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ESTADO DO CEARÁ

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
GABINETE DESEMBARGADOR FRANCISCO MAURO FERREIRA LIBERATO

Processo: 0634850-23.2022.8.06.0000 - Agravo de Instrumento


Agravante: Virginia Waleska de Oliveira Gomes Lessa.
Agravados: Lucilene da Costa Martins e Joaquim Ribeiro da Costa Martins

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE


DESPEJO POR FALTA DE PAGAMENTO. LOCAÇÃO PARA
FINS RESIDENCIAIS. DECISÃO QUE INDEFERIU A
LIMINAR INAUDITA ALTERA PARS PARA A
DESOCUPAÇÃO DO IMÓVEL. DESNECESSIDADE DE
NOTIFICAÇÃO PREMONITÓRIA PARA CONSTITUIÇÃO
DA MORA. EXTINÇÃO DA GARANTIA. PRESENÇA DOS
REQUISITOS AUTORIZADORES DA MEDIDA POSTULADA.
DECISÃO REFORMADA.
1. No caso, as partes firmaram contrato de locação para fins
residenciais pelo prazo de 12 meses, com início aos 03/03/2021 e
término aos 02/03/2022. Segundo a agravante, os locatários se
encontram inadimplentes desde janeiro de 2022.
2. O juízo de primeiro grau indeferiu o pedido de desocupação liminar
do imóvel sob o argumento de que o contrato se encontra revestido de
uma das garantias previstas no art. 37 da Lei nº 8.245/91 e na ausência
de notificação premonitória.
3. A possibilidade de concessão de liminar para desocupação do
imóvel inaudita altera pars em caso de ação de despejo por falta de
pagamento encontra amparo no art. 59, §1º, IX da Lei de Locações, in
verbis: “Conceder - se - á liminar para desocupação em quinze dias,
independentemente da audiência da parte contrária e desde que
prestada a caução no valor equivalente a três meses de aluguel, nas
ações que tiverem por fundamento exclusivo: [...] a falta de
pagamento de aluguel e acessórios da locação no vencimento,
estando o contrato desprovido de qualquer das garantias previstas no
art. 37, por não ter sido contratada ou em caso de extinção ou pedido
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de exoneração dela, independentemente de motivo”.


4. Assiste razão à recorrente posto ser sedimentada a noção de que
"para o ajuizamento de ação de despejo por falta de pagamento de
aluguéis e acessórios, é despicienda a prévia notificação do
locatário" (REsp n. 834.482/RN, relator Ministro Arnaldo Esteves
Lima, Quinta Turma, julgado em 6/9/2007, DJ de 22/10/2007, p.
356.). Ademais, em suas contrarrazões recursais, os locatários não
negam a existência do débito, tão somente postulando a concessão de
prazo de 30 (trinta) dias para a desocupação do imóvel.
5. Embora o contrato em questão estabeleça o pagamento de caução
pelos locatários no valor de um aluguel pactuado, há de se reconhecer
o exaurimento da garantia ante o valor do débito apontado na petição
exordial, o que permite a concessão da liminar de despejo.
6. Sendo a agravante beneficiária da justiça gratuita, e constituindo os
frutos da locação do imóvel em questão parte integrante de sua fonte
de renda, entendo restar demonstrada a situação de excepcionalidade
da dispensa da caução para a concessão da medida liminar postulada.
7. Recurso conhecido e provido. Decisão reformada.

ACÓRDÃO: Vistos, relatados e discutidos estes autos, acorda a 1ª Câmara Direito


Privado do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, em conhecer do presente recurso para
dar-lhe provimento, nos termos do voto do relator.

Fortaleza, data e hora inseridas pelo sistema.

Presidente do Órgão Julgador

DESEMBARGADOR FRANCISCO MAURO FERREIRA LIBERATO


Relator
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RELATÓRIO
Trata-se de Agravo de Instrumento interposto por Virgínia Waleska de Oliveira
Gomes adversando decisão proferida pelo juízo da 35ª Vara Cível da Comarca de
Fortaleza/CE que, nos autos da Ação de Despejo e Cobrança manejada pela agravante em face
de Lucilene da Costa Martins e Joaquim Ribeiro da Costa Martins, processo nº
0256783-17.2022.8.06.0001, indeferiu a liminar requerida em razão da ausência de
notificação e por estar o contrato revestido de uma das garantias previstas no art. 37 da Lei do
Inquilinato (fls. 21/22).
Em suas razões, aduz que as partes firmaram contrato de locação para fins
residenciais pelo prazo de 12 (doze) meses, com início em 03/03/2021, estando os locatários
inadimplentes desde janeiro de 2022, com débito de R$ 20.542,53 (vinte mil quinhentos e
quarenta e dois reais e cinquenta e três centavos) até a data da propositura da ação originária.
Alega que, em razão do montante devido, o contrato encontra-se desprovido de
garantia, não se fazendo necessária a prévia notificação dos agravados para concessão de
liminar de desocupação do imóvel em ação de despejo por falta de pagamento.
Ao fim, requer a reforma da decisão agravada com o deferimento do pedido
liminar de despejo.
Decisão, às fls. 27/34, concedendo a tutela recursal requerida e concedendo aos
locatários o prazo de 15 (quinze) dias para a desocupação voluntária do imóvel.
Contrarrazões às fls. 43/49.
Eis o relatório.

VOTO

Conheço do recurso, eis que presentes os pressupostos de admissibilidade.


De início, cumpre estacar que a cognição desta Corte se restringe à análise
perfunctória da matéria, verificando-se o acerto ou não da decisão recorrida, em razão da
estreita via do agravo de instrumento, que veda a incursão aprofundada e definitiva no mérito
da ação originária, sob pena de incorrer-se em prejulgamento e, por conseguinte, em
supressão de uma instância jurisdicional.
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Desse modo, analisa-se a correição da decisão vergastada sob a ótica dos


requisitos da tutela postulada.
Vejamos.
Compulsando os autos, tem-se que as partes firmaram contrato de locação para
fins residenciais tendo como objeto a unidade 402 do Condomínio Porto Iracema, situado na
Avenida Historiador Raimundo Girão, nº 630, Praia de Iracema, nesta capital, com início aos
03/03/2021 e término aos 02/03/2022, mediante pagamento pelo locatário de aluguel mensal
de R$ 2.700,00 (dois mil e setecentos reais) além das taxas condominiais.
Sustenta a agravante que a parte demandada se encontra inadimplente desde
janeiro de 2022, possuindo um débito, atualizado até o ajuizamento da ação originária, de R$
20.542,53 (vinte mil quinhentos e quarenta e dois reais e cinquenta e três centavos).
O pedido de despejo liminar fora indeferido pelo juízo de primeiro grau sob o
argumento do contrato estar revestido de uma das garantias previstas no art. 37 da Lei nº
8.245/91 e pela inexistência de notificação apta a configurar a mora dos agravados.
Pois bem.
A Lei nº 8.245/91 estabelece:

Art. 59. Com as modificações constantes deste capítulo, as ações de despejo terão o
rito ordinário.
§ 1º Conceder - se - á liminar para desocupação em quinze dias, independentemente
da audiência da parte contrária e desde que prestada a caução no valor equivalente a
três meses de aluguel, nas ações que tiverem por fundamento exclusivo:
[...]
IX a falta de pagamento de aluguel e acessórios da locação no vencimento, estando
o contrato desprovido de qualquer das garantias previstas no art. 37, por não ter sido
contratada ou em caso de extinção ou pedido de exoneração dela, independentemente
de motivo.

Tem-se, portanto, que nas ações de despejo por falta de pagamento, a liminar
somente poderá ser concedida se não houver no contrato algumas das garantias previstas no
art. 37, da Lei de Locações (caução; fiança; seguro de fiança locatícia ou cessão fiduciária de
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quotas de fundo de investimento), bem como tiver sido prestada caução no valor equivalente a
três meses de aluguel, pelo locador.
Assiste razão à recorrente posto ser sedimentada a noção de que "para o
ajuizamento de ação de despejo por falta de pagamento de aluguéis e acessórios, é
despicienda a prévia notificação do locatário" (REsp n. 834.482/RN, relator Ministro
Arnaldo Esteves Lima, Quinta Turma, julgado em 6/9/2007, DJ de 22/10/2007, p. 356.).
Nesse sentido, colaciono precedentes deste Eg. Tribunal de Justiça:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE DESPEJO POR FALTA DE


PAGAMENTO. DESNECESSIDADE DE NOTIFICAÇÃO. REQUISITOS PARA
CONCESSÃO DA LIMINAR ATENDIDOS. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO
DO PAGAMENTO DOS ALUGUEIS. RECURSO NÃO PROVIDO. 1. Trata-se de
agravo de instrumento com pedido liminar interposto contra decisão proferida nos
autos da Ação de Despejo por denúncia cheia c/c imissão de posse que deferiu o
pedido liminar para desocupação do imóvel no prazo de 15 (quinze dias). 2. Em ação
de despejo por falta de pagamento, não se exige a notificação premonitória, uma
vez que os requisitos legais previstos no art. 9º, III, da Lei 8.245/91, foram
atendidos pelo locador. O inadimplemento do locatário quanto aos encargos
locatícios é razão suficiente para que seja declarada a rescisão do contrato (mora
ex re). 3. Consta nos autos, comprovante do pagamento da caução, bem como que os
agravantes encontram-se desde 10/06/2019 em atraso com o pagamento dos aluguéis,
infração contratual suficiente para dar azo à resolução do contrato, bem como para
que seja determinada, em tutela de urgência, a desocupação liminar do imóvel. 4.
Assim, considerando que o agravante restou em mora em relação aos alugueis, não
tendo comprovado nos autos sua quitação, a decisão agravada deve ser mantida pelos
seus próprios e bem-lançados fundamentos. 5. Recurso não provido. ACÓRDÃO:
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acorda a 2ª Câmara Direito Privado do
Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, em conhecer do recurso, mas para negar-lhe
provimento, nos termos do voto da relatora. Fortaleza, data e hora indicados pelo
sistema. CARLOS ALBERTO MENDES FORTE Presidente do Órgão Julgador
DESEMBARGADORA MARIA DAS GRAÇAS ALMEIDA DE QUENTAL
Relatora (Agravo de Instrumento - 0637474-79.2021.8.06.0000, Rel.
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Desembargador(a) MARIA DAS GRAÇAS ALMEIDA DE QUENTAL, 2ª Câmara


Direito Privado, data do julgamento: 20/07/2022, data da publicação: 21/07/2022)

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE


DESPEJO POR FALTA DE PAGAMENTO. INSURGÊNCIA EM FACE DA
DECISÃO QUE INDEFERIU A LIMINAR DE DESPEJO DEVIDO À AUSÊNCIA
DE NOTIFICAÇÃO EXTRAJUDICIAL DA INQUILINA. PRESCINDIBILIDADE.
PRECEDENTES DO STJ. DECISÃO OBJURGADA REFORMADA. RECURSO
CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. 1. Trata-se de Agravo de
Instrumento interposto por Maria Liliam Barros Queiroz Fialho, contra sentença
proferida pelo Juízo da 21ª Vara Cível da Comarca de Fortaleza/CE, nos autos de
Ação de Despejo por falta de pagamento, a qual foi movida em face de Maria
Carmem Wanderley Osterne. 2. A insurgência da agravante versa sobre a decisão
interlocutória exarada pelo magistrado a quo, que indeferiu a liminar de despejo
por falta de pagamento, em virtude da ausência de notificação extrajudicial da
inquilina. 3. Acerca do tema, cumpre ressaltar, que o Superior Tribunal de
Justiça entende que é completamente desnecessário o envio de notificação
extrajudicial quando se trata de despejo por falta de pagamento, caso dos autos,
uma vez que o devedor contratante tem ciência do compromisso de prestar
aluguel periodicamente. 4. Em verdade, vislumbra-se que
descumprido/inadimplido o contrato firmado entre as partes, aplica-se o disposto
no artigo 397 do Código Civil, que diz: "O inadimplemento da obrigação,
positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor."
5. Diante de todo o exposto, no exercício do poder-dever, concluo pelo
CONHECIMENTO deste agravo de instrumento para, em seguida, DAR-LHE
PARCIAL PROVIMENTO, afastar a determinação de comprovação de demonstração
da constituição em mora da agravada e, por conseguinte, determino o regular
prosseguimento do feito, com a apreciação pelo MM. Juízo a quo da presença, ou não,
dos requisitos necessários para a concessão da liminar, nos termos do art. 59, § 1º,
inciso IX, da Lei nº 8.245/91 mencionada, o que não poderá ser feito por esta C.
Câmara, sob pena de supressão de instância. ACÓRDÃO: Vistos, relatados e
discutidos estes autos, acorda a 2ª Câmara Direito Privado do Tribunal de Justiça do
Estado do Ceará, em conhecer do recurso de Agravo de Instrumento e dar-lhe parcial
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provimento, nos termos do voto do relator. Fortaleza, 04 de agosto de 2021.


DESEMBARGADOR FRANCISCO DARIVAL BESERRA PRIMO Relator (Agravo
de Instrumento - 0631901-94.2020.8.06.0000, Rel. Desembargador(a) FRANCISCO
DARIVAL BESERRA PRIMO, 2ª Câmara Direito Privado, data do julgamento:
04/08/2021, data da publicação: 04/08/2021)
(GN)

Ademais, em suas contrarrazões recursais, os agravados não negam a existência


do débito, tão somente postulando a concessão de prazo de 30 (trinta) dias para a desocupação
do imóvel, já restando ultrapassado o prazo de suspensão estabelecido no julgamento da
ADPF 828 com sua prorrogação.
Embora o contrato em questão estabeleça o pagamento de caução no valor de R$
2.700,00 (dois mil e setecentos reais), conforme se depreende de suas cláusulas segunda e
sétima, há de se reconhecer que houve, no presente caso, o exaurimento da caução ante o
montante do débito informado, de modo que o contrato em questão não se encontra
resguardado por quaisquer das garantias elencadas no art. 37 da Lei nº 8.245/91.
Sobre o tema, veja-se:

AGRAVO DE INSTRUMENTO E AGRAVO INTERNO. APRECIAÇÃO


CONJUNTA. AÇÃO DE DESPEJO POR FALTA DE PAGAMENTO. DECISÃO
QUE DENEGOU LIMINAR "INAUDITA ALTERA PARTE". ALEGAÇÃO DE
EXAURIMENTO DA GARANTIA PRESTADA PELO RECORRIDO. VALOR DO
DÉBITO OBJETO DA LIDE SUPERIOR AO DA CAUÇÃO OFERECIDA PELO
AGRAVADO. REFORMA DA DECISÃO IMPUGNADA, PARA DEFERIR O
PLEITO LIMINAR DE DESPEJO, CONDICIONADO À PRESTAÇÃO DE
CAUÇÃO, NO VALOR EQUIVALENTE A TRÊS MESES DE ALUGUEL, POR
PARTE DO AGRAVANTE, INTELIGÊNCIA DO § 1º DO ART. 59 DA LEI DE
LOCAÇÕES. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONHECIDO E PARCIALMENTE
PROVIDO. AGRAVO INTERNO PREJUDICADO. 1. O cerne da presente
insurgência cinge-se em averiguar se o recorrente, locador de imóvel da sua
propriedade em relação ao recorrido, faz jus à retomada do bem em razão de débito
muito superior à garantia contratual prestada na origem pelo ora agravado. 2.
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Consoante extraído da instrução, o agravante logrou demonstrar, já na petição inicial,


o vencimento de quatro meses de aluguel, até a data da propositura da demanda, sem
o correspondente pagamento pelo devedor locatício, além de outros encargos
previstos no contrato. 3. Embora o contrato estabeleça garantia correspondente a
três meses de aluguel prestada pelo recorrido, a dívida, segundo atualização do
insurgente, já totalizava, em março de 2022, o montante de R$ 4.835,60 (quatro
mil, oitocentos e trinta e cinco reais e sessenta centavos). Nessa perspectiva, no
que pese a existência de garantia, tem-se que o débito locatício já supera o valor
caucionado, o que permite a concessão da liminar de despejo, desde que prestada
a caução prevista no art. 59, § 1º, da Lei nº 8.245/91. 4. Agravo de instrumento
conhecido e parcialmente provido. 5. Agravo interno prejudicado. ACÓRDÃO:
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acorda a 2ª Câmara Direito Privado do
Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, à unanimiade, em conhecer do agravo de
instrumento 0629974-25.2022.8.06.0000 para conferir-lhe parcial provimento,
julgando prejudicado o agravo interno nº 0629974-25.2022.8.06.0000/50000, nos
termos do voto proferido pelo eminente Desembargador Relator. Fortaleza, data
indicada no sistema. EVERARDO LUCENA SEGUNDO Desembargador Relator
(assinado digitalmente) (Agravo de Instrumento - 0629974-25.2022.8.06.0000, Rel.
Desembargador(a) EVERARDO LUCENA SEGUNDO, 2ª Câmara Direito Privado,
data do julgamento: 23/11/2022, data da publicação: 23/11/2022)

Civil e processual. Ação de despejo por falta de pagamento. Insurgência da


autora contra decisão que indeferiu a concessão da liminar. Satisfeitos, neste
incipiente estágio processual, os requisitos erigidos pelo artigo 59, § 1º, inciso IX,
da Lei n. 8.245/1991, a ordem liminar de desocupação é medida que se impõe.
Garantia (caução) exaurida, pois seu valor foi ultrapassado pelo do débito.
RECURSO PROVIDO. (TJSP; Agravo de Instrumento 2256209-05.2022.8.26.0000;
Relator (a): Mourão Neto; Órgão Julgador: 35ª Câmara de Direito Privado; Foro
Central Cível - 18ª Vara Cível; Data do Julgamento: 30/11/2022; Data de Registro:
30/11/2022)
(GN)

Por fim, sendo a agravante beneficiária da justiça gratuita, e constituindo os frutos


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da locação do imóvel em questão parte integrante de sua fonte de renda, entendo restar
demonstrada a situação de excepcionalidade da dispensa da caução para a concessão da
medida liminar postulada, conforme entendimento dos tribunais pátrios:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. LOCAÇÃO DE IMÓVEL COMERCIAL. AÇÃO


DE DESPEJO POR FALTA DE PAGAMENTO CUMULADA COM COBRANÇA E
PEDIDO DE TUTELA LIMINAR. CONCESSÃO DE LIMINAR PARA
DESOCUPAÇÃO DO IMÓVEL. INCONFORMISMO DA LOCATÁRIA.
ALEGAÇÃO DE QUE A EXCEPCIONALIDADE DA DISPENSA DE CAUÇÃO
NÃO RESTOU DEMONSTRADA. DÉBITO LOCATÍCIO QUE SUPERA A
CAUÇÃO PRESTADA NO INÍCIO DA LOCAÇÃO. HIPÓTESE DE
RECONHECIMENTO DOS REQUISITOS DO ART. 59, §1º, IX, DA LEI Nº
8.245/1991. DECISÃO MANTIDA. RECURSO IMPROVIDO. No caso, a dívida
locatícia supera o valor da caução prestada em garantia do contrato (correspondente a
dois meses de aluguel), porque reporta-se há determinado período de atraso do
aluguel, sendo forçoso, assim, reconhecer que, na realidade, o contrato já se encontra
desprovido de garantia. Ademais, a excepcionalidade da dispensa da caução
também restou demonstrada, pois com a inadimplência, ainda que parcial, desde
o início da locação, impede o locador, desprovido de bens e renda (conforme
extratos bancários e declaração de imposto de renda) de possuir capital apto a
prestar caução. Logo, de rigor a manutenção da tutela liminar, ante a presença dos
requisitos do art. 59, §1º, IX, da Lei nº 8.245/91. (TJSP; Agravo de Instrumento
2255268-55.2022.8.26.0000; Relator (a): Adilson de Araujo; Órgão Julgador: 31ª
Câmara de Direito Privado; Foro de Itanhaém - 1ª Vara; Data do Julgamento:
10/11/2022; Data de Registro: 10/11/2022)

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE DESPEJO. FALTA DE


PAGAMENTO DE ALUGUEL E ACESSÓRIOS DA LOCAÇÃO. LIMINAR.
REQUISITOS. CAUÇÃO. DISPENSA. Nos termos do art. 59, § 1º, IX, da Lei n.
8.245/91, no caso de falta de pagamento de aluguel e acessórios da locação, é possível
a concessão de liminar para que o locatário desocupe o imóvel, no prazo de quinze
dias, caso o contrato não apresente nenhuma das garantias do art. 37 da referida lei. A
concessão da liminar para desocupação condiciona-se à prestação de caução no
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valor equivalente a três meses de aluguel, conforme expresso no § 1º artigo 59,


podendo, entretanto, ser dispensada, em situação excepcional, quando
demonstrada a dificuldade econômica da parte autora. (TJMG - Agravo de
Instrumento-Cv 1.0000.22.159277-7/001, Relator(a): Des.(a) Marco Aurélio Ferrara
Marcolino , 13ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 10/11/2022, publicação da súmula
em 11/11/2022)
(GN)

Ante o exposto, conheço do presente recurso para dar-lhe provimento,


ratificando a decisão interlocutória de fls. 27/34 e deferindo a a liminar pleiteada, no sentido
de determinar a desocupação do imóvel objeto do contrato de locação firmado entre as partes.
Ressalte-se que os locatários poderão evitar a rescisão do contrato e elidir a
liminar de desocupação se, dentro dos 15 (quinze) dias concedidos para a desocupação do
imóvel e independentemente de cálculo, efetuarem depósito judicial da totalidade dos valores
devidos, na forma prevista no inciso II do art. 62 da Lei nº 8.245/91.
É como voto.
Fortaleza, data e hora inseridas pelo sistema.

DESEMBARGADOR FRANCISCO MAURO FERREIRA LIBERATO


Relator

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