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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS


FACULDADE DE ESTATÍSTICA

Leonan Braga Lopes

CARACTERIZAÇÃO DE ESTUPRO DE MULHERES OCORRIDOS NA REGIÃO


METROPOLITANA DE BELÉM – PARÁ – BRASIL

Belém – Pará
2022

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS
FACULDADE DE ESTATÍSTICA

Leonan Braga Lopes

CARACTERIZAÇÃO DE ESTUPRO DE MULHERES OCORRIDOS NA REGIÃO


METROPOLITANA DE BELÉM – PARÁ – BRASIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Colegiado da Faculdade de Estatística, no Instituto
de Ciências Exatas e Naturais, da Universidade
Federal do Pará, como requisito para a obtenção do
grau de Estatístico.

Orientador: Prof. Dr. Edson Marcos Leal Soares Ramos

Belém – Pará
2022

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS
FACULDADE DE ESTATÍSTICA

Leonan Braga Lopes

CARACTERIZAÇÃO DE ESTUPROS DE MULHERES OCORRIDOS NA REGIÃO


METROPOLITANA DE BELÉM – PARÁ – BRASIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Colegiado da Faculdade de Estatística, do Instituto de


Ciências Exatas e Naturais, da Universidade Federal do Pará, como requisito para a obtenção do grau
de Estatístico.

Belém, 11 de Julho de 2022.


_________________________________________
Prof. Dr. Vinicius Duarte Lima
(Diretor da Faculdade de Estatística)

Banca Examinadora

____________________________________ ____________________________________
Prof. Dr. Edson Marcos Leal Soares Ramos Profa. M.Sc. Adrilayne dos Reis Araújo
Universidade Federal do Pará Universidade Federal do Pará
Orientador Avaliadora

____________________________________ ____________________________________
Esp. Luís Carlos Jurema dos Santos Júnior Prof. Dr. José Gracildo de Carvalho Júnior
Universidade Federal do Pará Universidade Federal do Pará
Avaliador Avaliador

____________________________________
Profa. Dra. Silvia dos Santos de Almeida
Universidade Federal do Pará
Avaliadora

Belém-Pará
2022

3
AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradecer a Deus por me fortalecer espiritualmente todos os dias por


manter a minha fé em dia.
Agradecer a minha família por todos os anos de convivência, apoio e aprendizado que
ajudaram na minha formação pessoal.
Agradecer ao meu orientador professor Edson pelas orientações e os ensinamentos
aplicados tanto no TCC, quanto no período acadêmico que colaboraram no meu
desenvolvimento e fez entender de maneira simples a importância de ser um Estatístico
colocado em prática com o objetivo de preparar na formação profissional.
Agradecer ao meu amigo Marcos e aos demais colegas de classe pela convivência
nesses anos que estive cursando e que também me ajudaram a tirar dúvidas nas disciplinas
quando foi preciso.
E agradecer toda equipe docente que ministraram as aulas e foram fundamentais na
minha formação acadêmica, em especial aos (às) professores (as): Vinícius, Marinalva,
Gracildo, Adrilayne, Marcelo Protázio e Valcir.

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LOPES, Leonan Braga. Caracterização de Estupro de Mulheres ocorridos na Região
Metropolitana De Belém – Pará – Brasil. 2022. 36f. TCC (Graduação em Estatística).
Faculdade de Estatística. Instituto de Ciências Exatas e Naturais. Universidade Federal do
Pará, Belém, Pará, Brasil, 2022.

RESUMO
Importância: Os crimes de estupro estão presentes no convívio social ao longo das gerações,
sendo marcado por ser uma prática forçada e de domínio sobre o corpo da vítima para a
ocorrência do ato sexual contra a própria vontade. Mesmo sofrendo com a gravidade e as
consequências causadas pelo estupro, muitas vezes a vítima convive com os julgamentos de
uma sociedade que responsabiliza mais a vítima e isenta o agressor da culpa. Objetivo:
Caracterizar o crime de estupro contra mulheres na Região Metropolitana de Belém-Pará, no
período de 2010 a 2019. Métodos: A natureza da pesquisa é aplicada, quantitativa,
exploratória e descritiva. Faz referência aos municípios que formam a Região Metropolitana
de Belém. Os dados utilizados na pesquisa foram extraídos por meio do Sistema Integrado de
Segurança Pública, e disponibilizadas a partir da Secretaria Adjunta de Inteligência e Análise
Criminal, órgão da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social do Estado do
Pará. Resultados: Foi verificado que a ocorrência dos casos de estupro apresentou um
aumento a partir de 2016. Foram registrados com maior intensidade em residências
particulares (77,41%), motivado pela devassidão (33,50%) e outras causas (45,44%), e o grau
de relação com o acusado sendo o padrasto (22,63%). Além disso, essas práticas estavam
mais presentes no período da noite (28,68%), em uma quarta-feira (18,28%), com o meio
empregado por outros meios (362). A maioria das mulheres vítimas de estupro são solteiras
(81,54%), na faixa etária de 12 a 17 anos (40,87%), ocupando a função de estudante (44,84%)
e com nível de escolaridade identificado com ensino médio completo (28,44%). Conclusão: É
importante ressaltar a presença de uma política preventiva promovida pelas autoridades
públicas que ajuda trazer visibilidade ao tema e também busca conscientizar as pessoas na
importância de combater essa violência, tomando medidas cabíveis para punir os agressores e
oferecendo auxílio em programas sociais que ajudam as vítimas em recuperar a integridade
física e emocional.
Palavras-chave: Violência Sexual, Crime, Dignidade, Vulnerável.

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LOPES, Leonan Braga. Characterization of Rape of Women in the Metropolitan Region
of Belém – Pará – Brazil. 2022. 36f. TCC (Graduate in Statistics). Faculty of Statistics.
Institute of Exact and Natural Sciences. Federal University of Pará, Belém, Pará, Brazil, 2022.

ABSTRACT
Importance: Rape crimes are present in social life throughout the generations, being marked
by being a forced practice and dominance over the victim's body for the occurrence of the
sexual act against his own will. Even suffering from the severity and consequences caused by
rape, often the victim lives with the trials of a society that holds the victim more accountable
and exempts the aggressor from guilt. Objective: To characterize the crime of rape against
women in the Metropolitan Region of Belém-Pará, from 2010 to 2019. Methods: The nature
of the research is applied, quantitative, exploratory and descriptive. It refers to the
municipalities that make up the Metropolitan Region of Belém. The data used in the research
were extracted through the Integrated System of Public Security, and made available from the
Deputy Secretariat of Intelligence and Criminal Analysis, an agency of the State Secretariat of
Public Security and Social Defense of the State of Pará. Results: It was verified that the
occurrence of rape cases increased from 2016. They were recorded with greater intensity in
private residences (77.41%), motivated by debaualness (33.50%) and other causes (45.44%),
and the degree of relationship with the accused being the stepfather (22.63%). In addition,
these practices were more present in the night (28.68%), on a Wednesday (18.28%), with the
medium used by other means (362). Most women victims of rape are single (81.54%), aged
12 to 17 years (40.87%), occupying the role of student (44.84%) and with level of education
identified with complete high school education (28.44%). Conclusion: It is important to
highlight the presence of a preventive policy promoted by public authorities that helps bring
visibility to the theme and also seeks to make people aware of the importance of combating
this violence, taking appropriate measures to punish aggressors and offering assistance in
social programs that help victims in regaining physical and emotional integrity.
Keywords: Sexual Violence, Crime, Dignity, Vulnerable.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Quantidade de estupros de mulheres ocorridos na Região Metropolitana de Belém


– Pará – Brasil, no período de 2010 a 2019, por mês e ano --------------------------------------- 17
Figura 2 – Percentual de estupros de mulheres ocorridos na região metropolitana de Belém –
Pará – Brasil, no período de 2010 a 2019, por dia da semana ------------------------------------ 18
Figura 3 – Percentual de estupros de mulheres ocorridos na região metropolitana de Belém –
Pará – Brasil, no período de 2010 a 2019, por turno ----------------------------------------------- 18
Figura 4 – Percentual de estupros de mulheres ocorridos na Região Metropolitana de Belém –
Pará – Brasil, no período de 2010 a 2019, por município de ocorrência ------------------------ 19
Figura 5 – Percentual de estupros de mulheres ocorridos na Região Metropolitana de Belém –
Pará – Brasil, no período de 2010 a 2019, por local de ocorrência ------------------------------ 20
Figura 6 – Quantidade de estupros de mulheres ocorridos na Região Metropolitana de Belém
– Pará – Brasil, no período de 2010 a 2019, por tipo de meio empregado ---------------------- 20
Figura 7 – Percentual de estupros de mulheres ocorridos na Região Metropolitana de Belém –
Pará – Brasil, no período de 2010 a 2019, por motivação ----------------------------------------- 21
Figura 8 – Percentual de estupros de mulheres ocorridos na Região Metropolitana de Belém –
Pará – Brasil, no período de 2010 a 2019, por faixa etária (anos) da vítima ------------------- 22
Figura 9 – Percentual de estupros de mulheres ocorridos na Região Metropolitana de Belém –
Pará – Brasil, no período de 2010 a 2019, por escolaridade da vítima -------------------------- 22
Figura 10 – Percentual de estupros de mulheres ocorridos na Região Metropolitana de Belém
– Pará – Brasil, no período de 2010 a 2019, por situação civil da vítima ----------------------- 23
Figura 11 – Percentual de estupros de mulheres ocorridos na Região Metropolitana de Belém
– Pará – Brasil, no período de 2010 a 2019, por profissão/ocupação da vítima ---------------- 24
Figura 12 – Percentual de estupros de mulheres ocorridos na Região Metropolitana de Belém
– Pará – Brasil, no período de 2010 a 2019, por tipo de relação com o acusado --------------- 24
Figura 13 – Percentual de estupros de mulheres ocorridos na Região Metropolitana de Belém
– Pará – Brasil, no período de 2010 a 2019, por faixa etária (anos) do acusado --------------- 25

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LISTA DE SIGLAS

BOP – Boletim de Ocorrência Policial


IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas
FBSP – Fórum Brasileiro de Segurança Pública
RMB – Região Metropolitana de Belém
SIAC – Secretaria Adjunta de Inteligência e Análise Criminal
SISP – Sistema Integrado de Segurança Pública
SEGUP – Secretaria de Estado de Segurança Pública

8
SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS ---------------------------------------------------- 10


1.1. INTRODUÇÃO -----------------------------------------------------------------------------------
10
1.2. JUSTIFICATIVA ---------------------------------------------------------------------------------
11
1.3. PROBLEMA
--------------------------------------------------------------------------------------- 11
1.4. REVISÃO DA LITERATURA
------------------------------------------------------------------ 11
1.5. OBJETIVOS ---------------------------------------------------------------------------------------
13
1.5.1. Objetivo Geral ----------------------------------------------------------------------------------
13
1.5.2. Objetivo Específico ----------------------------------------------------------------------------
13
1.6. HIPÓTESE
----------------------------------------------------------------------------------------- 13
1.7. METODOLOGIA
--------------------------------------------------------------------------------- 13
1.7.1. Natureza da Pesquisa -------------------------------------------------------------------------- 14
1.7.2. Lócus -------------------------------------------------------------------------------------------- 14
1.7.3. Fontes de Dados ------------------------------------------------------------------------------- 14
1.7.4. Procedimentos da Coleta de Dados --------------------------------------------------------- 15
1.7.5. Procedimentos da Análise de Dados -------------------------------------------------------- 15
1.7.6. Protocolo Ético da Pesquisa ------------------------------------------------------------------ 15
CAPÍTULO 2 – ARTIGO CIENTÍFICO ------------------------------------------------------------ 16
2.1. INTRODUÇÃO ----------------------------------------------------------------------------------- 16
2.2. MATERIAL E MÉTODO ------------------------------------------------------------------------
16
2.3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ------------------------------------------------------------------ 16
2.4. RESULTADOS E DISCUSSÕES -------------------------------------------------------------- 17
2.5. CONSIDERAÇÕES FINAIS -------------------------------------------------------------------- 26
2.6. REFERÊNCIAS DO ARTIGO ------------------------------------------------------------------ 26
CAPÍTULO 3 – CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS
FUTUROS ----------------------------------------------------------------------------------------------- 28
3.1. CONSIDERAÇÕES FINAIS -------------------------------------------------------------------- 28
3.2. RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ----------------------------------- 28
3.3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DO TCC ---------------------------------------------- 28

9
10
CAPÍTULO 1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS

1.1. INTRODUÇÃO
A violência é mostrada como um fenômeno do cotidiano, perfazendo-se como objeto
de estudo em várias áreas do conhecimento, sendo caracterizada como um fenômeno social
responsável por diversos agravos no que diz respeito à saúde (MINAYO; SOUZA, 1993).
Para Minayo e Souza (1993), vários tipos de violência constituem redes intricadas e
complexas, onde todas as pessoas podem ser consideradas autores e vítimas. A violência é
considerada por Santos (2009) como um fenômeno multicausal ou multifatorial que atinge
todas as classes sociais, instituições e grupos etários. Os indivíduos mais indefesos são os que
recebem maior hostilidade (SANTOS, 2009).
Entre as principais violências se destaca o estupro, cuja palavra é oriunda do latim
stuprum, definida por Ferreira (1999) como uma prática de forçar outrem a ter relações
sexuais contra a vontade da vítima, fazendo o uso de violência ou ameaças físicas e
psicológicas. A violência sexual foi se constituindo num diálogo entre aspectos sociais
relacionados numa dominação entre gêneros manifestados pela cultura machista, reforçando a
virilidade masculina (SOMMACAL; TAGLIARI, 2017).
O estupro é conceituado como um ato de violência, humilhação e domínio sobre o
corpo da mulher por meio dos sexuais, sendo que a experiência vivida pelas vítimas causam
sequelas e traumas físicos e mentais na vida das mulheres (SUDÁRIO; ALMEIDA; JORGE,
2005). A vítima de estupro sofre consequências físicas com lesões nos órgão genitais,
contusões e fraturas, além conviver com gravidez indesejada e transmissão de doenças
sexualmente transmissíveis (CERQUEIRA; COELHO; FERREIRA, 2014). No aspecto
psicológico, a vítima encara diversos traumas que levam à depressão, crise de ansiedade, uso
de drogas ilícitas e tentativas de suicídio (CERQUEIRA; COELHO; FERREIRA, 2014).
Segundo o Código Penal por meio da Lei N° 2.848/1940 (BRASIL, 1940), o crime de
estupro poder ser caracterizado à ausência de consentimento por parte da vítima no momento
em que o ato libidinoso é praticado contra a própria vontade. Anteriormente, o estupro era
caracterizado a partir da existência de conjunção carnal com violência e grave ameaça
(CUNHA, 2019). Embora tenha lei que visa combater o crime de estupro, continua na
insistência da sociedade em colocar a culpa na vítima, reforçando a refletir como a
desigualdade de gênero ajuda normalizar esse tipo de violência e duvidando o lugar da mulher
na sociedade atual (SANTOS; CURVÊLLO; NERY, 2019).
O comportamento da sociedade acaba refletindo nas estatísticas, apontando que a cada
11 minutos uma mulher é estuprada (FBSP, 2015). O quadro se agravou em 2019 ao constatar
pelo menos um estupro a cada 8 minutos, com o registro de 66.123 boletins de ocorrência de
estupro e estupro de vulnerável registrado nas delegacias (FBSP, 2020). São números que dão
conta apenas dos casos que foram denunciados, pois é evidente a presença de subnotificação
dos casos diante da sensação de medo, sentimento de culpa e vergonha por parte da vítima;
além conviver com o pavor do agressor e do desestímulo por parte das autoridades
(SCARPATI; GUERRA; DUARTE, 2014).
No Pará, foram registrados, por meio de boletim de ocorrência, 3.648 casos de estupro
e estupro de vulnerável em 2019, levando consideração que meninas e mulheres
11
correspondem em 89% dos casos (FBSP, 2020). Segundo dados da Secretaria Adjunta de
Inteligência e Análise Criminal - SIAC, foram registrados na Região Metropolitana de Belém
10.304 casos de estupros entre o período de 2010 a 2020, com 5.981 casos registrados apenas
na capital paraense (PARÁ, 2022).
Neste contexto, a presente pesquisa terá como objeto o estupro geral, previsto no Art.
213 do CP, assim como o estupro de vulnerável, previsto no Art. 217-A do CP. O estudo da
pesquisa divide-se em três capítulos. No primeiro capítulo, intitulado de Considerações
Gerais, o estudo é composto por Introdução, Justificativa, Problema, Revisão da Literatura,
Objetivos, Hipótese e Metodologia. No segundo capítulo, é composto pelo Artigo Científico
com o título de “Perfil das Vítimas e dos Delitos de Estupro Praticados na Região
Metropolitana de Belém – Pará – Brasil, no período de 2010 a 2019” com o objetivo de
caracterizar o crime de estupro contra mulheres na RMB. No terceiro capítulo, faz as
Considerações Finais e Recomendações Para Trabalhos Futuros.

1.2. JUSTIFICATIVA
A violência sexual é associada à figura machista perante o conjunto de condutas
desenvolvidas e reforçadas culturalmente sobre a figura masculina, glorificando os atributos
ligados ao homem e perpetuando a desigualdade de gêneros, fundamentadas numa ideologia
que normaliza o homem a controlar o governo, o mercado e as atividades públicas. Já as
mulheres, eram subordinadas à figura masculina (SOUZA; BALDWIN; ROSA, 2000).
A sociedade tem evoluído ao longo dos anos, com tendência de maior aceitação e
afastamento aos preconceitos, porém as mulheres continuam sofrendo por viver em uma
sociedade predominantemente patriarcal, que mantém uma mentalidade preconceituosa contra
a figura feminina (PEIXOTO; NOBRE, 2015). Isso se faz presente nos crimes de estupro,
onde a mulher ainda é caracterizada na figura do sexo sem consentimento, sendo o maior alvo
desejado, somando também ao fato de uma parcela da sociedade atribuir a responsabilidade
pela violência sexual em cima da vítima por questões de comportamentos, vestimenta e entre
outros, atrelado a uma suposta facilidade demonstrada pela própria mulher (PEIXOTO;
NOBRE, 2015).
Portanto, é essencial ressaltar que a violência sexual contra a mulher tem a
necessidade de ser retratado como um problema social que, para ser combatido, exige a
presença de ações públicas no âmbito da segurança, do direito e da saúde (VILLELA; LAGO,
2007).

1.3. PROBLEMA
A violência sexual representa uma violação contra os direitos humanos, pois não há
justificativa para cometer esse ato, sendo fundamental entender que a culpa nunca será da
vítima (IPG, 2019). Durante anos, os casos de estupros eram subnotificados devido ao medo,
à vergonha e ao sentimento de culpa por parte da vítima (FBSP, 2019).
Para Blumer (1971), o problema social é fruto de uma definição coletiva como objeto
operacional de interesses, intenções e objetivos divergentes e conflitantes; levando a análise

12
não ficar restrita aos aspectos objetivos de uma determinada condição social. No caso do
estupro, ele é tratado como problema social a partir do momento que há um processo de
construção coletiva, envolvendo ações de grupos ativistas, movimentos sociais e participação
política (ANGHINETTI, 2016).
Sendo assim, o problema da pesquisa foca em: (i) Qual a caracterização do crime de
estupro? (ii) Qual a relação entre a vítima e o autor?

1.4. REVISÃO DA LITERATURA


Ao longo das gerações, a literatura forense foi repleta de obras que condenam, de
forma severa, os crimes de estupro, pois desde o Ancien Régime, na França, havia estudos de
juristas que apontavam o estupro como a maior ofensa a ser cometida (VIGARELLO, 1998).
Porém, essas condenações não são vistas com frequência nos julgamentos e buscam
“compreender” o lado do agressor para justificar o ato praticado (ARDAILLON; DEPERT,
1987). Geralmente, para salvar os agressores das condenações por crime de estupro, a defesa
costuma apresentar qualidades pessoais do indivíduo, e quando ocorre o crime a
responsabilidade é toda da vítima, com a justificativa de que: frequenta bares, bebe, anda
sozinha de noite, usa vestido curto, instigou sentimentos prazerosos que um homem de “boa
índole” não seria capaz de resistir (ARDAILLON; DEPERT, 1987).
Segundo Vigarello (1998), debater o estupro, ao assumir o caráter cultural da prática,
representa a importância de falar sobre o assunto com o intuito de combater essa causa, mas
que é ignorado e tratado como superficialidade. O estupro foi mascarado e minimizado, não
havendo restrições dentro do universo da violência focada no subjetivo inerente aos modos
masculinos e femininos (VIGARELLO, 1998).

A história do estupro é principalmente a história da presença de violência difusa, de


sua extensão e de seus graus. Ela é diretamente paralela à história da senilidade, que
tolera ou rejeita o ato brutal. A ausência de emoção, sensibilidade e de queixa
traduz, por exemplo, a estranha banalização do ato (..) (VIGARELLO, 1998, p.13).

Os julgamentos que as mulheres sofrem na sociedade são frutos de uma educação


recebida na infância, onde há uma restrição na sexualidade, sendo assim orientadas para não
serem estupradas e se tornar uma boa mulher diante dos homens (TERASOLO et al., 2015). E
para dificultar essa situação, as mulheres ainda são instruídas para conviver com assédios e
cantadas nas ruas, e são responsabilizadas se forem vítimas (TERASOLO et al., 2015). A
naturalização do estupro é algo que vem acompanhando o fenômeno de revitimização da
mulher estuprada, que é julgada pela sociedade e atacada pelos aparatos judiciais e midiáticos;
o que leva difundir na “cultura do estupro” (TERASOLO et al., 2015).
O termo “cultura do estupro” passou a ser utilizado na década de 70 por grupo de
feministas americanas, que promoveram esforços de conscientização para alertar a sociedade
sobre a realidade do estupro (FONSECA, 2016). Ao ser categorizado como cultura, necessita
repensar e abolir essas invasões, pois toda a forma de cultura é passada por gerações e as
pessoas crescem normalizando essas práticas (FONSECA, 2016). Para Smith (2004), a cultura
13
do estupro é caracterizada como um conjunto de crenças que encoraja os homens a praticar a
agressão sexual e apoiar a violência contra a mulher, acreditando que a agressão é
biologicamente determinada, ao invés do comportamento aprendido.

Numa cultura do estupro, as pessoas são rodeadas de imagens, linguagem, leis e


outros fenômenos diários que validam e perpetuam o estupro. A cultura do estupro
inclui piadas, TV, músicas, comerciais, jargão legal, leis, palavras e imagens, que
fazem a violência contra a mulher e a coerção sexual parecerem tão normais que as
pessoas acreditem que o estupro é inevitável. Ao invés de ver que a cultura do
estupro é um problema a ser resolvido, pessoas numa cultura do estupro pensam que
a persistência do estupro é ‘o jeito que as coisas são’ (BROWNMILLER, 1993).

Para Nascimento (2016), a figura da mulher como perversa e sedutora, além de ser
responsável por esse tipo de violência, está implícita num contexto reforçado por um discurso
bíblico que coloca o homem no patamar de ser descontrolado e dominado pela sedução,
justificado pelo excesso de testosterona. Partindo desse contexto, fica evidente que o estupro é
uma realidade cuja violência acompanha toda a história da humanidade, sendo exercida desde
o período pré-histórico como a “lei do mais forte” que reforçou esse ato ser uma prática
corriqueira (CAMPOS, 2016).
No Brasil, o estupro foi compreendido como violência a partir do século XX com a
realidade ilustrada no Código Penal Brasileiro, ao ser caracterizado como uma prática sexual
forçada contra mulheres “honestas” mediante a fraude, violência ou ameaças (BRASIL,
1940). A alteração desse decreto renova a ideia de que o estupro possui um caráter particular,
exclusivamente das instâncias individuais dos envolvidos, isentando assim a responsabilidade
do Estado perante a violência sexual (SILVA et al., 2021).
Segundo Buchwald, Fletcher e Roth (1993), o mito dos estupros trata a violência
sexual como um conjunto de crenças que encorajam os agressores sexuais masculinos e
oferece suporte a violência contra a mulher, caracterizada como sensual e merecedora pelas
agressões sofridas. Portanto, entender o estupro como um problema singular só ajuda desviar
o foco das questões sociais que colaboram na percepção do estupro, exemplificada na
ausência de educação sexual nas escolas e na falta de políticas públicas adequadas na
prevenção ao estupro (SILVA et al., 2021).

1.5. OBJETIVOS

1.5.1. Objetivo Geral


Caracterizar o crime de estupro contra mulheres ocorridos na Região Metropolitana de
Belém, no período de 2010 a 2019.

1.5.2. Objetivo Específico


Traçar o perfil das vítimas e dos delitos de estupro praticados na Região Metropolitana
de Belém – Pará – Brasil, no período de 2010 a 2019.

14
Identificar os períodos e o local de maior ocorrência do crime de estupro na Região
Metropolitana de Belém.
Traçar o perfil de relação entre a vítima e o acusado.

1.6. HIPÓTESE
A hipótese deste trabalho é identificar se o principal agressor da vítima de estupro na
RMB é o pai ou o padrasto.

1.7. METODOLOGIA

1.7.1. Natureza da Pesquisa


A natureza da pesquisa é classificada como aplicada, por estar sendo objetiva em
relação ao desenvolvimento de conhecimentos que usam aplicações práticas para buscar
soluções de problemas específicos, envolvendo verdades e interesses locais (GIL, 2008).
Quanto à abordagem a pesquisa é quantitativa, pois segundo Fonseca (2002) os
resultados que são tomados constituem o retrato real da população alvo da pesquisa, devido às
amostras consideradas grandes e representativas. Essa pesquisa foca na objetividade, além de
ser influenciada pelo positivismo por considerar a realidade compreendida baseada apenas na
análise de dados brutos e recorre à linguagem matemática para descrever as causas de um
fenômeno (FONSECA, 2002).
Com relação aos objetivos, a pesquisa pode ser classificada como exploratória por
necessitar uso de coletas em fases preliminares, e também é definida como descritiva cujo
objetivo é produzir um conhecimento prático que ajuda conhecer e corrigir os problemas
sociais (LOUREIRO, 2019). Segundo Gil (2008), pesquisa exploratória busca desenvolver,
esclarecer e modificar conceitos e ideias, visando uma formulação de problemas mais precisos
ou hipóteses de pesquisas para estudos posteriores; e as pesquisas descritivas busca descrever
as características de determinada população ou estabelecimento de relações entre as variáveis.
Quanto aos procedimentos, a pesquisa será bibliográfica por ser feita a partir do
levantamento de referências teóricas analisadas e publicadas por meios escritos e eletrônicos
sobre o tema a ser estudado, sendo que qualquer trabalho a ser iniciado com pesquisa
bibliográfica traz permissão ao pesquisador ter o conhecimento ao assunto que estudou
(FONSECA, 2002). Segundo Fonseca (2002) a pesquisa será documental ao seguir os
mesmos caminhos da pesquisa bibliográfica e também por recorrer em fontes mais
diversificadas e dispersas, sem tratamentos analíticos.

1.7.2. Lócus
O ambiente da pesquisa faz referência aos registros característicos das mulheres que
foram vítimas de estupro na Região Metropolitana de Belém (RMB). A RMB foi instituída
em 1995 por intermédio da Lei Complementar N° 27, de 19 de outubro de 1995 (PARÁ,
1995), que no início foi integrado pelos municípios de Belém, Ananindeua, Marituba, Santa
Bárbara e Benevides. Atualmente ela é formada por sete municípios com a introdução de

15
Santa Isabel do Pará em 2010 pela Lei Complementar N° 72 (PARÁ, 2010) e de Castanhal
em 2011 pela Lei Complementar N° 76 (PARÁ, 2011).

Figura 1 – Mapa da Região Metropolitana de Belém

Fonte: IBGE; Elaboração: (PEREIRA; VIEIRA, 2016).

1.7.3. Fonte de Dados


A fonte dos dados foi a Secretaria Estadual de Segurança Pública (SEGUP). Esses
dados foram provenientes do Boletim de Ocorrência, sendo extraídos por meio do Sistema
integrado de Segurança Pública (SISP).

1.7.4. Procedimento de Coleta de Dados


Os dados a serem coletados são referentes ao período de 2010 a 2019, os quais serão
solicitados, por meio ofício, à Secretaria Adjunta de Inteligência e Análise Criminal (SIAC),
da qual espera-se disponibilizar o banco de dados, considerando a necessidade de executar os
procedimentos de caracterização de estupros contra a mulher. Foram registrados 394 casos de
estupro, sendo disponibilizadas as variáveis: turno, faixa etária, escolaridade, cidade,
motivação, dia da semana, local de ocorrência, meio empregado, estado civil,
ocupação/profissão e relação com o acusado.

1.7.5. Procedimento de Análise de Dados


Será uma análise quantitativa feita por técnicas de estatística descritiva dos dados com
o uso de gráficos estatísticos, pois se trata no estudo descritivo da população, objetivando em
identificar determinadas características (MARCONI; LAKATOS, 2021). O uso de gráficos
torna a interpretação dos dados mais objetivos que possibilita uma visualização melhor dos
dados coletados, além das tabelas serem representadas com apresentação numérica dos dados
dispostos em linhas e colunas distribuídas de modo ordenado (BUSSAB; MORETIN, 2017).
16
Sendo assim, os dados obtidos ajuda identificar o contexto característico aos crimes de
estupro. Serão organizados em gráficos, além de facilitar uma visão mais prática e
compreendida pelo leitor, desperta uma curiosidade demonstrar algo abstrato. Dessa forma, a
apresentar essas informações pode ser definida como a representação dos dados com
elementos geométricos que permite uma descrição imediata do fenômeno (MARCONI;
LAKATOS, 2021).

1.7.6. Protocolo Ético da Pesquisa


Perante as informações analisadas, é importante ressaltar de que como violência sexual
se enquadra num ato criminoso com nível de gravidade elevada, as questões éticas
envolvendo as pessoas devem ser respeitadas. Dessa forma, os envolvidos nas pesquisas terão
direito em manter a identidade sob o sigilo, garantindo assim a integridade física da vítima.

17
CAPÍTULO 2 – ARTIGO CIENTÍFICO

Perfil das Vítimas e dos Delitos de Estupro Praticados na Região Metropolitana de


Belém – Pará – Brasil, no período de 2010 a 2019.
Leonan Braga Lopes
Universidade Federal do Pará
lopesleonan84@gmail.com

Edson Marcos Leal Soares Ramos


Universidade Federal do Pará
ramosedson@gmail.com

RESUMO
Importância do Estudo: Os casos de estupros contra mulheres são decorrentes de um
comportamento da sociedade que normalizavam essas práticas e condenavam as vítimas,
justificando que elas causavam atração aos homens por meio dos atributos físicos. As
constantes lutas por justiça são essenciais para mudar a visão social com relação ao estupro
para entender que é necessário oferecer todo o apoio à vítima e cobrar do poder público por
punições rígidas aos agressores, que são os verdadeiros culpados. Objetivo: Perfil das
Vítimas e dos Delitos de Estupro Praticados na Região Metropolitana de Belém – Pará –
Brasil, no período de 2010 a 2019. Metodologia: A pesquisa possui caráter quantitativo e
descritivo que, com base em dados oficiais de estupro de mulheres ocorridos no recorte
temporal de 2010 a 2019, por meio da análise exploratória de dados, foram sintetizadas em
gráficos e medidas de síntese. Resultados: Foi verificado que a maioria dos casos de estupros
presentes nas residências particulares, teve o padrasto como principal agressor. Verificou-se
também que Belém é a cidade da Região Metropolitana com maior percentual de violência
sexual, com os casos ocorrendo no período da noite. Conclusões: Faz-se necessário maior
aprofundamento de estudo acerca dos fatores causais deste tipo de violência, como também,
reavaliar as medidas públicas de enfrentamento pelos órgãos da segurança pública.
Palavras-chave: Violência Sexual, Crime, Caracterização, Dignidade.

18
Profile of Victims and Rape Crimes committed in the Metropolitan Region of Belém -
Pará - Brazil, from 2010 to 2019

SUMMARY
Importance of the Study: The cases of rapes against women are due to a behavior of society
that normalized these practices and condemned the victims, justifying that they caused
attraction to men through physical attributes. The constant struggles for justice are essential to
change the social view with respect to rape to understand that it is necessary to offer all the
support to the victim and charge the public for strict punishments to the aggressors, who are
the real culprits. Objective: Profile of Victims and Rape Crimes committed in the
Metropolitan Region of Belém - Pará - Brazil, from 2010 to 2019. Methodology: The
research has a quantitative and descriptive character that, based on official data on rape of
women occurred in the time frame from 2010 to 2019, through exploratory data analysis,
were synthesized in graphs and synthesis measures. Results: It was verified that the majority
of rape cases present in private homes had as the stepfather being the main aggressor. It was
also found that Belém is the city of the Metropolitan Region with the highest percentage of
sexual violence, with cases occurring in the evening. Conclusions: Further study on the
causators of this type of violence is necessary, as well as reassessing public measures to
confront public security agencies.
Keywords: Sexual Violence, Crime, Description, Dignity.

2.1. INTRODUÇÃO
A violência sexual representa um sério problema de saúde pública, levando a ser
constituído como um dos principais indicadores da discriminação de gênero contra a mulher
(NUNES; MORAIS, 2016). Dutra e Thibau (2020) notaram que a violência sexual é vista
como um fenômeno multifatorial por meio dos aspectos culturais que determinou a
constituição masculina e feminina, categorizando historicamente as diferenças sociais, uma
vez que as relações de gênero não são um aspecto permanente de condição humana.
No caso do estupro, ele já é definido quando houver uma ausência de consentimento
da vítima, exemplificado quando embebedam uma pessoa e faz relações sexuais, pois a pessoa
não estava consciente para aprovar o ato (TERASOLO et al., 2015). Segato (2003) afirma que
o estupro é notado pelos agressores como “castigo ou vingança genérica contra a mulher que
não saiu do lugar”, dando a entender que função feminina na sociedade era ficar em casa
cuidando do lar. A limitação imposta à mulher também é reforçada nas instituições judiciais,
pois apesar da existência de leis, que visam preservar a integridade feminina, na prática o
mundo jurídico apresenta uma predominância de valores masculinos que ajudam a cumprir
um papel significativo de manutenção da ordem de status entre homens e mulheres (DUTRA;
THIBAU, 2020). As tomadas decisivas das concepções discriminatórias em relação à mulher
prova que ainda existe um quadro latente da falta de harmonia entre os propósitos da lei e a
moralidade patriarcal presentes na mentalidade dos operadores da lei (DUTRA; THIBAU,
2020).
O estudo característico da pesquisa é divido em quatro itens: localização, período de
tempo, perfil da vítima e perfil do agressor. A localização agrupa o local de ocorrência e os
municípios. O período de tempo agrupa mês, ano, dia da semana e turno. Já o perfil da vítima,
caracteriza faixa etária, ocupação/profissão, nível de escolaridade e situação civil. E o perfil
do agressor agrupa a relação dele com a vítima, a faixa etária, o meio usado durante o crime e
a motivação pelo ato.

2.2. MATERIAL E MÉTODOS


19
A pesquisa é de caráter quantitativo e descritivo, realizada na Região Metropolitana de
Belém (RMB), a qual é formada pelos municípios de Belém, Ananindeua, Marituba, Santa
Isabel do Pará, Benevides, Santa Bárbara e Castanhal. A RMB demarca uma extensão
territorial de 3.566,203 km² e detém uma população de 2.547.756 habitantes (IBGE, 2021).
Os dados utilizados no estudo acerca dos estupros de mulheres, ocorridos na RMB no
período de 2010 a 2019, são referentes aos registros de Boletim de Ocorrência Policial
(B.O.P.) e foram extraídos do Sistema Integrado de Segurança Pública (SISP) e
disponibilizados por meio da Secretaria Adjunta de Inteligência e Análise Criminal (SIAC),
órgão esse vinculado à Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Pará
(SEGUP/PA).
Para compreensão das características dos estupros de mulheres, utilizar-se as seguintes
variáveis: (i) ano do fato: 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017, 2018 e 2019; (ii)
mês do fato: janeiro, fevereiro, março, abril, maio, junho, julho, agosto, setembro, outubro,
novembro e dezembro; (iii) dia da semana do fato: domingo, segunda, terça, quarta, quinta,
sexta e sábado; (iv) turno do fato; madrugada, manhã, tarde e noite; (v) município de
ocorrência: Ananindeua, Belém, Benevides, Castanhal, Marituba, Santa Bárbara do Pará e
Santa Izabel do Pará; (vi) meio empregado: arma de fogo, arma cortante ou perfurante, objeto
contundente e outros meios; (vii) local de ocorrência: via pública, residência particular, bar e
outros (estabelecimento de ensino, casa comercial, edifício público, condomínio comercial,
habitação coletiva, logradouro público, prédio, terreno baldio, hospital, hotel, pensão, via
férrea e outros); (viii) situação civil da vítima: solteira, casada / união estável, viúva e
divorciada; (ix) faixa etária da vítima ou do agressor: 12 a 17, 18 a 24, 25 a 29, 30 a 34, 35 a
64 e >64; (x) nível de escolaridade: N.A.: não alfabetizada, EFI – ensino fundamental
incompleto, EFC – ensino fundamental completo, EMI – ensino médio incompleto, EMC –
ensino médio completo, ESI – ensino superior incompleto, ESC – ensino superior completo;
(xi) tipo de relação da vítima com o acusado: padrasto; pai; ex-companheiro; companheiro;
tio; conhecido; primo; cunhado; esposo; namorado; avô; irmão; ex-namorado; ex-cunhado;
genro; sogro; (xii) ocupação da vítima: estudante, dona de casa, domestica e outras profissões
(vendedor, atendente em geral, professora, balconista, cabeleireira, costureira, aposentada,
auxiliar em geral, camareira, comerciante, manicure, vendedora, administradora, auxiliar de
enfermagem, comerciaria, corretora, costureira, cozinheira, esteticista, estoquista, feirante,
medica, pedagoga, promotora de vendas, recepcionista, secretaria e zootecnista) e (xiii) causa
presumível: devassidão, ódio ou vingança, alcoolismo / embriaguez, entorpecentes, outras.
E, no que tange à análise dos dados, foi aplicada a técnica estatística de análise
exploratória de dados, a qual permite estabelecer a relação entre as variáveis estudadas, além
de demonstrar o fenômeno estudado por meio de gráficos, tabelas e medidas de síntese
(MARCONI; LAKATOS, 2003; BUSSAB; MORETIN, 2017).

2.3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.3.1. Estupro Criminal e Permissível na Sociedade Patriarcal


O aspecto de superioridade física masculina atribuiu um poder de dominância.
Conforme Iennaco (2017) é apontado uma presença de “normalização informal machista” ao
justificar as atitudes violentas dos homens de maneira viril, agressiva e sem controle, que
recusa ouvir um “não” da mulher como resposta. Apesar de aparentar uma forte virilidade, o
homem costuma ser identificado com virilidade frágil, pois o agressor não pratica o ato em
busca de poder e sim porque ao notar que está com a identidade masculina em risco, se vê na
necessidade de ser conquistado diariamente (SEGATO, 2003).

20
Num cenário de imposição social de uma masculinidade agressiva, o estupro constitui
uma busca de poder e dominação na relação entre o homem e a mulher, levando a entender
que essas causas não levam aos momentos prazerosos em não resistir aos desejos sexuais, e
sim por meio da necessidade socialmente imposta de exercer o poder, conforme exposto
(DUTRA; THIBAU, 2020).
Dutra e Thibau (2020) afirmam que na prática cotidiana de violência sexual nas
sociedades patriarcais, em contextos de guerras e ditaduras, triunfar as mulheres pelo estupro
tornou-se a maneira de medir a vitória nos combates como parte da prova de masculinidade e
de sucesso por parte dos soldados. Além disso, as filhas virgens eram negociadas pelos
próprios pais como mercadoria para aumentar o patrimônio familiar (DUTRA; THIBAU,
2020). Somente a partir dos séculos XVI e XVII que o estupro passa a ser percebido como ato
de violência, mas sem a proteção à dignidade da mulher, visto que a ameaça maior e digna de
preservação era a honra da família, que poderia se desmoronar com o “roubo da castidade e da
virtude” por parte da vítima (ROSSI, 2016).

2.3.2. Legislações sobre estupro


Antes da Lei Nº 12.015/2009, o Código Penal Lei Nº 2.848/1940, previa o crime de
estupro, no artigo 224, com o adjetivo vulnerável, por relacionar uma violência presumida o
quanto ao ato sexual com sujeitos passivos que se encaixariam aos tidos vulneráveis
(BRASIL, 1940). A evolução dos Códigos Penais traz melhorias de definição jurídica em
relação ao assunto, melhorando a capitulação e o enquadramento dos fatos ao tipo penal,
beneficiando uma evolução técnica por parte dos legisladores. Sancionado em 1940, o Código
Penal só entrou em vigor a partir de 1º de janeiro de 1942 (FERREIRA, 2019).
O estupro foi classificado como crime hediondo a partir da promulgação da Lei N°
8.072/1990 (BRASIL, 1990), e com relação aos crimes contra costumes a denominação
patriarcal da “mulher honesta”, foi revogada com a sanção da Lei N° 11.106/2005 (BRASIL,
2005). As reformas legislativas não foram acompanhadas de uma cultura sensível às questões
de gênero por parte de quem opera pelo direito, pois a insistência de reproduzir estereótipos e
lugares sociais nos casos de violências sexuais além de deixar de tutelar um grupo específico
de mulheres, também contribui a culpa nas vítimas pelas agressões sofridas (BARBOSA;
CATOIA; SOUZA, 2021).
O crime de estupro é previsto no Código Penal Brasileiro, no Artigo 213, onde tipifica
esse crime como qualquer ato libidinoso a ser praticado, contra a vontade da vítima (BRASIL,
1940). Não importa se o ato foi forçado contra a própria vontade da pessoa ou se a vítima
estava desacordada, é crime (CUNHA, 2019). Já o crime de estupro de vulnerável, é previsto
no Artigo 217-A do Código Penal como praticar libidinoso com menor de 14 anos ou ter
conjunção carnal (BRASIL, 1940).

2.4. RESULTADOS E DISCUSSÃO


Na Figura 1 pode-se observar que a quantidade de estupros de mulheres ocorridos na
Região Metropolitana de Belém – Pará – Brasil, apresenta crescimento expressivo a partir do
ano 2016 ( X =¿ 2,67), sendo 2017 ( X =¿10,33), 2019 ( X =¿9,00) e 2018 ( X =¿8,42),
respectivamente, os anos com as maiores médias de ocorrências estupros no período do
estudo e janeiro de 2017 o mês com maior número (n = 15) de ocorrências.

21
Figura 1 – Quantidade de estupros de mulheres ocorridos na Região Metropolitana de Belém
– Pará – Brasil, no período de 2010 a 2019, por mês e ano.
16 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
15
14
12
10
Quantidade

8
6
4
2
0
Jan Jul Jan Jul Jan Jul Jan Jul Jan Jul Jan Jul Jan Jul Jan Jul Jan Jul Jan Jul
Mês

Quantidade Média
Fonte: Construção dos autores a partir de informações da SIAC (2021).

A 14ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública (FBSP, 2020), lançada sob o
contexto da pandemia da Covid-19, mostra mais uma vez que a violência de gênero não tem
freio, se na edição de 2015 do anuário os pesquisadores mostraram que havia um estupro a
cada 11 minutos no país (FBSP, 2015), a edição de 2020 mostra que esse tipo de crime foi
registrado a cada 8 minutos em 2019. Foram lavrados 66.123 boletins de ocorrência de
estupro e estupro de vulnerável, registrados em delegacias de polícia apenas em 2019 (FBSP,
2020).
Quarta-feira foi o dia da semana identificado com maior percentual de estupro de
mulheres (18,28%), ocorridos na Região Metropolitana de Belém (Figura 2).

Figura 2 – Percentual de estupros de mulheres ocorridos na Região Metropolitana de Belém –


Pará – Brasil, no período de 2010 a 2019, por dia da semana.
20.00 18.02 18.28
18.00
16.00 14.72
14.00 12.18 12.69 12.69
11.42
12.00
Percentual

10.00
8.00
6.00
4.00
2.00
0.00
Domingo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado

Dia da Semana
Fonte: Construção dos autores a partir de informações da SIAC (2021).
22
De acordo com os resultados do teste Qui-Quadrado, como o valor calculado do teste (
2 2
χ = 13,16) é maior que o valor tabelado ( χ TAB = 12,592) ao nível de significância de 5%, foi
CAL
identificado que a probabilidade de ocorrência de estupro não é a mesma ao longo dos dias da
semana. Dados apresentados como esse busca relatar dificuldades conceituais e ambiguidade
das vítimas de serem reconhecidas como a mais afetada, e mesmo assim ser a mais
responsabilizada.
O maior percentual de estupro de mulheres (28,68%) ocorridos na Região
Metropolitana de Belém foi identificado no período da noite (Figura 3).

Figura 3 – Percentual de estupros de mulheres ocorridos na Região Metropolitana de Belém –


Pará – Brasil, no período de 2010 a 2019, por turno.

28.68
30.00
25.38 25.38
25.00
20.56
20.00
Percentual

15.00

10.00

5.00

0.00
Madrugada Manhã Tarde Noite

Turno

Fonte: Construção dos autores a partir de informações da SIAC (2021).

Os casos de estupro são mais acessíveis de noite em virtude de menor circulação de


pessoas. Essa situação busca discutir as dificuldades das vítimas em reconhecer se foram
violentadas, pois elas sentem o peso de serem culpadas pela violência sofrida, e nesse
contexto entra a questão do turno. O resultado do teste Qui-Quadrado indica que o valor
calculado do teste ( χ 2CAL= 5,30) é menor que o valor tabelado ( χ 2TAB = 7,815), ao nível de
significância de 5%, o que leva identificar que a probabilidade de ocorrência de estupro em
relação ao turno será a mesma. A mulher sendo vista como objeto sexual a qualquer hora para
o prazer sexual masculino, impossibilita um meio que leva o estupro ser evitado (FONSECA,
2016).
A capital do estado foi identificada como o município de ocorrência com o maior
percentual de estupro de mulheres (65,74%) na Região Metropolitana de Belém – Pará –
Brasil (Figura 4).

23
Figura 4 – Percentual de estupros de mulheres ocorridos na Região Metropolitana de Belém –
Pará – Brasil, no período de 2010 a 2019, por município de ocorrência.

Belém 65.74

Ananindeua 19.80

Castanhal 5.58
Município

Benevides 3.81

Marituba 2.54

Santa Isabel do Pará 1.78

Santa Barbara do Pará 0.76

0.00 10.00 20.00 30.00 40.00 50.00 60.00 70.00

Percentual
Fonte: Construção dos autores a partir de informações da SIAC (2021).

Belém ter o maior percentual entre as vítimas está ligado ao fato da capital paraense
ter uma população maior, o que possibilita maiores chances de casos registrados, além do
fácil acesso que as mulheres estupradas têm para denunciar os agressores. No ano de 2021,
foram registrados em Belém 593 casos de estupro com o percentual de 57,63%, levando em
consideração aos municípios que integram a Região Metropolitana (PARÁ, 2022).
O local onde acorreu a maioria dos estupros de mulheres da Região Metropolitana de
Belém – Pará – Brasil, foi em residência particular (77,41%) (Figura 5).

Figura 5 – Percentual de estupros de mulheres ocorridos na Região Metropolitana de Belém –


Pará – Brasil, no período de 2010 a 2019, por local de ocorrência.
Outros
9.14
Bar
2.54
Via pública
10.91

Residência
particular
77.41

Fonte: Construção dos autores a partir de informações da SIAC (2021).

24
O fato de haver constantes casos de estupros dentro das residências está justificado por
ser o lugar que impossibilita haver interferências de terceiros. Isso indica que quando o
agressor dorme ao lado, fica evidente a gravidade do problema de violência doméstica no país
ser refletido ao viés selecionado do universo que está sendo analisado (CERQUEIRA;
COELHO; FERREIRA, 2017). Dentro dos transportes coletivos, têm ocorrido práticas de
crime contra a dignidade feminina. São os crimes de importunação sexual, definido como
“praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a
própria lascívia ou a de terceiro”, de acordo com o Código Penal (BRASIL, 1940). Tal
tipificação foi inserida no Código Penal por meio da Lei N° 13.718 de 2018, a qual foi criada
após ser relatado diversos casos de assédio dentro dos transportes coletivos em São Paulo,
onde os autores do crime tinham comportamentos importunos ofensivos ao pudor, embora
essa prática não seja configurada ao estupro (FBSP, 2019). Dessa forma, houve uma iniciativa
para tentar criminalizar condutas não configuradas como estupro, porém são mais graves que
a importunação ofensiva ao pudor caracterizada de contravenção penal, como afirmam Lins
(2019) e Chakian (2019). Em 2019, foram registrados 8.068 casos de importunação sexual no
Brasil com taxa média em aproximadamente 6.600 vítimas por 100 mil habitantes (FBSP,
2019).
O meio empregado durante a ocorrência da maioria dos estupros de mulheres na
Região Metropolitana de Belém – Pará – Brasil (Figura 6) foi classificado como outros meios
n = 362), seguida por uso de arma cortante ou perfurante (n = 14). Esses outros meios são
exemplificados a partir do uso de força física por parte do agressor, a prática do estupro
coletivo, e além de dopar e embriagar a vítima.

Figura 6 – Quantidade de estupros de mulheres ocorridos na Região Metropolitana de Belém


– Pará – Brasil, no período de 2010 a 2019, por tipo de meio empregado.

Arma de fogo
11
Arma cortante ou
Outros meios perfurante
362 14
Objeto con-
tundente
7

Fonte: Construção dos autores a partir de informações da SIAC (2021).

As consequências das agressões podem ocorrer de forma imediata e ao longo prazo, de


forma física e psicológica, sendo que em algumas ocasiões os traumas físicos podem não estar
presentes pelo fato dos agressores usarem armas que impossibilitam as vítimas de opor
resistência. Os frutos dessa violência acarretam em gravidez indesejada, e dessa forma os
estudos elaborados identificou uma amostra representativa com mais de 4.000 mulheres
maiores de 18 anos, com uma taxa de gravidez de 5% por estupro (FAÚNDES et al., 2006).

25
Na Figura 7, pode-se ver que devassidão, isto é, ato imoral, libertino e obsceno, foi a
motivação mais observada nas ocorrências dos estupros de mulheres da Região Metropolitana
de Belém – Pará – Brasil. As outras motivações, que também é destacada na pesquisa, é
exemplificada por meio da roupa que vítima está usando, além da influência de terceiros.

Figura 7 – Percentual de estupros de mulheres ocorridos na Região Metropolitana de Belém –


Pará – Brasil, no período de 2010 a 2019, por motivação.

Devassidão 33.50

Ódio ou vingança 16.24


Motivação

Alcoolismo / embriaguez 4.06

Entorpecentes 0.76

Outras 45.44

0.00 10.00 20.00 30.00 40.00 50.00

Percentual
Fonte: Construção dos autores a partir de informações da SIAC (2021).

Os estupros motivados pela devassidão representam uma gravidade preocupante,


muitas vezes ao notar os comportamentos dos agressores, que vai desde o assédio iniciado
com cantadas até chegar ao contato físico de maneira não consensual. Com isso, não se
pretende transformar os homens em potenciais estupradores, e sim abrir um caminho para
desconstruir os processos de masculinidades e feminilidades que foram normalizadas pela
sociedade (CÂMARA; LIMA; CRUZ, 2019).
Mulheres adolescentes (40,87%) e adultas na faixa etária de 18 a 24 anos (24,68%) são
as vítimas mais frequentes de estupros na Região Metropolitana de Belém – Pará – Brasil
(Figura 8).

Figura 8 – Percentual de estupros de mulheres ocorridos na Região Metropolitana de Belém –


Pará – Brasil, no período de 2010 a 2019, por faixa etária (anos) da vítima.

26
45.00 40.87
40.00
35.00
30.00 24.68
Percentual

25.00
20.00
14.40
15.00 10.80
8.74
10.00
5.00 0.51
0.00
12 a 17 18 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 64 > 64

Faixa Etária (anos)


Fonte: Construção dos autores a partir de informações da SIAC (2021).

Ao identificar o percentual maior da faixa etária, leva em pauta a discussão da


relativização dos estupros de vulneráveis, pois causa uma preocupação com a integridade
vulnerável das vítimas. Com o Código Penal, no artigo 217-A, impedindo decisões de
adolescentes entre 12 e 14 anos em praticar atos sexuais, busca preservar o aspecto emocional
das vítimas. Dessa forma, antes da Lei N° 12.015/2009, os crimes contra menores de 14 anos
já eram abarcados na presunção de violência. Além disso, é importante ressaltar também que
o período da juventude é marcado pela padronização de modelos culturais e de estereótipos
criados sobre o corpo da mulher para serem encaixados dentro desse padrão, em que a vítima
começa a sofrer os primeiros assédios e, estando indefesa, vira alvo fácil dos criminosos. O
corpo da mulher chama atenção da figura masculina pela beleza e por provocar aos homens os
sentimentos que despertam um caráter dominador (GOMES; DINIZ, 2008).
Mulheres com ensino médio completo (28,44%) e a ensino fundamental incompleto
(24,92%) são as vítimas mais frequentes de estupros na Região Metropolitana de Belém –
Pará – Brasil (Figura 9).

Figura 9 – Percentual de estupros de mulheres ocorridos na Região Metropolitana de Belém –


Pará – Brasil, no período de 2010 a 2019, por escolaridade da vítima.

27
30.00 28.44
24.92
25.00

20.00 18.21
Percentual

15.00 13.10
10.22
10.00

4.15
5.00
0.96
0.00
N.A. E.F.I. E.F.C. E.M.I. E.M.C. E.S.I. E.S.C.

Escolaridade
Fonte: Construção dos autores a partir de informações da SIAC (2021).
Legenda: N.A: não alfabetizada, EFI – ensino fundamental incompleto, EFC – ensino
fundamental completo, EMI – ensino médio incompleto, EMC – ensino médio completo, ESI
– ensino superior incompleto, ESC – ensino superior completo.

A faixa etária das vítimas já relaciona também no aspecto do nível de escolaridade


com o fato delas frequentaram pelo menos o ensino fundamental e médio serem ampla
maioria. Segundo Cerqueira e Coelho (2014), ao apontar que 70% das vítimas de estupro
eram crianças e adolescentes, configurando no estupro de vulnerável, abre um sinal de alerta,
pois as consequências psicológicas que atingem as vítimas são devastadoras, comprometendo
no processo de formação da autoestima.
Mulheres solteiras são as vítimas mais frequentes (81,54%) de estupros na Região
Metropolitana de Belém – Pará – Brasil (Figura 10).

Figura 10 – Percentual de estupros de mulheres ocorridos na Região Metropolitana de Belém


– Pará – Brasil, no período de 2010 a 2019, por situação civil da vítima.
Casada / União es-
tável
16.62

Divorciada
0.92
Viúva
0.92

Solteira
81.54

28
Fonte: Construção dos autores a partir de informações da SIAC (2021).

Independente do comprometimento, a sociedade precisa compreender que a mulher é


quem comanda seu próprio corpo, tendo direito de liberdade e vida sexual. Negar os direitos
da mulher representa fortalecer uma questão de gênero que favorece o pensamento machista e
patriarcal (TERASOLO et al., 2015).
Em relação à profissão/ocupação, o percentual de mulheres vítimas de estupro na
Região Metropolitana de Belém, no período de 2010 a 2019, revelou que 44,84% das vítimas
foram identificadas como solteiras (Figura 11).

Figura 11 – Percentual de estupros de mulheres ocorridos na Região Metropolitana de Belém


– Pará – Brasil, no período de 2010 a 2019, por profissão/ocupação da vítima.

Outras
profissões
32.74
Doméstica
11,03

Dona de casa
11.39

Estudante
44.84

Fonte: Construção dos autores a partir de informações da SIAC (2021).

O padrasto (22,63%), o pai (14,13%), o ex-companheiro (13,43%), o companheiro


(12,37%) e o tio (10,95%) são os acusados da maioria dos estupros (73,51%) na região
metropolitana de Belém – Pará – Brasil (Figura 12). Corroborando com os achados deste
trabalho uma pesquisa realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP, 2017)
indica que no Brasil 503 mulheres são vítimas de agressão a cada hora, o que equivale a 4,4
milhões no ano, cinco espancamentos a cada 2 minutos, um estupro a cada 11 minutos e uma
mulher é assassinada a cada 2 horas. Além disso, 61,00% dos casos foram perpetrados por
familiares ou pessoas de confiança (FBSP, 2017). Neste mesmo contexto, Nascimento e
Santana (2019, p. 41), afirmam que “nos casos de estupros é comum os autores estarem
inseridos no seio familiar, são pessoas de confiança e têm livre acesso à vítima”.

Figura 12 – Percentual de estupros de mulheres ocorridos na Região Metropolitana de Belém


– Pará – Brasil, no período de 2010 a 2019, por tipo de relação com o acusado.

29
Padrasto 22.63
14.13
Ex-companheiro 13.43
12.37
Tio 10.95
Relação com o Acusado

7.77
Primo 4.59
3.89
Esposo 2.83
2.12
Avô 1.77
1.41
Ex-namorado 1.06
0.35
Genro 0.35
0.35
0.00 5.00 10.00 15.00 20.00 25.00

Percentual
Fonte: Construção dos autores a partir de informações da SIAC (2021).

Embora as mulheres sejam expostas ao perigo da violência sexual, já é evidente que as


fases delas como jovens e adolescentes, convivem com esses riscos dentro das próprias
residências, tendo os pais e os padrastos como os principais autores do crime (BOYER; FINE,
1992). Dessa forma, é comum que as primeiras relações sexuais das vítimas tenham ocorrido
na base da força e da coerção.
Homens adultos na faixa etária de 35 a 64 anos (51,77%) são os acusados mais
frequentes de estupros na Região Metropolitana de Belém – Pará – Brasil (Figura 13).

Figura 13 – Percentual de estupros de mulheres ocorridos na Região Metropolitana de Belém


– Pará – Brasil, no período de 2010 a 2019, por faixa etária (anos) do acusado.
60.00
51.77
50.00

40.00
Percentual

30.00

20.00 15.29
12.94 12.94
10.00 4.71
2.35
0.00
12 a 17 18 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 64 > 64
Faixa Etária (anos)
Fonte: Construção dos autores a partir de informações da SIAC (2021).

30
Uma pesquisa feita em agosto de 2016 pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública,
informou que 91% (FBSP, 2016) dos entrevistados concordaram com a afirmação “Temos
que ensinar meninos a não estuprar”. Essa informação tem a necessidade de ser abordada pela
influência que as crianças recebem dos adultos, principalmente em função do ambiente
escolar e familiar que esteja vivendo como o espaço acessível às disputas ideológicas num
sistema patriarcal e cercado pelo machismo. Por isso, a importância de educar desde cedo os
meninos para o desenvolvimento social e alterando a cultura do machismo para futuras
gerações.

2.5. CONSIDERAÇÕES FINAIS


Portanto, o objetivo desse artigo é identificar as características encontradas na prática
de estupro para buscar soluções e tratar esses casos com mais seriedade, buscando ter empatia
com a vítima. Com as informações encontradas na pesquisa, é importante ressaltar que as
mulheres vítimas de estupro foram são caracterizadas ao pertencerem na faixa etária de 12 a
17 anos (40,87%), tendo o nível de escolaridade identificado com o ensino médio completo
(28,44%), estado civil de solteira (81,54%) e com localidade em Belém (65,74%) nas
residências particulares (77,41%).
É fundamental que haja uma mobilização da sociedade e do poder público com o
intuito de conscientizar a população, para entender o impacto causado nas mulheres que
foram estupradas, por meio de campanhas promovidas pelas ruas da cidade e nos meios de
comunicação. Dessa forma, com os resultados obtidos, essa pesquisa colabora com a
promoção de futuras pesquisas acerca do tema abordado, por meio de informações
atualizadas, além de expandir as pesquisas pelas cidades do interior. Diante dos fatos, essas
informações ajudam também as instituições políticas a desenvolver projetos que visam
combater o estupro perante a realidade que está vivendo.
Tratado como crime hediondo pela Lei N° 8.072/1990, o estupro representa um ato de
desrespeito contra a integridade física e emocional da mulher, além de ser tratado como
problema de saúde pública e violação contra os direitos humanos. Nada justifica o estupro,
sendo assim importante aplicar a punição ao estuprador para reduzir os casos de violência
sexual, o que fortalece o comprometimento da sociedade nesse sentido, pois tratar esse crime
de forma pacífica ajuda contribuir na impunidade.

2.6. REFERÊNCIAS DO ARTIGO

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31
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Buenos Aires, 2003.

33
CAPÍTULO 3 – CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES PARA
TRABALHOS FUTUROS

3.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS


Portanto, com os resultados desta pesquisa foi possível notar que os objetivos foram
alcançados ao identificar a caracterização de estupro de mulheres na Região Metropolitana de
Belém, no período de 2010 a 2019. Com a proposta inicial da hipótese em identificar a forma
mais característica da prática de estupro ser realizada, foi verificado que a maioria dos casos
de estupros foram praticados em residências particulares, tendo o padrasto como o principal
agressor, e o crime era motivado por devassidão. Verificou-se também que Belém é a cidade
da Região Metropolitana com maior percentual de violência sexual, com os casos ocorrendo
nas quartas no período da noite. O perfil das vítimas de estupro foi registrado como solteiras,
com ensino médio completo e na faixa etária de 12 a 17 anos.
É importante ressaltar que o modo de como o estupro foi normalizado no convívio
social, foi fruto de um processo educacional durante séculos, onde os critérios de aplicar a
educação eram baseados de acordo com os gêneros das pessoas, com o homem sendo tratado
como um ser superior às mulheres. Desde então, a violência sexual contra a mulher foi sendo
caracterizada de acordo com os comportamentos da sociedade em determinadas épocas, e no
caso do estupro não foi diferente, devido ao tratamento inicial recebido dentro de casa. No
período noturno, os estupros eram mais ocorrentes.
A forma de como ocorre esses crimes é tão agravante pelo fato da vítima ter um
sentimento de culpa que impossibilita de denunciar o agressor, ainda mais se for alguém
conhecido que por muitas vezes chantageia a vítima fazendo ameaças. Isso leva entender que
além das sequelas físicas, o estupro também causa danos psicológicos.
Dessa forma, deve ser ressaltado que as soluções para combater essa causa têm origem
por meio do modo ético e correto de educação aplicada em casa e nas escolas, desde os
princípios básicos do respeito ao próximo, onde ao invés de ensinar as meninas a não serem
estupradas, devem ensinar os meninos a não estuprar. Além disso, é fundamental ter uma
política de prevenção promovida pelas autoridades públicas que ajuda trazer visibilidade ao
tema e também busca conscientizar as pessoas na importância de combater essa violência,
tomando medidas cabíveis para punir os agressores e oferecendo auxílio em programas
sociais que ajudam as vítimas em recuperar a integridade física e emocional. Com isso, essas
soluções colaboram no desenvolvimento da sociedade diante do convívio social.

3.2 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS


Os objetivos deste trabalho em caracterizar uma região foram cumpridos com o intuito
de conscientizar e alertar a sociedade sobre a prática do estupro que não pode ser normalizada
e deve ser repudiada, sendo assim fundamental em mudar o pensamento da forma de como o
estupro vem sendo tratado. Para o futuro, é recomendado:
(i) Expandir a pesquisa para o interior do estado com o intuito de elaborar uma
amostra e fazer comparação entre as cidades interioranas e da Região Metropolitana;
(ii) Caracterizar o crime de estupro contra mulheres nas capitais da Região Norte;
(iii) Especificar os casos de estupro presentes em casas noturnas.
34
3.3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DO TCC

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37

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