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Filosofia Da Educação
Filosofia Da Educação
1 A FILOSOFIA............................................................................................. 3
2 FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO ....................................................................... 8
3 AS CONCEPÇÕES DE HOMEM E A EDUCAÇÃO ....................................... 12
4 AXIOLOGIA – A VIDA MORAL, A EDUCAÇÃO E OS VALORES................... 19
5 AS TEORIAS FILOSÓFICAS DA EDUCAÇÃO, RACIONALISMO, EMPIRISMO,
ILUMINISMO, IDEALISMO E REALISMO .................................................... 26
6 O PENSAMENTO CONTEMPORÂNEO DE EDUCAÇÃO: MARXISMO,
PRAGMATISMO E EXISTENCIALISMO........................................................ 36
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1 A FILOSOFIA
Para refletir e buscar respostas para essas e outras questões, organizamos a disciplina
de Filosofia da Educação em temas que percorrem a história do pensamento e
contemplam assuntos relacionados ao ser e ao existir do homem. Desejamos propiciar
a reflexão e a discussão para contribuir na sua formação de profissional do ensino e
aprendizagem. Nossa intenção é despertar o gosto pela filosofia e a busca ao
aprofundamento dos temas em leituras de obras filosóficas.
1. Filosofia.
2. Filosofia da educação.
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1.1 A Filosofia e sua origem
Conforme lembra Cotrim (1993), os gregos cultuavam uma série de deuses (Zeus,
Hera, Ares, Atena, etc.) heróis e semideuses (Teseu, Hércules, Perseu, etc.). E
acrescenta que, relatando a vida dos deuses e dos heróis e seus envolvimentos com os
homens, os gregos criaram uma rica mitologia constituída por um conjunto de lendas e
crenças que, por princípios simbólicos, fornecem explicações para a realidade
universal. Sendo assim, podemos afirmar que, o mito foi e continua sendo um relato
importante para explicar os fatos da vida humana.
Sabemos que, muitas são as questões e, portanto, a filosofia permitirá refletir sobre o
sentido da existência humana e sobre os fins da educação. Desse modo, a disciplina
Filosofia da Educação tem como objetivo principal fomentar a dúvida e a reflexão nos
agentes de aprendizado e de mudanças favorecendo a formação crítica, capaz de
buscar a compreensão da realidade social, educacional e pessoal e ainda, discutir o
papel da filosofia na formação histórica do ocidente enfatizando aspectos relacionados
à educação. Também são objetivos da disciplina: compreender o significado e a
importância da filosofia para reflexão das práticas cotidianas e especificamente da
prática docente; entender os entrecruzamentos em filosofia e filosofia da educação;
estabelecer ligações entre os principais períodos da filosofia e a história da educação;
analisar educação a partir das relações sociais, políticas, econômicas e culturais
estabelecidas ao longo da história da humanidade; compreender a educação no
contexto histórico atual do Brasil; compreender o multiculturalismo, as questões de
identidade e diversidade na formação educacional.
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1.3 Filosofia é reflexão
A sociedade de resultados imediatos considera que ter é mais importante que ser. A
filosofia contribui para o exercício da liberdade do pensar por meio da reflexão crítica
no que se refere à nossa existência, cultura, sentido da vida e contribui para a
construção da nossa humanidade. Neste sentido, nos perguntamos então, qual a
utilidade da filosofia?
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Filosofar é refletir profundamente acerca da realidade na qual vivemos.
Provavelmente não há pessoa que não filosofe; ou, pelo menos, todo homem se torna
filósofo em alguma circunstância de sua vida. Quando filosofamos, ampliamos a nossa
compreensão do mundo.
Saiba Mais
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Conclusão
Reconhecemos que não é tão fácil apresentar a definição de filosofia, pois estamos
falando de um conhecimento que ultrapassa o período de dois mil e quinhentos anos
de história do pensamento. O objetivo deste capítulo foi demonstrar que em nossa
forma de pensar, acreditar, agir e expressar estão presentes crenças e valores que, na
maior parte do tempo e das vezes, não percebemos. Nas ações humanas estão
intenções e é tarefa da filosofia, através de reflexão e análise, perceber e entender
quais são essas intenções e quais são os objetivos das atitudes no mundo da educação.
Estudar e aprender filosofia significa não estar acomodado com os acontecimentos do
mundo, mas sim, angustiado e entusiasmado em entender o sentido do pensar e do
agir dos humanos.
Referências
CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2003.
COTRIM, Gilberto. Fundamentos da filosofia: ser, saber e fazer. 8. ed. reform. São
Paulo: Saraiva, 1993.
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2 FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO
Severino (1994) defende que a educação é vista pelos homens como uma prática social
e que se desenvolve como atividade de trabalho, utilizando ferramentas simbólicas.
Dizendo de outra forma, o homem é o que ele faz. Nota-se que o trabalho é
preocupação constante entre humanos. E faz sentido, pois dedicamos parte
significativa do nosso tempo e da nossa vida ao trabalho. Se o homem é o que faz
então é necessária a preparação, através do ensino, de uma profissão que satisfaça as
necessidades pessoais e dê um sentido à vida. A escola com o seu currículo, atividades
pedagógicas e os conteúdos programáticos compõe uma das mediações do homem
viabilizando o processo intencional da educação.
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consigo mesmo e, portanto, é um ser simbólico que encontra sentido nos valores e
interesses que lhe são próprios.
Aranha (2006) lembra que se a filosofia é uma reflexão radical, rigorosa e de conjunto,
o exercício se dá a partir dos problemas propostos pelo nosso existir e é inevitável que
entre esses problemas estejam os que se referem à educação. Notamos que o
processo ensinar e aprender se torna algo necessário e comum na sociedade. Segue-se
uma rotina pensada e determinada por pessoas escolhidas para pensar a educação. A
filosofia quer entender melhor e, portanto, quer examinar a concepção de
humanidade que orienta a ação pedagógica. Os objetivos educacionais passam pelo
entendimento de quais são os valores que orientam as ações dos educadores.
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2.3 O filósofo da educação
Nesse sentido, Perissé (2008) destaca que ao investigar a filosofia verificamos no seu
cerne uma constante relação com a educação, na medida em que ela educa o nosso
pensamento, educa-nos para os valores humanizantes, para a convivência, educa-nos
para saborear a vida e para morrer com dignidade. Quando tomamos conhecimento
que o pensamento é educado, ou dito de outra forma, há a educação do nosso pensar,
a responsabilidade no educador se manifesta intensamente e faz com que surja um
novo agir.
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2.5 A finalidade da educação
Conclusão
Referências
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da educação. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo:
Moderna, 2006.
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3 AS CONCEPÇÕES DE HOMEM E A EDUCAÇÃO
A essência e a existência humana são questões antigas, mas que permanecem muito
atuais. É por isso que continuamos buscando respostas que possam nos ajudar a
definir os rumos da nossa vida. Notamos que a concepção de homem diverge
bastante. Assim nos perguntamos: Por que há essas diferenças nas concepções? Quem
está certo? Qual resposta é verdadeira? Há uma resposta verdadeira?
No mundo antigo encontramos Platão que nos ensina que o homem é um ser de
possibilidades, possui potencialidades que poderão ser desenvolvidas, por isso, a
importância da educação ter clareza de seus objetivos, isto é, que homem quer formar
e para qual sociedade. Já no mundo contemporâneo, a presença de Sartre, nos lembra
que não podemos dizer o que é o homem, porque ele é livre no sentido em que não há
nada anterior à existência que lhe indique o caminho, não há sinais, pistas definidas.
Assim se dá porque, para Sartre, não há uma essência humana, apenas o que há é a
existência. Cada um será o que ele fizer de si mesmo.
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E o que é antropologia? O termo origina-se do grego anthopos
(homem) e logos (teoria, ciência), portanto significa todas as teorias a
respeito do ser humano. Dentre elas, destacam-se a antropologia
científica e a filosófica. A antropologia científica pode ser física ou
cultural. A primeira estuda a evolução humana como corpo físico e
animal, ao longo do tempo, desde os primatas, e a cultural trata das
diferentes culturas sob os mais diversos aspectos, como relações
familiares, estruturas de poder, costumes, tradições, linguagem etc.
A antropologia filosófica é a investigação sobre o conceito que o ser
humano faz de si próprio, de suas faculdades, habilidades e ações
que orientam sua vida, ao responder à questão: “O que é o ser
humano?” (ARANHA, 2006, p. 150).
Sendo assim e para facilitar nossos estudos, destacaremos três concepções de homem
que se puseram ao longo da história: a concepção essencialista ou metafísica; a
concepção naturalista ou cientificista e a concepção histórico-social.
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3.2 A Concepção Essencialista ou Metafísica
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Nesta visão, no entanto, percebemos que há limites. Ou seja, quando consideramos o
interior do indivíduo como centro e que há formas ideais de educação, estamos
determinando a priori o que é o homem e como ele deve ser educado. O importante é
a essência e não existência humana.
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modelos internacionais. No campo da educação são realizadas reformas para atender
às áreas tecnológicas. Assim, o ensino técnico, que formava mão de obra para o
mundo do trabalho, é intensificado e imprime novas mudanças na estrutura
organizacional da formação educacional no Brasil, ainda mais intencionais. No Brasil, a
formação educacional imprime o ser profissionalizante e a presença de técnicos para o
trabalho. Sendo assim, o ensino passa a prestar serviço ao estado e ao mundo do
trabalho para o desenvolvimento econômico.
E nesta concepção, quais são os limites? Notamos que há visão parcial do problema
educacional centrada numa visão mecanicista do homem que determina educação
como adestramento. Ou seja, o resultado no trabalho de ensino e a consequência do
método escolhido e adotado.
Hegel (1770-1831) é outro filósofo que contribui na nova visão de homem como um
ser histórico social em constante mudança. Ao desenvolver a filosofia do devir,
concebeu o ser como processo, como movimento, como vir-a-ser. Com isso, privilegiou
a história, mudando a direção da antropologia: o homem passou a ser pensado como
ser-no-tempo. E aproveitando de Hegel a concepção dialética da história, Marx
transformou o idealismo hegeliano em materialismo: o mundo material é anterior ao
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espírito, e este deriva daquele. De acordo com o materialismo histórico marxista, para
se estudar o homem e a sociedade, é preciso partir da análise do que os homens fazem
e da forma como produzem os bens materiais necessários à vida. Só então será
possível compreender como eles pensam e o que eles são.
Nota-se que para Marx não há natureza humana universal, como queriam as filosofias
essencialistas. Como seres práticos, os homens se definem pela produção e pelo
trabalho coletivo. Assim, as condições econômicas estabelecem os modelos sociais em
determinadas circunstâncias. Por isso, Marx se recusava a definir o homem de forma
abstrata, buscando compreendê-lo como homem real (concreto), sempre situado em
um contexto histórico-social.
Finalmente, percebemos que a relação do homem com a natureza, com o mundo, com
os outros homens e consigo mesmo, passa por questões filosóficas. No entanto, o
pensar e o agir também são educados nas diversas relações humanas. Sendo assim, a
educação e a filosofia encontram-se no mesmo processo de construção humana.
Somos o que pensamos e pensamos conforme fomos educados.
Saiba Mais
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Conclusão
Referências
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da educação. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo:
Moderna, 2006.
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4 AXIOLOGIA – A VIDA MORAL, A EDUCAÇÃO E OS VALORES
Definir o ser humano como um ser em construção significa conceber que é necessário
ter alguns parâmetros para guiá-lo. Sim, como veremos em alguns momentos do nosso
estudo, o homem é um ser livre e presente no mundo. No entanto, também
afirmamos que esse ser livre é um ser de relações.
4.1 A axiologia
Axiologia ou teoria dos valores. No cotidiano da vida nos perguntamos sobre o sentido
e o valor dos nossos atos e dos nossos pensamentos e assim construímos nosso ser e
existir no mundo.
Aranha (2006) lembra que o ser humano é capaz de transformar a natureza conforme
suas necessidades existenciais, por meio de uma ação intencional e planificada e que
ao estabelecer as suas prioridades, o homem escolhe os meios e os fins da ação a
partir de valores. E acrescenta que desde o nascimento nos encontramos envoltos por
valores herdados, porque o mundo cultural é um sistema de significados estabelecidos
por outros. Somos seres históricos e, portanto, herdeiros das produções dos que nos
antecederam.
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4.2 O que é moral?
A moral está relacionada ao dever e, portanto, está ligada às normas e às leis. Como
devo agir? A resposta nos parece óbvia, ou seja, segundo as normas e as leis das
instituições e do país em que vive. No entanto, a ética está relacionada aos valores e
princípios que resultam na vida boa e na felicidade. A ética responde à pergunta
“como quero viver?” Querer está mais relacionado à vontade do indivíduo e as
escolhas que o mesmo faz no cotidiano da vida.
Segundo Aranha (2006), desde o nosso nascimento nos encontramos envoltos por
valores herdados, porque o mundo cultural é um sistema de significados estabelecidos
por outros. E acrescenta que estamos sempre fazendo juízos de valor, quando as
pessoas e as coisas provocam em nós atração ou repulsa, quando julgamos que algo é
bom ou mau, belo ou feio, se é útil, e assim por diante.
Notamos que estamos sempre pensando e avaliando a partir dos critérios criados na
sociedade em que vivemos. Somos seres presentes numa cultura onde se vive uma
determinada moral e ética e por isso temos condições de fazer o juízo de valor.
Juízos de fato são aqueles que dizem que algo é ou existe, e que
dizem o que as coisas são, como são e por que são. Em nossa vida
cotidiana, mas também na metafísica e nas ciências, os juízos de fato
estão presentes. Diferentemente deles, os juízos de valor são
avaliações sobre coisas, pessoas, situações e são proferidos na moral,
nas artes, na política, na religião (CHAUÍ, 2003, p. 307).
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mediante sua prática que é intencional e marcada por uma referência a objetivos e
fins.
Na relação com a natureza, com os outros e com nosso ser subjetivo exercemos uma
ação transformadora consciente a que chamamos de trabalho, instrumento de
intervenção humana no mundo. Ainda em Severino (1994) vemos que é pela mediação
de sua consciência subjetiva que o homem pode intencionalizar sua prática, pois essa
consciência é sensível a valores. E acrescenta que, ao agir, o homem está sempre se
referenciando a valores, de tal modo que todos os aspectos de sua realidade, todos os
objetos de suas experiências, todas as situações que vive e todas as relações que
estabelece são atravessadas por um coeficiente de valoração.
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No entanto, é necessário justificar que essa padronização de vida permeada por
valores que se tornam universais se consolida nos fundamentos da moral e da ética.
A moral está em relação com o agir humano no que refere às normas, leis e valores. As
pessoas emitem juízos de valor referentes às mais diversas áreas do existir humano.
Temos então, valores econômicos, vitais, lógicos, éticos, estéticos, religiosos, políticos,
educacionais, e assim, sucessivamente.
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A ética é a parte da filosofia que se ocupa do estudo dos fundamentos da vida moral.
A ética se pergunta o que é o bem e o mal. A Moral define o que é o bem e o mal,
dependendo de onde se alicerce a análise, quer seja na ordem cósmica, como afirmava
Epicuro; na vontade de Deus, como defendia São Tomás de Aquino; ou em nenhuma
ordem exterior à própria consciência humana, de acordo com a perspectiva
existencialista. Assim, na luta humana para sobrepujar os limites impostos pela
natureza, o comportamento socialmente aceito varia de local para local, de época para
época.
Saiba Mais
Epicuro, filósofo do período helenístico que nasceu em 341 e viveu até o ano de 269
antes de Cristo, afirmava que a filosofia era o caminho da felicidade. O controle do
homem sobre a dor e o prazer resultava na vida feliz.
Conclusão
Filhos da Cidadania
Era uma vez uma família, como muitas outras; de um lado o Pai
chamado de Sociedade, do outro a Mãe chamada Cidadania. A
“Cidadania” e o “Sociedade” resolveram que não mais determinariam
normas de conduta para seus filhos e que a partir daquela data eles
teriam que conviver na família em harmonia, mas sem imposições,
pois a “Cidadania” e o “Sociedade queriam ver se seus filhos estavam
prontos para seguir a vida em Democracia.
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A Ética, filha mais velha, ironizou a moral e disse: – Deixa de ser
metida, tudo o que você faz é baseado nas minhas conquistas, sou eu
que garanto a felicidade, não existe harmonia sem pensar em mim,
muitas vezes as leis são colocadas de lado, e interpretadas segundo
minha visão, sem contar que sua conduta, Dona Moral, é sempre
muito discutida e muitas vezes não é aceita por todos; veja,
antigamente era imoral usar minissaias e a mulher trabalhar fora.
Graças a minha ética, somos todos iguais. Você mudou suas
ignorantes leis, já no meu caso, continuou a falar a Ética, - sou
sempre bem-vinda, tenho portas abertas em todos os lugares a
qualquer época.
A Ética baixou a cabeça, por alguns minutos, com tristeza nos olhos,
retomou o fôlego e disse:
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Tenho muito orgulho de vocês meus filhos, tenho certeza que no
futuro, o Bom Senso, a Ética e a Moral construirão famílias
sensacionais com muita harmonia, pois vocês são a cara da sua Mãe:
a Cidadania (MORETTO, 2007, p. 67-68).
Referências
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da educação. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo:
Moderna, 2006.
CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2003.
LA TAILLE, Yves de. Moral e ética: dimensões intelectuais e afetivas. Porto Alegre:
Artmed, 2006.
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5 AS TEORIAS FILOSÓFICAS DA EDUCAÇÃO, RACIONALISMO,
EMPIRISMO, ILUMINISMO, IDEALISMO E REALISMO
Aranha (2006) defende que quando falamos em conhecimento podemos designar não
só o ato de conhecer como uma relação que se estabelece entre a consciência e o
objeto conhecido, mas também o produto do conhecimento, o resultado desse ato -
saber adquirido e acumulado. Quando pensamos escola estamos tratando do
conhecimento produzido e transmitido de forma, muitas vezes, não refletidas de como
se constrói o conhecimento. Destaca ainda a teoria do conhecimento como a parte da
filosofia que investiga as relações entre o sujeito cognoscente (o sujeito que conhece)
e o objeto conhecido no ato de conhecer. Dá como exemplo a forma como
apreendemos o real, se essa apreensão deriva principalmente de nossas sensações, ou
se existem ideias anteriores a qualquer experiência, se é possível conhecer a realidade,
o que é verdadeiro e o que é falso.
5.1 O Racionalismo
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No mundo moderno, Descartes e Leibniz são defensores da teoria das ideias inatas,
cujos conceitos são originários da razão.
Descartes, filósofo francês que viveu no Século XVII, entre os anos de (1596 – 1650),
destacou-se por ter afirmado que o conhecimento é resultado da dúvida e se dá
através de um percurso metodológico usando a razão.
Contrim (1993) lembra que, para Descartes, é preciso, inicialmente, colocarmos todos
os nossos conhecimentos em dúvida, questionando tudo para, para analisarmos se
existe algo na realidade de que possamos ter plena certeza. O método cartesiano
considera todas as percepções sensoriais como incertas. O filósofo prosseguiu
colocando em dúvida a existência de tudo aquilo que constitui a realidade e o próprio
conteúdo dos pensamentos. E chegou a conclusão que a única verdade era que os seus
pensamentos existiam.
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Como podemos notar, Descartes apresentou o método com regras certas para que,
com o uso da razão, o conhecimento seja o resultado. Descartes é considerado um dos
principais filósofos racionalistas e defende que só podemos conhecer seguindo os
passos do racionalismo.
5.2 O Empirismo
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espírito; e como nós mesmos somos conscientes delas e as
observamos, delas recebemos em nosso intelecto ideias igualmente
distintas como as que provêm dos corpos que agem sobre nossos
sentidos. (REALE; ANTISERI, 2005, p. 112).
Immanuel Kant, filósofo alemão, nasceu em 1724 e viveu até 1804 contribuindo,
através do seu pensamento, para a origem de um novo método para o conhecimento
chamado método científico. Kant foi um dos principais filósofos de sua época e
principal representante do Iluminismo. Para Contrim (1993), o papel que Kant atribuiu
ao sujeito representou para a filosofia uma revolução comparável à de Copérnico na
astronomia. Ou seja, antes de Kant, afirmava-se que a função da nossa mente era
assimilar a realidade do mundo, onde se considerava importante a atividade mental do
sujeito ou, dito de outra forma, o racionalismo dogmático, enquanto outros filósofos
ressaltavam o papel determinante do objeto real exterior, ou seja, o empirismo. Kant,
através do racionalismo crítico, formulou a síntese entre sujeito e objeto, entre
racionalismo dogmático e empirismo, mostrando que, ao conhecermos a realidade do
mundo, participamos de sua construção mental, ou seja: das coisas conhecemos a
priori só o que nós mesmos colocamos nelas.
5.3 O Iluminismo
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Desenvolvido principalmente na França, considerada seu centro, mas
com desdobramentos também na Alemanha e na Inglaterra, o
Iluminismo teve como principal característica a defesa da força da
ciência e da racionalidade crítica, capazes de “iluminar” o futuro da
humanidade contra a fé, a superstição e os dogmas. Pelo exercício da
razão e pela produção de conhecimentos, o ser humano seria capaz
de emancipar-se das diversas dominações a que estava submetido –
sociais, políticas e econômicas. O movimento não se limitou à
filosofia, estendendo-se para a arte e, principalmente, para a política
(GALLO, 2014, p. 145).
5.4 O Idealismo
Importante dizer que para a filosofia, idealismo significa ter consciência da realidade.
São as ideias que produzem a realidade porque o ser é dado pela consciência sobre o
ser. Somos o que pensamos. E neste sentido vamos entender quais os principais
representantes desta forma de pensar e as origens de sua filosofia.
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No mundo moderno Hegel foi o filósofo que melhor representou o idealismo. Esse
filósofo alemão, Friedrich Hegel, nasceu no ano de 1770 e viveu até o ano de 1831.
Propôs um sistema filosófico considerando o mundo em constante movimento e num
contínuo processo histórico voltado para o alcance da autoconsciência humana e da
razão. Severino (1992) acrescenta que foi pensando no princípio da contradição que
Hegel concebeu sua filosofia que valoriza a história, a evolução e a transformação.
Para ele, o real no seu conjunto e todas as coisas em particular existem num processo
contínuo de mudança e, o mais importante, trata-se de uma evolução por contradição:
esse é o processo dialético. As coisas mudam constantemente e no seu interior
carregam o seu contrário. A vida caminha para a morte. O novo se transforma em
velho. O branco ganha cores escuras e assim todas as coisas se transformam. Hegel
denomina dialética ao processo que passa por um momento de afirmação, por um
momento de negação e por um momento de superação, cada um deles se
posicionando em relação ao seu anterior. É a tese, a antítese e a síntese.
Destacamos que para os idealistas o uso de materiais que ajudem nas habilidades de
leitura e escrita é importante, mas acreditam que estes materiais devam ser utilizados
no sentido de ensinar o aluno a pensar, desenvolvendo habilidades conceituais,
estimulando ideias a respeito do mundo e das coisas. O objetivo do uso da literatura
em geral além do entretenimento possibilita explorar materiais que tragam a ideia de
verdade, fraternidade, família e muitas outras. Tornando-os mais nobres e racionais,
pois as ideias podem modificar vidas.
Nesta visão de que tudo está em processo, o aprendiz é visto como imaturo. Sendo
assim, o professor deve ser alguém capaz de guiar o estudante pelos caminhos
corretos. Desta forma, deve ser alguém bem informado, detentor de grande
conhecimento e boas qualidades pessoais. Portanto, o professor tem grande
importância na educação, pois é um modelo para o aprendiz. Sócrates, para os
idealistas, é o modelo de professor: encorajava os alunos a fazerem perguntas, num
ambiente apropriado para a aprendizagem.
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Na concepção idealista destacamos os filósofos Platão na Antiguidade, Santo
Agostinho da Idade Média. Nesta visão notamos uma filosofia da educação
conservadora, elitista. Platão, por exemplo, defende uma elite intelectual formada por
filósofos-reis. Santo Agostinho acreditava na superioridade da vida monástica, pois
nela usufruíam-se as mais elevadas qualidades de vida e inteligência. Para esses
filósofos, a função do professor não seria transmitir conhecimento, mas conduzir o
aluno na busca do conhecimento que está em seu interior. No entanto, essa educação
não seria para todos, mas para alguns poucos escolhidos.
5.5 O Realismo
O realismo é uma das filosofias mais antigas do mundo ocidental e possui algumas
variações, ou seja, o realismo Aristotélico, o realismo moderno e o realismo
contemporâneo. A filosofia antiga, representada pela metafísica de Aristóteles, parte
da afirmação de que a realidade ou o ser existem em si mesmos independente da
mente humana e que, enquanto tais, podem ser conhecidos pela razão. No mundo
moderno a preocupação teve outra direção, seria possível conhecer a realidade? É
considerando esses conhecimentos que faremos nosso estudo sobre o realismo e o
realismo na educação.
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Os filósofos realistas afirmam que a educação deve propiciar ao aprendiz estudar o
mundo, experimentá-lo, pesquisar a matéria. Se todas as coisas possuem em si quatro
causas, conforme afirma Aristóteles, a causa material, formal, eficiente e a causa final,
essa deve ser a compreensão dos jovens estudantes. Assim, a investigação científica
pode conduzir aos mais profundos e fundamentais tipos de questões filosóficas e
auxilia o indivíduo a tornar-se consciente de si mesmo, sendo, portanto capaz de
pensar suas próprias ações.
Para os filósofos realistas a educação deve ter um caráter prático, defendendo uma
visão de que se aprende mais verdadeiramente no mundo material onde realmente se
vive. A única realidade é o mundo material e o estudo do mundo exterior é o único
meio confiável de encontrar a verdade.
Para Chauí (2003), realismo é a posição filosófica que afirma a existência objetiva ou
em si da realidade externa como uma realidade racional em si e por si mesma e,
portanto, que afirma a existência da razão objetiva. Sendo assim, as escolas devem
ensinar os fatos fundamentais sobre o universo, apresentando os materiais de estudos
de forma agradável e interessante. A observação e experimentação são instrumentos
imprescindíveis para o conhecimento. Não podemos nos restringir apenas ao fato, mas
ao modo de como se chegar ao mesmo.
O método defendido pelos realistas é o expositivo, assim que, qualquer outro método
que venha a ser utilizado deve buscar um conhecimento organizado e fidedigno. O
estudo prático também é defendido por essa corrente filosófica. Assim que, os
professores devem ter uma visão crítica do que fazem e servem de modelos para o
desenvolvimento de futuros estudantes.
Saiba Mais
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Conclusão
Para melhor compreender o ser humano e a sua prática, no contexto em que vive, é
necessário entender o que ele pensa e quais os objetivos dos que o ensinaram a
pensar dessa forma.
Referências
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da educação. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo:
Moderna, 2006.
______; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo:
Moderna, 2003.
CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2003.
COTRIM, Gilberto. Fundamentos da filosofia: ser, saber e fazer. 8. ed. reform. São
Paulo: Saraiva, 1993.
PORTO, Leonardo Sartori. Filosofia da educação. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2006.
(Coleção Passo-a-passo).
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6 O PENSAMENTO CONTEMPORÂNEO DE EDUCAÇÃO: MARXISMO,
PRAGMATISMO E EXISTENCIALISMO
As correntes filosóficas do mundo moderno, racionalismo, empirismo, idealismo e
realismo, contribuíram na origem de novas concepções educacionais. Nesta unidade,
nosso estudo se centraliza no pensamento contemporâneo de educação e
apresentaremos o marxismo, o pragmatismo e o existencialismo.
6.1 O Marxismo
Aranha (2003) lembra que, ao analisar o ser social, Marx desenvolve uma nova
antropologia, segundo a qual não existe natureza humana idêntica em todo tempo e
lugar. O ser humano é o protagonista da história e, portanto, constrói o mundo e
constrói a si mesmo. E acrescenta que, como o existir decorre do agir, o indivíduo se
autoproduz à medida que transforma a natureza pelo trabalho. Por ser o trabalho uma
ação coletiva, a condição humana depende da sua existência social. Por outro lado, o
trabalho é um projeto e como tal depende da consciência que antecipa a ação do
pensamento. Com isso se estabelece a dialética pensar-agir.
Notamos com clareza a diferença entre o método dialético de Hegel e do filósofo Karl
Marx. Ou seja, Hegel, como filósofo idealista, parte da tese, antítese e síntese no
sentido da ideia. Enquanto que a dialética de Marx é materialista, ou seja, parte da
realidade.
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Marx chama de práxis a ação humana transformadora da realidade.
Nesse sentido, o conceito de práxis não de identifica propriamente
com a prática, mas significa a união dialética da teoria e da prática.
Isto é, ao mesmo tempo em que a consciência é determinada pelo
modo como é produzida a existência, também a ação humana é
projetada, refletida e consciente. Por isso a filosofia marxista é
também conhecida como filosofia da práxis. (ARANHA, 2003, p. 265-
266).
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6.2 O Pragmatismo
O pragmatismo defende que a educação não deve ser tratada como uma preparação
para a vida, mas como uma parte relevante da vida realmente vivida pelas crianças.
Busca conciliar o respeito pelas potencialidades naturais do indivíduo e a necessidade
de prepará-lo para a vida social respeitando o normal desenvolvimento da natureza do
aluno.
Segundo John Dewey, a educação tem uma tarefa maior no desenvolvimento dos
indivíduos. Ele acreditava no poder da educação como instrumento de reconstrução da
sociedade. O estudante, de forma consciente se torna capaz de dirigir a vida social e
individual, pois este é o modo pelo qual se alcança a democracia. Afinal a educação para o
crescimento vem junto com a educação para a sociedade democrática. Dewey defendia a
democracia, no sentido que todas as pessoas tivessem uma vida mais justa em
oportunidades e participação. Por isso, defendia que a educação deveria ser um meio para
ajudar na renovação social. Para os pragmáticos, toda vez que ocorrem mudanças sociais,
o programa educacional deve ser reconstruído para enfrentar os novos desafios,
ajudando-nos a enfrentar mudanças ambientais e afetando também nosso caráter.
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Ghiraldelli (2014) destaca que, todo esforço filosófico pedagógico de Dewey se resume
em tentar mostrar que a qualidade de uma experiência depende da unidade entre
vontade e pensamento. Quanto mais os dois estiverem trabalhando juntos, mais
sucesso terá a ação. A fim de aprender a traçar metas razoáveis, o indivíduo deve
poder encontrar, desde o início da educação básica, um ambiente escolar propiciador
desse encontro entre sua vontade e o conteúdo do ensino.
O aluno ao reconhecer que o ensino faz parte de sua construção pessoal e social dará
sentido, através da experiência em sociedade e com autonomia, para a construção do
seu ser.
Lembramos que, para a pragmática, a pedagogia deve ser ativa e o método de ensino
deve ser experimental, flexível, aberto, dinâmico e orientado para desenvolver a
capacidade do indivíduo de pensar e participar de forma inteligente da vida social. Os
programas de ensino não podem separar as disciplinas de estudo de forma estanque,
isolando-as entre si e desvinculando-as de sua base social comum – a história da
humanidade. O método de ensino deve contemplar o trabalho intelectual ao manual, a
teoria à prática.
O espaço físico para o ensino deve ter prédios e equipamentos funcionais, fáceis de
serem adaptados. Por isso, afirmam que não há uma maneira única de educar crianças;
consequentemente devemos conhecer vários elementos que possam ser usados.
Outro aspecto importante é que os interesses e necessidades das crianças devem ser
atendidos, o que não quer dizer que devamos deixá-las fazerem o que quiserem, mas
aproveitar seus interesses e curiosidades em favor de um conteúdo relacionado a
qualquer disciplina acadêmica.
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O professor, profissional conhecedor profundo do conteúdo, deve ser um guia para os
estudantes, alguém instruído que os ajude a encontrar caminhos e não um dominador
que sufoque a criatividade ou os interesses/curiosidades.
Concluindo, toda a escola está consciente e envolvida, com objetivos claros e respeito
aos seus protagonistas da construção de conhecimento, a prática de ensino se torna
mais confiante e o resultado será o envolvimento dos alunos usando de suas
experiências para o exercício da democracia.
6.3 O Existencialismo
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Para o existencialismo a essência humana se constrói na existência concreta. O homem
nasce sem essência, e somente depois, a partir de sua existência, irá construir sua
essência como homem. A presença da filosofia na educação dos homens é
extremamente necessária, pois trabalha de forma reflexiva o sentido do ser e do
existir.
Para o Existencialismo o ser humano constrói o próprio ser por meio das escolhas que
ele faz constantemente. Sendo assim, torna-se responsável pelo que é. Dito de outra
forma, somos o resultado das escolhas que fizemos e, portanto, também somos
responsáveis por nós mesmos. Sendo assim, a filosofia se torna imprescindível para a
tomada de consciência de que somos os responsáveis pelo sentido de nossa existência.
Uma pergunta surge diante do que está sendo discutido: como ensinar para a tomada
de consciência? Contemplando a abordagem de ensino em perspectiva, o ser humano
é um ser de relações. Sendo assim, a tomada de consciência está nas relações que se
estabelece com o mundo, com os outros e consigo mesmo.
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Na relação com o outro descobrimos nosso ser existente. É na relação com o outro que
tomamos consciência da presença dos valores necessários para a vida. Eis, a
necessidade da presença filosófica, da tomada de consciência da realidade, para uma
vida alicerçada em valores e princípios que caminha de forma justa na busca de
sentido da existência humana.
O homem, na sua liberdade, se torna responsável pela construção do seu ser. Essa
ênfase na individualidade, no entendimento de nós mesmos, das nossas angústias,
medos e frustrações são notáveis nas influências do existencialismo na educação.
Assim que, os existencialistas defendem a diversidade na educação, não apenas no
currículo, mas também no modo como os conteúdos são ensinados. Alguns
estudantes, afirmam que, aprendem melhor por um método, e outros por um método
diferente. Muitas opções de aprendizado devem estar abertas a eles.
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6.5 O Pensamento Contemporâneo de Educação
A filosofia contribui para que o aluno compreenda o sentido das coisas e das relações
que estabelece com o mundo, com os outros e consigo mesmo. A busca pelo sentido
da existência humana sempre esteve presente na história do pensamento. No entanto,
se na Antiguidade as respostas eram encontradas na crença de um destino traçado
pelos deuses, a presença da filosofia traz novos ensinamentos e o ser humano passa a
ser responsável por conduzir sua existência.
Saiba Mais
Conclusão
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Referências
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da educação. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo:
Moderna, 2006.
______.; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo:
Moderna, 2003.
CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2003.
COTRIM, Gilberto. Fundamentos da filosofia: ser, saber e fazer. 8. ed. reform. São
Paulo: Saraiva, 1993.
GUIRALDELLI JR., Paulo; CASTRO, Susana de. A nova filosofia da educação. Barueri, SP:
Manole, 2014.
PORTO, Leonardo Sartori. Filosofia da educação. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2006.
(Coleção passo-a-passo).
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