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Texto de Apoio - Sindicalismo e Doutrinas Socialistas
Texto de Apoio - Sindicalismo e Doutrinas Socialistas
9º ano de escolaridade
Recuperação de competências do 8º ano
Do artesão ao operário
A industrialização e o crescimento das cidades foram acompanhados pelo aumento do
operariado. Inicialmente, as fábricas necessitavam de mão de obra e isso atraiu muita população
para as cidades. Contudo, a crescente mecanização dispensou trabalhadores e o êxodo rural e a
imigração provocaram, em algumas cidades, um excesso de mão de obra. Este, aliado à
concorrência entre os empresários, fez baixar os salários. A dificuldade em arranjar trabalho
levou a que muitos operários aceitassem trabalhar em más condições e durante 15 ou mais
horas por dia. Homens, mulheres e crianças eram submetidos às mesmas condições de trabalho,
mas a mão de obra infantil e feminina era mais barata, por isso era muitas vezes preferida.
Há uma desvalorização do trabalho. O artesão que antes dominava o processo de fabrico dos
produtos foi substituído pelo operário, sem especialidade ou qualificação, que era facilmente
dispensado, facto que tornava o trabalho e a vida muito incertos. Assim, o trabalho era precário
e estava sujeito às leis da oferta e da procura que regem o liberalismo económico: quando há
necessidade de trabalhadores os salários sobem, quando há excesso descem.
O proletariado lutava com a única “arma” que tinha - o seu trabalho. Assim, a greve passou a
ser a principal forma de luta. Os patrões respondiam com o encerramento temporário das
fábricas (deixando os trabalhadores sem salário), com despedimentos e ações de repressão.
Foi através destas lutas sindicais, com greves, manifestações e negociações coletivas, que os
operários desenvolveram uma consciência de classe, obtendo as primeiras vitórias na melhoria
das suas condições de trabalho e de vida: diminuição da jornada de trabalho; descanso semanal;
melhoria dos salários; nascimento do sistema de segurança social; legalização dos sindicatos e
do direito à greve; aparecimento das primeiras leis de proteção ao trabalho feminino e infantil.
Numa primeira fase, as propostas socialistas surgiram de pensadores ingleses (Robert Owen) e
franceses (Saint-Simon, Proudhon, Fourier…). Estes criaram o “socialismo utópico”, cujas ideias
foram consideradas ingénuas e idealistas, impossíveis de realizar, ou seja, utópicas.
O socialismo de Marx
Em meados do século XIX, os filósofos alemães Karl Marx e Friederich Engels fundaram o
“socialismo científico”. As suas obras - Manifesto do Partido Comunista (1848) e O Capital
(1867) - defendiam que o fim da exploração dos trabalhadores só era possível através de uma
revolução em que os trabalhadores tomassem o poder e instaurassem uma ditadura do
proletariado.
Esta nova ideologia política, o socialismo, defendia a coletivização dos meios de produção,
substituindo o capitalismo pelo socialismo, o qual deveria, depois, evoluir para o comunismo,
ou seja, para uma sociedade sem classes.
As ideias de Marx ganharam força e, no século XX, inspiraram as revoluções soviética, chinesa,
cubana e outras.
Com Edward Bernstein e Jean Jaurès, este modelo de socialismo foi posto em causa e surgiu
uma outra tendência socialista, menos radical, que defendia a mudança através de reformas
graduais com base no voto popular – o socialismo reformista.