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Ajuda na Manutenção de Vida

Parte II

Cristiana Caramona
Márcia Ribeiro
Mariana Eloi
CLE 2019- 2023

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Índice
A Intervenção de enfermagem de ajuda na manutenção da vida: a ajuda na
satisfação das NHF ao longo das fases do ciclo de vida ................................................... 3
1.1 Cuidados Não traumáticos ................................................................................. 3
1.2 Ajudar a Comer e a Beber .................................................................................. 7
1.3 Ajudar a Vestir e a Despir ................................................................................ 54
1.4 Ajudar a Comunicar ......................................................................................... 66
1.5 Ajudar a Eliminar .............................................................................................. 93
1.6 Ajudar a proteger os tegumentos: ................................................................. 126
1.7 Ajudar a Manter a Temperatura Corporal ..................................................... 171
1.8 Ajudar a agir segundo as suas crenças .......................................................... 181
1.9 Ajudar a Trabalhar em algo que proporcione um sentido de realização, a
Divertir ou participar em várias formas de recreação e a Aprender, descobrir ou
satisfazer a curiosidade que conduz ao desenvolvimento pessoal. ......................... 186
Cuidado à pessoa em processo de morte ............................................................. 198
2.1 Cuidado à Pessoa em Processo de Morte...................................................... 198

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A Intervenção de enfermagem de ajuda na manutenção
da vida: a ajuda na satisfação das NHF ao longo das fases
do ciclo de vida
1.1 Cuidados Não traumáticos
INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM PROMOTORAS DE UM AMBIENTE SEGURO- Aplicam-
se em todos os contextos
A preparação da criança inclui a preparação dos pais, sendo que temos de ter em conta
a idade com as experiências anteriores .
A intervenção deve ser promotora de um ambiente seguro (aquele que utiliza os
elementos do ambiente para minimizar o sofrimento).
AMBIENTE: perspetiva multidimensional
- Ambiente físico
- Ambiente humano-afetivo
- Ambiente hospitalar
- Ambiente natural
- Ambiente familiar, profissional…
- Ambiente externo vs interno (aceção mais lata)
AMBIENTE SEGURO NA RELAÇÃO ENFERMEIRO-CLIENTE:

→ Elementos ambientais que minimizam o sofrimento


CIPE: define ambiente como as condições ou influências sob as
quais as pessoas ou grupos vivem ou se desenvolvem.

O que são cuidados não traumáticos?

 Cuidados que minimizam ou eliminam o distresse físico e/ou psicológico na Criança


e sua Família, tendo em conta o AMBIENTE.
 Orientação preconizada e generalizada na prática de enfermagem de saúde infantil
e pediatria.
- Minimizar a separação entre a Criança e o Cuidador Familiar (p.ex.: pode ficar com a
criança até ser anestesiada, às vezes não é possível- ex.: cirurgia)
- Estimular um sentimento de controlo- ajuda a lidar com a dor e com o inesperado (quer
da criança quer da família que muitas vezes são apanhados de surpresa com a doença)
- Minimizar ou prevenir a dor

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Intervenções de Enfermagem que visam preparar, apoiar e valorizar a Criança e Família
nos procedimentos

→ Compreender a fase de
desenvolvimento e as respostas
padrão da criança
→ Conhecer as experiências anteriores e
a sua história de dor- crianças que → Informar sobre o procedimento que se
estão expostas à dor ficam com um vai executar, tendo em conta a faixa
desespero maior quando expostas etária;
novamente à dor → Distrair a criança;
→ Conhecer as suas estratégias de coping → Permitir que a criança escolha (quando
(lidar com) tal for possível);
→ Identificar os stressores para a criança → Apoiar e consolar a criança durante
e para a sua família procedimento

Dar reforço positivo à criança, elogiando a sua capacidade de ultrapassar um


momento tão difícil para ela. Se a criança se está a portar mal não vamos dizer
isto, a criança percebe que não estamos a ser honesto

Presença dos pais/pessoa significativa


Filosofia dos Cuidados Centrados na Família (CCF)- Há muitas famílias que querem estar
com a criança, mas outras não.
• Respeito pela vontade e capacidade dos pais estarem presentes durante os
procedimentos
• Pais como parceiros no Processo de Cuidados e às vezes a forma de participarem é não
estar presente- Chamar à atenção que a presença dos pais (Se a família estiver em
condições) é segurizante.

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Estratégias de preparação não farmacológica de acordo com a fase de
desenvolvimento da criança)
1) Utilizar brinquedos com som e movimento;
2) Utilizar histórias;
3) Utilizar boneco para demonstração;
4) Utilizar a negociação;
5) Utilizar vídeos e outros meios multimédia;
6) Explicar os procedimentos com linguagem acessível;
7) Utilizar termos apropriados.
Estratégias de preparação farmacológica
Exemplos:
• Utilização de anestésicos tópico – EMLA- através da pele- creme ou penso que se
coloca no sítio da intervenção é que anestesia
• Utilização de anestésicos sistémicos – Midazolam- cedação profunda
• Utilização de anestésico local (vídeo)
Imobilização da criança para a execução de procedimentos
• CONTENÇÃO (Usamos a nossa força-criança não gosta, mas faz com que o
procedimento seja feito rapidamente o que acaba por facilitar)
• “MÚMIA”- para crianças mais pequenas (RN que chora muito dá-lhe a sensação
que estão em vida uterina que promove conforto)
• DISTRAÇÃO (melhor opção, perguntar aos pais e às crianças a preferência)

Técnica da Contenção

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Técnica de imobilização em múmia ou “ Sodeling”

• Usar pano ou malha de algodão frescos, não deve Se a criança mexe na cara ou chucha no
ser usado cobertores ou mantas sem ser em dedo podemos deixar a mão de fora
contenções rápidas, se for bebés pequeninos não se
pode usar cobertor- Sobreaquecimento que pode levar a morte súbita
• Se for procedimento na cara, esta contenção é muito útil, mas por exemplo se for
para dar oxigénio temos de ter o tórax destapado para ver respiração e os sinais de
distress respiratório (p.e tiragem) e por isso usamos a múmia modificada
Técnica de imobilização em múmia modificada

Estratégias de distração
▪ Contar histórias, TV, Música, Palhaços, Vídeos, Tablets, Brinquedos e brincadeiras
(Fazer demonstração nas bonecas)- Facilitam a comunicação, por vezes respondem
mais rápido ao brinquedo do que ao enfermeiro).

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1.2 Ajudar a Comer e a Beber
A alimentação complementar é o conjunto de todos
os alimentos sólidos e líquidos para além do
aleitamento materno ou fórmula infantil.

A partir dos 6 meses há vantagens em


introduzir novos alimentos sem ser o leite
materno.

Aspetos Biológicos e de Desenvolvimento associados à Diversificação Alimentar


1. Nutricionais: Crianças começam a precisar de outros nutrientes que não são tão
bem dados pelo leite materno.
2. Maturação fisiológica e neurológica
3. Influência precoce das preferências alimentares
4. Fatores educacionais e sociais: Tem haver com hábitos culturais daquela família,
e também as preferências alimentares da criança.
A OMS recomenda a alimentação com leite materno exclusivo nos primeiros seis meses
de vida, seguida da diversificação alimentar em simultâneo com o aleitamento materno,
pelo menos, durante os dois primeiros anos de vida.
Há um consenso de que a diversificação alimentar não deve ser introduzida antes das
17 semanas (4 M + 1 Sem) ou depois das 26 semanas (6M + 2 Sem).

A diversificação alimentar deve ser feita entre os 6 meses e os dois anos - se isso não
acontecer nesta altura, vai ser difícil aceitar posteriormente novos alimentos. Só a partir
da idade escolar, por influência dos amigos, é que começam a ter vontade de
experimentar coisas novas.

Ordem de Introdução de Novos Alimentos:


→ Não existe uma base científica única de recomendação da ordem sequencial de
introdução de novos alimentos.
→ A cronologia não pode ser rígida.
→ A cronologia deve ter em consideração uma série de fatores de ordem social e
cultural (e.g., costumes de cada região, questões socioeconómicas,
temperamento da criança, disponibilidade do agregado familiar) e
particularidades do lactente (e.g., caraterísticas maturativas, atopia, alergias
alimentares, patologia específica)

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Aspetos Práticos no Processamento da Diversificação Alimentar

• Alimento novo só deve ser introduzido quando a criança estiver de perfeita


saúde- causa stress à criança, nem sempre é fácil introduzir novos alimentos.
• Respeitar um intervalo de 3 a 7 dias entre a introdução de um novo alimento
e o seguinte, ou 2 semanas se existir história familiar de alergias.
• Privilegiar o uso da colher, evitando-se o biberão. Até mesmo a água no
intervalo das refeições deve ser dada à colher ou no copo- Passa da
amamentação para estas opções.
• Introdução de novos alimentos deve ser feita lenta e gradualmente com
aumento progressivo da quantidade e da consistência. Não se deve forçar o
lactente à ingestão da totalidade do volume da refeição oferecida, deixando
que este controle a sua saciedade.
• Devem ser utilizadas diferentes texturas, temperaturas e gostos.
• A sequência da consistência: homogénea, granulosa, fragmentos de
alimentos (Primeiramente homogénea, depois granulosa e depois
fragmentada- nem sempre é assim, há uma versão que começa logo por dar
comida aos pedaços (finger type))
• Não adicionar sal nem açúcar.
• O horário das refeições deve ser respeitado, não forçar.
• Se a criança rejeitar um alimento não se deve insistir.
• Repetir mais tarde (oferecer o alimento) durante 8 a 9 dias.
• Alimentação saudável para toda a família.
• Privilegiar cozidos e estufados.
• Instruir sobre os alimentos a serem introduzidos (Alimentação deve ser
semelhante à dos pais - porque as crianças começam a olhar para o prato dos
progenitores).
• Começar a dar água ao bebé a partir desta diversificação alimentar.

Papa de cereais - Lácteas ou não lácteas

Não introduzir papas antes dos 4 meses nem após os 7 meses. Não deve ser dada só
depois dos 7 meses porque a partir desta altura eles começam a precisar de outros
alimentos.
Nota: Cerelac não aconselhada para primeira papa - porque tem um leite especial deles-
para crianças mais velhas

Cada refeição deve corresponder a cerca de 35 a 50 g de farinha- vai-se aumentando a


quantidade ao longo do tempo.

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Fornecem:
• Hidratos de carbono (polissacarídeos amiláceos e não amiláceos)
• Proteína de origem vegetal (trigo) - Ácidos gordos essenciais (trigo, milho)
• Minerais (fósforo: aveia, milho e cevada; magnésio e cálcio: trigo)
• Vitaminas (B1 e B6: arroz).
Elevado valor energético: 200 Kcal/50g e Teor protéico: 6 a 9 g/50g.
Podem ser feitas com leite materno ou com o leite que o bebé costuma beber.
Há médicos que recomendam começar pelas papas e outros pelas sopas.

Sopa de legumes

Introduzir entre o 5º e o 6º mês- Se for um bebé que está sempre que está ser
amamentado exclusivamente não temos de introduzir logo a sopa.
Estimula precocemente o treino de paladares para sabores não doces.
Consistência deve ser grossa e macia, gradualmente grumosa para perceber a
consistência (devem ser bem passadas)- Quanto mais grosso for melhor, porque é mais
fácil de comer - porque ele ainda n sabe comer e vai tentar chuchar.
Iniciar com 3 legumes: cenoura, abóbora, batata (Batata doce para facilitar a transição),
introduzindo-se outros vegetais progressivamente, um de cada vez (cebola, alho, alho
francês, alface, curgete, brócolo, couve branca).
Ensinar os pais que o bebé não sabe comer com colher- ser paciente e aprender truques
para que o bebé não expulse a comida
A partir dos 12 meses introduzir: espinafre, nabo, nabiça, beterraba e o aipo (contêm
elevado teor de nitrato e fitato, interferem na digestibilidade).
Os produtos hortículas e os tubérculos- baixo valor energético (40/80 cal/100g)- ricos
em micronutrientes (vitaminas e minerais)
Leguminosas só devem ser introduzidas depois dos 11-12 meses de idade mas em
pequenas quantidades para evitar flatulência.
Azeite uma colher de chá no final, em cru, (5-7,5 ml) a cada dose de puré ou caldo de
legumes (sem sal)

Fruta

Nunca devem constituir uma refeição.


Rico em vitaminas, minerais, fibras, antioxidantes.

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A maçã e a pêra (cozidas ou assadas com casca e caroço ou em vapor) e a banana, são
habitualmente os primeiros frutos a serem utilizados, oferecidos individualmente e não
sob a forma de puré de vários frutos.
Durante o primeiro ano devem ser evitados os frutos potencialmente alergogénicos ou
libertadores de histamina (morango, amora, kiwi, maracujá).
Aconselhar frutas frescas, da época, maduras e cruas, descascando-as para consumir
inteiros e não em sumos, variando a cor por dia.

Não adicionar açúcar ou mel na sua preparação.


Devem ser oferecidos individualmente e não sob a forma de sumo.
Devem ser consumidos inteiros e não sob a forma de sumo.
Oferecer-se em cada dia frutos de cor variada.
A partir de 6 meses, as crianças já têm apreensão- Cuidado com os pedaços grandes para
o bebé não se engasgar.

Carne e Peixe

A carne DEVE SER introduzida por volta 7 meses.


O peixe DEVE SER introduzido depois do 9º mês (O peixe é mais alérgeno).
Fornecem proteínas - 20% de proteínas de alto valor biológico por 100g de alimento, e
outros nutrientes.
● A carne branca e vermelha rica em zinco e ferro;
● O peixe é rico em aminoácidos e em ácidos gordos polinsaturados (salmão, arenque,
atum, sardinha, cavala) e em iodo (peixe de mar), mas também em ferro.
Dar preferência às carnes de aves (frango, peru e avestruz) ou de coelho e peixes magros
como a pescada, linguado, solha ou faneca. Oferecer 4 vezes por semana carne e 3 vezes
por semana peixe.

Introduzir nos caldo/puré de legumes, 10 g de carne ou peixe e aumentar gradualmente


até cerca de 25-30g (sem peles/gorduras visíveis), por dia (numa refeição ou dividida em
duas).
Introduzir a partir dos 8 / 9 meses: arroz branco ou massa, cozidos sempre com legumes
aumentado progressivamente textura

Ovo
Rico em: proteínas; lípidos; ferro.
Introduzir a gema a partir do 9º mês (porque também pode provocar reações alérgicas),
progressivamente (1/2 gema /refeição/ semana, durante 2-3 semanas seguida de 1
gema refeição semana 2-3 semanas).

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Não deve exceder 2-3 gemas por semana.
Não dar na mesma refeição gema de ovo e outra fonte de proteína animal (carne ou
peixe).
Introduzida a clara a partir dos 11 meses.
Caso haja história individual de atopia deve-se protelar a sua introdução para os 24
meses caso haja.

Leguminosas Secas

Introduzir cerca dos 9 - 11 meses de idade.


Ricas em: proteína vegetal (8-16 g/100 g), hidratos de carbono complexos (30-54 g/100
g), minerais (cobre e selénio na lentilha; magnésio e fósforo no feijão; cálcio Vit B1 e
fósforo na soja) e em fibra.
Num lactente a efetuar uma dieta vegetariana, a sua introdução deverá ocorrer mais
precocemente.
São uma fonte importante de nutrientes, no caso de crianças com pais vegetarianos,
mas não é suficiente têm de fazer complementos de vitamina B.

Iogurte

Introduzir aos 9 meses num lanche, em alternativa ao leite ou papa.


Dose diária de 150-200 ml.
Contém: leveduras, proteínas de alto valor biológico, vitaminas e minerais, cálcio entre
outros.
Deve ser natural, sem aromas nem quaisquer aditivos de açúcar (adocicados) ou de
natas (cremoso).
É um alimento lácteo fresco obtido pela fermentação do leite por bactérias
(Streptococcus thermophilus e Lactobacillus bulgaricus).
É um alimento bem tolerado regularizador e protetor da flora intestinal.
Tem um importante papel pré e probiótico.
● Probióticos: são micro-organismos vivos que, administrados em quantidades
adequadas, conferem benefícios à saúde de quem os ingere.
● Prébioticos: são componentes alimentares não digeríveis que estimulam
seletivamente a proliferação ou atividade de populações de bactérias desejáveis no
CÓLON.
Ajuda a desenvolver os microrganismos necessários ao bebé.

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Água

Principal regulador térmico, imprescindível à adequada realização de todas as funções


vitais, é o principal constituinte do corpo humano.
Deverá ser oferecida água, várias vezes dia (normalmente é oferecida no intervalo das
refeições.
Contraindicado o uso de chá ou sumos.
Nota: Diz-se que crianças que estão a ser amamentadas não precisam de água (porque
o leite serve para matar a sede e para matar a fome). Mas nos meninos que não estão a
ser amamentados é preciso água.

Leite de Vaca

Não deve ser usado pelo menos no primeiro ano de vida.


Utilizar “leites de crescimento” para além dos 12 meses e até aos 24 a 36 meses de vida.
O leite de vaca tem um baixo teor em ferro e um conteúdo elevado em ácidos gordos
saturados.
Há medida que o volume da alimentação complementar aumenta, o volume de leite
diminui.
- Soja também é muito alérgica - ter cuidado em famílias com historial de alergias.
Normalmente bebés que são alérgicos às proteínas do leite de vaca também são ao leite
de soja. O grande problema é que muitos alimentos levam leite de vaca.

Comida comercial em boião

Podem ser utilizados como recurso ocasional (Não deve de ser a base da fruta).
A dieta deve basear-se em alimentos frescos confecionados em casa.
Não substituir uma refeição por um boião de fruta- exceção, não regra

Dietas Especiais – vegetarianas e macrobiótica


→ Dieta vegan são inadequadas.
→ As crianças devem receber uma quantidade diária de cerca de 500ml de leite
(materno ou fórmula infantil) ou de lacticínios + um aporte de produtos animais
(peixe), pelo menos semanal.
→ Risco de desnutrição energético-proteico acompanhada de carências em vitaminas
D, B12 (Cobalamina) e B2 (riboflavina) e cálcio, com compromisso estaturo-
ponderal, da composição corporal e do desenvolvimento cognitivo, associadas a
dietas macrobióticas em idade pediátrica.

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Frequência e Quantidade de Alimentos
Idade Necessidades calóricas Necessidades hídricas
1M-3M 120 cal/Kg/dia 150 ml/Kg/dia
3M-6M 110 cal/Kg/dia 120 ml/Kg/dia
6M-9M 100 cal/Kg/dia 110 ml/Kg/dia
1A-2ª 90 cal/Kg/dia 100 ml/Kg/dia
• Os pais devem reconhecer e responder aos sinais de fome e saciedade da criança
(pistas verbais e não verbais) permitindo à criança controlar a ingestão
alimentar.
• Se notarem que o bebé não fica saciado, pedir ao pediatra para ajustar as doses-
Não dar alimentos em demasia

Promoção de um Ambiente Saudável, Seguro e de Afetos durante a


Alimentação
Ajudar os pais:

• Estimular o contacto físico durante o aleitamento materno ou artificial (às vezes


não é fácil, crianças na sua cadeira sujam tudo)
• Proporcionar ambiente calmo
• Identificar os sinais de fome e saciedade da criança
• Reconhecer as capacidades de desenvolvimento da criança e as suas
competências alimentares- nem todos os meninos conseguem comer pedaços
(avaliar desenvolvimento para ver o que eles comem, nem todos os bebés têm
reflexo de apreensão).
• Equilibrar as necessidades de assistência à criança com o encorajamento e
autonomia na alimentação.
• Possibilitar que a criança inicie e guie as interações relacionadas com a
alimentação.

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Nutrição da Criança 1- 4 anos
Preocupações Supervisão Cuidados Antecipatórios Cuidados Antecipatórios
nutricionais frequentes nutricional (discutir com os pais) (Aconselhar os pais)

A prevalência da Visitar regularmente Realização de escolhas Expor a criança de forma


obesidade tem a dentista. Avaliar alimentares saudáveis: continuada a uma variedade
aumentado nestas risco para cáries - Leite (0,5l/dia) e derivados de alimentos familiares e
idades. As crianças dentárias (e.g. (20-30g/dia). novos:
obesas têm maior frequência de - Carne ou peixe (40- - alimentação à colher (puré)
probabilidade de se ingestão de alimentos 60g/dia); ovo 1. ou “finger foods” (depois dos
manterem obesas na e bebidas - Azeite, manteiga (20- 6 meses).
idade adulta. açucarados). 30g/dia). - Envolver as crianças na
Avaliar o tempo - Farinha, pão, arroz ou preparação dos alimentos,
As deficiências de ferro e despendido a ver massa (100 a 200g/dia). que os pode ajudar a aceitar
consequente anemia televisão ou em - Folhas verdes, cenoura, os novos alimentos.
podem surgir nas outras atividades. tomate, batatas (150g/dia).
crianças, principalmente Avaliação dos - Fruta fresca (200-
nas famílias com comportamentos 300g/dia).
carência económica ou alimentares, da dieta, - Ingestão Cálcio 1-3 anos:
com dietas pobres em dos recursos 500 mg/d; 4 -8 anos: 800
ferro (por exemplo os alimentares, e da mg/d 3 refeições principais
vegans e os atividade física. e 2 a 3 snacks por dia.
vegetarianos). Avaliação do peso,
estatura e IMC. Prevenção da aspiração de
Avaliação da alimentos:
aparência da pele, - Evitar alimentos como
cabelo, dentes, amendoins, pastilhas
gengivas, língua e elásticas, pipocas, batatas
olhos. fritas, uvas inteiras,
Avaliação de fatores rebuçados, pedaços grandes
de risco para a de vegetais e frutas cruas,
anemia por carne dura.
insuficiência de ferro - Sentar a criança enquanto
(RN pré-termo ou come. Evitar alimentar a
baixo peso, crianças criança no carro.
alimentadas com leite
de vaca antes dos 12
meses, dieta
vegetariana).

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Nutrição da Criança 5-10 anos e Nutrição do Adolescente 11 -19 anos
Preocupações Supervisão nutricional Cuidados Antecipatórios (discutir com os pais e criança /
nutricionais frequentes adolescente)
- Período de aceleração - Avaliar os Ingestão de Cálcio:
do crescimento: para as comportamentos •4-8 anos: 800 mg/d
meninas 9-11 anos, alimentares e da dieta, •9-18 anos: 1300 mg/d
para os meninos cerca dos recursos alimentares,
•19 e mais velhos: 1000 mg/d
dos 12 anos (Adequar os da imagem corporal e da
aportes de alimentos a atividade física. Perceber
Referência de Ingestão de Ferro
esta fase. Nas raparigas é como adolescentes se vêm a
mais cedo) •Adolescentes 9 -13 anos: 8 mg/d
si próprios, como vêm a sua
- Diminuição do imagem corporal. •Sexo feminino 14-18 anos: 15 mg/d
consumo de leite e de - Avaliar o peso, estatura •Sexo masculino 14-18 anos: 11 mg/d
outros produtos e IMC
lácteos. - Avaliar a aparência da Nº de refeições diárias:
- Aumento do consumo pele, cabelo, dentes, •3 refeições principais e 2 a 3
de bebidas adocicadas e gengivas, língua e olhos.
refrigerantes. - Avaliar a PA e o risco de - Início da puberdade nas crianças. Mudanças físicas
- Consumo insuficiente hiperlipidémia familiar. esperadas e preocupações específicas.
de frutas e vegetais - Avaliar nas - Importância de assegurar à criança que é amada e aceite
(menos de 5 peças/dia). adolescentes de 12 a 21 como é, independentemente do seu tamanho e forma.
- Consumo de alimentos anos de fatores de risco - Ingestão de uma alimentação saudável.
ricos em gorduras, para a anemia por - Tomar refeições em família, numa atmosfera relaxada e
colesterol e sódio insuficiência de ferro. livre de distrações (televisão).

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superior ao - Determinar visitas - Adequar a alimentação às necessidades próprias à
recomendado. regulares ao dentista. idade/fase desenvolvimento e sexo. Ingerir água quando tem
- Aumento da pré- - Avaliar o risco para sede e durante a atividade física.
obesidade e obesidade cáries dentárias (e.g., - Realizar 60 ou mais minutos de atividade física diária.
(5-10 anos). frequência de ingestão - Procurar locais seguros para a prática de atividade física.
- Aumento distúrbios de alimentos e bebidas - Utilizar equipamento de segurança apropriado durante a
alimentares, açucarados). atividade física.
preocupações com a - Avaliar o tempo - Limitar alimentos ricos em calorias e pobres em nutrientes,
autoimagem, dietas e despendido a ver alimentos ricos em gorduras (batatas fritas) e alimentos e
métodos de perda de televisão. bebidas ricas em açúcar (doces, bolos, sumos, refrigerantes).
peso não seguros. - Realizar escolhas - Reduzir os comportamentos sedentários (ver televisão
- Atividade física alimentares saudáveis. especialmente se o adolescente tem excesso de peso).
diminuída. - Fazer exercício físico - Alertar consumo excessivo de bebidas com cafeína (café,
- Aumento de bebidas energéticas, álcool, tabaco e outras drogas- são
Prevalência de anemia prejudiciais para os músculos e degradados no fígado
por deficiência de ferro - Desencorajar de “dietas” (ênfase na alimentação saudável).
(na rapariga 11- 19 - Encorajar imagem corporal positiva (as pessoas surgem
anos). com tamanhos e formas únicas numa diversidade de corpos
Nomeadamente nas saudáveis) e corpo saudável baseado na determinação
raparigas - devido à genética do tamanho e forma ao invés do peso socialmente
menstruação. definido como o ideal.
- Prevalência de - Discutir os perigos associados ao consumo de produtos que
hiperlipidémia (11 anos aumentam a performance (suplementos de proteínas,
19 anos): geralmente esteróides anabólicos)
também há fatores - Discutir os métodos seguros para ter um peso saudável
hereditários envolvidos, (comportamentos alimentares saudáveis, limitação de
ver foco de problema. ingestão de alimentos e líquidos calóricos e pobres em
nutrientes, prática de exercício físico regular; redução de
atividades sedentárias).

NECESSIDADES NUTRICIONAIS E ENERGÉTICAS NO ADULTO E NO IDOSO


Avaliação diagnóstica:

Dieta
Massa Muscular
Dieta

• História alimentar.
• Expectativa das pessoas em relação à alimentação.
• Exame físico.
• Valores laboratoriais.

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Alimentação saudável: Uma alimentação completa - Todos os grupos da roda dos
alimentos - Equilibrada - Cumpre as proporções dos grupos Variada - Diversificar os
alimentos de cada grupo para uma alimentação saudável
1 - Tomar sempre o pequeno – almoço - dá energia para começar o dia e suplementa
os alimentos que foram gastos no dia anterior;
2 -Evitar estar mais de 3 horas e meia sem comer;
3 - Reduzir o seu consumo total de gordura (manteigas), em especial da gordura
saturada;
4 - Aumentar o seu consumo de hortaliças, frutas e legumes;
5 -Evitar ingerir açúcar e produtos açucarados;
6 - Consumir de preferência peixe e carnes magras;
7 - Diminuir o seu consumo de sal;
8 -Evitar os fritos e prefira métodos de culinária simples, saudáveis e saborosos, tais
como estufados, cozidos e grelhados;
9 - Beber água simples em abundância ao longo do dia;
10 - Moderar o consumo de bebidas alcoólicas.

Princípios de nutrição e alimentação


Os hidratos de carbono, as proteínas e as gorduras
são os nutrientes que fornecem energia. Esta pode
expressar-se em Kilocalorias, vulgarmente
denominadas de calorias. - Valores de energia
médios ADULTOS saudáveis entre as 1800 e as 2500
calorias.
A absorção dos nutrientes ocorre em diferentes partes do sistema digestivo humano

Responsável Função de absorver


Estômago Álcool, água e alguns sais minerais
Intestino delgado e duodeno Cálcio, vitamina A, ferro, gordura e alguns aminoácidos.
Intestino delgado e jejuno Vitaminas C, D, K, B1, B2, B3, B6, B12, os açúcares, potássio,
fósforo, gorduras e os aminoácidos.
Intestino delgado e íleo Vitamina B12, sais biliares, cloro, potássio e sódio.
Intestino grosso Gorduras, açúcares e água.
Reto Água para fazer o controle de eliminação das fezes.

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CLIMATÉRIO
O climatério, também conhecido como peri menopausa, representa
a transição da vida reprodutiva para a não reprodutiva, dentro deste
período ocorre a menopausa, que corresponde à última
menstruação fisiológica da mulher.
Alterações biofisiológicas:
A diminuição dos níveis de estrogénios afeta a textura da pele e a
composição corporal da mulher;
Perda de elasticidade da pele e dos vasos sanguíneos. Diminuição
da massa muscular.
Aumento da concentração de gordura corporal na região
abdominal.
Alteração na absorção e captação do cálcio pelos ossos
(osteoporose, aumento de fraturas).
Mulheres na menopausa têm
necessidades alimentares
Recomendações: A alimentação diversas.
Ingerir diariamente 0,8 a 1g/quilo do seu peso de proteínas. Frutose, vitamina C podem
aumentar a absorção do ferro.
NÃO ingerir alimentos ricos em Ferro (carnes) nas refeições que contenham alimentos
fonte de cálcio (leite vaca e derivados), fosfatos e oxalatos (farelos de cereais e chá) –
diminuem a absorção.
Avaliar com regularidade a PA, glicemia, os níveis de colesterol e os triglicéridos.
Reduzir 200 a 400 kcal diárias, (gorduras, açúcar e sódio).
Tabela para Classificação - Taxa de Gordura

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Aumentar 1000 a 1200mg consumo cálcio de cálcio/dia de fontes variadas

1 copo de leite de vaca 300 mg 96.3 mg


(260ml)
2 conchas de feijão cozido 50 mg 7.8 mg
(170g)
Brócolos cozidos (71g) 25 mg 21.5 mg
Couve (65g) 47 mg 27.6 mg
Espinafre (90g) 122 mg 6.2 mg

Alimentos vegetais ricos no mineral Cálcio

• COENTRO cru (tempero) tem 784 mg em 100g


• LEITE DE SOJA fortificado sem DNA transgénico (2 copos por dia fornecem cerca
de 500 mg)
• TOFU ou queijo de soja (livre de transgenia,100g tem 100 a 350 mg,
preferencialmente, grelhado sem óleo, temperado, em patê, etc)
• COUVE crua tem 131 mg em 100g, couve refogada tem 177 mg em 100g)
• AGRIÃO (1 xícara crua ou duas cozidas tem 133 mg)
• RÚCULA crua (tem 117 mg em 100g ou 160mg em 2 xícaras cruas
• BRÓCOLOS cru tem 86 mg em 100 g,
• FIGO SECO,
• OLEAGINOSAS (como amêndoas e avelã)
• SEMENTES (como linhaça, chia, gergelim e girassol)
• FRUTAS: mamão, a tangerina, o figo e o morango. Três porções destas frutas vão
oferecer aproximadamente 150 mg de cálcio num dia.

Recomendações: estilo de vida


Apanhar sol (para se fixar nos ossos), sem protetor solar, 20 minutos por semana em
horários de menor intensidade de calor) - Beber copo de leite não ajuda a fixar o cálcio.
É preciso ter impacto - fazer exercício.
Praticar uma atividade física com impacto como a caminhada ou futebol.
Diminuir ingestão de álcool e de bebidas cafeinadas (café, chá, chá preto, coca-cola).
Avaliar com regularidade a pressão arterial, glicemia, os níveis de colesterol e
triglicéridos.
Dieta pobre em sal ajuda a reduzir a excreção do cálcio pela urina; Vegetais facilitam a
absorção do cálcio.
Ingerir alimentos antioxidantes: vitamina E (alface, milho, ovo) vitamina C (laranja, kiwi,
pimento amarelo) selénio (frutos do mar, carne bovina e carnes de aves).

19
Uso de suplementos só deve ser utilizado com acompanhamento Médico e/ou do
Nutricionista.
Aumentar a frutose e a Vitamina C isto porque podem aumentar a absorção de ferro

A alimentação que contribui para a nossa saúde, retarda o envelhecimento e dá


anos à vida!

Características da alimentação que geram doença, aceleram o envelhecimento e


encurtam a vida:

• Alimentação caloricamente excedentária;


• Alimentação tóxica, pró-oxidante – défice de vitamina E, vitamina C; o selénio;
• Bebidas alcoólicas com quantidades médias e elevadas de álcool;
• Alimentação monótona, com deficiências nutricionais ocultas e prolongadas
(sejam caloricamente excessivas);
• Subnutrição e desnutrição proteico-calórica e défice proteico prolongado.

Recomendações no idoso

• Alimentação equilibrada e adequada às suas necessidades, completa e variada,


com todos os grupos da roda dos alimentos, ingerindo as doses diárias
recomendadas
• Podem surgir dificuldades de mastigação e de digestão - Refeições saudáveis e
saborosas, fáceis de mastigar, engolir e digerir (muitas das vezes têm falta de
peças dentárias).
• Incluir alimentos de pouco volume e calorias, ricos em proteínas, vitaminas e
minerais.
• Diminuir doces e consumo sal.
• Praticar exercício físico regularmente.
• Incentivar ingestão de água (Idosos têm embotamento da sensação de sede - é
importante arranjarem maneira de se lembrarem de beber água).
• Variar e fracionar e adequar consistência.
• Os idosos têm uma necessidade de ingestão de líquidos semelhante à dos jovens
adultos.
• O mecanismo de resposta de sede diminui com a idade, a quantidade total de
água no organismo também é menor em virtude da perda de massa muscular e
ocorre igualmente uma diminuição da função renal.

20
Intervenção de enfermagem face aos riscos e compromissos na satisfação da NHF
comer e beber do idoso

Diagnósticos
Risco (aspiração, desidratação e desnutrição)

Compromisso (preparar alimentos, alimentar-se,


mastigar, deglutir, gerir regime alimentar)

Défice de conhecimento (autocuidado; comer e


beber)

RISCO DE ASPIRAÇÃO: Inalação de substâncias provenientes do exterior ou do


estômago para as vias aéreas inferiores.
Fatores etiológicos:

• Presença de secreções,
• Próteses dentárias mal adaptadas,
• Ausência de peças dentárias,
• Diminuição da produção de saliva
• Obstrução mecânica/disfagia;
• Volumes residuais gástricos elevados (>200ml)
• Distúrbios da motilidade muscular/disfagia;
• Incorreta colocação da SNG.
Ações de enfermagem:

• 30 min de descanso antes da alimentação;


• Sentar ou manter a cabeceira da cama a 30º durante alimentação contínua;
• Pedir para comunicar sensações de intolerância GI: Naúseas, enfartamento, dor
abdominal ou cólicas;
• Ensinar a deglutir/ajustar consistência da dieta;
• Minimizar o uso de sedativos e hipnóticos.

RISCO DE DESIDRATAÇÃO
Fatores etiológicos:

• Diarreia e vómitos;
• Diminuição da ingestão de líquidos;
• Transpiração excessiva;
• Uso de mais de 4 medicamentos;

21
• Alterações cognitivas (Não percebem que têm de beber água);
• Doenças / medicamentos que aumentam a diurese / transito intestinal;
• Exercício físico;
• Limitações físicas- Não esquecer que não tem sensação de sede.
• Febre.

Sinais de desidratação:
• Alteração do estado de consciência;
• Diminuição lacrimejo e saliva,
• Mucosa oral seca / Língua seborreica e com fissuras,
• Globo ocular afundado,
• Secreções espessas,
• Prega cutânea + 4segundos / pele e mucosas secas.
Manifestações:
• Taquicardia / aumento FR / aumento Temperatura
• Hipernatremia (aumento concentração de sódio)
• Aumento Ureia e creatinina
• Aumento osmolaridade
• Redução de débito urinário / Urina concentrada
• Obstipação
Ações de enfermagem:
• Identificar e corrigir causas de risco de desidratação;
• Educar sobre a importância da hidratação ao longo do dia;
• Assegurar-se que a pessoa idosa ingere líquidos;
• Adequar líquidos ao exercício.
DESNUTRIÇÃO: É uma doença causada pela dieta inapropriada, hipocalórica e
hipopróteica. Também pode ser causada por má-absorção de nutrientes ou anorexia.
Tem influência de fatores sociais, psiquiátricos ou simplesmente patológicos. Nota: As
pessoas que estão internadas correm maiores riscos de desidratação.
Sinais de má nutrição

Órgãos Sinais de risco de má nutrição no idoso


Olhos Secura dos olhos
Cabelo Baço, com queda frequente
Boca Fissuras nos lábios, hemorragias nas
gengivas
Língua Sem papilas, vermelha
Pele Seca, descamativa, com pouca
elasticidade
Ossos Pernas arqueadas, deformações tórax
Sistema Nervoso Funções diminuídas, agitação, confusão

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Fatores etiológicos
• Alterações cognitivas;
• Perda de apetite;
• Períodos de Jejum frequente;
• Menos de 3 refeições diárias;
• Redução da ingestão proteica;
• Autoimagem alterada;
• IMC < 23;
• Polimedicação / tratamentos oncológicos;
• Compromisso da capacidade para se alimentar;
• Stress psicológico.
COMPROMISSO DA CAPACIDADE PARA COMER E BEBER:
• Alteração da consciência; • Limitações físicas;
• Fadiga; • Anorexia.
• Depressão,
Ações de enfermagem:
• Educação para a saúde sobre a aquisição de bens alimentares, sua conservação,
modo de preparação, higiene alimentar e pessoal, ajudas técnicas facilitadoras.
• Aconselhar sobre como reduzir ou eliminar fatores que comprometam a
satisfação da necessidade, a estabelecer horários regulares e a promover um
ambiente tranquilo e seguro para a preparação dos alimentos.
• Ajudar a preparar refeições.
• Assistir na refeição.
• Preparar o tabuleiro.
• Promover independência.
• Avaliar qual(ais) a(s) dificuldade(s) e as potencialidades para a resolução do
problema – envolver familiar.
• Explorar com a pessoa/família estratégias que possam ter sido adotadas em
outras situações.
• Oferecer alimentos fáceis de mastigar.
• Oferecer no início da refeição os alimentos mais nutritivos.
• Incentivar o aumento progressivo do consumo de alimentos.
• Avaliar necessidade de “diário alimentar”.
• Informar e treinar uso de ajudas técnicas que poderão facilitar a independência
para o comer/beber.
• Ensinar a avaliar sinais de fadiga durante a alimentação e como controlá-los.
• Prever período de repouso antes das refeições.
• Controlar ambiente – prevenir acidentes.

23
Cortar e cozinhar

Ajudas na alimentação

Comer só com uma mão

COMPROMISSO DA CAPACIDADE DE MASTIGAR:


Fatores etiológicos:
• Diminuição ou ausência de dentes;
• Alterações na Integridade da boca;
• Diminuição da sensibilidade da cavidade oral;
• Alterações musculares (paralisia);
• Obstrução mecânica;
• Salivação diminuída.

Ações de enfermagem:
• Posicionar a pessoa (ninguém come bem deitado, por exemplo);
• Avaliar a capacidade de mastigação;
• Usar cola nas próteses dentárias, se necessário;
• Solicitar prótese em situação de internamento;
• Oferecer alimentos fáceis de mastigar, alimentos de consistência mole/pastosa,
mas evitar triturar legumes;
• Ensino da técnica de mastigação - mastigar lentamente e deglutir
“pausadamente”;
• Promover a ingestão de água – favorece a formação do bolo alimentar.

COMPROMISSO DA CAPACIDADE DE DEGLUTIR


Fatores etiológicos: Disfagia líquidos (alterações neuromusculares) e/ou disfagia sólidos
(alterações obstrutivas).
Manifestações:

• Tossir durante as refeições;


• Voz rouca após as refeições;

24
• Babar-se;
• Regurgitação nasal / oral;
• Sudorese intensa;
• Alterações respiratórias.

Ações de enfermagem:
• Avaliar o tipo de disfagia;
• Selecionar a dieta correta de
acordo com o tipo de disfagia: sólidos - dieta mole/pastosa/ liquida; líquidos –
uso de espessastes;
• Posicionar – sentado;
• Oferecer pequenas quantidades de alimentos moles (fáceis de deglutir) e
fracionar a dieta;
• Verificar se existe uma boa adaptação dos lábios ao copo;
• Ensinar a colocar o talher na boca – depositar comida na parte posterior da
língua, a mover os alimentos circularmente na boca e a empurrá-los para a parte
posterior da língua, a mastigar com boca fechada;
• Dar líquidos por colher e colocar na parte posterior da língua.

Tipos de dieta

Normalmente a
dieta normal
também é
hiposódica. PI
têm diminuição
das papilas
gustativas -
gostam de mais
sal na comida.

25
Tipo de Dieta: Quanto à consistência
Dieta Normal: Comumente associada a dieta terapêutica livre, trata-se de uma
refeição normal, indicada para pacientes sem indicações de dieta especifica.
Mole: Nesta dieta encontramos alimentos mais cozidos, de consistência mais mole,
normal em calorias e nutrientes; moderada em resíduos; fácil de se mastigar, deglutir
e também digerir.
Dieta Pastosa: Indicada geralmente para pacientes com disfagia, dificuldades de
mastigação (ausência de dentes ou problemas motores), alterações gastrointestinais
ou outras manifestações clínicas como pós-cirurgia. É composta por alimentos bem
macios, bem cozidos, em forma de puré e papas.
Dieta Líquida: Tem o objetivo de ser facilmente deglutida e digerida. É indicada para
problemas na mastigação, no pré e pós operatório, pode ser dividida em:
• dieta líquida (fornece líquidos, eletrólitos, pequenas quantidades de energia, trata-
se de chás, suco de frutas, gelatinas)
• dieta líquida completa que é constituída de líquidos e semilíquida à temperatura
corporal, trata-se de uma dieta que deve ser complementada nutricionalmente, pois,
é pobre por exemplo em fibras.

26
Ações autónomas de enfermagem
ATENDER: assistir a pessoa a alimentar-se; prevenir aspiração de vómito.
DETERMINAR:

• Monitorizar a dieta ingerida;


• Observar o comportamento da pessoa.
INFORMAR:

• Ensinar a utilização de ajudas técnicas;


• Explicar benefícios da dieta rica em fibras;
• Orientar na utilização dos utensílios para alimentação.
GERIR:

• Obter dieta apropriada / Implementar dieta prescrita;


• Implementar medidas de segurança para a distribuição de alimentos;
• Providenciar as visitas durante o período de refeições (Pessoas não gostam de
comer sozinhas e comem melhor com visitas).
EXECUTAR:

• Posicionar a pessoa assistida em fowler;


• Preparar o tabuleiro da refeição; cortar os alimentos em pedaços mais
pequenos;
• Estimular a pessoa a alimentar-se;
• Estimular a ingestão de água;
• Limpar a face durante a alimentação;
• Prestar cuidados de higiene à face e mãos após alimentação;
• Demonstrar ao prestador de cuidados a forma de alimentar a pessoa.
DOCUMENTAR:

• Tipo de dieta; hora;


• Quantidade de alimento ingerido – sopa (totalidade; metade; 1/3), prato
principal, fruta, água (um copo 100ml);
• Tolerância alimentar; satisfação com a refeição, …;
• Informação proporcionada aos familiares.

27
NECESSIDADES NUTRICIONAIS E ENERGÉTICAS DA PRÉ-CONCEÇÃO AO PERÍODO PÓS
NATAL E DA CRIANÇA ATÉ AOS 6 MESES
A alimentação da grávida deverá ser uma alimentação saudável, ou seja, completa,
equilibrada, variada e segura, de acordo com as orientações da roda dos alimentos.

• O planeamento da gravidez é importante dado que ser mãe ou pai é um projeto


para toda a vida. Quando uma pessoa pensa em engravidar deverá fazer um
ajuste da sua dieta e exercício físico, e deve seguir as porções da roda dos
alimentos, de forma a adquirir todos os nutrientes de que precisa.
• Existem alguns alimentos que a grávida deve seguir à risca na preconceção. Na
consulta pré-concecional pode mesmo falar-se em alguns suplementos.
• Uma alimentação equilibrada é imprescindível para que a gravidez, o parto e o
pós parto decorram da melhor forma.
• A vida e a saúde do feto depende muito da alimentação. De acordo com a
alimentação da mãe garantimos que o bebé não vai engordar em demasia nem
tenha falhas de crescimento;
• Uma nutrição saudável antes da conceção é a melhor forma para assegurar que
nutrientes adequados estão disponíveis para o desenvolvimento embrionário e
fetal.
• O 1º trimestre da gravidez é crucial para o desenvolvimento dos órgãos do
embrião/feto (aumento gradual das Kcal).
• Cerca de 340 e 450 kcal adicionais são recomendadas, respetivamente, durante
o segundo e terceiro trimestres, para além das 2000 kcal recomendadas
diariamente.
• Durante a gravidez é importante que a mulher ingira alimentos frescos e fáceis
de digerir – não é aconselhado alimentos condimentados e que prejudiquem a
digestão ou que possam causar flatulência.
• É desejável optar por alimentos com baixo índice glicémico
• Fazer refeições fracionadas (no mínimo 5-6/dia-se estiver muito tempo sem
comer ocorre alteração do metabolismo de hidratos de carbono que pode
provocar sensação de lipotimia e diminuição de açúcar e glicemia), com intervalo
noturno não superior a 7/8h (para não acontecer náusea habitualmente matinal
e, por isso, não deve fazer grandes intervalos).
• Evitar alimentos flatulentos (grão, feijão e castanhas; embora sejam muito ricos
em proteínas – depende do que cada grávida come), fritos e/ou muito
condimentados.
• No parto pode ocorrer problemas por nutrição desadequada (anemia e
obesidade).

28
Cuidados na preparação dos alimentos:
Prevenção da toxoplasmose nas grávidas
sem imunidade: evitar comer saladas fora
de casa; lavar bem e em água corrente os
legumes; não manipular carne crua sem
usar luvas; não ingerir carne mal passada,
fiambre (só se for cozido) e presunto.

Nota: Amukina (desinfetante) – permite ter


mais confiança na confeção dos alimentos.
Titude também é usado.
A grávida tem de fazer serologia para fazer
o rastreio da imunidade à toxoplasmose.
Informação à grávida/casal
- Nutrição e Aumento ponderal: idealmente todas as mulheres deveriam alcançar o peso
ideal antes da conceção. O risco materno-fetal está aumentado quando a mãe é
excessivamente obesa ou magra.
Muitas das vezes surgem dificuldades em engravidar devido a obesidade e nos extremos
de pesos ocorre maior risco de problemas fetais.
Balanço do Ganho Total de Peso

1/6 do peso do feto

Aumenta ao longo da
gravidez

Sobretudo no final do dia

Sobretudo nas ancas e cintura


que são importantes para a
mulher amamentar, sem ingerir
outros alimentos em excesso.
No primeiro trimestre de gravidez não ocorrem aumentos de peso consideráveis.
Distribuição do peso às 40 semanas pelos vários componentes – é habitual que ocorra
um aumento adequado de peso em mulheres com peso normal.

29
Nutrição na gravidez
É importante jogar sempre com os desconfortos da grávida, nomeadamente a
flatulência e a obstipação – pode ingerir mais líquidos e fibras em vez de alimentos
flatulentos.

• Proteínas: ingerir diariamente fontes proteicas a partir de: lacticínios (leite,


queijo, iogurte) e de leguminosas verdes e secas - são uma boa alternativa
proteica (feijão, grão, favas, ervilhas e lentilhas) desde que se inclua uma grande
variedade destes alimentos e também de cereais.
o Ingerir moderadamente fontes proteicas de origem animal (carne, pescada
e ovos). Quando recebemos a grávida no centro de saúde devemos adequar
um plano alimentar saudável de acordo com as necessidades individuais.

• Hidratos de carbono: provêm essencialmente de alimentos de origem vegetal


como: cereais e seus derivados (arroz, massa, farinha, pão, flocos de cereais),
de tubérculos (batata, inhame…), de leguminosas secas (feijão, grão, favas,
ervilhas e lentilhas) e de fruta.

• Gordura: origem vegetal (azeite, óleos, margarina, frutos secos, alguns frutos
tropicais); origem animal (manteigas, natas, gema de ovo, gordura de
constituição das carnes e pescado). Aconselhar a ingerir gorduras de origem
vegetal.

• Ácido fólico: aumento o consumo de hortícolas de folhas verdes, leguminosas,


cereais integrais. O ácido fólico (Vit. B9) é de extrema importância no período
pré concecional e durante a gravidez.
Fontes de folatos: fígado de galinha, de peru, de pato, de borrego, de vaca, de
vitela; legumes - brócolos, feijão, couve, espinafres; frutos – abacate, laranja e
outros citrinos, massa e arroz integral.
A DGS recomenda uma administração de 400 mg/dia
Notas:
• Previne doenças do tubo neural e malformações (espinha bífida, menino docel
ou mielomenidocel)- requerem quase sempre cirurgia logo após o nascimento
• É fundamental a grávida fazer este suplemento 3 meses antes de engravidar,
durante a gravidez, e enquanto o bebé está a ser amamentado e sobretudo
nos primeiros meses.
• Devem ganhar o hábito de comer produtos hortículas para adquirir esta
vitamina.

• Ferro: aumento o consumo de alimentos de origem animal como carne e peixe,


de leguminosas como feijão e grão de bico e de hortícolas de folhas verde
escuro. A DGS recomenda um suplemento de 30/60 mg

30
Nota: Durante a gravidez ocorre uma hemodiluição – aumento do plasma para
fazer face às necessidades do feto – há um aumento dos eritrócitos, mas esse
aumento não acompanha o aumento do plasma. Recomendar suplementação de
ferro

• Iodo (a falta de iodo pode levar a défices cognitivos


no bebé). A DGS recomenda suplemento de 150/200
mg/dia

• Cálcio e vitamina D: tente escolher queijo, leite e


iogurte com menores teores de gordura, porque
fornecem mais cálcio.
Cálcio: importante na formação dos ossos e dentes do feto e na fortificação dos ossos
da grávida.
Vitamina D: importante para a fixação do cálcio, devemos também apanhar sol para a
adquirir, mas também está presente em muitos alimentos.
A DGS recomenda 100mg/dia de cálcio – suplementação além dos alimentos que têm
cálcio.

• Hidratação: beber água suficiente para satisfazer a sede. Cerca de 2,3 L pode
ser uma referência.

• Alimentos a evitar:
o Lacticínios não pasteurizados;
o Queijos mal curados; queijo fresco e requeijão;
o Enchidos e fumados (traz algumas doenças, não só pela gordura mas
também pelas doenças digestivas – associados a neoplasia do cólon, por
exemplo);
o Espadarte, tamboril ou tintureira (têm muito mercúrio);
o Carne e peixe mal cozinhados (às vezes alguns peixes trazem larvas e muitos
podem conter toxoplasmose);
o Legumes e frutas mal lavados;
o Patês de qualquer tipo.

31
NECESSIDADES NUTRICIONAIS E ENERGÉTICAS DO RECÉM-
NASCIDO/LACTENTE

Doses que cada


alimento tem

As 200 calorias são Reservas maternas – vai ficar com estas gorduras e, por isso, só precisa
de 500Kcal por dia com a alimentação para alimentar o bebé depois da gravidez.

Leite humano
• Maior parte das mulheres têm aderido ao aleitamento materno nos últimos
anos.
• É um alimento vivo (tem muitos componentes parecidos ao sangue humano),
completo e natural: Proporciona ao bebé tudo o que ele necessita para este
período.
• Está adaptado à evolução do bebé (p. ex. diferente para o bebé prematuro): o
leite da mãe do prematuro vai ser mais rico em proteínas para que o bebé possa
crescer mais rápido.
• Contém Micronutrientes e fatores de crescimento – permite que o bebé em
termos intestinais tenha um melhor desenvolvimento e crescimento das
vilosidades e encerramento intestinal, o que provoca um aumento da absorção.
• É um pré-requisito para adaptação à alimentação complementar: O leite vai
mudando de sabor e de cheiro, o que vai facilitar a adaptação à alimentação
complementar.

“apoiar a amamentação exclusiva por seis meses como uma recomendação mundial
de saúde pública (…) e a proporcionar alimentos complementares seguros e
apropriados e a manter o aleitamento materno até aos dois anos ou mais”

Sem dar água, só é permitido o consumo de vitaminas e de medicação se for necessário.

32
Aleitamento Materno exclusivo até aos 6 meses de idade e aleitamento materno +
alimentação complementar a partir desta idade.
Tecido Glandular: O tecido glandular é o local de produção
do leite e pode conter tecido adiposo. O leite é sintetizado
pelas células epiteliais secretoras (lactócitos) que revestem
os alvéolos.
Os ligamentos de Cooper são responsáveis por sustentar a
mama e a sua estrutura.
Anatomia da mama:
Vão produzir o leite (lactócitos)
Células mioepiteliais que se vão contrair para que o leite
percorra os ductos até chegar ao bebé (através dos mamilos).
À volta da auréola, existem umas glândulas secretoras de uma
substância semelhante ao leite, que vai proteger toda a zona
do traumatismo que o bebé pode provocar a mamar
sobretudo se não tiver bem adaptado à mama. Essenciais
também para a conservação da pele.
Nota: Quando a mãe faz redução mamária pode ter
dificuldade, já que o tecido glandular está intimamente ligado
ao tecido adiposo.
Durante a gravidez, o parto e o pós-parto, a auréola e o
mamilo ficam mais escuros para que o bebé se adapte mais
facilmente à mama.

Fisiologia da lactação:
1) Mastogénese: compreende o desenvolvimento da mama durante o período da
gravidez (sobretudo a partir do segundo trimestre). Nesta etapa há um aumento
evidente da glândula mamária apesar de só a partir do segundo trimestre da
gravidez estar completamente desenvolvida e preparada para produzir leite
(Algumas vezes, no final da gravidez, a mama já é capaz de deitar colostro.
2) Lactogénese: processo inicial da produção do leite para nutrir o recém-nascido.
Começa desde a última fase da gravidez até logo após o parto com a secreção do
colostro, resultante da estimulação dos lactócitos pela hormona lactogenia
placentária (HLP) e pela prolactina. Depois do parto, o sistema nervoso materno
produz duas importantes hormonas – PROLACTINA E OCITOCINA - ativadas pela
estimulação dos mamilos, sobretudo pela sucção (meter o bebé logo a mamar).
Nota: Depois do parto, há uma queda bruta de progesterona e estrogénio –
prolactina é fundamental.

33
3) Galactopoiese/lactopoiese (subida do leite): Manutenção da produção de leite, que
ocorre principalmente a partir do 3º dia após o nascimento (pode haver algum
desconforto mamário devido ao aleitamento e à produção de leite). Apesar de estar
presente uma pequena concentração de prolactina, o grande interveniente desta
fase é o estímulo de sucção que é dado à mama quando o lactente suga.
• Quando o bebé mama, chegam impulsos ao cérebro que permitem a libertação
de ocitocina, que vai ser guardada na hipófise posterior e, quando a mãe pensa
no bebé ou quando ocorre a sucção, é libertada.
• A ocitocina atua na contração do útero no pós-parto e é muito importante para
que a mãe deixe de perder tanto sangue – diminui risco de hemorragia e anemia
e por isso a amamentação é muito importante tanto para o bebé como para a
mãe.
Prolactina: entra em circulação DEPOIS da mamada para produzir o leite para a mamada
SEGUINTE.
• A Prolactina é segregada em maior quantidade à noite, pois a mãe fica mais relaxada.
Suprime a ovulação.

REFLEXO DA OCITOCINA (OU REFLEXO DE EJEÇÃO DO LEITE)


- Atua ANTES (Mães com bebés em UCI não têm este estímulo – devemos favorecer uma
foto para que a mãe possa olhar para o seu bebé) ou DURANTE a MAMADA e permite a
ejeção do leite. A ocitocina atua a nível uterino favorecendo a sua contração.
Fatores estimulantes do reflexo da ocitocina: Pensar ternamente no bebé; Tocar, olhar
ou ouvir o bebé; Sentir-se segura de si mesma- Bebé consegue uma transferência
positiva de leite.
Fatores Bloqueantes do reflexo de ocitocina: Preocupações Stress, Dor, Insegurança

• Por exemplo se o bebé não estiver junto da mãe ou tiver algum problema de
saúde, a mãe vai estar focada e preocupada com esta questão

34
Composição do leite materno
Colostro

• Até 5º dia- É mais comum em mães de bebés pré-termo, normalmente em bebés


de termo já se produz outro tipo de leite depois do 3º dia
• Cor amarelo limão ou transparente (às vezes é gema de ovo ou transparente-
pode não ter qualidade temos de desmitificar);
• Proteínas, vit. A, vit. E, potássio, zinco e sódio- Proteína antinfeciosa
• ↓ lípidos e hidratos de carbono.
• O bebé aumenta a capacidade gástrica ao longo dos dias de vida e, por isso, o
colostro vai ser adaptado aos 5-7ml de capacidade gástrica no 1º dia. Por volta
da primeira semana, a mãe já consegue produzir a quantidade de leite que o
bebé suporta.
Propriedades Importância para o bebé
Rico em anticorpos Protege contra infeção e alergias
Muitos leucócitos Protege contra infeção (macrófagos – meio assético e vida
extrauterina)
Laxante Elimina o mecónio; ajuda a prevenir icterícia. Possibilita a
bilirrubina (componente da degradação dos eritrócitos) seja
eliminada para o exterior.
Fatores de crescimento Ajuda a maturidade intestinal; previne alergias e intolerância
Rico em vit. A (reduz a Reduz a severidade de algumas infeções (tal como sarampo e
gravidade das infeções) diarreia); previne doenças dos olhos relacionadas com a Vit. A
(reduz a gravidade de algumas patologias)

Leite de Transição (até 15 dias) - ↑ lípidos, lactose e açucar; ↓ proteínas e minerais.


Leite maduro – diferente concentração de nutrientes numa mesma mama.
Capacidade gástrica: O estômago do bebé de 1 dia não dilata, as paredes do estomago
do bebé mantêm-se firmes, o leite extra é frequentemente expelido. A quantidade de
colostro é justamente o volume próprio para as primeiras refeições do bebé.
"...a capacidade gástrica do bebé é limitada. Ela varia
cerca de 7ml ao nascer a 200-250ml ao final do 1º ano,
passando para 70 ml na segunda semana e aumentando
conforme o peso, numa proporção aproximada de
20ml/Kg/refeição”

35
Importância do leite materno:
Vantagens: nutricionais, imunológicas, ecológicas, orofaciais, psicológicas, económicas
e sociais.
Vantagens Nutricionais: relação caseína albumina mais adequada o que facilita a
digestão- Em termos de proteína tem uma adequação importante, dado que o leite de
vaca tem muita caseína o que dificulta a digestão do bebé.
20% Caseína - 80% lactoalbumina

LH < quantidade de proteínas em comparação com outros leites Em 100ml:


– LH: 0,9 a 1 g
– LV: 3,5 g
→ Proteínas do leite materno:
o Beta Caseína (↑digestibilidade),
o Alfa-lactoalbumina - (uma das principais fontes de aminoácidos),
o Lactoferrina - atividade imunológica;
o Lisozima - adjuvante do sistema imunitário;
o IgA – secretora (a mãe pode proporcionar ao bebé esta defesa através do
aleitamento- Ex: o bebé constipa-se, passa à mãe, e a mãe manda-lhe defesas
pelo leite)
→ Proteínas do leite de vaca:
o Alfa Caseína (formação de grandes micelas – difícil digestão) – é por isso que os
bebés regurgitam com muita facilidade e durante muito tempo;
o Beta-lactoglobulina (intolerância às proteínas LV) – situação muito grave, pois
muitas crianças têm diarreias e vomitam, sendo difícil chegar ao diagnóstico.
Ferro contido no leite:

O ferro é mais absorvido pelo leite materno,


o que faz com que o bebé tenha menos 36
problemas em controlar a anemia.
itaminas contidas nos diversos leites:

É fundamental que a mãe se alimente com


esta vitamina, para a poder passar ao bebé.

O leite materno apresenta três vezes mais Ácido araquidónico (AA) e Ácido
docosahexanóico (DHA ) que o leite de vaca.
Ácido araquidónico (AA) = Omega 6 e Ácido docosahexanóico (DHA) = Omega 3- Os
ómegas trazem benefícios no consumo de AA e DHA 40 o que melhora o desenvolvimento
cognitivo, a acuidade visual e o nível de crescimento. A Lípase destes ácidos gordos
contribui para a digestão da gordura.

Vantagens Imunológicas
• Vantagens anti-infeciosas:
o Macrófagos, lisozima e Lactoferrina; previnem Gastrenterites/diarreias, Infeções
o Linfócitos T e B e IgA secretora respiratórias/otites ou Doença invasiva por
Haemophilus influenzae tipo b.

o Notas: A prevenção destas doenças é muito importante em países em que a


preparação do leite em condições de higiene não é concebível.
Otites são prevenidas não só pela imunidade mas também porque o bebé a
mamar controla melhor a tríade sucção/deglutição/respiração, o que impede que
o leite passe para o ouvido, devido à horizontalidade da sonda nas crianças mais
pequenas.
• Vantagens imuno-alergológicas:
o Dermatite atópica, Bebés alimentados com leite materno têm
o Asma brônquica, menos infeções respiratórias, já que as mães
produzem anticorpos que são transmitidos ao
o Alergia às proteínas do leite de vaca. bebé pelo leite

37
Vantagens psicológicas:
• Ligação afetiva mãe/bebé- As mães estão muito próximas do bebé durante a
amamentação – uns bebés demoram horas, outros minutos, depende muito da
sucção de cada bebé e da transferência do leite. Esta ligação é muito variável e
advém do prazer da mãe a amamentar e do significado que tem para ela, se não
não há sincronia.
o A mãe e o bebé têm um estreito contacto físico e emocional;
o A mãe sente apego emocional;
o O bebé chora menos e a mãe é mais afetuosa;
o Bebés amamentados têm menor probabilidade de serem maltratados ou
abandonados- embora as mães queiram dar aos bebés para a adoção querem
continuar a amamentá-los no hospital.
• Desenvolvimento: Existem estudos que sugerem que as competências
intelectuais da criança amamentada se desenvolvem mais facilmente- devido
aos ácidos gordos que são essenciais e que revelam uma maior capacidade em
aprender.
Vantagens económicas e sociais- MENOR GASTOS DAS FAMÍLIAS
• Não implica a aquisição de biberões nem a sua manipulação, menos custos na
aquisição de fórmulas lácteas e biberons;
• Menor custo associado à má oclusão dos dentes;
• Menos custos pela menor incidência de alergias, doenças infeciosas, certos tipos
de cancro, diabetes, esclerose múltipla, doença de Chron, entre outras e, por
consequência, Menor absentismo ao trabalho por parte dos pais;
• Menos idas ao serviço de urgência, menos hospitalizações, menos riscos de
infeções hospitalares, menos gastos em estomatologia;
• Menor pegada ecológica (diminuição de resíduos sólidos, do seu tratamento e
menor libertação de gás metano).
Vantagens no desenvolvimento orofacial- Adaptação à mama (pega) correta:
• Favorece o normal crescimento e desenvolvimento da estrutura maxilo-
mandibular, promovendo a adequada oclusão dentária (melhor alinhamento da
dentição, diminuindo a necessidade futura do uso de aparelhos ortodônticos) e
as funções vitais intermediadas pelo sistema estomatognático (respiração,
sucção, deglutição e mastigação).
• Promove o desenvolvimento dos músculos que ajudarão na fala (promove o
desenvolvimento da mandíbula e do masseter).

38
• Durante a amamentação, aprende-se a respirar corretamente pelo nariz,
evitando amigdalites, pneumonias, entre outras doenças- Criança + saudável.
Competências maternas e do Recém-nascido Bebé tem este reflexo mas a mãe precisa de o
posicionar de forma correta (alinhando
cabeça, tronco, ombros e a parte inferior do
corpo) e pegar na própria mama.

- Reflexos do Bebé,
competências
comportamentais e
estádios de
sono/alerta –
colocar a mamar.

Competências maternas e Aumentar a autoestima


e Autoconfiança

Porção de mamilo e da
Competências comportamentais: Tem de estar no estádio 4 de alerta –
auréola suficiente
tem de visualizar a mama, deglutir e sugar.
para quando a língua
baixa fazer vácuo e Competências maternas incluem saber fazer um correto
sugar o leite. posicionamento da mama (muitas das vezes, a sociedade toma-as como
inatas, apesar de serem muito difíceis- não temos uma cultura aleitante
e por isso o enfermeiro deve valorizar tudo o que a mãe faz até ao
momento da intervenção.

Sinais de boa pega:


• Queixo encostado à mama;
• Boca bem aberta; auréola em cima e em baixo;
• Na sucção, as bochechas têm de estar redondas.

39
Iniciativa Hospital Amigo dos Bebés
Dez passos para o sucesso do Aleitamento Materno (revisão de 2018) - Supervisiona-
se para ver se o hospital cumpre os 10 passos que favorecem a amamentação.
Procedimentos fundamentais de gestão
1.a. Cumprir totalmente com o Código Internacional de Comercialização de Substitutos
do Leite Materno e as resoluções relevantes da Assembleia Mundial de Saúde.
● Exemplo: os supermercados não podem fazer publicidade aos leites artificiais
para os RN. Os hospitais não podem publicitar estes leites nem os materiais
envolvidos em meio hospitalar – tem de seguir esta ordem.
1.b. Ter uma política de alimentação infantil escrita, que é comunicada rotineiramente
a toda a equipa de profissionais e aos pais (hospitais e centros de saúde).
1.c. Estabelecer sistemas permanentes de monitorização e gestão de dados.
2. Garantir que a equipa de profissionais tenha os conhecimentos, as competências e as
capacidades suficientes para apoiar o aleitamento materno (quando começamos a
trabalhar são ditas medidas que nos facilitam o trabalho do aleitamento – para que não
seja preciso pararmos o aleitamento materno).
Práticas clínicas chave
3. Discutir a importância e a gestão do aleitamento materno com as mulheres grávidas
e as suas famílias.
4. Facilitar o contacto pele-a-pele imediato e ininterrupto e apoiar as mães para iniciar
o aleitamento materno o mais cedo possível após o nascimento.
5. Apoiar as mães para iniciar e manter o aleitamento materno e a gerir as dificuldades
comuns: O bebé pode ter dificuldades (fenda no palato) – devemos ajudar a mãe a dar
o seu leite (mesmo que esteja separado do mesmo ou mesmo que este esteja a ser
alimentado por sonda) Ensinar e incentivar a mãe a atravessar dificuldades do
aleitamento (mama muito turgida, dor, formação de mastite ou dos lóbulos). Deve ser
gerido pelo enfermeiro junto das mães.
6. Não dar, a recém-nascidos amamentados, alimentos ou líquidos que não sejam o leite
materno, a não ser que seja clinicamente indicado. Exemplo: bebé pequenino ou
macrossómico- temos de adaptar esta regra.
7. Permitir que as mães e os seus filhos permaneçam juntos e pratiquem o alojamento
conjunto 24 horas por dia – permite que a mãe veja os sinais de consciência e de fome
do bebé (Ex: bebé mete a mão na boca- permite relação positiva e de sincronia)
8. Apoiar as mães a reconhecer e a responder aos sinais de fome dos seus filhos-
movimentos oculares, movimentos de mastigação e de protusão da língua, meter a mão
à boca- meter a mamar porque se começa a chorar (estádio 4 e 5) é muito difícil
acalmar.

40
9. Aconselhar as mães sobre o uso e os riscos de biberões, tetinas e chupetas. Podem
interferir com a alimentação – bebés fazem confusão sobre o que serve para quê.
10. Coordenar a alta para que os pais e os seus filhos tenham acesso oportuno e
contínuo a cuidados e apoio- Indicar às famílias onde podem recorrer depois das altas
se tiverem dificuldades (por noma, os hospitais têm consultas de enfermagem ou
espaços específicos e linhas telefónicas disponíveis para facilitar)

Sete medidas para considerar Unidade de saúde amiga dos bebés


Regresso ao trabalho: não deve representar o abandono da amamentação.
Deve-se implementar estratégias para a continuação da amamentação.

• Deve haver redução horário (2h)


• Pausas para amamentar,
• Local para retirar leite e para conseguir a sua conservação.
As mães devem ser ensinadas a amamentar antes de irem trabalhar, podem deixar leite
em casa para alguém dar (as creches já dão esta possibilidade) ou para se dar quando
se chegar a casa e durante a noite.

• Ao mamar, a prolactina promove relaxamento, então estas mães, amamentam


de noite, pois a prolactina é mais libertada durante a noite, o que é muito
importante para a mãe que quer continuar a amamentar – a sucção estimula a
produção de leite da próxima mamada.
Atualmente as mães podem ficar até aos 8 meses com o bebé mas têm uma perda de
ordenado de cerca de 25% - o que maior parte das famílias não consegue suportar.

41
Conservação do leite materno:
• Se temperatura ambiente ≤ 25ºc dura 6h.
• A 4 graus no frigorífico (mas não na porta) dura 24 horas- 48h é aceitável.
• A – 19 graus dura 3 meses- frigorífico com congelador
• A -20 graus dura 6 meses- Arca
O apoio ao AM começa com um Guia Antecipatório na Maternidade, entrega de
informação escrita, nº de telefone de Linhas de Apoio e sites da Internet- isto não pode
ser feito no nascimento, tem de haver uma preparação prévia (pré-natal). Depois,
durante a hospitalização, podemos entregar junto com o boletim de saúde do bebé.

Necessidades Energéticas- Considerações sobre a Menopausa


A menopausa é uma fase vulnerável da mulher, onde ocorrem várias alterações
corporais, poderá ocorrer problemas em termos de ossos (osteoporose).

• Em termos físicos, há um aumento da gordura abdominal e das vísceras –


aconselhar exercício físico e uma dieta rica em gorduras animais que
proporcionem ácidos gordos essenciais – ómega 3 e ómega 6 – e também
gorduras vegetais (azeite é o preconizado).
• Atenção ao cálcio – para prevenir osteoporose (consumo de lacticínios e vegetais
de folha verde) e peixe, sardinha, cavala, salmão – atualmente e pela forma
como são criadas não proporcionam tantos benefícios em termos de ácidos
gordos.
• Surgem também problemas de alopecia, alterações nas unhas e na pele (fica
mais alérgica e reage com mais facilidade a agressão do meio) – fundamental o
consumo de vitaminas, nomeadamente a vitamina C como antioxidante e
também alimentos ricos em beta caroteno (abóboras, cenouras, tomate).
• Importante explicar que quem ingere álcool e tabaco que essas substâncias
contribuem para que não haja renovação das células ósseas que vão causar
grandes problemas em termos de descalcificação e osteoporose.
• Explicar que há mulheres com dificuldades vasomotoras nomeadamente a
dilatação dos vasos ao calor intenso – aconselhar produtos mais naturais como
as isoflavonas de soja e produtos ricos em soja que ajudam nesta sintomatologia
(mas devemos recomendar também os exames habituais de ginecologia, como
a mamografia), visto que estes produtos são estrogénios, embora vegetais, e
podem contribuir para alterações mamárias e levar a problemas de cancro da
mama.
• Há maior retenção hídrica – edema e varizes.

Procedimento de entubação Naso/Oro gástrica


NHF: Comer e Beber: Para que esta NHF se cumpra, têm de estar íntegros diversos
componentes, especialmente o sistema digestivo e o SNC. Exemplo: se há alteração de
consciência, da digestão ou ingestão temos de ter determinados cuidados para haver
um bom aporte de nutrientes e água para o cliente estar bem – por vezes pode ser
necessário sonda nasogástrica,

42
Definição: Ingestão, digestão e absorção de água, de eletrólitos e de nutrientes
essenciais para a vida.
● Alimentação oral (Per os) - é feita pela
boca;
● Alimentação entérica é feita por sonda:
o Oro gástrica ou Naso gástrica (vai do
nariz ao estômago, se houver algum
obstáculo será necessário uma sona
percutânea)
o Sonda percutânea de gastrostomia endoscópica – SPGE.
Via entérica – Entubação Naso gástrica (normalmente em internamentos ou para quem
dificuldade em deglutir)
Finalidades:

• Alimentação e ou hidratação do doente;


• Administração de terapêutica;
• Lavagem gástrica ou aspiração de conteúdo gástrico
• Avaliação e tratamento de hemorragia digestiva;
• Descompressão gastrointestinal e alívio de náuseas/vómitos (para haver
drenagem de conteúdo gástrico, de sangue ou de conteúdo gástrico como a
medicação);
• Realização de exame.

43
Intervenções de enfermagem:
Antes de mais devemos verificar que a pessoa não se alimentou, explicar o
procedimento (“a sonda é comprida, é um procedimento doloroso pode sentir um
desconforto”) e avaliar a reação da pessoa.
1. Planear sessão de educação para a saúde (informar sobre a necessidade e finalidade
da SNG, o que se vai fazer, tempo de permanência, solicitar o consentimento e
participação no procedimento, executar de acordo com as normas, avaliar conforto
do doente);
2. Ter o sistema de aspiração preparado- Quando é lavagem (tirar o conteúdo gástrico-
pela gravidade, coloca-se um saco ou um sistema de aspiração);
3. Manter privacidade;
4. Posicionar (30-90º);
5. Colocar Avental;
6. Avaliar permeabilidade e integridade da narina- Para perceber qual a narina em
melhores condições para introduzir a sonda e fazer limpeza se necessário;
7. Cortar 3 cm de adesivo hipoalérgico- Para agarrar a sonda;
8. Colocar Resguardo (retiramos a roupa da cama, abrimos a roupa dele na região do
peito – para posterior auscultação);
9. Higiene das mãos e colocar luvas.
10. Medição do comprimento da sonda – adulto (da extremidade do nariz ao lobo da
orelha até ao apêndice xifóideo), criança com menos de 1 ano (da comissura labial
ao lobo da orelha até ao apêndice xifóideo).
11. Lubrificação da sonda (entre 6 e 10 cm da ponta distal da sonda).
12. Inserção da sonda delicadamente pela narina – pedir à pessoa para deglutir e fletir
o pescoço do mento até ao esterno, assim fecha a glote e a sonda segue o percurso
correto- à medida que deglute vamos inserindo;
13. Fletir a cabeça, oferecer água e solicitar a deglutição continua;
14. Clampar a sonda;
15. Fixar temporariamente a sonda com adesivo;
16. Verificar a sura correta posição – a seringa que eu preparo, inspiro 30s de ar e
introduzo a sonda e ausculto o estomago (se houver ar a entrar depois aspiramos o
ar de novo);

44
17. Verificar a colocação da SNG:
a. Aspirar conteúdo gástrico e confirmar pH (o ácido reage e marca cor de rosa na
escala)- limpar a sonda com H20, inserindo água na sonda com a seringa
b. Adulto – inserir 20/30 cc de ar
c. Criança– inserir 2/5 cc de ar).
18. Fixar sonda com adesivos (ter em atenção que nos bebés o nariz é muito sensível e
não tem integridade suficiente por isso usamos uma sonda orogástrica).
a. Se for para alimentação, clampamos no fim;
b. Se for para drenar, ligamos ao saco coletor.
19. Tranquilizar e avaliar a reação da pessoa.
20. Realizar higiene oral, se necessário.
21. Retirar luvas e fazer higiene das mãos.
22. Retirar avental e fazer higiene das mãos.

Preparar23. Posicionar
material: a pessoa
Muito de forma
importante confortável.
realizar a higiene das mãos antes da preparação do material
Sonda gástrica (de comprimento e diâmetro adequado à finalidade).
Gel hidrossolúvel (para hidratar a sonda e facilitar a progressão da sonda).
Luvas limpas.
Avental.
Lenços de papel ou toalhetes.
Compressas.
Resguardo impermeável (para proteger a pessoa).
Adesivo hipoalérgico para fixar.
Contentores de resíduos adequados ao grau de contaminação (biológico, químico ou equiparado a
urbano.
Estetoscópio.
Seringa de 50/60/100 cc com ponta adaptável à sonda gástrica; na criança pequena seringa de 5 cc.
Copo com água e respetiva palhinha.
Tina reniforme (caso a pessoa queira vomitar).
Tiras reagentes ao pH (papel azul de tornezol).
Clamp.
Spigot.
Selecionar a sonda:
Tesoura.
Material de aspiração (caso seja necessário retirar algum conteúdo gástrico).

45
Tipos de sonda:

• Levin - Sonda gástrica para alimentação/hidratação prolongada – é a mais usada;


• Salem (lúmen radio opaco) – quando se quer fazer contraste;
• Sengstaken-blakemore (com balão esofágico) – é como se fosse uma algalia,
insufla o balão, para não ser exteriorizada, utilizada em cirurgia para ser drenado
no pós-operatório;
• Minnesotta (idem 4 lumens);
• Evald (sonda grossa 28 a 40 Fr);
• Miler-aboth (intestinal de 3 m); Cantor ((intestinal de 2 m)

Manutenção da SNG - De acordo com o material da própria SNG:


• 7 em 7 dias, pois são deterioradas pelo suco gástrico (as de polivinil – PVC)
• A sonda de látex ou poliuretado, duma forma geral, pode permanecer colocada
até 15 dias
• As de poliuretano – PUR - são inertes e mais resistentes ao suco gástrico,
podendo estar aplicadas até 4 semanas.
• As de silicone são as de duração mais longa, requerem substituição de 3 em 3
meses.
• Temos de saber o tipo de sonda e as condições do doente, se ele precisa de uma
SNG durante um longo período, utilizo uma sonda que dure muito tempo. Mas
também temos de ter em atenção a literacia e o protocolo de cada instituição.

Estes prazos são estabelecidos de acordo com o fabricante e as normas do


serviço e devem ser ajustados às condições do cliente e do material.

Tamanho da sonda: Muda conforme o tamanho do cliente

Tamanho da sonda Idade


5,6 e 8 French RN a 18 meses
8,10 e 12 F 18 meses a 6 anos
12, 14 e 16 F > 6 anos
8F a18F - Alimentação 14F a 16F - Adultos/idosos
Exames de diagnóstico e descompressão
16F a 20F - Lavagem Gástrica

46
Complicações
• Cólicas abdominais, Diarreia, náuseas e vómitos;
• Regurgitação;
• Aspiração de conteúdo gástrico;
• Obstrução da sonda;
• Perfuração;
• Extubação.
Documentar
• Data e hora
• Motivo da entubação;
• Via selecionada;
• Características da sonda e nº;
• Métodos utilizados para confirmação da localização da SNG;
• Características do conteúdo…
• Intercorrências/complicações,
• Reação e estado de conforto da pessoa.
• Exemplo: Era necessário fazer drenagem, colocou-se a sonda X, com calibre X,
aspirou-se conteúdo X, colaborou? A pessoa não conseguiu alimentar-se, foi
colocada uma SNG nºX, a pessoa colaborou, viu que estava no local bem
colocada.
Retirar sonda: Higiene das mãos, pessoa confortável, explicar procedimento, preparar
material, colocar resguardo e tirar lençol, colocar EPI, Higiene das mãos, Colocar luvas,
compressa embebida em água (não deve ser álcool por causa dos olhos) para ajudar a
descolar, Clampar a sonda, enrolar a sonda, colocar compressa no nariz, retirar sonda,
limpar nariz, tirar luvas enroladas com a sonda, Higiene das mãos, retirar resguardo,
Retirar EPI, Higiene das mãos, Deixar cliente confortável, Higiene das mãos, Registo.
Notas:
- Quando se tira a sonda, depois começamos a inserir líquido e só depois sólidos, para
ver como a pessoa tolera.
- Temos que clampar muito bem com a tampa e a cena verde, porque a sonda tem
orifícios na extremidade, como se fosse uma palhinha, e pode sair líquido (suco gástrico).
- Se eu estiver a retirar e tiver mal clampada, quando passa pela orofaringe pode ir
conteúdo gástrico para a árvores respiratória.

47
Alimentação artificial da Criança
Método de nutrição através de fórmulas láteas artificiais, como substituto ou
suplemento ao Leite materno, e que tem como objetivo contribuir para a preparação
das fórmulas láteas de modo adequado.
Notas:

• Pode ser usado quando se considera que a mãe não tem leite suficiente, dando-
se como suplemento juntamente com o leite materno.
• Não é através do choro que vemos se o leite materno é insuficiente, mas sim
através de toda uma avaliação estatuo-ponderal e através do conforto da
criança.
• Devemos dizer à mãe que o seu leite é o melhor para o bebé mas que naquele
momento as necessidades do bebé exigem mais alguma coisa.
Princípios:

• O leite artificial (LA) só deverá ser administrado segundo prescrição médica, pelo
que o ensino é individualizado.
• A administração de LA tem em conta a idade do bebé, o peso e o estado geral.
Material:

• Copo graduado esterilizado, biberões e tetinas esterilizadas.


• Se a desinfeção for com produtos químicos (passar o copo com água
esterilizada).
• Água fervida da torneira (Quando não há água canalizada dizer para usar a do
garrafão)
• Leite artificial - Latas tapadas e guardadas em local seco, duração após a abertura
de 3 semanas (colocar data).
Procedimento:

• Higiene das mãos com água e sabão.


• Cumprir a prescrição (1 colher medida rasa- são as que
vêm na lata- para 30ml).
• Preparar com Água fervida (durante 10m, pode ser
guardada em termos durante 8h- máximo 12h).
• Colocar 1º a água e depois o pó, agitar bem e verificar a
temperatura na face anterior punho ou numa zona que
seja sensível à temperatura.
• Avaliar a saída de leite pela tetina (podemos ter grumos
de leite a tapar- bebé fica choroso);
• Posicionar o bebé ao colo. Se biberão - semi-fowler ou sentado, se copo –
sentado e manter o copo encostado aos cantos da boca e em contacto com o
lábio superior;
• Não retirar nas pausas do bebé.

48
• Posicionar para o bebé eructar: deitar fora o ar que foi ingerido, uma vez que o
estômago é muito pequeno e qualquer ar que entre torna-se desconfortável e
por isso vamos querer que o bebé deite o ar fora (ar pesa menos que o líquido e
vem ao de cima)- se o bebé não eructar fica com cólicas.
Administração – apoiar o bebé no braço, posição mais ou menos de semi-fowler.
Manobra de Epstein:
- ou apoiado sobre o ombro da mãe

- ou sentado ao colo numa das pernas, virado para fora e agarrado debaixo da axila
- ou deitado em decúbito ventral sobre as pernas, agarrada com um dos antebraços
a passar pela mandíbula e agarra na axila do outro lado
- devemos sensibilizar os pais para o bebé eruptar e insistir se estiver a demorar,
sendo que podem ir trocando de posição.
- durante a erupção por vezes os bebés também bolçam – normal, informar os pais
que não é um problema.

• Após a alimentação deite fora o leite que sobrou e providencie a lavagem do


biberão.
Registo:

• Motivo para administração de LA (mãe não tem leite ou não quer, problemas de
saúde), Tipo de leite administrado (prescrição médica: Tipo e quantidade de
leite) e Forma de administração.
• Hora da mamada (geralmente de 3h em 3h).
• Características da sucção (Há bebés com mais sucção e outros que são menos
ativos e deglutição (se deitam leite para fora, quantidades, se não deita).
• Quantidade de leite ingerida (Deixar prescrição registada e ver, junto dos pais, o
que o bebé ingeriu)
• Tolerância alimentar (se ficou bem disposto, se bolçou muito, se ficou satisfeito).
• Informação proporcionada aos pais (questões colocadas, se tinham outras
experiências)

Alimentação por sonda entérica


Finalidade: Alimentar e ou hidratar a pessoa com incapacidade de receber alimentação
por via oral ou amamentação fisiológica normal.
Vamos avaliar se é em bólus ou contínua através de uma avaliação multidisciplinar tendo
em conta diferentes aspetos como a necessidade e o estado nutricional do cliente.

49
Intervenção de enfermagem na pessoa com alimentação intermitente ou em bolus:

• Avalia necessidade (condição prévia que levou à entubação e após a avaliação


do risco nutricional percebeu-se que existem défices na hidratação ou
alimentação).
• Avalia estado nutricional (precisamos de perceber de
facto o que é a que a pessoa precisa nomeadamente Quantas vezes
hidratos de carbono, proteínas ou mesmo água, sendo ao dia deve ser
que grande parte das vezes está associada a dado, tipo de
desidratação);
alimento,
• Verifica prescrição médica/nutricionista (de acordo com quando deve ser
a instituição pode ser feita pelo médico ou pelo posta em curso
nutricionista, quando se identifica uma necessidade faz-
se um pedido à equipa de nutrição ou dietista e faz-se
uma dieta a ser administrada àquela pessoa específica).
• Higiene das mãos.
• Prepara o alimento (ou vem do copo ou são preparados standard de acordo, com
as necessidades da pessoa).
• Informar a pessoa e ajudar a posicionar - Elevar a cabeceira da cama de 30 a 45
graus.
• Calça luvas limpas.
• Avalia motilidade intestinal (para garantir que não há estase gástrica e que não
temos de meter a sonda em drenagem, ou interromper a alimentação por haver
excesso de conteúdo).
• Confirmar através da audição se a sonda se encontra no estômago– não
administramos nada sem garantir a localização da sonda. Nota: Se o volume
aspirado for superior a 100 ml não se deve alimentar – instilação de ar e ouvir
entrada de ar abaixo do epigastro, através do raio X, aspiração de suco para uma
tira de reagente de azul tornozol.
• Conecta a seringa preenchida de alimento (não ultrapassar 20 ml por minuto).
• Clampar a sonda entre a administração da alimentação.
• Lavar a sonda (30 ml de água) – para não azedar ou entupir dentro da sonda-
Muitas vezes as seringas são grandes e junto do plano de alimentação existe um
plano de hidratação e por isso devemos ver as quantidades prescritas.
• Clampar a extremidade da sonda.
• Retirar as luvas e fazer a higienização das mãos.
• Observar a resposta da pessoa após a alimentação por sonda – posiciona-se a
pessoa (não se deve meter logo a cama na horizontal, deve ter a cabeceira
levantada e devemos perguntar se está bem disposto ou se existe algum aspeto
que o deixe desconfortável.
• Documentar o procedimento (tipo e quantidade de alimento, resposta da pessoa
e glicémia)

50
Nas crianças, utiliza-se uma seringa para fazer a contagem do volume. A administração
corre por gavagem (ir deitando o líquido que por ação da gravidade vai para o
estômago). Nos bebes não usamos o embolo deixamos o bebé em semi Fowler e com a
ponta superior da seringa acima do estomago e esperar que o conteúdo desça por
gavagem- Este processo trata-se de administração por bolus, ou seja, administração da
alimentação do cliente, aquando das horas das refeições de forma intermitente.
Intervenção de enfermagem na pessoa com Alimentação Contínua

- Documentar o procedimento (tipo e quantidade de alimento, resposta da pessoa,


Tabuleiro com:
glicémia…)
Frasco/saco com alimentação (fechado)
Copo com água;
Seringa 20cc e/ou 50-100 cc;
Aparadeira;
Luvas;
Sistema de soro;
Bomba infusora (ou um sistema controlador de gota);
Resguardo;
Tampa para clampar sonda;
Suporte para pendurar saco;
Estetoscópio
Compressas/ guardanapo.

Procedimento
1. Avalia motilidade intestinal (Sempre necessário)
2. Preparar o sistema;

3. Conecta o sistema ao saco/frasco

51
4. Coloca o alimento 60 cm acima da cabeça da pessoa – para não ser a um ritmo
muito rápido.
5. Identificar saco de alimentação: Nome, Data, Hora (Início e Fim), Serviço, Cama,
Assinatura de quem preparou e iniciou.
6. Preencher o sistema – com a alimentação, retira-se o ar até à extremidade do
sistema que se conecta com a própria sonda.
7. Regular o débito.
8. Calcular débito sistema de gota:

Usa-se o fator gota


padrão sempre que o
verso do saco não tem
esta conversão

9. Bomba infusora / seringa infusora (no caso das crianças) - Programa débito (são
programadas para a quantidade de mL que sai durante 1 hora)

Subtrai-se sempre o tempo pela


pausa antes de usar a fórmula:
neste caso 24-8=16h

10. Vigia e verifica resíduos a pelo menos cada 4 a 8h. Se for uma alimentação mais
espessa devemos ir de duas ou três horas. A programação não nos deve deixar
descansados, devemos sempre ir vigiando (mais frequentemente quando temos
um sistema conta gotas).

52
11. Mantem cabeceira elevada. Devemos deixar a pessoa confortável e colocar a
sonda debaixo da almofada para não incomodar.
12. Lava a sonda (30 /60ml de água) - depende do plano de hidratação
13. Clampa extremidade.
14. Retira luvas e realiza higiene das mãos.
15. Observar a resposta da pessoa antes, durante e após a alimentação por sonda.
16. Documentar o procedimento: tipo e quantidade de alimento, resposta (tem a
ver com o volume e o conteúdo gástrico – dizer se foi possível fazer a
alimentação toda) da pessoa, glicémia (avaliada antes de começar a alimentação
ou na hora marcada).
17. Mudar o sistema a cada 24h ou sempre que mudamos o tipo de alimentação

Resolver exercícios do Powerpoint

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1.3 Ajudar a Vestir e a Despir
Selecionar roupas adequadas, vestir-se e despir–se
O modo de vestir é uma forma de comunicação não verbal
e de expressão dos valores pessoais. Reflete a filosofia e
hábitos de vida.
A imagem corporal determina a escolha do vestuário.
O modo de vestir está alicerçado nos hábitos culturais e é
uma forma de comunicação por transmitir os valores e as
preferências dos indivíduos.
É por isto que quando pedimos a uma pessoa para tirar a
sua roupa, devemos fazê-lo com respeito e sensibilidades
– estamos a tirar o seu modo de expressão e o escudo de
proteção da sua intimidade.
Em algumas situações de saúde-doença vão haver
recomendações específicas no que toca ao vestir- p.e:
Amputados têm de ter roupa adaptada à prótese, os
diabéticos devido às alterações de sensibilidade dos membros inferiores, vão ser
aconselhados a usar meias brancas sem elásticos e costuras para o caso de haver ferida
a pessoa se aperceba e consiga identificar mudança de cor e presença de sangue
(neuropatia), as pessoas com ostomias costumam ter de adaptar as calças ou as sais
para não apertar o estoma.
Quando a pessoa entra com a sua roupa e calçado já está a comunicar através dela de
forma não verbal, uma vez que a roupa reflete os nossos gostos e valores pessoais, a
nossa filosofia e hábitos de vida e por isso deve haver sensibilidade da nossa parte
quando pedimos à pessoa para tirar a roupa, porque estamos a interferir na sua
privacidade e no significado que a pessoa atribui aquela roupa.
Fatores que influenciam a satisfação da NHF
Influencia a forma como nos vestimos, a independência e a autonomia para escolher a
roupa.

Dimensão biofisiológica Dimensão Psicológica


Idade - RN não tem competências para se vestir sozinho, nem Importância atribuída ao vestuário;
autonomia financeira para a adquirir Autoestima;
Sexo - homens têm a ideia pré-concebida que as mulheres Constrangimento;
ligam mais às roupas; percebe-se que existem roupas mais Pudor- associado ao corpo e à aceitação- p.e
direcionadas para um género e outras para o outro; pessoa com celulite não usa saia
Determinação de género a partir da maneira de vestir. Preferências- Temos tendência a escolher o
Doença ou alterações patológicas - por exemplo escolher vestuário de acordo com a maneira como nos
roupa que não faça pressão; numa artrite reumatoide de fase sentimos
de grande inflamação (dificuldade de preensão dos dedos da

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mão fazem com que a pessoa necessite de instrumentos que os Depende do dia, hora e com aquilo que vamos
permitem realizar esta NHF), as pessoas precisam de diversos fazer
instrumentos que lhe permitam ser independente;
Fadiga- DPOC (uso de oxigénio) podem ter dispneia a pequenos
esforços.
Alterações neuromusculares;
Alterações músculo-esqueléticas;
Alterações de sensibilidade- Diabéticos
Termorregulação também nos vestimos para nos aquecermos-
a roupa facilita termorregulação.

Declínio cognitivo - pessoas com esta doença podem necessitar


de roupas mais adequadas que evitem que a própria pessoa tire
a roupa à frente de toda a gente, por exemplo – perdem a
capacidade de perceber o que é certo ou errado.

Dimensão sociológica Dimensão religiosa/cultural


Normas sociais- Por exemplo: idosos têm práticas religiosas no Limites impostos pela cultura e/ou religião.
dia de ir à missa escolhem um vestuário mais trabalhado. Utilização da burka por exemplo; não significa
Moda; Influência dos meios de comunicação (influenciam as que só há diferenças nos vestuários em
normas sociais e o vestir e despir) diferentes países, só em portugal existem
Período do dia; diversas diferenças no vestir consoante o local
Clima; de origem.
Nível socioeconómico.
Em portugal somos relativamente tolerantes ao uso da roupa, Os próprios grupos sociais equipas juvenis e a
no entanto, pessoas mais velhas com práticas religiosas região do país acabam por influenciar o vestir-
específicas tendem a escolher um determinado vestuário origina grupos juvenis com cultura própria que
associado a essa conduta religiosa e social; os próprios meios se manifesta pela maneira de vestir
de comunicação social também influenciam o dress code.

Quando vemos o conceito de saúde mais de perto, é percetível que podem existir grupos
mais vulneráveis que não têm total independência para esta ação e NHF, por serem de
tenra idade ou por terem alguma alteração associada ao envelhecimento.

O VESTIR É:
O que é o autocuidado?
Atividade executada pelo próprio: tratar do que é necessário para se manter; manter-se
operacional e lidar com as necessidades individuais básicas e íntimas e as atividades de
vida diária.

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O que é o vestir?
Ação de trocar de roupa: escolher e ir buscar a roupa, vestir, abotoar e apertar os fechos
tanto na parte superior como inferior do corpo, usar os fechos, peúgas, meias e calçado
como, por exemplo, sapatos.
Temos grupos de população que não consegue realizar o vestir de forma independente
por incapacidade física, demência ou problemas mentais.
O que é o despir?

Ação de trocar de roupa : retirar as roupas, desabotoando-as, desapertando-as e


abrindo os fechos, tanto na parte superior como inferior do corpo, tirar as peúgas, meias
e calçado; dobrar, pendurar e arrumar as roupas na gaveta ou armário.

Intervenções do enfermeiro
As intervenções da enfermagem são feitas em diferentes dimensões: preventivas
(informar, assessorar) e terapêuticas (escolher, instruir e readaptar).
INTERVENÇÕES PREVENTIVAS:

• Informar sobre a influência dos diferentes , tipos de tecido na pele (sobretudo


quando a pessoa aparece com eritema ou com rash cutâneo);

• Educar para a escolha adequada de calçado- (prevenção de lesões músculo-


esqueléticas, prevenção de acidentes);
o Adolescentes: Saltos altos fazem com que haja uma modificação na
biomecânica, obrigando uma alteração no centro de gravidade e a um aumento
da lordose que vão causar dores, lombalgias e até mesmo hérnias, malas num
só ombro pode causar escoliose lombar, já nos idosos temos muitas quedas
associadas ao calçado, apesar de a queda poder estar associada a outros fatores
predisponentes, devemos educar

• Assessorar na escolha do vestuário em função das condições climatéricas e/ou , tipo


de atividade
o Cabeleireiro: Muito tempo paradas, de saltos altos com temperaturas altas
(Sobreaquecimento- aumenta varizes). Devemos recomendar o uso de sapatos
rasos para evitar ceataligias e LME, meias de descanso para as varizes
o Escolha do vestuário dos MI: Não usar roupa muito apertada para não alterar a
circulação de retorno e diminuir a probabilidade de edema.
INTERVENÇÕES TERAPÊUTICAS:
Escolha de roupa e calçado funcional em funções de:

• Limitações, incapacidades, patologias e cirurgia

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o Cirurgia ao Hallux Valgus- No pós-operatório (1 a 3 meses) são recomendados o
uso do sapato aurete para descarregar o peso do pé mais ao nível do calcanhar
de forma a aliviar a parte anterior e para diminuir a dor, mas também para
promover a cicatrização e principalmente para diminuir a pressão para que o
dedo não volte ao estado inicial;
o Bota de gesso devido a fratura da tibiotársica ou dos ossos do terço inferior da
perna, recomenda-se o uso de uma peúga para proteger os dedos;
o Em cirurgia abdominal devemos dizer ao cliente para não trazer roupa com
elásticos na zona da cintura ou fecho, uma vez que aumenta a pressão no local
de cirurgia, não pelo risco de pressão, mas por aumento da dor e dificuldade
nos exercícios respiratórios

• Instruir sobre técnicas de vestir/despir;


o Pessoa com plégia ou por coisas mais simples, como gesso no braço, podemos
ter de ensinar técnicas que facilitem o vestir e também sobre produtos de apoio
e em algumas situações, recomendar adaptações no vestuário- por exemplo:
Dificuldade em fechar botões.

• Readaptar o vestuário calçado…

Princípios de escolha da roupa


Grávida:

→ No início da gravidez pode continuar a usar a roupa habitual;

→ Escolher roupa confortável e solta;

→ Optar por peças de transição – que se vão ajustando ao longo da gravidez - peças de
transição têm alguma elasticidade (Sem fazer pressão) e é possível de ser alterada
ao longo da gravidez;

→ O uso de meias de contensão (próprias para grávidas- tem na região abdominal uma
malha elástica que permite que a meia vá dilatando à medida que a barriga cresce)
promove o retorno venoso e evita os edemas - (as meias elásticas devem ser
colocadas pela manhã, antes do levante da cama e devem ser tiradas ao fim do dia
com a pessoa deitada para evitar que haja levante de 1 hora ou 2 com dilatação dos
capilares do MI e portanto maior acumulação dentro desses capilares ) - Meias de
contenção específicas das grávidas e cintas próprias – vão se adaptando à grávida e
ao crescimento da barriga – previnem fenómenos tromboembólicos, edemas e o
aparecimento de varizes. Evitar tudo o que seja apertado e que dificulte o retorno
venoso;

→ O uso de soutiens, cintos apertados, calças elásticas, meias até ao joelho, cintas
(exceto cintas para grávida- devem ter perna para apoiar terço superior da coxa para
evitar pressão na região inguinal- prejudicam o retorno) e todo o tipo de roupa
apertada, deve ser evitado;

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→ A utilização de roupa muito apertada na região perineal, favorece o aparecimento
de vaginite (fricção) e eritema devido ao calor e à circulação venosa deficiente dos
membros inferiores, predispõe ao aparecimento de varizes, mas pode originar
aumento do risco de alteração da integridade cutânea e infeções fúngicas
O CALÇADO DA GRÁVIDA:
• Sapatos confortáveis, com boa base (tacão quadrado e largo para ter uma base
de sustentação) para proporcionar estabilidade - saltos altos alteram o centro
de gravidade o que vai piorar pois a grávida já sofre alterações de gravidade
devido ao crescimento do abdómen;
• Os saltos altos alteram o centro de gravidade ( a grávida já tem alterações no
CG e um aumento da lordose dorso-lombar pelo aumento do abdómen, porque
para contrariar o aumento do volume abdominal vai haver uma maior
acentuação da curvatura lombar-posição de equilíbrio) e aumenta o risco de
desconforto / dor dorso lombar ( provoca ceatalgia).
• Se existir edema dos membros inferiores, o sapato não deve estar apertado
porque prejudica a circulação de retorno e criar zona de pressão
OS SOUTIENS DE AMAMENTAÇÃO:
• Devem ter apoio até a axila para apoiar a mama e evitar aparecimentos de
estrias por quedas e ligações reticulares
• Devem ser usados a partir do 7º mês ou antes se a mama aumentar muito de
volume para sustentar a mama;
• Devem ser de algodão;
• Com abertura sobre os mamilos para facilitar a amamentação e descobrir o
mamilo
• A “alça” deve ser larga para aumentar a superfície de contacto e (re)distribuir o
peso da mama por uma maior área;

• (Soutiens de amamentação impedem o aparecimento de estrias)

Bebé

• Deve haver um ensino da escolha da roupa dos bebés antes do parto, na


preparação da gravidez e do parto- nas aulas de preparação para o parto ou na
maternidade juntamente com ensina da respiração. As malas que os pais levam
para a maternidade indicam necessidade de EPS.
• Notas: As roupas devem ser almofadadas para não provocar pressões indevidas.
Bebés perdem muito calor pela cabeça. É importante ter em conta que quando
visto um bebé ele nunca deve ficar sozinho.

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CRITÉRIOS NA ESCOLHA:
→ Fibras naturais, sem pelos - especialmente os que são pertos da cara (bebé espirra
e tosse)

→ Ajustada ao comprimento e peso do RN;

→ Permita liberdade de movimentos (não ser demasiado apertada nem larga (frio))

→ Roupa com bons acabamentos, com molas de pressão almofadadas ou velcro;

→ Camisolas interiores e casacos que cruzem à frente;

→ Roupa que garanta segurança: sem acessórios ou adornos que possam “soltar-se”
(laços, cordões, botões, bonecos…), sem elásticos que apertem (por ex. meias,
botas…);

→ “Babygrows” com abertura à frente e/ou entre os membros inferiores para


facilitar a troca de fralda e diminuição do risco de perda de calor;

→ As etiquetas podem incomodar e até macerar a pele (por fricção) devem ser
cortadas ou que possam causar eritema alérgico.

→ As luvas podem ser apropriadas no inverno por causa da temperatura ambiente e


para proteger a cara do bebé das suas próprias unhas- Até mesmo quando estão
cortadas, as unhas do bebé são muito fininhas e causa escoriações
nomeadamente na face e na mão contralateral.

→ “Adequada à temperatura ambiente e às características do sistema


termorregulador do RN - os bebés são muito sensíveis às variações de
temperatura, especialmente ao excesso de calor, por isso não devem ser
agasalhados em demasia- se eu tenho bebé em ambiente quente e vou para o frio
devo adaptar o vestuário, mas não o agasalhar demais.

→ Nas saídas ao exterior proteger utilizar gorro/ chapéu - para proteger a cabeça e
minimizar a perda de calor, se tiver frio é necessário um gorro, se tiver sol e calor,
um boné para o proteger de queimaduras solares e resguardar os olhos (perde-se
muito calor pela cabeça)
CUIDADOS NA HIGIENE E MANUTENÇÃO:

→ As roupas novas devem ser lavadas antes de usar (sensibilidade da pele e alergia
a algum componente químico);

→ Lavar a roupa separadamente;

→ Utilizar água quente e detergente suave;

→ Um segundo enxaguamento (só com água) remove vestígios dos agentes de


limpeza, potencialmente irritantes;

→ Secar a roupa ao sol (de preferência para melhor controlo bacteriana)

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→ Guardar a roupa em armários fechados- não deixar exposto ao ar (evita pó e
sujidade);

→ Não colocar em locais com elevada humidade;


Criança

Exemplo: criança com ténis com atacadores promovem quedas e traumatismos


cranianos secundário.
CRITÉRIOS DE ESCOLHA:

→ Optar por fibras naturais, sobretudo na roupa interior (tinturia, licras e fibras
sintéticas- alergia)

→ Ajustada à etapa do desenvolvimento;

→ Optar por peças que sejam fáceis de colocar e retirar para aumentar a autonomia
da criança;

→ Nas crianças que começam “o controlo dos esfíncteres” optar por calças com
cintura de elástico ajustável ou calças de fato treino, para que a criança não
demore muito tempo e haja “perda acidental” de urina;

→ Cachecóis: Traumatismo da cervical, nomeadamente equimoses


CRITÉRIOS DE SEGURANÇA:

→ Evitar ténis com atacadores – prevenir as quedas - frequentemente não os atam e


geram-se quedas e acidentes que podem ser perigosos;

→ Evitar acessórios ou peças de roupa que tenham objetos pequenos – prevenir


asfixia;

→ Evitar o uso de cachecol em crianças mais pequenas - podem ter acidentes com
cachecóis, que ficam presos e causam lesões.;

→ As camisolas com capuz com fio para ajustar podem ser perigosas, sobretudo se o
fio for comprido e acriança conseguir apertá-lo em redor do pescoço;

→ Vídeo do bebé: o bebé nunca fica sozinho para evitar quedas e acidentes

Adolescentes
• Há um trabalho que deve ser feito em casa e nas consultas de acompanhamento,
que diz que o uso dos saltos altos com grandes tacões provoca graves alterações
biomecânicas e no aparelho músculo-esquelético.
CRITÉRIOS NA ESCOLHA:

→ A roupa tem um papel importante na afirmação social do adolescente e na


autoimagem

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→ Utilização de vestuário desportivo em algumas práticas (calças de jogging- fazem
pressão no terço médio e inferior da coxa em que o movimento da tibiotársica
estimula a bomba gemelar e o retorno) para não prejudicar retorno nem criar
vaginites: Aconselhar não usar roupa muito apertada.

→ Promove a identidade e pertença a determinada cultura juvenil;

→ Evitar o uso de saltos altos pela interferência na biomecânica e aumento da


probabilidade de lesões músculo-esqueléticas precoces (temos muitos jovens com
graves problemas dorso-lombares por uso de saltos altos).

→ Serve para marcar um estatuto e marcar a presença num grupo

→ Ter em atenção à higiene da roupa e do corpo sobretudo em culturas juvenis


específicos

→ Licra com cuecas não ajustadas ao períneo acaba por levar à fricção da pele com
aquela licra que leva a situação de vaginite.

Adultos
Muitas vezes começamos a trabalhar não só na prevenção primária, mas também na
prevenção secundária, visto que nesta fase já estão associadas doenças crónicas, em
função da doença da pessoa vamos fazer um conjunto de adaptações para que o cliente
lide melhor com a sua doença.
CRITÉRIOS NA ESCOLHA:
→ A roupa mantém um papel importante na afirmação social do adulto;

→ Representam determinadas áreas de atividade profissional (fardas, uniformes);

→ Há alterações da satisfação associada às transições de saúde/ doença;

Idosos

Ao longo do processo de envelhecimento surgem dificuldades no autocuidado ao nível


da capacidade de se vestir; da capacidade de adquirir ou organizar o vestuário e
acessórios; de abotoar o vestuário; atar atacadores….

Aumento da prevalência de doenças crónicas fazem-nos aumentar a nossa intervenção


na escolha de uma roupa funcional e na adaptação do vestuário, visto que ao longo da
idade vão surgindo dificuldades no vestir. Alterações da visão que implicam que a pessoa
tenha de organizar a roupa de outra forma- por exemplo: idoso que não consegue atar
o sapato.
CRITÉRIOS NA ESCOLHA:
→ Roupa funcional;
→ Adaptar vestuário

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A SATISFAÇÃO DA NHF VESTIR/DESPIR NOS IDOSOS: Nas pessoas idosas com dor crónica
pode ser necessário a administração de um analgésico antes de vestir; Eliminar
obstáculos que dificultem o acesso à roupa; Nas pessoas com alterações do equilíbrio:
ensinar a colocar sapatos e roupa sentados (Ás vezes não é fácil, a pessoa está habituada
a colocar de uma forma- temos de ensinar); Ajudar a manter as rotinas associadas ao
vestir; Prevenir a dispneia associada ao esforço.
INTERNADOS E INSTITUCIONALIZADOS (quando tem um cuidador informal de forma a
que este promova autonomia). Proporcionar o tempo suficiente para vestir e despir;
Explicar como vestir/despir; instruir e monitorizar a atividade; Facilitar o acesso ao
vestuário; Antes de deitar colocar o vestuário por ordem de colocação (Promove
autonomia (faz com que a pessoa se sinta ainda mais doente e dependente,
nomeadamente na pessoa com alzheimer); Encorajar a pessoa idosa a vestir e não estar
todo o dia com “roupa de dormir”(principalmente em internamento, visto que temos a
oportunidade de treinar a pessoa a vestir-se consoante a doença); Assegurar o respeito
pela intimidade enquanto se vestem e despem.
Nota: A roupa das pessoas que sofreram uma amputação vai ter de ser adaptada à
prótese. Aconselha-se as pessoas com diabetes que usem meias brancas para detetarem
rapidamente alguma ferida ou perda de sangue.

Nota: saltos altos ou mala só num braço, provoca lordose lombar, hérnias ou risco de
escoliose por alterações mecânicas. A escolha de calçado nos idosos é um fator
relevante que previne quedas e acidentes. Cabeleireiros, por estarem muito tempo em
pé e parados tem mais tendência ao aparecimento de varizes.

NHF Interações com outras NHF´s


RESPIRAR Alt. Respiratórias associadas ao vestuário apertado.
BEBER/COMER Défice nutricional por medo de aumentar de peso e a roupa ficar apertada.
ELIMINAR Incontinência funcional – por dificuldades em manipular as diferentes peças de roupa.
MOVER-SE Alt. Posturais e de marcha associada a vestuário apertado e calçado inadequado.
SONO / REPOUSO Alt. associada a roupa desconfortável Dificuldades em dormir por inadequação da roupa
à temp. ambiente.
MANTER TEMPERATURA Hipotermia – pouco vestuário, em ambientes frios.
ESTAR LIMPO E PROTEGER Compromisso da integridade cutânea associado a vestuário alergénico, vestuário
TEGUMENTOS apertado, largo (risco na imobilidade).
EVITAR PERIGOS Risco de queda, lesão, traumatismos associados a roupa muito comprida, roupa que não
permite mobilidade em segurança.
COMUNICAR Alt. estado consciência associado ao uso de pijama 24/24h.
AGIR SEGUNDO AS CRENÇAS Desrespeito pelo vestuário associado à religião.
OCUPAR-SE/ RECREAR-SE Ausência de ocupação/recreação associada à inexistência de vestuário adequado.
APRENDER Défice de conhecimentos associado ao uso de vestuário que poderá provocar alterações
no estado de saúde (ex. meias apertadas, calçado desadequado).

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Produtos de apoio que facilitam o vestir e despir

• Pinça para segurar e puxar vestuário

• Adaptação para botão (pessoas com artrite)

• Adaptação para botão e fecho (pessoas com artrite)

• Calçador de meias

• Calçador de meias elásticas (muito difícil em pessoas com pouca fora muscular e
dificuldade na dorsiflexão)

• Atacadores elásticos

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• Calçadeira de cabo longo

• Capas impermeáveis para pessoas que se deslocam em cadeira de rodas

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Alterações na satisfação desta NHF
Nas pessoas com dificuldade de preensão
• Botão grande
• Velcro ou fecho nos locais dos botões e dos atilhos
Alterações na articulação do ombro
• Roupa aberta à frente- facilita o colocar e o tirar
• Tecidos com elasticidade (lã ou malha)
Dificuldade em fletir o tronco / Atingir os pés
• Vestir-se sentado
• Ajuda técnica (calha) para calçar meias
• Atacadores de elástico
• Calçadeira de cabo longo
Compromisso na mobilidade do membro superior e/ou inferior
• Vestir lado afetado em primeiro lugar e despir em último
lugar
• Usar roupas soltas
• Tamanhos maiores
Diminuição da acuidade visual
• Manter etiquetas no interior para identificar o avesso
• Guarda-roupa organizado por código de cores
• Iluminação suficiente
Diminuição da sensibilidade
• Meias brancas, de algodão, sem costuras e sem elásticos fortes
• Sapatos sem costuras no interior, ajustados ao pé
o Favorecem o apoio podal
o A pala está contígua ao sapato para evitar pressão
Fadiga ou intolerância ao esforço
• Vestir peças por partes, em vez duma peça única e pesada
• Evitar substituir o idoso
Dificuldade na marcha
• Solas antiderrapantes
• Sapatos fechados / calçado terapêutico Promove estabilidade e evita
quedas
• Tacão quadrado para dar bom apoio podal
Alterações cognitivas
• Roupas folgadas
• Peças únicas
• Fecho ou velcro atrás ou entre os membros inferiores
• Evitam que a pessoa se dispa e que mexam na fralda se for
o caso.
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1.4 Ajudar a Comunicar
Necessidade de expressar e gerir emoções

O corpo e a mente são inseparáveis,


Outra pessoa de acordo com a ideia de Virgínia
para partilhar Henderson.
*3

A intervenção do
enfermeiro deve
Recursos incidir sobre o que
internos e Veículo para
falta à pessoa para
expressar essas
externos*2 que esta possa emoções *4
responder às NHF
(VH, 1961)*1

Ambiente Necessidade quando


relacional satisfeita promove o bem
propício, de
estar e/ou alívio do
confiança e
afetuoso. *5 sofrimento da pessoa

*1- “Parece-me que está muito aflita”- Ajuda a avaliar o sofrimento e promover o bem-
estar
*2- Autoestima, sentimento de controlo, esperança, sentido para a expressão,
participação dos familiares. Pode faltar recursos internos ou externos, que os
enfermeiros procuram potenciar ou não nas pessoas – por exemplo o envolvimento dos
familiares nos cuidados. Os enfermeiros devem saber usar as emoções para promover
o bem-estar dos clientes e aliviar o seu sofrimento – UM ENFERMEIRO NECESSITA DE
SABER USAR AS EMOÇÕES.
*3- Enfermeiro substitui a “outra pessoa”
*4- por exemplo: na criança falta-lhe brincar, ao idoso pode ser preciso entrevista
*5- Enfermeiro desenvolve relação de confiança

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Notas:
• Intencionalidade da enfermagem- Aliviar o sofrimento do cliente e ajudá-lo a
chegar ao bem-estar.
• O enfermeiro tem de ajudar o cliente a ter estabilidade emocional, uma vez que
o corpo e a mente são inseparáveis.
• Independência- A pessoa consegue desempenhar as 14 NHF de forma
independente de acordo com o estádio de desenvolvimento- enfermeiro auxilia
quando esta independência está em casa.
A intervenção de enfermagem passa por descobrir o que falta à pessoa?
Evolução Conceptual
• De Virgínia Henderson (1961): expressar emoções (enquanto necessidade) para
reduzir a tensão, o medo, a ansiedade - o centro é o cliente, o que sente e o que
revela para podermos ajudar a alcançar o bem estar e para que as suas emoções
não afetem o seu físico.
• A Jean Watson (2005, 2012, 2018): a ciência do cuidar não pode permanecer
desligada ou indiferente às emoções humanas – dor, alegria, sofrimento, medo,
raiva…gestão da experiência emocional (potenciar o cliente nos processos de
saúde-doença).
Jean Watson descreve na teoria do cuidar que as intervenções de enfermagem não se
podem dissociar das emoções, dos pensamentos e da comunicação.
Enfermagem: Profissão de Relação
O ser humano enquanto ser social com necessidade de comunicar emoções (as emoções
são idiosicresias do ser humano e ventilação de sentimentos; expressão de emoções e
sua regulação; capacitação para a gestão emocional visando o bem-estar e/ou alívio do
sofrimento- nomeadamente quando estamos a lidar com a doença, pessoa deve gerir as
emoções para chegar à cura rapidamente.
É impossível não comunicar (Watzlawick, 1993)- Exemplo: RN comunica através de
choros diferentes.
É na relação que o ser humano se constrói, se conhece, se desenvolve (Carl Rogers).
O exercício profissional de enfermagem centra-se na relação interpessoal;
Competências relacionais: técnicas de comunicação, desenvolvimento pessoal,
habilidades emocionais- surge da importância das relações interpessoais, nesta relação
de saúde doença é o enfermeiro que tem mais estabilidade emocional e técnicas de
comunicação.
O cuidado profissional centra-se num processo relacional que implica a compreensão da
experiência humana das emoções;

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Notas:
• O enfermeiro deve potencializar o desenvolvimento humano, nomeadamente
no processo saúde doença
• As emoções que integram as interações de penalização podem ser positivas ou
negativas e influenciam a prática de cuidados, sendo que esta é composta por
muitos sentimentos. A esfera do enfermeiro engloba esta questão da
comunicação e permite intencionalidade terapêutica

Todo o processo relacional em enfermagem encontra-se


impregnado por sentimentos e emoções

Há uma necessidade de comunicar emoções e perpetuar sentimentos – porque somos


seres comunicacionais – a pessoa sente a necessidade de comunicar, nomeadamente
quando vivemos período mais críticos do nosso percurso de vida. É também essencial
que a pessoa consiga também regularizar as suas emoções – manter a saúde. Uma das
funções do enfermeiro, é a capacitação das pessoas para saberem regularizar as suas
emoções e promover uma comunicação eficaz – MANTER A SAÚDE.
Notas: É impossível não comunicar – não falamos só a partir das palavras – por exemplo
os RN têm diversos choros que transmitem ideias diferentes. A comunicação engloba
gestos e sinais não verbais. A criança nasce num plano mental antes de ter nascido –
Eduardo Sá Enfermeiros também permitem o desenvolvimento das pessoas – através
da relação que mantém com os seus clientes e através da regularização de emoções.
Habilidades emocionais são as que carecem de mais desenvolvimento (ao nível das
habilidades comunicacionais).

O cuidado de enfermagem está assente na relação enfermeiro-cliente e é influenciado


por esta. Os enfermeiros têm uma esfera de ação, que é a intencionalidade, e que
permite uma terapêutica.

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Perspetiva multidimensional
A dimensão emocional afeta a estabilidade e o equilíbrio do todo da pessoa, numa
perspetiva holística e sistémica- tá relacionada com:

• A cultural: A forma como as pessoas expressam a sua emoção depende da


cultura). Faz-se um estudo com diferentes de cultura em que as pessoas
identificam quais as emoções transmitidas pelas caras nas fotografias. Ele
verifica que em culturas diferentes, as pessoas identificam as mesmas emoções.
Veio concluir que de facto as bases biológicas são transversais a todas as
culturas, mas o modo como as pessoas de diferentes culturas passam as
emoções para o exterior é que é diferente. Veio contrariar o que disseram sobre
que a cultura influencia a expressão de emoções.
• A relacional: é na relação que expressamos emoções, sendo que estas emergem
do contexto das interações. As emoções iniciam e terminam nas relações- as
relações de ajuda são promotoras de aprendizagem da gestão das emoções
facilitando o processo de adaptação à doença.
• A de desenvolvimento: Sabemos que as emoções são inatas e a expressão e a
gestão delas é feita desde o nascimento. A forma como a pessoa lida com a
doença é influenciada pelo desenvolvimento de mecanismos de confrontos mais
ou menos eficazes e pela mobilização de estratégias adaptativas que são
aprendidas ao longo do ciclo de vida.
• A espiritual: Destaque para a esperança que é um sentimento e é a memória
afetiva que potencia a esperança. Podemos educar as memórias para
pensamentos mais positivos de forma a promover a esperança. As emoções
estão na base das nossas significações, crenças, opiniões, decisões,
comportamentos… idiossincrasia do ser humano.
• A fisiológica: Temos mecanismos neurofisiológicos muito bem descritos, em que
uma emoção se manifesta através de alterações fisiológicas e vice-versa. Zona
psicossomática: A pessoa que passa por uma situação de stress e que se traduz
numa reação fisiológica (lesão herpética- surge pelo sentimento de perda ou por
causa de um estado emocional intenso- corte do cordão umbilical) que por vezes
não é consciente para a pessoa e a pessoa somatiza.
• A cognitiva: Alteração no pensamento e na cognição- lesões cerebrais que
impedem a pessoa de sentir (problemas ao nível da perceção e manifestação da
emoção). A cognição influencia e é influenciada pelas emoções. Por outro lado,
o domínio dos conhecimentos sobre a doença contribui para gerir as emoções.
Quanto mais informados sobre a nossa situação mais facilmente gerimos
emoções, daí ser tão importante o papel do enfermeiro enquanto educador- o
enfermeiro procura sempre clarificar as pessoas para as manter mais seguras e
assim facilitar a gestão das emoções.

• As emoções são muito características nossas e da nossa sociedade. A pessoa tem


consciência das suas emoções, os animais não têm consciência das suas emoções. Ex.:
homem vai despejar o lixo e deixa o cão sozinho, quando volta o cão faz uma festa como
se não o visse há anos.

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Padrões de Respostas Humanas
As emoções são padrões de respostas inatas que caracterizam a condição humana. É o
modo como regulamos e/ou reprimimos as emoções que conduz a um padrão de
expressão emocional e a respostas/comportamentos com variações ao longo do ciclo
vital- A maturidade emocional é proporcional à capacidade de regular as emoções. As
emoções têm um grande significado subjetivo, individual e unipessoal.
Existem famílias de emoções: por exemplo a ira/raiva/cólera – família de emoções onde
se encontram a frustração, indignação, ódio ou violência patológica). A classificação das
famílias de emoções ainda não é consensual, ainda não está completamente
desenvolvido – só se sabe que existem centenas de emoções. Existe uma macro emoção
e dentro dessa temos um conjunto de várias emoções mais pequenas.
Na idade adulta parece haver uma maior estabilidade emocional, enquanto nos jovens
é acentuada a instabilidade. As estratégias emocionais são mais eficazes na fase adulta
se a pessoa teve a oportunidade de se desenvolver neste aspeto ao longo do seu ciclo
de vida. A adolescência, a infância e a velhice são fases instáveis.
As Emoções ... área de estudo transdisciplinar
Aos processos de doença estão associadas significações emocionais negativas com
expressão de emoções perturbadoras, independentes da fase do ciclo vital, mas as
estratégias de gestão emocional são mais eficazes na fase adulta se a pessoa tiver a
oportunidade de se desenvolver no plano emocional.
A compreensão de emoções e seus significados exige uma atenção particular em termos
multidisciplinares – vários são os contributos de outras disciplinas – antropologia,
sociologia, psicologia, mas os estudos mais antigos são oriundos da filosofia. Isto é o
entendimento sobre as emoções implica um olhar transdisciplinar. Muitos dos
estudiosos antigos filósofos são atualmente tão importantes que estudos de António
Damásio, por exemplo, derivam de filósofos de Descartes e Espinosa (seguidor de
Descartes).
Os primeiros escritos sobre as emoções remontam a 300 a.C. Aristóteles (384 – 322 a.C.)
Aristóteles (384 a 322 a.C.) - “Retórica”- Definiu e analisou várias emoções do ponto de
vista cognitivo e comportamental, nomeadamente a ira.

▫ As emoções estão ligadas à ação e derivam daquilo em que acreditamos.


Emoção >>> Cognição >>> Ação

Este autor referiu ainda que as emoções estavam associadas a coisas boas e coisas más
– emoções positivas e negativas – Atualmente já não se faz de forma tão acentuada esta
separação. Medo – palidez, perde de fluxo sanguíneo nos membros e mãos – sensação
de frio. A ira – sangue corre para as mãos – mais fácil de reagir de forma violenta.

70
Descartes (1649) - “As Paixões da Alma”- século 17

▫ Explicação de 6 emoções fundamentais (espanto, desejo, alegria, amor, ódio e


tristeza) em relação às suas bases neurofisiológicas
▫ Amígdalas e hipocampo- diretamente relacionados com as emoções- associados a
sudorese, a respiração, as doenças cardiovasculares
Este autor foi um visionário, antecipou estudos na área das funções cerebrais - não havia
na altura estudos sobre as funções cerebrais e este livro explica as bases
neurofisiológicas nas seis emoções que referiu e as alterações neurofisiológicas que
acontecem no nosso corpo devido às emoções.

Espinosa (1675) - “Ética” – século 17, seguidor de descartes

▫ Aceitar e compreender as nossas emoções é fundamental para ser libertado dos


seus efeitos compulsivos – moderação e controlo emocional
Outros: Bases que vieram de Aristóteles: as emoções estão ligadas à cognição e à ação
Notas:
• As emoções estão associadas a coisas a evitar ou agarrar. A ansiedade tem
consequências negativas a longo prazo muito graves, mas em doses mais pequenas
pode ser positiva. A depressão também nos obriga a parar e a refletir, uma vez que
ajuda a estabilizar o organismo, mas quando descontrolada e não vigiada pode levar
ao suicídio. No caso do medo, este pode ser muito negativo, mas ao mesmo tempo
pode ser positivo em termos de proteção (p.e criança mete a mão no fogão-memória
afetiva associadas a marcadores emocionais que fazem com que a criança fique com
memória daquela dor.
Filósofo Descartes (1649)- As bases neurofisiológicas do mecanismo das emoções

• Na ira o sangue vai mais rápido para as mãos o que facilita pegar numa arma ou
bater numa pessoa, o ritmo cardíaco e a descarga emocional libertam hormonas
como a adrenalina que permite uma ação vigorosa.
• No medo o sangue corre para os grandes músculos das pernas facilitando a fuga o
que provoca a sensação de frio.
Psicólogo James (1890)- Abordagem : Abordagem da psicologia cognitiva - as emoções
modificam-nos corporalmente
Psicólogos Mesquita & Frijda (1992)

▫ O processo emocional - emoção como um conjunto de estados que culmina na


alteração comportamento / ação
Emoções influenciam comportamentos – Exemplos: criança foi avisada para não mexer
no lume, mas mexeu e doeu tanto que ganhou medo – não o volta a fazer; estudamos
porque estamos ansiosos de responder acertadamente no teste para passar à cadeira.

71
Etimologia
A origem da palavra EMOÇÃO é motere (do latim) que significa “mover”, mais o prefixo
“e-“ para dar “mover para”, sugerindo que a tendência para agir está implícita em todas
as emoções.
São as emoções que nos levam a fazer grandes feitos, mesmo em condições sub-
humanas. Ex.: subir uma montanha, onde há características como falta de oxigénio ou
frio que não são normais ao ser humano – o que leva então o humano a continuar a
fazer isto? Neste casos, pode ser a emoção de concretização, felicidade – ir para algum
lado. A tendência para agir está associada a todas as emoções.
O Processo Emocional
Uma emoção como um conjunto de estados (Mesquita & Frijda,1992).

Um processo emocional é puramente cognitivo – Mesquita e Frijda: a pessoa perante


uma situação, avalia o que se está a passar consigo (pode ser um processo muito rápido
ou lento).
Expressão facial das 6 emoções primárias (Damásio, 2003)

72
O enfermeiro tem logo uma avaliação rápida das emoções das pessoas através da
expressão facial. A avaliação deve ser conjugada entre expressões faciais, alterações
fisiológicas e corporais (reatividade) e os diagnósticos de enfermagem emocionais que
são selecionados a partir da avaliação colocada no sistema informático.
As pessoas movem-se emocionalmente (Aristóteles)
As emoções modificam-nos corporalmente- alterações neurofisiológicas
Leitura das emoções: as microexpressões e expressões faciais são fundamentais no
enfermeiro, ele tem de as analisar para tentar perceber o que pensa ou o que sente
aquele cliente – são importantes porque dão logo uma sensação do que se está a passar
a quem está à sua frente. É também importante, para identificar emoções, observar o
comportamento e os gestos da pessoa.

→ O primeiro passo para realizar um diagnóstico ou uma apreciação é saber observar


a pessoa.

Mapa Corporal de emoções – investigadores mostram aos participantes fotos


associadas a emoções 5 vezes, e as pessoas assinalam as regiões do corpo onde sentem
alterações (por exemplo, começar a suar num sítio específico, sentir o coração mais
acelerado, contrações musculares, “borboletas na barriga”, temperatura mais elevada,
formigueiros). Este estudo reforça a base neurofisiológica das emoções.
Este mapa corporal baseia-se no método do autorretrato- As emoções fazem despoletar
várias reações em várias zonas do corpo, sendo que as emoções ajustam a nossa vida
emocional, mas também os retalhos corporais que nos levam a mecanismos de proteção
em caso de perigo ou em situações prazerosas.

73
Azul – diminui
Amarelo – aumentou
Preto - neutro

O processo emocional inicia-se com a apreciação cognitiva


de um evento e culmina na alteração psicológica, expressão
corporal ou na própria ação.
As pessoas movem-se emocionalmente (Aristóteles)

As emoções modificam-nos corporalmente (William James)


Bases neurofisiológicas do mecanismo das emoções
(Descartes)
Emoções/Sentimentos
Os sentimentos são necessariamente invisíveis para o público, tal como outras imagens
mentais, escondidas de quem quer que seja, exceto do seu devido proprietário, a
propriedade mais privada do organismo em cujo cérebro ocorrem.
As emoções desenrolam-se no teatro do corpo e os sentimentos no teatro da mente.
Resumindo… Os sentimentos são a consciência das emoções e são mais fáceis de gerir.
Emoções e sentimentos são uma parte fundamental da razão – ajuda-nos a tomar
decisões.
O que são as emoções?

• … processos de sentir das pessoas, é o próprio centro da vida mental humana


• … processos que estabelecem, mantêm, alteram ou terminam a relação entre as
pessoas e o meio
• … dão cor e melodia às vivências… sem elas tudo seria baço… seriamos
autómatos
• As emoções e os sentimentos são uma parte integrante da racionalidade;
• Sem as emoções, a razão não é possível porque são elas que validam a escolha
desta ou daquela estratégia de tomada de decisão;
• O que sentimos influencia aquilo em que pensamos e vice-versa;
• As emoções e sentimentos permitem-nos uma avaliação dos estados internos e
das circunstâncias externas, o que lhe confere um importante papel cognitivo.
• Não somos meras máquinas lógicas nem simples feixes de emoções à solta, mas
sim combinação de ambos.
Notas:

• Cada pessoa vive as emoções da maneira e com a intensidade que quer


• Damásio diz que têm uma função regularizadora, ajuda o organismo a manter a
vida - é diferente de sentimento.

74
• De grosso modo temos 3 partes no cérebro: cérebro cognitivo/racional, cérebro
com estruturas ligadas às emoções e cérebro visceral.
• Existem pessoas com embotamento afetivo (dificuldades em demonstrarem
emoções) – distúrbio psiquiátrico no seu extremo é a psicopatia- temos de ver
em que grau está o embotamento (traz consequências ao desenvolvimento)
Quando começamos a ter emoções?
A partir das 23 semanas de gestação, o feto já manifesta respostas fisiológicas a
estímulos dolorosos ou stressantes (começa a ter um desenvolvimento da capacidade
emocional).
Não somos meras máquinas lógicas nem simples feixes de emoções à solta, mas sim
combinação de ambos (Damásio, 2003)

Emoções em Enfermagem- Prepara-nos a nível emocional para a doença


Aos processos de saúde-doença estão associadas, habitualmente, significações
emocionais negativas (ou emoções quentes) e expressão de emoções perturbadoras,
independentemente da etapa do ciclo vital.
Exemplo: uma pessoa com anemia ferro pénica pode estar
associada a sentimentos depressivos – pessoa não tem força
nem para ir à casa de banho. Ex.: diabetes: stress tem a ver com
emoções negativas, uma das causas de a diabetes poder ser
sentimentos de stress.

• As emoções dão aos nossos atos e pensamentos a razão de Ser e são capazes de
assegurar o estabelecimento de relações interpessoais (Damásio, 2001).
• A intervenção de enfermagem exige a compreensão da experiência humana das
emoções associada aos processos saúde-doença, e o desenvolvimento de uma
relação enfermeiro-cliente que é facilitadora da expressão e gestão emocional

75
(Watson 2005, 2008, 2012)- considera que o processo relacional é um meio de
libertação e comunicação de sentimentos.
• São importantes porque a enfermagem assente numa relação interpessoal. A
intervenção de enfermagem exige a compreensão das emoções nas situações de
saúde e doença.
• Se a pessoa necessita de ajuda para expressar as emoções, os enfermeiros
incentivam essa expressão, construindo uma relação empática e de confiança,
pergunta como se sente, se quer falar. Se o estado emocional da pessoa é de
grande ansiedade, enfermeiros fazem gestão de conflito e acalmam,
desconstruindo o conflito da própria pessoa.
Exemplificando a intervenção de enfermagem

• Se a pessoa necessita de ajuda para expressar as suas emoções, os enfermeiros


incentivam essa expressão dando espaço e construindo uma relação de
confiança e empática, perguntando o que se passa com a pessoa ou referindo
que “parece triste” para dar espaço e estimular a verbalização.
• Se a pessoa tem iniciativa e capacidade para expressar as suas emoções, os
enfermeiros escutam com interesse, revelam disponibilidade e envolvimento,
facilitando essa expressão de emoções visando atenuar a emocionalidade
intensa.
• Se o estado emocional da pessoa é de grande ansiedade, projetando nas pessoas
que a envolvem a sua exaltação e outras emoções negativas, os enfermeiros
fazem a gestão do conflito, contêm a emocionalidade com a sua calma e
disponibilidade, e desmontam o conflito interno proporcionando um espaço
físico e um ambiente propício para a gestão emocional.
• Se o estado emocional intenso acrescenta sofrimento associado à situação de
doença, os enfermeiros ajudam a encontrar sentido para a vivência e a ter
“força” para enfrentar a situação, dando esperança, ajudando a tranquilizar e a
capacitar para a gestão das emoções dos clientes, podendo ser necessário
administrar um ansiolítico ou encaminhar para uma ajuda psicológica
especializada- Há um limite e o enfermeiro só consegue ajudar até aqui.
Sustentação da intervenção de enfermagem: Teoria do cuidado humano de Watson

Processo de Cuidar 5 - Estar presente e apoiar a expressão de sentimentos positivos e


negativos.
A relação enfermeiro-cliente depende da capacidade do enfermeiro compreender e
detetar sentimentos/emoções e a condição íntima do Outro e, ainda, a forma dos Outros
estarem no mundo- Apropriar orientações.
Jean Watson – existem 10 processos de cuidar. No cuidar 5 – estar presente e apoiar a
expressão de sentimentos e emoções positivas ou negativas.
Sustentação da intervenção de enfermagem: outras conceções teóricas

• Cuidado como afeto em enfermagem (Morse et al., 1990)- investigou o que


define o cuidar em enfermagem e encontra 4 definições: cuidado terapêutico,

76
outras características do cuidar e um deles é o cuidado com afeto em
enfermagem (valorização do afeto-muitas vezes considerado uma emoção e faz
parte da família e do amor).
• Cuidar em enfermagem é estar com, é estar emocionalmente aberto para o
Outro (Swanson, 1992).
• Ausência de afetos na enfermagem (frieza da técnica); ligação da emoção aos
cuidados “físicos” (Collière, 2003)- Apresenta a primeira teoria de médio alcance
e expõe a importância da emoção no cuidar.
• Atmosfera afetuosa e proximidade carinhosa do trabalho emocional dos
enfermeiros (Mercadier, 2004)- Formada em sociologia, trabalho das emoções
em enfermagem no contexto do adulto e idoso em hospital.
• Cuidar é um meio de comunicação e libertação de sentimentos humanos
(Watson, 2012).
• Damásio: afeto é uma das nuances do amor. Mas na literatura por vezes afeto
surge como sendo igual cuidado.
• A situação problemática vivida pelos clientes, associada aos processos de
saúde-doença expressa-se através de emoções, com as quais os enfermeiros
têm que lidar na relação de cuidados e em cada interação (Diogo, 2015, 2017).
Na atualidade já não se defende uma neutralidade de emoções na prática de cuidados
de enfermagem.
Emoções (ICN, 2015)
“Processos psicológicos: sentimentos conscientes ou subconscientes, agradáveis ou
dolorosos, expressos ou não expressados; podem aumentar com o stress ou com a
doença” (p. 56).
Focos/Diagnóstico CIPE®2 (classificação internacional para a prática de enfermagem):
Ansiedade cod. 10002429, Bem-estar cod. 10021047, Burnout (esgotamento) cod.
10003771, Confiança cod. 10025934, Culpa cod. 10008603, Esperança cod. 10009095,
Ambivalência cod. 10002205, Medo cod. 10007738, Crise Familiar cod. 10007577,
Apoio da Família cod. 10023680, Apoio emocional cod. 10027022
Trabalho emocional em enfermagem: conceção emergente

77
Notas:

• Em Smith, é definido o que é o apoio emocional (conceito muito vago)- Anterior ao


trabalho emocional. Este autor foi o pioneiro do trabalho emocional. Defende um
trabalho com as emoções com centralidade no enfermeiro e no cliente.

A pessoa ao longo do ciclo vital – expressão e gestão emocional


Recém-nascido

• Expressa emoções sobretudo através do


choro e dos tipos de choro
• O RN teve muito tempo no útero e
delimitar fronteiras e os contornos no
posicionamento da criança é calmante
para o bebé.
• Sucção não nutritiva (chucha) –
nomeadamente durante os
procedimentos dolorosos. Sucção
nutritiva (dar de mama) – procedimento
mais dolorosos como o teste do pezinho ou a toma de vacinas.
• Soro glucosado – soro com um bocadinho de sacarose – muitas vezes utilizam-
se umas gotas na chucha durante os procedimentos para diminuir o sofrimento,
o desconforto e o stress.
• Método de canguru é um aspeto que permite o contacto pele a pele com a mãe
e ouvir o coração da mãe – traz relaxamento.
• Relação precoce entre pais e filhos é importante.
• Importante também ensinar os pais sobre as formas como podem tranquilizar os
filhos – importante garantir que consegue ser esgotante nos bebés que choram
muito e que não faz mal pedir ajuda a alguém.

O recém-nascido expressa emoções através do choro, agitação motora, coloração


da pele ou sudorese... “sinais de desorganização”
78
A expressão de emoções no Toddler (1-3 anos)

• Perceção de imagem corporal e seus limites pouco esclarecedores.


• Podem existir alguns casos específicos e crianças com mais necessidades devido
a dificuldades na comunicação. Leva a que muitos procedimentos, mesmo que
não dolorosos, se manifestem algo muito incomodativo – tudo o que entra no
corpo e que invade a privacidade é complicado.
• Preocupação em ter o cuidador por perto e muitas das vezes a ser ele a conter e
agarrar a criança quando for necessário. Exemplo: termos uma máquina grande,
que nem faz procedimentos invasivos, ao lado da cama da criança pode tornar-
se numa situação ameaçadora e desconfortável para a pessoa.
• Nos toddlers, é importante a organização de atividades e a antecipação dos
tempos – estar no infantário.
• É importante começar a dar importância à participação da criança no processo,
fazer primeiro eles, dar a conhecer os materiais, deixar mexer nos materiais e
ajudar na sua mobilização.

O lactente e o toddler respondem com choro/medo à ausência da mãe ou a


qualquer procedimento (avaliação temperatura); as birras revelam a sua
imaturidade na gestão emocional

O pré-escolar já expressa verbalmente as suas emoções; o desenho facilita a


expressão das emoções; se não gosta de uma pessoa diz “és feia!”; a brincadeira
com pares é já um espaço de expressão de emoções; manifesta medo intenso
associado aos cuidados de saúde.

A expressão de emoções na Criança escolar


Já tem alguns conhecimentos sobre emoções e algumas experiências passadas.
Pretendemos o empoderamento da própria crianças e pretendemos que ela construa a
sua autoconfiança.

O escolar domina a linguagem e já conhece algumas emoções de modo a identificá-las;


mobiliza estratégias de gestão emocional como respiração profunda ou imaginação
guiada

Estratégias que facilitam a gestão emocional na relação com a Criança:


Uma vez que os cuidados de saúde são propícios a originar emoções intensas e negativas
na criança, e aumentar a vulnerabilidade da mesma, é fundamental dar espaço e
oportunidade à criança para expressar as suas emoções negativas, reconhecê-las e geri-
las de forma mais saudável (p.e. através do brincar) para promover o seu bem-estar
emocional (Pereira et al, 2010).

79
→ RN e Lactente - medidas de contenção postural e redução da estimulação;
sucção nutritiva e não-nutritiva; conforto/afeto, método de canguru e relação
precoce (pais/cuidadores)

→ Toddler - o brincar e o jogo; a presença de pessoas significativas; manusear


material hospitalar

→ Pré-escolar e Escolar - o brincar, a pintura, a leitura; manusear material


hospitalar; esclarecer dúvidas; falar sobre os medos…

Programas de preparação para procedimento / Cuidados não traumáticos >>> “O


medo do desconhecido supera o medo do conhecido!”

Notas: Muitos pais vão se abaixo quando filhos jovens se encontram doentes – muitos
desenvolvem depressões e sentimentos negativos que necessitam sempre da
orientação e da ajuda dos enfermeiros. É também importante o processo de luto após a
perda de um filho.
Cada vez mais tem existindo a preparação das emoções, hoje a partir dos 4 anos as
crianças já começam a ter formação na área das emoções.
Adolescente/jovem
A expressão de emoções no Jovem:

• Manifestações variadas e extremadas: choroso, falador, nervoso, silencioso,


escarnecedor, provocador, hostil, agressivo ou calmo e confiante
• Quando pouco confiante pode ficar hostil e agressivo, e expressa-se por
monossílabos, olhar distante, virar a cara
• Disrupções emocionais/labilidade emocional (hormonal)
• Estados de ansiedade podem conduzir a episódios de lipotimia e mesmo
alterações cardíacas
• Expressão verbal mais fácil com pessoas “estranhas”
• Os problemas de saúde são vividos com intensidade emocional devido ao medo
de alterações da imagem, perda de controlo e possibilidade de morte.
o Cada uma das respostas emocionais dos adolescentes encontra significado
na sua postura/comunicação verbal e não-verbal por parte do enfermeiro
que as identifica. Estas podem ser variadas, como choroso, falador, nervoso,
silencioso, escarnecedor, provocador, hostil, agressivo ou calmo e confiante
(OE, 2010) [Enfermeiros, O. d. (2010). Guias Orientadores de Boa Prática em
Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica (Série I, N.º3, Vol. 1). (O. d.
Enfermeiros, Ed.) Lisboa.].
o O jovem apresenta disrupções emocionais, uma regulação em
desenvolvimento ou uma repressão emocional (muito controlado,
introvertido, dificuldade em expressar as emoções).

80
o Os jovens tendem a mascarar o que sentem mas por vezes somatizam a
vivência de modo a desenvolverem alterações cardíacas, lipotimias,
mononucleoses infeciosas.
o A sua labilidade emocional espelhada nas oscilações de comportamento
evasivo, explosivo, introvertido, monossilábico, verborreico, expansivo. É
uma fase que não tem um padrão de expressão emocional único ou
constante; pode demonstrar desregulações emocionais – labilidade
emocional.
o Expressão de sentimentos por vezes é súbita ou durante a realização de
procedimentos. Pode ser muito falador ou não falar quase nada, por vezes
estamos 2 semanas num internamento a tentar comunicar e não
conseguimos – torna-se às vezes muito difícil.
o Muitas vezes decidem-se fechar e não dizer que sentem dor ou desconforto
– levam até às últimas
o Urgência Pediatria: 18 anos menos 1 dia; 18 anos inclusive e seguinte
urgência de adultos.
o É melhor insistir no reforço positivo – rapidamente ficam chateados e
bloqueiam a relação de confiança - comentários ou opiniões reprovadoras
podem ter enormes repercussões na autoestima.
Estratégias que facilitam a gestão emocional na relação com o Jovem
• A intervenção de enfermagem depende da resposta emocional identificada, mas
tem a intencionalidade de atenuar ou minimizar a vivência de situações
emocionalmente intensas, facilitando a gestão das emoções vividas pelos
adolescentes, evitando que ocorram picos emocionais negativos, e promovendo
o sentimento de controlo (Hockenberry & Wilson, 2014).
• Não interromper quando está a falar; evitar comentários ou indicações de
reprovação ou surpresa; reforço positivo; disponibilidade;
• Falar na sua linguagem, música, modas; não interpretar “à letra”; na presença
dos pais iniciar a interação pelo jovem (Muitas das vezes ao afastarem-nos
querem que nos aproximemos mais);
• Jornal jovem, leitura, jogos de computadores, acesso telemóvel e internet,
música; Espaço Jovem.

Programas de preparação para procedimentos

É importante termos salas específicas para cada grupo etário: por exemplo,
existem muitas salas para as crianças mais pequenas, mas também é importante
ter uma sala para jovens e adolescentes que lhes permitam ter o seu espaço,
para ler, escrever o jogar no computador…

81
Adulto
Expressões de emoções

• Expressa emoções de acordo com os seus diferentes papéis (parental,


profissional, lazer, amizade...). Consegue escolher melhor as emoções que quer
transmitir e de acordo com os seus papéis na sociedade (parental, profissional,
de amizade…).
• Apesar de atualmente ser controverso, pensou-se muito tempo que a mulher
tem mais tendência a exprimir emoções (“Homem não chora”). As mulheres
expressam mais facilmente emoções; os homens são mais contidos e
frequentemente reprimem as emoções.
• As dificuldades de expressão e gestão emocional conduzem a alterações
psicossomáticas/perturbação mental na idade adulta. Dar informação e atribuir
competência ao adulto, permite-lhe lidar melhor com a sua situação de doença
e na regularização das suas emoções.
• Perante os problemas de saúde, a expressão emocional centra-se na
preocupação com o cuidado dos filhos; crise familiar. O adulto tem tendência a
preocupar-se com o outro – essencialmente quando tem filhos ou família (“Se
me acontecer alguma coisa o que vai acontecer aos meus filhos?”).
• A puérpera pode manifestar sinais de medo, angústia, preocupação com os
cuidados ao bebé; ansiedade face a (in)competência parental.
• Os pais da criança/jovem doente vivem uma situação de crise emocional.
• A perda de um filho é manifestada por um sofrimento emocional intenso
(processo de luto de Kübler-Ross).
Enfermeiro deve estar presente e reforçar positivamente a partilha de emoções e
sentimentos – para o bem-estar da pessoa. Extremamente importante dar valor àquela
pessoa, e às suas opiniões, crenças e valores. Enfermeiro não tem de ser autoritário com
a pessoa – não deve sentir que sabe mais e que pode tratar a pessoa como quiser e fazer
o que quiser – o processo de aprendizagem nos cuidados é de duplo sentido.
Podem existir alguns grupos de apoio que ajudem os adultos a regularizar o seu estado
emocional – por exemplo grupos de apoio a pais com filhos que iriam fazer transplante
de medula óssea (juntar pais cujos filhos já fizeram o transplante com pais cujos filhos
ainda vão fazer o transplante – importante para haver uma aprendizagem de
conhecimento técnicos e de aprendizagem mútua que pode ser importante para
preparar os pais para o futuro).
Estratégias que facilitam a gestão emocional na relação com o Adulto: O facto de a
pessoa poder expressar o que sente, ser escutada e entendida, e ter acesso a
informação, permite-lhe aceitar melhor o seu problema de saúde, bem como avaliar e
encontrar recursos de adaptação, dando assim lugar a uma maior disponibilidade de
gestão emocional em Si ou para cuidar do Outro (familiar) (Diogo, 2015).

• Escuta ativa; disponibilidade; ajudar a encontrar sentido; estar com;


• Empoderamento; informação; equilíbrio de poderes;

82
• Atividades recreativas, expressivas e de relaxamento (leitura, escrita, pintura,
jogos; individuais ou de grupo);
• Grupos de Ajuda Mútua (promoção da esperança, coping).
Nota: Puérpera – recém-mamã: pode julgar-se incapaz de cuidar da criança – existem
muitos medos (sobretudo se for mãe pela primeira vez). Quando isto não é resolvido
pode ter consequências para a mãe, mas também para o bebé.
Idoso

Os enfermeiros devem perceber as grandes emoções fundamentais que animam os


humanos (alegria, tristeza, medo, cólera, surpresa e desgosto, e todas as matizes das
suas manifestações) para as conseguir diferenciar e ajudar as pessoas a compreendê-
las, e a encontrar sentidos para as suas vivências (Phaneuf, 2005).
Expressões de emoções

• Expressa medo da solidão e de morrer.


• Revela regressão na regulação emocional e, consequentemente, a expressão das
suas emoções passam a ter “pouco filtro” (alterações cognitivas, demências).
• Apresenta labilidade emocional acentuada quando a perceção da sua vida
passada não é positiva, o presente perde sentido e é difícil perspetivar o futuro.
• Estados depressivos acompanhados de expressões “já nada vale a pena!”,
“Porque é que eu não morro logo?
• Expressões emocionais de desesperança, angústia, tristeza acompanham a
vivência de doença
• Envelhecimento saudável - projeto de vida revelado pela manutenção de uma
atividade diária e alegria de viver.
Nesta idade ocorre diminuição do filtro das emoções. Idosos têm tendência a perder
capacidades cognitivas e a sua atividade normal à medida que envelhecem – muitas das
vezes usam palavras obscenas conectadas a situações de demência.
Opinião: tem havido mais investimento no bem-estar e nos cuidados dos jovens e
crianças e não se tem tanta atenção aos idosos. Potenciar um desenvolvimento
saudável, que só irá ser possível com um suporte político, financeiro e social adequado
ao desenvolvimento da velhice – atualmente isto ainda não acontece bem, mas
caminhamos para lá.
Nos idosos é importante o empoderamento e ajudar a pessoa a encontrar um sentido
para a vida, mesmo que ela não seja como foi antes. Promover atividades que estimulem
os idosos a nível psicológico, físico e social (nas crianças termos os palhaços e assim, nos
idosos não) – existem já algumas atividades em centros de dia, no entanto, ainda não
chega a todos a 100%.
Cada vez mais têm existido patologias associadas a doenças e cada vez mais é
importante saber como lidar com estas pessoas.

83
Estratégias que facilitam a gestão emocional na relação com o Idoso
• Escuta ativa; disponibilidade; encontrar sentido; estar com;
• Empoderamento; equilíbrio de poderes;
• Atividades recreativas e expressivas (leitura, escrita, pintura, exercício físico;
individual ou grupo)
• Técnica de Validação; explorar fragmentos do discurso; facilitar a expressão de
emoções; reconhecer os sentimentos; escuta; empatia (mobilizada nos cuidados
a pessoas com demência, perda cognitiva e confusão).
Facilitar a gestão de emoções dos clientes – 4 Fases
a) Observação dos sinais e respostas emocionais
b) Interpretação através da empatia emocional
c) Conhecimento e compreensão das emoções (clientes e enfermeiros)
d) Ajudar a pessoa a gerir as suas emoções (Relação de cuidados; Estratégias
específicas e direcionadas)
Nota: atenção ao primeiro esquema.

Gestão emocional dos clientes


Influenciada pela fase do ciclo de vida - se houver uma relação de confiança com os
profissionais de saúde vai sentir-se mais segura. É importante termos a postura indicada
e de confiança – uma postura simpática – para não assustar a criança ou afastar o
adolescente ou adulto.

• A capacidade para lidar com as emoções é influenciada pela fase de


desenvolvimento da pessoa, pelo contexto, pelas experiências anteriores, pelos
modelos relacionais (Hockenberry & Wilson, 2014).
• Os enfermeiros podem de imediato começar a gerir as emoções dos clientes;
gestão recíproca das emoções e da informação (Lopes, 2006; Martinho & Diogo,
2020).
• Facilitar a gestão emocional - gestão de antecipação (ambiente; afeto;
relacionamento de confiança e de suporte) e gestão de emoções reativas
(acolhimento, abertura, dar espaço, fazer pausas, deixar falar, saber ouvir - o
respeito pela singularidade da pessoa) (Diogo, 2015).

84
Gestão emocional nos enfermeiros
A emocionalidade associada às experiências de saúde-doença acrescenta sofrimento à
vivência dos clientes

A experiência emocional de cuidar vivida pelos enfermeiros pode conduzir ao stress, à


exaustão e ao burnout.

É este equilíbrio que se


deve procurar alcançar
com recurso a estratégias
internas e externas de
gestão emocional

A aproximação ao cliente do enfermeiro permite uma boa relação de cuidados, mas


também se podem sentir afetados pelos sentimentos e emoções negativas dos clientes
– importante saber lida com isto, através do uso de estratégias que permitam o
envolvimento emocional, mas que não os deixem ficar afetados ao ponto de ficarem
emocionalmente desequilibrados e com exaustão emocional. Isto é algo que vão
aprendendo ao longo da sua prática. É fundamental perceber que os enfermeiros são
humanos e que estão sujeitos a muito stress, ou seja, precisam do seu espaço e do seu
tempo para lidar com as situações de forma a não se deixarem afetar.

85
Reações e Sentimentos do profissional de enfermagem diante da morte

• Angústia relacionada com a morte da pessoa.


• Impotência e desvalorização do seu trabalho (alguns membros da equipa
multidisciplinar).
• Dificuldades profissionais e pessoais que interferem na dinâmica e na assistência
prestada aos clientes.
• É necessário repensar a atuação do profissional de enfermagem para que
favoreça as relações com o cliente em fase terminal.
• É necessário investigar as suas reações e sentimentos e quais as consequências,
ou seja, quais as implicações que se explicitam nesta relação.
Beyond empathy: expanding expressions of caring
Tipos de envolvimento do enfermeiro na relação de cuidados face à sua resposta
emocional no confronto com o sofrimento do cliente:

• A relação parceria, proximidade, confiança permite conhecer o cliente, mas os


enfermeiros experienciam as respostas emocionais do seu sofrimento.
• Os enfermeiros também ficam afetados perante as respostas emocionais do
cliente.
• Respostas de defesa que reduzem a sua vulnerabilidade!!! MAS que os mantém
emocionalmente distantes do “Outro: distanciamento, fuga, negação, proteção,
rotulação.
Prevenir a exaustão emocional, aliviar o stress, cuidar de si e investir no
autoconhecimento (Travelbee, 1971).
Os enfermeiros peritos tendem a se envolver emocionalmente com os clientes e dão
importância às emoções na sua prática (Benner, 1984).
Níveis distintos de empatia emocional e de resposta dos enfermeiros ao sofrimento e às
necessidades emocionais dos clientes (Morse et al., 2006) são influenciados pela
capacidade de gestão emocional dos enfermeiros na relação de cuidados.

86
Regular a disposição emocional para Cuidar
Os enfermeiros mobilizam estratégias transformadoras das experiências emocionais
procurando gerir positivamente as suas próprias emoções e manter o envolvimento
emocional com os clientes (Diogo, 2015).

Estratégias de gestão emocional dos enfermeiros da linha da frente no combate à


COVID-19

87
Trabalho emocional em enfermagem
Incorpora ações/interações inscritas no
processo de cuidados, de dimensão afetivo-
emocional
Visa transformar positivamente as
vivências intensas e perturbadores dos
clientes e dos próprios enfermeiros
Promove o bem-estar global das pessoas
envolvidas no processo de cuidados.

MODELO de TRABALHO EMOCIONAL EM ENFERMAGEM PEDIÁTRICA


(Diogo, 2015, 2019)
https://www.researchgate.net/publication/337447491_Trabalho_Emocional_em_Enfe
rmagem_Pediatrica_um_Modelo_orientador_da_pratica_2_versao_revista

88
Modelo trabalho emocional em enfermagem pediátrica:
Como os enfermeiros usam as emoções enquanto instrumento terapêutico em
contexto pediátrico?
Transformação positiva da experiência emocional através das seguintes intervenções
• Promover um ambiente seguro e afetuoso
• Nutrir os cuidados com afeto
• Facilitar a gestão das emoções dos clientes
• Construir a estabilidade na relação
• Regular a disposição emocional para cuidar (enfermeiro)

Cliente, Enfermeiro, Relação


enfermeiro-cliente Enfermeiro

Estratégias que visam facilitar Conjunto de


a gestão emocional dos conhecimentos,
clientes e regular as próprias capacidades, habilidades e
emoções, a habilidade de atitudes necessárias para
expressá-las adequadamente compreender e expressar
e a capacidade de cuidar emoções, visando regular
emocionalmente. de forma apropriada os
fenómenos emocionais.

O cuidado de enfermagem profissional centra-se num processo relacional que


implica a compreensão da experiência humana das EMOÇÕES.

89
Estratégias Formativas para o Desempenho do Trabalho Emocional em
Enfermagem
• Mann (2005): análise das práticas no local de trabalho com enfermeiros
experientes; treino da competência emocional “centradas no cliente”; treino
centrado no autoconhecimento; aprendizagem reflexiva (supervisão clínica).
• Hunter & Smith (2007): dinâmicas de grupo interativas; reflexão sobre a prática;
autoconhecimento das emoções.
• Huynh, Alderson & Thompson (2008): treino de autoconhecimento; sessões de
grupo para análise de situações (supervisão clínica); prática reflexiva
• “Working with Emotions Network” http://portal.surrey.ac.uk/eihms_emnet -
Fórum para debate científico sobre o significado das emoções em contexto de
cuidados de saúde
WORKSHOPS:
2017
1.º Workshop O medo das crianças em contexto de urgência hospitalar: enfermeiro
enquanto gestor emocional
2.º Workshop As cartas terapêuticas no processo de cuidar em enfermagem
3.º Workshop Team Building: gestão das emoções em enfermagem
2018
4.º Workshop Team Building: gestão das emoções em enfermagem (2.ª edição)
5.º Workshop Competência emocional em enfermagem numa perspetiva de género
2019
6.º Workshop Trabalho emocional em enfermagem pediátrica: da conceção à prática
Workshop sobre estratégias de gestão emocional para estudantes de enfermagem
2020
7.º Workshop + 2JES Workshop Trabalho emocional em enfermagem pediátrica: da
conceção à prática
Grupo de Investigação Emoções em Saúde – ui&de/ESEL - JORNADAS

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Grupo de Investigação Emoções em Saúde – ui&de/ESEL - WEBINARES

Casos Práticos

A D.ª Margarida Dias recorre ao serviço de urgência pediátrica com o seu filho João de
4 anos, que deu uma queda no parque infantil enquanto andava de baloiço. Enquanto a
enfermeira punciona a criança, a mãe está muito ansiosa, com um discurso agressivo e
com dificuldade em compreender as indicações. O João encontra-se choroso, muito
assustado e com medo.

• Como proceder, tendo em conta a expressão e gestão das emoções na perspetiva


do cliente, do enfermeiro e da relação enfermeiro-cliente?

Margot Phaneuf (2005, p. 206-209)


1. Observação dos sinais e respostas emocionais
2. Interpretação através da empatia emocional
3. Conhecimento e compreensão das emoções (clientes e enfermeiros)
4. Ajudar a pessoa a gerir as suas emoções
- Relação de cuidados

• - Estratégias específicas e direcionadas


A pessoa ao longo do ciclo vital – expressão e gestão emocional:
- Criança 4 anos – pré-escolar
- Mulher adulta, mãe
Os enfermeiros mobilizam estratégias transformadoras das experiências emocionais
procurando gerir positivamente as suas próprias emoções e manter o envolvimento
emocional com os clientes (Diogo, 2015)o longo do ciclo vital
- Criança 4 anos – pré-escolar

91
O Sr. Carlos, de 44 anos, encontra-se hospitalizado para correção cirúrgica de uma
hérnia discal. Revela-se muito preocupado e ansioso durante a preparação operatória
realizada pelo enfermeiro, pois os dias de baixa por doença podem pôr em causa o seu
emprego e desconhece se irá ficar com a situação resolvida após a cirurgia.

• Como proceder, tendo em conta a expressão e gestão das emoções na perspetiva


do cliente, do enfermeiro e da relação enfermeiro-cliente?
Aspetos essenciais no Cuidar em Enfermagem:

• Promover espaços para a expressão emocional na relação de cuidados; Projetar


emoções positivas nas interações de cuidados; Transformar positivamente as
experiências emocionalmente intensas dos clientes associadas aos processos de
saúde-doença; fazer a gestão intrapessoal das emoções experienciadas no dia-a-dia
para prevenir o stress e burnout.

92
1.5 Ajudar a Eliminar
Conceito de Micção e de Defecação
MICÇÃO >>> Eliminação da urina da bexiga através do meato urinário com contração da
bexiga e relaxamento dos esfíncteres. Eliminação da urina pela bexiga - é um
armazém onde se acumula a urina produzida pelos rins.
Estamos a falar da eliminação de produtos metabólicos e catabólicos (que produzimos
no nosso organismo). Temos de excretar líquidos para não termos retenção

Músculo bexiga - detrusor (tem a capacidade de distender à medida que a bexiga se


Enche devido à musculatura lisa) - capacidade elástica da bexiga.
Ureteres - passa a urina dos rins para a bexiga.

Temos um esfíncter interno (quando a bexiga atinge uma capacidade de 400ml - envia
sinais através do SNS e este esfíncter relaxa) e um externo (quando se reúnem as
condições para ocorrer a micção o exterior relaxa).
1) O primeiro desejo de urinar é percebido pelos sensores da base da bexiga aos 150
ml e a sensação de plenitude ocorre aos 400 ml. Estes níveis podem ser alterados
pelos hábitos;
2) Quando os impulsos nervosos são enviados à região sagrada da espinal medula
inicia-se a micção, com contração do detrusor e abertura dos esfíncteres uretrais.
3) A contração do detrusor aumenta a pressão intravesical e força a urina a passar
pela uretra que se contrai e encurta, ao mesmo tempo que os músculos perineais
se relaxam;
4) Os impulsos nervosos também são enviados ao córtex cerebral que controla o
esfíncter externo. Se a pessoa acha que o ambiente não é adequado à micção o
esfíncter externo permanece contraído interrompendo o fluxo da urina.

93
DEFECAÇÃO: Eliminação de fezes e gases do intestino pelo ânus através do relaxamento
dos esfíncteres anais e da contração do reto.
• Fezes moldadas e feitas pelo sistema intestinal e que são eliminadas pelo ânus.
• À medida que vão chegando as fezes e à medida que o organismo vai detetando
a massa fecal o nosso cérebro envia impulsos (fezes chegam ao cólon sigmoide
e este envia os impulsos de modo aferente para relaxar o esfíncter interno),
sendo que quando o organismo acha que tem as condições para defecar o
esfíncter externo relaxa e ocorre a defecação.

1) As fezes distendem o reto e estimulam sensores locais.


2) Os recetores enviam sinais ao longo das fibras aferentes para os neurônios da espinal
medula;
3) Produz-se um reflexo espinal que através do parassimpático estimula a contração
do reto e da sigmoide e o relaxamento do esfíncter anal interno;
4) Se o momento for conveniente para defecar, os nervos voluntários são inibidos e
permitem que o esfíncter anal externo relaxe para a saída das fezes.

94
Dimensões que influenciam a NHF Eliminar

Alterações congénitas, controlo de


esfíncteres, ingestão de alimentos Autoimagem, ansiedade,
/líquidos, peristaltismo, tolerância a depressão e privacidade.
alimentos, medicação, patologias e
cirurgia, equilíbrio hormonal, dor, abuso
de laxantes, ciclo vital.
Fisiológicas Psicológicas
Por exemplo quando vamos
Uma dimensão individual fazer um exame e ficamos muito
que depende do stressados - temos mais vontade
funcionamento do de ir ao wc - depende da
organismo de cada um. resposta do organismo de cada
Cultural/ um à ansiedade.
Social
Espiritual
Horário, educação, custos de Hábitos de higiene e hábitos
dispositivos, condições sanitárias,
condição económica precária ou • e tradições
ausente, grupos sociais vulneráveis
higiene

Temos de perceber as culturas e os


Se tivermos já uma grande quantidade de urina hábitos daquela pessoa de quem
acumulado há muito tempo e já não conseguirmos estamos a cuidar.
aguentar mais – horário. Condições económicas
precárias ou mesmo ausentes.
Nota: O padrão de eliminação de uma criança é diferente do padrão de eliminação de
uma pessoa idosa.
Fatores que influenciam a NHF Eliminar
ELIMINAÇÃO URINÁRIA– Fatores Psicológicos e Sociais

→ Controlo de esfíncteres
→ Privacidade e sugestão - Na nossa prática diária de eliminação asseguramos
sempre que estamos em privado. Quando proporcionamos cuidados de higiene e
conforto, devemos acabar com a ideia de pudor e não ignorar o cliente.
→ Ansiedade - Por exemplo crianças que estão muitos preocupados com situações
da sua vida e que, por isso, fazem xixi na cama.
→ Hábitos - Por exemplo, pessoas que tinham hábitos e privacidade e que de repente
eram internadas e tinham de fazer a eliminação na cama - aspetos negativos
associados ao cheiro ou aos sons que iam ser ouvidos por outras pessoas. Até
mesmo o pudor, associado ao facto de serem outras pessoas a tratar.

95
Temos de ter a perceção de que esta NHF vai estar praticamente sempre presente no
nosso dia enquanto profissionais de enfermagem - e devemos estar preparados para
isto e preparar os clientes para isto - nunca desvalorizando a vergonha ou o pudor que
possam estar a sentir.

ELIMINAÇÃO URINÁRIA– Fatores Fisiológicos

→ Idade - crianças não conseguem decidir logo que nascem quando o melhor
momento para ocorrer a eliminação.
→ Distúrbios neurológicos- podem não ter controlo no esfíncter ou estarem
inconscientes
→ Alterações hormonais
→ Gravidez - Uma mulher grávida tem tendência a ir mais vezes à wc no final da
gravidez - útero vai crescendo e vai comprimindo a bexiga - a bexiga não perde a
sua capacidade elástica, está simplesmente a sofrer uma resistência para não
distende.
→ Tónus muscular - Importante fazer exercício para desenvolver o tónus muscular e
o controlo sobre os músculos.
→ Hidratação
→ Medicação - diuréticos eliminam excesso de líquidos.
→ Traumatismos
→ Patologias e cirurgias
→ Parto

ELIMINAÇÃO INTESTINAL – Fatores Psicológicos e Sociais

→ Estado mental
→ Treino intestinal
→ Hábitos culturais
→ Privacidade

ELIMINAÇÃO INTESTINAL – Fatores


Fisiológicos
→ Idade → Patologias
→ Hábitos pessoais → Cirurgias
→ Ingestão de alimentos → Exames diagnósticos
→ Tónus muscular → Medicação
→ Gravidez → Distúrbios neurológicos

96
Padrão de Eliminação Urinária

Frequência das - Recém-nascidos vão aumentando a frequência das


micções micções, até chegar a 6 a 8 micções diárias na primeira
semana (Tem a ver com a própria capacidade da bexiga -
que ainda está em processo de desenvolvimento e
maturação muscular). O RN tem mais micções, a bexiga é
mais pequena, leite artificial que aumenta a defecação.
- A enurese é comum na infância.
- É comum urinar ao levantar e uma ou mais vezes durante
o dia, dependendo da quantidade de
líquidos ingeridos.
- Nos homens, a noctúria pode significar dificuldade no
esvaziamento da bexiga (Nos homens, a próstata tem
grande influência na eliminação vesical - a uretra passa
pela próstata e, por isso, quando a próstata aumenta vai
haver um estreitamento da uretra).
- A polaquiúria pode dever-se a estenose (estenose
provoca um esvaziamento incompleto da bexiga - urina
residual - a bexiga aguenta até certo ponto e chega a uma
altura em que envia muitos estímulos nervosos para a
conseguir esvaziar), a infeção ou à ação dos diuréticos
Polaquiúria é muita ida à casa de banho).e poliúria – é
muita produção de urina
- Oligúria - diminuição da produção de urina; DU igual ou
inferior a 0.3ml/h
Quantidade de urina - A diurese varia com a idade, volume de líquidos ingeridos
(vai diminuindo à medida e perdas insensíveis.
que vamos crescendo) - Primeira semana de vida (200-300 ml;) Latentes (±60
ml/Kg/dia); Pré-escolares (±48 ml/kg/dia); Escolares
(±35 ml/Kg/dia); Adolescentes (±18 ml/Kg/dia). Adultos
(1000-1500ml).
- A quantidade de urina eliminada por dia vai diminuindo
à medida que vamos crescendo.
- No adulto, a oligúria (<400-500 ml) reflete défice de
líquidos, doença renal ou obstrução urinária.
- Anúria indica insuficiência renal,
enquanto poliúria pode dever-se a doença renal ou a
diabetes.
- Porque é que nós quando nos levantamos temos
tendência a ir urinar logo ? maior ação da gravidade, tem
a ver com o tempo que estamos a dormir - porque o nosso
organismo enquanto dormimos continua a trabalhar e
continua a haver produção e acumulação de urina - que
depois necessita de ser eliminada.
- A estrutura da bexiga e a urina que sai dela é asséptica -
no seu caminho até ao exterior é que ganha

97
microrganismos. A estrutura gastrointestinal já não é tão
asséptica.
- Diabetes- poliúria devido a polidipepsia
- Obstrução Urinária- neoplasia ou hiperplasia da próstata
Cor - Reflete a concentração da urina. É normal variar de
amarelo pálido a âmbar.
- A urina exposta ao ar tende
a escurecer.
- Urina rosada ou vermelha sugere hematúria. A beterraba
e os corantes também podem tingir a urina de vermelho.
- O caroteno torna
urina alaranjada.
- Medicamentos também alteram a
cor da urina.
Aspeto - A urina normal é transparente.
- Quando é turva sugere infeção urinária, presença de
tecidos em
suspensão ou proteinúria.
A proteinuria é infeção e a urina pode ser purulenta (tem
pus - verde)

Cheiro - A urina recente tem um odor amoniacal.


- O odor mais intenso sugere estase e infeção urinária.
- Um odor adocicado sugere cetonúria (Cetonúria -
metabolização dos ácidos gordos - diabéticos ou jejum
prolongado).

98
Mostra as comparações da urina e os seus níveis de
desidratação.
Quanto mais escura for mais concentrada e mais
desidratada se encontra a pessoa.

Cor número 1: A pessoa está bem hidratada, deve manter o consumo de água normal
Cor número 2: A pessoa está bem, podendo aumentar ligeiramente o consumo de água
Cor número 3: A pessoa deve beber ¼ litro numa hora ou ½ litro se tiver na rua ou a
transpirar muito
Cor número 4: A pessoa deve beber ¼ litro numa hora ou ½ litro se tiver na rua ou a
transpirar muito
Cor número 5: A pessoa deve beber 1 litro de água no momento
Se a urina estiver mais escura que isto ou avermelhada não é desidratação, devendo
consultar um médico

99
Padrão de eliminação intestinal (Depende de cada pessoa - é um fator individual)

Frequência - Menos de 3 dejeções por semana pode significar obstipação.


das dejeções - Elevada frequência pode significar diarreia;
- Recém-nascidos podem apresentar até 8 dejeções diárias,
- Lactentes têm 3 a 5 dejeções por dia;
- É comum a grávida apresentar obstipação (Útero aumenta de
tamanho - diminuição do peristaltismo e obstrução dos canais
intestinais);
Quantidade - Geralmente de 150 a 200 g/dia no adulto;
de fezes - Depende da dieta e da frequência das dejeções;
- Na oclusão completa do intestino não há emissão de gases e
fezes (abdómen distendido e timpanizado)
- Na obstipação pode haver emissão de gases (flatulência).

Consistência - Depende do teor de água.


- A consistência pode indicar obstipação ou diarreia.
- Podem ser: líquidas, moles, pastosas, moldadas, secas ou
duras.
- Esteatorreia significa presença de gorduras ou muco nas fezes
e deve-se a má absorção de gorduras no tubo digestivo;
- Fibras e aveia – cereais – contribui para regular o padrão e o
trânsito e o padrão intestinal.
Cor - A cor normal é castanha devido aos pigmentos biliares.
- Fezes acólicas devem-se à falta de bílis.
- As primeiras fezes do recém-nascido são escuras e
esverdeadas (mecónio);
- Durante o aleitamento artificial as fezes são amarelo-pálido
ou castanho claro; no aleitamento materno as fezes são de cor
ocre ou mostarda;
- A hemorragia digestiva alta causa melenas (fezes escuras
tipo borra de café); as hemorragias baixas causam retorragia
(Sangue não digerido - sangue vivo).
- Os medicamentos também alteram a cor das fezes.
Forma - A forma ideal é a da estrutura do reto.
- Fezes em fita ou muito finas sugerem obstrução distal do
intestino ou estenose do esfíncter anal. Ver escala de Bristol -
caracteriza os diferentes tipos de fezes.
Odor - O dor característico é acre, devido à ação das bactérias sobre
os alimentos e medicamentos ingeridos.
- A presença de sangue acentua o odor fétido.
- Há certos alimentos como o alho que alteram o odor das
fezes.

100
Fecalomas:
Muita dor e
Já são mais moles e
muito
fáceis de eliminar.
desconforto.
Muita
absorção de
água.
Às vezes são tão
Podem indicar obstrução de
dolorosos e tão
difíceis de sair fezes quando são muito finas.
que as pessoas
têm de fazer
uma intervenção
cirúrgica para os
remover.

Nota: Do 5 ao 7 não é um padrão regular ou normal!


Escala de Bristol (tradução) ou Bristol Stool Chart classifica a forma das fezes humanas
em sete categorias. Também é conhecida por “Escala de Meyres” e foi desenvolvida por
Heaton na Universidade de Bristol (Reino Unido) e publicada no Scandinavian Journal of
Gastroenterology em1997.

Intervenções relativas à Eliminação Urinária


→ Educação para a saúde: manter uma boa hidratação e uma adequada higiene
perineal - na mulher; limpar o períneo frente para trás, para evitar a infeção urinária.
O duche é preferível ao banho de imersão. A realização de exames laboratoriais de
controlo (uroculturas) e a medicação devem ser cumpridas como prescrito.
→ Dieta: ingerir cerca de 1500 ml de líquidos por dia. O reforço hídrico dilui a urina e
ajuda a eliminar a bactérias da urina ao aumentar a frequência das micções
(Permitimos que não haja tantas bactérias a subir pelo canal da urina). Alimentos
com vitamina C, ou citrinos acidificam a urina, criando um ambiente que inibe o
crescimento bacteriano.
→ Roupa adequada: evitar calças ou collants apertados e usar roupa íntima de
algodão.
→ Cateterização vesical: é um procedimento invasivo indicado para avaliar a função
renal em pessoas em situação crítica, para resolver uma retenção urinária, após uma
cirurgia à bexiga ou à uretra, para instilar fármacos na bexiga, ou ainda para avaliar
a urina residual depois de urinar.

101
Exercícios de Kegel:
• Identificar os músculos a contrair suspendendo a micção;
• Descontrair os músculos abdominais e não os vesicais (temos de treinar);
• Contrair os músculos do períneo durante 3 a 4 segundos;
• Relaxar o períneo durante 3 a 4 segundos;
• Efetuar várias séries de 10 a 15 exercícios por dia ou;
• Efetuar séries de exercícios de 5 minutos de duas e 3 vezes por dia;

Aconselhado à mulher
quando sofre de útero
descaído - fortalecem e
dão suporte à região
pélvica.

Controlo de esfíncteres (criança)

A criança pode começar o controlo de esfíncteres entre os 22 e os 30 meses. O treino


do controlo do esfíncter anal é anterior ao vesical.
RECOMENDAÇÕES:

1. Usar bacio para criança ou tampo adaptado à sanita de adulto;


2. Evitar treino de controlo de esfíncteres em fases de stress (perdas,
internamento);
3. Ajudar a reconhecer sinais de necessidade de evacuar;
4. Treinos de 10 min. ma companhia de um adulto que assegura a higiene;
5. Elogiar as tentativas bem sucedidas de evacuar e urinar;
6. Mostrar à criança o resultado da eliminação para relacionar esforço com o efeito;
7. Lembrar à criança que o horário de tentar evacuar e urinar.

102
GUIA DE AVALIAÇÃO DA CRIANÇA PARA INICIAR CONTROLO DE ESFÍNCTERES
Há crianças que sentem vontade de evacuar mas que têm vergonha, e vão para trás das
portas ou escondem-se atrás do sofá.

•Idade entre 22 e 30 meses


•Permanece seca por 2 horas (mínimo)
Física •Movimentos intestinais regulares e previsíveis
•Conseguir andar, sentar-se e ajudar a despir-se (controlo
motor fino)

•Revelar vontade de eliminar através da expressão facial,


postura e palavras
Mental •Manifestar desejo de ir ao WC
•Ser capaz de seguir instruções simples
•Mostrar desconforto com a fralda suja, pedir roupa interior

•Desejar agradar aos pais

Psicológica •Conseguir permanecer sentada por 5-8 min, sem protestar


•Revelar curiosidade pelos hábitos de eliminação dos adultos
•Desconforto/ desejo de mudar fraldas sujas

•Reconhecem as capacidades da criança


Pais •Investem o tempo necessário no treino
•Ausência de conflito ou mudança familiar

Intervenções relativas à Eliminação Intestinal


→ Educação para a saúde: para adotar comportamentos saudáveis, que favoreçam
o funcionamento do intestino. Necessidade de estabelecer uma rotina diária na
eliminação ; uma dieta rica em fibras e uma boa hidratação; adequada utilização
de laxantes.

→ Dieta: fibra e cereais facilitam o trânsito intestinal por aumentarem a massa fecal.
A água amolece as fezes e facilita as dejeções. Recomenda-se ingerir 1000-1500
ml de água por dia. Os picantes podem irritar a mucosa intestinal.

→ Exercício: fortalece a musculatura abdominal e pélvica e promove o trânsito


intestinal. Recomendar caminhadas diárias de 30 minutos. Exercício físico facilita
a eliminação intestinal - pessoas acamadas têm mais dificuldade em eliminar.

103
→ Relaxamento: a ansiedade perturba a defecação. A privacidade impede que os
sons e odores incomodem outras pessoas, favorecendo o relaxamento. Ao usar a
arrastadeira no quarto, pode correr cortinas, pedir às pessoas que saiam do
quarto, abrir janelas, aumentar ligeiramente o som do rádio ou da TV e usar
desodorizantes. Muitas vezes o stress dificulta a eliminação, ou o contrário.

→ Medicação: os laxantes com celulose absorvem água e aumentam o conteúdo


intestinal, estimulando o peristaltismo. Laxantes com sais ou açúcares pouco
absorvíveis como a lactulose®, chamam água para o intestino, aumentando o
conteúdo intestinal e amolecendo as fezes (ter atenção há desidratação nos
grupos vulneráveis). Em excesso podem desencadear cólicas, timpanismo e
flatulência. Os laxantes de contacto aumentam o peristaltismo intestinal ao
irritarem a mucosa gastrointestinal. Os emolientes lubrificam a massa fecal e
limitam a absorção de líquidos das fezes.

→ Enema de limpeza, Pesquisa/remoção de Fecalomas, Utilização de fralda e


arrastadeira

Obstipação Incontinência urinária a)

INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM


1. Avaliar o padrão de eliminação 1. Avaliar o padrão de eliminação
2. Dieta (consumo de fibras) * 2. Reforço hídrico *
3. Reforço hídrico * 3. Controlo do peso (ao aumentar o peso
4. Treino intestinal promovemos a estase de urina)
5. Exercício Físico 4. Exercícios de Kegel
6. Terapia de relaxamento 5. Higiene perineal
7. Controlo da dor 6. Medicação
8. Medicação 7. Cateterização vesical *

a) Incontinência urinária de esforço; * Se não for contraindicado

COLOCAÇÃO DO DISPOSITIVO URINÁRIO


Intervenção autónoma que consiste em colocar um dispositivo seguro para coletar a
urina em utentes masculinos.

Objetivos
• Diminuir o desconforto associado à incontinência urinária;
• Prevenir o risco de alteração da integridade cutânea;
• Promover a segurança.

104
Notas: Uma das principais queixas dos clientes é a incontinência urinária - esta
incontinência pode-se resolver de algumas formas. Se esta incontinência for nos homens
temos a hipótese de algalia (quando se algalia empurra-se as bactérias para a bexiga -
promove infeção urinária).
Podemos também pôr um dispositivo de recolha de urina - o que vamos abordar - é uma
intervenção autónoma de enfermagem - dispositivo seguro que recolhe a urina e a leva
para um determinado reservatório - só pode ser aplicado em homens.
• Propósito- diminuir um desconforto (associado à perda de urina), diminuir lesões
cutâneas e infeções urinárias.
• Precauções- Trocar diariamente para evitar infeções- não pode fazer garrote,
verificar funcionamento- pode causar edema, ver dispositivo constantemente para
ver se não enche ou rompe- reforço da higiene para reduzir o risco de infeção
urinária. Um adesivo mal colocado pode causar edema, pode causar irritação da
pele. Necessita de avaliação da permeabilidade da drenagem.
• Se uma pessoa estiver sempre a libertar urina sem a conseguir controlar pode vir a
macerar os tecidos das coxas e do períneo - uma vez que a urina é ácida.

Urina parada - urina infetada - odor amoniacal.

Indicações: utentes do género masculino com incontinência urinária ou coma.

Material:
• Tabuleiro
• Luvas limpas Pode ser necessário
• Dispositivo urinário externo fazer uma tricotomia
• Saco coletor de urina
- cortar os pelos.
• Tesoura
• Adesivo (para prender dispositivo à pele de forma adequada)
• Protetor cutâneo Técnica limpa.

Procedimento:

1. Avaliar o padrão de eliminação (incontinência urinária)


• A primeira coisa é avaliar a necessidade de realizar este procedimento à pessoa.
Muitas das vezes na prática clínica, o enfermeiro mete uma fralda em vez de uma
algalia - uma vez que é mais fácil e não necessita de tanto controlo. No entanto,
infantiliza a pessoa e tira-lhe a independência.

105
• De seguida, perceber o porquê de a pessoa ter urinado na cama - será que não teve
tempo? Será que como tem dificuldades na mobilidade não chegou a tempo?-
incontinência funcional

Devem ser mudadas as


borrachas de forma
diária.

2. Explicar o procedimento e os cuidados de manutenção


3. Avaliar a capacidade de o cliente colaborar no procedimento: Perceber o que a
pessoa consegue fazer por ela própria, em que é que ela consegue colaborar.
4. Obter consentimento verbal
5. Preparar o material
6. Manter a privacidade- Prepara o ambiente (temperatura amena, sala à parte)
7. Lavar as mãos
8. Colocar o cliente em posição dorsal, expondo apenas os genitais
9. Efetuar a higiene perineal
10. Aparar pelos da base do pénis, se necessário (ou pedir à própria pessoa que o faça)
11. Aplicar adesivo ou protetor cutâneo (opcional) - (prepará-lo primeiro)- Garrote no
pénis com o adesivo = diminuição da vascularização. O adesivo deve ser aplicado em
hélice.
12. Com a mão não dominante, colocar o dispositivo sobre a glande (mantendo o
prepúcio na posição natural-base do pénis).
13. Com a mão dominante, desenrolar o dispositivo sobre o pénis com o mínimo de
pregas (como um preservativo);
14. Fixar o dispositivo com adesivo:
• Dispositivo com adesivo: comprimir o dispositivo contra a pele para colar a borracha
e alisar as pregas- colocar em hélice e não em circulo (faz garrote e dimui a
vascularização)
• Dispositivo sem adesivo: aplicar um adesivo sobre a borracha em redor do pénis sem
apertar.
15. Conectar a extremidade do dispositivo ao tubo do saco coletor de urina. Fixar o
saco coletor de urina à pele ou prender no suporte da estrutura inferior da cama-
sistema tem de estar permeável.
Não se muda o saco, esvazia-se o saco. Esvazia-se o saco quando estiver cheio ou no final do
turno - uma questão de bom senso.

16. Manter o sistema de drenagem permeável e sem dobras;

106
17. Remover as luvas e colocar o utente confortável
18. Arrumar o material;
19. Lavar as mãos;
20. Efetuar os registos

Saco coletor fica abaixo do indivíduo - desnivelado a ele - por causa da gravidade.
Eventualmente até se pode pôr um adesivo no sistema.

TIPOS DE CATETER VESICAL


Cateter / Sonda vesical: é um tubo que se insere na
bexiga através da uretra, para drenar ou recolher
urina ali armazenada.
Os enfermeiros vão ter de escolher e selecionar as
sondas conforme os casos e características.
Vai se ter atenção às características que se
encontram na figura ao lado.

107
A – Material e Tempo de permanência
PVC/Nelaton Utilização única. Casos mais rápidos e não permanentes.
Fica só uns minutos em contacto com o cliente- P.e-
tetraplégico- o estímulo nervoso não chega ao cérebro e
não consegue relaxar os esfíncteres- contenção urinária-
mudar algalia 2X por dia (pode ser PVC)
Plástico Rígido Para lavagem vesical e aspiração
de coágulos.
Utilizadas quando o cliente tinha hematúria - eram rijas
para aspirar os coágulos (se fossem moles colapsavam).
Muito pouco utilizadas atualmente.

Latex Drenagem permanente, até 7-10 dias.


Relativamente bem tolerado pelas pessoas -apesar de
algumas poderem ter alergias.
Muito flexíveis.
Mais fácil ter uma duração de uma semana para facilitar as
contas.
Silicone Drenagem permanente até 3 meses.
O silicone é muito bem tolerado pelas pessoas - se
arranjarmos uma sonda de silicone ela poderá permanecer
no corpo da pessoa durante mais tempo (até 3 meses).
Sondas de silicone são brancas-transparentes (podem ter
um risco no meio - filamento radiopaco - que permite ver a
sua localização no raio x).
Aconselhado a pessoas que estão permanentemente
incontinentes, cirurgia à bexiga, fratura da uretra (Se
precisar de rinoplastia é candidata a látex)
Siliconadas Drenagem permanente até 1 mês.
Casos intermédios - material que imite o silicone (são
revestidas a silicone) = Siliconadas (aguentam 1 mês).

B – Extremidade

C – Fixação

108
Fixação externa
fixação interna
- que também
pode ter um
saco se as
pessoas
andarem de um
lado para o
outro.

Porque introduzo mais a algalia dentro da bexiga sabendo que ela já lá está dentro, ou seja, sabendo que já
apareceu urina ?- para não correr o risco de o balão insuflar na uretra.
Líquido que se pode introduzir - o ar não pode ser porque vai ter tendência a subir, o soro (NACL) criava
cristal e era muito difícil de tirar. Assim, acrescenta-se água bidestilada. Soro pode meter-se na bexiga, mas
não pode ir para o balão.
Se eu não tiver cuidado e puxar muito a sonda posso ter lesão do colo da bexiga - aparece hematúria ou
coágulos.
D – Número de vias
Temos a necessidade de escoar a urina e, por isso, é obrigatório pelo menos uma via para conectar ao saco
coletor. A segunda via seria para insuflar o balão - esta segunda vida diz o calibre a quantidade de líquido
que devemos ingerir para fixar a sonda.
A terceira via liga-se ao soro fisiológico e faz uma lavagem contínua e evita-se os coágulos. Soro fisiológica
pode-se pôr dentro da bexiga mas não se pode pôr no balão.
- 2 vias: drenar a urina; fixar a sonda;

- 3 vias: drenar a urina; fixar a sonda; lavar a bexiga; Quando há hematúria usar 3 vias

109
E – Calibre

F – Tipos de sonda vesical


1
Sonda simples – de uso único (1).
Sondas Foley - Drenagem permanente; De 2 ou 3 vias (2), com balão
Bequille - Lavagem vesical ; Hematúria (3).
2
Sonda Pezzer (4) e Sondas Malecot (5) - Um lúmen de grande diâmetro;
Mecanismo de retenção intravesical (Não são para meter na bexiga ou não
são para meter na bexiga pela uretra).

4
3 5

Ponta reta - é melhor nas senhoras porque têm uretra mais pequena e sem órgãos a interferir.
Ponta curva mais para os homens.
Exemplo de casos:
• Hospital de Alcoitão – reabilitação - Sr. João teve acidente de mota e ficou
tetraplégico - estímulo não chega ao cérebro para desencadear a abertura - retenção
urinária ou pode ter incontinência. A sonda é utilizada uma vez e depois desperdiça-
se - pode ser de PVC (utilizada também na aspiração de secreções e SNG). Fica só uns
breves minutos em contacto com o cliente.
• O francisco tem 80 anos e uma próstata hipertrofiada - aperto da uretra na bexiga -
retenção urinária. Como tem globo vesical, prova de que produz urina mas que não
a elimina, pode significar que precisa de uma algalia - algalia mais rija e com
extremidade curvada - precisa mais força para entrar (422 e 425). A extremidade não
depende do material. Normalmente são usadas as curvas em material mais rijo.
• AVC em recuperação- 2/3 semanas a precisar de algalia- siliconada, 2 vias , ponta
reta.

CATETERIZAÇÃO VESICAL
Procedimento invasivo que exige técnica assética (favorece infeção urinária) e que
consiste na introdução de uma sonda na bexiga através do meato urinário e uretra.
Intervenção interdependente (pode ser prescrita pelo enfermeiro e pelo médico): pela
natureza, esta intervenção é invasiva e favorece a infeção urinária. Tem de ser material
estéril (desde o meato urinário, pela uretra e até à bexiga).

110
Indicações:
Indivíduos com retenção urinária no sexo masculino, no sexo feminino se
tem incontinência urinária ou pessoas com falência multiorgânica.
1. Avaliar a função renal em clientes em situação crítica;
2. Resolver uma retenção urinária;
3. Avaliar a urina residual após a micção;
4. Após cirurgia da bexiga ou da uretra;
5. Para exames de diagnóstico, tratamento e lavagem vesical;
6. Colheita de amostra de urina;
7. Imobilização (coluna / região pélvica);
8. Incontinência urinária *
9. Promover o conforto em fim de vida *
* Se adequado

Riscos
• Infeção (exige assepsia; evitar refluxo para a bexiga) - empurra-se bactérias até ao
interior da bexiga;
• Perfuração / Falso trajeto- quando se força e se rompe provocando hemorragia
• Estenose (devido a lesão da mucosa da uretra) - Quando se força e se rompe,
provocando hemorragia.

Tipos de Cateterização Vesical:


→ Intermitente (para esvaziar a bexiga; colher urina);
→ Permanente (exige substituição periódica do cateter vesical)
- Curta duração
- Longa duração

Homem - uretra mais comprida e tem


dois ângulos - pele fica macerada -
cicatriz posteriormente - mas se for
uma coisa muito comum a algalia fica
com alguns pontos lesados/fissuras ao
longo da uretra.

Material:

• Tabuleiro; • Avental e Resguardo


• Taça/Tina reniforme estéril- se o doente tiver • Seringa (10ml) estéril (se o doente tiver
necessidade de lavagem preciso de outra seringa e necessidade de uma lavagem preciso de outra
outra taça. seringa e de outra taça)
• Luvas esterilizadas (2 pares) • Agulha de diluição estéril (para tirar a água
• Luvas limpas (cuidado higiene) destilada da ampola para a seringa)
• Campo cirúrgico sem janela • Ampola de água destilada (10ml)
• Campo cirúrgico com janela • Contentor (objetos corto-perfurantes)
• Lubrificante hidrossolúvel estéril • Sonda Vesical
• Solução de limpeza (NaCl a 0,9%) • Sistema de drenagem estéril

111
• Fixador ou adesivo • Suporte para saco coletor
• Compressas esterilizadas • Contentor de resíduos adequados ao grau
• Compressas limpas de contaminação

Procedimento
1. Higiene das mãos;
2. Avaliar a necessidade de cateterização vesical (características da urina; última
micção; globo vesical; prescrição médica) - Colocar em posição sentada ou de pé -
para estimular os barorrecetores da base da bexiga;
3. Avaliar a situação clínica do cliente (idade; estado consciência; patologias
geniturinária; mobilidade; alergias);
4. Explicar os objetivos e etapas do procedimento;
5. Obter consentimento informado;
6. Assegurar a privacidade;
7. Higiene das mãos;
8. Preparar o material e colocá-lo junto da cama;

9. Colocar EPI (Avental) Não queremos que saia urina extra algalia e que
10. Posicionar o cliente molhe a cama - colocar um resguardo.

11. Colocar resguardo- para não sair urina extra da algalia e que molhe a cama
12. Higiene das mãos

112
13. Calçar luvas limpas e efetuar a higiene dos genitais. No final remover luvas e efetuar
a higiene das mãos.

14. Colocar o material esterilizado no tabuleiro com campo esterilizado

15. Higiene das mãos


16. Calçar luvas esterilizadas

17. Conectar a sonda vesical ao sistema de drenagem estéril;


Fechar a válvula do saco coletor de urina.

Aspirar para a seringa o volume de água destilada indicado pelo fabricante.

113
18. Lubrificar a extremidade da sonda vesical;

19. Limpar o meato urinário com Soro Fisiológico e remover as luvas (5 compressas)

20. Higiene das mãos e calçar o segundo par de luvas esterilizadas;


21. Colocar o campo estéril com janela sobre a região suprapúbica- ver se o balão está
roto

22. Solicitar ao cliente que respire profundamente durante a introdução do cateter;


23. Introduzir o cateter vesical no meato urinário, rodando-o;

24. Confirmar a presença da sonda vesical na bexiga;

114
25. Fixar internamente a sonda vesical;

26. Retirar as luvas e realizar a higiene das mãos;


27. Fixar a sonda vesical externamente;
• Região inguinal no homem
• Face interna da coxa na mulher

28. Colocar o saco coletor de urina no suporte;

29. Retirar o avental;


30. Ajudar o cliente a vestir-se e a posicionar-se. Refazer a cama;
31. Avaliar a reação do cliente.
32. Arrumar a unidade,
33. Recolher o material, providenciando o correto tratamento.
34. Higiene das mãos;
35. Educar sobre a manutenção da drenagem vesical;
36. Registos (Identificação do cliente; Hora; Data; Motivo; Tipo e calibre da sonda;
características da urina; colaboração do cliente; Incidentes; Ensino;).
115
Cuidados de manutenção da drenagem vesical:
• Manter a permeabilidade/estanquicidade do sistema de drenagem vesical;
• Reforçar a ingestão hídrica se indicado- para produzir mais líquido e menos bactérias
• Manter o saco coletor de urina sem tocar no chão;
• Despejar o saco coletor de urina e desinfetar a válvula com álcool a 70º;
• Manter a fixação externa da sonda pata evitar traumatismos;
• Avaliar regularmente as características da urina;
• Manter a higiene perineal diária;
• Substituir a sonda vesical de acordo com a recomendação do fabricante;
• Manter a drenagem vesical o mínimo tempo possível

116
Enema de Limpeza
Definição: Intervenção que consiste na irrigação do cólon através da instilação de
líquido morno (Normalmente à temperatura corporal - a 35-37 graus) pelo ânus, até ao
colon descendente, acompanhado ou não de outras soluções ou fármacos. Pode ser
intervenção autónoma ou interdependente- tem o fim de estimular o peristaltismo, mas
também pode ser para introduzir medicamentos (p.e- pessoas com IR não excretam pela
urina, porque o rim não funciona- hipercaliémia- problemas cardíacos (ritmo cardíaco
pode levar a arritmias ou a paragem cardíaca). Pessoas que têm indicação para fazer
5/5.5 mg de potássio no sangue podem ser medicados através de enema com uma
substância promotora de iões (entra na ampola retal, esta última que é muito
vascularizada absorve o cálcio e retira do organismo o potássio.
O mesmo que: Clister de limpeza; enteroclise.
Notas: Existem enemas que não são de limpeza. O conceito de enema é sempre a
introdução de algum produto de caráter semi-liquído ou líquido ao nível da ampola retal
e do intestino até à sigmoide pelo menos ou do cólon ascendente no máximo com fins
terapêuticos para regularizar o trânsito intestinal. Líquido tem de estar à temperatura
corporal, não pode estar a menos de 35ºC.

Objetivos:
1) Promover a eliminação de fezes e gases do intestino;
Quando uma pessoa passa por uma obstipação, as fezes não são eliminadas, mas as
bactérias atróficas do intestino continuam a produzir gases – leva a distensão de todo o
abdómen com gás – isto é timpanismo abdominal.
Nota: Qual a técnica de exame físico que valide se temos um timpanismo ou não -
percussão (feita direta - dois dedos diretamente; ou indiretamente - dois dedos em cima
de dois dedos).
Som oco - gás
Som maciço - líquido (ascite)

2) Reduzir a distensão e o timpanismo abdominal;


3) Estimular o peristaltismo intestinal;
4) Preparar o intestino para exames radiológicos e endoscópicos (Por exemplo,
sigmoidoscopia)
a. Servem para limpar o intestino-p.e: sigmoidoscopia ou colonoscopia
distal- previnem o cancro colorretal (atualmente é muito raro se aplicar
um enema de limpeza para limpar a parte terminal do intestino para uma
colonoscopia, visto que o objetivo é observar o intestino do reto ao cego).
Ora um enema de limpeza não atinge o cólon transverso nem o
ascendente- método tem de ser outro.
5) Reduzir o risco de infeção durante a cirurgia- sobretudo para que não haja
acumulação de fezes na parte distal do intestino, pois um efeito secundário das
anestesias é a paragem do trânsito intestinal aquilo a que se chama ileoparalítico
o que faz com que a pessoa fique com obstipação e com fezes presas na parte

117
do intestino grosso que ficam mais ressequidas e difíceis de eliminar. Outro
argumento pode ser o risco de perfuração do intestino em cirurgia abdominal
por engano ou na remoção de uma massa que origina uma fistula que promove
contaminação do intestino para o interior do abdómen que levava a uma
peritonite (controverso).

Nota: Nem todos os enemas são de limpeza. Significam sempre a introdução de algum
líquido ou semilíquido (substância) ao nível da ampola retal e do intestino, até ao
sigmoide ou cólon ascendente no máximo - tem fins terapêuticos - pode ser para
estimular o peristaltismo ou para administrar um medicamento.
Enema com fins terapêuticos - introdução de uma substância que é permutadora de iões
(entra na ampola retal, que é vastamente vascularizada).

Contraindicações

→ Em algumas patologias intestinais (dor abdominal (a dor pode advir do enema por
este afetar a região >>> depois não se sabe de onde vem a dor - dificulta o
diagnóstico); cirurgia abdominal recente(mexe com a região abdominal); apendicite;
doença inflamatória intestinal (Como a doença de Crohn, em que qualquer produto
pode irritar a mucosa >>> processo inflamatório, peristaltismo exagerado ou
diarreia); obstrução intestinal; fissura; fístulas; hemorroidas (Podem aparecer mas
não é uma CI absoluta para fazer exame, a não ser que ajam perdas hemáticas por
traumatismo));
→ Situações hipertensivas (aumento da pressão intracraniana; glaucoma) - o cólon é
responsável pela absorção de água; e portanto quem tem hipertensão (não só
arterial mas sobretudo uma hipertensão intracraniana com edema cerebral) se fizer
um enema de limpeza pode agravar ainda mais a absorção de líquidos e portanto
aumentar a volemia e aumentar ainda mais a HT; a mesma coisa com o glaucoma
que também deriva de uma hipertensão;
→ Neutropénia (compromisso da imunidade >>> possibilidade de traumatismo e
aumenta o risco de infeção);
→ Quando a absorção de líquidos agrava o compromisso cardiovascular (Mucosa do
intestino é muito vascularizada que leva a absorção de água e medicamentos, o que
agrava uma insuficiência cardíaca congestiva, HTA e edema na insuficiência renal);
→ O enema pode agravar a obstipação (se enema funciona bem vai limpar o intestino
por completo o que faz com que o intestino fique sem carga- vai demorar mais até
à próxima defecação- só quando ficar cheio é que vai estimular o peristaltismo. Por
outro lado, o organismo pode também vir a ficar viciado e dependente do enema).

Quem executa: enfermeiro mediante prescrição médica; O utente ou o prestador de


cuidados, quando instruído.

118
Material
• Tabuleiro;
• Irrigador graduado (hoje são de plástico antes eram de metais) - muitas vezes
tinham uma escala de graduação)- vem com um sistema de drenagem e com um
tubo com clamps para evitar que o liquido sai.
• Sonda retal com clamp- nos internamentos usa-se uma sonda de enteróclise
(sonda de PVC com calibre maior, porque o reto também permite maior entrada
de ar ou líquido e a extremidade é arredondada para não traumatizar)
• Lubrificante hidrossolúvel (estimulante da mucosa intestinal);
• Solução prescrita (muitas vezes é água, mas pode misturar-se com sabão ou
outro)
• Termómetro (para garantir que não colocamos um produto com uma
temperatura superior a 37 graus);
• Luvas limpas;
• Compressas (limpar região do períneo antes e depois do enema);
• Avental e resguardo (para não causar desconforto ao doente)
• Lençol (para tapar o indivíduo enquanto elimina);
• Arrastadeira (caso não se consiga deslocar à casa de banho);
• Suporte para irrigador (Quanto mais alto tiver, maior vai ser a pressão
hidrostática e mais volume de líquido vai entrar. Tem de ter alguma pressão uma
vez que existe resistência na entrada e se não houver pressão o líquido não entra
no cólon).
• Papel higiénico;
• Material para higiene perineal;
• Saco lixo contaminado/tina reniforme (Quando
estivermos a preencher o sistema com o líquido e este
preenche a sonda que está acoplada ao final da
tubuladura, o líquido que está no fim do tubo pode correr
para a tina ).

Irrigador graduado

Muitas vezes vem um sistema de clamps, caso


não existe camplamos nós com a tesoura de
clampagem.

119
PROCEDIMENTO
1 – Avaliar a necessidade do procedimento:

→ Data e características da última dejeção; (Se a pessoa teve uma diarreia


abundante temos de esperar mais algum tempo para a pessoa defecar
novamente)

Pessoas com fraqueza


muscular não vão conseguir
forçar para eliminar

→ Antecedentes na administração de enemas (É importante averiguar se a pessoa


já fez um enema. Existem pessoas que lidam bem e existem outras que não
conseguem controlar o líquido >>> surge incontinência. Devemos ser muito
cautelosos no que toca à primeira vez e ter uma arrastadeira por perto);

→ Contraindicações (Doença crónica inflamatória do intestino; obstrução


intestinal - fezes não conseguem sair e ao introduzirmos mais enema podemos
estar a provocar uma distensão abdominal; Dor/cólicas; Desidratação;
alterações cardíacas e naúsea).

2 – Explicar objetivos e etapas do enema: depois de concluirmos a avaliação da


necessidade. Explicar o procedimento - vai ser inserido um tubo pelo ânus, não é
doloroso mas pode provocar alguma impressão, e depois é introduzido um líquido
quente nesse tubo para limpar o intestino. Explicar ainda que o indivíduo, se for à wc,
não deve puxar o autoclismo - para o enfermeiro conseguir observar as características
das fezes. Podemos combinar sinais como levantar a mão que permitam ao enfermeiro
perceber se a pessoa está bem e se necessita que se pare o procedimento.
Nota: ir à casa de banho para eliminar ou fornecer a arrastadeira.
3 – Obter consentimento informado
4 – Preparar o material e organizá-lo junto à cama

120
5 – Assegurar a privacidade: Pedir aos outros utentes para saírem do quarto, levar o
cliente para outro quarto isolado, correr as cortinas, abrir janelas, spray de odores.
6 – Instruir o cliente: esvaziar a bexiga; respirar fundo ao introduzir a sonda retal; referir
cólica ou vontade de evacuar; não descarregar o autoclismo. Devemos convidar o cliente
a ir à casa de banho ou oferecer-lhe uma arrastadeira e se a pessoa puder que realize
ela a higiene ao períneo.
7 – Posicionar o cliente (Antes de posicionar o cliente deve colocar os EPI)

Em decúbito lateral esquerdo é mais fácil, uma vez que o líquido tende a descer, mas
se a pessoa estiver em decúbito lateral direito a água tem de vencer uma resistência
natural de entrada no reto e tem ainda de subir
Nota: Pode-se colocar a arrastadeira junto ao dorso da pessoa - mas não há necessidade
de sentar logo a pessoa na arrastadeira. Meter o resguardo depois de posicionar

8 – Higienizar as mãos e colocar o avental

9 – Colocar a arrastadeira junto à região perineal ou da região dorsal

10 – Colocar o irrigador no suporte

Enema alto (45 cm do ânus)


Enema baixo (8 cm do ânus)
Quando colocamos o irrigador numa certa altura vamos aumentar a
pressão com que ele entre no ânus. Se a pessoa tiver historial de aguentar bem a entrada
do líquido pode pôr-se um bocadinho mais alto, quando se fala em enema alto é a uma
altura superior a 45 cm do anûs. Quando a pessoa não consegue conter por fraqueza do
asoalhado pélvico e dos músculos perineiais ou por ser incontinente temos de fazer um
enema baixo para diminuir a pressão hidrostática- se for demasiado baixo não consegue
vencer da resistência do reto- deve estar a 8 cm do anûs, mas nunca deve passar os 45
cm-medidas de precaução. Temos também a questão do clampe que nos permite
controlar a quantidade de líquido que entra e que se torne outro método de controlo.
11 – Adaptar a sonda retal à tubuladura (Manter o invólucro da sonda)

121
12 – Assegurar características da solução do enema: Pode fazer-se sem calçar luvas
- Crianças (até 500ml)
- Adultos (até 1000 ml)
Quer quanto à composição (água ou outro produto misturado) quer quanto à
temperatura. Ter atenção que nas crianças até aos 16-18 anos, não devemos exceder
500 ml, se for uma criança até ao pré-escolar não deve exceder os 250
Há adultos que não conseguem reter mais de 500 ml, sobretudo num intestino que
esteja muito sensível e que desencadeie logo peristaltismo.
13 – Expor a região nadegueira (Dobrar a roupa da cama em harmónio; Tapar o cliente
apenas com um lençol; Expor apenas a região nadegueira- Afastar os lençois e manter o
doente tapado com 1)
14 – Calçar luvas limpas
15 – Expurgar o ar do sistema / tubuladura para a arrastadeira: colocar a ponta da sonda
na arrastadeira que está perto do enfermeiro e do cliente e desclampar para sair o
líquido até encher a própria sonda de líquido. No fim voltar a clampar.
16 – Lubrificar a extremidade da sonda: 5-10 cm.
17 – Introduzir a sonda retal: em direção ao umbigo- pedir à pessoa para respirar fundo.

8-10 cm em adultos (Se for até ao pré-escolar inclusive não deve ultrapassar os 250)
5-7 cm em crianças
2-4 cm em recém-nascidos

18 – Administrar lentamente o enema (Interromper temporariamente em caso de


cólicas, urgência em evacuar ou se a solução refluir- clampar e
esperar 2 a 3 minutos) - A primeira quantidade de líquido a ser
administrado deve ser feito muito lentamente, ou com um
enema baixo, se for possível, regular a altura do suporte, ou com
um clampe clampando mais ou menos. Ir perguntando à pessoa
se está bem, se aguenta, relembrar que se estiver com
dificuldades basta levantar a mão lentamente. Se a pessoa tiver
urgência em evacuar ou se virmos que está que está a refluir
líquido à volta do anûs, devemos encostar a arrastadeira no
indivíduo e pedir que ele rode para cima da arrastadeira (levantar
cabeceira). Muitas vezes leva à interrupção do enema, porque se
a pessoa não aguenta (tudo o que entra sai).
19 – Avaliar a quantidade de enema administrado: Clampar a tubuladura ao terminar
20 – Informar que o enema terminou e pedir para o cliente reter a solução 10-15 min-
Quanto mais tempo a pessoa aguardar mais peristaltismo vai promover.

122
21 – Remover a sonda e limpar a região perineal- Acomodar
o indivíduo se ele for eliminar na cama- posicionar em semi-
fowler, se for ao wc pedir a alguem ou ir com ele
22 – Colocar a sonda e luvas no saco de lixo contaminado
23 – Retirar o avental e higienizar as mãos
24 – Elevar a cabeceira e colocar a arrastadeira
25 – Observar as características das fezes

26 – Ajudar na higiene- com compressas


27– Posicionar o cliente de forma confortável e recolher o material
28 – Higienizar as mãos
29 – Registos: Hora, procedimento, volume, tipo de solução, dificuldade ao introduzir a
sonda, colaboração do cliente, caracteristicas das fezes (abundante, moderada ou
escassa, tipo de fezes)
Nota: Se a pessoa for à casa de banho evacuar podemos pedir a um auxiliar de saúde
que observe as características das fezes (desde que o mesmo se encontre preparado
para isso); se a pessoa evacuar na arrastadeira podemos observar diretamente e temos
de limpar a região do períneo.
Quando se remove a arrastadeira, meter novas luvas, promover a limpeza do períneo
(compressa molhada, soro)- pode ser feito pelo doente. Para tirar a arrastadeira pedir à
pessoa que levante a região nadegueira e tirar a arrastadeira juntamente com o
resguardo que vai tapar a arrastadeira.
Perguntas Frequência:
1) Quais as CI para a realização do enema?
R.: desidratação não é propriamente uma CI, só leva a que tenha de haver um cuidado
especial para hidratar o cliente (até porque se houver desidratação vai haver uma
obstipação), dor abdominal (apendicectomia, por exemplo), doença intestinal crónica
inflamatória, obstrução intestinal.

Colocação da Arrastadeira
Tipos de arrastadeira:
• Arrastadeira em cunha em plástico;
• Arrastadeira em cunha em inox (preferível para melhor desinfeção, mas
desagradável ao toque);
• Arrastadeira bidé em inox.
As arrastadeiras podem ainda serem de cartão prensado (são mais caras) >>> usam-se
uma vez e deitam-se fora.

123
São o mesmo tipo de arrastadeira, só
diferem no tamanho. São chamadas
São mais altas e por isso
de bico de pato.
mais desconfortáveis. O
rebordo mais fino é a
parte que não fica em
contacto com a pessoa.
Arrastadeira de bidé

A parte mais fina é que contacta com o cliente, pela região sagrada.

Material: arrastadeira / urinol, luvas limpas, resguardo, material de higiene (bacia com
água morna; papel higiénico; toalha).

Nota: Arrastadeiras não servem só para a eliminar, também servem para realizar a
higiene íntima.

PROCEDIMENTO
1. Avaliar a capacidade do cliente colaborar no procedimento- se o cliente consegue
colocar a arrastadeira, empurrando para debaixo do corpo, levantando a região dorsal
e nadegueira deixar fazer
2. Explicar o procedimento e cuidados de manutenção- pedir à pessoa para fletir os M.I
e fazer força nos calcanhares para se elevar a região dorsal, afastando-se do leito da
cama- introduzir resguardo e arrastadeira.
3. Obter consentimento;
4. Preparar o material (aquecer a arrastadeira);
5. Colocar avental, luvas limpas e lavar as mãos;
6. Manter a privacidade;
7. Posicionar o cliente em decúbito dorsal
8. Elevar a cabeceira (Não muito >>> para permitir que, depois de se destapar o cliente
seja possível colocar a arrastadeira como deve de ser);
9. Destapar o cliente e colocar o resguardo;
10. Colocar a arrastadeira (dois métodos):
10a. Solicitar ao cliente que eleve as nádegas e o períneo, fletindo os joelhos e
apoiando os pés na cama. Amparar a região dorsal com uma mão e colocar a
arrastadeira sob as nádegas com a outra mão;
10b. Colocar o cliente em decúbito lateral e encostar a arrastadeira às nádegas.
Rodar o cliente para decúbito dorsal com a arrastadeira centrada sob as nádegas;

124
11. Ajustar a altura da cabeceira para o cliente ficar sentado e confortável (se não houver
contraindicação);
12. Permitir urinar ou evacuar em privacidade;
13. Após a utilização da arrastadeira efetuar a higiene. Pedir ao cliente para elevar as
nádegas. Amparar a região dorsal com uma mão e remover a arrastadeira com a outra
mão;
14. Cobrir a arrastadeira com papel ou resguardo e colocá-la na cadeira;

15. Colocar o cliente em posição confortável e permitir que lave as mãos;


16. Colocar a arrastadeira na zona suja para desinfeção
17. Retirar avental, luvas e higienizar as mãos;
18. Efetuar os registos. (Fazer registo do procedimento; não se faz registo de como se
colocou a arrastadeira)

PROCEDIMENTO – Urinol Masculino (Urinol masculino. Podem ser de vidro, de cartão ou


translúcidos)
10. Solicitar ao cliente que afaste as pernas;
11. Colocar o pénis na abertura do urinol ou ajustar o topo do urinol à vagina;
12. Posicionar o urinol ou segurá-lo enquanto o utente urina;
13. Remover o urinol e efetuar a higiene perineal;
14. Retirar luvas;
15. Lavar as mãos; Esta é a + comum, mas pode ser um tubo
inteiro com a ponta do tubo ligeiramente
16. Arrumar o material ;
inclinado, sempre da mesma grossura.
17. Efetuar os registos (“ A arrastadeira foi colocada para”)
No feminino temos uma abertura que se
adapta facilmente ao períneo.

125
1.6 Ajudar a proteger os tegumentos:
Cuidado de enfermagem à pessoa na Manutenção e recuperação da integridade cutânea

Ferida
A ferida é o resultado visível de uma lesão ou morte das células dos tecidos (David,
1988). É uma solução de continuidade dos tecidos moles ocorrendo quando é exercida
sobre estes uma força externa superior àquela que pode suportar (Bolander, 1994). É
uma solução de continuidade da pele por ação de agentes externos e/ ou internos
(aguda ou crónica).
Úlceras por pressão (UPP): Lesão localizada na pele e/ou tecido subjacente,
normalmente sobre uma proeminência óssea, em resultado da pressão ou de uma
combinação entre esta e forças de torção (…).

→ A etiologia advém da pressão exercida sobre a pele, o que ocasiona a oclusão do


fluxo sanguíneo do paciente que permanece na mesma posição no leito. À medida
que a pressão se mantém e/ou aumenta, maior será o risco de instalação e
desenvolvimento das UPP.
→ Fatores de risco intrínsecos à pessoa: idade, estado de hidratação e nutrição, peso
corporal; alterações da irrigação sanguínea; alterações da temperatura, da
capacidade de mobilizar-se, do sono, do estado psicológico e estado de
consciência; perceção sensorial alterada; alterações hematológicas; tolerância dos
tecidos.

→ Fatores de risco extrínsecos à pessoa:


1) Posicionamentos incorretos;
2) Higiene deficiente, incontinência;
3) Humidade; temperatura ambiente superior a 30ºC;
4) Fatores químicos;
5) Pressão (intensidade e duração);

126
6) Fricção (2 superfícies deslizam em direção oposta);

7) Forças de deslizamento/cisalhamento (força interna que ocorre quando os


vasos são esticados, torcidos, rasgam-se e ocluem-se);

8) Causas iatrogénicas (tampas, tubuladuras, O2 por óculos e máscara, adesivo asa


nariz…) – complicações causadas por tratamento médico;

9) Combinação das anteriores.

Esquema Conceptual para o Estudo da Etiologia das Úlceras por Pressão

Diminuição da mobilidade, da
Pressão
atividade e da perceção Sensorial.
Desenvolvimento
UPP

Diminuição da Fatores extrínsecos e


tolerância tecidular intrínsecos. 127
Como surge uma UPP?

1. Pressão
Diminuição
2. Fricção Destruição do aporte
3. Forças de dos capilares sanguíneo
deslizamento/cisalhamento dos tecidos

4. Causas iatrogénicas

Isquémia
(evidente pela
coloração
avermelhada na pele)

Lesões irreversíveis Tecidos continuam


a ser lesados

Pressão não aliviada

Hiperémia Reativa Hiperémia não


ou hiperémia Reativa ou não
branqueável branqueável

Vasodilatação para A vasodilatação


compensar os períodos persiste como
da anoxia resposta à anoxia

Hiperémia, a pele A zona lesada da


fica ruborizada pele surge com
(avermelhada) A um tom vermelho
zona apresenta-se vivo ou escuro e
quente e com dor quando
Situação reversível comprimida não
com alívio da empalidece. Ao
pressão toque a área não
empalidece.

128
Fatores Individuais que podem Influenciar a Satisfação da NHF Manter o corpo limpo, com boa aparência e a
proteger os tegumentos
Fatores biológicos Fatores psicológicos Fatores sociológicos Fatores culturais e
espirituais
• Idade • Estado de consciência • Materiais auxiliares de • Significado e crenças da
• Imobilidade • Força de vontade prevenção de UP higiene na família e na
• Diaforese (transpiração • Hábitos de limpeza do • Condição económica cultura
excessiva) corpo e da roupa • Estruturas de apoio • Crenças relativamente à
• Incontinência deficitários social alimentação
• Défice nutricional • (…) • Educação • (…)
• Doenças crónicas • (…)
• Perceção sensorial
• Infeções
• (…)

1 – Intervenção de enfermagem à pessoa na Prevenção de UPP


Avaliação do risco de desenvolvimento UPP

→ Avaliação estruturada do risco com a maior brevidade (até 8h após a admissão ou


na 1ª visita domiciliária) e repetir sempre que necessário.

→ Avaliação completa das condições da pele:


o Considerar nas pessoas com UPP um maior risco de desenvolver outras UPP e
de progressão das existentes;
o Avaliar resposta da pele ao branqueamento, calor local, edema, consistência do
tecido em relação ao tecido circundante;
o Inspecionar a pele sob e em redor de dispositivos médicos pelo menos 2X por
dia;
o Avaliar toda a pele e dar ênfase às proeminências ósseas.

→ Zonas de maior risco de desenvolvimento de UPP.

Occipital,
omoplata,
cotovelo,
sacrococcígea,
calcâneo

Pavilhões
auriculares, ombro,
região ilíaca,
129
trocânter, côndilos,
maléolos
→ Avaliação da atividade/mobilidade >>> maior risco nas pessoas acamadas e/ou
confinadas a cadeiras de rodas.

→ Considerar como importantes os fatores nutricionais, aumento da humidade da


pele, alterações da perfusão e oxigenação, aumento da temperatura corporal, idade
avançada, perceção sensorial diminuída, alterações hematológicas, estado geral de
saúde.

→ Avaliação do risco de desenvolvimento de UPP com escalas – escala de Braden:


perceção sensorial, humidade, atividade, mobilidade, nutrição, fricção e forças de
deslizamento.

Desenvolver e implementar plano de prevenção baseado no risco de


desenvolvimento de UPP

Cuidados preventivos com a pele

a) Levante
b) Mudanças de decúbito da pessoa no leito
c) Manter pele limpa e seca
d) Utilizar ph equilibrado para limpeza da pele
e) Não massajar vigorosamente a pele que esteja com risco de UPP
f) Desenvolver e implementar um plano individualizado de tratamento da
incontinência
g) Utilizar produtos de barreira
h) Considerar a utilização de emolientes em pele seca

130
Terapias emergentes para a prevenção de UPP

→ Controlo microclimático – considerar o uso de superfícies de apoio com capacidade


de controlar a humidade e temperatura, não aplicar dispositivos de aquecimento
sobre superfícies cutâneas ou UPP.

→ Uso de pensos de proteção – considerar a aplicação de pensos de espuma de


poliuretano nas proeminências ósseas.

2 – Intervenção de enfermagem À PESSOA na Prevenção e TRATAMENTO das UPP

Levante e mudanças de decúbito da pessoa no leito

→ Estabelecer plano para a pessoa estar sentada: de forma progressiva e de acordo


com a tolerância da pessoa.

→ Posicionar as pessoas em risco ou já com UPP, cuja frequência depende: superfície


de apoio para redistribuição da pressão utilizada, tolerância tecidular, nível de
atividade e mobilidade, condição clínica geral, objetivos gerais do posicionamento,
condição da pele, conforto.

→ Estabelecer planos de posicionamento com: frequência + duração + ensino à pessoa


para manobras de alívio da pressão.

→ Dispositivos de posicionamento a não utilizar: dispositivos em forma de anel ou


argola; para elevar os calcâneos não utilizar almofadas em pele de carneiro sintética
(as de pele de carneiro natural podem ser utilizadas), dispositivos em forma de anel
ou “donut”, sacos de fluidos intravenosos, luvas cheias de água.

→ Não posicionar sobre proeminências ósseas que apresentem eritema não


branqueável, sobre UPP ou áreas suspeitas de lesão profunda com pele intacta.

→ Evitar sujeitar a pele a pressão ou forças de cisalhamento >>> não arrastar na cama,
não posicionar em contato direto com dispositivos médicos…

→ Avaliar regularmente a condição da pele e conforto da pessoa, manter a pele limpa,


sem humidade mas hidratada.

→ Considerar a superfície de apoio para redistribuição da pressão a utilizar.

131
Nutrição adequada
→ Efetuar rastreio nutricional (uso de instrumento de rastreio nutricional) à risco de
desnutrição à encaminhar para nutricionista.

→ Avaliar a capacidade da pessoa comer de forma independente.

→ Avaliar a adequada ingestão total de nutrientes >>> Desenvolver um plano


individualizado de cuidados nutricionais em equipa:
• - ingestão energética e proteica individualizada >>>> ingestão alimentar oral +
suplementos nutricionais de elevado valor calórico e proteico no intervalo das
refeições (se necessário);
• - se ingestão oral insuficiente >>>> suporte nutricional entérico e parentérico
→ Hidratação, vitaminas e sais minerais adequados
Superfícies de apoio para redistribuição da pressão
→ São “dispositivos especializados de redistribuição da pressão concebidos para gerir
as cargas teciduais, o microclima e/ou outras funções terapêuticas (ou seja,
colchões, sistema integrado na cama, substituição de colchões, colchões de
sobreposição, almofadas de assento ou sobreposições de almofadas de assento”
(NPUAP, 2007).

→ Os dispositivos devem ser escolhidos de forma individual dependendo de:


o Nível de imobilidade e inatividade;
o Necessidade de controlo do microclima e redução do cisalhamento;
o Altura e peso da pessoa;
o Risco de desenvolvimento de novas UPP;
o Nº, gravidade e localização das UPP existentes;
o Condições económicas da pessoa e contexto ambiental (ex: caraterísticas da
cama no domicílio).

→ Seguir as recomendações do fabricante na manutenção e utilização dos dispositivos.

→ Tipos de dispositivos:

• • Colchões anti-escaras;
• • almofadas anti-escaras;
• • Outros dispositivos de redução de pressão
Mas atenção …. NÃO eliminam por completo a pressão sobre a superfície corporal e
NÃO substituem nem minimizam os cuidados de enfermagem na prevenção de UPP!

132
Colchões de silicone Colchões de Pressão alterna

Colchões de espuma

Almofadas de gel

133
3 – Intervenção de enfermagem à pessoa no TRATAMENTO das UPP

Avaliar a pessoa com UPP

→ Valores e objetivos dos cuidados da pessoa e/ou significativos.

→ Impacto da ferida na qualidade de vida (instrumento de avaliação ferida) –


Esquema de Cardiff de impacto da ferida na vida diária.

→ Conhecimentos e crenças sobre a prevenção e tratamento de UPP.

→ História clínica: Idade; Doenças crónicas, diabetes, doença oncológica, DHC, IC,
doenças imunológica; Medicação habitual, valores analíticos…).

→ Exame físico – fatores que afetam a cicatrização (perfusão tecidular, edemas,


hipoxia, incontinência, estado da pele…).

→ Saúde psicológica, comportamental e cognitiva.

→ Capacidade funcional.

→ Avaliação nutricional.

→ Dor associada a UPP.

→ Risco de desenvolver outras UPP.

→ Recursos sociais e económicos.

→ Eliminar os fatores de risco modificáveis (uso de equipamento especializado).

→ Capacidade de aderir a um plano de prevenção e de tratamento de UPP.

→ Avaliação da UPP.

Ponderar custos/benefícios do
tratamento para a pessoa

Preparação da pessoa para o tratamento (esclarecimento e consentimento informado)

→ Consentimento informado e explicar como pode colaborar.

→ Administrar analgésicos em SOS.

→ Proporcionar privacidade: puxar as cortinas e descobrir apenas a área para ter


acesso ao local do penso.

→ Instalar a pessoa confortavelmente.

→ Se possível, fazer o penso após os cuidados de higiene.

→ Informar a pessoa e/ou significativos sobre o processo normal de cicatrização,


como identificar sinais de cicatrização ou deterioração da ferida, os
sinais/sintomas que devem ser comunicados aos profissionais de saúde.
134
Avaliar a UPP: localização, categoria/grau, dimensão – profundidade; largura e
comprimento (área), perímetro, ausência/presença de exsudado – seroso, fibrinoso,
hemático, purulento, tipo de tecido da ferida - epitelização, granulação, fibrinoso,
desvitalizado e necrosado, cor, condição da pele perilesional, bordos da ferida, trato
sinusal, cavitações, tunelizações, ausência/presença de dor, ausência/presença de
microrganismos patogénicos, odor, presença de complicações (hemorragia).

→ Deve ser feita uma avaliação inicial que serve de ponto de partida. A partir daí devem
fazer-se avaliações regulares:
o Cada vez que se muda o penso >>> procurar sinais que indiquem necessidade
de mudança de tratamento.
o Reavaliação completa pelo menos semanal (espera-se sinais de cicatrização
no espaço de 2 semanas) >>> documentar todas as avaliações.

→ Devem ser usados instrumentos de avaliação do estado de cicatrização da ferida:


Instrumento de Avaliação do Estado da Úlcera por Pressão (PSST PT) e Escala de
Cicatrização da Úlcera por Pressão (PUSH TOOL PT).

Escala de cicatrização de UPP (PUSH TOOL PT)


- Avaliação de 3 dimensões: comprimento x largura, quantidade de exsudado e tipo de
tecido.

- Score à 0-17 (quanto mais elevado pior o estado da ferida).
- Pode-se usar para outras feridas além das úlceras por pressão.
Instrumento de avaliação do estado da UPP (PSST PT)
- Permite a leitura rápida da regeneração ou degradação da ferida.
- Avaliação de 13 dimensões.
- Score à 13-65 (quanto mais elevado o score, pior o estado da UPP).
- Só pode ser usado em úlceras por pressão.

→ Deve-se reavaliar a pessoa e o plano de tratamento da ferida assim que se observem


sinais de deterioração na ferida e/ou na pessoa.

135
→ Avaliação da Ferida: MEASURE

• M (measure) – comprimento, largura, profundidade e área.

• E (exsudate) – quantidade e tipo de exsudado.

• A (appearence) – aspeto da ferida, tipos de tecidos, cor, inflamação.

• S (suffering) – Tipo e intensidade de dor.

• U (undermining) – presença ou ausência de locas ou sinus tractus.

• R (re-evaluate) – monitorização regular de todos os parâmetros.

• E (edge) – condição dos bordos da ferida e pele circundante.

Categoria/Grau I - eritema
não branqueável em pele
intacta (início da UPP).

Categoria/Grau II - Perda
da integridade cutânea
(epiderme e/ou a derme),
ferida superficial rasa com
leito vermelho-rosa e sem
tecido desvitalizado –
flictena, úlcera brilhante ou
seca.

• total da
Categoria/Grau III - perda
espessura da pele • (tecido
subcutâneo visível mas • sem

exposição do osso, tendões e
músculos). Pode ter• tecido
desvitalizado mas não oculta a
profundidade dos tecidos lesados.
Podem ser cavitadas ou
fistulizadas.
Categoria/Grau IV - perda total da
espessura dos tecidos (músculos e
ossos visíveis). Pode ter tecido
desvitalizado (húmido) ou necrose
(seca). Frequentemente cavitadas
CLASSIFICAÇÃO DAS
ou fistulizadas.
UPP –

136
NPUAP/EPUAP/PPPI (2014)
Não graduáveis/inclassificáveis – perda total da espessura dos tecidos, na qual a base
da UPP está coberta de tecido desvitalizado ou necrótico >>>> não se consegue
determinar a verdadeira profundidade.

Suspeita de lesão nos tecidos profundos: profundidade indeterminada – área vermelho


escura ou púrpura em pele intacta e descolorada ou flitena preenchida com sangue.
Área pode estar rodeada por tecido doloroso, firme, mole, húmido, mais quente ou mais
frio.

Preparar o leito da ferida – limpeza da UPP

→ Limpar sempre que se substituir penso com SF - é o soluto de limpeza ideal pelas
suas propriedades isotónicas e por não interferir no processo de cicatrização.

→ Água Potável, mas desde que corra durante 15 segundos antes de ser utilizada, e
deve ter em conta a natureza das UP e o estado geral da pessoa.

→ Há autores que não recomendam a Água Potável no contexto hospitalar pelo risco
de infeção.

→ As soluções de limpeza devem estar mornas >>> atividade mitótica abranda com
a baixa de temperatura (40 min para retomar a temperatura original e 3 h para a
atividade mitótica retomar na sua plenitude).

→ Considerar a utilização de técnica asséptica quando a pessoa, a ferida ou o


ambiente de cicatrização da ferida estiverem comprometidos.

→ A limpeza das UPP deve ser feita por irrigação. Esfregar não é indicado.

→ A pressão de irrigação deverá ser a idêntica à pressão de uma seringa de 20 ml


adaptada a um cateter de 18 G (entre 5-8 psi).

→ Não usar antissépticos em UP abertas. Só usar, com precaução, em caso de infeção


e que não mostre sinais positivos de cicatrização.
Nota: LIMPEZA DE FERIDAS CRÓNICAS: ABORDAGEM BASEADA NA EVIDÊNCIA | Journal
of Aging and Innovation

137
LIMPEZA DE FERIDAS CRÓNICAS: ABORDAGEM BASEADA NA EVIDÊNCIA
Como fruto da revisão sistemática da literatura efetuada, propõem-se como esquema
de atuação para a limpeza de feridas crónicas:
• No que diz respeito aos solutos de limpeza, considera-se a Solução Salina, como a
solução ideal, pelas suas propriedades isotónicas e por não interferir no processo de
cicatrização. Este soluto, não causa dano no tecido, não provoca sensibilização ou
alergia, nem altera a flora bacteriana normal da pele.
• No entanto, vários autores recomendam a Água da Torneira para limpeza de feridas
crónicas, afirmando que esta é eficiente ao nível do custo efetivo e de fácil
acessibilidade, não se verificando efeitos adversos.
• Convém referir que só pode ser usada se for potável e deve correr 15 segundos antes
de ser utilizada, além de que, deve ter em conta a natureza das feridas e o estado
geral da pessoa.
o Em Feridas Crónicas pode ser feita a limpeza com Água Potável, se a Solução
Salina estiver indisponível, assim como também pode ser utilizada a água
fervida e arrefecida.
o Alguns estudos, referem que não existem diferenças estatisticamente
significativas em feridas limpas com Solução Salina, comparadas com a Água.
Sendo assim, para as feridas que não estão contaminadas pode ser utilizada
Água Esterilizada, Solução Salina Normal ou Água da Torneira.
• Por outro lado, vários autores desaconselham o uso de antissépticos em feridas
abertas, uma vez que podem conter detergentes, tornando-se agressivos para o
tecido em formação. Deste modo, afetam as células normais, alterando
negativamente o tecido normal de reparação. Contudo, outros autores referem que
estas soluções podem ser usadas apenas a título excecional e com precaução, uma
vez que a sua toxicidade pode superar qualquer benefício.
o Se os profissionais usam antissépticos como agentes bactericidas, a sua
efetividade deve ser avaliada, devido aos efeitos nocivos que estes poderão
causar ao tecido saudável, nomeadamente nos queratinócitos e fibroblastos. Os
queratinócitos que existem na camada basal da epiderme, são mais sensíveis a
agentes de limpeza tais como: Peróxido de Hidrogénio, Solução de Dakin,
Iodopovidona.
o Apesar de ser considerado inócuo o Peróxido de Hidrogénio danifica uma série
de componentes celulares. É necessário aplicar grandes concentrações, devido a
atividade da catálase das principais bactérias patogénicas.
o O Hipoclorito de Sódio não deve ser usado por danificar o tecido.
o Relativamente à utilização de soluções de Iodopovidona, estudos demonstram,
que mesmo soluções diluídas são tóxicas para os fibroblastos humanos. Esta
solução inibe fortemente o crescimento celular, que em concentrações
superiores a 0,1% inibe fortemente a atividade mitótica. Além disto, verifica-se
uma menor taxa de cicatrização de feridas em doentes tratados com altas
concentrações de Iodopovidona.

138
o A solução de PHMB com Betaína, é adequada para a preparação do leito da ferida,
remoção do biofilme, gestão de odores, redução do nível de exsudado, bem como
redução da dimensão da ferida. Além disto, é altamente histocompatível, não
citotóxica, sendo uma das soluções mais utilizadas atualmente, incluindo em
feridas infetadas com MRSA.
• No que diz respeito às técnicas utilizadas na limpeza de feridas crónicas, verifica-se
que esfregar e irrigar, são as técnicas mais comuns de limpeza. No entanto, esfregar
uma ferida não remove da superfície as bactérias, mas redistribui-as, podendo
ainda, introduzir corpos estranhos e traumatizar os novos tecidos de granulação e
epitelização.
o Pelo contrário, a lavagem por irrigação, assegura uma limpeza adequada do
leito da ferida.
o Outro fator a ter em conta, é a pressão durante a irrigação. A pressão excessiva,
pode conduzir os detritos do leito da ferida, para a profundidade, mas por outro
lado, a pressão insuficiente é ineficaz, para remover os detritos ou exsudado.
Considera-se que a irrigação com pressão compreendida entre 5 – 8 psi, é o
método mais eficaz de limpeza (pressão obtida com uma seringa de 20 ml
adaptada a uma agulha ou cateter de 18 G).
o Relativamente ao equipamento, verifica-se que os profissionais de saúde,
devem privilegiar o uso de luvas e compressas de tecido-não-tecido, em
oposição às pinças ou às compressas de gaze. Estas, podem deixar resíduos no
leito da ferida, atrasando a cicatrização. Além disto, as pinças não são ser fáceis
de usar pela maioria dos profissionais e não impedem a contaminação da ferida.
A irrigação da ferida prevalece como método mais eficaz.

Preparar o leito da ferida – Time

Tissue - Tratamento do tecido - Remoção do tecido necrótico


(desbridamento).

Infection - Controlo da inflamação e da infeção -Diminuir


TIME >>> DIM+E a carga bacteriana (limpeza da ferida).

Edge - Avanço epitelial/margens -Pele circundante macerada? -Pele


circundante com calosidades?
Avanço epitelial/margens: pele circundante macerada, com
calosidades – aplicação de vaselina, cavilon…).

Moisture - Equilíbrio da humidade -Controle de exsudado. Equilíbrio da


humidade (o exsudado em grande quantidade causa maceração da pele
circundante).
139
TISSUE - Controle do tecido não viável:

• Desbridar (remoção do tecido desvitalizado e necrosado da ferida).


• Existem diversas técnicas de desbridamento (autolítico; enzimático; larvas,
mecânico, cortante/conservador, combinação das anteriores,
cirúrgico/cortante).
•O tecido necrosado seco não precisa de ser desbridado se não houver edema,
eritema, flutuação ou drenagem >>> remoção com pensos que criam um
ambiente húmido que favorecem a autólise (hidrogéis e hidrocolóides).
Recomendações:

Caraterísticas da UPP e objetivo do tratamento Métodos de desbridamento


Quando não há necessidade urgente de Mecânicos, autolíticos, enzimáticos, biológicos
remoção de tecido desvitalizado
Necrose extensa, celulite avançada, crepitação, Cirúrgico/Cortante
flutuação e/ou sepsis de uma infeção R/C UPP
Pessoas com UPP de categoria/grau III ou IV com Encaminhar para avaliação cirúrgica
cavitações, tunelizações/tratos sinusais e/ou
tecidos necróticos extensos que não podem ser
facilmente removidos por outros métodos de
desbridamento

INFECTION - Controle da inflamação e infeção.

FATORES DE RISCO PARA INFEÇÃO DA UPP


• Presença de tecido necrótico ou corpo estranho na UPP
• UPP já existe há um longo período
• UPP grandes em tamanho e profundas
• UPP suscetível de ser repetidamente contaminada (ex: perto do ânus)
• Condição de saúde da pessoa: Diabetes, imunossupressão…
Sinais/sintomas indicadores de fortes suspeitas de infeção local na UPP
• Ausência de sinais de cicatrização após 2 semanas
• Tecidos granulados quebradiços
• Mau odor
• Aumento de dor na UPP
• Aumento de calor no tecido ao redor da UPP
• Aumento da drenagem da ferida
• Pior aspeto na drenagem da ferida (ex: reaparecimento de sangue, drenagem purulenta)
• Maior quantidade de tecido necrótico no leito da UPP e/ou aparecimento de bolsas
Sinais/sintomas indicadores de fortes suspeitas de biofilmes
• UPP que tenham aparecido há mais de 4 semanas
• UPP não mostrou sinais de cicatrização nas últimas 2 semanas
• UPP apresenta sinais/sintomas clínicos de inflamação
• UPP não responde à terapia antimicrobiana

140
Sinais/sintomas de infeção aguda a “espalhar-se”
•Eritema que se estende desde a borda da UPP
• Enduração
• Dor ou calor novos ou em crescendo
• Drenagem purulenta
• Aumento do tamanho da UPP
• Crepitação, flutuação ou descoloração da pele circundante
• Febre, mal-estar e linfonodomegalia (aumento de um ou mais linfonodos)
• Confusão/delírio e anorexia (principalmente em idosos)

Os biofilmes são comunidades biológicas com um elevado grau de organização, onde as


bactérias formam comunidades estruturadas, coordenadas e funcionais.

Determinar a biocarga bacteriana


da UPP

Tratamento da - Otimizar a resposta do hospedeiro: tratar os défices


UPP com infeção nutricionais, estabilizar a glicémia, melhorar o fluxo sanguíneo
arterial, reduzir terapia imunossupressora, se possível...
- Evitar a contaminação da UPP
- Reduzir o biofilme (desbridamento e antissépticos tópicos)
- Reduzir a carga bacteriana (considerar a utilização de
antissépticos tópicos não-tóxicos adequados: compostos de iodo,
compostos de prata, polihexanida e betaína, clorexidina,
hipoclorito de sódio, ácido acético
- Limitar a utilização de antibióticos tópicos (custo-benefício)
- Utilizar antibióticos sistémicos em situações de infeção
sistémica

Escolha do tratamento (apósitos a aplicar).

IMPLICAÇÕES
Manter a humidade da úlcera Não utilizar pensos secos. Não secar a úlcera após
irrigação mas apenas a pele adjacente.
Remover o excesso de exsudado Adaptar o penso consoante a quantidade de exsudado
observado. Se necessário colocar um penso secundário
para que haja uma maior capacidade de absorção.
Possibilitar as trocas gasosas Selecionar o penso apropriado.
Proporcionar a estabilidade térmica Não limpar a ferida com produtos frios. Não remover o
penso deixando a úlcera exposta por longos períodos.
Impermeabilizar as bactérias Fixar o penso como uma moldura.
Estar isentos de partículas e contaminantes Não utilizar algodão
Ser de fácil remoção Não utilizar pensos secos. Irrigar com SF a 0,9% morno.

141
FATORES A CONSIDERAR NA SELEÇÃO DO MATERIAL DE PENSO:

• Análise da UPP: necessidade de tratar/diminuir a carga bacteriana, natureza e


volume do exsudado da ferida, estado do tecido no leito da ferida, condição da
pele perilesional, tamanho, profundidade e localização da ferida, presença de
tunelizações e/ou cavitações.
• Penso com capacidade de manter o leito da ferida húmido.
• Proteção da pele perilesional.
• Objetivos dos cuidados.
• Avaliação da pessoa na globalidade da sua saúde física e psicossocial.
• Custo do tratamento (relação custo - eficácia – durabilidade e capacidade de
atuar face à exsudação da ferida).
• Grau requerido de intervenção de enfermagem.
• Disponibilidade dos pensos.
• Questões sociais, psicológicas, ambientais (pessoas em tratamento na
comunidade ou no hospital).
Vantagens do material de penso atual: O processo de cicatrização é mais rápido.
Capacidade de eliminação do odor, diminuição da dor e absorção de exsudado. Proteção
da ferida. Não causar trauma à pessoa. Requere menos mudanças. Mantém as
condições de humidade na ferida (os pensos de Filme e os Pensos Hidrocolóides estão
entre os 1º a serem capazes de manter um ambiente húmido favorecendo a cicatrização
de feridas.
Nota: O Meio húmido – favorece a migração celular necessária para a reparação dos
tecidos.
MATERIAL DE PENSO:
Tipos de apósito: apósito, em bisnaga, em pó, em gel, em spray, para feridas cavitárias.

Considerações:

• Apósito para ferida superficial (ex: hidrocolóide…):


1. A região central do penso deve ficar no leito da ferida.
2. Deve ficar uma margem do apósito de cerca de 2-3 cm para fora do leito da
ferida para proteger a pele circundante.
3. Não cortar o rebordo dos apósitos que os têm – sai exsudado.
4. Não cortar os pensos sem rebordo porque alguns não podem ser cortados (ler
indicações do fabricante).

142
• Apósito para feridas cavitadas (ex: alginatos, hidrofibras…):
a) Estes pensos podem ser cortados.
b) Deve-se preencher apenas ¾ da ferida com estes apósitos – risco de remoção
de tecidos viáveis.

• Apósito em bisnaga (ex: hidrogel):


1. - Pode-se aplicar em feridas cavitadas e/ou na superfície.
2. - Deve-se usar 1 bisnaga por aplicação.

• Apósito em pó (ex: colagénio…): pode-se aplicar em feridas cavitadas e/ou


superficiais. É aplicado localmente e deve ser coberto por penso. É absorvido pelo
organismo.

• Apósito em spray (ex: cavilon,…): no caso do cavilon não se deve aplicar em feridas
abertas. Protege a pele.

INDICAÇÕES DE MATERIAL DE PENSO


Indicação principal Tipo de penso Mecanismo de ação
Controlo de odor Carvão Adsorção de odores resultantes da
intensa atividade metabólica dos
microrganismos.
Controlo de exsudado Alginatos, hidrofibras, espumas Absorver o excesso de exsudado no
leito da ferida, mantendo a
humidade ideal para cicatrização.
Controlo de infeção Ácidos Gordos Esterificados, Iodo, Ação bactericida/bacteriostática em
mel, polihexametileno biguanida, feridas infetadas.
prata
Desbridamento Colagenase; Hidrogel em gel; Degradação dos tecidos necrosados
Poliacrilatos através de processos enzimáticos ou
autolíticos.
Granulantes/ Epitelizantes Hidrocolóides; Hidrogel em penso; Manutenção da humidade no leito
Películas da ferida.
Promotores da cicatrização. Acido Hialurónico; Colagénio Estimulação do processo de
cicatrização por cedência de
substâncias endógenas envolvidas
na formação e maturação da matriz
extracelular.
Protetores Cutâneos Polímeros Acrílicos; Películas Proteção da pele contra agressões
externas.

Tipos de pensos: pensos primários (entram em contato com o leito da ferida) e pensos
secundários (cobrem os pensos primários ou fixam o penso primário ao local).

• Nota: Há vários pensos que atuam como penso primário e secundário.

143
Tipos de apósitos de acordo com as suas características e com a finalidade
Atuação/Características Recomendado Não recomendado Cuidados
- Pensos de Película -Imitam camada da pele e -UPP de Categoria I e II -Como penso -Remover
Transparente fornecem ambiente -Proteção da pele primário em úlceras cuidadosament
(filmes) (pode húmido macerada e da ferida moderada ou e quando estão
manter até 7 dias – -São semipermeáveis aos contra a fricção altamente aderentes a
depende das gazes -Penso secundário das exsudativas pele frágil;
indicações do -Permite às células úlceras tratadas com -Úlceras infetadas - Remover
fabricante e da epiteliais migrarem sobre alginatos ou outros -Como cobertura de utilizando a
avaliação da ferida). a superfície da ferida enchimentos que pensos com agentes técnica por
-Barreira protetora fiquem na ferida por desbridantes estiramento.
contra exterior tempo prolongado (3- enzimáticos, géis ou
-Ajudam no 5 dias) pomadas
desbridamento autolítico

Polímeros acrílicos -Gel, spray, cotonetes -Proteção cutânea, -Alergia aos -Só usados em
impregnados, creme - nomeadamente na componentes. - pele íntegra.
Formam uma camada proteção perilesional Sobre ferida aberta
semipermeável que de colagem dos e zonas infetadas
permite as trocas gasosas adesivos. com micoses.
entre a pele e o exterior
Hidrocolóides (pode - Pensos ou pastas - -UPP categoria/grau II -Alergia aos - Remover com
manter de 6 a 9 dias Combinado com outros em áreas do corpo em componentes -UPP técnica de
– depende das constituintes (Ex: que não se desloquem muito Exsudativas estiramento ou
indicações do hidrofibras, alginatos - UPP categoria/grau e/ou infetadas por enrolamento
fabricante e da - Pensos têm película III não infetadas e anaeróbios; -O diâmetro do
avaliação da ferida) externa impermeável (faz pouco profundas -Lesões por hidrocoloide
trocas gasosas mas - Desbridamento humidade ou deve
protege do exterior) autolítico combinadas; ultrapassar a
- Diminui a sensação de - Feridas com tecido -UPP categoria II borda da ferida
dor local, estimula a de granulação ou com flictena; - pelo menos 3
angiogénese, o epitelização com Úlceras de Perna. cm.
desbridamento (remover pouco ou moderado
tecido morto) autolítico, exsudado
acelera a granulação. - Penso secundário de
outros (hidrogel,
colagenase).

Hidrogel (pode - Gel amorfo e penso - - Pensos hidrogel – - Alergia aos - Deve ser
manter 3 dias - Promove hidratação dos UPP com ou sem componentes - UPP associado um
depende das tecidos secos >>> necrose, muito exsudativas penso
indicações do estimula a migração e minimamente >>> maceração dos secundário que
produção de enzimas exsudativas ou com permita a trocas

144
fabricante e da proteolíticas leito seco, dolorosas, bordos e da pele gasosas,
avaliação da ferida) (desbridante autolítico) pouco profundas, em circundante à UPP impermeável às
,a angiogénese e a zonas do corpo em - Feridas infetadas bactérias e evite
granulação de tecidos e que os pensos corram absorver o gel
diminui a inflamação e o risco de se deslocar - (películas
dor absorvendo o Hidrogel amorfo - UPP transparentes e
exsudado com tecido de hidrocolóides) -
epitelização, de Aplicar com
granulação e/ou altura de 3 a
desvitalizado/necrose 5mm;
, não infetadas, com -Proteger pele
profundidade e em perilesão com
zonas do corpo em produto
que os pensos corram barreira.
o risco de deslocar.
Alginato (pode - Penso ou tira - - UPP de moderadas a - UPP
- Irrigar o penso pouco
manter até o penso Combinado com outros altamente exsudativas exsudativas
para o retirar à
saturar - depende constituintes (Ex: prata, - UPP infetadas em aderem ao leito da
- Espaçar o
das indicações do hidrocolóides concomitância com ferida
intervalo de
fabricante e da - Absorve exsudado e administração de - Alergia
substituição do aos
avaliação da ferida) mantém a humidade na tratamento para a componentes
penso (se
UPP à promove o infeção. - Feridas
estiver seco no com
desbridamento do tecido necrose;
momento
inviável, a granulação, e - Feridas
agendado para com
alívio da dor; exsudado fibrinoso.
substituir)
- Propriedades - Colocar só no
Hemostáticas (ca²+) leito da UPP
para não
macerar a pele
circundante
- Exige penso
secundário
(UPP planas –
espuma ou
película
transparente;
UPP cavitária
– película
transparente,
hidrocolóide,
espuma)
-podem ser
cortados.
Espuma - Pensos de rebordo - UPP categoria II e - Alergia aos - No
(Hidropolímeros e adesivo, sem rebordo com exsudado e de componentes. preenchimento
Hidrocelulares) adesivo e cavitários categoria III pouco de cavidades
(pode manter até 7 profundas não devem ficar

145
dias - depende das - Combinado com outros - UPP altamente justas aos
indicações do constituintes (Ex: prata) exsudativas bordos >>>>>
fabricante e da - Trocas gasosas, não - Como penso pressão
avaliação da ferida) passagem de fluidos e primário ou excessiva e
bactérias, absorção de secundário. danos dos
1- Penso de exsudado de moderada a tecidos.
espuma com grande quantidade
rebordo - Contém o exsudado não
adesivo o deixando passar para o
leito da UPP
- Permite remoção sem
trauma e não deixa
resíduos
– Mantém leito da ferida
2- Penso de húmido – promove a
espuma sem granulação
rebordo
adesivo

3- Penso de
espuma para
UPP
cavitárias

Pensos impregnados - Penso ou pomada. - UPP clinicamente - Alergia aos - Evitar


de prata (pode - Combinada outros infetadas ou com componentes utilização
manter até 7 dias - constituintes (Ex: carvão colonização. - Grávidas ou prolongada
depende das ativado, hidrofibras, mulheres a destes pensos
indicações do alginatos ou espumas) amamentar >>>>
fabricante e da -Ação bactericida - - Tratamento interromper
avaliação da ferida) Atenua odores contínuo >>>> iões utilização
- Pode existir na forma prata podem afetar quando a
iónica ou metálica. fibroblastos e infeção estiver
células epiteliais. controlada
- Ao fim de 2
semanas se não
houver
evolução da
UPP, deve-se
146
interromper e
reavaliar
- Pode precisar
de penso
secundário
- Alguns podem
ser cortados
- Se argiria
(mudança na
cor da pele
causado por um
acúmulo de
prata no
organismo)
>>>> alteração
de penso.
Pensos impregnados - Gel, penso com ou sem - UPP de - Alergia ao mel. - Pode ser
de mel (pode manter rebordo, pasta categoria/grau II e III necessário
até 2 dias - depende - Ação osmótica - Feridas infetadas. penso
das indicações do – mantém leito da ferida secundário.
fabricante e da húmido à desbridamento
avaliação da ferida) autolítico sem permitir
crescimento bacteriano
- Ação antioxidante
>>>>> promove
cicatrização
- Ação antimicrobiana
- Neutraliza odores.

Pensos impregnados - Gaze impregnada de - UPP infetadas pouco - Alergia ao iodo - Exige penso
de Iodo (pode iodopovidona, exsudativas - UPP profundas secundário
manter até 3 dias compressa de amido (compressa - Alterações renais - Remover com
(gaze impregnada) e (cadexómero) impregnada por ou da tiróide irrigação
7 o cadexómero de impregnada de iodo, polietilenoglicol) - Pessoas que abundante de
iodo) pasta, pó de cadexómero - UPP infetadas tomem lítio S.F (minimizar
de iodo moderada a - Grávidas e crianças remoção
1- Gaze - Antimicrobiano altamente exsudativas até 6 meses. traumática).
impregnada (cadexómero de iodo)
de - UPP infetadas ou
iodopovidon com colonização
a (mudar critica de categoria II
quando o (tipo abrasão).

147
penso
descolora).

2- Cadexómero
de iodo
(pasta, pó,
compressa)

Hidrofibras (pode - Penso ou tira - UPP muito - Alergia aos - Exige penso
manter até 7 dias - - Pode vir associado a exsudativas. constituintes secundário
depende das outros constituintes (ex: - UPP com pouco - Nas feridas
indicações do prata) exsudado cavitárias não
fabricante e da - Grande capacidade de - Feridas com preencher a
avaliação da ferida) absorção de exsudado, necrose cavidade na
ocorrendo verticalmente - Feridas com totalidade
e sem expansão lateral exsudado fibrinoso. - Preencher 75%
>>>> previne maceração da loca
dos tecidos adjacentes - Podem ser
>>>> penso transforma- cortados,
se em gel >>>> mantém mesmo os que
leito da UPP húmido têm na sua
- Promove o composição
desbridamento autolítico prata.
e a granulação, diminui a
sensação de dor local e
remove-se sem dor.

Carvão ativado - Apresenta-se associado - UPP com odor - Alergia aos - Não devem ser
(pode manter até 7 a outros constituintes intenso componentes cortados >>>>
dias - depende das (Ex: hidrofibras, alginato - Usado - UPP secas descoloração de
indicações do e prata preferencialmente - Não aplicar tecidos e pode
fabricante e da - Adsorvem (adesão) sobre outros pensos diretamente no mascarar
avaliação da ferida) moléculas que originam o de preenchimento. leito da ferida >>>> avaliação da
odor intenso facilmente UPP

148
- São permeáveis pelo inativados pelo - Requer penso
que mantêm leito da UPP exsudado. secundário -
húmido. Avaliar a dor
>>>> adesão do
penso ao leito
da UPP?
Colagenase (diário) - Pomada - Tecidos necrosados e - Alergia aos - Vigiar a pele
- Desbridante enzimático viscosos ricos em componentes. circundante
>>>> quebra as fibras de fibrina. porque a
colagénio que prendem o colagenase
tecido necrótico à base aumenta o
da ferida exsudado
- Aumenta o exsudado. - Iodo e prata
inativam a
colagenase
-Aplicar
diretamente na
ferida 1 a 2mm
- Exige penso
secundário
-Colocar
produto
barreira na pele
perilesão.
Colagénio (diário – - Pó com colagénio e - Todas as UPP com - Alergia aos - Exige penso
seguir as indicações fatores de crescimento; fase inflamatória componentes. secundário de
do fabricante e da esponja de colagénio muito prolongada, baixa
avaliação da ferida) com antibiótico; penso que não tenham aderência.
com colagénio e celulose, tecido necrosado,
com e sem prata. desvitalizado ou
- O colagénio exógeno infeção (com exceção
atua como substrato das do colagénio com
metaloproteinases prata ou com
inativando o seu excesso antibiótico).
na ferida. Os produtos da
sua degradação criam
ambiente favorável à
migração de células ao
longo do tecido de
granulação. É
hemostático em feridas
hemorrágicas.
Poliacrilato (pode - Pode vir associado a - UPP com necrose - Alergia aos - Não deve ser
manter até 7 dias - outros constituintes (Ex: seca e/ou depósitos constituintes. cortado
depende das Polihexametileno de fibrina. - Deve ficar no
indicações do Biguanidas) interior das
fabricante e da margens da UPP

149
avaliação da ferida) - Hidrata o leito da UPP e para não
(associado a não permite a passagem macerar os seus
Polihexametileno de fluidos para o exterior bordos.
Biguanidas) (pode - Desbridamento
manter até 3 dias - autolítico.
depende das
indicações do
fabricante e da
avaliação da ferida)

Ácidos gordos -Tecido de acetato - Feridas infetadas ou - Alergia aos - Pode ser
esterificados (pode impregnado com ésteres com suspeita de componentes. cortado (com
manter até 3 dias - de ácidos gordos, infeção. exceção do
depende das compressa redonda ou penso com
indicações do plana (pode ter uma das celulose)
fabricante e da faces com película de - Não aplicar
avaliação da ferida) celulose), gaze de outros produtos
algodão impregnada com com
ésteres de ácidos gordos substâncias
em rolo. gordas ou
-Adsorvem os oleosas na sua
microrganismos, têm constituição
ação bacteriostática sem >>>> afetam a
recorrer a agentes eficácia do
químicos, absorvem o penso (no caso
exsudado. do penso com
celulose).
Ácido hialurónico - Creme, pensos com - Feridas com fase - Alergia aos - Exige penso
(pode manter até 3 ácido hialurónico ou este inflamatória componentes secundário
dias - depende das combinado com gaze prolongada como - Não utilizar em adequado ao
indicações do gorda ou com alginato de promotor de simultâneo nível de
fabricante e da sódio cicatrização. desinfetantes exsudado.
avaliação da ferida) - Confere estabilidade e contendo sais de
elasticidade à matriz, amónio quaternário
permite um aumento da (risco de
migração celular, precipitação do
nomeadamente dos ácido hialurónico).
fibroblastos, modula a
resposta inflamatória e
150
aumenta a velocidade de
cicatrização.
Polihexametileno - Penso, gaze impregnada - UPP infetadas. - Alergia aos - Pode ser
biguanidas - Associado a outros componentes necessário
constituintes (Ex: - Não usar durante a penso
espuma, poliacrilato) gravidez e secundário
- Bactericida. amamentação, em - Remover
cartilagem hialina, todos os
em zonas resíduos na
relacionadas com o mudança do
sistema nervoso penso
central, ouvido - Em caso de
médio e regiões feridas
intraoculares. cavitárias
utilizar a gaze
impregnada (é
mais fácil a sua
modelação ao
espaço)
-A utilização
prolongada
deve ser
cuidadosament
e avaliada.

TERAPIA POR PRESSÃO NEGATIVA EM FERIDAS COMPLEXAS E UPP VACCUM ASSISTED


CLOSURE (V.A.C.)
A pressão negativa atua no leito da UPP
por uma esponja hidrofóbica de
poliuterano conectada por um tudo de
plástico à bomba de vácuo. A pressão
pode ser de 50 a 125 mmHg e usada de
forma contínua ou intermitente.
Coloca-se a esponja no leito da UPP de
forma a cobrir toda a sua extensão e
veda-se com película transparente
ficando hermeticamente fechado.
A bomba quando ligada, produz uma
pressão negativa na UPP. A pressão
negativa promove a drenagem do excesso de fluidos do leito da UPP e do espaço
intersticial, reduzindo as bactérias e o edema, aumentando o fluxo sanguíneo local e a
formação de tecido de granulação por restauro do fluxo vascular e linfático conduzindo
a uma melhor cicatrização.

151
→ A V.A.C. deve ser mudada a cada 48 ou 72 h; reduz o tempo de recuperação e
permite melhorar as condições locais da ferida.
→ Usada em várias feridas, com perda de partes moles, em exposição ósseas, com
grande exsudado ou ainda para fixação de enxertos e retalhos.
→ Não se deve aplicar sobre tecido necrótico, osteomielite sem tratamento com AB,
cavidades abdominais ou fistulas, neoplasias ou aplicar diretamente sobre veias
ou artérias.
→ Usar cautelosamente quando há sangramento ativo da ferida, em casos de
coagulopatia ou em hemóstase difícil.
Complicações: Síndrome de choque tóxico devido à presença de um corpo estranho;
Perdas das esponjas nas cavidades, que pode causar granulomas ao seu redor; O
sangramento especialmente em pessoas com coagulopa7a ou quando se verifica o
rompimento de grandes vasos ou enxertos.

Elaboração dos Registos de Enfermagem:


• Realização do procedimento;
• Motivo da realização do penso;
• Características do penso retirado (presença, cheiro, cor, quantidade e
consistência do exsudado);
• Características da ferida (localização, forma, dimensões, bordos e tecido da
região circundante, tipo de tecidos da ferida e presença e características do
exsudado);
• Presença de dor e intervenções;
• Presença de complicações e intervenções;
• Solutos e/ou terapêutica tópica e apósitos
• Colaboração e reação do cliente;
• Intercorrências observadas;
• Estado final/perceção pelo cliente.

152
• Lesões por Humidade

Definição: Lesões provocados na pele por excesso de humidade.


Causas: fatores que aumentam a humidade. Associadas a aumento de idade;
imobilidade, perdas urinaria saúde geral da pessoa, alteração cognitiva e terapêutica.

1. Dermatite perineal
2. Dermatite incontinência: prevalência – entre os 5% a 41% em adultos/ idosos e 7%
a 35% nas crianças.
• 2. 1 E também Dermatite da fralda (na criança e no adulto dermatite associada
à Incontinência (DAI))
• 2.2 A DAI é uma dermatite de contacto ou eczema de contacto; é manifestada
por uma resposta inflamatória da pele, sobretudo na região perineal e nádegas,
por contacto com urina e fezes.
• 2.3 Fatores de risco – Microclima; Microrganismos ; agentes irritantes/
alergizantes.
• 2.4 Pode ser uma Dermatite de contacto alérgica (DCA) (Causas: Cosmética,
Latex, Medicamentos) ou uma Dermatite de contacto Irritativa (DCI) (sabão e
detergentes).
• 2.5 Prevenção e gestão: controlar a causa de incontinência, avaliar a pele da
pessoa, limpeza da pele produtos PH acido (evitando a fricção), aplicar emoliente
- hidratar a pele (mas não em excesso de forma a não promover o aumento da
humidade), expor zonas ao ar, proteger a pele com produto barreira (confere
revestimento impermeável à pele).
3. Dermatite de contacto
4. Úlceras por humidade

Tipos de danos na pele devido à humidade Características /Definição


Dermatite associada à Incontinência (DAI) É a inflamação da pele devido ao contacto
prolongado com urina e fezes, podendo apresentar
sob a forma de eritema ou formação de flictenas.
Dermatite periestomal associada à humidade Inflamação da pele localizada na região circundante
ao estoma/pele devido à humidade.
Dermatite perilesional associada à humidade Compromisso da cicatrização devido à produção
excessiva de exsudado o que provoca maceração.
Intertrigo (dermatite intertriginosa) Condição inflamatória da pele devido à maceração da
pele e que se encontra sobretudo nas pregas
cutâneas, zona infra mamária (mulheres), região
inguinal, devido aumento de transpiração ou pele
mal seca apos higiene.

153
Diagnostico Diferencial UUP e Lesão por humidade: As lesões por humidade são
frequentemente confundidas por UPP e definidas incorretamente por UUP categoria II
ou III.
No entanto, as UPP e as lesões por humidade podem coexistir dando origem às LESÕES
COMBINADAS. Estas são lesões em que a HUMIDADE, PRESSÃO e FORÇAS DE
CISALHAMENTO estão presentes em simultâneo, apresentando formas irregulares e
características similares de ambas.

Dimensões UPP Lesão humidade Considerações


CAUSAS Pressão, Cisalhamento, Humidade: presença urina, Na presença de todos estes
Fricção fezes, suor. fatores pode tratar-se de
Humidade: presença de lesão combinada.
sabão ou pele mal seca
após higiene.
LOCALIZAÇÃO Proeminências ósseas Proeminências ósseas. Pode aparecer lesões por
Pregas cutâneas sulco Intra pressão nos tecidos moles
nadegueiro. Eritema e por sondas: NSG / vesicais
irritação perianal. / O2….
FORMA Lesão limitada ao local, Lesão difusa/ irregular Feridas irregulares são
circular superficial. comuns nas lesões
combinadas.
PROFUNDIDADE Categoria II, Categoria III, Lesões superficiais podem
Categoria IV aumentar na presença de
infeção.
SINAIS/SINTOMAS Eritema não Branqueável Prurido e dor na região do
eritema. Inicio súbito e
extensão a outras áreas
não submetidas a pressão.
NECROSE Não existe.
COLORAÇÃO Rubor não está
uniformemente
distribuído.
BORDOS Bordos difusos e
irregulares.

Quebras cutâneas ou lesões por fricção

É uma ferida provocada por um trauma mecânico (sem corte), resultante da fricção ou
de uma combinação de fricção e cisalhamento.
Prevalente nas pessoas idosas, nas extremidades, com separação da epiderme da derme
(ferida de espessura parcial) ou de ambas das estruturas subjacentes (ferida de
espessura total).
O ‘retalho’ epidérmico ou dermo-epidermico pode estar parcial ou totalmente separado
da ferida, dificultando o diagnóstico.

154
Está relacionada com a fragilidade da pele – comum nos idosos. Mais prevalente do que
as UPP.
Localização: em qualquer zona do corpo, mas mais comuns
no antebraço, nos cotovelos, membros inferiores e nas
mãos.
A dimensão depende da intensidade do trauma. Forma
irregular, pele circundante edemaciada, com equimose e
alteração da coloração.

Classificação STAR (Skin Tear Audit Research) das quebras


cutâneas:

→ Categoria 1a - Lesão por fricção, cujo retalho cutâneo


pode ser realinhado à posição anatómica normal (sem
tensão excessiva); coloração da pele ou do retalho não se
apresenta pálida opaca ou escurecida.


→ Categoria 1b - Lesão por fricção, cujo retalho cutâneo pode ser
realinhado à posição anatómica normal (sem tensão
excessiva); coloração da pele ou do retalho apresenta-se pálida
opaca ou escurecida.


→ Categoria 2ª - Lesão por fricção, cujo retalho cutâneo não pode
ser realinhado à posição anatómica
normal (sem tensão excessiva); coloração da pele ou do
retalho não se apresenta pálida, opaca ou escurecida.

→ Categoria 2b - Lesão por fricção,


cujo retalho cutâneo não pode ser realinhado à posição
anatómica normal (sem tensão excessiva); coloração da pele ou
do retalho apresenta-se pálida, opaca ou escurecida.

→ Categoria 3 - Lesão por fricção, cujo retalho cutâneo está


completamente ausente.

155
Fatores de risco: idosos, quebras cutâneas anteriores ( últimos 90 dias), alterações da
função cognitiva e motora, problemas vasculares e pulmonares, mau estado nutricional,
desidratação, medicação - anti-inflamatórios, anticoagulantes e corticosteroides,
redução da acuidade visual, espasticidade ou lesões, equimoses ou hematomas, púrpura
senil, edema, pele seca e/ou descamativa, agitação.

Prevenção:
1) Promoção ambiente seguro - identificar e remover potenciais causas de trauma;
garantir um ambiente com iluminação adequada; afastar objetos que podem
provocar trauma; remover equipamentos desnecessários do meio ambiente; evitar
passadeiras e tapetes; utilizar protetor para as pessoas que tiverem frequentemente
lesões na região pré tibial; manter unhas cortadas (idoso e prestador cuidados);
minimizar força de fricção, torção e cisalhamento.
2) Educação das pessoas, cuidadores e profissionais nesta temática.
3) Promoção da Hidratação, da Nutrição.
4) Monitorização da terapêutica – averiguar necessidade de reconciliação
terapêutica, prevenção das quedas, cuidados na mobilização, posicionamento e
transferências – cumprir os princípios de segurança e técnica correta.
5) Avaliação da pele. Promover cuidados de higiene do corpo com água morna; evitar
banhos quentes e prolongados.
6) Utilização sabão líquido com pH adequado para a limpeza da pele. Aplicação de
cremes e emolientes adequados.
7) Diminuição do risco com a roupa de proteção (camisas de mangas compridas,
calças compridas, meias até ao joelho, cotoveleiras). Evitar de produtos adesivos na
pele frágil – atenção à remoção dos adesivos. Proteção das saliências da cama
(acolchoar) - grades, cadeira de rodas, móveis e outros objetos que possam causar
trauma, fechados.

Avaliação:
→ Localização: dimensão (comprimento, largura e profundidade), características do
leito da ferida e potencial de viabilidade do tecido não viável, aspetos e quantidade
do exsudado, presença de sangramento e hematoma, área de necrose no retalho,
integridade da pele ao redor, sinais e sintomas de infeção, presença de dor.

→ Tratamento: controlo da hemorragia, limpeza da ferida, realinhamento do retalho


ou segmento de pele – se viável, avaliação do grau de perda tecidular e a cor da pele
(sistema de classificação STAR), avaliação das condições da pele circundante –
fragilidade, edema, equimose, descoloração..., aplicação dum produto de barreira
apropriado para proteção da pele ao redor da ferida. Se pele ou retalho pálido,
opaco ou escurecido reavaliar 24-48 horas.

156
Registo: relacionado com a quebra cutânea - observação/identificação, medidas
preventivas, tratamento ….

Assistir a Pessoa no Tratamento da UPP

1) Lavagem higiénica das mãos ou desinfeção das mãos com solução antisséptica de
base alcoólica.
2) Pedir consentimento ao cliente, explicar e informar acerca do procedimento.
3) Lavagem higiénica das mãos ou desinfeção das mãos com solução antisséptica de
base alcoólica.
4) Organizar material necessário e levá-lo para junto do cliente:
• Tabuleiro (se necessário)
• Campo esterilizado;
• Pinça de Kocker esterilizada;
• Pinça de dissecção esterilizada;
• Luvas esterilizadas, caso não se utilize pinças;
• Compressas esterilizadas;
• Seringa esterilizada de 20 ml;
• Cateter esterilizado de 18 G;
• Agulha EV/Diluição esterilizada;
• Transfere esterilizado;
• Aparadeira ou cuvete reniforme esterilizada;
• Taça esterilizada;
• Balão de soro fisiológico (100 ml) a 0,9% esterilizado ou outro soluto para limpeza,
de acordo com a prescrição;
• Apósitos de acordo com as características da lesão;
• Produto dermoprotetor, se adequado.
• Luvas limpas para remoção do penso;
• Luvas limpas para irrigação (se penso realizado com pinças a limpeza;
• Resguardo impermeável;
• Tesoura;
• Avental;
• Compressas limpas;
• Álcool a 70º;
• Adesivo hipoalergénico;
• Ligaduras adequadas, se necessário;
• Contentor de cortantes/perfurantes;
• Contentor de roupa suja com tampa e com pedal, se necessário.
5) Garantir privacidade.

157
6) Lavagem higiénica das mãos ou desinfeção das mãos com solução antisséptica de
base alcoólica.
7)

8) Calçar luvas limpas.


9)

158
10)

11) Lavagem higiénica das mãos ou desinfeção das mãos com solução antisséptica de
base alcoólica.
12)

13)

159
14)

15) Aspirar o SF morno com a seringa de 20 cc e a agulha EV ou de diluição. Retirar o


mandril do cateter de 18 G, adaptar o cateter sem mandril à seringa com SF morno.

16) Colocar a taça esterilizada ou a tina reniforme esterilizada sob a UPP.


17) Irrigar a ferida com SF morno de cima para baixo.
Linhas orientadoras a reter:

• Limpar com SF sempre que se substituir penso à SF é o soluto de limpeza ideal


pelas suas propriedades isotónicas e por não interferir no processo de
cicatrização.

• Limpar com Água Potável, mas desde que corra durante 15 segundos antes de
ser utilizada, e deve ter em conta a natureza das UP e o estado geral da pessoa.

• Há autores que não recomendam a Água Potável no contexto hospitalar pelo


risco de infeção.

• As soluções de limpeza devem estar mornas à atividade mitótica abranda com


a baixa de temperatura (40 min para retomar a temperatura original e 3 h para
a atividade mitótica retomar na sua plenitude).

• Considerar a utilização de técnica asséptica quando a pessoa, a ferida ou o


ambiente de cicatrização da ferida estiverem comprometidos.

160
• A limpeza das UPP deve ser feita por irrigação. Esfregar não é indicado.

• A pressão de irrigação deverá ser a idêntica à pressão de uma seringa de 20 ml


adaptada a um cateter de 18 G.

• Não usar antissépticos em UPP abertas. Só usar, com precaução, em caso de


infeção e que não mostre sinais positivos de cicatrização.

• No caso da UPP ter biofilmes, desbridar ou usar solução de Polihexametileno


Biguanida (PHMB) com Betaína, promove também a gestão dos odores, redução
do nível de exsudado, bem como a redução da dimensão da UPP.

• Pode realizar-se o penso com o uso de luvas esterilizadas e compressas ou pinças


ou compressas de gaze.

• As pinças não são de fácil manuseio para os profissionais em especial se as UPP


são de grandes dimensões.
18)

Aplique o tratamento selecionado de acordo com as caraterísticas da ferida e tendo


em conta o acrónimo TIME:
Tissue – tratamento do tecido
Infection – controle da infeção e da inflamação
Moisture – equilíbrio da humidade
Edge – avanço epitelial/margens

19)

20)

161
21) Lavagem higiénica das mãos ou desinfeção das mãos com solução antisséptica de
base alcoólica.
22) Elaboração dos Registos de Enfermagem: motivo da realização do penso;
características do penso retirado (presença, cheiro, cor, quantidade e consistência
do exsudado); características da ferida (localização, forma, dimensões, bordos e
tecido da região circundante, tipo de tecidos da ferida e presença e características
do exsudado); presença de dor e intervenções; presença de complicações e
intervenções; solutos e/ou terapêutica tópica e apósitos, colaboração e reação do
cliente; intercorrências observadas; estado final/perceção pelo cliente.

Assistir a pessoa com ligadura

Uma ligadura é uma tira de material que se usa para envolver determinados segmentos
do corpo. Assistir a pessoa com ligadura é uma intervenção de Enfermagem que consiste
em segurar ou em proteger, através de ligaduras… determinados segmentos do corpo.
Finalidades
• Fixar pensos ou talas no segmento / local desejado- Não precisa de uma ligadura
com grande compressão nem com grande elasticidade;
• Fazer pressão / compressão- Ex: Entorses e hemorragia (ligadura com pressão
considerável)
• Facilitar a circulação de retorno nos membros inferiores- Grau de compressão
para a circulação ascender
• Dar suporte a membros e articulações- Ex: entorses
• Imobilizar um ou mais segmentos do corpo.

TIPOS DE LIGADURAS DE ACORDO COM OBJETIVOS


O material e o tipo de ligadura são escolhidos com base na finalidade e na localização
do corpo.
Exemplo: no caso de uma hemorragia temos de fazer uma ligadura de compressão.
Posso ainda ter um caso em que preciso de melhorar a circulação nos membros
inferiores, e faço uma maior compressão para o sangue ascender.

Contensão – manter um penso, fixar uma aplicação terapêutica, fixar uma imobilização;
Compressão – promover a hemóstase, favorecer a reabsorção, suster penso
compressivo;
Proteção e oclusão – proteção de uma ferida/UPP;
Imobilização – fraturas, entorses, luxação, correção de deformidades;
Extensão – promover extensão ou suspensão (ex: ortopedia)

162
Material utilizado:
1. Ligaduras de Gaze (não são muito elásticas. Só se usam uma vez):
• Absorventes;
• Porosas- permitem a circulação do ar;
• Usam-se para segurar pensos, principalmente os volumosos;
• Dão pouco suporte;
• Só podem ser utilizadas uma vez, pois desfiam-se com muita
facilidade, pelo que não é habitual a sua reutilização.
2. Ligaduras Elásticas (cotovelo, joelho - moldam-se bem às
articulações; faz-se um grau de compressão maior que
permite haver um melhor retorno venoso):
• Feitas essencialmente de algodão e látex;
• Utiliza-se para conseguir uma pressão firme, moldando-
se bem às superfícies a ligar;
• Previne o edema das extremidades, facilitando o retorno venoso (Vai-se
aumentado a compressão à medida que enrolamos a ligadura
3. Ligaduras Elásticas com Adesivo (A única diferença que existe das anteriores é que
têm adesivo - à medida que se põe vai colando e adapta-se à tira anterior ):
• Ligaduras adaptáveis e aderentes sendo um dos lados da ligadura de adesivo;
• Utilizam-se para aplicar uma pressão firme e uniforme, nomeadamente quando
há hemorragia e é necessário fazer compressão para promover hemóstase;
• As ligaduras elásticas aplicadas de forma muito apertada podem causar
compromissos circulatórios e/ou neurológicos, sendo necessário uma avaliação
frequente.
4. Ligaduras Tubulares (Se a pele estiver macerada e não pudermos colocar adesivos,
colocamos esta rede. É um suporte)
• Ligadura em forma de tubo- Ex: rede elástica e malha de
algodão canelada.
• Ligadura adaptável;
• Utiliza-se para manter pensos em áreas difíceis como as
axilas e articulações;
• A rede elástica facilita a mudança frequente dos pensos e
aplica-se muitas vezes em pessoas que perderam pele (maceração) por
frequentes remoções de adesivo e/ou alergia ao mesmo;
• Pode também ser usada para manter cateteres venosos (CVP- Quando temos
uma punção de uma veia);
• É muito usada em pessoas com feridas crónicas, estando também muito
associada a alterações na pele em redor da ferida

163
5. Ligadura Tubular de malha de algodão canelada (Também se podem usar
sobre os cotos):
• Tem a forma tubular sendo extensível e destinada a cobrir partes do
corpo cilíndricas (Cabeça, cotos- facilitam o seu arredondamento e
deixam a pessoa pôr uma prótese);
• É muitas vezes utilizada sob os gessos para proteger a pele do membro,
para segurar pensos e pode também ser usada como capacete;
• Existem várias espessuras e o seu tamanho é determinado de forma idêntica às
ligaduras de rede.

PRINCÍPIOS GERAIS na aplicação das ligaduras- Antes, durante e após à


pessoa e ligadura
Devemos ter vários cuidados que digam respeito à pessoa e ao tipo de ligadura.

Relativamente à Pessoa:
• Manter a pessoa em posição confortável quando se faz a ligadura;
• Manter a área a ligar exatamente na posição que se pretende >>>>> quando não
é necessário imobilizar uma articulação deve-se mantê-la na posição funciona;
• Ter a área a ligar limpa e seca - Se a lesão não estiver limpa e seca e for aplicada
uma ligadura, pode haver risco de úlcera de humidade e de proliferação de
microrganismos;
• Proteger com algodão as proeminências ósseas - para não haver o risco de UPP,
os ângulos e as concavidades - Concavidades - por exemplo, fazer ligadura com a
mão fechada - temos de pôr algodão para não haver fricção das estruturas e
úlceras;
• Não iniciar ou terminar uma ligadura diretamente sobre uma ferida, ou uma área
onde a pessoa provavelmente exercerá pressão - O início ou o fim de uma ligadura
deve acabar e começar com duas voltas circulares - ao fazer estas voltas vamos
aumentar o calor sobre a ferida (para haver cicatrização deve haver uma
temperatura de 37 graus na ferida), vai diminuir as trocas gasosas (aumenta
humidade, transpiração e, consequentemente, proliferação de microrganismos e
UPP por ) e aumentar a pressão. Se houver muitas variações de temperatura na
ferida vai haver uma paragem da cicatrização e da mitose. A mitose demora 3h a
voltar e a cicatrização 48h, sendo que para voltar à temperatura normal demora
40 minutos.
• Nunca ligar duas superfícies de pele em contato uma com a outra, sem as isolar
previamente com algodão (por exemplo: entre os dedos, axilas, sob as mamas e
região inguinal) - Se for fazer uma ligadura ao calcâneo devo deixar os dedos de
fora para haver movimentação e se observar a cor da pele. Quando há
compromisso arterial e da circulação, podemos observar uma cor mais branca e,
posteriormente, mais arroxeada. (quando isto acontece temos de diminuir a
pressão da ligadura). Associado à palidez (cor branca), vamos avaliar se a pessoa
sente dormência, e se existe uma alteração da temperatura em relação ao outro
membro (temperatura baixa). Pode haver também uma perda da sensibilidade e,

164
em casos mais graves, edema e dor. Qualquer um destes sinais é razão para
diminuirmos a pressão da ligadura;
• Nas ligaduras dos membros deixar descoberta uma parte das extremidades (por
ex.: os dedos das mãos ou dos pés) – para conseguirmos verificar a circulação e se
não há compromissos arteriais (rosado-branco- roxo-cianose). Ter em conta que
quando o sangue não chega às extremidades o cliente pode apresentar alterações
da temperatura, da coloração e compromisso neurológico (p.e parestesias). A
ligadura deve ser lavada e limpa todos os dias;
• Enquanto se faz a ligadura e após terminar observar e perguntar sempre à pessoa
como se sente >>>> observação constante das extremidades para despiste de
compromisso circulatório.
• Observar as áreas circunvizinhas da área ligada para despiste de sinais e sintomas
de:
o compromisso circulatório: edema, palidez, cianose;
o compromisso neurológico: dor, parestesias, diminuição da sensibilidade que
podem indicar que a ligadura está demasiado apertada- diminuir a pressão.
• Remover a ligadura pelo menos uma vez por dia
• lavar e secar as superfícies de pele subjacentes e verificar se existem áreas de
pressão ou lesões- Se não o fizermos há risco de UPP por humidade, odor e
bactérias.

Antes de aplicar a ligadura devemos olhar para a ferida e ver as condições- Ex: se a
pessoa não tem sensibilidade e quando faço a ligadura continua sem sensibilidade não
quer dizer que a ligadura esteja mal colocada, visto que é o “normal” da pessoa
Relativamente à ligadura:
• A largura da ligadura deve ser adequada à região a ligar;
• Começar a aplicar a ligadura, segurando o rolo com uma das mãos e a extremidade
inicial com a outra. Aplicar a ligadura com o rolo para fora (em relação à pessoa)-
Mão dominante segura a ligadura e a mão não dominante segura na ponta.
• Ao iniciar uma ligadura fazer duas voltas circulares sobre a ponta inicial, para
assegurar a sua fixação;
• Deve-se também terminar com duas voltas circulares - para haver fixação da
ligadura;
• Aplicar a ligadura, exercendo uma pressão uniforme e moderada.
• Não se deve desenrolar mais ligadura do que a necessária - porque senão é difícil
darmos as voltas certas e manter a pressão adequada.
• A direção da ligadura deve seguir a da circulação venosa e deve-se aplicar a partir da
parte mais distal em relação ao tronco;
• Evitar o excesso de ligadura a fim de prevenir calor excessivo nas partes cobertas,
• Mantenha as ligaduras esticadas, limpas, firmes e funcionais por razões estéticas e
assépticas - esticado para evitar UPP - como a roupa da cama. Se não tiver esticado

165
é melhor remover e voltar a colocar - remova e aplique de novo as ligaduras que não
satisfaçam esses critérios.
CUIDADOS APÓS APLICAÇÃO DE LIGADURAS
Vigiar Alterações circulatórias: coloração das extremidades, especialmente palidez ou
cianose; presença de edema; temperatura das extremidades (a pele fria revela
diminuição da circulação); caraterísticas dos pulsos periféricos - faz sentido numa
ligadura acima dos pulsos, se for abaixo, utilizar os pulsos não vai detetar nada;
capacidades de movimento do membro ou dedos.

Vigiar Alterações neurológicas: parestesias (alterações da sensibilidade, queixas de


formigueiro, sensação de “latejar” ou de adormecimento) - podem não sentir
formigueiro mas sentir a zona adormecida ou latejante. Dor: as ligaduras demasiado
apertadas são desconfortáveis, perigosas e podem causar dano permanente. Sempre
que a pessoa refira algum sinal/sintoma de compromisso circulatório e/ou neurológico
>>>> substituir a ligadura de modo a evitar a morte dos tecidos.
TIPO DE VOLTA a utilizar ao executar a ligadura
O tipo de volta utilizada na ligadura depende essencialmente do segmento do corpo a
envolver e do material que a ligadura é feita.
Os tipos de volta podem ser:
Circular (Circular é uma sobre a outra, quando
começa a subir já é espiral) :
• Volta mais simples e mais usada;
• Utiliza-se sempre para iniciar e terminar a
ligadura >>>> fixar o início de uma ligadura ou
o seu termo;
• Usa-se numa porção pequena;
• Utiliza-se para ligar porções do corpo circulares como um
braço;
• Utiliza-se quando se deseja cobrir completamente voltas
anteriores.
Espiga (Variante da volta em oito. É muito difícil de desfazer e faz
uma maior pressão)
• Este tipo de volta é uma variante da volta em oito.
• Todas as voltas se sobrepõem num ângulo agudo e sobem e descem
alternadamente.
Voltas em oito

166
Espiral (Ligaduras devem-se sobrepor à anterior em cerca de 3/4 - porque senão
começam a desmanchar-se )
• Quando quero fazer uma ligadura que permita o retorno venoso
• tipo de volta que apenas se sobrepõe parcialmente à anterior (por ex. metade a três
quartos da largura da ligadura).
• Usa-se mais frequentemente em porções cilíndricas.
• Mais difícil de desenrolar

Recorrente
• Este tipo de volta utiliza-se em áreas arredondadas, como um coto após a
amputação, a cabeça ou, por vezes, os dedos.
• Na imagem da cabeça C: Fazemos 2 circulares no sitio onde iniciamos para fixar.
• Na imagem do coto C: Fazemos 2 circulares

Espiga do antebraço:
• Esta ligadura destina-se à contenção tanto de pensos do
antebraço assim como de talas, no caso de fraturas.
• Material: 2 ou 3 ligaduras com 6 m x 6-7 cm.

167
Espiga da perna:
• Esta ligadura destina-se à contenção de pensos da perna.
• Material: 2 ou 3 ligaduras com 5 m x 7 cm.

Leque do Cotovelo (É com voltas correntes. Começa mesmo no cotovelo e


depois vem acima e abaixo)
• o Leque do Cotovelo utiliza-se sobretudo para manter um penso no cotovelo,
mantendo o movimento do mesmo.
• É usada a volta em oito.

Deve ficar sobreposta 2 ou 3 cm para não se desfazer

Leque do joelho
• Utiliza-se sobretudo para manter um penso no joelho.
• Material: Ligadura com 5 m x 7 cm.
Assistir a Pessoa com Ligadura

1) Lavagem higiénica das mãos ou desinfeção das mãos com solução antisséptica de
base alcoólica.
2) Pedir consentimento ao cliente, explicar e informar acerca do procedimento.
3) Lavagem higiénica das mãos ou desinfeção das mãos com solução antisséptica de
base alcoólica.
4) Prepara o material (Escolhemos a ligadura, o
tipo de ligadura, precisamos ainda de
adesivo, tesoura e material de
preenchimento)– selecionar tamanho e
largura ideal de acordo com o objetivo da
ligadura e zona do corpo, selecionar material
de preenchimento quando necessário,
adesivo e tesoura.
5) Espiga do antebraço:
• - Começar com 2 circulares

168
Espiral e espiga

- 2 circulares no final

169
6) Ligadura em leque do joelho:

• - 1 ou 2 circulares

- 2 circulares no final

REGISTOS DE ENFERMAGEM
Após aplicação de uma ligadura (ou quando em vigilância dos efeitos de uma ligadura
aplicada anteriormente) deve fazer-se os registos de enfermagem:
• Preparação da pessoa (houve ou não consentimento? foi explicado o
procedimento?);
• Material usado;
• Qual o motivo da aplicação da ligadura;
• Quando é que a ligadura foi aplicada, removida e reaplicada - uma intercorrência
pode ser uma coloração mais pálida e ter de desfazer a ligadura e voltar a fazer;
• Situação da pele e cuidados à pele efetuados;
• Avaliação neuro circulatória e mobilidade da porção distal à ligadura /
Intercorrências;
• Orientação/ensino efetuada ao próprio /família;
• Colaboração, reação da pessoa e autoavaliação do conforto.

170
1.7 Ajudar a Manter a Temperatura Corporal
Ajudar a Manter a Temperatura do Corpo
Caso Clínico:
Homem de 58 anos, casado, desempregado. Deu entrada no SU do HSM por queixas de
cansaço fácil e dificuldade respiratória com 12h de evolução. Diagnóstico de
insuficiência cardíaca.
Antecedentes Pessoais: HTA, status pós-EAM (enfarte agudo do miocárdio)
Caracterização do Ambiente Familiar: “Relativamente ao rendimento disponível, (…) é
extremamente escasso, e acaba mesmo por estar impossibilitado de comprar a
medicação...”. “Não tem meios de aquecer a casa (…). O Sr. I. S. referiu que tinha retirado
o esquentador da água devido aos custos que acarretava acabando por explicar que
tomava banho aquecendo a água numa chaleira e quando a mesma estivesse à
temperatura desejada vertia sobre si sendo assim que toma banho.”
Hábitos de Vida: (…) não apresenta alterações na sua capacidade de termorregulação,
mas não tem meios de aquecer a sua casa uma vez que não possui esquentador nem ar
condicionado.
Durante o seu internamento não apresentou alterações significativas da temperatura
corporal.

Notas: Status pós – quadro clínico que permanece após um evento de saúde. (situação
clínica que resulta de um evento). (ou seja, HTA derivou de um evento de EAM). A partir
do momento em que há uma insuficiência cardíaca, irá haver um défice na circulação, o
que pode alterar a termorregulação inata do corpo (vasoconstrição e vasodilatação
ficam alteradas).

Os resultados apresentados na Figura


mostram a grande sazonalidade do
número de internamentos por EAM
(aumentam nos meses mais frios e
diminuem nos meses mais quentes).

Principais causas de morte mundiais (2016): doença isquémica cardíaca; infeções


respiratórias mais baixas (têm uma relação sazonal – associados à capacidade ou
incapacidade que os corpos têm para regular temperaturas).

171
Cuidado com intoxicações por monóxido de carbono – de pessoas que se aquecem ao
pé de braseiros.
Ex.: As pneumonias durante o inverno matam mais. O número de mortes de pneumonia
no verão é muito mais baixo, apesar de haver uma mortalidade acrescida associada ao
calor.

Pessoas com doenças relacionadas com o coração ou com o sistema respiratório vão ter
mais dificuldade em conseguirem controlar a sua temperatura.

Ondas de frio e ondas de calor – provocam alterações ao nível da saúde.


“Manter a temperatura do corpo num nível normal” é uma necessidade humana
fundamental VITAL!
Para além de ser fundamental para o conforto da pessoa…
Raramente se sobrevive a uma temperatura central:
• superior a 42,2oC ou inferior a 34oC (Rosdahl & Kowalski, 2003: 564) ou
• superior a 43oC ou inferior a 34o C (DuBois citado por Childs, 2006: 816).
A regulação da temperatura corporal é importante para nos dar a vida mas também para
nos dar conforto.

MANUTENÇÃO DA TEMPERATURA CORPORAL


A manutenção da temperatura corporal dentro dos limites próprios individuais
(identificada como Temperatura Basal Individual –TBI), é conseguida através do
processo de termorregulação. A termorregulação é um mecanismo de homeostasia que
tem como objetivo manter estável a temperatura corporal central. NHF Ajudar a manter
a temperatura do corpo
• Em regra, a temperatura ambiente é inferior à temperatura corporal central pelo
que, quase sempre, “perdemos” calor para o meio ambiente.
• A pele tem sempre temperaturas significativamente mais baixas do que as zonas
centrais do organismo.
A termorregulação é inata…
1) …aumentando a produção de calor no corpo quando a temperatura cai, ou
aumentando a perda quando as condições se tornam desconfortavelmente
quentes” (Childs, 2006: 816);
2) …e geralmente eficiente … fazendo ajustamentos fisiológicos (e comportamentais)
para manter a temperatura central do corpo em torno dos 37ºC.

Mas…depende de alguns fatores que condicionam os ajustamentos

172
Mecanismos de conservação do calor

 Regulação comportamental da temperatura


 Vasoconstrição periférica
Regulação comportamental da temperatura
As pessoas influenciam a conservação ou a perda de calor através de comportamentos
que são “o fundamental das atividades protetoras da termorregulação e são ‘a primeira
linha’ de defesa contra calor ou frio extremos”.
Mecanismo de produção do calor
• Quimicamente por ‘termogénese sem tremores’
• Fisicamente por ‘termogénese com tremores’ - contração rítmica dos músculos
esqueléticos
O calor é um produto do metabolismo…

1 2 3 4
Qualquer atividade Aumente a Incrementa a Aumenta o calor
que… velocidade das velocidade metabólico
reações químicas… metabólica produzido

Controlo da temperatura corporal

173
Termorregulação: Processo do Sistema Regulador: controlo da produção e da perda de
calor através de mecanismos fisiológicos ativados pelo hipotálamo; pele e temperatura
corporal.
CIPE – Taxonomia - classificação internacional para a prática da enfermagem.
Febre: Termorregulação comprometida: elevação anormal da temperatura corporal;
alteração do centro termorregulador (CTR) do termostato interno, associada a um
aumento da frequência respiratória, aumento da atividade metabólica, taquicardia com
pulso fraco ou cheio e com ressalto, agitação, cefaleia ou confusão; a subida rápida da
febre é acompanhada por calafrios, tremores, arrepios, pele pálida e seca; a crise ou
descida da febre é acompanhada por pele quente e ruborizada e de suor alteração no
centro regulador – termostato interno vai regular a temperatura de um corpo para a
aumentar e vai gastar mais energia para isso.
Calafrio - Termorregulação: tremor involuntário com contração muscular ou crispação
por sensação de frio associado a queda da temperatura corporal abaixo do ponto
termostático, efeitos colaterais da anestesia ou fase de arrepio da febre.
Exaustão pelo calor - Termorregulação comprometida: diminuição da capacidade de
regular o termostato interno quando exposto a calor intenso ou incapacidade de se
aclimatizar ao calor, falta de forças, vertigens, pele fria , húmida, pálida, caibras,
temperatura corporal próxima do normal, pressão sanguínea baixa, regressando ao
normal em posição de deitado, perda de consciência acompanhada de depleção de
líquidos e eletrólitos corporais e colapso.
Golpe de calor - Termorregulação comprometida: insuficiência de regulação do
termostato interno quando exposto ao sol ou a elevadas temperaturas num período de
tempo mais alargado, redução do suor, temperatura corporal extremamente elevada ,
taquicardia, pele quente e seca, cefaleia , confusão, convulsão, inconsciência e colapso.
Descida da febre – associada a vasodilatação.
Temperatura corporal central é … a medida do calor no interior do corpo de uma
pessoa; representa o balanço entre o calor produzido e o perdido. Um autor (não
existem valores consensuais):
• Axilar – 36,4 o C – 36,7 o C
• Oral – cerca de 37 o C
• Rectal – 37,5 o C (Rosdahl & Kowalski, 2003)…
Temperatura “normal”: A temperatura corporal normal situa-se entre os 36 e os 37º C…
Contudo depende:
• da pessoa e da sua idade;
• da atividade desempenhada;
• da altura do dia;
• da parte do corpo em que está a ser avaliada a temperatura.

174
FEBRE
• É a elevação da temperatura corporal de ≥ 1ºC acima da media da TBI, em função
do local de avaliação, como resultado da ativação controlada pelo Centro Termo
Regulador.
• Na febre, o Centro Termo Regulador está normal e funcionante.
• O doente adotará comportamentos fisiológicos tipo agasalhar-se mais ou
procurar fontes de calor (na fase ascensional) e retirará roupa (na fase de descida
da temperatural corporal).
• A temperatura aumentará, em regra, até 4ºC (no máximo 5ºC) acima da media
da TBI, sem nunca ultrapassar os 42,2 ºC e depois baixará espontaneamente para
uma temperatura basal ou para uma temperatura intermedia entre a basal e o
pico febril.

Dimensões Fatores que influenciam a satisfação desta NHF


Biofisiológica Sexo
Idade
Atividade física
Alimentação
Hora do dia
Psicológica Ansiedade e emoções “fortes”
Sociológica/Ambiental Ambiente onde se desenrola a atividade profissional
Clima
Habitação
Vestuário …
Ajustamentos comportamentais: beber algo quente, vestir mais roupa… Pessoas com
alterações de consciência, RN, PI podem ter dificuldades em ajustarem os seus
comportamentos à sua termorregulação.

Crianças
A produção de calor diminui continuamente à medida que o latente cresce.

• “as crianças são altamente suscetíveis à flutuação na temperatura. A


temperatura corporal (…) aumenta em caso de exercício ativo, choro
ou stresse emocional”.
• Infeções podem elevar rapidamente a temperatura em latentes e
crianças mais novas.
• O latente e a criança pequena, durante brincadeiras mais ativas ou se
estiver pesadamente vestida, provavelmente estará superaquecida.

175
Pessoa Idosa
A exposição a temperaturas extremas coloca os idosos em risco de dano ou morte.

• “70% das vítimas do calor são pessoas acima dos 60 anos de idade” (Carpenito-
Moyer, 2012: 109)”
Mais sujeita a acidentes do que os adultos mais jovens:

→ POR FATORES INTERNOS:


• processo fisiológico de envelhecimento - vasoconstrição ineficaz, débito cardíaco
diminuído, redução do tecido subcutâneo e sudorese diminuída, menos sede.
• aumento de doenças crónicas.
• maior uso de medicamentos.
• alterações cognitivas e emocionais (Wold,
2004)
→ POR FATORES EXTERNOS:
• Condições de temperatura e humidade.
Perceção mais difusa do frio e calor - pode não
encontrar estímulo para iniciar medidas protetoras ou ter dificuldades em detetar
mudanças de temperatura;
O mecanismo da sede torna-se menos eficaz; rim com menor capacidade para
concentrar urina (maior risco de desidratação relacionada com o calor).
A inatividade e a imobilidade aumentam a suscetibilidade para hipotermia, suprimindo
os tremores e reduzindo a atividade muscular geradora de calor.
A imobilidade e desnutrição implicam menor temperatura corporal.

Por tudo isto, as Pessoas idosas podem tornar-se hipo ou hipertérmicos em ambientes
moderadamente frios ou quentes.

INTERVENÇÃO DO ENFERMEIRO
As atividades do cliente que visam manter a sua temperatura corporal são suscetíveis
de ser modificadas por uma intervenção do enfermeiro.
A Intenção da intervenção do enfermeiro tem como objetivo:
1) ajudar a manter a temperatura corporal dentro dos limites considerados normais
identificar fatores de risco;
2) e manter as condições do ambiente no nível de conforto para o cliente.

Intervenções em complementaridade e/ou Intervenções de orientação/educação do


cliente/família.
Quando o cliente é uma criança / família- ver se os pais identificam os fatores de risco
Identificar conhecimentos e fatores de risco…

176
Orientação dos pais para prevenir …
• Criança não antecipa riscos de exposição a temperatura externa;
• Adequar a roupa de acordo com o ambiente- às vezes o bebé vem muito agasalhado
à consulta
• Calor: inclui chapéu quando exposto ao sol; roupa fresca, larga;
• Frio: camadas de roupa, usar proteções adicionais para a cabeça e mãos (gorro e
luvas), remover roupa molhada (prejudicial à saúde- no excesso de calor uma roupa
muito soada deve ser removida.
• Temperaturas extremas – evitar exposição!
Capacitar os pais para avaliar a temperatura da criança- ninguém melhor
que os pais para notar sintomas. Quando nos sentimos quentes ou com
algum sinal de febre é importante medir a temperatura para poder
interpretar resultados.
Quando acontece sobreaquecimento:

• Não administrar antipiréticos;


• Oferecer líquidos frios para beber- vão provocar logo um refrescar
interno;
• Usar medidas de arrefecimento natural:
o Remover da fonte de calor no caso de ser um ar condicionado por
exemplo
o Local fresco e arejado mas sem correntes de ar;
o Aliviar roupa;
o Aplicar toalha molhada – água tépida- Muitas vezes nos bebés pequenos,
por imaturidade do Centro termorregulador central no cérebro, quando
surge uma hipertermia, mesmo não sendo muito elevada, o organismo
reage com uma convulsão (centro não consegue homeotermia, aplicar
toalha molhada vai evitar estes problemas)
o Expor a pele ao ar;
o Não usar gelo nem água muito fria, porque origina uma reação oposta e
prejudicial
o Dar banho tépido, secando bem a pele depois;
o Secar bem a pele;
o Vestir roupa ligeira;
o Se surgir calafrio (tremor) interromper o arrefecimento;
o Verificar temperatura.

177
Quando o cliente é uma pessoa idosa

• Identificar fatores de risco


• Identificar conhecimentos da pessoa idosa ou do cuidador
ORIENTAÇÃO DA PESSOA IDOSA / FAMÍLIA (se a pessoa tiver défice cognitivo)
Prevenir sobreaquecimento ou perdas de calor excessivas:

• Sinais precoces de hipotermia e de sobreaquecimento;


• As dificuldades da pessoa idosa para detetar mudanças de temperatura;
• Estar atento à temperatura externa e evitar exposição a ambientes com
temperaturas extremas (comunicação social e forças de segurança são muito
importantes pois alertam com antecedência estes acontecimentos);
• Manter temperatura ambiente entre 20o 25o C (Carpenito-Moyer, 2012: 115) ou
entre 22 o C a 23 o C segundo outros autores- esta amplitude térmica deve estar
presente no ambiente para que seja confortável e que o organismo possa ter
uma temperatura basal homeotérmica.
• Adequar o exercício físico às condições térmicas- ouvimos falar de
desfalecimento de atletas quando estão a correr grandes maratonas em
condições térmicas muito alteradas em relação ao que é habitual se bem que um
atleta de alta competição sabe proteger-se o que não acontece com o resto o
que pode levar a desajustes na temperatura que levam a um colapso
problemático.
• Se mais imóvel, ter cobertor.
• Verificar e alertar para perdas de sensibilidade (extremidades)
• Aquecer / arrefecer o ambiente doméstico em função do ambiente externo;
• Adequar o vestuário de acordo com o ambiente: chapéu / gorro (mesmo em
casa); roupa fresca, larga, clara e ajustável / usar mais roupa, quente, em
camadas e roupa interior justa
• Face ao frio, remover roupa molhada
• Alimentar-se regularmente; fazer refeições pequenas, frequentes e quentes /
com líquidos quentes
• Manter-se hidratado e no calor, se fizer mais exercício físico, precisa beber mais
líquidos (8 a 10 copos / dia); não consumir bebidas com cafeína nem álcool;
• Face ao calor excessivo, tomar duche com água fresca
QUANDO DEPENDENTE DE CUIDADOS DE TERCEIROS, IMPORTA:
a) Manter ambiente em temperatura confortável e sem correntes de ar;
b) Adequar a quantidade de vestuário e roupa de cama;
c) Atenção às perdas hídricas por ambiente sobreaquecido – reforçar a hidratação
particularmente – orientar/supervisionar ou fornecer líquidos;
d) Destapar o mínimo durante o banho no leito e secar rapidamente e tapar para
evitar exposição que por convecção leva a perda de calor;
e) Atenção às perdas de calor corporal associadas: administração de fluidos frios
(soros), às perdas de sangue, sudação intensa, taquipneia, imobilidade.

178
A FEBRE é um dos focos de atenção da prática de enfermagem e assume importância
relevante dada a sua frequência. Grande parte do “Cuidado” prestado pelos Enfermeiros
ao Cliente com febre realiza-se através de intervenções autónomas. As Intervenções de
Enfermagem associadas ao diagnostico FEBRE têm como objetivo primordial minimizar
o desconforto.

• O Enfermeiro deve considerar sem febre um período de 48 horas ou mais. Neste


caso, poderá encerrar o foco “Febre” no Plano de cuidados.
• No entanto, a intervenção “monitorizar” a temperatura corporal mantém-se
ATIVA no plano de cuidados, associada ás atitudes terapêuticas relacionadas
com a monitorização dos sinais vitais.
• Antigamente, a avaliação da temperatura era importante até para o diagnóstico-
haviam doenças em que a hipertermia, principalmente à tarde, e com o gráfico
de temperatura conseguíamos ver a subida neste período. É muito pouco
dizermos que teve um pico febril isolado, mas isso só o podemos afirmar
passadas as 48h, portanto esta temperatura é para ser avaliada com uma
frequência mais ou menos alargada conforme o risco de hipertermia (4/4h, 6/6h,
uma vez por turno se for só uma vigilância sem haver risco iminente do doente
apresentar um pico febril).
HIPERTERMIA - Resulta do aquecimento corporal por aquisição de calor proveniente de
fontes externas, excessiva produção (seja por exercício físico, seja por hipertiroidismo-
há uma grande componente metabólica na capacidade do nosso organismo controlar a
temperatura e o hipertiroidismo pode realmente causar hipertermia ou uma remoção
inadequada de calor por excesso de roupa sem que esta hipertermia tenha influência
no CTR) ou remoção inadequada de calor (por excesso de roupa), sem interferência do
Centro Termorregulador.

• Na Hipertermia apenas está indicado fazer-se arrefecimento físico (sem uso de


antipiréticos).
Avaliação do impacto da intervenção de enfermagem
1) Ausência de sinais de hipo ou hipertermia;
2) Sensação de conforto por parte do cliente;
3) A demonstração de conhecimento sobre medidas a adotar para (se) proteger do
frio / calor.
Notas: Pessoas depressivas – mexem-se menos e, por isso, e têm tendência a ter uma
temperatura corporal mais baixa.
Variações sexo: mulher tem alterações de temperatura consoante o seu ciclo sexual e
reprodutivo.
A produção de calor diminui ao longo do ciclo de vida. (crianças têm um metabolismo
muito mais acelerado).

179
Crianças não possuem sistemas de alarme e muitas das vezes não percebem que têm
alterações da temperatura corporal e, por isso, a atenção sobre estes sistemas passa
essencialmente pelos cuidadores.
DM – têm mais dificuldades em detetar lesões e sentir dor – diminuição da sensibilidade
– também têm dificuldade em detetar alterações da temperatura.
As nossas intervenções, enquanto enfermeiros, passam muito por evitar quadros de
sobreaquecimento.

180
1.8 Ajudar a agir segundo as suas crenças
Situação de Enfermagem:
Rosa, uma jovem de 25 anos, primípara, está em trabalho de parto há mais de 12h;
encontra-se na maternidade, num quarto onde está sozinha desde a entrada. O
companheiro vai e vem, por períodos, de acordo com as oportunidades laborais que
tem.
Tem consigo, de objetos pessoais, apenas lenços de papel e um Novo Testamento (NT)
de bolso, na mesa-de-cabeceira. O trabalho de parto evolui lentamente, nada está
definido; tem contrações cíclicas muito frequentes…mas tudo parece estar demorado.
Um dos muitos médicos que ao longo das horas entraram no quarto, em grupos, para a
observar…num determinado momento, deixou o grupo sair ficando para trás, fazendo o
seguinte comentário para a Rosa, apontando para o NT na mesa-de-cabeceira: “Isso
deve valer-lhe de muito!”
Rosa ficou sem palavras; nem reagiu, mas pensou: “O quê?”, sentindo-se mal,
incomodada, com a observação.
As equipas sucediam-se…as horas passavam…nada avançava…até ao outro dia, quando
pelas 14h o João nasceu de parto eutócico. Mal o bebé nasceu, percebeu-se que não
estava bem: gemia. Foi imediatamente retirado à Rosa e levado para UCI de RN, onde
foi imediatamente diagnosticado com hipoglicémia grave.
A preocupação de Rosa era enorme. Só ao final do dia Rosa teve notícias do João, pelo
companheiro. Estava em observação por haver suspeita de septicémia e com entubação
nasogástrica por não conseguir mamar.
Nessa noite quase não conseguiu dormir, consumida pela preocupação e pelas
lágrimas…Pela manhã, 8h, dirigiu-se à enfermeira de serviço para dizer que “ia à UCI
Neonatal ver o seu filho, que não via desde o nascimento”. Isso não lhe foi permitido:
“agora vai passar a visita médica, só depois pode ir”. Rosa voltou para a cama chorosa.
Logo que observada, foi ver o bebé.
Nesse dia à tarde, uma enfermeira que entrou de turno dirigiu-se à Rosa e perguntou-
lhe: “Então que notícias tem do seu bebé?”. Rosa respondeu-lhe: “Está mal, é ainda
incerto o que tem”. Mas, quase de imediato, o assunto passou para a necessidade de
amamentar o RN.
Para Rosa, a amamentação era secundária. Queria saber se o bebé estava a evoluir bem
e sobretudo, estava tão assustada face ao possível prognóstico; as consequências a
curto, médio e até a longo prazo. Haveria sequelas? O que irá ser o futuro de toda a
família?

181
O seu conforto vinha de fé e da leitura devocional e da visita do companheiro…passava
longas horas na cama, voltada para a parede, frequentemente a chorar. Pouco
comunicativa com as outras cliente; respondia às questões que os profissionais lhe
dirigiam, mas nada mais.
Esteve internada 8 dias para acompanhar o João. Raras foram as enfermeiras (ou outros)
que lhe perguntaram pelo estado do bebé. Ninguém a questionou sobre as suas
lágrimas. E ela era a única mulher sem bebé no berço naquela enfermaria.

Ajudar a satisfazer esta NHF é importante, mas porquê?


Totalidade (globalidade) – Um todo integrado: não redutível a “partes” ou “dimensões”.
Não há cuidado holístico sem atenção às necessidades espirituais.
Um ser espiritual… ”unidade corpo, mente e alma” (Watson, 2002).
MODELO CONCEPTUAL SOBRE A NATUREZA HUMANA

Espiritual – função Sentido Biológica – função


integrativa e s fisiológica
significativa

Vontade
Sentido moral
Emoçã

Psicossocial – função
Espírito PS e social
o

Intelecto

NHF Praticar a sua religião e agir segundo as crenças


Definição: (…) fazer gestos, atos conformes à sua noção pessoal de bem-estar, de mal e
de justiça, e a persecução de uma ideologia.
É uma necessidade para todo o individuo. É tão fundamental quanto as outras!
(…) a enfermeira deve ter presente o inelutável desejo humano por comida, abrigo,
roupa; por amor e aprovação; por um sentido de utilidade e dependência mútua nas
relações sociais”.

182
ESPIRITUALIDADE

 “Como essência do ser, a espiritualidade manifesta-se na relação consigo


próprio, com os outros, com a natureza e ser divino ou força de vida”.

Deus/Ser supremo

Eu Pessoa Outros
Independência
Bem-estar
Desenvolvimento/autorrealização

Ambiente

 “Uma busca pessoal por sentido e propósito na vida […] as crenças e valores
auto-escolhidos e/ou religiosos, e práticas que dão sentido à vida, inspirando e
motivando os indivíduos a alcançar seu ideal de ser”

CRENÇAS Culturais Religiosas Espirituais

- Cultural: …os valores da sua própria cultura.


- Religiosa: … a opinião e princípios religiosos, fé religiosa, que impregna, integra e
transcende a natureza biológica e psicossocial de cada um.
- Espiritual: … os princípios de vida que impregnam, integram e transcendem a natureza
biológica e psicossocial de cada um.

Determinam o
comportamento
A espiritualidade é a essência da nossa humanidade (…) a parte da pessoa que procura
a cura, o sentido e groundedness no meio do sofrimento e da doença. É a busca humana
por autorrealização (transcendência). É a “essência do ser (…) está presente em todos
os seres humanos (…). A dimensão espiritual implica a presença de sentimentos que
revelam a existência do amor, da fé, da esperança, da confiança, do profundo respeito
e da inspiração. Através dela emerge o sentido e a razão para a existência.”

Necessidades Sentido (propósito); amor; esperança;


espirituais perdão; confiança (…)
183
A NHF de ajudar a seguir as crenças e a interligação com outras NHF’s:

→ Vestir-se e despir-se: interdições ou obrigações de expor/cobrir o corpo;


→ Comer e beber: restrições religiosas/outras;
→ Estar limpo: práticas interditas ou valorizadas;
→ Aprender: valores culturais que restringem acesso;
→ Comunicar: condicionamento de contactos e exercício de papeis;
→ Evitar perigos: comportamentos dirigidos à saúde.

Evidência científica: “Vários estudos demonstraram que atender às necessidades


espirituais de um paciente está associado à melhoria das variáveis psicossociais e
fisiológicas e até à diminuição da mortalidade”.
O que se conhece sobre a pessoa?
Observar | Perguntar | Escutar
Crenças e implicações nos cuidados
1. Como se está a sentir? O que o está a preocupar?
2. O que a pode confortar? Onde vai “buscar forças” para enfrentar problemas?
Quais são as pessoas com quem se relaciona e que constituem uma rede de
suporte?
3. Que práticas e hábitos de vida decorrem das suas crenças?
4. Que implicações para os cuidados de saúde decorrem das suas crenças e
convicções?
Situação de saúde e implicações nas crenas e práticas
1. Em que medida a situação (doença/acidente/crise…transição) veio afetar os
seus hábitos/práticas e crenças?
Vontade/necessidade de ajuda nesta NHF
1. Como posso ajudá-la?
Intervenções na resposta às necessidades espirituais

Nurses’ perspectives on… - Respeito pela privacidade e dignidade


- Ajudar o paciente a se conectar com a
família e pessoa significativa
Nurses’ actions - Ajudar o paciente a concluir negócios
inacabados
- Ouvir as preocupações dos pacientes
- Reconfortar e tranquilizar
- Usar crenças religiosas pessoais para
ajudar os pacientes
- Observar crenças e práticas religiosas

184
Algumas intervenções consideradas como de ajuda na satisfação da NHF
ajudar a seguir crenças (Evidência Científica)

Perspetivas dos pacientes sobre:

• Participar em atividades espirituais (orar, ler)


• Demonstrar qualidades / características de cuidado (compaixão, simpatia, empatia,
preocupação ...)
• Fornecer medidas reconfortantes (massagem, suporte, estudar)
• Dar garantias (segurança)
• Reconhecimento do papel de cuidador espiritual (“profissionalismo”)
• Incorporar diversidade no atendimento (sabre atender ao background do cliente)

Objetivos e Ações
I. dFacilitar a expressão pessoal e a busca de sentido: escutar; manter a esperança
(ligação “ao possível”).
II. Reduzir obstáculos à manifestação de crenças e práticas pessoais: satisfazer/ajudar
a satisfazer outras necessidades (…confortar); Ajudar a realizar/adaptar práticas
desejadas.
III. Disponibilizar e mobilizar recursos: Profissionais; outros (pessoa(s) significativa(s)).

Requisitos…atitude e ações reveladoras de: respeito


(diferente de concordância); Conexão/ligação com a pessoa.

185
1.9 Ajudar a Trabalhar em algo que proporcione um sentido de
realização, a Divertir ou participar em várias formas de
recreação e a Aprender, descobrir ou satisfazer a curiosidade
que conduz ao desenvolvimento pessoal.
A ação do enfermeiro é essencial para o
desenvolvimento da sociedade. A
enfermagem é uma profissão que tem
uma função notória ao nível da qualidade
de vida das pessoas, uma vez que
pretende descobrir as suas necessidades,
sendo-lhe útil.
A faixa etária da criança é uma fase da vida
que tem sempre e deve ter sempre muito
ocupação.
Trabalhar

→ “Um dia normal para a maioria das pessoas inclui realizar algo que resulte num
produto” (Henderson, 2007, p. 59).
→ “(…) necessidade de realizar ações que permitam à pessoa ser autónoma, utilizar os
seus recursos para assumir os seus papéis, para ser útil aos outros e para se
desenvolver” (Phaneuf, 1998, p. 82).
→ “(…) necessidade que todo o indivíduo tem de desempenhar atividades que lhe
permitam satisfazer as suas necessidades ou ser útil aos outros” (Berger & Mailloux-
Poirier, 1994, p. 545).

DIVERTIR / RECREAR

(…) "a recreação ou o jogo é uma atividade empreendida por prazer e não pelo que se
produz" (…).
(…) "oportunidade de diversificar e restaurar as suas energias, de aliviar o seu
sofrimento ou de se recriar" (…).
(Henderson, 2007, p. 62)

O jogo permite recuperar energias, restaurar. É fundamental que após uma tarefa
importante que exige muito de nós termos espaço para tempos livres, para nos
recrearmos. (Berger & Mailloux-Poirier, 2001, p. 553).
"Associado ao tempo livre; estado em que é permitido a alguém fazer ou não fazer
alguma coisa" (Berger & Mailloux-Poirier, 2001, p. 553).
A “necessidade de se descontrair física e psicologicamente através de lazeres”
(Phaneuf, 1998, p. 84).

186
APRENDER
Aprender é a transformação do conhecido, a reconstrução do saber, implica adquirir
novos conhecimentos, mas também transformar atitudes e comportamentos. É algo
que exige energia e concentração, frequentemente prejudicada pelos processos de
saúde-doença.
Idade escolar – a fase intensa da aprendizagem - a partir dos 5/6 anos – quando se pensa
que o cérebro atingiu a maturidade dos seus componentes, sendo considerado o
período mais indicado para iniciarem a aprendizagem mais profunda e teórica. No
primeiro ano da escolaridade ainda haver uma grande componente para a brincadeira,
os alunos que entram muito novos, com 5 anos, podem ainda ter dificuldades em
conseguirem concentrar-se e não ficarem retidos.
Aprendizagem é contínua ao longo da vida - processo contínuo de desenvolvimento
humano. Ex.: existem pessoas com um nível de ensino muito baixo mas que depois têm
uma imensa experiência de vida que lhes trouxe imensos ensinamentos.
Formação tradicional e formação pela experiência – aprendizagem experiencial (Kolb &
Fry, 1975) - Estamos a falar de uma aprendizagem não só teórica.
Aquilo que a sua pessoa é e sabe à priori é fundamental para haver a reconstrução do
saber e a passagem de novos ensinamentos. A aprendizagem pode ser muito
acompanhada por professores ou colegas, porém é um processo principalmente
individual – só aprende se quiser e se estiver motivada (pode ter os melhores
acompanhantes, mas se não quiser aprender não há nada a fazer).

NHF Trabalhar / Divertir / Aprender – dimensão biofisiológica


Idade, sexo– ainda existem profissões que são Dor, força muscular, doença, alterações do estado de
predominantemente femininas ou masculinas (exemplo – consciência.
enfermagem é predominantemente feminina - mesmo
antigamente existiam escolas só para rapazes e outras só
para raparigas.), capacidade física (visão, audição…),
resistência ao esforço, integridade neurológica e músculo-
esquelética, alterações corporais (amputação, gesso,
ostomia)
Podem potenciar ou inibir a satisfação destas NHF.

NHF Trabalhar / Divertir / Aprender – dimensão psicológica


Fase do desenvolvimento; autoestima e Autorrealização (e a sua valorização ou não); otimismo;
autoconhecimento; autoconceito; depressão; motivação; depressão e perturbações mentais; mudança de papeis;
desejo de se descontrair, de se divertir, de trabalhar e/ou preferência por uma forma de
aprender; capacidade de ir ao encontro dos outros distração/trabalho/metodologia de aprendizagem
Pessoas desmotivadas não são produtivas e tendem a não querer nem aprender nem em esforçar-se. Hoje em dia sabe-
se que a autoestima e confiança são essenciais para uma pessoa aprender com eficácia.

187
NHF Trabalhar / Divertir / Aprender – dimensão NHF Trabalhar / Divertir / Aprender – dimensão cultural
sociológica e/ou espiritual
Papeis sociais e desempenho do papel; recursos Festas populares tradicionais; valor atribuído ao trabalho,
financeiros; habilitações literárias ou académicas; grupos à produtividade, ao divertimento e ao aprender; conflito
de amigos, associações, grupos de voluntariado; políticas com as crenças religiosas
laborais e remuneração; possibilidade de progressão na
carreira; condições no local de trabalho; programas
formais de ocupação existentes na comunidade;
organização social; rede de suporte; ambiente (domicílio
ou instituição)
Se o enfermeiro vê os sentimentos negativos da pessoa, deve tentar perceber como eles afetam o trabalho e a
aprendizagem da pessoa e como estes sentimentos podem ser melhorados.

NHF Trabalhar / Divertir / Aprender – padrões de respostas humanas


Até idade pré-escolar: a sua atividade/ocupação principal é a brincadeira onde se
inscreve a aprendizagem. O trabalho de profissão da criança é a brincadeira, e é
igualmente o seu contexto de aprendizagem. É através do brincar, do lúdico e da
recreação que as crianças tomam consciência do mundo à sua volta e iniciam o processo
de conhecimento pessoal.
Escolar: a atividade é dividida pela brincadeira e escola; o equilíbrio entre estes espaços
é fundamental mas a disposição para as atividades escolares aumenta. Aumenta o
período de aprendizagem, é essencial que haja um equilíbrio entre os dois.
Adolescente: a ocupação mais frequente é a escola alternada com atividades de lazer e
divertimento com os pares. O trabalho surge já desligado da recreação enquanto
necessidades distintas. A aprendizagem é sobretudo formal e em contexto de sala de
aula, no entanto algo prático é também fundamental ao adolescente – começa a surgir
a necessidade de trabalhar.
Adulto: implicação de espaços diferentes para trabalhar, recrear e aprender na vida da
pessoa; necessidade de aprender assume-se de forma contínua ao longo da vida. De um
modo geral o espaço de trabalho é o predominante, e a aprendizagem assume-se como
um processo contínuo ao longo do ciclo de vida. É difícil conseguir conciliar o trabalho e
o estudo – é uma fase muito intensa – atinge-se o pico máximo de produtividade – o
chamado trabalhador compulsivo – PODER TER REPERCUSSÕES.
Idoso: atividade de lazer e recreativa retoma o seu lugar; necessidade de estimulação
cognitiva em processos de aprendizagem; envelhecimento ativo. Reduz o espaço do
trabalho e aumentam as atividades recreativas.

188
Intervenções de enfermagem promotoras da ocupação, recreação e
aprendizagem na Criança e no Jovem
Os enfermeiros cuidam das crianças em contextos de promoção da saúde – enfermeiro
avalia o brincar da criança para avaliar o seu desenvolvimento cognitivo – brincar faz
parte da avaliação cognitiva e do desenvolvimento
da criança.
As crianças começam a ter tendência para imitar os
adultos, por exemplo, a levar a sua boneca ao
médico par lhe dar uma pica…(uma criança quando
cuida de uma boneca está também a transmitir
indiretamente a maneira como os pais a tratam). A
partir dos 2 anos começa a existir uma
consciencialização de si – ao olhar para o espelho
já percebe que está lá ela.

Trabalhar >>> Divertir >>> Aprender

O brincar, o jogo, a recreação são: o trabalho-profissão da criança o espaço de


aprendizagem e desenvolvimento desde o nascimento. Para a criança em idade escolar,
a aprendizagem ganha um caráter prioritário e a brincadeira ocupa menos tempo apesar
de necessária; agora a sua ocupação principal é a aprendizagem estruturada e formal.
Para o adolescente, a recreação com os pares é primordial apesar da importância
conferida à aprendizagem formal; é também nesta fase que pode ocorrer o início da
atividade profissional, em simultâneo ou substituindo a atividade escolar.
Tanto a criança como o adolescente, quando são impedidos da aprendizagem formal,
seja por que razão for, revelam sérias inseguranças e preocupações com o atraso da
aprendizagem.

Brinquedos e jogos adaptados aos diferentes estádios de


desenvolvimento da Criança e do Jovem
Os enfermeiros têm em conta as Teorias de Desenvolvimento Infantil:

Erikson – Desenvolvimento psicossocial Piaget – Desenvolvimento cognitivo


Jogo/lúdico ligado à exploração das sensações Jogo de exercício – período sensório-motor (até aos 2
corporais (idade mais precoce das crianças) anos)
Jogo/lúdico ligados à exploração do ambiente Jogo simbólico – período pré-operatório (dos 2 aos 7
próximo da criança (a partir dos 2 anos) anos)
Jogo/lúdico ligado à dimensão social mais alargada (a Jogo é realizado na interação com o meio – período
partir dos 7 anos) operações concretas (dos 7 aos 11 anos)

189
RN e Lactente Bonecos macios e com som Escolar Jogos de grupo Puzzles

Caixas de música Jogos eletrónicos

Brinquedos coloridos e de encaixe Pinturas

Toddler e Pré- Puzzles Jogos de tabuleiro


escolar
Ferramentas e objetos do dia-a-dia Adolescente Computador

Peluches Jogos eletrónicos

Bonecas Música

Livros TV

Jogos eletrónicos Livros

Pinturas Jogos de tabuleiro

As crianças não devem ser admitidas em serviços de adultos. Devem ficar reunidas por
grupos etários para beneficiarem de jogos, recreios e atividades educativas adaptadas
à idade, com toda a segurança.”
Princípio Vinculativo 6.º da Carta da Criança Hospitalizada (1988);
7.º Princípio da Declaração dos Direitos da Criança (ONU,1959)
Declaração da Associação Internacional para o Direito a Brincar (International
Association for the Child's Right to Play - IPA,1961)
Artigo 31.º da Convenção sobre os Direitos da Criança (ONU,1989)

Processo de cuidados e atividade de brincar em enfermagem


O brincar, o jogo, a recreação como mediador da relação enfermeiro-
criança-família em diferentes contextos de cuidados
Hockenberry e Wilson (2014, cap. 6)

• Interação ajustada = às características de cada estádio de


desenvolvimento.
• Interação oportuna = perceber sinais de que a criança ou o jovem
estão disponíveis para se relacionarem.
• Interação clara = adaptar os termos/temas que a criança e o
jovem entendem e que fazem parte da sua realidade.
• Interação congruente = a mensagem veiculada por diferentes canais, verbal e
não verbal, não pode ser contraditória.

190
Cultura de afetos: acolher, cumprimentar, expressar afeto, inclusão da família, sintonia
com o mundo infantil, brincadeira, cantar, desenhos animados, filmes, fotografias para
recordar, despedidas calorosas (Diogo, 2015).
Ambiente seguro e acolhedor: fardas coloridas e com bonecos, ambiente físico (pinturas
nas paredes, vídeos, brinquedos, música, sala de brincadeiras, Espaço Jovem) (Diogo,
2015).

No serviço de pediatria, o espaço de atividades e brincadeiras é fundamental para a


criança se desenvolver e estar mais à vontade para fazer certos procedimentos
(promover o sentimento de segurança na criança), por exemplo. Quando não é possível
as crianças deslocarem-se, costumam levar-se diversos brinquedos e objetos para o
quarto – nunca deixar de potenciar a brincadeira nos mais pequenos.

Situações concretas de cuidados: acolhimento, construir a relação de confiança,


entrevista de colheita de dados/diagnósticos/avaliação, preparação para os
procedimentos, durante os procedimentos, após os procedimentos
Quando a criança ou o jovem apelam >>> Kit “dói que não dói” (apresentado em
novembro 2012 pelo IAC - caixa com livros e instrumentos que permitem fazer a
preparação de um procedimento hospitalar).

→ Instrumento terapêutico (McMahon & Pearson, 1998; Lima Bastos et al., 2010). O
brincar é um instrumento terapêutico porque é o resultado de uma ação de
enfermagem que é feita com um objetivo terapêutico. O brincar também ajuda na
adaptação da pessoa ao seu meio ambiente e no seu desenvolvimento cognitivo e
psicossocial.
Técnicas de comunicação criativa: magia, sonhos, questões “E se…”, três desejos, jogos
de pontuação, jogos de associação de palavras, completar frases, prós e contras
(perguntar durante uma brincadeira ou durante o banho 3 coisas boas e coisas más de
estar no hospital – promover gestão emocional e a empatia entre enfermeiro cliente.
Envolver a família torna-se fundamental para diminuir níveis de ansiedade e para
aumentar o conforto e segurança da criança), contar histórias (pedir à criança que conte
uma história, depois os enfermeiros contam uma história semelhante mas com
diferenças que ajudam a criança nos seus problemas, dificuldades, medos, fantasias. Ler
a história à criança (se ela não for capaz ou pedir); pedir à criança para repetir a história;
desenhar sobre a história; envolver a família. As perguntas que as crianças fazem
enquanto os enfermeiros cuidam delas requerem explicações elaboradas com recurso a
histórias e a metáforas, adequadas à sua idade e nível de compreensão). Hockenberry e
Wilson (2014, cap. 6), escrita (escrever pensamentos ou sentimentos difíceis de
expressar; “Cantinho das Mensagens”; Escrever um Diário; Desenho e Pintura).

→ Terapia pelo brincar: utilizada pelos psicoterapeutas para diagnosticar um problema


psicológico da criança e facilitar a libertação de tensões (utilizado pelos
psicoterapeutas). É diferente do brincar terapêutico (utilizado pelos enfermeiros –

191
existe a brincadeira terapêutica – com recurso a bonecos e instrumentos
hospitalares e familiares, pretende-se distração da criança - e a brincadeira de
dramatização – brinquedo só de uso hospitalar para explicar o procedimento e o que
acontece passo por passo).
→ Brincar terapêutico: utilizado por enfermeiros para ajudar a criança a desenvolver
estratégias de confronto com o intuito de facilitar a vivência de crise emocional
associada a uma situação saúde-doença.
Finalidades: estabelecimento de uma relação de confiança entre o enfermeiro e a
criança; possibilidade da criança fazer a “ventilação de sentimentos” negativos em
relação ao seu problema/vivência; distração do foco da dor ou sofrimento.

→ Brincadeira terapêutica: proporcionar à criança um ambiente seguro, não


ameaçador, para expressão verbal e não-verbal das suas emoções,
preocupações, perceções em relação às experiências saúde-doença; sessões 15’
a 45’; fornecer bonecos e instrumentos do ambiente hospitalar e familiar;
atitude não-diretiva, observação/acompanhamento da brincadeira; distração e
bem-estar.
→ Brincadeira de dramatização: proporcionar à criança bonecos e
objetos/instrumentos de uso hospitalar para simular os principais aspetos do
procedimento; explicações concretas, treino de estratégias de confronto; alivia
tensões antes e após os procedimentos.

Funções do Brincar, do Brinquedo e do Lúdico


A. Linguagem Universal
B. “Trabalho/profissão” das crianças
C. Espaço de aprendizagem
D. Atividade de desenvolvimento e adaptação à vida
E. No processo de cuidados de enfermagem: funciona como mediador da relação,
viabiliza um ambiente seguro e contentor, promove a expressão e gestão de
emoções e de sentimentos, facilita o treino de estratégias de confronto, potencia
o reforço positivo.

Adulto/Idoso
Conhecimento + vontade + capacidade = andam sempre de mão dada.
Responsabilidade do enfermeiro: Promovendo saúde e EpS – prevenção primária;
Facilitador do desenvolvimento pessoal: fazer com que as pessoas aumentem o eu leque
de opções e sejam capacitadas para tomar decisões.
A idade adulta é considerada a idade produtiva do ser humano (ciclo dos 18 anos aos
65 anos – idade para desenvolver uma atividade profissional na sociedade ocidental).
O enfermeiro assume um papel importante no aumento do conhecimento, da vontade
e da capacidade da pessoa para satisfazer as NHF.

192
A manutenção da satisfação destas 3 NHF é essencial para o desenvolvimento pessoal e
social da pessoa.

Necessidades de
Trabalhar + divertir-se + aprender
autorrealização

Necessidades de
autoestima

Necessidades sociais

Necessidades de segurança

Necessidades fisiológicas

Responsabilidade individual: na promoção da satisfação da sua ocupação, recreação e


aprendizagem.
Responsabilidade do enfermeiro: PREVENÇÃO PRIMÁRIA – promoção da
saúde/educação para a saúde; promoção de estilos de vida saudáveis. PREVENÇÃO
SECUNDÁRIA E TERCIÁRIA.
1) Função de educador para a satisfação das NHF: aferir se a pessoa está pronta para
aprender, se tem conhecimento sobre os riscos da sua atividade profissional,
atividade recreativa/fazer/desportiva e a influência no processo de saúde/doença,
no imediato, a médio e a longo prazo. Facilitar a integração da Pessoa, em situação
de doença/incapacidade, no mercado de trabalho. Facilitar a satisfação das NHF
divertir-se e aprender.
2) Facilitador do desenvolvimento pessoal: no sentido de ampliação da consciência
crítica do outro, pois tem oportunidade de dar condições às pessoas “para se
transformarem, saberem o porquê das coisas”.
Ajuda na Satisfação da NHF TRABALHAR

• Um dos componentes dos cuidados básicos de Enfermagem é ajudar a Pessoa no


trabalho ou ocupação produtiva.
• A finalidade da atuação do enfermeiro é manter a independência na satisfação
da NHF.
• Quando tal não é possível, deve direcionar a sua ação para reduzir os efeitos da
dependência/incapacidade, com vista à autorrealização da Pessoa.

193
• O enfermeiro está atento a sinais de interesse no trabalho, sugerindo ou
possibilitando atividades que permitam, às pessoas, fazer algo que lhes dê uma
sensação de realização.
• Avaliar o tipo de atividade que a pessoa desempenha ou gostaria de
desempenhar e os efeitos desta na sua saúde.
• Explorar interesses.
• Promoção da ocupação aliada à promoção de um estilo de vida saudável.
• Informar sobre programas de ocupação na comunidade para a
criação/promoção/desenvolvimento de atividades de ocupação formal.
• Planear o dia-a-dia.
• Estabelecer um horário para a realização de atividades.
Ajuda na Satisfação da NHF Divertir-se

• Assessoria na escolha de materiais e equipamentos adequados à execução de


atividades (vestuário para atividades desportivas, escolha de equipamentos,
materiais adequados, entre outros).

Associações, IPSS, Autarquias desenvolvem


programas dirigidos a adultos para promoção
de uma vida saudável.
Experiências
facilitadoras de
aprendizagem

Respeito pelos Aprendizagem Motivação para


interesses do adulto aprender
individuais

Resolução dos
problemas do
dia-a-dia

Ajuda na Satisfação da NHF Aprender


• A pessoa ou grupo mostra disponibilidade ou motivação para aprender?
• Existem barreiras à aprendizagem que devem ser tidas em contas?
• O ambiente é favorável à aprendizagem?
• As experiências passadas proporcionam informações ou confiança na
aprendizagem?
• Existe congruência de posições entre o que os clientes e o que os profissionais
julgam dever ser ensinado?

194
A mulher grávida e no pós-parto: adequação à condição de gravidez, evitando
exposição a fatores que comprometam a sua saúde e do
feto; Promoção de estilos de vida saudável: atividades ao
ar livre, exercício físico; Promoção de estratégias para
uma articulação adequada entre os diferentes papeis –
maternal, conjugal, profissional.

→ Transição para a Maternidade – dar espaço para:


o Aprendizagem emocional e cognitiva, para que
possa focar-se no seu bem estar físico e psicológico para uma boa adaptação à
gravidez e ao pós-parto.
o Proteção no trabalho, evitando carga excessiva de trabalho cognitivo e físico na
gravidez, facilitando a articulação entre a atividade profissional e o papel
maternal, nomeadamente no âmbito da amamentação.
o Satisfação das necessidades, individualizando-as (segundo a cultura, a profissão,
a situação de saúde, o seu grupo social).
o Libertar-se do “tenho e devo” para o “quero e posso”.
A mulher grávida, no pós parto - Lazer A mulher grávida, no pós parto -
Aprender

Idoso

→ Transição Adulto-Idoso: Equilíbrio entre a recreação e o trabalho levam a


aprendizagem
• Descanso merecido? Ou Perda de ocupação? Perda de oportunidade para a
realização pessoal?
• Consequências: declínio cognitivo e funcional? Isolamento? Redução financeira?

195
• Como prevenir: envelhecimento ativo (desfrutar dos tempos livres, estimular as
funções cognitivas)

Sociedade – Promoção do envelhecimento ativo – algumas iniciativas:


• Oportunidades de ganhos em saúde ao longo da vida (saúde e termalismo
sénior)
• Conhecer, ganhar mais sabedoria e divertir-se (Rede das Universidades Séniores;
Turismo Sénior
• Voluntariado e o diálogo entre gerações (V.I.P. – voluntariado intergeracional de
proximidade)
• Novas tecnologias de informação e comunicação ( Net@vó; IdadeMaior;
ProjectoTIO – terceira idade online)
• Conhecer, ganhar mais sabedoria e divertir-se (Rede das Universidades Séniores;
Turismo Sénior
• Voluntariado e o diálogo entre gerações (V.I.P. – voluntariado intergeracional de
proximidade)
• Novas tecnologias de informação e comunicação ( Net@vó; IdadeMaior;
ProjectoTIO – terceira idade online)

Ambientes
facilitadores

Autonomia
Saúde
Independência Profissionais
Idosos de saúde

Atividades de Lazer de acordo com o nível de expressão

Solidão
Repouso;
Muito Baixa Relaxamento
Sono
Desportos como espectador
Leitura
Intensividade da Medianamente Divertimento passivo (rádio, TV)
Divertimento
expressividade Baixa Jogos e brincadeiras
Conversas
Passatempos ou arte como lazer
Cultura física e desportos
Aquisição de conhecimentos
Cognitiva,
Média Realização Visitas guiadas, viagens
emotiva e física
Participação em atividades organizadas em
grupos

196
Jogos intelectuais e educativos
Cultura artística (visitas a galerias de arte,
museus…)
Criação artística, literária
Altruísmo
Intensidade da Medianamente
Criatitidade Discussão, análise
expressividade elevada
Introdução da arte e do jogo no trabalho
Uso de agentes psicoac-vos
Êxtase religioso
Cognitiva,
Muito elevada Transcendência Agressão “acção”
emotiva e física
Jogos ou desportos
Dança intensa e ritmada

Consequências da não satisfação da NHF

• Risco de solidão.
• Compromisso da interação social
• Isolamento social
• Tristeza Crónica
Isto leva a:
• Aumento dos comportamentos aditivos
• Aumento das (co)morbilidades e mortalidade (associada ao sedentarismo e a
um estilo de vida não saudável)
A não satisfação de uma destas NHF gera um indivíduo incompleto (Henderson, 2007)

197
Cuidado à pessoa em processo de morte
2.1 Cuidado à Pessoa em Processo de Morte
A morte na nossa sociedade é considerada uma ideia tabu. Nos locais mais interiores do
país, os rituais da morte continuam a ser muito utilizados, por exemplo o ir visitar o
corpo da pessoa, querer morrer em casa…
Neste momento em que vivemos uma situação pandémica, a morte tem estado cada
vez mais perto de nós. A morte pode provocar situações muito dolorosas e difíceis de
ultrapassar, uma vez que na maioria das vezes são experiências abruptas e que muitas
das vezes não permitem que a pessoas viva o processo de luto.

• Neste contexto a função do enfermeiro no que a pessoa necessita;

• Esta NHF é uma necessidade derradeira do cliente vai ser fundamental a todas
as idades, culturas e condições.

Conceito de Morte:
É um facto universal e normal que difere de cultura para cultura, de sociedade para
sociedade e de indivíduo para indivíduo. (Macedo e Malheiro, 1999)
É o destino de todos os seres vivos. Do ponto de vista biológico, desenrola-se por
estádios e apresenta-se como um processo evolutivo (ou involutivo), um percurso, cujo
limite se desloca mais ou menos rápido, ou seja, é o termo de processos de morte
funcionais e orgânicos parciais.

A diferença entre MORTE >>> MORRER >>> fim de vida


• O morrer é um processo e acontece desde o momento em que somos
“confecionados” no ventre da nossa mãe; morremos desde o primeiro momento
em que vivemos;
• A morte é um evento isolado;
• O fim de vida = prognóstico de vida de cerca de 6 meses a 1 ano (este tempo não
é muito consensual) – é uma pessoa com uma doença sem cura, em estado
terminal e com um tempo de vida limite;
Porque não é consensual este tempo que se dá no fim de vida? Porque a patologia não
é igual em todos os casos (existem patologias que se arrastam mais no tempo) e porque
também o morrer
• Dolência – vivência da doença, associado aos sintomas – o ter sofrimento, sofrer
com sintomas.
• Doença – estar doente fisicamente – associado à doença.
Fisicamente posso estar doente mas não sentir sintomas >>> tenho doença mas não
dolência, mas também posso não estar doente e sentir sintomas, por exemplo no
processo de luto >>> tenho dolência mas não tenho doença.
Luto: o luto não é mais do que uma reação à perda. Nós, enquanto enfermeiro, temos
um papel essencial para ajudar os clientes a fazerem o luto.

198
Um dos aspetos dos cuidados paliativos é o acompanhamento da família e do processo
de luto. O luto é um processo que não começa simplesmente depois da morte, começa
muito antes disso.

Tipos de morte
1. Morte social (ex.: reforma profissional, internamento num lar ou num hospital de
pessoas crónicos);
2. Morte psicológica (definida pelo fim dos projetos e das relações com os outros);
3. Morte biológica- Cessação das funções vitais e orgânicos da pessoa.

De que se morre hoje em dia?

➢ Morte súbita - 10% óbitos


➢ Doença crónica e prolongada - 90% óbitos
o Cancro - No doente oncológico pode haver um grande arrastar do tempo em
tratamento para depois levar a um processo de fim de vida. O cancro é designado
por uma doença crónica porque nunca podemos dizer que a pessoa está curada,
pois a recidiva do cancro tem maior probabilidade nestes doentes do que numa
pessoa sem cancro.
o Falência orgânica –IC, DPOC, HIV
o Demências

Número de óbitos e taxas de mortalidade específica (Portugal - 2017)

Em portugal, doenças circulatórias e cerebrovasculares tão no topo das mortes em


Portugal.

199
Diferentes Trajetórias
No processo de fim de vida, não faz sentido eu
ter uma perspetiva curativa, mas sim paliativa.
Ex.: Não se deve dizer: “A pessoa tem seis
meses para morrer”; Deve-se dizer:
“Estatisticamente em situações idênticas, as
pessoas têm cerca de X tempo”. O tempo que
a pessoa tem não se diz de livre vontade,
apenas se a pessoa insistir muito.

• Morte súbita: De forma repentina há


fim de vida.
• Cancro: Degradação progressiva das funções orgânicas
• HIV, IC, DPOC: Há várias agudizações sendo que após a recuperação de cada
agudização não conseguimos regressar à qualidade anterior- declínio das
funções vitais
• Demências: Declinar mais suave das funções vitais
O que temos para oferecer às pessoas que se encontram em fim de vida?

Temos a dar melhoria da qualidade de vida e conforto. Não só às pessoas em fim de


vida, mas também às pessoas com doença crónica
O que são cuidados paliativos?
Cuidados que se dão às pessoas que se encontram em fim de vida, mantendo a sua
qualidade de vida e que permitem fornecer conforto. Cuidados que permitem diminuir
o sofrimento da pessoa. São uma abordagem à pessoa – quando falamos de pessoa
englobamos a sua família – nunca são dissociados. Tem 4 pilares fundamentais: controlo
de sintomas, comunicação, apoio à família e o luto, trabalho em equipa.
Os cuidados paliativos podem não ser só feitos às pessoas em fim de vida, por exemplo,
pessoas com diabetes podem ter este tipo de cuidado no sentido de diminuir o
sofrimento e aumentar a qualidade de vida.
No SNS existe forma de aceder a estes cuidados, através de uma lista de espera e
integração nestas unidades.
Porque é referida a dor aqui e não outros sintomas?
A dor é um sintoma, e um dos que provoca um maior impacto com a pessoa. A dor não
é só física, é também influenciada por fatores sociais e espirituais.
Ex.: situação em que há dor mas não há sofrimento (existem exceções – é um processo
individual) = parto.

200
O que são cuidados paliativos?
Organização Mundial de Saúde (2002)
“...uma abordagem que melhora a qualidade de vida das pessoas e famílias que
enfrentam problemas resultantes de doenças incuráveis e com prognóstico limitado,
através da prevenção e alívio do sofrimento, recorrendo à identificação precoce e
tratamento rigoroso da dor e outros problemas físicos, psicossociais e espirituais.”
Pressupostos
→ Assumem a vida e encaram a morte como um processo normal que não pretendem
acelerar nem prolongar- ou seja nem obstinação terapêutica nem eutanásia;
→ Proporcionam alívio da dor e outros sintomas;
→ Integram os aspetos psicológicos e espirituais dos cuidados aos doentes. Esta visão
holística implica uma abordagem de trabalho de equipa- Não só o controlo de
sintomas físicos;
→ Constituem um sistema de suporte para auxiliar os doentes a viverem tão
ativamente quanto possível até a morte ocorrer- São cuidados ativos;
→ Oferecem ainda um sistema de suporte para a família lidar com o trajeto da doença
e o seu próprio processo de luto;
→ Identificam as necessidades dos doentes e suas famílias incluindo o apoio no luto
se necessário;
→ Melhoram a qualidade de vida podendo influenciar positivamente o curso da
doença;
→ Podem ser utilizados precocemente no curso da doença, em conjunto com outras
terapias que pretendam prolongar a vida, tais como a quimioterapia ou
radioterapia, e incluem a investigação necessária para melhor compreender e
controlar complicações clínicas.
Os cuidados paliativos são uma filosofia e não uma estrutura, portanto não precisamos
de ter como suporte físico nenhuma estrutura- são uma filosofia de olhar para a pessoa
que precisa de controlo de sintomas, de conforto, acompanhamento do que está
descontrolado. Vêm afirmar a vida, mas não aceleram nem atrasam a morte, oferecem
alívio da dor total (têm em atenção a dor em todas as suas dimensões seja física,
psicossocial, espiritual, psicológica). São estratégias ativas, sendo disponibilizadas em
equipa multidisciplinar e devem constar em todos os SNS.

Lei de Bases dos Cuidados Paliativos


(Lei nº 52/2012, de 5 de setembro)
“Cuidados ativos, coordenados e globais, prestados por unidades e equipas especificas,
em internamento ou no domicilio a doentes em situação de sofrimento decorrente de
doença incurável ou grave, em fase avançada e progressiva, assim como às suas famílias,
com o principal objetivo de promover o seu bem-estar e a sua qualidade de vida, através
da prevenção e alívio do sofrimento físico, psicológico, social e espiritual, com base201
na
identificação precoce e no tratamento rigoroso da dor e outros sintomas físicos, mas
também psicossociais e espirituais”
Quando apareceram os Cuidados Paliativos?
Inglaterra: Cecily Sounders (Inglaterra, anos 60) – repara que as pessoas morriam e
viviam com muita dor e sofrimento. Surge assim o movimento dos cuidados paliativos,
com o objetivo de aumentar a qualidade de vida e o conforto.
Portugal: a primeira unidade de cuidados paliativos (que ainda nem tinha este nome,
era chamada de unidade da dor) surge no Fundão e em 1982. Em 1996 surge este
conceito num centro de saúde em Odivelas. É muito recente a questão dos paliativos no
nosso País. Já existem unidades e equipas intra-hospitalares específicas de paliativos.
Surge a Lei de Bases para os cuidados paliativos.

Os CP especializados destinam-se ao acompanhamento de situações complexas:


• Condições potencialmente fatais, em que o objetivo do tratamento mudou de
curativo para paliativo, ou situações de controlo sintomático complexo durante
tratamento com intuito curativo (cancro, comorbilidades,...);
• Doenças em que há tratamento disponível para prolongar a vida, mas o prognóstico
é incerto (doença pulmonar obstrutiva crónica, insuficiência cardíaca e outras
falências de órgão, fibrose quística...);
• Doenças incuráveis, em que o tratamento é paliativo desde o diagnóstico (doença
do neurónio motor, atrofia sistémica múltipla, demência, Parkinson...);
• Situações neurológicas não progressivas cuja severidade provoca necessidades
médicas complexas, que são ameaçadoras da vida (acidente vascular cerebral,
paralisia cerebral...);
• Situações em que o doente tem necessidades complexas (físicas, psicológicas,
sociais e/ou espirituais), às quais a equipa assistente não consegue dar resposta
(sintomas persistentes, situações familiares difíceis, dilemas éticos em relação a
tratamentos...).

Consultar Twycross – foi durante muito


tempo a bíblia dos cuidados paliativos;
Livro de cuidados paliativos da faculdade
de medicina do porto.

• Diagnóstico: Os CP devem entrar


logo aqui
• Terapia que modifica a doença- os CP entram juntamente com esta terapia
• Linha vermelha: Aumentos das NHF não satisfeitas
• Cuidados de suporte: Os CP entram juntamente com estes cuidados que
suportam sintomas em situações sociais que precisam de suporte

202
Níveis de diferenciação
a) Abordagem Paliativa
É mais comum em serviços de atendimento de doenças agudas, de retaguarda, de apoio
a reabilitação de longa duração- P.S sem especialização na área

Integra métodos e procedimentos usados em CP (medidas farmacológicas e não


farmacológicas de controlo de sintomas, estratégias de comunicação...), no
acompanhamento dos doentes em estruturas não especializadas em CP. Deve estar
presente em todo o sistema de saúde, pelo que todos os profissionais de saúde devem
terminar o curso com formação básica em CP, sendo capazes de identificar e tratar
precocemente os doentes com necessidades de foro paliativo e encaminhar os casos
complexos para outro nível de diferenciação. Os cuidados paliativos podem aparecer em
qualquer contexto, daí ser importante qualquer profissional ter de possuir nem que seja
uma breve formação em cuidados paliativos.
b) Cuidados Paliativos Generalistas
Prestados por profissionais que trabalham em áreas em que a prevalência de doentes
com doença incurável e progressiva é alta (cuidados de saúde primários e alguns
serviços hospitalares - Oncologia, Medicina Interna, Hematologia...). Estes profissionais,
embora não façam dos CP o foco principal da sua atividade profissional, devem dispor
de conhecimentos e competências mais avançadas nesta área, nomeadamente
formação de nível intermédio obtida a nível pós-graduado.2º nível – cuidados paliativos
generalistas – serviços em que os profissionais trabalham muitas vezes com pessoas em
fim de vida. Ex.: unidades oncológicas.

c) Cuidados Paliativos Especializados


Recursos especializados de CP, nos quais os profissionais exercem as seguintes funções:
acompanhamento clínico dos doentes e famílias com problemas de alto grau de
complexidade; consultadoria aos profissionais dos outros níveis de diferenciação;
articulação com as Universidades, Escolas de Saúde e Centros de Investigação, com o
objetivo de desenvolver o ensino, a investigação e a divulgação dos CP. Estes
profissionais devem ter formação avançada em CP (pós-graduação e/ou mestrado), com
estágio em Unidades/Equipas devidamente certificadas para o efeito3º nível – cuidados
paliativos especializados – têm equipas com recursos especializados – pós-graduação ou
mestrado.

d) Centros de Excelência
CP especializados em vários contextos (nomeadamente a doentes internados e em
ambulatório, apoio no domicílio e consultadoria a outros serviços) e desenvolvem
atividade académica no domínio da formação e da investigação. Os Centros de
Excelência são a referência a nível da educação, investigação e divulgação dos CP,
desenvolvendo standards e novos métodos.4º nível – centros de excelência – um
bocadinho como a fundação Champalimaud mas para doentes oncológicos.

203
Recursos Específicas

EIHSCP – equipa intra hospitalar de cuidados paliativos.


RNCCI – rede nacional de cuidados continuados integrados.
A equipa domiciliária CSH só entra em ação quando não há equipas no ACES

 De que temos medo na morte?


Medo da dor. O que acontece depois desta morte – o desconhecido; o que há para lá
de? Pessoas podem ter medos muito específicos, como o ter medo de ter frio, medo de
perderem o controlo. Pode haver também medos irracionais como o ser enterrado vivo.
Medo de morrer sozinho…
 De que necessitam as pessoas em fim de vida?
Resolver assuntos inacabados.

 O que caracteriza este período de fim de vida?


A ajuda na satisfação das NHF com vista a uma morte serena: ação paliativa na fase
agónica
Fase Agónica (sensivelmente 14 dias antes da morte)
→ Podemos encontrar: desorientação com períodos de orientação; pessoas às
vezes sentem que vão morrer e dizem-no; falência multiorgânica (diminuição da
FC, diminuição da FR e às vezes até períodos de apneia, respiração Cheyne
stokes, diminuição da temperatura; TA mais baixa; palidez e cianose; não há uma
volemia suficiente no rim que cumpra a sua função – diminuição do débito
urinário; diminuição do apetite, recuso alimentar e de ingestão de líquidos – o
não comer não é muito problemático pois na fase agónica o metabolismo da
pessoa é mais baixo).
→ Existe alguma evidência que indica que o não comer nesta fase da vida, liberta
substâncias semelhantes à morfina que aliviam a dor. Entramos num dilema
ético: por um lado queremos respeitar o cliente e dar-lhe conforto e por outro a
família que acha que se ele não comer não vai sobreviver.

204
→ Muito importante ter me conta o princípio da autonomia – considerar sempre
aquilo que a pessoa quer fazer.
→ Hipodermóclise: técnica usada durante muitos anos e que foi recuperada à uns
anos pelos paliativos; consiste em colocar uma agulha, nomeadamente na região
subcutânea abdominal, que está ligada a um soro.
→ Muitas das vezes em cuidados paliativos, são usados os efeitos secundários dos
medicamentos terapêuticos para proporcionar conforto e bem-estar para a
pessoa.

Diagnosticar a proximidade da morte- tem 2 ordens de razões- o enfermeiro está


24 sob 24 a prestar cuidados em que o doente está em contacto continuado.
• Os enfermeiros, face à sua proximidade do doente serão os profissionais de
saúde que estão melhor posicionados para identificar os sinais de morte
iminente. Os enfermeiros devem estar despertos e implementar medidas para
diminuir o sofrimento e aliviar sintomas que possam surgir.
• É o momento quando o modelo de cuidados paliativos “intensivos” deve ser
colocado em ação, proporcionando cuidados físicos, psicológicos, sociais e
espirituais ao doente e seus familiares (tornamos a família presente no
processo)- tornamos a família mais presente no processo.
• Quando o doente está próximo de morrer, o objetivo máximo do tratamento é
que a pessoa esteja tão confortável quanto possível- Pressuposto que comanda
a nossa intervenção por muito que haja pressão feita pela equipa ou pelos
familiares, o nosso compromisso é com o doente e com o seu conforto.
Será relevante saber que a morte está próxima ? Ainda existem tabus associados à
morte. Muitas vezes esconde-se o acontecimento para nos esquecermos dele.

Pode acontecer que as pessoas nos perguntem se estão a morrer. O papel do


enfermeiro não é mentir, tem de arranjar estratégias que permitam não só não mentir
mas também não dizer a verdade pura e diretamente. Uma das estratégias passa por
devolver essa mesma questão à pessoa.

Sofrimento no final de vida


Um alívio inadequado do sofrimento nos dias que antecedem a morte de um doente
poderá ser lembrado para sempre pelos familiares e ser uma importante causa de
angústia. Assegurar uma boa morte para todos é um grande desafio não apenas para os
profissionais de saúde mas também para a sociedade.
Principais fontes de sofrimento: sentimento de perda do sentido, desespero (objetivos
e despedidas por fazer), falta de controlo, sensação de impotência inerente à falta de
controlo na sua vida.
205
O sofrimento (físico, psicológico, social e espiritual) é influenciado por fatores
psicológicos: atitudes e traços de personalidade (necessidade de manter o controlo, tem
grande influência no sofrimento principalmente psicológico), dinâmica interpessoal
perturbada (resolução de assuntos interpessoais pendentes, não foram resolvidos e são
transportados para esta fase o que deixa a pessoa mais angustiada devido à impotência).
Medos mais frequentes da pessoa em fim de vida: Morrer só; Sofrer (Muitas vezes
pensamos que a pessoa está a falar de sofrimento físico, mas a pessoa tem uma dor
objetável e de delineação, portanto é uma dor daquilo que poderia ter sido. É muito
difícil quando não temos conhecimento sobre a pessoa ou quando a própria família não
o tem- apreciar toda a situação); Desconhecido (medo do pós-vida); Perda de controle
de si próprio (dependência); Medos irracionais (ser enterrado vivo, medo de ter frio…);
Separação das pessoas significativas

Hierarquia das necessidades


Nem sempre devemos cumprir em primeiro lugar as
necessidades fisiológicos. Temos de olhar para o
indivíduo como um todo que se encontra num contexto
e que pode dar mais valor a outros aspetos que nãos os
básicos.

Nesta etapa da vida começa a haver uma desmedicalização da alimentação. Por


exemplo, um diabético em fim de vida tem o desejo de comer um doce – não a vamos
impedir de comer um doce, vamos dar o doce e depois controlar uma possível resposta
do organismo.
“A alimentação é magica e tem a capacidade de nos transportar para momentos da vida
e para emoções e sentimentos muito importantes para a pessoa”. Exemplo: comer um
doce que a minha avó me fazia provoca-me nostalgia.

Pessoa em fase agónica:


→ Pessoa que está moribunda, situação de morte iminente
→ Presença de acentuado declínio funcional progressivo
→ Habitualmente dependente, confinada ao leito e muito debilitada
→ Falência do SNC
→ Alteração do estado de consciência, desorientação espácio-temporal e confusão
mental (períodos cada vez mais prolongados até chegarmos a um estado de maior
letargia e inconsciência)
→ Agitação motora e delírio podendo alternar com períodos de sonolência e
prostração

206
→ Dificuldades em manter a atenção/concentração- tem um enquadramento próprio
e portanto vai progressivamente maior a necessidade de atenção.
→ Pupilas reagem lentamente à luz (fixas e dilatadas) - pupilas midriáticas
Sinais de falência multiorgânica:
• Falência cardíaca - baixa perfusão periférica, hipotensão, pulso fraco e filiforme,
pele húmida e fria, aparecimento de livores (descoloração de uma região do corpo
causada por acúmulo de sangue), vasoconstrição periférica (mãos frias e pálidas),
cianose das extremidades e peri-bucal.
• Falência respiratória - alterações do padrão respiratório (dispneia, respiração
ruidosa/”estertor”, períodos de apneia, respiração Cheynes-Stokes- períodos de
apneia intercalados com respirações superficiais) - estertor terminal - respiração
ruidosa – tem a ver com um relaxamento das estruturas por onde passa o ar – não
significar que a pessoa está com falta de ar – isto tem de ser explicado à família.
• Falência do aparelho digestivo - Náuseas e vómitos (diminuição da motilidade
gastrointestinal)- Quase todas as funções vitais estão em fase basal o que causa
diminuição da motilidade e dai os vómitos.
• Falência renal -, anúria, oligúria (diminuição do volume de urina)
A pessoa tende a:

• Recusa alimentar e hídrica (duração possível entre menos de 24h a 14 dias)


• Ter dificuldade na deglutição (défice muscular da orofaringe)
• Ter dor- difusa, é uma queixa quase ao toque
• Incontinência (relaxamento dos músculos esfincterianos)
• Falar com alguém quando ninguém está no seu quarto (falar com ente querido já
falecido nas horas que precedem a morte)- discurso incoerente

As duas vias para a morte


Se houver uma abordagem paliativa na base das necessidades do nosso cliente,
conseguimos que haja uma morte mais serena. Passando as pessoas pelo mesmo
processo de morte, uma pessoa com cuidados paliativos consegue passar por estas fases
progressivamente, ao contrário das pessoas que não são sujeitas a este tipo de
cuidados, sentem cada fase muito mais.

207
Úlceras de Kennedy – fisiopatologia semelhante à UPP esta não acontece simplesmente
devido à pressão. Neste caso, pode ser numa zona que não tenha pressão e que tem a
ver com falta de oxigénio e nutrientes nas células – comprometimento da circulação.
Neste caso, não temos o objetivo de curar a ferida, porque não vai haver tempo para
isso. A nossa intervenção passa por eliminar o desconforto à pessoa. Se existe cheiro
pomos carvão ativado, por exemplo.
O nosso foco será dividido pelas várias NHF

Cuidados no final de vida: CONFORTO

208
Todas as intervenções têm como objetivo o conforto
1. Evitar Medidas Desnecessárias – ponderar benefícios/prejuízos das intervenções
para a pessoa cuidada inclusive a mobilização no leito e os cuidados orais, tudo deve
ser ponderado (como, quando e porquê) de acordo com os benefícios que vai trazer
ao cliente
2. Manter ambiente tranquilo
3. Ajudar a Manter a Esperança- Pequenos gestos podem ajudar a manter a esperança-
é muito importante, mas é muito difícil de ser posto em prática. É muito complicado
ver a esperança, não nos cabe a nós liquidar a sua esperança- muitas vezes somos
surpreendidos, por exemplo ganhou esperança por ter conseguido conversar com
uma pessoa importante para si
4. Responder às Necessidade Biofisiológicas
• Higiene pessoal (bucal/corporal).
• Hidratar sempre os lábios, a boca e os olhos- Muitas vezes por estarem
desidratadas- às vezes é melhor hidratar localmente (sistematicamente pode
trazer vómitos ou a pessoa pode engasgar-se)
• Manter a pessoa limpa e seca- Não implica que tenha de fazer cuidados de
higiene todos os dias.
• Preparar-se para possíveis episódios de incontinência (fraldas)- deverá ser
prevenido e precocemente detetado
• Mudar o decúbito de acordo com as necessidades da pessoa para manter o
conforto- Muitas vezes a mobilização também não é confortável, temos de
encontrar um equilíbrio.
5. Presença e Comunicação
• Estar realmente presente (empatia, escuta ativa).
• Segurar a mão, ouvir, conversar...
• Movimentar-se mais devagar no ambiente, sem pressa...
Pessoa tem de se sentir acompanhada
6. Disponibilidade- Não só ao doente, mas também aos familiares, é importante que
os familiares percebam que têm alguém para lhe esclarecer as suas duvidas e que
tem um apoio.
• Para dúvidas e orientações à 24 horas e telefone de contato para tirar dúvidas e
em caso de óbito em casa, se possível.
• Visitar regularmente, cada vez mais amiúde (quando entramos em cuidados
paliativos intensivos tem de haver consultas menos espaçadas, uma vez que o
risco de descontrolo sintomático é maior e a janela de oportunidade para
prevenir sintomas é muito curta). Nos últimos dias diariamente, se possível, para
controlar melhor os sintomas antigos e novos.
• Muitas vezes as pessoas queixam-se que a abordagem paliativa deve ser
assegurada e que os P.S não se mostram disponíveis quanto deviam- Não pode.

209
Cuidados no final de vida: CONTROLO DE SINTOMAS
1. Dor
• Avaliar a dor- nem sempre é completo
• Controlar a dor à a dor não será um problema se antes o controlo tiver sido
adequado;
• O alívio poderá não ser completo em cerca de 10% dos doentes >>>> A dor de
intensidade severa e persistente é rara- não nos podemos esquecer que não é só
física.
• Pode ser desencadeada pela mobilização (imobilidade).
2. Angústia terminal
Surge, na maioria das vezes, quando as pessoas não conseguiram realizar o que tinham
planeado ao longo da sua vida. Muitas vezes problemas subjacentes acabam por se
tornar mais graves nesta fase
Estado mental de aflição relacionado com problemas emocionais de longa data não
resolvidos:
• conflitos interpessoais
• memórias de tristeza
• sentimentos de culpa.
Nós, enquanto enfermeiros, fazermos prevalecer os aspetos positivos associados à vida
da pessoa, pode ajudar na gestão da angústia.
Manifesta-se com agitação, queixumes, lamentos e choro. Por vezes podemos achar que
a sedação é a solução, mas sedação inadequada pode agravar. Por vezes a sedação mais
intensa é o único meio de alívio. Abordagem baseada na “revisão de vida” (Forma de
transpor estas tristezas).
3. Agitação- Nem sempre há tratamento disponível para a agitação
• Vulgarmente observada nas últimas horas de vida.
• Frequentemente não é possível um tratamento.
• Pode sobrepor-se, ao delírio e à angústia terminal.
As causas tratáveis incluem:
• Dor, bexiga ou ampola rectal distendidas. Bexigoma ou globo vesical – quando
ocorre uma retenção urinária e não se pode ou não se consegue urinar – pode
causar alguma agitação.
• Dispneia. A dispneia é um dos sintomas mais angustiante de que a morte é
iminente, indica uma possível fase agónica – ajudam o toque, as técnicas de
relaxamento e controlo da respiração e algumas terapêuticas farmacológicas –
Morfina, ansiolíticos, oxigénio, ar fresco- Aliviam e retiram a sensação de
dispneia. É passível de alívio completo. Pode estar associada a ansiedade.
Terapêutica
• Náuseas.
• Prurido.
• Anoxia cerebral.

210
4. Estertor Terminal- Deve-se ao aumento de secreções que a pessoa não consegue
expelir e que se acumulam causando uma respiração ruidosa e aflitiva. Deve ser
antecipado e deve-se encontrar medidas para o prevenir
• Fornecer explicações à família.
• Posicionamento em decúbitos laterais- aliviam sintomas
• Administração de fármacos anticolinérgicos (buscopan)- podem ser subcutâneos
e são usados tanto para prevenir como para controlo.
5.Redução da ingestão oral- É progressiva e deve-se à diminuição da motilidade
(sensação de estômago cheio) ou pelo facto de a pessoa não conseguir deglutir. Esta
redução não é causa de sofrimento, mas sim um mecanismo de reação ao facto do
organismo estar debilitado.
• Interpretado como desistência.
• O doente não deve ser forçado- Não quer dizer que não possamos oferecer
pequena quantidade de alimento que dê conforto e que vão ao encontro daquilo
que a pessoa gosta.
• Vias alternativas dos familiares expressarem o seu cuidado- dificuldade em gerir
situações, sentem-se impotentes- devemos dizer que existem outras vuas
(hidratação local e subcutânea).
• A desidratação não é uma causa de sofrimento.
• A hidratação EV tem diversos aspetos adversos. Hidratação EV – risco de infeção.
Quando é um período agónico prolongado (15 dias) pode recorrer-se à
hipodermóclise para evitar a desidratação.
• Cuidados à boca adequados.
6. Disfagia
• Vias alternativas: rectal, subcutânea ou endovenosa.
• Oral é via de eleição, mas quando não é possível usamos outra
7. Perda de controlo dos esfíncteres
• Causa de angústia- sobretudo quando a pessoa percebe
• Cuidados adequados à pele.
• Frequentemente necessária algaliação.
Tentar evitar a algaliação – pode causar infeção e pode vir a ser desconfortável.

Os familiares cuidadores
São a face menos visível do sofrimento, mas são as que mais sofrem porque, para além
de verem a doença, ainda têm de lidar com a impotência de não conseguirem ajudar.
Na ausência de suporte adequado na comunidade, a complexidade das exigências que
os familiares cuidadores são alvo pode conduzir ao abandono do papel de cuidador e à
procura do hospital para a admissão do doente. Existe evidência que o desgaste dos
cuidadores e a ausência de controlo adequado de sintomas são as duas principais razões
para a admissão hospitalar nos últimos dias de vida. Estes processos são muito
desgastantes principalmente quando não há controlo sintomático e a pessoa tem de ser
hospitalizada.

211
Necessidade de suporte à Família
- O que a família mais provavelmente irá relembrar durante um grande período após a
morte do doente são os acontecimentos dos últimos dias.
- A explicação adequada e atempada dos sintomas e do estado emocional dos doentes
poderá prevenir a angústia pela falta de entendimento ou má interpretação.
- Mesmo quando parece certo aos profissionais de saúde que o doente tem pouco
tempo de vida, os familiares podem não estar preparados para o falecimento- Não é
preciso ser bruto temos é de ir dando informação atualizada, ou seja a partir da
atualização que as perdas são superiores aos ganhos e que alguém neste quadro de
perdas tem o fim próximo. Há dificuldade de passar a mensagem sem querermos
parecer muito duros na informação conseguirmos transmitir a realidade ao doente e à
família
- Deverá ser prestada atenção no sentido de se assegurar que todos os familiares estão
informados que o tempo escasseia- não dar informação diferente aos vários membros
da família
- Se for perdida a oportunidade de dizer adeus e realizarem as suas despedidas poderá
originar um luto mais difícil- devemos deixar tempo para a despedida.
- Nos cuidados paliativos usam-se muito as conferências familiares, onde é possível
transmitir informação, dar o apoio e permitir à família despedir-se do seu familiar. Hoje
em dia, há uma maior abertura dos hospitais a visitas – existem visitas que ficam com o
cliente durante o dia todo e inclusive dormem lá- isto é importante para alguns
familiares, de modo a se poderem despedir e fazer o processo de luto.
Muito do suporte que a pessoa que se encontra a morrer necessita é dado pela família.
Devemos ter em conta que para a pessoa, a família é o importante e não os P.S, estes
são apenas um veículo de cuidados que em circunstâncias normais seriam feitos pela
família.
Os familiares necessitam de:
O acompanhamento da família em empodera-a em relação ao seu papel e deixa-os mais
esclarecidos em relação à sua função.
→ Reconhecimento do esforço e importância da sua contribuição - É importante dar
um feedback positivo.
→ Alívio da incerteza do que se irá passar- informação atualizada
→ Sentirem-se preparados para dar resposta a eventuais emergências.
→ Ser informados de como os sintomas podem ser aliviados.
→ Ter assegurado que terão um suporte profissional constante e não só dia sim dia não
→ Ter oportunidade para dizerem as últimas palavras- deixar a família estar junto do
cliente (o estado de consciência vai ser cada vez menor)
→ Encorajar a comunicação entre os familiares- pilares uns dos outros

212
→ Discutir os assuntos preocupantes, tais como custódia de filhos, escola, renda
familiar, local e custos do funeral.
→ Saber os desejos pessoais do paciente e muitas vezes os familiares não sabem a
preferência do doente o que lhes traz uma grande culpa.
→ Encorajar que seja dito ao doente que ele é amado e que será lembrado.
→ Falar sobre a morte no contexto religioso e cultural da família e do paciente- p.e
hindu o corpo não pode ser lavado.
→ Ajudar o paciente e a família a lidar com os sentimentos de culpa ou de
arrependimento que possam existir.
→ Preparar com antecedência, se possível, a família sobre sinais iminentes de morte e
como proceder quando ela ocorrer.
→ Fazer um acordo previamente com a família para quem ligar se o óbito ocorrer em
casa (médico de família ou da equipe (intra-hospitalar ou domiciliaria) se existir essa
disponibilidade).
→ Ensinar os sinais clássicos de morte: paragem da respiração e ausência de
batimentos cardíacos, pupilas fixas e dilatadas.
→ Orientar para que quando a morte ocorrer não existe mais pressa: não há
necessidade de chamar o resgaste ou a polícia- era o esperado acontecendo temos
de fazer as diligencias necessárias para o cuidado do corpo.
→ Orientar a fazerem suas despedidas: tocar, beijar, higiene e preparar o corpo.

Face à situação pandémica que vivemos, temos assistidos nos meios de comunicação
social os profissionais de saúde a fazerem videochamada entre os clientes e os seus
familiares – para se despedirem e/ou para aumentar o conforto.
Associação Portuguesa de cuidados paliativos (APCP): é uma associação que tem uma
revista e que divulga a formação que existe nessa área.

O enfermeiro na ajuda à família após a morte da pessoa


a) Proporcionar e garantir privacidade em casa e no hospital
b) Estar presente e disponibilizar-se para ajudar.
c) Sentar-se junto à pessoa e ao mesmo nível.
d) Usar o contacto físico (o toque, o abraço, segurar nas mãos...).
e) Escutar ativamente, respeitar os silêncios.
f) Encorajar a expressão de sentimentos- Há que explicar que estamos a
compreender e que qualquer reação será aceite. Muitas vezes os familiares
ficam contidos, receiam chorar e confrontar-nos com o seu sofrimento
g) Permitir que se despeçam do seu ente querido.

213
h) Dar espaço e tempo aos presentes para “compreenderem” o que aconteceu-
temos o familiar junto ao corpo e vêm buscar o corpo (temos de gerir o tempo
que os familiares precisam para estar junto ao corpo).
i) Permitir (se o desejarem) que colaborem nos cuidados ao corpo- dizer que a
pessoa não vai com a sua roupa para a morgue (vão sem roupa envolvidos numa
mortalha)
j) Respeitar as práticas pessoais, culturais e religiosas.
k) Garantir o respeito pelo corpo e pela família enlutada.
l) Proceder à “remoção” do corpo (atender às sensibilidades individuais).
m) Dar continuidade ao apoio no luto (contacto telefónico e visitas e luto – é
importante que as famílias encontrem estratégias par a substituir o falecido nas
suas funções)- Há um vazio que é deixado e quando damos as funções da pessoa
que morreu facilita o luto.
n) Sugerir grupos de autoajuda que viveram situações semelhantes.
o) Esclarecer sobre tramites legais (certidão de óbito)- se é feito em casa ou no
hospital. O dono do corpo falecido é a família e salvo situação suspeita, a família
é que autoriza a autopsia. Morte suspeita, a autopsia é automática.
Devemos estimular a comunicação entre os familiares e os doentes – muitas das vezes
a família, em casos de coma, tem dúvidas de que a comunicação com a pessoa vale a
pena. A audição é das últimas coisas a serem perdidas e por isso existe evidência
científica de que isto vale a pena.
É importante acompanharmos sempre a família quando esta está a visitar o cliente em
fim de vida – pessoas podem-se sentir mal e desmaiar.
Não devemos nunca sugerir uma agência funerária – não é algo ético!
“…não é morrer que é difícil; não é preciso talento nem compreensão para morrer.
Toda a gente o faz. O que é difícil, é viver, viver até à morte…”
(Kübler-Ross, 1985:106)

Cuidados Paliativos Pediátricos

Fala-se disto à parte porque o fim de vida da criança é muito diferente da


do adulto. Já existem hoje em dia equipas intra-hospitalares de cuidados
paliativos pediátricos.
Constituem um direito humano básico de recém-nascidos, crianças e
jovens portadores de doenças crónicas complexas, limitantes da
qualidade e/ou esperança de vida, e suas famílias.

214
As doenças crónicas complexas são qualquer situação médica para que seja razoável
esperar uma duração de pelo menos 12 meses (exceto em caso de morte) e que atinja
vários diferentes sistemas ou um órgão de forma suficientemente grave, requerendo
cuidados pediátricos especializados e provavelmente algum período de internamento
num centro médico terciário” (p.206, Feudtner 2000).
Destinam-se ao binómio criança–família pois o impacto e as necessidades inerentes a
uma doença crónica complexa vão muito para além do “simples” controlo de sintomas
– são cuidados afetivos, emocionais, sociais e económicos. Para além do apoio
especializado para a criança e os pais, é preciso intervir junto dos irmão e não esquecer
as suas necessidades, onde se incluem também a integração e apoio a nível escolar e
comunitário.
Nas doenças pediátricas com necessidades paliativas, são reconhecidos quatro grupos
distintos com trajetórias de evolução que é importante reconhecer para o planeamento
dos cuidados.
Articulação entre os serviços e a comunidade: crianças querem continuar a ter uma
vida normal, querem dormir e ficar em casa, querem ir à escola e ser o mais normais
possíveis.

Trajetórias das doenças

Grupo I - doenças que colocam a vida em risco, para as quais existem tratamentos
curativos mas que podem não resultar. O acesso a cuidados paliativos pode ser
necessário quando isso acontece ou quando ocorre uma crise, independentemente da
sua duração.
Exemplo: cancro, falências de órgão.
Grupo II - doenças em que a morte prematura é inevitável, mas podendo existir longos
períodos de tratamento intensivo cujo objetivo é prolongar a vida e permitir a
participação em atividades normais.

Exemplos: fibrose quística, distrofias musculares.


Grupo III - doenças progressivas sem opções terapêuticas curativas, sendo o
tratamento exclusivamente paliativo, podendo estender-se ao longo de vários anos.
Exemplos: doença de Batten, mucopolissacaridoses.
Grupo IV - doenças irreversíveis não progressivas, que causam incapacidades graves,
levando a maior morbilidade e probabilidade de morte prematuras
Exemplos: paralisia cerebral grave, lesões acidentais graves do sistema nervoso central
Abordagem baseada no controlo de sintomas no conforto.

215
Sobre a expectativa dos tratamentos- deve
ser feita em linguagem que a criança e a
família entendam
No sítio onde a criança vive, bem como na
escola

Devem ser revistos periodicamente

Interdisciplinar que deve promover


uma coordenação de cuidados bem
como a capacitação familiar. Deve
ser encontrado um gestor de caso

Deve haver um apoio para serem tomadas


decisões informadas e neste plano
devemos ter em conta os desejos do
cliente. Deve ser planeado o que fazer em
caso de agravamento nomeadamente em
relação ao local onde os cuidados são
disponibilizados e quais os cuidados a ser
evitados (p.e Manobras de reabilitação)

Apoio à família deve ser mantido não só


durante o fim de vida (luto em relação às
perdas que vão acontecendo) bem como
na perda de vida

216
Realidade em Portugal
Não é conhecida a prevalência de crianças e jovens com doenças crónicas complexas.

A partir de estudos no Reino Unido (prevalência de doenças limitantes de vida em 32


por cada 10 000 indivíduos dos 0 aos 19 anos) (Fraser 2012), estima-se que existam em
Portugal (1 milhão e 900 mil indivíduos com menos de 18 anos) cerca de 6000 crianças
e jovens com necessidades paliativas.

As fatias maiores são os cardiovasculares e os congénitos – muitas das vezes as


cardiovasculares são devidas a problemas congénitos.

217
Equipas intra-hospitalares de suporte em cuidados paliativos:
• Serviço de Pediatria do Instituto Português de Oncologia de Lisboa , 2005;
• Serviço de Pediatria do Instituto Português de Oncologia do Porto, 2009;
• Unidade de Neonatologia, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, EPE, Hospital S.
Francisco de Xavier, 2007.
Equipas domiciliárias (Unidades Moveis de Apoio Domiciliário)*:
• Centro Hospitalar de Lisboa Norte, EPE – Hospital de Sta. Maria, Lisboa, 2006;
• Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE – Hospital da Estefânia, Lisboa, 2009;
• Hospital Prof. Doutor Fernando da Fonseca, Amadora, 2009;
• Centro Hospitalar de S. João, Porto, 2011.
*Equipas criadas com base hospitalar e em parceria com a Fundação do Gil (apoio
económico e social)
Necessidades das crianças e seus familiares
Deve atender-se às preferências da criança e família relativamente ao local onde
gostariam de permanecer e a assumir os cuidados durante a doença até ao óbito
(Mendes, 2013) a prestação de cuidados e a morte em casa é com frequência a
preferência dos doentes e suas famílias (Bluebond-Langner 2013, Gomes 2013).

Para que as famílias se sintam capazes de cuidar das suas crianças e jovens, torna-se
essencial existir uma rede de suporte e um acompanhamento físico, psicológico e social
(Nageswaram 2009).

Necessidades das crianças em fim de vida


Necessidades Físicas:
→ Controlo dos sintomas: despiste e controlo da dor e outros sintomas, através do
recurso a intervenções farmacológicas e não farmacológicas, por profissionais
devidamente qualificados (redução no número de internamentos desnecessários).
→ Aproveitar o potencial da criança e facilitar ao máximo o seu desenvolvimento/
crescimento (a ser sempre equacionado em todas as formas de tratamento). Se
quer ir à escola vai à escola , se não conseguir a escola vem até ele.
Necessidades Psicológicas:
→ Comunicação aberta e clara, adequada à etapa de desenvolvimento da criança (a
forma como as crianças entendem a morte dependem do grupo etário e, portanto,
o acompanhamento deve reportar-se à fase em que a criança se encontra).
→ Apoio emocional contínuo para ajudar a criança a lidar com as questões
emocionais (a compreensão, a aceitação, a raiva, a confiança, a esperança e o
amor- são chamadas de atenção para necessidades que a criança sente que não
estão satisfeitas).
→ Acesso a recursos e ferramentas que promovam o desenvolvimento da
personalidade da criança, a auto perceção (e a perceção dos outros), valorização
das características e aptidões individuais e, sempre que possível, a continuidade
das rotinas diárias, incentivos, metas e projetos futuros.

218
Necessidades Sociais:
→ Oportunidades recreativas, ferramentas, técnicas e atividades apropriadas às
necessidades individuais- se for possível ir a uma festa de anos (doente
oncológico mais propenso a infeção logo é difícil se apanharem uma infeção)
→ Manter as atividades escolares pelo maior tempo possível, mesmo em casa com
aulas particulares- criança deve sentir-se igual às outras crianças;
→ Atividades sociais que ofereçam oportunidades adequadas para a interação com
grupos de pares, (voluntários, organizações, etc.)
Necessidades Espirituais:
→ Acesso à assistência espiritual e apoio adequados, respeitando o passado cultural
e religioso da família.

Necessidades das famílias

Os pais frequentemente tornam-se prestadores de cuidados de saúde, assumindo


responsabilidades que incluem a administração de tratamentos (para os quais recebem
pouca ou nenhuma formação e nenhum apoio financeiro)- para se ficar com um filho
doente um dos pais fica de baixa o que faz com que o rendimento fica mais baixa.

Espera-se que tomem decisões tendo em conta o melhor interesse da criança


justamente quando encontram muito stressados, sofrendo pela perda da saúde dos seus
filhos.
Os irmãos vivem muitas vezes a situação de doença com sentimentos de culpa e solidão,
pagando o preço do isolamento social que, muitas vezes, caminha de mãos dadas com
a condição terminal. Nota: nãos esquecer os irmãos (pais tendem a focar-se no filho
doente e “isolar”, sem querer, os outros filhos) e possíveis avós (os outros elementos da
família devem ser um dos focos do profissionais de saúde, na medida em que podem ser
um suporte de apoio). Os filhos que não estão doentes muitas vezes ficam esquecidos,
mas não deixam de precisar de amor dos pais. Muitas vezes revoltam-se por este défice
de apoio e culpabilizam-se por não estarem doentes e culpabilizam o irmão por lhes tirar
o apoio dos pais.
Os restantes membros da família (avós, tios) podem desempenhar um papel importante
dividindo essas responsabilidades e oferecendo apoio emocional- Aliviam a carga dos
pais e dão suporte ao irmão saudável
Nota - Cabe aos profissionais irem informando a família sobre a doença, evolução da
doenças e possíveis consequências.
As famílias que enfrentam a morte de uma criança necessitam de apoio a vários níveis:
• um conhecimento profundo da situação da criança e a melhor forma de cuidar
dele/dela;
• ajuda financeira: as mudanças no estilo de vida (deslocar-se para um sitio mais
próximo do hospital, deixar de trabalhar) podem afetar a situação laboral e
consequentemente a segurança financeira da família (muitas vezes não têm

219
dinheiro para a medicação) que tem a seu cargo uma criança com uma condição
potencialmente fatal;
• apoio emocional apropriado e suporte no luto: devem ser disponibilizados a fim
de diminuir a morbilidade a longo prazo no seio da família, incluindo avós. É vital
a disponibilização de apoio profissional aos irmãos- leva a maior harmonia da
família
• necessidades religiosas e espirituais.

Exemplo de uma história verídica

Os cuidados paliativos não são a cura para todos os males, mas podem ser uma
ferramenta/uma arma para combater o sofrimento perante a morte e perante doenças
crónicas.

220
Muitas vezes os amigos
da escola ficam mais
inseguros e triste por
não saberem do amigo

Nota: Os profissionais de saúde também sofrem e também precisam do seu tempo e


espaço. Ao longo do tempo, arranjam as suas próprias técnicas e métodos para lidar
com a dor. Entrar num ciclo em que só nós dizemos a nós mesmos que estamos a sofrer
e que vamos continuar a sofrer não é bom e vai chegar a uma altura em que nos vai
impossibilitar de sermos empáticos.

221
Devemos
informar que
estas políticas
existem e que
há suporte, mas
que podem não
colmatar todas
as necessidades
da família

222
CUIDADOS AO CORPO APÓS A MORTE

→ Sinais Recentes de Morte: aspeto, Perda de Consciência e Sensibilidade,


Imobilidade, Arreflexia (sem reflexo) , Paragem Cardiorrespiratória, EEG e ECG
sem resposta, Midríase (pupila dilatada).
→ Sinais Consecutivos: Desidratação, Resfriamento do Corpo, Rigidez Cadavérica
(articulações e membros rígidos), Mancha verde abdominal e Livores (manchas
arroxeadas nos MI, MS e abdómen)
Mancha verde abdominal – não aparece logo, só após umas horas – produzida por
bactérias que continuam a sua ação e que surgem primeiramente na zona inguinal.
- Livores / Hipóstases: Hipóstase ou livores é uma mancha que se irá fixar na parte mais
baixa do corpo, em razão da força da gravidade, que forçará os elementos pesados do
sangue (as hemácias) a se deslocarem, chegando a formar uma placa de cor vermelha e
rosa. Inicia imediatamente após a morte, torna-se evidente após 2 ou 3 horas e fixa-se
entre 6 e 8 horas.
Livores – gravidade faz com que os elementos pesados do sangue (hemácias) desçam –
forma uma placa avermelhada.

Livor mortis: "Manchas“


Algor mortis: "Esfriamento“
Rigor mortis: "Rigidez"

Acompanhamento da família após a morte


→ Ajuda à família nos tramites legais- pedido de autopsia, contactar agência,
encaminhar família para a morgue (só as agencias é que podem levar o corpo).
→ Acompanhamento da família pela equipa de saúde.
→ Discutir o processo de preparação do corpo com as pessoas significativas (saber
se há práticas culturais ou religiosas específicas que sejam significativas para o
falecido ou familiares).
→ Proporcionar que os familiares permaneçam junto do corpo após a morte, se
assim o desejarem.

Diligências após a morte de uma pessoa


1) Certificação do óbito pelo médico- num documento próprio
2) Verificar no processo quais as pessoas significativas a quem comunicar o
falecimento- será da responsabilidade do médico, mas frequentemente é
canalizado pelo enfermeiro ou até mesmo pela secretária do serviço.
3) O médico comunica o falecimento à família ou pede ao enfermeiro para
informar.
4) O médico pede autorização à família para eventual autópsia ou exame post
mortem (exceto caso de suicídio, acidente, homicídio, morte em espaço publico).

223
5) Preenchimento da certidão de óbito pelo médico é obrigatória- Agência
nenhuma pode levantar o corpo sem este documento.
6) Preparação do corpo (geralmente pelo enfermeiro).
7) Se houve doação de órgãos e tecidos, verificar as normas para o tratamento
específico do corpo.
Material: luvas limpas; avental; 2 sacos de lixo
(contaminado e não contaminado); Bacia; Água
morna; Toalhete; Toalha; Algodão hidrófogo;
Ligaduras; Adesivo; Pinça de Kocher; 3 Cartões de
identificação da pessoa (Hospital, serviço, cama,
nome completo, nº processo, data – de acordo com
as normas da instituição)

Água morna – é preciso para retirar restos de


sangue – sai melhor – não é por a pessoa ter frio.
Algodão hidrófogo – para colocar nos orifícios
naturais para não haver perda líquidos ou
substâncias corporais - evitar que a pessoa se
babe, por exemplo – fossas nasais, boca, ouvidos,
vagina, meato urinário do pénis…

Considerar o preconizado na instituição:


• Em conformidade com os procedimentos da instituição, retirar a algália, os soros,
o oxigénio e drenos- tirar tudo o que são dispositivos médicos.
• Em conformidade com os procedimentos da instituição, retirar objetos de valor
(fios, pulseiras, prótese auditiva, prótese dentária (?)…) e fazer o espólio
(documento para saber o que a pessoa tinha de materiais e os que estavam na
mesa de cabeceira também)- Muitas vezes não conseguimos tirar os anéis por
causa de edemas nas extremidades muito comuns no fim do dia (registar que
ficou o anel na dedo X, o material e o motivo de termos deixada o anel (devemos
colocar adesivo para colar o anel ao dedo, ema vez que o edema vai extravasar
e o anel pode perder-se)
• Proceder aos cuidados de higiene necessários- imaginemos que houve um
relaxamento de esfíncter e a pessoa dejetou.

224
Preparação do corpo

Execução:
a) Colocar as barreiras de proteção conforme necessário (luvas,
avental ou bata).
b) Fechar os olhos e retirar a almofada.
c) Colocar a pessoa em decúbito dorsal, corpo alinhado com os
membros ao longo do corpo (ou em cima do tórax)
d) Despir a pessoa e cobrir o corpo com o lençol de cima.
e) Proceder à remoção de dispositivos e a cuidados de higiene
conforme protocolos em vigor.
f) Obturar orifícios naturais (ânus, cavidade oral com algodão) e
fixar mento (maxilar inferior junto ao maxilar superior e deve ser
feita uma ligadura até à cabeça) e membros (MI fixado um ao
outro- pés juntos- e os MS são fixados).
g) Identificar o corpo segundo normas da instituição.
h) Cobrir com lençol ou com dispositivo protetor específico (mortalha- saco com
fecho).
i) Contactar a morgue para transporte do corpo.
Devemos preparar os familiares que os funcionários da morgue vêm buscar o corpo,
sendo que este sai do serviço envolvido na mortalha, mas tapado com uma superfície
metálica.

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