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Contos de

Uldras
Harsovt
Pt-1 Toca dos teixugos
Pt-2 Uma jornada inesperada
Pt-3 Rumo a Bhalgar
TOCA DOS TEXUDOS
Estipula-se uma media de idade moderada para essa raça tão pacata
e ao mesmo tempo encantadora, estes são os texugos, aqueles que
buscam a calmaria dentro os maiores temporais... ou assim devia ser.

Era véspera de seu “Onzezezimo” aniversario ou 111 anos, e o velho


Arnoldo Texugo já estava em prantos, os dias eram lentos e
atarefados, afinal os texugos tem um costume um tanto quanto
estranho de presentear os convidados sem seus aniversários, ou seja,
dias arrastados e corridos empacotando e etiquetando presentes,
usados e novos, em grande maioria os moveis de sua toca, a toca

mais desejada em toda Fenalha.

Não eram todos os texugos que vivam tanto e continuavam mantendo


a forma, corre boatos em Fenalha que Arnoldo fora um grande
aventureiro que outrora trouxe arcas e arcas de ouro de suas viagens,
de modo que sua própria toca ficou toda entulhada e teve de ser
ajustada com tuneis e mais tuneis para que todo ouro e os mais
diversos objetos fossem guardados e mantidos seguros de mãos
ligeiras. Mas isso ficou no passado, agora Arnoldo era aposentado e
mantinha uma vida simples com afazeres simples como empacotar
presentes e claro a tarefa mais difícil de sua vida, criar seu neto
Pippin, um rapazinho muito curioso e com sede de aventura, todo dia
replicava ao avô para que lhe contasse mais de sua historia de
aventuras, sobre dragões de gelo, a grande capital de Líria com a
incrível Axis Mundi a arvore gigante conhecida por ser o pulmão do

continente de Uldras.

“Por que passar o dia empacotando e etiquetando se podemos só


aproveitar a festa e ao tardar podemos dizer qual presente é de
quem ?” disse Pippin inquieto enquanto batia o pé incansavelmente
no chão.
“Paciência faz parte do processo, presentes são bens valiosos dados
com carinho, não podem simplesmente ser atirados nas mãos dos
nossos parentes, apesar de eu achar que os Gambás tão pouco
mereciam ganhar algo ou mesmo serem convidados a festa” retrucou
Arnoldo

“Seja como for, se divirta com as etiquetas e papeis de embrulhar, eu


vou à frente e uma festa nos espera, não é todo dia que se faz
“dezcinco””. Fato intrigante que tanto o avô quanto ao neto fazem
aniversario no mesmo dia esse é o motivo pelo qual todo ano
acontece uma festa de arromba.

Não demorou muito para que ao longe no horizonte começasse a


surgir silhuetas de carroças e aos poucos os convidados iam
chegando, assim como os serviçais locais arrumando as tendas,
pavilhões, salas para jogos e aposta e os dejejuns, o investimento foi
tão grande que barris de Hidromel dos Anões Armênios da colina do
pé azul estavam sendo servidos.

De pouco em pouco cada um foi se alocando e enchendo toda rua da


Toca do Texugo, conversas, risadas, brigas e comilanças rolaram
durante três dias, um verdadeiro carnaval Texuguês. Aproximava-se
do fim quando Arnoldo puxou uma cadeira e pôs se de pé na frente da
mesa para que ficasse mais alto que todos e ali depositassem sua
atenção “Não é segredo que cada ano que passa fico eu mais velho
que o anterior, e já não se se me resta muito tempo aqui, não é todo
texugo que chega aos seus “Onzezezimos” anos, é um numero bem
alto para todos nós” sua voz era constantemente ofuscada por gritos
como “CONTINUA SEM RUGAS” “BOBAGEM TA NA FLOR DA IDADE”
continuou sua palestra “em uma de minhas viagens ouvi boatos sobre
terras imortais, terras ao leste que qualquer texugo jamais sonhou, é
para lá que eu vou, e deixarei a toca do texugo para meu neto
Pellegrin “Pippin” como muitos conhecem, que já esta na idade de
amadurecer” desceu da cadeira e foi embora em direção de sua toca,
Pippin foi atrás de seu avô buscando respostas
“COMO ASSIM ? POR QUE ISSO AGORA ? ... POR QUE TAO RE...
REPENTINO ?” o garoto courava de vermelho o rosto enquanto falava
com angustia e inquietação “Esta na hora meu neto, há muito essa
Adaga foi me dada, eu a chamo de Garra, uma adaga forjada no fogo
frio das chamas de Modríar e-“
“E O QUE ISSO TEM HAVER ?” interrompeu mais uma vez “Isso vai
além de um texugo avô isso não é problema nosso!!!”
-Sim isso é problema nosso meu neto, como eu estava falando, esta
na hora de saber a verdade sobre nosso florido estado de Válen, os
ermos e as Terras Selváticas, nem sempre fora pacato assim.

“Data-se uma era sombria, onde os campos que hoje são verdes e férteis outrora foram
devastados por cinzas e sombras…

Há muitas eras o continente de Válen fora chamado de Modríar, uma terra devastada pela
maldade e assolada pela sombra da escuridão, a magia negra era tão poderoso que as belas
gramas verdes nada mais eram do que cinzas ao vento quente, nada nascia e nada florescia, a
vida era miserável. Sob a tutela do Senhor das Sombras Morgorth nascido da própria maldade e
malícia dos deuses antigos (ou assim contam as histórias perdidas).

O reinado de Morgorth durou vários invernos frios e gelados, e parecia que nada o jamais
pararia à não ser pelo maior inimigo do homem… o tempo.

Resquícios de idade chegavam ao senhor das trevas e com isso trouxe um herdeiro, um hábil
ferreiro e astuto como uma cobra. Seu nome foi perdido, apenas sabe-se que ele herdou a
alcunha de seu mestre como o Senhor Sombrio. O escolhido das sombras fez um “tratado de
paz” com os reis locais, era um exímio forjador, algo que nem as mais quentes fornalhas dos
artesãos anões armênios sob a montanha de fogo eram capazes.

Naqueles anos de paz foram criados

2 espadas para os reis homens mortais

1 arco para o grande rei Elfico Gil-Galad

1 martelo e 1 malho ambos para os reis anões

E 1 cetro para si mesmo

Esses formosos itens foram chamados de Dróias e o cetro fora chamado de “O Um”

Um Cetro que a todos rege, Um Cetro para


achá-los, um Cetro que a todos traz para
escuridão

Os artefatos não passaram de falsas maldições disfarçadas de boas intenções e dominaram a


mente dos mais fracos.
Mas alguns milênios um herói lendário que o nome também foi perdido
hahaha derrotou o lorde sombrio e nos trouxe a paz, bom isso tudo
não passa de boatos e histórias que minha vó me contava, e agora eu
mesmo te conto meu caro Pippin, assim foi fundada nosso continente
de Válen, e esta adaga a minha querida Garra é um ultimo resquício
desses Dróias, dada a mim pelo próprio rei e Líder da grande casa
principal de Líria, há muitas décadas ele derreteu Guthrang sua
espada que era um desses Dróias e dela fez algumas armas. Hoje em
dia não se sabe ao certo suas localizações”

-Mas o que algo tão grande e poderoso faz nas mãos de um texugo ?
isso é loucura avô, não consigo conceber essa ideia...”

-Não há o que conceber meu neto, é seu fardo, é o nosso dever, daqui
algumas luas partirei para as terras imortais onde terei meu merecido
descanso, sei que é algo grande, mas cabe a ti guardar essa adaga e
deixar longe do alcance das tr...” “Como isso cabe a mim ?”
interrompeu outra vez Pippin “Eu sou só um texugo, um ser invisível
perante tanto encanto em nosso continente”
-Sim meu neto, e é justamente por isso que somos perfeitos ao
trabalho, e justamente por esse motivo que nos foi confiado a garra,
sinto que mais uma vez Modríar pode se reerguer das sombras e vir
nos buscar, partirei logo e sugiro que faça o mesmo.

O dialogo entre dois se encerrou, ambos ainda tinham palavras


engasgadas na garganta mas, não cabiam ser ditas naquele momento.

UMA JORNADA INESPERADA


Alguns dias se passaram desde a ida de Arnoldo e Pippin agora dono
de toda Toca do Texugo, sentia sua sede de aventura se esvaindo e
confortando-se com aquela vida cotidiana, os dias passavam devagar
mas eram calmos e de certa forma aquilo o confortava, voltou a sentir
que ali era o seu lugar, passa os dias com seu amigo de longa data,
afinal o conhecera desde que se lembra por Texugo, Ka’wazz Boffins,
um texugo arteiro e de menor estatura que os demais, mas isso nunca
lhe foi um empecilho, afinal não media esforços para ser bom seja la
no que desejasse, os dois viviam os dias correndo, e praticando
esgrima, arquearia e todo tipo de coisa proibida de Fernalha, nenhum
dos dois era bom o suficiente para enfrentar Trolls ou Orques, mas
mesmo assim evoluíam cada um pouco mais.

Foram 3 semanas após a partida que Pippin desejou contar tudo sobre
a garra para Ka’wazz

-O velho me deixou com tudo e ao mesmo tempo com nada, o que vou
eu fazer com essa adaga aqui, se eu fosse um tanto mais novo seria o
presente da minha vida, fora que me deixou na administração da toca
do texugo

-HAHAHAHAHAH que peeeecado em Pippin” gargalhava o amigo


“ganhou uma toca gigante e uma adaga lendária e ta reclamando,
mas eu também acho que somos desajustados o suficiente pra viver
entre esses Texugos, que se contentam com pescar e plantar e comer
tortas de amora, a vida é mais que isso”

-Sim concordo Ka’waaz mas não posso deixar tudo isso pra tras e
simplesmente ir, subir as terras selváticas a esmo, um texugo não
duraria 1 dia la”

- O Seu Arnoldo durou, e digo de boca cheia que bem mais do que 1
dia...
- Ta. Isso é historia e ele não tava sozin... “Mas tu também não ta
Pippin, se esse for o teu destino vai, vai sem olhar para trás, eu fico
aqui e cuido de tudo na toca to texugo HAHAHAHAHA”
Pippin teve seus olhos quase que lacrimejando, mas a lealdade do
amigo texugo nunca houve de ser questionada nenhuma vez, sempre
estiveram juntos em perrengues e momentos bons.

O sol descia no horizonte e a Lua começara a iluminar o céu, e o


jovem texugo já tinha finalizado seus preparativos e pretendia sair
aquela noite, afinal eles tinham os bastonetes oculares ajustados e
conseguiam enxergar tão bem no escuro quanto no claro

-Sapatos amarrados, feito, mochila ajustada, feito, provisões de


viagem, feito... hora de dizer adeus, sentirei saudades da
tranquilidade, das pessoas e até mesmo dos Gambás, desceu a
ladeira correndo e andou alguns metros passando por plantações de
cenouras do velho Barry, até que se deparou com o arco da entrada
de Fernalha, a pacata e calma cidade dos texugos, la estava
Kaa’wazz com um sorriso no rosto (o que lhe era sua marca)

-Então é isso ?

- É isso HAHAHAAHA, mantém os pés ligeiros e os olhos atentos e


espiados, tenta não ser devorado antes de chegar em Bhalgar, fica
algumas milhas daqui, tem ração o sufici... “Sim sim sim vovô trouxe
tudo” interrompeu Pippin com um tom brincalhão.

- Me esperei aqui, voltei com mais tesouros e historias do que sua


expectativa de vida aguentara ouvir e contar.

- Não irei a lugar algum... e espero mesmo HAHAHAHAAHAH.

- Até meu amigo “VE SE NÃO VAI SE PERDER HAHAHAHA”

Pippin andou alguns quilômetros mais do que jamais andara em toda


vida, ultrapassando seu conhecimento geográfico da área, tal qual
olhar para trás apenas colinas eram visíveis e Fernalha de fato ficara
para trás

O Sol nascia e Pippin decidiu que marcharia até o relento ou que seus
pés de texugo aguentassem. A noite caia e estrada pouco era
movimentada, viu uma clareira um tanto afastada da estrada e
decidiu que por ali ele ficaria a noite e voltaria a andar no outro dia,
preparou uma janta e usou seus cobertores de pena que trouxera
enroladinhos em sua mochila de aventura, abriu um mapa mas pouco
sabia como manusear ou se guiar, nunca teve interesse e nesse
momento viu que matar as aulas de geografia do Sr Maldock Pés-
Peludos não havia sido algo inteligente.

Dormiu ao relento e acordou com os primeiros raios de sol batendo


em seus olhos, puxou uma chaleirinha e encheu em um riacho que
corria perto das estradas, começou a preparar seu dejejum e
afivelava sua mochila partindo perto das dez horas. Andou mais e
mais e novamente ao fim do dia acampou, pegou dias lindos que o
fizera ter certeza que foi a melhor escolha e dias escuros e sombrios
onde a solidão bateu pela primeira vez e começara a duvidar de seus
deveres e cogitar que sair de Fenalha fora seu maior erro. Andou,
Andou e Andou mais, foram 2 semanas interruptas de estrada e seus
suprimentos estavam acabando, Bhalgar ainda ficava a algumas
milhas de distancia. Foi quando passando por uma linda floresta verde
e muito fechada teve a ideia de caçar algo mesmo não tendo a menor
ideia de como o fazer. A fome era tanta e não aguentava mais sentir o
sabor de rações de viagem ou comida enlatada em sua garganta.

De certa forma aquela floresta parecia tão atraente e intrigante aos


olhos do inocente texugo, algo dentro dele rogava por adentrar
aquelas matas verdes como os jardins de Fenalha durante os festivais
de verão. Não pensou muito e começou a abrir caminho entre os cipós
e raízes que dificultavam sua caminha, cada vez mais adentro da
floresta sem saber o que teria aquém. Foi quando piscou e de fato
analisou a situação acerca do que tinha feito e notou que tinha
entrada na mata sem consentimento próprio como se algo o
arrastasse la para dentro. Tentou voltar mas sem sucesso, cada vez
se sentia mais perdido e os pensamentos ruins começaram a
aparecer como estrelas no céu limpo. Se sentou para pensar melhor e
comer algumas frutas que colhera no caminho “Estava a pelo menos
alguns dias de Bhalgar, maldita foi a hora que cogitei caçar algo
nessa floresta aterrorizante, nem ao menos cacei uma vez na vida, o
que eu tinha na cabeça céus.” Constante era o sentimento de ser
observado e observado como alguém que o desdenhava a distancia,
podia ser qualquer coisa, bestas selvagens, goblinóides, dragões,
orques e agora ? sentia como se o coração fosse saltar do peito “Mas
ficar aqui de nada adianta, vovô Arnoldo sempre falava, “marchar
marchar machar uma hora o lugar há de chegar”” levantou-se em um
pulo, afirmou a mochila e seguiu caminho adiante, o sol abandonava
os céus e a escuridão começou a tomar conta do ambiente, estrelas
não podiam ser vistas pois as arvores eram grandes o suficiente para
que grande parte do céu fosse ofuscada pela vegetação quando visto
de baixo, e com a noite começaram a vir barulhos, rangidos de arvore,
o vento uivara como um lobo enfurecido ou poderia de fato ser lobos
famintos, tudo de repente ficara mais aterrorizante. Pippin decidiu
que ficaria por ali e começou a armar acampamento em uma raiz de
salgueiro, se aninhando por entre ela, quando começara a adormecer
ouviu um estrondo como se fosse um terremoto em suas orelhas,
pensou em se enfiar para dentro da terra pois não havia alternativa
para onde correr e onde buscar ajuda. Se agachou no lugar onde já
estava como se tivesse se tornado um só com a arvore, foi quando
novamente ouviu o estrondo e dessa vez um urso negro de olhos
avermelhados e provavelmente três ou quatro vezes maior que um
urso normal, com o rosto modificado e avesso a qualquer tipo de
amizade, pulou em sua frente, Pippin soltou um grito mas foi ofuscado
pelos rugidos de aparentemente dor do animal, achou que era seu fim
mas de certa forma pareceu não ter sido notado pela besta que
apenas contornou o salgueiro e se preparava para correr em investida
para qualquer que fosse a direção que seus olhos fitavam. O animal
se foi e logo se sumiu na escuridão da mata, Pippin demorou para
absorver mas antes que notasse estava segurando a Garra que nem
notara ter tirado da bainha, passou alguns segundos para que ouvisse
barulhos de conversa 1-“Eu disse pra deixar isso comigo qual a
dificuldade ?” 2-“Eu juro que acertei o estomago da criatura, ele vai
sangrar e morrer em curta distancia” 1-“Ta bom Rax, mas da próxima
EU lidero a caça e ponto” 2-“Eu já disse que posso me virar, não
preciso de instruções nos meus ouvidos o tempo todo Rex” 1-“Tudo
bem seja como for, ainda temos um alvo e ele vai se camuflar com a
escuridão de Narrí enquanto um elfinho mimado agoura nos meus
ouvidos” 2-“Não me fode, só seguir o sangue no chão” 1-“Fingindo que
não fui que te ensinei isso, avante Rax”

Pippin ficou quieto entre as raízes observando e ouvindo tudo, de


começo conseguia distinguir apenas duas vozes diferentes mas
ambas se chamavam de “Rex” em pouco tempo duas figuras saíram
da escuridão, dois homens de aparência élfica qual Pippin sempre
admirou e sonhava em conhecer, ambos usando uma armadura de
couro batida, um deles com uma um pouco mais chamativa,
carregando algumas adagas durante a extensão da armadura até a
bota, cabelos curtos e loiros e olhos em um tom de verde flamejante e
um rosto despreocupado enquanto o outro tinha um cabelo mais
comprido e olhos escuros que se assemelhavam a própria floresta,
carregava uma aljava e um arco longo em suas costas dando sermões
no companheiro enquanto seguiam a trilha ainda fresca da criatura.

A vontade de Pippin era apenas sair do meio das raízes e dar os


cumprimentos, conhecer, pedir noticias sobre onde estava e como
voltar para civilização, entender que animal era aquele, fora um misto
de sensações em frações de segundos. Logo os elfos começaram a
sumir na escuridão da floresta e Pippin resolveu que deveria segui-
los, andou rápido para que também ficasse no rastro dos dois, mas
em minutos já havia os perdido, sem sinal da criatura, dos elfos e de
todos seus suprimentos que deixou para trás, fora inconsequente e
agora estava deixado a própria sorte. O desespero o alcançou e a
emoção ultrapassou a razão e o jovem texugo começou a correr
desesperado enquanto em seus olhos corriam lagrimas, na sua mente
um turbilhão de coisas passava enquanto o mesmo espraguejava a
decisão que havia tomado, correu até que seu corpo fosse tomado
pela exaustão, sentiu algo quente na lateral de sua cabeça, seguido
de uma dor latejante e seus olhos fecharam.

Pippin acordou algum tempo depois, sentia o sangue escorrendo onde


mais cedo fora acertado, estava amarrado em uma arvora por cordas
robustas e nós feitos de forma barbara, olhou ao redor em desespero
e observou apenas cadáveres, ou gente a beira de morte e mais a
frente uma grande fogueira com criaturas apavorantes rodando ao
redor dela, criaturas verdes e com orelhas pontudas, dentes afiados e
lanças feitas provavelmente a mão, comiam algo que parecia ser
carne humana pelo formato dos membros, não tinham armadura
apenas tangas e tralhas de pele. Um deles se aproximou de Pippin
“QUEM SÃO VOCES ? ME SOLTEM AGORA EU NÃO FIZ NADA” gritava
o garoto, e a criatura apenas balbuciava como se falasse em sua
língua, Pippin não entendia mas sabia que coisa boa não havia de ser,
o monstro que pelas características devia ser um goblin ou parte
dessa raça fincou algo semelhante a uma faca no braço do garoto e
rasgou para baixo fazendo-o desferir gritos intensos de dor, agora
mais do que nunca Pippin tinha certeza que estava entregue a morte
e a Garra seria devolvida ao mal. Outro Goblin se aproximou falando
“NÃO MATAR OS PELE BRANQUINHA, PODE SABE COISA, PELE BRANQUINHA
SEMPRE ESPERTO, PODE SABE COISA DAS FADINHA” “Que coisa ? o que
querem saber ? fada ?” exclamou Pippin com dificuldade pela dor que
sentia em seu braço “SIM NOS QUÉ SABE DAS FADA, DAS DUAS QUE ANDA
JUNTO E CAÇA TUDO NOSSO URSORUJA QUEREMO AS PÉL DE VOLTA SE CONTA,
NOS TE MATA RAPIDO” “CHEFE EU ACHA QUE ESSE FILHOTE DE HOMI NÃO
SAB.” Antes que terminasse a frase uma flecha perfura a cabeça do
goblin com a lança saindo na pelo seu olho. Pippin teve um
pensamento repentino e conseguiu reparar que a pena na ponta da
flecha era amarela como a de um dos elfos e na sequencia uma
enxurrada de flechas começaram a chover na cabeça dos goblins,
caindo um após o outro, com a confusão Pippin começou o processo
de se soltar, por conta da falta de inteligência dos goblins, os
pertences não tinham sido retirados e a Garra estava em sua cintura,
com dificuldade conseguiu serrar a corda e se soltar, correu para
beira da mata e observou, um dos elfos no topo de uma arvore com
seu arco massacrando todos la em baixo e o outro correndo e
matando um a um como se fosse uma sombra, tão veloz que os olhos
de Pippin mal o acompanhavam, era como um espetáculo, o garoto se
fascinou pelo que viu. O elfo arqueiro desceu as arvores pôs a mão no
chão e dela brotaram raízes que golpeavam os goblins como chicotes
enquanto o outro mal podia ser visto mesmo correndo entre eles, foi
um verdadeiro espetáculo aos olhos de quem não era um Goblin.

Rax- HAHAHAHA que desfeita, iam começar o jantar sem os


convidados principais ?

Rex- Na hora exata da festa e de brinde um acampamento pronto,


tudo como planejado quando eu planejo

Rax- Não vou discordar dessa vez irmão. Mas os méritos da carne de
urso coruja esta noite são meus, com alguns empecilhos a caça foi
concluída, e como o combinado...

Rex- Não!

Rax- Combinado é combinado...


Rex- De jeito nenhum, mil vezes não

Rax- Eu cacei... tu limpa a carne e assa, trato é trato ou quer decidir


isso de forma difícil ?

Rex- Como se tu fosse capaz de algo” Nessa hora Pippin observou que
o clima entre os dois estava tenso e os olhos se curvavam de raiva,
achou que começariam a brigar entre si e começara a pensar qual
seria o resultado desse embate. Os dois se aproximavam e o
nervosismo de Pippin aumentava, seu medo o mantinha agachado
entre moitas mas seu interno mandava sair e parar a briga. Os dois se
aproximaram e começaram a fazer gestos com as mãos, batendo elas
fechadas sobre a palma e na terceira batida formada, de começo
Pippin achou que era o processo de alguma magia mas em pouco
tempo percebeu que estavam decidindo quem limparia a carne do
urso coruja e assaria no famoso “Pedra Papel Tesoura”

“Como esperado eu ganhei, não há segredos que possam ser


ocultados de mim, nasci com o dom do olho de águia” se gabava o
elfo de olhos verdeados, o outro apenas aceitara e começava o
trabalho. Após algumas horas a carne estava pronta e cheirava muito
bem, Pippin continuou escondido e observada tudo com atenção
como eles pilhavam o acampamento, guardavam as peles e se
viravam tão bem naquele cenário desesperador, como se tivessem
nascido ali. O cheiro começou a atiçar o estomago o jovem texugo
que por sua vez começou a fazer barulhos e Pippin espremia a barriga
para que tentava suprimir a explosão sonora. “Pretende ficar ai por
quanto tempo garoto ? carne de urso coruja não é das melhores e
quando esfria fica sebosa” acentuou Rax, “De fato, eu queria dar uma
olhada nesse machucado ai no braço também, se inflamar vai ficar
feio, e muitos seres noturnos farejam cheiro de sangue nesse
inferno”. Pippin saiu do meio das moitas devagar e desconfiado e foi
até a fogueira onde os elfos estavam sentados “Vocês tinham me
notado já ? maldito estomago, se fossem malignos eu podia estar
mais uma vez em apuros”

Rax- Não foi o estomago, eu já havia visto desde quando descansava


no salgueiro, voltamos la depois de caçar o urso para averiguar se
estava tudo certo, mas tu já tinha sumido” Rex pegou alguns
curativos, pôs ervas entre gases e colocou no braço de Pippin, falou
algumas palavras estranhas e uma luz verde emanou das mãos
fechando por completo o machucado e parando a dor “Isso deve
servir, Goblins apesar de burros não são seres subestimáveis”
acrescentou Rex

Pippin- a proposito me chamo Pippin Texugo e Fenalha, me perdi


nessa floresta quando pensei que poderia caçar algo pra comer”
balava de boca cheia com um grande pedaço de carne na boca

Rax- Eu sou Rax’Andor e esse é o meu irmão Rex’Silver” falou o elfo


que lutava com adagas “Mas afinal, o que uma criança faz tão longe
de casa, achei que texugos não saíssem muito de Fenalha

Pippin- Não sou isso!” “Perdão, um crianço então...” acrescentou com


debocha Rax

Pippin- Entrei em uma missão, quero reunir todos os Dróias

Ambos os elfos engoliram com dificuldade se engasgando com a


carne soltando uma grande gargalhada “HAHAHAHAA DRÓIAS ? PARA
COM ISSO ESSE TEXUGO É LOUCO” “Como sabe sobre os Dróias ?”
disse Rex

Pippin- Meu avô me contou um pouco sobre e falou que o mal reúne
forças nas montanhas nortenhas, disse que eu precisava reunir eles e
impedir isso... ou algo do tipo

Rax- Tudo bem Pippin dos Dróias, prossiga com nós até Bhalgar, a
floresta de Narrí não é um lugar seguro

Pippin- Estão indo para lá ? que coincidência o que fazem naquelas


terras ?

Rex- Mercenários, fomos pagos para acabar com um vilarejo de


goblins que estava aterrorizando comerciantes nas estradas, e de
quebra achamos um urso-coruja do tipo raro, ouro sempre é bem
vindo. Mas de qualquer forma descansa garoto, amanhã é um longo
dia de caminhada.

Pippin se ao relento e logo adormeceu pelo dia extremamente


exaustivo, fora acordado na madrugada por uma discussão dos
gêmeos “Levar uma criança com a gente é loucura, perdeu a cabeça
Rax”
Rax- E deixar ele aqui pra morrer com toda certeza é uma boa ideia
são apenas dois dias de caminha, eu carrego ele nas costas quando
as pernas dele falharem

Rex- É um garoto e não um animal de estimação Rax, nos temos um


prazo pra entregar a missão, e outra, aparecer com mais alguém la, o
Ronan não gosta de crianças.

Rax- Azar do Ronan, ele é um aspirante a paladino rabugento, ouvi


dizer que tão pouco quer ser nomeado paladino, aposto que vai
quebrar o juramento antes mesmo da formação de cavalheiro.

Rex- De qualquer forma é ele que limpa nossa barra, a gente não pode
quebrar a confiança dele, tudo bem... a gente fica com o garoto, mas
só até Bhalgar, a gente não pode atravessar o mar da cicatriz arcana
até as montanhas de Líria e mesmo que podesse, os Dróias...

Rax- Mas seria divertido não acha ? acho que esse garoto é um aviso
do destino, ta na hora da gente buscar novos horizontes, foda-se a
cultura de Líria de odiar o pessoal desse lado e os elfos marrons, a
gente sempre deu nosso jeito de ser aceito, não são velhas tradições
e culturas que vão nos impedir.

Rex- HAHAHAHA é Rax, tu ta certo, vamos dormir também, amanhã é


uma longa caminhada, há tempo de refletir todas possibilidades.

RUMO A BHALGAR

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