densidade do compacto após a prensagem.


compactação RC: RC = Df = densidade de preenchimento da matriz.
Df

Para pós utilizados em processamento


cerâmicos é desejável um RC < 2
Pós que contenham partículas dúcteis
(Al, Cu e KBr) tem-se RC >> 2.

Fonte: Reed; 1988


Efeito parede  w = f K h / v P + Aw P = pressão axial média.
f = coeficiente de atrito da
parede da matriz.
Kh/v = razão entre a pressão
horizontal pela vertical.
Aw = adesão da parede.

Pressão axial média transmitida a uma


PH
profundidade H de um compacto cilíndrico PP

PH  − 4 f Kh / v H 
Fonte: Reed; 1988 = exp  
Pa  D 

Pa = pressão média aplicada.


H = altura do compacto cilíndrico.
D = diâmetro do compacto cilíndrico.
Exercício 01: Um alto valor para a razão de compactação RC implica num longo
percurso do pistão e numa grande quantidade de ar na peça compactada. Certos
grânulos de alumina produzidos por “spray drying” apresentam uma densidade após a
prensagem de 53% e uma densidade de preenchimento da matriz de 27%. Seriam esses
grânulos apropriados para processamento cerâmico?

Exercício 02: Para que a prensagem uniaxial de um compacto cilíndrico cerâmico, com
a razão entre a altura e o diâmetro do compacto cilíndrico igual a 0,8, produza uma boa
compactação, é necessária que a tensão de cisalhamento na parede da matriz seja de 5
MPa. Considerando que a razão entre a pressão horizontal e vertical é igual a 0,39,
coeficiente de adesão da parede é igual 2 MPa e que o coeficiente de atrito da parede da
matriz é igual a 0,26, qual seria o valor da pressão axial média transmitida necessária a
uma profundidade H de um compacto cilíndrico?
Cerâmicas
Tradicionais
Classificação dos materiais de cerâmica tradicionais (prática)

a) Materiais de cerâmica secos ao ar.

b) Materiais cerâmicos de baixa vitrificação.

c) Materiais cerâmicos de alta vitrificação.

d) Refratários.
Matéria prima: argilas

• As argilas são rochas sedimentares

• Família dos minerais filossilicáticos hidratados.

• Argilas primárias e secundárias.

 granulometria fina

Propriedades:  plasticidade
 resistência mecânica após secagem e/ou queima
A água nas argilas:

(a) água de constituição, também chamada adsorvida ou de inchamento;

(b) água de plasticidade ou absorvida;

(c) água de capilaridade.


Tipos de Argila

1. Argila natural.

2. Argila refratária.

3. Caulim ou argila da china.

4. Ball-Clay.

5. Argilas para grês.

6. Argilas vermelhas.

7. Bentonita.

8. Argilas expandida.
Minerais presentes nas argilas
Argilominerais
Caulinita (Al 2(Si 2O5)(OH)4),
Filossilicatos hidratados
Ilita (K,H3O)(Al,Mg,Fe)2(Si,Al)4O10[(OH)2,H2O] (cristais < 4-8μm)
Montmorilonita [Na0.2Ca0.1Al2Si4O10(OH)2(H2O)10]
Destacam-se para aplicações
Clorita (Mg,Al,Fe)12(Si, Al)8O20(OH)16 cerâmicas

Sílica
Quartzo (forma cristalina ou amorfa de silício) (> 10 m).

Carbonatos
Calcita (CaCO3)
Magnesita (MgCO3)
Dolomita (MgCa(CO3)2
Feldspatos
Ortoclásio (K2O.Al 2O3.6SiO2)
Albita (Na2O.Al 2O3.6SiO2)
Anortita (CaO. Al 2O3.2SiO2)

Micas
Muscovita (KAl2(Si3Al)O10(OH,F)2)
Biotita (K(Mg,Fe)3(OH,F)2(Al,Fe)Si3O10)
Minerais de ferro
Magnetita (Fe3O4)
Hematita (Fe2O3)
Limonita (FeO.OH.nH2O)
Goetita (FeO.OH)
Siderita (FeCO3)
Plasticidade

IP = LL – LP - Feldspatos
Matérias primas - Sílicas
IP = Índice de plasticidade;
não plásticas - Carbonatos
LL = Limite de liquidez;
LP = Limite de plasticidade. - Talcos

 Atuam reduzindo a plasticidade e


facilitando a defloculação da suspensão;
 Melhoram o empacotamento;
 Aumentam o tamanho de poro.
O limite de liquidez (LL) - Aparelho de Casagrande - O limite de liquidez
corresponde ao teor de umidade em que a ranhura se fecha com 25 golpes.
Seguindo o padrão de ensaio estabelecidos na norma NBR 6459 para o cálculo
do Limite de Liquidez utilizou-se da Fórmula abaixo:

Onde :
W(%)= Teor de Umidade; Mw = Massa úmida; Mss = Massa solo seco

Exemplo:
O limite de plasticidade (LP)
O limite de retração (LR)
Presença de sílica livre

 redução da plasticidade;

 diminuição da retração de secagem e queima;

 aumento da permeabilidade e, normalmente, da compactação (desde que


não haja uma carência de partículas finas);

 diminuição do tempo de secagem;

 diminuição da resistência mecânica a seco e após queima;

 aumento da refratariedade;

 aumento do coeficiente de dilatação térmica.


Cerâmica Vermelha

Materiais com coloração avermelhada empregados na construção civil


(tijolos, blocos, telhas, elementos vazados, lajes, tubos cerâmicos e argilas
expandidas) e também utensílios de uso doméstico e de adorno.
Cerâmica Vermelha

Cor vermelha a 950 C, marrom ou


preta a 1250 C;

Altos teores de Fe, K e Ca

Principais cerâmicas vermelhas


Tijolo maciço de argila cozida (tijolo comum)
Normas pertinentes: NBR 5711, NBR 6460, NBR 7170, NBR 8041.

Bloco cerâmico (tijolo baiano)


Normas brasileiras: NBR 6461, NBR 7171, NBR 8042, NBR 8043.
Segundo a NBR 7171 classifica os blocos em dois tipos: Blocos de vedação; Blocos
estruturais.

Telhas comuns
Normas técnicas: NBR 8038, NBR 7172, NBR 9598, NBR 9599, NBR 9601, NBR
6462, NBR 8947, NBR 8948, NBR 9602, NBR 9601

Tijolos aparentes
São produtos de melhor qualidade, usados nos casos em que se deseje boa aparência,
uniformidade e cor. A absorção das peças prensadas deve ser em torno de 10-15%.
Cerâmica Branca

Materiais constituídos por um corpo branco e em geral recobertos por uma


camada vítrea transparente e incolor e que eram assim agrupados pela cor
branca da massa, necessária por razões estéticas e/ou técnicas.
Cerâmica Branca
Cerâmica artística
Cerâmicas de revestimento

Principais cerâmicas de revestimento


Classe de resistência do revestimento cerâmico (Norma nacional NBR
13.818/1997)

Absorção de água

Classe Absorção de Denominação Uso Módulo de


água (%) recomendado ruptura
(Kgf./cm2)

Ia 0 a 0,5 Porcelana Piso e parede 350 a 500


Ib 0,5 a 3 Grés Piso e parede 300 a 450
IIa 3a6 Baixa absorção Piso e parede 220 a 350
IIb 6 a 10 Semiporoso Piso e parede 180 a 300
III 10 a 20 poroso Parede 150 a 200
Resistência à abrasão (índice PEI)

Classe Uso
0 Revestimento somente para paredes
1 Banheiros e dormitórios residenciais
2 Ambientes residenciais sem portas externas
3 Ambientes residenciais comportas externas
4 Áreas internas de uso comercial
5 Alto tráfego, uso público interno e externo
Classe coeficiente de atrito e uso
Classe 1- inferior a 0,4 satisfatórios para instalações normais
Classe 2 - igual ou superior a 0,4 recomendados para uso onde se requer resistência
ao escorregamento.

Resistência ao risco (escala MOHS)


Recomendado que a dureza MOHS seja sempre que possível maior ou igual a 4 ou
5.

Resistência a manchas
Classe 1: impossibilidade de remoção da mancha
Classe 2: removível com produto de limpeza especial (ácido clorídrico ou acetona)
Classe 3: removível com produto de limpeza forte (água sanitária ou ácido muriático
diluído)
Classe 4: removível com produto de limpeza fraco (detergentes convencionais)
Classe 5: máxima facilidade de remoção (água)
Resistência a flexão
Tipo de produto e norma do módulo de resistência à flexão (N/mm2):
Porcelanato mínimo = 35 N/mm2 ;Grés mínimo = 30 N/mm2 ; Semi-Grés mínimo =
22 N/mm2 ;Semi-Poroso mínimo = 18 N/mm2 ; Poroso mínimo = 15 N/mm2

Carga de ruptura
É a carga máxima que suporta a placa cerâmica quando flexionada.

Resistência ao ataque de produtos químicos domésticos e de piscina


GA - resistência química elevada;
GB - resistência química média;
GC - resistência química baixa.
Dilatação por umidade e dilatação térmica
A expansão por umidade máxima recomendada é 0,6 mm/m.

Resistência ao gretamento
É o nome dado às fissuras sobre a superfície esmaltada, normalmente em forma
circular ou como uma teia de aranha.

Resistência ao gelo
Quanto menor a absorção de água, maior a resistência ao gelo.

Resistência ao choque térmico


O ensaio consiste basicamente em submeter à peça (10 vezes) às variações
bruscas de temperatura alternando-se quente (110◦C) e fria (10◦C) para verificar
se resiste sem apresentar trincas.
Cerâmicas
Avançadas
Cerâmica de Alta Tecnologia/Cerâmicas Avançadas
Cerâmica Avançada ou de engenharia são materiais com solicitações
maiores e desempenho destacado, obtidos a partir de matérias-primas mais
puras.

A necessidade de aprimoramento de tecnologia em diversas áreas, como


aeronáutica e eletrônica, passaram a exigir cerâmicas como matérias
primas mais sofisticadas → surge as Cerâmicas Avançadas

As cerâmicas avançadas e as tradicionais → podem ser aplicadas para o


mesmo fim?

O número de varáveis e a faixa de variação envolvidas no processamento


de cerâmicas tradicionais, geralmente, são maiores do que em cerâmicas
avançadas?

As cerâmicas tradicionais são mais complexas que as avançadas?


As principais demandas de cerâmicas avançadas provêm da indústria
automobilística e aeroespacial

• Vantagens sobre ligas metálicas:


▫ Capacidade de suportar maiores temperaturas de operação, o que
aumenta a eficiência do combustível;
▫ Excelente resistência contra desgaste e corrosão;
▫ Menores perdas por atrito;
▫ Possibilidade de operação sem um sistema de refrigeração;
▫ Menor densidade que resulta em diminuição do peso total do motor.
O que se pode incorporar à Cerâmica Tradicional a partir da Cerâmica
Avançada?

Uso de matérias-primas sintéticas de elevada pureza?


Rigoroso controle de distribuição de tamanho de partícula?
Processos de conformação de formas complexas?
Rigoroso controle de densidade aparente?
Sinterização em temperaturas mais elevadas e controle rigoroso?
Controle rigoroso controle sobre os gases da atmosfera do forno?
Profundo conhecimento sobre a relação: microestrutura x propriedades x
desempenho?
MATÉRIAS-PRIMAS – Cerâmicas Avançadas
Al2O3 – Alumina:

Obtida a partir da digestão alcalina da bauxita (processo Bayer), seguida por


precipitação e calcinação.

A alumina pode ser produzida em uma variedade de graus de pureza.

Características: Aplicações:

Boa rigidez Anéis de vedação


Boa resistência à corrosão Próteses médicas
Boa estabilidade térmica Tubos de laser
Excelentes propriedades dielétricas Substratos eletrônicos
Blindagem balística
Tubos de termopares
Isoladores
Carbeto de Silício

SiO2 +3C = SiC(s) +2CO(g) Essa reação ocorre em forno


de grafite - T > 1700 ºC

Características: Aplicações:

Baixa densidade Componentes de turbinas


Alta resistência fixas e móveis
Boa resistência a altas Selos, rolamentos, bombas
temperaturas (reação ligado ) Peças de válvula
Resistência à oxidação Placas de desgaste
Excelente resistência ao choque Trocadores de calor
térmico
Alta dureza e resistência ao
desgaste
Excelente resistência química
Expansão térmica baixa e alta
condutividade térmica
ZrO2 – Zircônia

Obtida a partir da dissociação do silicato de zircônio ZrSiO4 em forno de


plasma.

ZrSiO4 → ZrO2 (99,5%) + SiO2


ZrO2 (99,5%) + H2SO4 → Zr(SO4)2 → ZrO2 (99,95%)

Características: Aplicações:

Alta capacidade de Meios de moagem de alta


temperatura de até 2400ºC densidade
Alta densidade Os sensores de oxigênio
Alta resistência e tenacidade Lâminas de corte
a fraturas Próteses médicas
Alta dureza e resistência ao
desgaste
Baixa condutibilidade
térmica
Boa resistência química
Nitreto de silício (Si3N4)

Obtidos pela redução carbotérmica da sílica em atmosfera de nitrogênio:

3SiO2(s) + 6C(s) + 2N2(g) →Si3N4(s) + 6CO(g)


Essa reação ocorre entre 1400 e 1450 ºC.

Aplicações:

Características: Rolamento de esferas e elementos


do rolo
Alta resistência à fratura Ferramentas
Dureza e resistência ao Válvulas
desgaste Rotores do turbocompressor para
motores
Velas de incandescência
Bainhas de termopares
Acessórios e bicos de solda corte.
A escolha do material correto é muito importante, por isso foi criada a
seguinte base:

Al2O3 - deve ser usado quando as propriedades térmicas e elétricas forem


importantes. Possui boa força mecânica e apresenta pouco desgaste.

ZrO2 - deve ser usado quando propriedades mecânicas forem importantes.


Possui baixa condutividade térmica.

Si3N4 - deve ser usado quando propriedades mecânicas extremas forem


importantes. Também possui boas propriedades térmicas e elétricas.

SiC - deve ser usado quando quando propriedades mecânicas extremas forem
importantes a altas temperaturas. Possui baixa resistividade elétrica.
Métodos Recentes de Preparação de Pós Cerâmicos
Por meio de reações químicas: Vapor → líquido → sólido, vapor → vapor,
líquido → sólido e sólido → sólido

Relação dos métodos empregados em síntese química de pós cerâmicos:

1) Os métodos de obtenção de pós cerâmicos a partir de uma solução


aquosa ou orgânica: processo sol gel e os métodos de precipitação e co-
precipitação;
2) Os métodos em fases gasosas: deposição química de vapor (“Chimical
Vapor Deposition” – CVD) e deposição física de vapor (“Physical
Vapor Deposition” – PVD);
3) Os métodos convencionais de mistura de óxidos e reação no estado
sólido.
O objetivo de todos os processos consiste em obter pós de alta pureza e
alta reatividade , controlando tamanho e forma de partícula, com estreita
distribuição de tamanhos de partícula, livre de aglomerados duros ou
agregados.

→ Quanto ao tamanho → maior rapidez na densificação.

→ Quanto a forma → partículas primárias esféricas (sem orientações


preferenciais (permite melhor compactação).

→ Pureza do pó cerâmico → fator mais importante em processamento de


cerâmicas avançadas.

Impurezas: Afetam o comportamento na densificação e as propriedades


finais da peça, tais como a resistência mecânica, inércia química,
comportamento elétrico e magnético, transmitância térmica, etc.
Processamento

Figura: Fluxograma genérico,


ilustrando as etapas mais
comuns para a elaboração de
componentes cerâmicas, a
partir das matérias-primas
sintéticas.
Os maiores produtores de cerâmicas avançadas são o Japão, os
Estados Unidos e a Europa Ocidental.
APLICAÇÃO ELETRÔNICA

Parte interna de um para-raios


Cerâmicos Usadas em aplicações Biomédicas

Cerâmica Formula Característica

• Alumina Al2O3 Bioinerte


• Zirconia ZrO2 Bioinerte
• Hidroxiapatita Ca10(PO4)6(OH)2 Bioativa
Biocerâmicas
Forma, fase e funções das biocerâmicas
Exemplos: Biocerâmicas

Implante - Titânio recoberto


com hidroxiapatita
( melhora a adesão)
(obtido por plasma-spray)
Prótese de quadril - Acetábulo - maior resistência ao desgaste que o metal
Prótese de titânio recoberta com hidroxiapatita - melhora adesão da
prótese com os ossos e os tecidos além de favorecer a fixação do implante
no local
Pós e blocos de hidroxiapatita (Ca10(PO4)6(OH)2 (fosfato de cálcio)/
preenchimento de cavidades

pós blocos
Cimento de fosfato de cálcio (cola óssea)
Pós de hidroxiapatita - pata de
um cachorro
Usinagem - cerâmicos

• CBN – Nitreto cúbico de boro


• Al2O3 + TiC
• Si3N4 - Nitreto de silício)
Importância dos materiais cerâmicos no processo de usinagem
Componentes mecânicos - Rolamentos

Si3N4 – (Nitreto de silício)

 Não necessita de muita lubrificação


 O rolamento cerâmico é mais leve, mais forte,
mais duro, produz menor fricção e é isolante
elétrico.
Componentes mecânicos – discos de freio

• Sialon (nitreto de
silício + óxido de
alumínio + nitreto de
alumínio)
Rotores: Nitreto de silício
(Si3N4)
OUTRAS APLICAÇÕES
Blindagens e coletes a prova de bala
Sensor de oxigênio – ZrO2 + CaO

Filtro cerâmico para fundição de aço e ferro fundido - ZrO2


Facas cerâmicas - ZrO2 + CaO
Fibras refratárias cerâmicas
Catalisadores

• Corderita – [2MgO-2Al2O3-5SiO2]
• No setor químico da indústria alimentícia, podem atuar como
sensores de gases:
▫ Alarme de vazamento de gases;
▫ Sensor de oxigênio em peças automotores.
Outras aplicações

Bicos para jateamento de areia


• WC (carbeto de tungstênio)
Resiste entre 250 a 400 horas
de utilização.
• B4C (carbeto de boro): Resiste
até 1000 horas de utilização.

Bicos para corte por água a alta pressão,


em geral contendo pós abrasivos.

Bicos para jateamento de areia de


alumina (abaixo)
Revestimentos cerâmicos com funcionalidades sensitivas (sílica)
Usados como interface das tecnologias de domótica. Com base na
sensorização táctil do revestimento cerâmico, e sem prejuízo das suas
características de base, pretende-se que estas novas funcionalidades
transformem o produto na parte interativa dos edifícios inteligentes.
Superfícies cerâmicas auto-limpantes
Revestimentos cerâmicos com funções auto-limpantes, através da
modificação da sua superfície com materiais nano estruturados foto
catalíticos. Os novos revestimentos permitem a redução dos custos de
manutenção de fachadas de edifícios.
Sistemas solares fotovoltaicos
Usados em coberturas e revestimentos cerâmicos. Desenvolvidos em
protótipos funcionais de produtos cerâmicos fotovoltaicos integrados, de
elevada eficiência, para revestimentos de edifícios (telhas e revestimentos
exteriores de fachada) incorporando filmes finos fotovoltaicos.
Membranas cerâmicas ultrafinas
Membranas cerâmicas ultrafinas (zircônia), de alta densidade, alta
resistência mecânica, e inércia química, resistentes a temperaturas extremas.
Imanes permanentes de cerâmica

São feitos de um composto poroso de óxido de ferro em pó, bário e de


carbonato de estrôncio. Devido ao baixo custo dos materiais, e dos
métodos de fabricação, este tipo de íman é o mais barato do mercado,
sendo muito utilizado em componentes eletrônicos.
MgO - Cerâmica transparente com a alta condutividade térmica

Devido a sua elevada estabilidade térmica o oxido de magnésio (MgO), e


um material refratário clássico, com uma temperatura de fusão superior a
2800 ° C. Isolador elétrico excelente, com boa condutividade térmica.
Espuma de cerâmica para isolamento de altas temperaturas
Espumas de cerâmica (alumina) de células fechadas são usadas em
múltiplas aplicações tais como materiais de isolamento de alta
temperatura.
Têxteis em fibra de carbono

Materiais leves suportando elevadas cargas mecânicas.


Material isolante térmico flexível em cerâmica (sílica e alumina)
Com peso e espessura mínima. Aplicações usuais na proteção de
motores e para a absorção de calor em compartimentos especiais.

Materiais e sistemas inteligentes


Piezocerâmicos (titanato de bário) de alto desempenho são usados para
converter os parâmetros mecânicos, como a pressão e aceleração, em
parâmetros elétricos ou, inversamente, para converter sinais elétricos em
movimento ou vibração mecânica.
Blindagem

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