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TCC Júlia
TCC Júlia
Natal/RN
02 de Novembro de 2020
JÚLIA DA LUZ ANDRADE SILVA
Natal/RN
02 de Novembro de 2020
JÚLIA DA LUZ ANDRADE SILVA
BANCA EXAMINADORA
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RESUMO
A quinta geração de tecnologia móvel (5G) está prevista para suportar diversos
cenários: eMBB (Enhanced mobile broadband), URLLC (Ultra-reliable and low latency
communications) e mMTC (Massive machine type communications) e, portanto, deve ser
flexível o suficiente para atender aos requisitos de conectividade de serviços existentes e
futuros para ser implementado com eficiência em um único bloco contínuo de espectro. Diante
da sua complexidade, os desafios para evolução e efetiva implementação da tecnologia 5G no
Brasil são diversos, os quais envolvem questões regulatórias e políticas, estímulo à inovação
tecnológica nacional em telecomunicações e a necessidade de ampliação e adequação da
infraestrutura de rede existente. Sendo assim, o estudo discutirá os possíveis desafios e
resultados de performance através da simulação, em MATLAB, do cenário hipotético de
implementação do 5G no bairro de Petrópolis, localizado na cidade do Natal/RN. Para isso, foi
considerada uma rede formada por 4 macrocélulas operando em 700 MHz e uma segunda rede
formada, além das mesmas 4 macrocélulas, de 39 microcélulas operando em 3.5 GHz. Sendo
então, comparados os resultados obtidos de cobertura, SINR e capacidade de ambas as redes,
destacando os desafios de transição da atual para a próxima geração de tecnologia móvel diante
da infraestrutura de rede de acesso sem fio já existente e reforçando, assim, a necessidade da
implementação da densa rede 5G formada por macrocélulas e microcélulas, merecendo
destaque o bom desempenho, principalmente em capacidade, por atingir em torno de 100 a 200
Mbps em quase toda a região.
Palavras-chave: 5G. IMT-2020. Comunicações móveis. Comunicações sem fio. Small cells.
Microcélulas. Rede 5G.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
I. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 9
II. METODOLOGIA ......................................................................................................... 11
Caracterização da Região Estudada ..................................................................................... 12
Caracterização da Rede 5G .................................................................................................. 15
Simulação ............................................................................................................................. 21
III. RESULTADOS............................................................................................................. 21
IV. DISCUSSÕES............................................................................................................... 26
V. CONCLUSÃO .............................................................................................................. 29
VI. REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 30
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I. INTRODUÇÃO
● Banda larga móvel aprimorada (Enhanced mobile broadband - eMBB): este cenário de
uso atenderá à crescente demanda por maiores velocidades de dados e maiores volumes
de dados móveis, o qual cobre uma variedade de casos, incluindo cobertura de área ampla
e hotspots. Para o caso de área ampla, é desejável uma cobertura contínua e alta
mobilidade, com taxas de dados do usuário muito melhores em comparação com as
oferecidas atualmente, na ordem do Gbps. Para hotspots, é necessário um suporte de alta
densidade de usuários e elevada capacidade de tráfego, mas o requisito para a mobilidade
ocorre apenas na velocidade de pedestres.
● Comunicações ultra confiáveis e de baixa latência (Ultra-reliable and low latency
communications - URLLC): aqui, temos requisitos rigorosos de confiabilidade, latência
e disponibilidade. Alguns exemplos são aplicativos de internet tátil, sistemas de
transporte inteligentes, segurança de transporte, cirurgia médica remota, redes
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Figura 1.
II. METODOLOGIA
Petrópolis é um bairro nobre localizado na Zona Leste da cidade de Natal, ver Figura 3,
o qual concentra uma das maiores rendas médias da cidade. Por esse motivo, os primeiros
usuários do 5G na cidade podem estar nessa região. A Tabela 2 mostra mais informações sobre
o bairro.
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Caracterização da Rede 5G
Segundo Wisely et al. (2018), redes de 3.5 GHz com cobertura sobreposta de 700 MHz
podem oferecer cobertura de 100 Mbps que suportam serviços de latência ultrabaixa. Em seu
estudo, no bairro de Londres chamado “Marylebone”, o qual tem uma densidade populacional
residente de 11.500 hab/km² e que alcança (aproximadamente) 20.000 hab/km² em um dia útil
(equivalente a 5.000 usuários por operadora), foi demonstrado que 64-100 Mbps podem ser
fornecidos em uma parte significativa de um ambiente urbano denso usando mmWave. A
tecnologia de 3.5 GHz, com largura de banda equivalente a 100 MHz, pode fornecer cobertura
outdoor a 100 Mbps, ver figura 7, e consegue fornecer uma cobertura de 66% a 64 Mbps (a
cobertura é 100% a 32 Mbps), ver figura 6. Foi observado também que 700 MHz pode fornecer
quase 100% de cobertura com taxas de dados mais baixas (normalmente 30 Mbps).
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Figura 6 - Cobertura outdoor a uma taxa de 64 Mbps. FONTE: (Wisely et al., 2018)
Figura 7 - Cobertura outdoor a uma taxa de 100 Mbps. FONTE: (Wisely et al., 2018)
O estudo de Wisely et al. (2018) comprovou também que macrocélulas de 700 MHz não
fornecem algo significativo como capacidade (devido à largura de banda muito limitada).
Densidades de 32/km², a capacidade é calculada em 0,83 Gbps/km². O estudo demonstra também
que microcélulas de 3.5 GHz podem fornecer uma capacidade total de 30 Gbps/km² de
capacidade com uma densidade de microcélulas de 256/km², ver Figura 8. Demonstrando assim,
a eficiência de uma rede mista.
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Foi necessário escolher uma das MNOs que operam na região para identificar as BSs
atuando na cobertura do bairro atualmente. Feito isso, foram localizadas 4 sites LTE atuais na
região, como mostra a Figura 10, e seus endereços são especificados na Tabela 3.
e para respeitar a distância definida entre as células. A Figura 11 indica as localizações das
microcélulas distribuídas no bairro e a Tabela 4 mostra as localizações em coordenadas.
Além disso, foi determinada uma largura de banda de 20 MHz para 700 MHz e largura
de banda de 100 MHz para 3.5 GHz. As antenas de ambos os tipos de células foram definidas
como setorizadas e diretivas, com arranjos MIMO de 8x8 e 4x4 para macrocélulas e
microcélulas, respectivamente. Os demais parâmetros de rede foram definidos como em (Busari,
2018) e são apresentados na Tabela 5.
Tabela 5 - Definição dos parâmetros da rede usados para a simulação.
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Simulação
A simulação foi realizada no software MATLAB®️. Esse software é uma ferramenta
interessante para auxiliar na modelagem de problemas de telecomunicações pois integra análise
numérica, cálculo com matrizes, processamento de sinais e construção de gráficos em um
ambiente simplificado onde problemas e soluções, ao oposto da programação tradicional, são
expressos somente como eles são representados matematicamente. Dentre a grande diversidade
de ferramentas disponível no software, para o presente estudo foi utilizado o Site Viewer. A
ferramenta permite criar transmissores e receptores, posicioná-los em qualquer lugar do mapa e,
assim, realizar diversas simulações envolvendo propagação, apresentando resultados visuais,
como em mapa de cores, ver Figura 12.
III. RESULTADOS
Figura 15 – Comparativo dos resultados obtidos de cobertura: a) Rede macro; b) Rede macro e
micro.
Nesse segundo momento, a simulação ocorre considerando a medição de SINR para uma
rede com macrocélulas e uma rede com macrocélulas e microcélulas, como mostra a Figura 16
e a Figura 17, respectivamente. As figuras mostram que, ao incluir as microcélulas na rede, houve
algumas pequenas melhoras de SINR principalmente nas áreas próximas as microcélulas, onde
antes apresentavam valores abaixo de 0 dB, ver Figura 18.
Figura 17 - Mapa de SINR no bairro de Petrópolis, considerando uma rede hipotética formada
por macrocélulas e microcélulas.
Figura 18 - Comparativo dos resultados obtidos de SINR: a) Rede macro; b) Rede macro e
micro.
Por fim, foram obtidos os resultados considerando os níveis de capacidade da rede
somente com macrocélulas e com macrocélulas e microcélulas, como podemos observar na
Figura 19 e Figura 20, respectivamente. Os níveis de capacidade da rede que variava de 11 a 322
Mbps e na maior parte da área predominava taxas de até 70 Mbps, com a implementação das
microcélulas, passa a atingir em torno de 100 a 200 Mbps predominantemente e chega a atingir
uma capacidade máxima de 945 Mbps, como demonstra a Figura 21.
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Figura 21 - Comparativo dos resultados obtidos de capacidade: a) Rede macro; b) Rede macro
e micro
IV. DISCUSSÕES
A escolha das duas bandas de frequência em estudo para expansão de capacidade das
redes 4G atuais para redes 5G, 700 e 3500 MHz, se justifica pelo aproveitamento das
características de propagação que a banda de 700 MHz, com seu grande potencial em expandir
a área de cobertura atual. E embora 3.5 GHz tenha características de propagação mais pobres, a
banda fornece maior largura de banda, permitindo capacidade adicional, especialmente se
combinada com implantações de microcélulas. Como já foi mostrado, Wisely et al. (2018)
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comprovou a eficiência de uma rede mista que faz uso das macrocélulas e microcélulas nessas
bandas para o 5G. Analisando os resultados da simulação realizada, é notável que a implantação
das microcélulas nessa faixa de frequência não apresenta grande performance no quesito
cobertura, reforçando assim a necessidade do desempenho coexistente das macrocélulas na
banda de 700 MHz. Shafi et al. (2017) mostra também que implementações de alta densidade de
microcélulas pode descarregar o tráfego de plano do usuário, mas ainda assim, é necessário a
atuação das macrocélulas na cobertura (na banda de microondas) para transportar o tráfego de
plano de controle.
Sabe-se, ainda, que o aumento da densidade celular também pode resultar no aumento de
interferências celulares que, por sua vez, afetarão quaisquer ganhos de capacidade. Isso pode
estar diretamente ligado a escolha do ISD das small cells, o qual não deve ser tão pequeno a
ponto de gerar alta interferência a rede e nem tão grande que ultrapasse o raio de alcance da
célula. No entanto, na simulação é visto que a variação dos níveis de SINR não parecem ser tão
significante com a inclusão das macrocélulas a um ISD equivalente a 200 metros. Isso se dá
também pelo fato dos arranjos de antenas 5G possuir largura de feixe muito mais estreita do que
as antenas setoriais existentes e, por isso, os níveis de interferência podem ser reduzidos. Além
disso, há técnicas de mitigação de interferência (Shafi et al., 2017), que estão em uso em sistemas
IMT-Advanced, as quais combatem interferência de outra célula e, portanto, contribuem para a
melhoria da eficiência do espectro, especialmente para as taxas de borda da célula.
Quanto a regulamentação, a Lei Geral das Antenas dispensa licenças para infraestruturas
de pequeno porte, como microcélulas, o que deve facilitar a construção das redes 5G. É
interessante destacar aqui também que a Lei das Antenas foi regulamentada recentemente após
Decreto nº 10.480, de 1º de Setembro de 2020, e essa mudança regulatória oficializa o princípio
do silêncio positivo, que dá autorização automática para instalação de infraestrutura de
telecomunicações em até 60 dias caso não haja manifestação por parte de órgãos ou entidades
municipais. Sendo assim, operadoras ficam liberadas para instalar novas antenas caso o pedido
de autorização siga em conformidade com a legislação e com as condições do requerimento
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apresentado. Esse é um ponto positivo para a nossa cidade em estudo, isso porque no ranking
Cidades Amigas da Internet do SindiTelebrasil - sindicato que representa as operadoras como
Claro, Oi, TIM e Vivo - onde aponta os municípios com melhores condições regulatórias para
que empresas de telefonia móvel ofereçam conectividade para a população, a cidade do Natal
aparece na 20ª colocação, considerando o ranking das capitais. Espera-se, então, acelerar o
processo do licenciamento para infraestrutura.
Assim como grande parte das áreas urbanas do Brasil, a cidade do Natal enfrenta um dos
principais problemas que causam poluição visual e problemas de queda de serviço: a quantidade
de cabos de telecomunicações nos postes elétricos, como mostra a Figura 22. Com a chegada do
5G, os postes também serão utilizados para suportar antenas e, portanto, a infraestrutura de postes
está diretamente relacionada à expansão das redes de telecomunicações, ver Figura 23. Sendo
assim, é essencial que ocorra a revisão das normas técnicas para facilitar a organização dos cabos
nos postes, no sentido de racionalizar o uso e o acesso a eles.
Figura 22 - Poste elétrico localizado na esquina da Av. Afonso Pena com a Rua Potengi, em
Petrópolis.
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V. CONCLUSÃO
Foi discutido também que, com o objetivo de agilizar e facilitar a instalação de infraestrutura
para telecomunicações, a Lei das Antenas foi regulamentada recentemente após Decreto nº
10.480, de 1º de Setembro de 2020, oficializando o princípio do silêncio positivo, que estabelece
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um prazo para que órgãos ou entidades municipais respondam aos pedidos de autorização para
instalação dos equipamentos, permitindo que a antena seja instalada mesmo sem o sinal verde
do município, decorrido o prazo. Contudo, não só na cidade do Natal, mas como no Brasil, a
concretização do 5G enfrenta dois principais desafios: a distribuição do espectro para que as
empresas possam operar e o acesso à infraestrutura, o que pode atrasar sua efetiva implementação
mas, enquanto isso, o país adiantará a sua execução por meio do DSS, compartilhando as faixas
de frequência com os sistemas atuais, o que atenderá a demanda a curto prazo. No entanto, para
altas demandas, essa técnica se torna ineficiente. Sendo, nesse contexto, necessária a implantação
de microcélulas.
Com a importância do estudo, sugere-se, como trabalhos futuros, aplicá-lo para os demais
bairros na cidade do Natal/RN. Além disso, pode ser possível expandir o trabalho dimensionando
a rede backhaul e, assim, possibilitando realizar previsões de custos de expansão da rede.
VI. REFERÊNCIAS
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