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ESTADO DO CEARÁ

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
GABINETE DESEMBARGADOR FRANCISCO BEZERRA CAVALCANTE

Processo: 0628202-32.2019.8.06.0000 - Agravo de Instrumento


Agravante: Carlos de Araújo Medeiros
Agravado: Lívia Érica Carlos Marques

EMENTA: CIVIL E PROCESSO CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE


DESPEJO. TUTELA DE EVIDÊNCIA. ART. 311, IV, DO CPC. CONFIGURAÇÃO.
ESTADO DE INADIOMPLÊNCIA RECONHECIDO EM CONTESTAÇÃO. VERSÃO
DOS FATOS, NO RECURSO, DESPROVIDA DE PROVAS. RECURSO DE AGRAVO
CONHECIDO MAS NÃO PROVIDO.

I - Trata-se de agravo de instrumento interposto por CARLOS DE ARAÚJO MEDEIROS em


face de LÍVIA ÉRICA CARLOS MARQUES, buscando a tutela liminar recursal, initio litis e
inaudita altera parte, de suspensão dos efeitos da decisão agravada (tutela provisória de
evidência consistente na determinação de desocupação voluntária de imóvel locado em 15
dias) fls. 10/11, exarada na ação de despejo de nº 0109960-79.2019.8.06.0001, pelo Juízo da
15ª Vara Cível de Fortaleza, até a consecução de audiência de conciliação.
II - A evidência do direito autoral (art. 311, IV, do CPC) restou demonstrada pela própria
afirmação, em contestação, de que o agravante estaria inadimplente, sendo seu argumento de
negativa em receber o aluguel, por parte da agravada, assim entendo, mera tentativa de tenta
alterar a situação fática e, assim, ser albergado por decisão judicial que afaste o seu estado de
inadimplência, diga-se, confessado.
III - A inadimplência do agravante se extrai, portanto, dos documentos anexados, somado à
ausência de impugnação espefícica destes e das afirmações da recorrente que, desprovidas de
provas, sem sombra de dúvidas, desembocam na conclusão da necessidade de ratificação da
tutela de evidência concedida em Primeiro Grau.
IV – Recurso conhecido mas não provido.

ACÓRDÃO: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso de apelação,


ACORDAM os Desembargadores integrantes do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará,
reunidos na 4ª Câmara de Direito Privado, à unanimidade, em conhecer do presente recurso de
agravo de instrumento, mas para lhe NEGAR PROVIMENTO, nos termos do voto do
Relator.

Fortaleza, 17 de março de 2020.

FRANCISCO BEZERRA CAVALCANTE


Presidente do Órgão Julgador e Relator

RELATÓRIO
ESTADO DO CEARÁ
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
GABINETE DESEMBARGADOR FRANCISCO BEZERRA CAVALCANTE

Trata-se de agravo de instrumento interposto por CARLOS DE


ARAÚJO MEDEIROS em face de LÍVIA ÉRICA CARLOS MARQUES, buscando a
tutela liminar recursal, initio litis e inaudita altera parte, de suspensão dos efeitos da
decisão agravada (tutela provisória de evidência consistente na determinação de
desocupação voluntária de imóvel locado em 15 dias) fls. 10/11, exarada na ação
de despejo de nº 0109960-79.2019.8.06.0001, pelo Juízo da 15ª Vara Cível de
Fortaleza, até a consecução de audiência de conciliação.

Aduz o agravante que somente estava em débito com o aluguel de


março de 2019, com vencimento na data de cinco de abril do mesmo ano, portanto,
sete dias de atraso. Quanto aos demais depósitos, os mesmos foram regularmente
efetuados na conta da genitora.

No final, pugna pela confirmação da tutela provisória deferida, reforma


da decisão agravada, desconstituição da decisão interlocutória referida com
determinação dos pagamentos dos locativos devidos em Juiz.

A parte agravada apresentou contrarrazões às fls. 24/29, pugnando


pelo improvimento do recurso.

É lacônico o relatório.

VOTO

Atendidos, pois, os requisitos para apresentação da irresignação, deve


o recurso ser conhecido.

Conforme se extrai do relatório, trata-se de agravo de instrumento


interposto por CARLOS DE ARAÚJO MEDEIROS em face de LÍVIA ÉRICA
CARLOS MARQUES, buscando a tutela liminar recursal, initio litis e inaudita altera
parte, de suspensão dos efeitos da decisão agravada (tutela provisória de evidência
consistente na determinação de desocupação voluntária de imóvel locado em 15
dias) fls. 10/11, exarada na ação de despejo de nº 0109960-79.2019.8.06.0001, pelo
Juízo da 15ª Vara Cível de Fortaleza, até a consecução de audiência de conciliação.
Veja-se o teor da decisão:

“(...) Requer a parte autora a concessão de medida antecipatória de tutela,


fundada na natureza incontroversa de parte dos fatos articulados na inicial.
A providência requerida se amolda ao quanto previsto no art. 311, IV, do
CPC, hipótese da tutela de evidência. Pelo dispositivo legal, "a tutela de
evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de
dano ou risco ao resultado útil do processo, quando: IV - a petição inicial for
instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do
autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável".
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GABINETE DESEMBARGADOR FRANCISCO BEZERRA CAVALCANTE

In casu, a evidência do direito da parte está materializado na documentação


que instrui a inicial, a demonstrar que as partes firmaram contrato de locação
tendo por objeto o imóvel descrito na inicial e que a locatária deixou de
efetuar o pagamento da prestação convencionada, o que induz ao
convencimento da probabilidade do direito da demandante.
Anote-se, ainda, que parte ré, ao manifestar-se nos autos, deixou de
impugnar o inadimplemento apontado pelo locador, inclusive reconhecendo a
falta de pagamento das parcelas do aluguel.
Igualmente deixou de impugnar especificamente os documentos
apresentados, transmutando a prova documental em inequívoca.
Não se pode olvidar, ainda, que a antecipação da tutela, fundada que é na
evidência do direito, prescinde da configuração do perigo de dano ou do risco
ao resultado útil do processo.
Assim, diante da evidência do direito da autora e das provas anexadas aos
autos, amparado no art. 311, inciso IV, do CPC, defiro a tutela provisória de
evidência, para determinar desocupação do imóvel em 15 (quinze dias).
Expeça-se o competente mandado liminar de despejo, assegurando-se aos
ocupantes o prazo acima assinalado para desocupação voluntária. (...)”

Melhor analisando os termos do presente recurso, entendo que a


solução para o caso deve ser diversa do entendimento que proferi quando da
prolação da decisão de fls. 16/19.

Isso porque, através de uma análise mais profunda dos autos,


inclusive os eletrônicos de origem, constatei que os fundamentos da decisão
prolatada pelo Juízo recorrido tem correspondência com a prova produzida nos
autos, até o momento.

A evidência do direito autoral (art. 311, IV, do CPC) restou


demonstrada pela própria afirmação, em contestação, de que o agravante estaria
inadimplente, sendo seu argumento de negativa em receber o aluguel, por parte da
agravada, assim entendo, mera tentativa de tenta alterar a situação fática e, assim,
ser albergado por decisão judicial que afaste o seu estado de inadimplência, diga-
se, confessado.

A inadimplência do agravante se extrai, portanto, dos documentos


anexados, somado à ausência de impugnação espefícica destes e das afirmações
da recorrente que, desprovidas de provas, sem sombra de dúvidas, desembocam na
conclusão da necessidade de ratificação da tutela de evidência concedida em
Primeiro Grau.

Nesse sentido, cito entendimento jurispridencial:

LOCAÇÃO RESIDENCIAL. AÇÃO DE DESPEJO POR FALTA DE


PAGAMENTO CUMULADA COM COBRANÇA. TUTELA ANTECIPADA DE
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GABINETE DESEMBARGADOR FRANCISCO BEZERRA CAVALCANTE

EVIDÊNCIA. DEFERIMENTO QUE SE JUSTIFICA DIANTE DO TEOR DA


CONTESTAÇÃO. HIPÓTESE EM QUE A RÉ ADMITIU A FALTA DE
PAGAMENTO DOS ALUGUÉIS, COMO FORMA DE ABATIMENTO DAS
DESPESAS COM INTRODUÇÃO DE BENFEITORIAS NO IMÓVEL. FATO
QUE ENSEJAVA DEMONSTRAÇÃO DOCUMENTAL, NÃO PRODUZIDA NO
MOMENTO OPORTUNO. HIPÓTESE DE MANIFESTO PROPÓSITO
PROTELATÓRIO. AGRAVO IMPROVIDO. 1. Proposta a ação de despejo por
falta de pagamento, a ré, em sua contestação, afirmou a ocorrência de
acordo, que a dispensou de pagar os aluguéis, como forma de compensação
com as despesas relacionadas à introdução de benfeitorias no imóvel. 2. A
introdução de benfeitorias, segundo os termos do contrato, depende de
prévia autorização escrita do locador, e não gera direito de retenção,
indenização ou compensação. 3. Não houve apresentação de documento
comprobatório dessa alegação, no momento oportuno, e o fato foi negado
pelo autor, tornando-se controvertido. 4. Destituída de fundamento probatório
a alegação feita na contestação, caracteriza-se inequivocamente o propósito
protelatório, que autoriza o deferimento da tutela antecipada de evidência, na
forma do artigo 311, I, do CPC. (TJ-SP 22111948620178260000 SP
2211194-86.2017.8.26.0000, Relator: Antonio Rigolin, Data de Julgamento:
23/11/2017, 31ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 23/11/2017)

Ante o exposto, convencido dos argumentos recursais, revogo a


decisão de fls. 16/19 para o fim de vortar pelo conhecimento e NÃO PROVIMENTO
do recurso de agravo de instrumento, com a consequente manutenção da decisão
agravada, em todos os seus termos.

É como voto.

Fortaleza, 17 de março de 2020.

FRANCISCO BEZERRA CAVALCANTE


Desembargador Relator

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