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Recursos para 0 estudo da musica popular urbana latino-americana Gerard Behague Resumo: 0 artigo proporciona informacdo atualizada sobre o assunto. Um breve esbéco historico examina o desenvolvimento da musica popular nas virias areas geografico-culturals: 0 México e o Caribe Hispanico, os paises andinos, e Argentina, Uruguay ¢ Brasil. A segunda parte do trabalho apresenta as obras de referéncta, basicas, as obras historias e critics relacionadas ao estudo da rmisica popular nos varios paises. Finalmen: te, se identificam centros ¢ colegées de pesquisa ¢ os fatores mais relevantes para futura pesquisa. térmo miisica popular, seja em espanhol ou portugués, teve tradicionalmente o se genérico de miisica do povo, incluindo 0 que os folcloristas e etnomusicélogos chamam miisica folclérica e tradicional e também musica urbana. Somente desde a década dos 50 € que se veriflca uma diferenciacao mais freqiiente entre miisica folelorica e popular quando a expressio olclore musical ou simplesmente folctore se tornou mais comum, ¢ miisioa popular gradativamente foi recebendo o sentido contemporaneo de musica popular/comercial. 0 presente estudo trata de mtisica popular neste sentido, representando repertorios musicais, géne- ros ¢ comportamentos especificos das concentragées urbanas. Esse corpus musical é geralmente disseminado por meios comerciais tals como a publicacdo de colecdes mustcais em folhas soltas, programas de radio e televisio, e a indiistria de gravagées dos varios tipos de discos até fitas magnetofonicas e CDs. Esses repertorlos refletem também a estratificacao social de uma area deter minada, quer sejam as camadas sociais concebidas em térmos socto-econdmices, geracionais ou étnieos. Além disso, cerlos movimentos latino-americanos de miisica popular, géneros ¢ estilos freqtientemente provém de participacdo sécio-politica e critica. Muitos sociélogos folcloristas latino-americanos estudaram a miisica popular urbana dos seus pontes de vista disciplinares respectivos, para ilustrar outros campos da cultura popular assinalar a preferéncia estilistica de certos grupos socials dentro de uma sociedlade determinada, ou para identificar simbolos expressos através da miisica por tais grupos. Outros cientistas sociais, adotando uma posigao filosofica materialista, tentaram relacionar correntes de miasica popular com Tutas sociais e ideologicas. Se bem estes tipos de abordagem tenham contribuido substancialmente 4 compreensio de cerios aspectos dos fendmenos da miisica popular, deixaram de elucidar os processos de criagao e consumo e, em tiltima anélise, dos significados de miistcas especificas, principalmente por ser a miisica concebida como um artefato ou mero produto ¢ pelo fato das relacdes possiveis da miisica como feromeno sonoro e como veiculo cle comunicagao cultural serem geralmente descuidadas. Desde o principio do século XX, os historiadores da musica na América Latina trataram, em geral, da misica popular urbana dos seus paises respectivos mas, na maioria dos casos, conjuntaménte com géneros paralelos de miisica folclorica out em relacao as fontes do nacionalismo musical utilizadas por compositores de miisica erudita. Os musicélogos de modo geral ignoraram a miisica popular por causa de sua limitada pereepedo do valor estético da mesma € por causa do “idealismo elitista” da musicologia histérica, como bem disse John Shepherd (1982:148). Somente na década de 60 é que a miisica popular surgi como um objeto de estudo merecedor de tratamento sério. R. bras. Mus, Rio de Janeiro, 20:1-24, 1992-93, ESBOCO HISTORICO Informacdes histéricas e socioligeas referentes as correntes e produces de musica popular wna Amériea Latina so muito incompletas. Até hoje néo howe uma eompllario sistemstice de talegees de flhas soltas ¢ antologas de musica popular, um levantamento de documentos histéri- cae erentes as primelras gravacoes e programas de radio, ema analisesistematca dos exten repertérios produzidos nas varias repuiblicas desde 1850, a data aproximada em que a rmisica vebana comegou a ter uma identidade distinta e coesa, No século XX, os paises [atin anewearee ean truigam, de forma consistent, ferramentas bibligraficas que fornegam clas pressas para medir a popularidade de poeas especificas numa época determin ada entre partes especificas er sociedade. O facil acesso & tnformagao dada para a miisica popular americana, por exemplo, pela puiblieagio sobre 0 programas da Your Hit Parade (1036-1058), desde 1940, pelas listagens sema aaa board, simplesmente nao existe para a América Latina, O seguinte sumaro do desenvol- ae to historico da musica popular €inevitavelmente ineompleto e acenta as Areas geogricas Jatino-americanas para as quais existe Informagao de facil acesso. Como fenémeno urbano, a imisica popular latino-americana se desenvolveu a parti do prin: pio do século XIX, principalmente como uma atividade da classe ila envolvendo géneros teatrais sem-populares e a inisica de salao e paralelamente s tradicdes de mmisict erudita. Se assevera impossivel, no entanto, tentar tacar uma tradicao homogenea e continua de misica urbana pela ImPersenein de fontes documentats. Os periodos da independéncia e mals tarde da abolicio da ‘eeravidao facilitaram a interacdo entre as areas rurais e urbanas, se bem qué & interpenetracio ‘las culturas folclricas e urbanas tenha se mantido bem dinamica até a ¢poca da segunda guerra sill, De um modo gera, 0s primeiros géneros caracteristicos de musica papular absreket rant os titimos vinte e cinco anos do século passado. Versées urbanas de géneros de masica foleloriea prevaleceram em mulas cidades,e ja que so um niimero redid de ginetos de misica popular teve sua origem nas cidades antes da metade da década de 1910, é dificil estabelecer uma Uistingdo clara entre miisica folelriea e popular daquela época. Na maloi%s dos casos, as caracte rahecs de performance em vez do contetdo estrutural das formnas pepulares wbanas si0 cS qe epresentam o principal destaque daquela miisica Dese os anos 20 aproximadamente (¢ especialmente depois de 1945) 0 creseimenlo urbano paises Tatino-americanos provocou um desenvolvimento massive, ceultu em quase todos 05 oa ae Em algimas das maiores cidades, este crescimento ¢ a conseqiente dversi ade cultural pans mn divi fenomenais. A musica popular urbana rfletis expressamente a diver ade cul tara anita esocio-econdmica das cidades. Espécies europélas na moda ¢autras formas Oe Het ns segmentos da popular estrangeira sempre estiveram presentes nas malores cidades onde alg Popiviade tinham a tendencia de emular seus semelhantes europeus. Pot Isso ¢ que as DEASSPAN. ram iy steulo XIX, como a valsa, a mazurka, a plka, 0 schottisch, a contradanca © as com facilidade em todas as ck grandes, ¢ com tem cou “mesticagem’, isto &, 0 proc cangas de sal foram adotac outras m: pequenas ¢ passaram pelo processo de “ereolizaca sneros locais ¢ nacionais. A valsa, por exemplo, serviu como precurs danas populares em todo o continente, com nomes diferentes, como, por it plo, pasillo (vals de! i i evollo, no Peru, vals melopeya, na Venezuela, € valsa-choro no Brasil. A m uma marca forte na mtisica urbana Jhtino-americana ¢ deu uma fonte importante para muitos generos ulares do principio do século AX. Além disso, 0 cardter predominantemente romntico de muitos tipas de cane EP! alar tem sua origem nesta tradigao cuja distincio fol combinada com a tradied0 criolla ou crioula das cidades Jatino-americanas. No século XX a influéncta de Tin Pan Alley dos Estados Unidos ¢ outros genres populares tiveram repercussées dbvias nas formas hibridas que apareceraim nes a8 20 e 30 (por exemplo, @ rua fox o Ince-fox eo samba-fox A era da grande banda de jazz das décades de 30 ¢ 40 também ca nos conjuntos ¢ arranjos de muitas formas elassicas da misica popular latino- pais) na Colombia frande tradigdo europeia de musica de saléo deixou tambe deixou sua ma RR. bras. Mus., Rio de Janeiro, 20:1-24, 1992-93. americana. Nos anos 50, varias tentativas foram empreenditlas, especialmente em Cuba, Porto Rico ¢ Brasil, para desenvolver expressoes latinas de jazz, e desde 05 anos 60 houve assimilacées do rock'n'roll e da misica rock, as vezes fundidas com tradigdes locais de folk urbano, o que proporcl- ‘nou inovacées significalivas. Ao mesmo tempo, a miisica folelérica em contextos urbanos se tor- nou parte da moda da peria, estabelecida nos anos 60, que constituit 0 ponto de partida de um novo estilo associado com movimentos politicos, um estilo que em poucos anos tomou um cardter verdadetramente pan-Hispano- Americano. México e o Caribe Hispanico Uma grande parte da miisica mexicana do século XIX sofreu influéncias da miisica de saldo européia. Um dos melhores exemplos desta influéncia se encontra na série de valsas Sobre las olas (1891) de Juventino Rosas (1868-1894), um dos primetros compositores populares mexicanos que alcangou fama internacional s géneros populares mais nacionais do México no século XIX foram o jarabe e a danza ‘mexicana. Datando do fim do periodo colonial, 0 jarabe, como dana e género vocal, gozou de muta Popularidade durante a guerra de independéncia, ¢ desde entao foi praticada pela maioria dos mtisicos populares. Apesar das pecas de jarabes do fim do século passado terem sido publicadas em versdes para piano solo, na pratica eam executadas por varios tipos de bandas ou conjuntos populares, inclusive por mariachis. Esses jarabes, em compasso de 3/4, eram freqiientemente trans- formaclos em valsas de andamento rapido, como fot o caso do famoso Cielito tindo, atribuido a um Quirino F. Mendoza que o teria composto durante a revolugdo mexicana de 1910. A danza mexicana se originou da contradanza cubana, ela mesma combinando elementos do tango andahuz e da habanera cubana, com sta énfase em estrutura métrica dupla e a figura ritmica basica pontuada, € 0 sentido de disjuncao entre divisées bindrias e ternarias do tempo que acabou caracterizando muitas daneas populares da América Latina e do Caribe. No México, a danza foi cultivada por compositores como Ernesto Elorduy (1853-1912), Felipe Villanueva (1862-1893), na tradigo de masica de saldo, e mals tarde por Miguel Lerdo de ‘Tejada (1869-1941). Este ultimo foi o primeiro responsavel, no século XX, em transformar a danza em um género vocal. Muftas pecas populares escritas originalmente como simples cangées eram executadas como danzas ou habaneras, tais como La Paloma e a famosa La Cucaracha, popularizadas durante a revolugao mexicana, Apesar da variedade de géneros de mtisica de danga desde o principio do século XX, a cancién. mexicana (e especialmente a cancion romeintica mexicana) acabou por resumir toda a miisica mext cana popular. A histéria moderna da cancién romantica comeca com a publicacao em 1901 de Perjura de Lerdo de Tejada. Essa histiria se caracteriza por melodias pegadigas que ficaram na meméria coletiva do povo mexicano. Ademais do seu parentesco dbvio com a dpera italiana, a ceancién também fot influenciada por outros géneros voeais, espectalmente 0 bolero cubano. O tipo especial de cancién conhecido como ranchera é mais distintivamente mexicano, no sentido de que se originou da tradigdo de cangao folclorica e reteve caracteristicas especificas de performance daquela tradig4o. Como género urbano, aparece nos anos 20, no principio para acompanhar filmes sono- ros, ¢ se popularizou nos anos 30. Canciones ¢ boleros foram escritos as centenas desde a década dos 20. De longe, o composi: tor mais popular de sua geracao fol Agustin Lara (1897-1970), cuja canedo Granada se tornou um. éxito internacional. Outros famosos compositores de canciones e outros géneros foram Tato Nacho (igacio Fernandez Esperén, 1894-1968), autor de mais de duzentas cangées, ¢ Guty Cardenas (1905-1932), imortalizado entre seus conterréneos por suas cangées Rayjto de sol, Nunca, e Caminante del Mayab, A década dos 30 também presenciou ao desenvolvimento posterior da musica popular urbana com o estabelecimento das primeiras companhias regulares de gravacao, a Victor Talking Machine Company que abriu sua primeira fabrica mexicana em 1935, e anos mais tarde a Columbia Records. Da mesma forma, a primeira estacdo de radio que deu atengdo & musica popular foi a Radio XEW na Cidade do México (La Voz de la América Latina), que comegou sua transmissao em R. bras, Mus. Rio de Janeiro, 20:1 1 1992.93, wr 1990 e manteve sua Iideranga até a metade da década dos 60, quand a televsto assuumiu aqucle papel ios anos 40, 0s compositores urbanas comegaram a dar atengio ao cord, abalada folelo rica do México, No processo de urbanizacao, 0 corido sofreu algumas mucancas, isto é, compaSso predominantemente duplo, forma literaria de copla {uma quatra de versos octosilabicos com estru- ree rima no segundo e quarto versos), execucdo em duo ou tro vocal com harmenizagoes vetmadas e conjunto de acompanhamento no estilo mariachi norte, O melhor exemple da pops Ieatlade fenomenal do corido moferno ¢ Juan Charrasqueado, escrito por Vieor Cordero. O cha. thodo “hijo del pueblo”, José Aliredo Jiménez (1926-1973), teve sucesso extraordinario com SUS corridos evocando acontecimentos histéricos ot celebrando a beleza natural das provinclas mexica- nas. Cuba exerceu, sem diivida, a maior esfera de influéncia no desenvolvimento de mumerosas formas musicals populares ltino-americanas por todo o continente, Desde a habanera,o st cuba: sor danga cuban, e o bolero até 0 mambo, a rumba, a conga. o chachachd, a mtsica eubana ven forma a géneros musicals crollas de outros paises do continente ou fo adotada intefamenie tm varias épecas como miisica de danca na moda. Entre as varlas formas populares ‘a habanera e ae afr os primeira caractrizar a misica caribenhiahispanica. Um exemploipieo de habanera fol peca de Eduardo Sanchez de Fuentes intitulada Ti, ¢ publicada em 1894. 0 son aie ficou ee eeetig durante a década de 1910, apresenta tum ritmo de acompanhiamento fortemente Sineopadl, resultando na verso folctrica em uma textura poliitmica tpleaments afro-cubana. Contrariamente & versio espanhola, 0 bolero cubano como danga apresenta Um compass duplo e ge mesmos moldes ritmicos da habanera antiga. Desde os anos 20, o bolero fot sobretudo um enero vocal de carter altamente romantico ¢ sentimental cujas letras falar dos mais variados spectos do temario amatério, Um dos compositores mals populares de boleros {foi Ernesto Lecuona {1896-1963 imortalizado por composicdes como Malagueria, Maria la 0, e Siboney, entre outros. A rumba tradiclonal tem ts subtipos reconhecides, o guaguancd, 0 colombia ® © yambt. Musicalmente e coreogralleamente,o primelro fol o precursor da rumba urbana de saléo que ape vou mas anos 20, Como danca, a rumba trata de gzlantefo e da dominagéo do homelh © envole cet nos movimento de eadelras e ombros, € uma investida pélvica(espécle de umbigadal conheci: da pelo nome de vacunao. A urbanizaco da dana manteve os movimentos de cadeiras ¢ ombros ao vacundo fl se tornando mals timide e finalmente desaparecew. Essa urbanlzacao $€ event mas va tamerosos canjuntos de danca que apareceram na décacla dos 30, sendo a primeira ch) arent bastante populardade a Orquestra do Casino da Habana de Don Azplazu. A banda mais comercializada nos Estados Unidos fol a de Xavier Cugat. ‘Anova cangéo cubana, conhectda como nueva trov, reflete os ideals, ahistrla ¢as Tatas da revolugdo castrista cubana. Esse movimento musical que incentivot a nisica de protesto em varios paises sul-americanos nos anos 60, no fol de protesto mas sobretudo, de expressao ¢ promocdo Ta Ldeologia revoluciondria. O movimento comegou € cresceu entre gente Jovem Ge queria exprimir, aren da cangao, a sua experiencia e seus sentimentos da revlugda, Os mals famosas represen tantes desse movimento continuam sendo Silvio Rodriguez e Pablo Milanés. tre as mumerosas dangas do Caribe, 0 merengue da Repiblica Dominicana tem tido mulia popularidade nao s6 no Caribe, mas na Amérta do Su, « especialmente nes PI centro-america: Porte verto Rico, Venezuela e Colombia, O méringue do Halt desenvelven seu proprio caraler créole ¢ tem pouca relagdo com o géncro dominicano. ‘A-misica popular da Venezuela tem caracteristicas comuns com 0 Cartbe assim) fue FS areas colombiana:andinas, No entanto, 0s gineros mais populares, ojoropa, alse e met A sio expressées nativas (crollas) tipcas. Como ginero musical ¢ Merarie, 0 JOOPD foi cultivado por Ccmpositores populares desde om do séoulo XIX continua sendo a danga ‘nacional mais caracte- ‘ietiea da masica popular venezuclana. Na década de 1910, esteve assaciado com pevas de teatro RR bras. Mus., Rio de Janeiro, 20:1-24, 1992-98. ligeiro, sendo 0 mais famoso joropo o da zarzuela “Alma Llanera” (1914), do compositor Pedro Elias Gutiérrez. 0s Paises Andinos Desde o principio do século XX, a miisica popular urbana andina de clara origem nacional tem consistido, freqtientemente, em versdes urbanizadas, portanto em transformacées, de cantos e dangas folel6ricos. Na Colombia, as formas mais populares foram 0 bambuco, 0 porro, a cumbia e o pasillo. A parte vocal do bambuco urbano é composta de um duo de vozes masculinas cantanclo em tergas paralclas, se bem na sua origem tenha sido um canto seresteiro para voz tinica. A danga que teve a mais duradoura popularidade foi a cumbia, originalmente uma danga folclorica afro-panamenha e colombiana (da costa atlantica). No seu processo de urbanizacao, a cumbia perdeu algumas de suas figuras coreograficas, como 0 movimento de cadeira tipico ¢ o de ziguezague do dancarino, mas as caracteristicas musicais séo semelhantes. 0 pasillo, outra danca-cangao bem disseminada que era conhecida durante o século passado como “el vals del pais,” ¢ uma danga de andamento moderado, semelhante @ valsa mas cujo ritmo nao acentua o tempo forte, como é o caso na valsa européia. Executado por voz solista ou em duo em tercas paralelas, 0 pasillo é acompanhiado ou por piano (no contexto de sali), o tiple (guitarra agua e o violao apoiados de pandeiros ¢ “colheres” (usadas como as castanholas espanholas), ou por um conjunto de cordas conhecido como estudiantina. A miisica popular do Equador inclui o sanjuanito, 0 pasillo eo cachullapi. Assim como 0 huayno peruano, 0 sanjuanito é um danga em compasso duplo, estritamente instrumental com melodias sincopadas, freqtientemente em modo menor, ¢ com um acompanhamento fortement -egularmente acentuado. O pasillo equatoriano goza de popularidade ticas da serra como na costa, especialmente na cidade de Guayaquil A miisica popular nas cidades peruanas reflete, em sua maforia, as tradigdes musicais locals. Assim, cidacies como Cuzco, Ayacucho e Arequipa mostram um estilo de musica popular semelhan te a tradigdo folclorica mestica da regido montanhosa. © huayno popular, parecido com a folelérico homénimo mas executado por bandas urbanas cuja instrumentacdo € alheia a tradi¢éo folelérica, manteve sua alta posigao entre as comunidades urbanas da serra. Cidades costeira como Trujillo, Chiclayo ou Piura no norte, e Pisco ¢ Ica no sul tém expressées musicais populares relacionadas com a tradicao criolla, como, por exemplo, a marinera popular ¢ 0 vals criollo. A popu- lacio de Lima, em geral, privilegia os generos musicais criollos, ¢ especialmente o vals criolloou vats peruano. Originando-se em Lima entre 1900 ¢ 1910, o vals tornou-se a maior expressio musical da Classe operaria na época dos 20 ¢ 30, Cultivado por compositores como Felipe Pinglo Alva, Laureano Martinez, Carlos Saco, Filomeno Ormetio, Chabuca Granda, e Alicia Maguina, as letras de vals refletem, em geral, a psicologia do povo peruano em periodos diversos, sua personalidade cultural seuis conflitos, suas atitudes e seus sistemas de valor, resultando de sua reaciio a determinadas condigdes socias, Compositores populares bolivianos também cultivaram 0 huayfio popular, a cueea, o yaravie 6 taquirari. As cuecas estilizadas para piano compostas por Simeén Roneal (1870-1953) man iuita popularidade entre pianistas bolivianos. Como em oulras areas andinas, o yaraui boliviano é um canto de amor melancilico. A danga cantada conhecida como taquirari tem sua origem nas provincias orfentals de Beni e Santa Cruz; 0 canto ¢ feito quase sempre em tergas ou sextas parale Jas, Nas cidades do planalto boliviano, o bailecito, semelhante & cueca, foi cultivada extensivamente. 0 carnavalito que se encontra em todo o pais é uma danga popular caracteristica em que predomina o ritmo de hemiola. Desde a década dos 60, festivais de miisica folclorica em contextos urbanos deram origem a0 desenvolvimento de um novo estilo de musica popular recriando ¢ estlizando certos aspectos da miisica indigena e mestia. Como fenémeno estritamente urbano, essa corrente do “revival” da misica foldérica e criolla esteve sobretudo a cargo de membros das classes média ¢ alta. Esses R, bras, Mus. Rio de Janeiro, 20:1-24, 1992.93, 6 niisicos se tornaram executantes altamente competentes em instrumentos musicais indigenas ¢ adotaram géneros autenticamente foleloricos e tradicfonais, se bem num estilo mals ou menos livre. m 1965, a Pefia Naira em La Paz foi inaugurada como centro cultural urbano, Fol ali que 0 grupo ‘Los Jairas” comegou suas atividades, sob a diregdo do famoso executante de charango (pequena guitarra indigena de dez cordas), Ernesto Cavour. Nos anos 70, o grupo de maior influéncia foi avia Andina", com quatro miisicos de alto profissionalismo, consistindo em um cantor-violonista, um percussionista, um virtuoso de charango, e um tocador de quena (llauta incaica), zampona (Mauta de Pan), e as vezes, tarka (flauta vertical) ou mohocefio (Hauta grande) ‘Alem de adaptacdes de formas internacionais de mtisica popular, a musica chilena urbana consiste em géneros como a cuecace versées urbanas de tonadas, tristes, carnaval e tiranas. A cueca chilena, danca e canto, apresenta figuras ritmicas alternadas em compassos de 6/8 ¢ 3/4. 0 canto é feito por uma ou duas vozes, acompanhado de violéo, charango, flauta (quena ou pincullo) e bombo. O movimento da "Nueva Caneién” que se propagou por toclo o continente latino-americano nos anos 60, se originou no Chile. Seguindo o exemplo da “Nueva Trova” cubana, esse movimento foi assoctado ao protesto social, movimentos trabalhistas de reforma ¢ o sentimento revolucionario da época. O movimento “Nueva Cancién” se centralizou num grupo de miisicos-poetas de talento, entre os quals os mais importantes foram Violeta Parra, seus flhos Angel ¢ Isabel Parra; Patricio Castillo, Patricio Manns e Victor Jara. Argentina, Uruguay, Brasil Entre os varios géneros musicais populares da Argentina ¢ do Uruguay desde o prineipto do século XX, nenhum resume tio profundamente a histéria socio-cultural desses paises como o tango. Por isso, o tango pode ser visto como a forma popular mais importante que se originou nesses dois paises. No Rio de la Plata, 0 tango se tornou o simbolo das esperangas, sucessos ¢ fracassos de milhées de imigrantes europeus que esperavam encontrar trabalho nas fazendas mas acabaram estabelecendo-se no arrabal ou guetos de Buenos Aires ¢ Montevideo, A milonga, uma danca da tradigdo folclorica afro-argentina e uraguaia, em compasso duplo e ritmo sincopado, provavelmente coniribulu ao desenvolvimento do tango. Coreograficamente, o tango ¢ parcialmente uma adapta (a0 do tango andaluz, do danzén e habanera cubanos, e, em menor grau, da polea e da schottisch européias. Se reconhece trés tipos basicos de tango: o tango milonga, instrumental, fortemente ritmico, para orquestras populares, 0 tango-romanza, instrumental ou vocal, com um carater mais melédico ¢ romantico, e o tango-cancién acompanhado, que é bastante litico e sentimental. B neste lltimo que aparecem os temas associados caracteristicamente com o tango como cultura popular. Carlos Gardel (1887-1935), o idolo popular que continuow a fascinar a maloria dos argentinos até a década dos 70, foi particularmente importante em por o tango na moda na Europa ¢ no continente americano, ¢ sta maior contribuigao foi a de transformé-lo em um género de cangao de significado social e cultural. ‘Talvez o tango de maior sucesso jamais composto foi La Cumparsita (1917), eserito por Gerarclo Matos Rodriguez, em Montevideo. Ouiras obras populares representativas foram Adiés Muchachos (1928) de Julio Cesar Sanders, Yira, yira (1930) de Enrique Santos Discépolo, El choclo de Angel Villoldo, Nostalgias de Juan Carlos Cobian, Adtiés, pampa mia de Francisco Camaro ¢ A media luz de Edgardo Donati. Se bem o tango tenha perdido algo de sta popularidade nos anos 50, fot revivido nos anos 60 e 70. Introduziram-se, entao, varias inovagdes, especialmente através do movimento “novo tango” cujo expoente maximo foi Astor Piazzolla (1921-1992) que escreveu suites de tango transformadas em ballets. O “novo tango", apesar de controversial, conseguiu penetrar os night lubes de elite portenhos nos anos 60. A miisica popular brasileira comecou a adquirir uma originalidade estilistica durante 08 {ltimos trinta anos do século XIX. A modinha e o lundu, cultivados nos sal6es imperiais desde a época da Independéncia, comegaram a se popularizar entre miisicos urbanos durante a década de 1870. Adaptagées locais de dancas europeias urbanas, particularmente a polea, deram origem a R. bras, Mus, Rio de Janeiro, 20:1-24, 1992.93, novos géneros como o tango brasileiro, 0 maxixe e o choro, cujos compositores de maior éxito foram. Joaquim Antonio da Silva Callado, Francisca Gonzaga e Ernesto Nazareth. 0 choro dos anos 20 a 40 se organizou a partir da improvisacdo virtuosistica de variagdes instrumentals, consistindo-se, portanto, em um contraponto de imaginagdo notavel, como se verifica nas pecas da banda “Velha Guarda’ de Pixinguinha. 0 carnaval, organizado no Rio de Janeiro de forma regular a partir do fim dos anos 1890, fot a festa popular que mais estimulou o desenvolvimento da miisica popular urbana. No principio se uusava simples marchas, poleas e valsas, mas o género camavalesco mais tipico, o samba urbano, apareceu regularmente na segunda década do século XX. O primeiro samba de sucesso carnavales- co (¢ 0 primeiro gravado comercialmente} foi Pelo telefone (1917), de Donga (Ernesto des Santos). partir daquela data, 0 samba tomow-se o género nacional por exceléncia. Varias espécies aparece: ram dos anos 20 a 40, como, por exemplo, o partido alto e o samba de morro, este ultimo cultivado por gente das favelas e pelas escolas de samba do Rio. O conjunto de acompanhamento dava relevo 1 instrumentos de percussio dos mais variados, estabelecendo 0 modelo classico do samba de carnaval. Por volta de 1928, dois acontecimentos afetaram o desenvolvimento do samba: a criagao das escolas de samba e o advento do género de samba-cangao. Ambes assinalavam a dicotomia que separava a miisica das classes econdmicas baixas ¢ a das classes média e alta. O samba-cancao se destinava ao consumo dessas iiltimas. Dos pontos de vista melédico ¢ textual, lembrava muito as velhas modinhas urbanas, mas harménica e ritmicamente era iniluenctado nos anos 40 e 50 pelo bolero cubano e pelo fox-blues. Junto com outras formas hibridas como o samba-choro ¢ o samba- fox, 0 samba-cangao tratava do amor e sua infelicidacle em térmos freqiientemente melodramaticos. Um dos idolos populares brasileiros, Francisco Alves (1898-1952), fol cantor de samba-cangdes. Entre os compositores mais importantes de sambas uurbanos da primeira metade do século estavam. Caninha (José Luiz de Morais, 1883-1961), Pixinguinha (Alfredo da Rocha Viana, 1898-1973), Ary Barroso (1907-1964), Noel Rosa (1910-1937), e Jodo de Barro (verdadeiro nome: Carlos Ferreira Braga, n. 1907) Ya década dos 50, 0 samba urbano no seu contexto de salio de danga recebeu forte influén cia da grande orquestra de jazz americano, com arranjos de banda estereotipados. A reagao contra esse tipo de arranjos levou ao desenvolvimento, na metade da década de 50, do fendmeno de samba jazz (influenciado pelo som cool de Miles Davis) , alguns anos depois, da corrente de bossa nova, Esta dett 4 miisiea popular brasileira uma vitalizacdo dindmica que revelou nos anos 60 ¢ 70 um nniimero apreciavel de miisicos profissionals altamente competentes, como Antonio Carlos Jobim, Jogo Gilberto, Chico Buarque ¢ Milton Nascimento Por volta da metade da década dos 60, um grupo de miisicos-poetas-executantes conhecido como “Tropicalia", a maioria da Bahia, apareceu na cena brasileira, com personalidades tao diferen tes como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, José Carlos Capinam, Torquato Neto, Tom Zé Nara Ledo, e o compositor-arranjador Rogério Duprat. Socio-politicamente o tropicalismo pretendia despertar a consciéncia da classe média para a tragédia brasileira da pobreza, exploracao e opres: sio, ¢ revelar a verdadeira natureza da realidade moderna brasileira. Musicalmente, 0 movimento da Tropicilia trouxe inovagées drasticas ao ampliar o horizonte musical do pals através da adesao ¢ adaptacio das correntes musicais mais relevantes dos anos 60, como, par exemplo, 0 fendmeno Beatles-miisica rock eas miisicas novas experimentais da era eletrénica. Pelo fato das gravagdes constituirem a fonte primaria de estudo da misica popular do século XX, a histéria da musica gravada representa um aspecto essencial do desenvolvimento da musica poptilar mas nao pode ser esbocada na atualidade com exatidao ¢ extensdo, com a excecdo das carreras de gravacao de alguns dos miisicos mais famosos, R. bras, Mus., Rio de Janeiro, 20:1-24, 1992-93 8 OBRAS DE REFERENCIA Amelhor obra geral de referéncta da mtisica latino-americana continua sendo A Guide to the ‘Music of Latin America (28 ed.) de Gilbert Chase, uma bibliografia fartamente anotada e organizacla Por pais, com secdes especiais para a miisica folclorica e popular, que trata de materiais publicados até 1960. Para materiais desde aquela data pode-se consultar a seco de miisica do Handbook of Latin American Studies. O exame dessas referéncias revela imediatamente a parca atengao dada & miisica popular urbana e a escassez resultante de estudos criticos. No entanto, a obra América latina en su miisica, organizada por Isabel Aretz, providencia excelente informagao sobre a posicao © 0 status da mtisica popular e dos musicos em perspectivas diacrénicas ¢ sincronicas. Especial- mente relevantes sdo os capitulos de Alejo Carpentier (“América Latina en la confluet nadas histéricas y su repercusién en la miisica’), Rafael José de Menezes Bastos ( miisica en la sociedad’), Luis Felipe Ramén y Rivera (‘El artista popular’), Argeliers Leon (“La mti- sica como mereancia’), ¢ Isabel Aretz ("La musica como tradlicion’). Apesar de ter limitado 0 seu campo, o estudo Music and Dance in Latin American Urban Contexts: A Selective Bibliography, de Martha Ellen Davis, prové um modélo ttil para o tipo de compilacdo bibliografica que é to impor- tante para o estudo da misica latino-americana em contextos urbanos. Também bastante informa- tivo é capitulo de Lutz Heitor Corréa de Azevedo, “The Present State and Potential Music Research {in Latin America’. A bibliografia bem completa sobre miisica colombiana, “Contribucién a la Dibliografia de la musica en Colombia” de Carmen Ortega Ricaurte, entumera todos os itens perti nentes 4 miisica popular publicados até 1972, incluindo partituras reproduzidas em revistas € livros, Varios dicionatios e enciclopédias de misica dio informacao sobre géneros de miisica popu lar, histéria e bibliografias de compositores e mtisicos populares. O diciondrio mais atualizado ¢ The New Grove Dictionary of Music and Musicians, que inclui verbetes sobre cada pais do continente Jatino-americano e numerosos artigos sobre compositores, formas de canto e danca populares, ¢ 0s instrumentos musicats populares. Para a musica argentina, a Enciclopedia de ta mitsica argentina de Rodolfo Arizaga da breves referéncias e definicdes dos principais instrumentos ¢ dancas folclori- cos e populares da tradicao criolla. No Brasil, a obra de referéncia mais geral é a Enciclopédia da miisica brasileira : erudita, folclérica, popular, organizada por Marcos Marcondes, que da maior cobertura a miisica popular do que qualquer outra tradigao. A bibliografia mais completa éa de Luiz Augusto Milanesi e Antonio Fernando Corréa Barone, intitulada Bibliografia da mitsica popular brasileira. Informagao bibliogréfica sobre misicos populares peruanos ¢ instituigdes se encontra nos artigos “Apuntes para un diccionario bogréfico musical peruano” de Rodolfo Barbacci e “Guia musical del Pera” de Carlos Raygada. Apesar de ser antiquado, o diciondrio em dots volumes Muisica y mitsicos de Latinoamérica de Otto Mayer-Serra inclu informagao valiosa sobre miisica popular ‘em todo o continente, e especialmente no México. O Diccionario de la musica cubana, biografico y téenico de Hello Orovio contém numerosos verbetes sobre misicos populares cubanos, Se bem a obra de Robert Stevenson, A Guide to Caribbean Music History dé maior énfase a bibliografia refe rente sobretudo aos aspectos da musica do Caribe antes de 1900, inclui anotagdes muito viteis relacionadas direta ou indiretamente com a miisica popular. A Bibliografia afro-venezolana de Ange- lina Pollak-Eltz inclui referencias musicais sobre a miisica affo-venecuelana. OBRAS HISTORICAS E CRITICAS As numerosas historias nacionais da musica publicadas desde 0 principio do século XX ‘ratam em varios grauss do assunto de mtisica popular. Cangdes e dancas do México sdomencionadas por Miguel Galindo em suas Nociones de historia de la miisica mejicana, e apesar da Historia de la imtisica en México de Gabriel Saldivar nao tratar do século XX, a terceira parte da obra menciona varios géneros de mtisica folclérica associados a cantos e dangas popuilares. Robert Stevenson oferece um bom tratamento histérico do desenvolvimento da misica colonial folelérca no seu Music in Aztec and Inca Territory. E se bem Otto Mayer-Serra trate sobretudo da histéria da mtisica erudi- R_ bras. Mus, Rio de Janeiro, 20:1-24, 1992.93, 9 tano seu livro Panorama de la miisica mexicana desde la independencia hasta la actualidad, prove bons comentarios sobre alguns aspectos da miisica popular mexicana do século pasado. Cantos populares da Guatemala ocupam uma pequena parte da obra Las bellas artes «1 Guatemala de Vietor Miguel Diaz. Considerando a relagao intima da miisica folclérica e popular na Guatemala, 0 volume Folkiore musical de Guatemala de L. Paret-Limardo de Vela da um bom panorama. O relat: rio histérico mais atualizado da musica de Costa Rica é a obra La miisica en Costa Rica de Bernal Flores que tem informagao basica sobre aspectos da miisica popular naquele pais. O desenvolvi ‘mento histérico da miisica popular cubana é bem tratado por Alejo Carpentier em La miisica en Cuba, um tanto atualizado por José Ardévol em Introduceién a Cuba: la miisica. Em sua “Vision musical de nuestra historia", na Enciclopedia de Cuba, Natalio Galin Sartol apenas toca no assunto da musica popular. As principais formas de mtisica fololorica e popular dominicana so tratadas por Julio Arzeno em Del folk-lore musical dominicano, e misica e missicos populares formam parte da monografia bilingue de Jacob Maurice Coopersmnith, Music and Musicians of the Dominican Republic/Mitsica y rmiisicos de la Replica Dominicana. O melhor panorama histérico das varias tradicdes da miisica de Porto Rico se encontra no volume La miisica, escrito por Héctor Campos Parsi para La Gran Enciclopedia de Puerto Rico, que trata de mitsica popular em duas partes: até o fim do século XIX e no século XX. O crescimento ca misica popular da Venezuela, sobretudo em Caracas, é assunto do estudo La ciudad y su missica: Cronica musical de Caracas de José Antonio Calcatio. As duas prin- cipais introducdes 4 musica colombiana sao a Historia de la miisica en Colombia, de José Ignacio Perciomo Escobar, e La cultura musical en Colombia de Andrés Pardo Tovar. A musica popular no Equador nao fol até agora assunto de estudo especial. Na sua Historia de la mtisica en el Ecuador, Segundo Luis Moreno trata de modo geral das expressées regionais foleloricas que tiveram forte {nfluéncia no desenvolvimento das formas populares urbanas. Apesar da mtisica folelorica peruana ter sido estudada em bastante detalhe, até hoje nao ha uma historfa geral da musica no Peru que dé uma introducio & miisica folclorica e popular nas principais cidades peruanas, A mesma situagio existe na Bolivia onde a maior concentracao sobre miisica indigena, mestica ¢ erudita praticamente climinou o estudo da miisica popular urbana. Se bem antiga e cheia de érros. a obra La musique des Incas et ses survivances de Raoul ¢ Marguerite d'Harcourt ainda prové um bom fundamento a respeito da miisica folclérica da Bolivia, do Peru e do Equador. A historiografia musical chilena tem sido prolixa. Temos, em primeiro lugar, Los origenes del arte musical en Chile, de Eugenio Pereira Salas, que oferece no capitulo 17 uma boa introdugao ao desenvolvimento histérico da danca € musica popular, particularmente no século XIX. Mais tarde, a misica popular chilena é tratada na Historia de la mtisica en Chile de Samuel Claro e Jorge Urrutia Blondel e, em térmos mais gerais, no livro Oyendo a Chile de Samuel Claro, O melhor tratamento em um tinico volume da miisica folel6 rica argentina € El fotklore musical argentino de Isabel Aretz, obra indispensavel para uma compre- ensio basica de muitos aspectos da musica urbana. A Historia dela miisica en la Argentina, em dois ‘volumes, de Vicente Gesualdo, proporciona o tratamento mais completo da musica popular urbana no fim do século passade e principio do século XX. La miisiea en el Uniguay, de Lauro Ayestaran, contém uma excelente dissertagao e documentagao penetrante das origens da musica popular na- quele pais. A historiografia brasileira tratou tradicionalmente de toda a extensio das expressdes musicais do pais. A primeira parte da Histéria da misica brasileira (2* ed.) de Renato Almeida trata da musica popular concebida bastante genericamente. Informacao biogratica sobre mtisicos popu ares urbanos aparece metodicamente no Panorama da miisioa popular brasileira, de Ary Vasconcelos. Estudos especializados sobre misica popular nas varias reptiblicas latino-americanas abun dam, apesar do nivel de critica séria ser bastante desigual., Para a miisica mexicana, a Historia de la miisica popular en México (1896-1973), de Juan S. Garrido, da muitas idéias interessantes por parte de uma personalidad importante na area, mas nao representa um verdadeiro tratamento histérico do assunto, O obra do sueco Claes af Geijerstam, Popular Music in Mexico, um dos poucos estudos ‘em inglés, esta bascada em conhecimento e experiéneia de primeira mao muito limitado e deve ser tusado com muita cautela. Olvrinho La misica popular de México (Origen e historia de la miisica que R. bras. Mus, Rio de Janeiro, 20:1-24, 1992-93 10 canta y toca el pueblo mexicano) do falecido Jas Reuter € um estuclo geral sobre o assunto e, talvez, ambicioso demais na extensdo do seu tratamento. As publicacées de Vicente T. Mendoza represen- tam o melhor esforco de tratar da musica folclorica e popular. Especialmente titi sdo o seu Panora- ma de la miisica tradicional de México, El corrido mexicano ¢ La caneién mexicana, para mencionar apenas algumas. Por outro lado, Bl folklore musical de las ciuclades de Rubén M. Campos represen: ta um modelo de documentagao histérica e musical da miisica popular urbana mexicana do fim do século XIX. Estuclos de expressdes regionais de cantos populares incltem 0 bem conhecido volume La cancion popular de Yucatén, de Geronimo Baqueiro Foster, Monografias y cantares huastecos, de Hilario Menéndez Pefia, La miisica en Zacatecas y los miisicos zacatecanos, de Jestis C. Romero, ¢ Tradiciones, folklore, miisica y muistcos de Campeche, de Eloisa Rutz Cavalho de Baqueiro, Existem numerosas biografias de compositores ¢ executantes. Especialmente dignos de atengao sao as obras, Balance de Agustin Lara, por Daniel Castafieda ¢ Miguel Lerdo de Tejada, por Mario ‘Talavera. O livro Miisicos mexicanos de Hugo de Grial é uma fonte util de informacao biografica. Los Hermanos Marquez se empenharam em dar 25 biografias de compositores populares, incluindo algumas das figuras mais famosas da época. Bastante reveladar como exemplo das preocupacées de “disk jockeys” mexicanos sobre suas atividades € o tipo de informagao que procuraram transmitir no fim dos anos 50 e principio dos 60 € a resenha de Roberto Ayala Musicosas: manual del comentarista de radio y television. Por meio de sua revista Audiomuisica, Otto Mayer-Serra fez um enorme favor a musica popular no Mexico, publicando artigos informativos, como o seu proprio “La industria mexicana del disco", e uma resenha anual de atividades ¢ lancamentos em “Panorama 1964 de la mlsica popu lar’, "Panorama de la muisica popular (1965-65), ¢ "Panorama de la mitsica popular (1986-67) Informacao estatistica e miscelnea sobre misicos populares e a midia se encontram em parte em Sociedad de Autores y Compositores dle México: XXV aivos de la SACM (Sociedad de Autores ¢ Com- positores de México), cuja historia é intimamente relacionada com 0 cenario musical popular desde a metade dos anos 50. A assimilagao gradaliva dos estilos da musica pop internacional na ‘musica mexicana nao foi estudada muito seriamente. A miisica de rock no México sofreu de uma falta quase total de reconhecimento por estudiosos de cultura popular. A chamada miisica tropical uma designagiio generica aplicada a miisica afro-caribenha, também teve uma atencdo despropor- ionada sua importancia. Por essa razio, o capitulo de David K. Suigberg “Jarocho, Tropical and ‘Pop’: Aspects of Musteal Life in Veracruz, 1971-72" representa um estudo bem-vindo das varias tradig6es musicais na cidade, as determinantes socio-historicas-econémicas de estilos, ¢ os perfls, sociais dos criadores e consumidores dessas musicas. O tratamento totalmente etnomusicalogico desse estudo ¢ raro demais nas publicagées que dizem respeito 4 musica popular mexicana. A "Nova io" no Mexico reteve a atengao de poucos. Anthar Lopez Tirado da uma vista panordmica, mas perceptiva em “La Nueva Cancién en México” Apesar de sua cnorme influéncia em todo o hemisfério, a musica popular cubana nao foi estudada com a seriedade que merece. Uma boa introducao geral em inglés é a Popular Cuban Music, de Emilio Grenet, que inclui 80 pegas por compositares bem conhecidos como Sanchez dle Fuentes, Sindo Garry e Ernesto Lecuona e um ensaio sobre a evolucéo da mtisica em Cuba, com do especial aos principals géneros, isto é, a contradanza, habanera, son, cancto tén, conga e a rumba. Os elementos da miisica folelérica afro-cubana foram tao penetrantes na musica popular wna que um conhecimento da literatura da mitsica afro-cubana é essencial. Os sete volumes da Je Fernando Ortiz sobre 0 assunto representam o fundamento mats importante apesar dos te volumes nao serem diretamente relevantes para a misica urbana. Esse volumes sio La africanta de la mtisica folklérica de Cuba, Los bailes y el teatro 0 egros en el folklore de Cuba, ¢ os volumes sobre Los instrumentos de la musica afrocuubara. Harold Courlander também eserever sobre “Musical Instruments of Cuba’. Argeliers Leén faz uma resenha histérica e estilistica d: tisica folelérica e popular cubana em Miisica folklérica cubana, enquanto sua mulher Maria Ter sa Linares oferece comentarios gerais sobre musica e misicos populares em La mtisica popular. O curto ensaio "El son, exclusividad de Cuba de Carlos Borbolla revela aspectos pertinentes da natu: reza musical da miisica popular de Cuba (sobretudo no que diz respeito a organizacao melédica e R. bras, Mus, Rio de Janeiro, 20:1-24, 1992.93 n ritmica). A tinica andlise verdadeiramente musical da rumba é a de Larry Crook em “A Musical Analysis of the Cuban Rumba”. A recopilagao dos artigos de jornais de Alejo Carpentier intitulada Bse maisico que Uevo dentro (em 3 volumes) contém alguns itens relevantes. As biografias individuais de figuras da misica popular em Cuba nao séo muito numerosas, Marino Gémez Santos escreveu sobre Xavier Cugat, enquanto que Dest Amaz em A Book oferece algum material autoblografico. Considerando a forte influéncia cubana no desenvolvimento da salsa nos anos 60, um panorama da literatura sobre salsa parece apropriado. O capitulo ofto do livro de John Storm Roberts, The Latin Tinge, The Impact of Latin American Music on the United States trata particularmente da origem e do desenvolvimento da salsa em Nova lorque. Se bem represente uma tentativa valida de juntar wm volume extraordinario de informagdo, esse livro esta cheio de érros reais e concettos falsos. Joseph. Blum descreve alguns “Problems of Salsa Research”, tals como a exploragéo musical ¢ os preconc tos raciais e étnicos, e Jorge Duany coloca o desenvolvimento musical popular em Puerto Rico no contexto de correntes socio-economicas em “Popular Music in Puerto Rico: Toward an Anthropology of Salsa”. Especialmente interessante pela ampla abordagem da salsa é o estudo de César Miguel Rondén, BI libro de la salsa: crénica de la misica del caribe urbano, que oferece a histéria mats completa deste estilo e movimento nao s6 em Nova lorque mas também no Caribe ¢ na Venezuela. 0 livro também proporciona ilustragées relevantes (fotos dos mtisicos, compositores. ¢ capas de dis: cos) ¢ uma boa discografia ‘A miisica de Porto Rico fol esbocada historicamente e analiticamente em La mtisica en Puerto Rico: panorama hiistérico cultural, por Maria Luisa Mufioz, e a missica folclorica daquele pais ¢ 0 assunto do estudo de Francisco Lopez Cruz intitulado La Miisica folklérica de Puerto Rico. No enta to, a historia da miisica popular urbana em Porto Rico ainda esta por ser escrita. Os géneros de canto e danga afro-porto-riquentios que tiveram o maior impacto na mtisica popular sao a bomba e a plena que, no entanto, nao foram estudados profundamente. Apesar do estudo de E. Figueroa Berrio “Los sones de la bomba en la tradicion popular de la costa sur de Puerto Rico” revelar um repertério musical significante, a questo da urbanizacdo da bomba nao é tratada, Nas suas versées urbanas, a plena néo foi assunto, que eu saiba, de estude especial. A descricao mais detalha encontra no volume La miisiea de Héctor Campos-Parsi, previamente mencionado. ‘A miisica folelorica e popular da Repitblica Dominicana é bem analisada no livro ja mencio- nado Del foliclore musical dominicano, de Julio Arzeno. O merengue recebe atencao especial com numerosos exemplos musicais. Este estudo é um tanto atualizado na monografia ce Coopersmith, também previamente mencionada, incluindo uma breve analise dos moldes ritmicos do merengue. A terceira parte de La miisica dominicana, Siglos XIX-XX, de Jorge Bernarda, trata da muisica popt: Jar em duas partes, a misica para danca e musica para canto. Além do merengue, dangas como a yuca, saranduga e carabiné sao ali descritas. Conjuntos populares e a histéria das bandas de danca seus repertarios so assuntos da obra de Luis Alberti Mieses, De maisica y orquestas bailables dominicanas, 1910-1959, incluindo um nimero de merengues para piano do proprio autor, Em suua Maisica y baile en Santo Domingo, Emilio Rodriguez Demorizi apresenta virias colunas de jornais, publicadas durante varios anos, entre as quais se encontram desctigées historicas de generos po: pulares, especialmente o merengue. 0 conhecido folclorista e etnomusicélogo venezuelano Luis Felipe Ramon y Rivera fol muito prolifico cm tratar de.todos os aspectos das tradicdes musicais orais do seu pais. Seu livro La miisica popular de Venezwela é um muito util estudo histérico ¢ analitico da misica popular, consi derada sémente em suas dimensoes nacionals, isto é, influéncias e imitagdes de modelos estrangel- ros sao deliberadamente omitidas. De modo que oferece uma discusséo pertinente de generos populares como 0 pasillo, vals, bambuco, merengue, cancién, cancién-bambuco, tonada, bolero e Jjoropo. O livro contém excelentes reproducdes de pecas dos séculos XIX e XX e uma listagem apro ;priada de jornais locais consultades para esse estudo. Uma publicagao anterior de Ramén y Rivera, El joropo: baile nacional de Venezuela, deve ser consuiltado para o estudo das verses urbanas do _foropo. R. bras. Mus, Rio de Janeiro, 20:1-24, 1992-93, As expresses musicals urbanas das repuiblicas centro-americanas foram ignoradas até ago: ra favor das misicas tradicionais e foleléricas. A miisica folclérica do Panama est bem documen- tada no volume Tradiciones y cantares de Panamé, de Narciso Garay, atualizado por Lila R. Chevil e Richard A. Cheville em Festival and Dances of Panama, que da alguma aten¢ao as manifestagées urbanas de géneros como a mejorana, a cumbia, o punto e 0 tamborito. As varias tradigées da mtisica colombiana foram estudadas com bastante regularidade, com ‘a excegdo da miisica popular urbana, Ja que os principais géneros nacionais da miisica urbana tém sua origem na tradigéo folclorica, as seguintes publicagdes representam o primeiro passo logico para o estudo da musica urbana, Guillermo Abadia escreveu bastante sobre miisica e dancas folcl6- ricas, Particularmente relevantes sao o artigo “Panorama de las miisicas folklérica ¢ popular” livro La musica folklértca colombiana. Manuel Zapata Olivella proporciona informacao precisa sobre os principais generos de miisica popular em “Los ritmos populares", "Comparsas y teatro callejero en los carnavales colombianos”, ¢ “Los pasos del folklore colombiano: la cumbia”, Um esbéco hist rico ¢ coreogrifico da cumbia se encontra em ‘La cumbia, sintesis musical de la nacién colombian: de Delia Zapata Olivella, Varios autores se dedicaram ao estudio do bambuco, como, por exemplo, Bemardo Arias Trujillo ("Elogio del bambuco"), Lorenzo Marroquin ("El bambuco’), Milina Mutioz CELIV retnado del bambuco’), Alfonso Maria Rojas ("El bambuco de Colombia’) e Daniel Zamudio (capitulo 3 do livro 1 folklore musical en Colombia). Lubin E. Mazuera apresenta um estudo bastan- te completo no volume Origenes histéricos del bambuco, teoria musical y cronologia de autores y compositores colombianos. Vale a pena consultar o Diccionario folklérico de Colombia, de Harry C Davidson, que documenta amplamente instrumentos musicais ¢ dancas € musica folcloricas ¢ po pulares. No seu Canciones y recuerdos Jorge Aiiez oferece numerosas biografias de miisicos popu- Jares ¢ as partituras e textos das cangées mais populares do repertorio. Verbetes de biografias de compositores ce misica erudita e popular de Antioquia se encontram em Compositores antioquefios, de Hertberto Zapata Cuéncar, As cronicas sobre cangoes populares de Alvaro Ruiz Hernandez, se bem eseritas em forma jornalistica, sao informativas. A miisica urbana do Equador fot até agora praticamente ignorad: antologias, como Album de misica nativa e Mastea ecuatoriana que contem um total de 22 pecas de muisica popular dos anos 30 da area do litoral. O pasillo das cldades da serra e da costa é 0 principal assunto de Florilegio del pasillo ecuatoriano de Alberto Morlaz Gutiérrez, basicamente uma antolo- gia de textos de pasillo com informacao biografica sobre 76 compositores populares. Se dispae de uma poucas Nao houve no Peru nenhuma tentativa de empreender um estudo global da musica popular. que chega mais perto é a parte La miisica tradicional y popular (e especialmente o capitulo “El mosalco urbano’) de Ratil Romero no livro La muisioa en el Pert. Alguns géneros especificos recebe- ram alguma atencdo. Josafat Roel Pineda estuda o wayno (huayno) muito detalhadamente em “El wayno del Cuzco”, com a transcrigdo de 151 waynos daquela regiao. O antropélogo Paul Doughty esclarece o lugar e a funcao do htuaynoem Lima entre os trabalhadores das provincias da serr dois artigos “Behind the Back of the City: ‘Provinefal’ Life in Lima, Peru” e “Peruvian Migrant Identity in the Urban Milieu". 0 vals peruano ou criollo é tratado em térmos hist6ricos por César Santa Cruz Gamarra em El waltz y el valse criollo.Por outro lado, o estudo de Sergio Zapata Agurto “Psicoanalisis del vals peruano: contribucién al estudio de la personalidad basica del hombre peruano’, segue a orientagao particularmente eficaz da interpretago sociologica e psico-analitica dos varios assuntos das letras. Um estudo fgualmente esclarecedor 6 o de Steve Stein, “El vals criolloy los valores de la clase trabajadora en la Lima de comienzos del siglo XX", enfatizando um tratamento socio-histérico do assunto. O recente fendmeno do género de miisica chicha , entre outros, é tratado por José Antonio Lloréns em Miisica popular em Lima: crilles y andinos. Estudos historicos e criticos da miisica popular na Bolivia e no Chile nao so muito numero sos. De todas as fases desta musica no século XX, a que recebeu maior atengdo foi, sem divida, 0 movimento da “nova cangao". Em La Nueva Caneién en América Latina, Eduard Carrasco di um panorama do caso chileno. Estudos mais especificos da mtisica chilena nos anos 60 € 70 so “El R. bras, Mus., Rio de Janeiro, 20:1-24, 1992-93 13 canto nuevo en Chile (1973-1980)" de Bernardo Subercaseaux e “La Nueva Cancién Chilena” de Stu Cohen. As principais publicagdes sobre a vida e obra de Violeta Parra ¢ Victor Jara sio Vietor Jara: His Life and Songs, organizado por ‘Ted Dicks, Victor Jara, por Galvarino Plaza, Violeta Parra pot Patricio Manns, e Yo canto la diferencia: canciones de Violeta Parra, pela propria Parra. Em relacdo ‘a misica urbana boliviana, Gilka Wara Céspedes em seu artigo “New Currents in ‘Mitsica folklorica in La Paz, Bolivia” aponta a relagao da musica em La Paz. desde os anos 50 com a musica indigena, dando atengao especial aos famosos grupos de Los Jairas ¢ Savia Andina. literatura sobre o tango argentino é muito extensa. Foi estudado dos pontos de vista core- grafico, literario, folclrico e musical. Estudos estritamente musicats, no entanto, so menos nu- merosos. Uma das referencias mais completas sobre o tango é Bl libro del tango, Historias e imagenes, de Horacto Ferrer, estruturado como um dicionario, com verbetes sobre todos os assuntos pertinen- tes (compositores, obras, orquestras, instrumentos, ¢ outros). Em La sociologia del tango, Julio Mafixd coloca o género no seu préprio contexto sécio-historico. A discussao mais detalhada sobre as origens do tango continua sendo Cosas de negros, de Vicente Rossi, e sobre sua evolucao histérica, Bl tango: su historia y su evolucién, de Horacio Ferrer. Ernesto Sabato proporciona uma imagem vivida da relevancia do tango para o povo argentino em El tango: discusion y clave e Julie M. Taylor, em “Tango: Theme of Class and Nation” examina os elementos inter-relacionados do tango como folclore, cancéo, e danga e os temas mais importantes em volta do tango ¢ suas manifestagées na vida difria. A literatura sobre Carlos Gardel abunda. As biografias ¢ interpretacdes mals significat- vvas so 0 Carlos Gardel, de Blas Matomoro, que inclui uma discografia ¢ catalogo de filmes; El tango xy su mundo, de Daniel Vidart que dedica neste estudo socio-antropologico uma parte importante a Gardel, ¢ “EI mundo de los tangos de Gardel” de Dario Cantén. Este ultimo analisa um grupo seletivo de letras de tango do repertério de Gardel como um meio de examinar o fundamento socio. cultural do primeiro periodo do tango-cangao, melhor representada pela carreira de Gardel, Em 1980 o Instituto de Musicologia “Carlos Vega de Buenos Aires comecou a publicar uma signifieativa Antologia del tango rioplatense (vol. 1, dos comecos até 1920), dividindo o assunto em “aspectos histérico-musicais” e “aspectos musicologicos”, incluindo a analise mais completa empreendida até agora das estruturas musicals ¢ coreogrificas do tango. Especialmente importante, também, para alguns aspectos da histéria da miisica popular argentina é El mundo de los autores, de Jestis Martinez Moirén, uma histéria detalhada da SADAIC (Sociedad Argentina de Autores y Composito- res de Musica) Como € bem sabido, a década dos 60 viu no Brasil uma explosio de renovado interesse na miisica popular urbana, como consequéncia de novas correntes, genericamente referidas como MMPB (Moderna musica popular brasileira). Talvez por causa das controvérsias em volta do apare. cimento dessas correntes, como a bossa nova e 0 tropicalismo, estudos da musica popular do passado e do presente se multiplicaram rapidamente. Até os anos 50, o principal panorama ca iisica folelérica e popular era o livro Musica popular brasileira, de Oneyda Alvarenga, publicado originalmente em espanhol, em 1947. Apesar do titulo, somente um capitulo trata da miisica popu- lar urbana, vista em uma perspectiva um tanto estreita. A segunda edi¢ao do livro (1982) néo representa uma verdadeira nova edigao ja que s6 acrescenta algumas notas e nao considera qual- quer outro estudo publicado desde a primeira edigao. O volume Miisica popular brasileira de José Eduardo Homem de Mello é a tinica tentativa de tracar uma historia geral da muisiea popular no Brasil, baseada em informagao de primeira mao para a parte contemporinea do seu panorama. Desde os anos 60, o socidlogo da miisica, José Ramos Tinhordo, escreveu extensivamenie sobre 0 assunto da MPB. Sua Pequena historia da Miisiea popular - Da modinha d cancéo de protesto enfoca © desenvolvimento histérico de alguns dos principais géneros, como a modinha, lundu, maxixe, tango, choro, ¢ varios tipos de samba. Interpretagoes significativas, apesar de seus fortes juizos de valor € opiniées exacerbadas, se encontram em seus demais estudos, particularmente Miisica popt lar - de indios, negros e mesticos, O samba agora vat ...- a farsa da musica popular no exterior, ‘Miisica popular teatro e cinema, e Miisica popular - os sons que wém da rua. Tinhordo descobre € ‘raz A luz uma excelente documentagao que proporciona uma base sélida para a sua interpretacao R. bras. Mus, Rio de Janeiro, 20:1-24, 1992-03 4 sociolégiea, mas infelizmente Ihe falta compreensao estiistica e os aspectos musicais intrinsecos dos repertérios que estuda so, na matoria. ignoraclos, No entanto, ae brilha ao tracar, pela primei- ra ver no Brasil, a histéria dos meios tecnolgicos modernos de reprodugdo sonora, examinando 0 processo da influéncia na miisica popular da indiistria de producio de gravaedo, da ridio, e da {elevisdo no seu livro Miistca popular - do gramofone ao radio e TV. Nesse estudo, sua tese, um tanto arghivel, 6 que & medida que os meios tecnoldgicos se tornam mals sofisticados as expresses culturais das grandes massas urbanas esto menos representadas em programas de radio e de televisdo. Ary Vasconcelos di uma relato esbogado e bastante trivial da historia da musica popular e biografias curtas em Raizes da musica popular brasileira (1500-1889). Entre as varias publicagdes Jangadas pela Funarte (Fundagao Nacional de Arte) nos anos 70, Figuras e coisas da miisica popular brasileira é uma série de artigos de jornais e revistas muito informativos relatando eventos e perso: nalidades de 1940 a 1978. Biografias importantes também fazem parte daquela coleco, entre as quais Recordagdes de Ary Barroso, de Mario de Moraes, Pixinguinha, vida e obra, de Sérgio Cabral, ¢ Pilho de Ogum Bexinguento, também sobre Pixinguinha, de Marilia T. Barboza da Silva e Arthur L de Oliveira Filho. A carreira de Carmen Miranda ¢ ampliamente descrita por Abel Cardoso Junior em Carmen Miranda, a cantora do Brasil. Os melhores relatos da época de ouro do samba classico urbano de devem a Almirante em seu No tempo de Noel Rosa e a Liicio Rangel em seu Sambistas e chores, Nas décadas dos 30 e 40, Francisco Guimaries (falecido em 1947), de apelido Vagalume fot um dos melhores jornalistas que seguiu de perto o cenario da mtisica popular (especialmente o carnaval) da época, Seu livro Na roda do samba (1933), re-editado em 1978, oferece uma penetragao de primeira mo pouco comum e informagio de importincia fundamental para compreender o ambiente popular em que o samba urbano se desenvolveu. Da mesma forma, o livro O Charo de Alexandre Goncalves Pinto, publicado originalmente em 1936, ¢ uma crénica bem informada dos chorées do Rio de Janeiro. Surpreendentemente, o camaval ¢ as escolas de samba sio assuntos de potcos estudos sérios. Em sua Histéria das escolas de samba As escolas de samba, Sérgio Cabral resenha a historia das principais escolas ¢ seus desfiles anuais e suas apresentagdes musicais até 0s anos 70. Relatos mals impressionistas s40 0s de Ari Aratjo ¢ Erika Herd, Expressées da cultura popular: as escolas de samba do Rio de Janeiro e o amigo da madrugacia,e de Anténlo Candeia Filho e Isnard Araijo, Escolas de samba - arvore que esquecett a ralz, As histérias mais fidedlgnas sobre musica carnavalesca, no entanto, so O carnaval carioca através da miisica, de Edigar de Alencar € Histéria do carnaval carioca, de Eneida de Morais. Um dos mais importantes lideres de escola de samba e compositores, Patilo da Portela (1901-1949), é assunto do excelente estudo de MariliaT. Barboza da Silva e Lygia Santos, Paulo da Portela: traco de unido entre duas culturas. Este estudo nao s6 proporciona informagéo pormenorizada da carreira do compositor e avaliacdo de sua contri buigdo mas, também, uma discografia detalhada ¢ uma lista de obras nao publicadas. Os movimentos de bossa nova, jovem guarda ¢ tropicalia dos anos 60 e 70 ocasionaram ‘numerosos estudos, no prineiplo em térmos bastante polémicos. O livrinho de Tinhorao, Musica popular - um tema em debate é uma resentha reacionaria da bossa nova. A eréniea de Gumercindo Saraiva, A cangéo popular brasileira, é um pouco mais objetiva no seu tratamento da bossa nova € jovem guarda, Balanco da bossa: antologia critica da moderna miisica popular brasileira, de Augusto impos ¢ outros, inclui uma série de artigos apresentados cronologicamente desde o advento da bossa nova (1958). A maioria representa estudos profundos das varias fases da bossa nova, incl indo pertinentes comentarios estlisticos comparativos com o samba “clissico", Essa antologia tam bem trata dos musicos da Tropicalia, com a reproducao de entrevistas com personalidades como Caetano Veloso ¢ Gilberto Gil, devido ao seu valor histérico. Os meus artigos “Bossa and Bossas: Recent Changes in Brazilian Urban Popular Music” e “Brazilian Musical Values of the 1960s and 1970s: Popular Urban Music from Bossa Nova to ‘Topicalia” oferecem uma resenha interpretativa das correntes ¢ uma analise musical e textual de pegas representativas com traducao em inglés de varias letras de cangées. Varias interpretacdes das ideologias dessas correntes inovadoras de mist a popular se encontram no trabalho de Walnice Galvéo, “MPB: uma analise ideolégica’, de Roberto Schwarz "Remarques sur la culture et la politique au Brésil, 1964-1968", e de Celso F, Favaretto, R. bras. Mus, Rio de Janeiro, 20:1-24, 1992-93, 15 Tropicéla: alegorta, alegria. Este tiltimo é uma analise cultural interessante do fim da década de 60, ‘com atencdo especial a técnica de construcao textual nas cangées da Tropicalia. Informacdo de primeira mao dada pelas principais figuras do movimento se encontra em Alegria, alegria, de Cae tano Veloso e Gilberto Gil: Expresso 2222, uma antologia de entrevistas e pequenos artigos, organ zada por Antonio Risério, relacio intima da poesia moderna brasileira com a musica popular desde a bossa nova é o assunto do excelente trabalho de Affonso Romano de Sant'Anna, Miistca popular e moderna poesia brasileira. Finalmente, 0 estudo de Charles Perrone, Masters of Contemporary Brazilian Song. MPB 1965-1985, também trata da cangao popular (Chico Buarque, Veloso, Gil, Milton, Jodo Bosco e Aldir Blanc) do ponto de vista literdrio-poético, com andlises historico-culturais de alta qualidade. ‘Uma mengao especial deve ser feita ao movimento da cangao de protesto na América Latina, ‘Alem das publicagdes j4 mencionadas, a antologia ;Basta! Canciones de testimonio y rebeldia de ‘América latina, recopilada por Meri Franco-Lao, apresenta uma colecio bastante completa de can- ‘goes de quase todos os paises latino-americanos que tratam de questes séclo-historicas ou sim: plesmente de protesto social. Rina Benmayor da uma boa introdugao histérica sobre a influéncia da cangao de protest cubana em “La ‘Nueva Trova’: New Cuban Song". Os trabalhos “Encuentro de la cancion protesta, Cuba 1967", de Nicolas Cossio, ¢ “La cancién protesta, tradicién cubana de mas de un siglo’, de Félix Soloni, incluem letras completas de canoes de protesto. CENTROS E COLECOES DE PESQUISA ‘Todas as bibliotecas nacionais das nacées latino-americanas possuem um rico matetial s bre miisica popular urbana em forma de partituras em folha solta, jornats, revistas e livros. Infeliz, mente, nfo existe catalogacao sistematica do material especifico de mitsica popular. As seguintes colegées de biblioteca e de pesquisa devem ser consultadas para conseguir acesso aos materials de fonte primdria e secundaria, No México, além da Biblioteca Nacional, o Centro Nacional de Investigacion, Documentacion ¢ Informacién Musical (Liverpool 16, México 6 DF) mantém uma boa colecao sobre musica mexica- nna em geral ¢ pode prestar assisténcia para pesquisa sobre miisica popular. O mesmo acontece tha Guatemala, no Centro de Estudios Folkloricos da Universidad de San Carlos de Guatemala (Av. de la Reforma, 0-09, Zona 10, Guatemala). Em Cuba, a secdo de miisica da Biblioteca Nacional José ‘Marti e o Centro para la Investigacion y Desarrollo de la Masiea Cubana (Diretor Dr. Olavo Alén, G n* 505 ent. 23 y 21, Vedlado, La Habatia 4 Cuba) representam os melhores centros de informacéo. Em Porto Rico, o Instituto de Cultura Puertorriquefta, fundado em 1955, possui um arquivo must cal de mtisica impressa e manuscrita e langou uma série de discos de miisica popular porto-riquenha. ‘As bibliotecas de musica da Universidad de Puerto Rico, Rio Piedras, ¢ da Inter-American University of Puerto Rico, San German, também contém materiais de muisica popular, Em 1983, a Universidad de Puerto Rico em Cayey fundou o Centro Tberoamericano de Documentacion Musical (cujo primei ro Boletin Informativo foi publicado no fim de 1983) com a intengao de tornar-se um centro moder- no de documentacao e informacao sobre todos os aspectos da musica hispanica (CIBDOM, Colegio Universitario de Cayey, Cayey PR 00633) A capital venezuelana tem trés centros de documentaco musical: a Division de Fonologia da Biblioteca Nacional (Instituto Auténomo Biblioteca Nacional y de Servicios de Biblioteeas, Carmelitas, Apartado 6525, Caracas 1010); o antigo Instituto Interamericano de Etnomusicologia y Folklore) Charallavito, Calle Miranda, Qta. San José, Apartaclo 81015, Caracas): ¢ o Instituto Latinoamericano de Investigaciones y Estudios Musicales “Vicente Emilio Sojo" (Calle Los Mangos, Quinta No. 9, Apartado 70537, Caracas 1071). Na Colombia, além da Biblioteca Nacional e a biblioteca do Conservatorio Nacional, o Instituto Colombiana de Cultura criou, no fim dos anos 70, um Centro de Documentacion Musical (Calle 11, n° 5-51, Bogota) cujo arquivo inclu fontes impressas e manus. xitas, jornais, e gravagées de miisica colombiana (ver a noticia de Joseph L. Arbena, “Centro de Documientacion Musical of Bogota’) Para a mtisica popular equatortana, a Colecao Latino-america- R. bras, Mus., Rio de Janeiro, 20:1-24, 1992-93, 16 na Benson da Universidade do Texas em Austin possut os documentos do Professor Johannes Riedel relacionados muisica dos anos 40. O nticleo dessa colegio consiste em dez. volumes de transcrigdes manuscritas de varios géneros de miisica popular escrita por numerosos compositores da época. Também inclul miisica impressa, livros, revistas e programas de concerto, Em Lima, a Biblioteca Nacional tem um Centro de Documentacién (Instituto Nacional de Cultura, Ancash 390, Lima) que inclu! intimeros materiais musicais. Mais especializada é a Escuela Nacional de Mitsica do Instituto Nacional de Cultura (Av. Emaneipacién, 180, Lima). que tem bons materiais sobre todos os aspectos da miisica peruana. O Instituto Riva Agiero da Universidad Catélica del Perit criou um centro de documentagao sobre a musica tradicional andina, sob a diregsio do etnomusicélogo Ratil Romero, que possui muita informacéo a respeito da miisica popular urbana. O Centro de Documentacion da miisica chilena faz parte da Facultad de Artes da Universidad de Chile (Casilla 2100, Santiago), que inclut varios arquivos de manuscritos, partituras impressas e gravagdes de miisica chilena. Na Argentina, o Instituto Nacional de Musicologia “Carlos Vega’ (Piedras 1260 A, 1140 Buenos Aires) ¢ 0 Instituto de Investigaciones Musicologicas “Carlos Vega” da Universidad Catolica Argenti- na (Humberto 1° , 656, 1103 Buenos Aires) so centros de malor recurso sobre qualquer aspecto da ‘musica argentina, Em Montevideo, a melhor colecdo para pesquisa sobre mtisica popular é, sem diivida, 0 arquivo do SODRE (Servicio Oficial de Difuston Radio Elétrica), fundado em 1931. Que eu saiba, no entanto, esse arquivo nao foi catalogado. As instituigdes musicais brasileiras so numerosas, mas poucas tém se dedlicado ao desen- volvimento de colecao de misica popular urbana. Além da secao de musica da Biblioteca Nacional (Palacio da Cultura, 3° and., Rua Pedro Lessa, Rio de Janeiro) que contém a colecao de miisica mais completa do pais, o Centro de Documentagao da ex-FUNARTE acumulou bastante materiais sobre miisica popular. A propria FUNARTE langou durante varios anos discos importantes sobre Mont ‘mentos da mitsica popular brasileira [seis discos], Meio século de carnaval carioca (1915-1965) {quatro discos}, e Musica Popular Brasileira/Brazilian Popular Music [dez discos]. 0 antigo Museu da Imagem e do Som chegou a publicar alguns discos de interesse historico no fim dos 60, mas nao teve continuidadte. FUTURA PESQUISA. ‘Torna-se evidente que o levantamento de colegdes de material de pesquisa representa o mais urgente primero passo em qualquer projeto sério e a longo prazo de pesquisa sobre a miisica popular urbana latino-americana. Grande parte do trabalho ainda deve ser empreendido, mas con- siderando 0 volume extraordinario de material o mimero de questdes a serem examinadas, uma abordagem monografica pareceria mais sensata, quer seja em tratar de algum periodo histrico, de uum estilo ou tradigao urbana determinado, de um grupo de miisicos/compositores ou de géneros especificos. Panoramas da miisica popular latino-americana, considerados como categori nao podem ser muito satisfatérios no presente. Ainda assim, questdes de natureza inter-americana merecem atengao iminente, como, por exemplo, a mtisica popular pan-hispanica-americana desde 0s anos 60, ot as correntes salsae reggae em quase todo o hemisfério, E mals importante ainda, a pesquisa futura no campo da musica popular precisa refletir a ideal mas alcangavel integragao da anilise musicolégica com a investigacao etnolégica. Questdes de origem e influéncia nao deixam de ter a sua importancia, mas problemas significativos e essenciais pertencem as areas da dinamica cultural da miisica e da musica como simbolo enérgico de etnicidade e identidade de grupo. As teorias e métodos atuais da pesquisa de miisica popular podem ser testados nos casos especificos das socledades latino-americanas. A pesquisa futura devera, por necessidade, cotejar 0 assunto da comercializacdo, cujo mecanismo deve ser re-avaliado ¢ cuja influéncia no produto musical final ‘merece um exame objetivo, Em iiltima andlise, no entanto, a compreensio dos processos da criacao e do consumo da miisica popular latino-americana e os significados atribuidos a essa miisica por Jatino-americanos, s6 sera alcangada através de participacao direta e nao apenas através do traba: Iho de biblioteca. R_ bras. Mus, Rio de Janeiro, 20:1-24, 1992.93, BIBLIOGRAFIA Livros e artigos ABADiA, Guillermo, La miisioa folkirica colombiana (Bogoté: Universidad Nacional de Colombia, 1973). “Panorama de las misicas folklorica y popular’, Revista Espiral n® 116-117 (Set. Dez, 1970) ALBERTI MIESES, Luis, De miision y orquestas batlables dominicanas, 1910-1959 (Santo Domingo: Taller, 1975) ALENCAR, Baigar de, 0 carnaval carioea através da misica. 2 vols. 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