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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO TECNOLÓGICO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

RELATÓRIO 2

Florianópolis
2023

Sumário:

1. Objetivos…………………………
1.1 O que foi realizado e qual a sua importância
2. Experimentos
2.1 Instrumentos
2.2 Ensaio a Vazio
2.3 Ensaio em Carga
2.4 Ensaio a Rotor Travado

3. Resultados
3.2
3.3
3.4 Cálculos

4. Conclusão

5. Referências

1. Objetivos
O primeiro objetivo da Experiência 2 é realizar testes em um motor de indução
trifásico (MIT) rotor em gaiola para determinar os parâmetros do circuito equivalente,
conforme figura 1. Para posteriormente calcular as curvas características de funcionamento
do MIT: curvas de escorregamento, rendimento, fator de potência, corrente absorvida pelo
motor em função da potência no eixo da máquina. Elas são obtidas em valores baixos de
escorregamento/altas velocidades.
Figura 1: Circuito equivalente por fase de uma máquina de indução trifásica em regime
permanente.

Fonte: roteiro do experimento.

Os MIT com rotor em gaiola, tensão nominal igual ou menor que 600V, potência
nominal igual ou inferior a 630kW(ou 856cv) e com partida direta ou estrela-triângulo são
classificados pela norma NBR17094-1. As categorias refletem como o conjugado se relaciona
com a velocidade (escorregamento) e corrente de partida, e são divididas em: N, H, D, NY e
HY.
O motor a ser ensaiado é da categoria N e por isso possui segundo a norma: conjugado
de partida normal (consideravelmente baixo), baixo escorregamento, rendimento alto e
corrente de partida normal (relativamente alta). Essa categoria constitui a maioria dos
motores do mercado e normalmente acionam cargas normais (bombas, máquinas operatrizes,
ventiladores). A Figura 2 mostra a curva característica de torque por velocidade dos motores
da categoria N.

Figura 2: Curva característica de torque por velocidade da categoria N.


Fonte: roteiro do experimento.

Os testes deste experimento irão possibilitar que se descubra os valores de:


- Cn - conjugado nominal ou de plena carga: é o conjugado desenvolvido pelo motor à
potencia, tensão e frequência nominal.
- Cp - conjugado com rotor bloqueado ou de partida: é o torque mínimo desenvolvido
pelo motor (para todas as posições angulares do rotor) também sob tensão e
frequência nominal. É esperado que ele seja o mais alto possível, para o motor vencer
a inércia inicial da carga na partida (principalmente com tensão reduzida).
- Cmin - conjugado mínimo: é o menor torque desenvolvido pelo motor dentre a
velocidade nula na partida e a velocidade do torque máximo. Esse valor não deve ser
muito baixo para que a partida não seja demorada, podendo sobreaquecer o motor
(principalmente na partida com tensão reduzida ou inercia alta).
- Cmax - conjugado máximo: é o maior conjugado desenvolvido pelo motor a tensão e
frequência nominal, sem queda brusca de velocidade. Ele deve ser o mais alto
possível para conseguir vencer picos de carga em certas aplicações e não perder
bruscamente a velocidade quando ocorrer quedas de tensão momentâneas.

Além do MIT rotor em gaiola, outro dispositivo importante do experimento é o freio


de Foucault, que será responsável pelo torque no eixo. A corrente que flui nas bobinas do
freio gera um fluxo magnético com densidade B. A interação entre B e vt faz a densidade de
corrente elétrica J por meio da fórmula:

Obs: σ é a condutividade elétrica.


A interação de J com B gera uma força F que ao multiplicar pelo raio do disco nos dá,
finalmente, o torque T resistente da máquina.

Figura 3: Esquema do freio de Foucault.


Fonte: roteiro do experimento.

2. Experimento

2.1 Instrumentos
- Bancada de ensaio de máquinas elétricas do LABMAQ (UFSC). Ela contém uma
mesa de comando (com dispositivos de proteção e fontes instaladas no cofre
blindado), um dinamômetro (freio de Foucault).
- Tacômetro digital (para medir rpm do disco do rotor).
- Motor de indução trifásico com rotor em gaiola ligado em Y de valores nominais:
- 60Hz;
- 1 cv;
- 1730 rpm;
- 220/380V;
- 3,08/1,78A;
- Cos φ = 0,82;
- Categoria N.
Observação: por ele estar ligado em Y utilizaremos Vn=380V e In=1,78A.

2.2 Ensaio a Vazio


Neste teste retiramos a carga do rotor (no nosso caso ele está acoplado a um sistema e
por isso terá perdas rotacionais um pouco mais altas) e aplicamos tensão nominal (380V). A
realização desse teste nos traz dados sobre o ramo de magnetização e das perdas no ferro do
motor.
O escorregamento a vazio tende a zero e o circuito equivalente fica conforme a figura
3. O fluxo neste ensaio é aproximadamente todo magnetizante. A corrente medida
corresponde às perdas ativas nas resistências do estator, as perdas no núcleo da máquina e as
perdas por atrito e ventilação. Para calcular as perdas por atrito e ventilação reduzimos
gradativamente a tensão no motor, traçamos a curva “Potência x Tensão” e extrapolamos um
ponto de mínimo da curva da mesma forma que foi feito na experiência anterior. Após a
determinação dessas perdas pode-se determinar os outros parâmetros do circuito equivalente.

Figura 4: Circuito equivalente por fase de um motor de indução a vazio.

Fonte: roteiro do experimento.


Preparação do procedimento:
- Acionar as botoeira “Reset Sobrecorrente” e “Reset Sobretensão” se as luzes
indicativas destas anomalias estiverem acesas;
- Escolher a tensão de teste C.A, ligar botoeira “LIGA380V”;
- Escolher os taps dos transformadores de potencial: acionar a botoeira
“LIGA440V” que é a adequada para a alimentação 380V do motor. As leituras
de tensão devem ser multiplicadas por 4;
- Escolher os taps dos transformadores de corrente: girar a chave para a posição
“1- 2 A”; com a chave nesta posição as leituras de corrente deverão ser
multiplicadas por 2;
- Colocar a chave “Desliga medição C.A.” na posição 1, inibindo as leituras
durante a partida do motor;
- Verificar que o comando de “desliga-liga dinamômetro” esteja desligado na
partida do motor;
- Verificar também que o dial de “ajuste de carga” esteja zerado.

Procedimento:
- Destravar o dinamômetro de maneira que o rotor possa girar livremente;
- Aplicar gradativamente tensão até atingir 380 V através do Varivolt disponível
na mesa de comando (painel frontal). Utilizar chave “Congela Leitura” para
efetuar as medidas de potência trifásica (P), corrente ( LI ) e tensão entre fases
(VL ). A leitura da potência trifásica deverá ser multiplicada por 8 devido ao
fator multiplicativo de 2 para a corrente e de 4 para a tensão;
- Diminuir gradativamente a tensão, anotando seu valor bem como o da
potência e o da corrente. Interromper o ensaio a partir do ponto em que as
correntes começam a aumentar. Traçar a curva de P em função de VL e dela
extrair as perdas rotacionais, como foi feito em experiência anterior para o
motor de indução de rotor bobinado ANEL;
- Zerar a tensão de entrada.

2.3 Ensaio em Carga


Para esse ensaio utilizaremos o freio de Foucault explicado anteriormente.
Aumentaremos aos poucos a corrente das bobinas do freio para aumentar seu torque até que a
corrente do MIT atinja a nominal (1,78A).
Através das medições do dinamômetro, do tacômetro, das correntes e tensões da
bancada para cada ponto consegue-se calcular: fator de potência, corrente absorvida, toque,
rendimento e potência de entrada para cada potência no eixo.
Procedimento
- Aplicar gradativamente tensão de 380 V no estator através do Varivolt
disponível na mesa. Utilizar chave “Congela Leitura” para efetuar as medidas
de potência trifásica (P), corrente ( LI ) e tensão entre fases (VL ). Medir
também a velocidade ωr utilizando o tacômetro, acionando-o frontalmente ao
disco de alumínio sobre o qual adesivos reflexivos estão colados;
- Ligar o dinamômetro através da botoeira “Desliga-liga dinamômetro”;
- Girar o dial de ajuste de carga até que a balança indique uma variação de 0.1
kg;
- Repetir as medições de P , LI , VL e ωr;
- Repetir os passos c e d variando a medição da balança de 0.1 em 0.1 kg até que
a corrente nominal do motor (1.78 A) seja atingida. Neste ponto compare a
velocidade do motor com a nominal do motor apresentada na sua placa;
- Fazer ainda medidas em sobrecarga (0.1 kg adicional). Esta medição deverá
ser feita rapidamente, pois as proteções poderão atuar;
- Desligar a bancada diminuindo a tensão.
Obs: se a proteção atuar (perto de 1A), repetir a preparação do experimento.

2.4 Ensaio a Rotor Travado


Nesse tipo de ensaio, aplica-se uma tensão no estator, enquanto que o rotor é
impedido de girar pela trava no disco, ocasionando um escorregamento máximo (s=1). Dessa
forma, é aplicada uma tensão até que se obtenha a corrente nominal do motor. Pelo fato do
rotor estar travado, a tensão necessária possui um valor baixo. Além disso, o fluxo magnético
também é baixo, podendo ser desprezadas as perdas magnéticas, facilitando a representação
pelo circuito equivalente.

3. Resultados

3.1 Ensaio a vazio


Tabela 1: Valores de tensão, potência e corrente medidos no ensaio a vazio.
𝑉3Φ [V] 𝑃3Φ [W] 𝐼Φ1 [A] 𝐼Φ2 [A] 𝐼Φ3 [A] 𝐼Φ𝑚é𝑑𝑖𝑜 [A] N [rpm]
380 190,4 1,14 1,08 1,18 1,13 1794
300 148,8 0,84 0,80 0,86 0,84
250 128,8 0,72 0,66 0,72 0,7 1787
200 112 0,58 0,56 0,6 0,58
150 102,4 0,56 0,52 0,54 0,54
100 94,4 0,62 0,62 0,62 0,62 1702

Fonte: autores.

Figura 4 : Gráfico Potência x Tensão

3.2 Ensaio em Carga

Massa [Kg] N [rpm] P3 [W] I1 [A] I2 [A] I3 [A] Imédio [A]


0,0 1792 23,20 0,56 0,54 0,58 0,56
0,1 1788 33,50 0,57 0,55 0,58 0,57
0,2 1784 40,00 0,58 0,55 0,60 0,58
0,3 1780 47,50 0,60 0,57 0,60 0,59
0,4 1776 53,10 0,61 0,58 0,62 0,60
0,5 1772 61,20 0,64 0,61 0,65 0,63
0,6 1768 67,60 0,67 0,63 0,67 0,66
0,7 1763 75,40 0,69 0,66 0,70 0,68
0,8 1758 81,90 0,73 0,69 0,73 0,72
0,9 1755 89,20 0,76 0,72 0,76 0,75
1,0 1750 96,90 0,80 0,77 0,79 0,79
1,1 1742 103,00 0,83 0,79 0,82 0,81
1,2 1736 109,40 0,88 0,82 0,85 0,85
1,3 1733 119,10 0,91 0,87 0,90 0,89
1,4 1727 125,90 0,95 0,92 0,94 0,94
1,5 1723 133,70 0,99 0,98 0,99 0,99

3.3 Ensaio a Rotor Travado

Tabela 2: Potência, tensão e corrente medidas no ensaio a rotor travado.


𝑉3Φ [V] 𝑃3Φ [W] 𝐼Φ1 [A] 𝐼Φ2 [A] 𝐼Φ3 [A] 𝐼Φ𝑚é𝑑𝑖𝑜 [A]
68 20,6 0,86 0,88 0,87 0,87
Fonte: os autores.

3.1 Cálculos dos parâmetros do circuito equivalente

A partir dos valores encontrados com o ensaio de rotor travado iremos obter
𝑅1, 𝑅2, 𝑋1 𝑒 𝑋2.
Primeiramente encontrando 𝑅1 𝑒 𝑅2:
164,8
𝑃𝑟𝑡 3
𝑅𝑟𝑡 = 2 ⇒ 𝑅𝑟𝑡 = 2 = 18, 144 Ω
𝐼𝑟𝑡 1,74
𝑅𝑟𝑡
𝑅1 = 𝑅2 = 2
= 9, 072 Ω
Para se determinar 𝑋1 𝑒 𝑋2 é preciso se determinar 𝑍𝑟𝑡
68
𝑉𝑟𝑡 3
𝑍𝑟𝑡 = 𝐼𝑟𝑡
= 1,740
= 22, 56 Ω
2 2
𝑋𝑟𝑡 = 𝑍𝑟𝑡 − 𝑅𝑟𝑡 = 13, 412 Ω
𝑋𝑟𝑡
𝑋1 = 𝑋2 = 2
= 6, 706 Ω

O valor encontrado para as perdas rotacionais foi então: 𝑃𝑟𝑜𝑡 = 70, 22 𝑊


2
𝑃𝑓𝑒𝑟𝑟𝑜 = 𝑃0 − 𝑅1 𝐼0 − 𝑃𝑟𝑜𝑡
As perdas no ferro monofásicas são calculadas então:

190,4 2 70,22
𝑃𝑓𝑒𝑟𝑟𝑜 = 3
− 9, 072 × 1, 11 − 3
= 28, 88 𝑊

𝑃𝑓𝑒𝑟𝑟𝑜 = 86, 64 𝑊
O ângulo φ é calculado pela seguinte expressão:
0
𝑃
φ = 𝑎𝑐𝑜𝑠( 𝑉 ×𝐼 ) = 74, 89°
0 0

Em seguida calculamos a excitação:


𝐸ㄥα = 𝑉0 − [𝑅1 + 𝑗𝑋1] × 𝐼0ㄥ − φ
Temos 𝐼0 = 1, 11∠ − 74, 89° 𝐴
Substituindo os valores na expressão acima obtemos:
380
𝐸= − (9, 072 + 𝑗6, 706) ×1, 11∠ − 74, 89º = 209, 73∠2, 13°
3

𝑃𝑓𝑒𝑟𝑟𝑜 28,88
𝐼𝑓 = 𝐸
= 209,73∠2,13°
= 0, 138∠2, 126°

Obtendo-se 𝐼𝑚:
𝐼𝑚ㄥβ = 𝐼0ㄥ − φ − 𝐼𝑓ㄥα
𝐼𝑚 = 1, 11∠ − 74, 89° −0, 13∠2, 126° = 1, 08∠ − 81, 57°

Por fim, obtemos 𝑅𝑓 e 𝑋𝑚


𝐸 209,73
𝑅𝑓 = 𝐼𝑓
= 0,138
= 1519, 78Ω
𝐸 209,73
𝑋𝑚 = 𝐼𝑚
= 1,11
= 188, 94 Ω

3.2 Cálculo do Torque

O torque será dado por:


|𝑇| = |𝑟 × 𝐹| = 0, 33. (𝑖𝑛𝑑𝑖𝑐𝑎çã𝑜 𝑛𝑎 𝑏𝑎𝑙𝑎𝑛ç𝑎 𝑒𝑚 𝑘𝑔). (9, 81).
Para cada valor de força medido, haverá um cálculo de torque que será indicado na
forma de um gráfico.

3.3 Cálculo do Fator de Potência


O fator de potência é calculado através da seguinte equação:
𝑃3ϕ
𝑐𝑜𝑠ϕ =
3𝑉𝐿𝐼𝐿
Teremos uma série de valores de fator de potência ao longo de um circuito, baseado
na potência do eixo.

3.4 Potência do eixo do motor


O cálculo da potência do eixo do motor é da seguinte forma:

𝑃𝑚 = 60 . 𝐼𝑚𝑒𝑑 . 𝑛
3.5 Rendimento
O rendimento assumirá também diferentes valores, a depender da carga, ou mais
propriamente, da potência no eixo. Para esse cálculo, utiliza-se a equação abaixo:
𝑃𝑠𝑎í𝑑𝑎
η= 𝑃
𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎

3.6 Curvas
Tendo identificado como calcular cada um dos itens indicados acima, são traçados os
gráficos correspondentes.
4. Conclusões

Nesse experimento, foi possível observar a dinâmica do funcionamento de um motor


de indução trifásico, conforme a variação da carga. É possível observar por meio dos
gráficos, que quanto mais próximo do valor nominal, melhor é o desempenho, em termos de
fator de potência, torque e rendimento, o que nos mostra a importância de dimensionar
corretamente uma máquina para que não seja nem subutilizada nem sobrecarregada.

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