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MINISTERIO DO TRABALHO SECRETARIA DE INSPECAO DO TRABALHO Esplanada dos Ministrios,Bloco F, Anexo, Ala B, 1" andar, al 176 ~ CEP: 70056900 - Bsa DF sitmte go br = Fone: (61}2031,6174166326162/67S1 NOTA TECNICA N? 14 3 2016/CGNOR/DSST/SIT/MTPS Interessado: _Coordenagdio-Geral de Normatizago e Programas/DSST/SIT Ementa: Anilise sobre a aplicabilidade da NR-12 as ferramentas elétricas portéteis ¢ ferramentas elétricas transportaveis; aplicagio de normas técnicas nacionais (ABNT) e internacionais (ISO e IEC), bem como de normas Europeias (EN) harmonizadas como evidéncia do cumprimento do estado da técnica; LINTRODUCAO A.NRI2 e seus anexos definem referéncias técnicas, principios fundamentais medidas de protego para garantir a satide e a integridade fisica dos trabalhadores, estabelecendo requisitos minimos para a prevengdo de acidentes ¢ doengas do trabalho nas fases de projeto e de utilizago de méquinas e equipamentos, estando alinhada com a Convengdo n° 119 da OFT, que trata de seguranga em méquinas, e em harmonia com ‘as normas ¢ regulamentos internacionais (Diretiva Europeia, normas intemacionais ISO IEC, normas europeias EN harmonizadas) e nacionais (normas ABNT). ‘No contexto de aplicagio da NR12, esto surgindo questionamentos quanto 4 correta aplicagiio da norma as ferramentas elétricas portiteis e ferramentas elétricas transportéveis (também conhecidas como semiestacionérias). Desse modo, buscar-se na presente nota analisar a aplicabilidade da NR12 para este tipo de méquina, considerando os conceitos de estado da técnica e de apreciagao de riscos, bem como as normas técnicas existentes. IL DA ANALISE ANRI2 € seus anexos definem referéncias técnicas, principios fundamentais e medidas de protegao para garantir a saiide ¢ a integridade fisica dos trabalhadores, ‘Ementa: Andlise sobre a oplicabilidade da NR-12 ds ferramentaseltricas portdteis¢ferramenias elétricas ‘ransportdveis; aplicagdo de normas técnicas nacionais (ABNT)e internacionais (ISO e IEC), bem como de normas Europelas (EN) harmonizadas como evidancla do cumprimento do estado da ténica; estabelecendo requisites minimos para a prevengio de acidentes ¢ doengas do trabalho nas fases de projeto e de utilizagio de miquinas e equipamentos de todos 6s tipos, ¢ ainda a sua fabricago, importagio, comercializago, exposigo e cessio a qualquer titulo, em todas as atividades econdmicas, sem prejuizo da observancia do disposto nas demais Normas Regulamentadoras - NR aprovadas pela Portaria n.° 3.214, de 8 de junho de 1978, nas normas técnicas oficiais ¢, na auséncia ou omissio destas, nas normas internacionais aplicaveis. Ou seja, a NR12 niio se encerra em si mesma, ela faz parte de um arcabougo técnico, nfo podendo ser interpretada isoladamente. Como dito na introdugio dessa nota, a NR12 esté em harmonia com as normas ¢ regulamentos internacionais (Diretiva Europeia, normas intemacionais ISO e IEC, normas europeias EN harmonizadas) ¢ nacionais (normas ABNT). ‘A norma, ao longo de seus capftulos, discorre nfo apenas sobre os requisitos relacionados aos sistemas de seguranga necessérios para utilizaglo da méquina, mas também sobre temas tais como: capacitago, manuais de instrug4o, procedimentos de trabalho ete, E mais, na aplicagfo desta norma e de seus anexos, & imperativo observar também o disposto no item 12.5 que cita que na aplicagtio desta norma e de seus anexos, devem-se considerar as caracteristicas das méquinas e equipamentos, do processo, ‘a apreciagHo de riscos ¢ o estado da técnica. Cabe ainda destacar 0 contesido dos itens 12.38 ¢ 12.38. 12.38 As zonas de perigo das mdquinas e equipamentos devem ‘possuir sistemas de seguranca, caracterizados por protecbes fixas, protecdes méveis e dispositivos de seguranca interligados, que garantam protecdo @ saiide e a integridade fisica dos trabalhadores. 12.38.1 A adogdo de sistemas de seguranga, em especial nas zonas de operacdo que apresentem perigo, deve considerar as caracteristicas técnicas da mdquina e do processo de trabalho e as medidas ¢ alternativas técnicas existentes, de modo a atingir 0 nivel necessdrio de seguranca previsto nesta Norma. (grifos nossos) ‘Ementa: Andlise sobre a aplicabilidade da NR-12 ds ferramenta elrieas portiels ¢ferramentas eléticas ‘transportiveis; aplicagdo de normas técnicas nacionais (ABNT) einternacionais (ISO ¢ IEC), bem como de normas ‘Europeias (EN) harmonizadas como evidéncia do cumprimento do estado da técnica: Salienta-se que os conceitos de estado da técnica e apreciago de riscos, cexpressos na norma, so amplamente preconizados nas normas técnicas e regulamentos internacionais, sendo o primeiro melhor detalhado na Nota Técnica NT n° 48/2016 CGNOR/DSST/SIT/MTPS, da qual destaca-se os seguintes pontos com o intuito de conferir clareza a esta andlise: Muito tem se questionado sobre 0 que seria o estado da técnica, Pois bem, a Diretiva Europeia 2006/42, conhecida como Diretiva Méquinas, em seu considerando de niimero 14 cita: (14) Os requisitos essenciais de saiide e de seguranca deverdo ser cumpridos a fim de garantira seguranca da ‘maquina, devendo ser aplicados com discernimento, ‘Por forma a ter em conta o estado da técnica na data de Jabricacdo, bem como exigéncias de caréter técnico e ‘econdmico. Além disso, 0 Anexo I - Requisitos essenciais de sade e de seguranca relativos & concepedo e fabricagdo de méquinas - da Diretiva Méquinas, no item 3 de seus Principios Gerais, dispoe: (3) Os requisitos essenciais de side e de seguranca enunciados no presente anexo siio obrigatérios. No entanto, tendo em conta o estado da técnica, pode ndo ser posstvel atingir os objetivos por eles fixados. Nesse caso, a concepedo e fabricagto da miquina devem, tanto quanto possivel, buscar estes objetivas. Ou seja, a Diretiva Europeia ndo define o conceito de estado da técnica, mas deixa claro que este leva em conta tanto aspectos técnicos quanto aspectos ecanémicos, de forma que para corresponder ao estado da técnica, as solucbes técnicas adotadas devem empregar os meios técnicos mais eficazes disponiveis no ‘momento a um custo razodvel, considerando custo total da ‘maquina em quesido e a reducdo de riscos necesséria 44 no que tange apreciago e reduc de riscos, tem-se que a norma técnica (norma internacional, intemalizada ao conjunto normativo nacional via ABNT) fundamental sobre o tema é a ABNT NBR ISO 12100 — Seguranga de méquinas — Prinefpios gerais de projeto - Apreciago e redugo de riscos -, que define como redugdo de risco adequada aquela que, atenda ao menos as exigéncias legais, utilizando as melhores tecnologias disponiveis e consagradas. Esclarece ainda em sua introdugao: Esta Norma foi elaborada para auxiliar os projetistas, os fabricantes e quaisquer pessoas, ou organismos interessados, a interpretarem as exigéncias essenciais de seguranca de maguinas no dmbito do Mercosul. A metodologia adotada prevé o estabelecimento de uma hierarquia no processo de elaboracéo de Ementa: Andise sobre a aplicabilidade da NR-12 ds ferramentas eltricas portiels ¢ferramentaselétricas ‘transporidveis: plicagdo de normas técnicas nacianals (ABN) e internacionais (ISO ¢ IEC), bem como de normas Europeias (EN) harmonizadas como evidéncla do cumprimento do estado da técnica; normas, dividido em diversas categorias, para evitar a repeticdo de tarefas e para criar uma légica que permita um trabalho répido, facilitando a referéncia cruzada entre estas. (grifos nossos) Desse modo, em termos de hierarquia das normas técnicas, salienta-se que essas silo divididas da seguinte forma: ) normas do tipo A (normas fundamentais de seguranca), que definem com rigor conceitos fundamentais, prineipios de concepedo € aspectos gerais vélidos para todos os tipos de méquinas. ) normas do tipo B (normas de seguranca relativas a um grupo), que tratam de uum aspecto ou de um tipo de dispositive condicionador de seguranga, aplicdveis a uma ‘gama extensa de méquinas, sendo: ‘© As normas do tipo B1 sobre aspectos particulares de seguranga (por exemplo, distincias de seguranga, temperatura de superficie, ruido); e © As normas do tipo B2 sobre dispositivos condicionadores de seguranga (por exemplo, comandos bimanuais, dispositivos de intertravamento, dispositivos sensiveis a press, protegdes); ©) normas do tipo C (normas de seguranga por categoria de méquinas), que dio prescrigSes detalhadas de seguranga aplicéveis a um tipo de méquina em particular ou a tum grupo de méquinas, tendo precedéncia sobre as normas do tipo “A” e “B”, por estabelecer requisitos de seguranga derivados de anilise de risco criteriosa e especifica. Em perfeita consonancia com 0 exposto, além dos itens supra citados da NR-12, podemos destacar: 12.152 Para fins de aplicagao desta Norma, os Anexos contemplam obrigagBes, disposicdes especiais ow excegdes que se aplicam a um determinado tipo de maquina ou equipamento, em caréter prioritério aos demais requisitos desta Norma, sem rejuizo ao disposto em Norma Regulamentadora especifica 12.152.1 Nas situagBes onde os itens dos Anexos conflitarem com os itens da parte geral da Norma, prevalecem os requisitos do anexo. ANEXO I: DISTANCIAS DE SEGURANCA E REQUISITOS PARA O USO DE DETECTORES DE PRESENCA OPTOELETRONICOS Este anexo estabelece referéncias de disténcias de seguranca e requisitos para méquinas e equipamentos em geral, devendo ser observadas, quando for o caso, as disposicBes contidas em anexos € normas especificas. (grifos nossos) ‘Ementa: Anise sobre a aplicabilidade da NR-12 ds ferramentas eltricas portitels ¢ferramentas elétricas ‘transportiveis; aplicago de normas técnicas nacionais (ABNT) internacionais (ISO e IEC), bem como de normas Europeias (EN) harmonizadas como evidéncia do eumprimento do estado da técnica; Ou seja, apesar da NR-12 ser um Regulamento editado pelo Govemo ¢ nfio uma norma técnica, é possivel tragar um paralelo comparativo no qual a parte geral da NR12 equivaleria a uma norma do tipo “A”, jé o Anexo I (Distincias de Seguranca) equivaleria a norma do tipo “B”, e os Anexos de tipos especificos de méquinas (por exemplo: Prensas ¢ Similares, Maquinas de Panificago, Injetoras etc) equivaleriam as normas do tipo “C”. Neste ponto, necesséirio se faz destacar que a NR12 nfo tem por objetivo criar um Anexo com 0 detalhamento dos requisites de seguranca para cada tipo de méquina, uma vez que isto iria contra qualquer légica normativa. Por esta razo o regulamento apresenta itens como os destacados acima (12.1: aplicag&o das normas técnicas nacionais ¢ intemnacionais, 12.5 e 12,38.1), que dio diretrizes que devem ser observadas xno momento de se definir as protegBes necessérias. Especificamente sobre ferramentas elétricas que so objeto da presente andlise, o tema é tratado pela norma internacional ¢ harmonizada do tipo “C”: IEC 62841-1 Ferramentas portiteis operadas letricamente, ferramentas transportiveis ¢ méquinas de jardim e relvados — Seguranga — Parte 1: Requisitos gerais, que, segundo a OMC — Organizagfio Mundial do Comércio - ¢ 0 Acordo sobre Barreiras Técnicas, confere a presungo da aplicagtio do estado da técnica, situago também tratada na Nota Técnica n° 48/2016, de onde destaca-se: Outro aspecto a considerar quando se discute o estado da técnica a aplicagto de Normas harmonizadas como instrumento Satisfatério de aplicagao deste estado. Convém esclarecer que no Brasil inexiste 0 conceito de norma hharmonizada, conceito este introduzido como requisito de resuncdo de conformidade para atendimento da Diretiva ‘Méquinas, que trata dos requisitos para o livre comércio de ‘méquinas na Unido Europeia. Trata-se da publicagdo periédica no Jornal oficial da Unido Europeia das normas técnicas do tipo A, Be C que sao rreconhecidas, pelos organismos europeus de normalizacdo, como 4 aplicagdo’ do estado da técnica conferindo presunco da conformidade. Este conjunto de normas ¢ formado por normas internacionais ISO e IEC e normas regionais EN, em especial as normas do tipo "C". Ementa: Andlise sobre a aplicabildade da NR-12 ds ferramentas elitricas portieis ¢ferramentas elétricas transportaveis: plicagdo de normas técnicas nacionais (ABN) internacionais (ISO ¢ IEC), bem como de normas Europeias (EN) harmontzadas como evidéncia do cumprimento do estado da técnica: A NRI2 em seus principios gerais, mais especificamente no item 12.1, privilegia 0 emprego das normas técnicas oficiais, e na uséncia ou omissdo destas; as normas internacionais, porém ndo devemos descartar como uma robusta evidéncia de aplicacao do ‘estado da técnica a observancia de norma EN harmontzada do tipo "e", na auséncia de norma internacional, em casos especificos. Sobre a norma internacional ¢ harmonizada IEC 62841-1, estamos no ambito de méquinas atuadas por motores elétricos, tratadas como “ferramentas”, tendo como delimitagfo geral, entre outros: tensio nominal inferior a 250 V para a corrente altemada monofésica ou de corrente continua ¢ 480 V para corrente alternada trifésica e entrada nominal inferior a 3700W. A referida norma ainda apresenta requisitos que se subdividem em varias séries especificas que devem ser observadas juntamente com os requisitos gerais da parte 1. E importante salientar que o preficio da primeira edigfo da norma IEC 62841-1, publicada em 2014, destaca que essa norma est prevista para cancelar e substituir: a norma IEC 60745-1 (Ferramentas elétricas portateis operadas a motor — Seguranga Parte 1: Requisitos gerais); a norma IEC 61029-1 (Seguranga de ferramentas elétricas transportiveis com motor ~ Parte 1 — Regras Gerais); ¢ a norma IEC 60335-1 (Seguranga de aparelhos eletrodomésticos ¢ similares — Parte 1: Requisitos Gerais), apenas no que diz respeito aos requisitos de méquinas de jardim e relvados; Contudo, as normas IEC 60745, 61029 ¢ 60335 permanecem vélidas até que sejam canceladas. Saliente-se que algumas destas normas esto presentes no conjunto de normas brasileiras em vigor. Ill. CONCLUSAO Face ao exposto, as ferramentas portiteis ¢ ferramentas transportéveis (semiestacionérias), operadas eletricamente, que atendam aos principios construtivos estabelecidos em norma técnica tipo ‘C’ (parte geral e especifica) nacional ou, na auséncia desta, em norma técnica internacional aplicdvel, podem ser consideradas como de acordo com o estado da técnica preconizado pela NR-12. Como o estado da técnica evolui, consequentemente evolui também 0 conjunto normativo, sendo assim, sugere-se consultar os sitios de normalizagfo (ABNT, ISO, TEC) para a constatago da verso normativa em curso. Bmenta: Andlise sobre a aplicabilidade da NR-12 ds ferramentaselitricas portdeis eferramentas eléricas ‘transportavets: plicagdo de normas técnicas nacionais (ABNT) ¢internacionais (ISO e IBC), bem como de normas Europeias (EN) harmontzadas como evidéncia do cumprimento do estado da técnica; Por fim, é de fundamental importincia a verificac&o das limitagées de utilizacio, bem como das caracteristicas de manuseio seguro e manuteng#lo que devem ser expressas no manual de instruges. A considerago superior. Brasilia, 26 de julho de 2016. | | 2 HY Coop je AIDA CRISTINA BECKER Auditora Fiscal do Trabalho Coordenadora da CNTT NR12 De acordo. Encaminhe-se a SIT. Brasilia,26/% /2016. ROMULO OESILVA Diretor do Departamento de Seguranga ¢ Satide no Trabalho - Substituto De acordo. Divulgue-se. Brasilia,2?/ +72016.

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