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Estado Do Ceará Poder Judiciário Tribunal de Justiça Gabinete Desembargador Francisco Mauro Ferreira Liberato
Estado Do Ceará Poder Judiciário Tribunal de Justiça Gabinete Desembargador Francisco Mauro Ferreira Liberato
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
GABINETE DESEMBARGADOR FRANCISCO MAURO FERREIRA LIBERATO
RELATÓRIO
Trata-se de Agravo de Instrumento interposto por Virgínia Waleska de Oliveira
Gomes adversando decisão proferida pelo juízo da 35ª Vara Cível da Comarca de
Fortaleza/CE que, nos autos da Ação de Despejo e Cobrança manejada pela agravante em face
de Lucilene da Costa Martins e Joaquim Ribeiro da Costa Martins, processo nº
0256783-17.2022.8.06.0001, indeferiu a liminar requerida em razão da ausência de
notificação e por estar o contrato revestido de uma das garantias previstas no art. 37 da Lei do
Inquilinato (fls. 21/22).
Em suas razões, aduz que as partes firmaram contrato de locação para fins
residenciais pelo prazo de 12 (doze) meses, com início em 03/03/2021, estando os locatários
inadimplentes desde janeiro de 2022, com débito de R$ 20.542,53 (vinte mil quinhentos e
quarenta e dois reais e cinquenta e três centavos) até a data da propositura da ação originária.
Alega que, em razão do montante devido, o contrato encontra-se desprovido de
garantia, não se fazendo necessária a prévia notificação dos agravados para concessão de
liminar de desocupação do imóvel em ação de despejo por falta de pagamento.
Ao fim, requer a reforma da decisão agravada com o deferimento do pedido
liminar de despejo.
Decisão, às fls. 27/34, concedendo a tutela recursal requerida e concedendo aos
locatários o prazo de 15 (quinze) dias para a desocupação voluntária do imóvel.
Contrarrazões às fls. 43/49.
Eis o relatório.
VOTO
Art. 59. Com as modificações constantes deste capítulo, as ações de despejo terão o
rito ordinário.
§ 1º Conceder - se - á liminar para desocupação em quinze dias, independentemente
da audiência da parte contrária e desde que prestada a caução no valor equivalente a
três meses de aluguel, nas ações que tiverem por fundamento exclusivo:
[...]
IX a falta de pagamento de aluguel e acessórios da locação no vencimento, estando
o contrato desprovido de qualquer das garantias previstas no art. 37, por não ter sido
contratada ou em caso de extinção ou pedido de exoneração dela, independentemente
de motivo.
Tem-se, portanto, que nas ações de despejo por falta de pagamento, a liminar
somente poderá ser concedida se não houver no contrato algumas das garantias previstas no
art. 37, da Lei de Locações (caução; fiança; seguro de fiança locatícia ou cessão fiduciária de
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quotas de fundo de investimento), bem como tiver sido prestada caução no valor equivalente a
três meses de aluguel, pelo locador.
Assiste razão à recorrente posto ser sedimentada a noção de que "para o
ajuizamento de ação de despejo por falta de pagamento de aluguéis e acessórios, é
despicienda a prévia notificação do locatário" (REsp n. 834.482/RN, relator Ministro
Arnaldo Esteves Lima, Quinta Turma, julgado em 6/9/2007, DJ de 22/10/2007, p. 356.).
Nesse sentido, colaciono precedentes deste Eg. Tribunal de Justiça:
da locação do imóvel em questão parte integrante de sua fonte de renda, entendo restar
demonstrada a situação de excepcionalidade da dispensa da caução para a concessão da
medida liminar postulada, conforme entendimento dos tribunais pátrios: