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A CAMINHO DA ASSEMBLEIA DA AÇÃO EVANGELIZADORA

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1 — PONTOS PARA REFLEXÃO
INTRODUÇÃO
Estão aqui alguns elementos para reflexão em vista da nossa Assembleia. Propõe-se refletir
a pastoral em consonância com o sínodo: comunhão, participação e missão. Há também
a necessidade de trabalhar o senso de pertença e comunhão em nossa evangelização:
isso implica aprofundar a diocesaneidade e a sinodalidade.
Com os olhos fixos em Jesus e no seu mandato missionário, e os pés firmes no chão de nossos
contextos complexos e desafiadores, com São Paulo VI, na Evangelli Nuntiandi, nos
perguntamos: "Quais são os métodos que hão de ser seguidos para proclamar o Evangelho
de modo a que a sua potência possa ser eficaz?” (EN 4).

SINAIS DO NOSSO TEMPO


Em nossa sociedade há uma perigosa rede de dominação e manipulação que ameaça a vida
e não se ocupa com o sentido da eternidade. Novas tecnologias aproximam e distanciam,
conectam e isolam: a inteligência artificial; o desenvolvimento tecnológico, diversas
ferramentas que usam esse mecanismo, O GPT Chat, por exemplo. Há grande preocupação
com essas mudanças muito rápidas em nossa forma de habitar este mundo.
Igualmente preocupante é o aumento do drama crônico da pobreza e da desigualdade social.
Contexto social polarizado, a desinformação e as fake News, a crise ética e uma economia
excludente, a prática política "desencanta" a cidadania, a vida é ameaçada desde a
concepção, a violência se multiplica, agressões à Casa Comum, a destruição dos biomas, o
descaso com os povos originários e as populações tradicionais, o racismo, dentre outros vários
fenômenos do nosso tempo que apelam pela Boa Nova de Cristo. 1
Percebe-se mais cuidado com animais de estimação do que com a própria família. É crescente
o índice de crianças autistas verificáveis em nossas escolas. Nos estados unidos em 2004 com
diferentes graus de autismo, se constatava uma pessoa com essa deficiência em cada 150
pessoas. em 2023 é uma pessoa em cada 36. Não temos acesso a pesquisas publicadas sobre
esse dado no Brasil.
A redescoberta e a valorização da individualidade dá espaço também ao individualismo. O ser
humano se acha autossuficiente, pois nega qualquer hierarquia, rompe com o transcendente
e a tradição, descuida do senso de pertença à religião, à comunidade e à família. Muitos
procuram a religião de forma privatizada, querendo apenas resolver problemas imediatos ou
sustentar suas ideologias e formas de leitura e interpretação de sua condição no mundo.
Nesse contexto, se altera a nossa percepção da realidade, e isso incide diretamente sobre a
transmissão da fé às novas gerações. Vivemos, hoje, numa sociedade laica, também plural,
secularizada, que, de fato, não é antirreligiosa, mas que situa todas as suas convicções no
terreno da livre-adesão.
Esse novo contexto é carregado de incertezas e resistências. Ele gera tristeza e faz crescer a
violência e a pobreza. Viver superando tanto a depressão e a euforia, quanto a injustiça e a
miséria, exige a sabedoria de um projeto de vida pautado pelo Evangelho. O novo contexto
impele-nos a rever nossos métodos de anúncio da Boa-Nova, de iniciação na fé e de
fortalecimento do senso de pertença a uma comunidade eclesial.

CONVERSÃO PASTORAL
Precisamos identificar estruturas e atividades que não mais ajudam a anunciar e a viver
coerentemente o Evangelho (DAp 365-372; EG 25). É preciso ir ao essencial e se ocupar

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CNBB. OS GRANDES DESAFIOS DA SOCIEDADE BRASILEIRA uma análise de conjuntura, 14 de abril de 2023 .
menos com questões secundárias que pouco servem para formar discípulos de Jesus em

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nossas comunidades. Não basta manter o patrimônio, organizar festas e repetir práticas
religiosas sem uma autêntica conversão ao Evangelho de Jesus.
Na linha da eclesiologia do Concílio Vaticano II, cresce a necessidade de valorizarmos mais
nossa Igreja Local, renovando o senso de pertença à diocese e à paróquia, em espírito de
diocesaneidade. Na certeza de que ninguém pode percorrer itinerários individualistas, pois a
evangelização é sempre comunitária, desperta-se o senso de sinodalidade, de caminhar
juntos. Na estrada sinodal, reflitamos sobre comunhão, participação e missão.

COMUNHÃO E SINODALIDADE
Sinodalidade (synodia de syn-odos) indica caminho comum, percorrer juntos a mesma
estrada, recolher-se juntos. Numa Igreja sinodal o dinamismo de comunhão inspira todas as
decisões eclesiais, em diversos níveis: a) Os conselhos da Igreja particular, instrumentos de
escuta e partilha conectados com as questões do dia-a-dia do povo; b) As instâncias
intermediárias de colegialidade: Províncias e Regiões eclesiásticas, Conferências Episcopais,
que tratam das questões localmente, em uma salutar descentralização; c) O Sínodo dos
Bispos, expressão da colegialidade episcopal ( collegialitas affectiva, que por vezes, torna-se
"efetiva") dentro de urna Igreja toda sinodal.
No processo sinodal, o caminho é mais importante que o resultado final. O que é mais
relevante na sinodalidade eclesial é a participação e a corresponsabilidade de todos os
batizados nos processos pastorais empreendidos pela comunidade cristã. Cada paróquia e
comunidade mantém uma profunda comunhão afetiva e efetiva com a diocese e, dessa forma,
está unida à Igreja de Roma. Somente nesse movimento de comunhão com a diocese e com
a Santa Sé, com o bispo e o Papa, é que cada pequena comunidade pode se dizer católica e
apostólica. Essa comunhão nos faz ter o olhar voltado à mesma direção, respeitando a
pluralidade de cada local, mas sempre caminhando na unidade. Ameaçar essa sinodalidade é
comprometer a catolicidade.
A distinção deve nos unir, e não, nos separar. A diversidade se afirma no interior da Igreja,
de certa forma, como nas famílias, onde cada filho tem seus próprios gostos e caráter. A
Igreja é a família, é o lar, é a casa na qual habitamos. A Igreja é plenamente católica quando
todos, de diversos modos, se unem na mesma meta: o Reino de Deus.
Concretamente a sinodalidade exige uma conversão do nosso senso de comunidade. Se uma
comunidade caminhasse paralela a essa sinodalidade-comunhão, se configuraria como clube
de sócios e não casa de irmãos; poderia formar uma confraria, mas não a reunião de
discípulos de Cristo; poderia ser uma equipe de trabalho, mas não uma família de fé. Aqui
aparece um dos termos mais relevantes para garantir a comunhão eclesial: a redescoberta
da comunidade que supera os percursos individualistas.

COMUNIDADE
Teologicamente, a palavra comunidade significa a união íntima ou comunhão de pessoas
entre si à imagem da Santíssima Trindade. Dessa forma, a comunidade participa da vida
divina na partilha da vida fraterna ao comungar na mesma mesa, ao professar a mesma fé
recebida dos apóstolos e ao testemunhar a caridade, que revela o amor salvífico de Deus
para a humanidade.
A comunidade cristã não nasce de baixo, mas do alto, de Deus, que suscita o desejo no
coração humano e a necessidade das pessoas de viver em comunhão com Cristo. Na
comunidade se manifesta o mistério da Igreja, chamada constantemente a ser missionária
da obra salvífica que Cristo realiza. A comunidade cristã é essencialmente missionária, e
precisa transmitir a fé, exercendo sua missão de ENSINAR; celebrar a fé, exercendo sua
missão de SANTIFICAR; e cuidar da vida das pessoas e da Criação, exercendo sua missão de
GOVERNAR ou pastorear como serviço.
Aqui devemos ficar atentos à forma como nossas comunidades vivem a Palavra de Deus e

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testemunham o seguimento de Cristo na sociedade. Mais do que um problema de conceito,
é questão de revisar nossas práticas avaliando-as pela dimensão do discipulado missionário.
Não se espera tanto a criação de um novo estilo de comunidades, mas se almeja uma
autêntica conversão das comunidades eclesiais para a missão.
Para a renovação da comunidade paroquial em comunidades eclesiais discípulas e
missionárias, é fundamental recuperar as indicações do Documento 100 da CNBB sobre
Comunidade de comunidades, uma nova paróquia . Merece destaque a importância dos
Conselhos econômico e de pastoral como instâncias necessárias para promover a participação
e comunhão na comunidade.
Igualmente a centralidade da Palavra de Deus em toda comunidade eclesial garante sua
formação discipular e missionária. Nisso, o documento 97 da CNBB sobre a Palavra de Deus,
Discípulos e Servidores da Palavra de Deus na missão da Igreja , precisa ser destacado para
garantir a animação bíblica de toda a Ação Evangelizadora.
Sobre a organização e sustentabilidade da comunidade, e para sua dimensão caritativa e
missionária, o dízimo constitui excelente recurso de comunhão e participação. O Documento
106 da CNBB, O Dízimo na Comunidade de Fé: orientações e propostas , pode ajudar muito
nesse sentido.

PARTICIPAÇÃO, SENSO DE PERTENÇA E DIOCESANEIDADE


As comunidades eclesiais representam, de certo modo, a Igreja visível estabelecida sobre a
Terra. Por isso, os fiéis de cada paróquia se empenham na evangelização e na pastoral, para
que a comunidade seja sinal visível de Cristo onde está inserida. A expressão "de certo modo"
indica que a paróquia não pode, em plenitude, ser considerada Igreja Particular. Somente a
diocese representa, em si, perfeitamente, a Igreja visível estabelecida universalmente por
Cristo, sempre em unidade com a Igreja presidida pelo Santo Padre. Esse senso de pertença
implica um senso de comunhão, de unidade e de sinodalidade.
A diocese se organiza sinodalmente por meio de pastores que a presidem na caridade. O
bispo está à frente da diocese em virtude do carisma concedido aos apóstolos. Há vínculos
existentes entre a ordem dos bispos e dos presbíteros definidos pelo Concílio Vaticano II
como zelosos colaboradores da ordem episcopal. O ministério episcopal é pessoal, colegial e
sinodal. O bispo, para cumprir seu dever pastoral na Igreja Particular, precisa do presbitério
e de todos os batizados. Para haver autêntica participação, é preciso fortalecermos o sentido
dos ministérios da Igreja no Brasil.

MINISTÉRIOS
Desde as origens, o Cristianismo conhece urna variedade de carismas e ministérios que o
Espírito Santo suscita na Igreja em vista do bem comum. Os ministérios são serviços que a
Igreja reconhece, confia ou institui para melhor atender às demandas da vida eclesial. O
termo ministério vem do latim ministerium e significa serviço. O termo minister (ministro)
significa servidor. Ser ministro significa sempre colocar o outro em evidência. Um servo jamais
se coloca no centro, pois sua tarefa é servir a alguém. Assim se compreende o que disse
Jesus: Quem quiser ser o maior entre vós seja aquele que vos serve, e quem quiser ser o
primeiro entre vós seja o servo de todos (Mc 10,42-45).
Na Igreja, há o ministério ordenado, pelo qual uma pessoa é configurada a Cristo corno pastor
e mestre. A importância do clero na evangelização, implica o questionamento: qual a
eclesiologia que sustenta a formação dos novos ministros ordenados e a formação continuada
de todo o clero? Urge reforçar a eclesiologia de comunhão e participação para que nossa
Ação Evangelizadora traduza um alinhamento com o Concílio Vaticano II que não pode mais
ser dado como pressuposto.
Igualmente, segundo o documento Ministeria Qucedam (1972) de São Paulo VI, há

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ministérios instituídos: de Leitor e de Acólito, próprios de leigos, homens e mulheres. O Papa
Francisco enfatiza sua relevância com a publicação do Motu próprio Spiritus Domini (2021) e
ao instituir o ministério de Catequista por meio do Motu próprio Antiquum Ministerium (2021).
Recorde-se que aquele que é instituído não passa ao estado clerical, mas recebe esse encargo
oficial a partir da sua identidade de leigo ou leiga. Evitar todo e qualquer tipo de clericalização
do laicato é missão indispensável para fidelizar o senso de participação eclesial.
Esses três ministérios leigos podem favorecer muito o protagonismo do laicato da Igreja no
Brasil. Aqui se pode recuperar as reflexões e propostas do documento 106 da CNBB, Cristãos
Leigos e Leigas na Igreja e na Sociedade.

MISSÃO
A Igreja existe para evangelizar, e nada deve se antepor a essa missão. Ir ao encontro dos
que se afastaram ou não conhecem nossa fé é a tarefa primeira de nossas Igrejas (RM 34),
e, ainda hoje, representa nosso máximo desafio. Não podemos ficar tranquilos, em espera
passiva, em nossos templos, pois a alegria do Evangelho, que dá sentido à vida dos discípulos,
é uma alegria missionária (EG 21). Não podemos ficar numa pastoral de manutenção ou
conservação (DAp 370) que faz sempre o mesmo e o mínimo para "manter" o que já existe.
O amor é sempre criativo; supõe uma ousadia missionária (EG 259).
Cristo nos interpela a ir ao encontro dos afastados da Igreja, daqueles que não se sentem
pertencentes à Família de Deus. Eles sempre estão batendo em nossa porta para batizar seus
filhos, para celebrar uma missa de sétimo dia, ou para pedir uma bênção ou aconselhamento.
Eles são os migrantes que nos buscam, os pobres que pedem ajuda, os injustiçados que
clamam por direitos. De modos diferentes, somos convidados à Evangelização. Evangelizar
exige, portanto, compromisso com o outro, a sociedade e o Planeta. A Igreja assume sua
responsabilidade de trabalhar pela paz, pelo cuidado da Criação e pela justiça social.
Evangelizar não é urna proposta apenas para questões religiosas, a missão interpela a
transformar a vida, a sociedade e cuidar da Casa Comum.

INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ


A Iniciação à Vida Cristã não tem outra missão que não seja a de introduzir a pessoa na
dinâmica do encontro com Jesus. Em tempos de crise de pertencimento, será preciso mostrar
a beleza do encontro com Jesus, com sua Palavra em sua Igreja. Há de se superar urna fé
vivida de modo privatizado e intimista. Assim, o querigma há de ser um primeiro anúncio
fundamental, de modo que proporcione urna experiência de encontro pessoal e comunitário
com Jesus Cristo a todos os que buscam um caminho, um ideal de vida, um sentido para
viver.
Contudo, não podemos deixar de propor um segundo anúncio a quem já recebeu os
sacramentos de Iniciação à Vida Cristã, mas não vivenciou o encontro com Cristo. O querigma
aos afastados se faz corno "Igreja em saída" ao encontro das periferias geográficas e
existenciais (EG 20).
É urgente retomar as inspirações do documento 107 da CNBB, Iniciação à Vida Cristã:
itinerário para formar discípulos missionários .

FAMÍLIA
Na Exortação Apostólica Amoris Laetitia (2016), capítulo 8, o Papa Francisco nos convida a
acompanhar, discernir e integrar as fragilidades da família, em especial, dos casos "difíceis",
tendo em vista urna gradualidade pastoral que considera a pessoa humana em sua
integralidade e contexto vital.
JUVENTUDES

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Na Exortação Apostólica Christus Vivit (2019), o Papa chama a atenção para a importância
de propormos itinerários de formação e discernimento com a juventude, que, no cenário
atual, tende, em geral, a viver alheia a vivência religiosa, ainda que a maioria dos jovens não
se declarem ateus ou agnósticos. Se faz necessário um trabalho vocacional mais consistente
em nossas dioceses e comunidades eclesiais, e a criação de estruturas de acompanhamento
de nossas juventudes.

FRATERNIDADE E AMIZADE SOCIAL


A proposta de valorizar a fraternidade e a amizade social está desenvolvida na Encíclica
Fratelli Tutti, (2020). A encíclica propõe a superação da cultura do individualismo pela
retomada da fraternidade, e destaca quanto somos desafiados a acompanhar, cuidar e
sustentar os mais frágeis e vulneráveis, como partícipes de uma sociedade que tem o
desenvolvimento como horizonte principal. O Papa alerta que muito se tem tratado acerca da
liberdade e dos direitos de igualdade, mas pouco se fala em fraternidade.
No confronto entre a mensagem evangélica e os desafios de cada tempo, não pode haver
neutralidade ou indiferença. Todas as formas de exclusão, injustiça, violência e mentira
afetam, profundamente, o ser cristão e, por isso, geram posições e atitudes que desmascaram
as forças que desumanizam. Os cristãos vivem no mundo, mas sabem que sua pátria é o
Reino de Deus; têm consciência de que devem testemunhar o Eterno em meio às realidades
terrestres. Por isso, se comprometem a buscar um mundo mais justo e fraterno e trabalham
por um humanismo integral e solidário.

CONCLUSÃO
Na Constituição Lumen Gentium sobre a Igreja, o Concílio Vaticano II retoma a perspectiva
da Igreja como Mistério e povo de Deus, retoma a vocação fundamental do batismo, enfatiza
a relevância dos ministérios e aponta para a vocação universal a santidade, retornada pelo
Papa Francisco na Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate (2018). As vocações, os
carismas e os ministérios são fundamentais para a edificação da comunidade eclesial na
comunhão, na participação e na missão, envolvendo todos os cristãos como protagonistas da
Ação Evangelizadora da Igreja, em perspectiva colegial e sinodal.
Num mundo marcado por ambiguidades e compulsões, somos chamados a vencer a tentação
de nos acomodarmos, e precisamos evangelizar, anunciando que há um outro estilo de vida
possível: aquele que o Evangelho nos possibilita.

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2 — INDICAÇÕES DA ASSEMBLEIA DE 12/11/2022

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Na celebração que abriu os trabalhos da Assembleia Diocesana da Ação
Evangelizadora em 12 de novembro de 2022, seis foram as palavras-chave: Ano Vocacional;
Missionariedade; Caridade; Sinodalidade; Palavra; Eucaristia. Ao longo da Assembleia, pela
participação de todos os presentes, eis que outras duas palavras se destacaram: UNIDADE (se
o objetivo das DGAE de 2019 é evangelizar em comunidades eclesiais missionárias, constatou-
se que um de nossos maiores desafios no contexto de pós-pandemia é o de antes renovar a
unidade diocesana de modo que toda ação evangelizadora nas pequenas comunidades tenham
na Diocese e nas paróquias seu respaldo) e CATEQUESE (muito se falou da importância da
formação de lideranças e de uma verdadeira catequese de iniciação à vida cristã de inspiração
catecumenal como um dos principais desafios da caminhada). Assim sendo, buscando levar
em conta tudo o que foi tratado na Assembleia, este relatório de síntese terá também como
ponto de partida as palavras-chave UNIDADE e CATEQUESE.
UNIDADE
Na carta convocatória e nas palavras introdutórias de Dom João, esclareceu-se que o
objetivo da presente assembleia não é outro senão “recuperar a paixão compartilhada por
uma comunidade de pertença e solidariedade à qual saibamos dedicar tempo, esforço e bens”.
O desafio, como muito bem um dos grupos de reflexão apontou, é que “nosso modelo de
paróquia continua o mesmo: precisamos de católicos que tenham a fé sustentada em
pequenas comunidades, como no início da Igreja” (cf. At 2,42). De fato, aqui é muito oportuno
recordar o que as atuais DGAE pedem: nossa missão é EVANGELIZAR em comunidades
eclesiais missionárias; a Igreja como comunidade é apresentada à imagem de uma casa
sustentada por quatro pilares - Palavra, Pão, Caridade, Ação Missionária (cf. At 2,42). É preciso
- destacam todos os grupos de reflexão - “resgatar o que é essencial na fé e na vida cristã”;
após o período do “fique em casa” é preciso resgatar o espírito comunitário, “voltar para a
casa” que é a comunidade cristã. “É preciso de muita catequese para que todos se
conscientizem ou redescubram o essencial do ser Igreja”: o espírito de comunidade reunida
em torno da Palavra, do Pão, da Caridade e da Ação Missionária - formação para “compreender
e assumir todos os quatro pilares” da casa que é a comunidade. E destacou-se que é preciso
realizar essa tarefa “em unidade: todos devem caminhar juntos (sinodalidade) na mesma
direção”. É urgente romper com o contratestemunho “do cada um faz do seu jeito”, através
de “ações concretas que unam em todas as instâncias (seja a nível diocesano como
paroquial)”: sugeriu-se promover “momentos festivos e de espiritualidade que criem vínculos
íntimos e familiares que envolvam a todos e os façam se sentirem pertencentes”. Falou-se na
pastoral da acolhida, no ir ao encontro das famílias com visitas missionárias bem-organizadas,
no estar próximo em todos os lugares usando também as tecnologias e avanços de nosso
tempo como as mídias digitais que são um vasto campo para o testemunho cristão, no ser
Igreja nas periferias buscando os que estão fora, e em formar pequenos grupos de oração
visitando de casa e casa e na pastoral da escuta. Resumindo e concluindo com as palavras
bem precisas de um dos grupos: “a missão evangelizadora é muito ampla, e ela se inicia no
testemunho de viver em unidade como Igreja”.
CATEQUESE
Nas palavras iniciais de Dom João, ele fez uma importante citação do Concílio Vaticano
II: é preciso “redescobrir o caminho da fé e revisar sua transmissão”. E de fato, junto com a
palavra “unidade”, as palavras mais citadas pelos grupos de partilha e reflexão constituídos na
Assembleia foram “formação” e “catequese”. Fazendo memória dos 3 itens mais votados na
Assembleia de 2019 em relação ao Pilar da Palavra, iremos também metodologicamente
agrupar as palavras mais partilhadas pelos grupos na Assembleia atual em 3 itens:
1) Renovar a Catequese. Se o desafio citado no item anterior (“UNIDADE”) é “renovar
a unidade diocesana em todos os sentidos”, que tal começar esse testemunho de
unidade implantando em toda a Diocese e com os mesmos critérios a catequese
de iniciação à vida cristã de inspiração catecumenal? Nesse sentido, eis alguns dos

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desafios e luzes trazidos na Assembleia pelos 10 grupos de reflexão: redescobrir o
sabor do querigma, tendo como fundamento sólido de tudo o encontro pessoal
com o amor de Deus em Jesus Cristo; retomar o zelo pelo Domingo e pelo sagrado;
acolhida, escuta e visitas para resgatar as famílias (pais) envolvidas na catequese,
uma catequese renovada para os casais envolvidos redescobrirem com a alegria a
vocação matrimonial; fortalecer a catequese de adultos; renovar o ânimo dos
jovens para perseverar na comunidade, sem prendê-los a leis e estatutos;
despertar ou resgatar na catequese a consciência vocacional em vista de recuperar
o vigor missionário.
2) Formar para a sinodalidade (caminhar juntos em comunhão, participação e missão)
como principal tarefa da pastoral de conjunto. Tudo o que foi relatado no item
anterior (“UNIDADE”) pode ser considerado novamente aqui: trata-se de uma
catequese que visa redescobrir a beleza do que é essencial ao nosso ser Igreja.
Um dos grupos trouxe algumas pistas: “sair do paradigma de uma paróquia em
massa e partir para o acompanhamento pessoal - uma evangelização próxima,
olho no olho, formando uma menor quantidade, mas em melhor qualidade, não
tendo necessariamente uma Igreja cheia, mas bem-preparada”;
3) Oferecer formação bíblica e teológica para o laicato. Consenso entre os grupos foi
a necessidade de “fortalecer o testemunho cristão através de uma nova catequese
que proporcione uma sólida formação para as lideranças leigas das comunidades
e agentes de pastoral”. Falou-se em: testemunhar o Evangelho com uma
linguagem clara e atualizada para retomar a defesa da fé; resgatar formações
permanentes como os cursos de Teologia, Bíblia e ciências religiosas no âmbito
diocesano e de áreas pastorais, cursos que chamem de fato a atenção despertando
interesse nas pessoas; a necessidade de olhar para os jovens com uma linguagem
nova e atualizada para os tempos, lugares e necessidades atuais.

Pe. Jeferson – secretário da Assembleia

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PERGUNTAS:

1 - Considerando o contexto social e eclesial em que vivemos, e levando em conta as


indicações da nossa Assembleia Diocesana da Ação Evangelizadora de 12 de novembro
de 2022,
→ quais desafios teremos de enfrentar para caminharmos unidos (como Igreja
Sinodal) na Ação Evangelizadora em nossa Paróquia, Área Pastoral e Diocese?

2 - Na Assembleia Diocesana de 12 de novembro de 2022 falou-se muito da necessidade


de uma verdadeira catequese de Iniciação à Vida Cristã de Inspiração Catecumenal.
→ Eleger esta Catequese como PRIORIDADE PASTORAL em nossa Ação
Evangelizadora, poderia ser, neste momento, a estratégia mais adequada para
enfrentarmos juntos os desafios apresentados na resposta à pergunta anterior?

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