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Texto de apoio 2

9º ano de escolaridade
Recuperação de competências do 8º ano

A CIVILIZAÇÃO INDUSTRIAL NO SÉCULO XX - II

Do artesão ao operário
A industrialização e o crescimento das cidades foram acompanhados pelo aumento do
operariado. Inicialmente, as fábricas necessitavam de mão de obra e isso atraiu muita população
para as cidades. Contudo, a crescente mecanização dispensou trabalhadores e o êxodo rural e a
imigração provocaram, em algumas cidades, um excesso de mão de obra. Este, aliado à
concorrência entre os empresários, fez baixar os salários. A dificuldade em arranjar trabalho
levou a que muitos operários aceitassem trabalhar em más condições e durante 15 ou mais
horas por dia. Homens, mulheres e crianças eram submetidos às mesmas condições de trabalho,
mas a mão de obra infantil e feminina era mais barata, por isso era muitas vezes preferida.

Há uma desvalorização do trabalho. O artesão que antes dominava o processo de fabrico dos
produtos foi substituído pelo operário, sem especialidade ou qualificação, que era facilmente
dispensado, facto que tornava o trabalho e a vida muito incertos. Assim, o trabalho era precário
e estava sujeito às leis da oferta e da procura que regem o liberalismo económico: quando há
necessidade de trabalhadores os salários sobem, quando há excesso descem.

Condições de vida do operariado


Os operários trabalhavam em fábricas sem condições de higiene e segurança e viviam em casas
insalubres, húmidas e mal iluminadas. Pequenos espaços onde viviam famílias numerosas. Estas
condições favoreceram, por um lado, o aparecimento e a propagação de doenças graves
(tuberculose, raquitismo…) e, por outro, a degradação da vida e a miséria moral (alcoolismo,
delinquência, mendicidade).

O pauperismo, o estado de pobreza generalizado da classe operária, veio aumentar a distância


entre a burguesia rica e o operariado, levando a um clima de descontentamento, revoltas e
agitação social. Foi neste ambiente que nasceu e surgiu o movimento operário e sindical e se
desenvolveram as ideias do socialismo.

As condições do operariado e a formação dos sindicatos


O liberalismo político, ao liberalizar a economia, os preços e os salários, proibiu a existência das
antigas associações profissionais de solidariedade (corporações e confrarias), deixando os
trabalhadores isolados e desprotegidos face às flutuações do mercado de trabalho e à
exploração do patronato. Contudo, esta proibição não impediu que continuassem a formar-se
algumas associações de entreajuda como cooperativas e, mais tarde, sindicatos.

No início do século XIX, surgiram, em Inglaterra, as primeiras associações de operários, algumas


das quais deram origem a sindicatos. Em 1825, os primeiros sindicatos ingleses uniram-se,
formando as Trade Unions (Uniões de Sindicatos).
Estas associações começaram a alertar os governos, e a população em geral, para as más
condições em que viviam os operários. Empreenderam uma luta para conseguir que os patrões
melhorassem as condições de trabalho e o governo apoiasse mais a população, dando-lhe
melhores condições de vida.

Os sindicatos apareceram no decorrer do movimento operário, nome que se atribui às formas


espontâneas ou organizadas de luta (ataques às fábricas, destruição das máquinas, movimentos
luditas, manifestações, greves…) que os operários levaram a cabo em todos os países
industrializados, após 1830.

O proletariado lutava com a única “arma” que tinha - o seu trabalho. Assim, a greve passou a
ser a principal forma de luta. Os patrões respondiam com o encerramento temporário das
fábricas (deixando os trabalhadores sem salário), com despedimentos e ações de repressão.

Foi através destas lutas sindicais, com greves, manifestações e negociações coletivas, que os
operários desenvolveram uma consciência de classe, obtendo as primeiras vitórias na melhoria
das suas condições de trabalho e de vida: diminuição da jornada de trabalho; descanso semanal;
melhoria dos salários; nascimento do sistema de segurança social; legalização dos sindicatos e
do direito à greve; aparecimento das primeiras leis de proteção ao trabalho feminino e infantil.

As propostas socialistas de transformação da sociedade


As fortes desigualdades que marcavam a sociedade europeia no século XIX, levaram alguns
escritores e filósofos a defender a classe operária, propondo um conjunto de medidas políticas
para reformar os sistemas económico e social. Pretendiam tornar o sistema económico mais
justo. Assim nasceram as ideias socialistas.

Numa primeira fase, as propostas socialistas surgiram de pensadores ingleses (Robert Owen) e
franceses (Saint-Simon, Proudhon, Fourier…). Estes criaram o “socialismo utópico”, cujas ideias
foram consideradas ingénuas e idealistas, impossíveis de realizar, ou seja, utópicas.

O socialismo de Marx
Em meados do século XIX, os filósofos alemães Karl Marx e Friederich Engels fundaram o
“socialismo científico”. As suas obras - Manifesto do Partido Comunista (1848) e O Capital
(1867) - defendiam que o fim da exploração dos trabalhadores só era possível através de uma
revolução em que os trabalhadores tomassem o poder e instaurassem uma ditadura do
proletariado.

Esta nova ideologia política, o socialismo, defendia a coletivização dos meios de produção,
substituindo o capitalismo pelo socialismo, o qual deveria, depois, evoluir para o comunismo,
ou seja, para uma sociedade sem classes.

As ideias de Marx ganharam força e, no século XX, inspiraram as revoluções soviética, chinesa,
cubana e outras.

Com Edward Bernstein e Jean Jaurès, este modelo de socialismo foi posto em causa e surgiu
uma outra tendência socialista, menos radical, que defendia a mudança através de reformas
graduais com base no voto popular – o socialismo reformista.

Missão: História – 8º ano (adaptado)

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