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O rei dos judeus escarnecido (Mc 15,16-20,; Le 23,11; Jo 19,2-3). *"Entiio os soldados do governador, levando Je- sus para © pretério', reuniram em torno dele toda a coorte™. *Eles o despiram e fhe puseram uma capa escarlate". ’Com espinhos, trangaram uma coroa que Ihe puseram sobre a cabega, bem como um canigo na mao direita; ajoelhando-se diante dele, cagoavam’ dele, dizendo: i. Para gente versada nas Escrituras, 0 gesto e as palavras de Pilatos (cf. Dt 21.6-8; SI 26,6; 73,13) deviam assumir um signi- ficado preciso: Pilatos entende fazer recair sobre os judeus toda a responsabilidade do que vai suceder. j. Esta exclamagio dos judeus também tem rafzes no AT (2Sm 1,13-16; 3,29; Jr 51,35; cf, também Le 23,28). Para além de uma tomada de posi¢ao politica, os judeus est8o encurralados numa alternativa religiosa: é-lhes forgoso, ou reconhecer em Jesus o Messias prometido, ou pedir a sua morte como blasfemador. Qualquer anti-semitismo baseado neste versiculo sé pode ser uma aberragiio. k. Flagelar. O chicote romano era munido de fragmentos de osso ou de chumbo; costumava-se flagelar antes da crucifixio para enfraquecer o supliciado ¢ ubreviar-lhe os padecimentos. Este suplicio era de origem romina, mas parece que os judeus 0 adotaram na época de Jesus (cf. 10,17 € 23,34, onde o termo grego nio € 0 mesmo: cf. At 5.40; 22,19). 1, Pretdrio: Cf. Me 15,16 nota. m. Coorte: Cf. Me 15,16 nota. n. Lit. wma cidmide escarlate. Trata-se da capa do soldado romano; historicamente, isto é mais verossimil do que Me 15,17: a ptirpura parece ser um tecido precioso demais para ser usado em tal lugar e pura tal fim. o. Cf. 27,31. O tema da derristio aparece amitide no AT: o justo e 6 pobre sao objeto das zombarias ou das burlas dos homens (Si 22,8; 44,14; 52,8). 1915 22) 27,11.37; Me 15,9. 12,18,26; Le 23,27.38; Jo 18,39; 19,3.19,21 Ts 50,6 “Salve, rei dos judeus!” *Cuspiram nele e, tomando o canico, batiam-lhe na ca- beca. *'Depois de terem zombado dele, tiraram-lhe a capa e tornaram a pér-lhe suas vestes. A seguir, eles o levaram para o crucificar. Jesus é crucificeado (Mc /5,2/-32; Le 23,26-43; Jo 19,16-24). *Ao satrem, encontraram um homem de Cirene?, cha- mado Simfio; eles o requisitaram para levar a cruz de Jesus. “Tendo chegado ao lugar chamado Gélgota, isto é, lugar do Cranio4, “deram-the de beber yinho misturado com fel’. Ele, tendo-o prova- do, nao quis beber. *Depois de o terem crucificado, repartiram suas vestes lan- cando a sorte’. *E eles ficaram ali, sen- tados, a guardéd-lo. *Acima da sua cabe- ¢a, tinham posto o titulo de sua condena- cao, assim redigida: “Este € Jesus, o rei dos judeus’”,*Com ele, siio crucificados dois bandidos", um & direita, o outro a esquerda. Os transeuntes o insultavam meneando a cabeca’ “e dizendo: “Tu que destrdis o Santudrio e€ o reconstrdis em trés dias, salva-te a ti mesmo, se és 0 Filho de Deus, e desce da cruz”!“"Igual- mente, com os escribas e os ancifios, cagoavam os sumos sacerdotes: “Ele salvou a outros e nao pode salvar a Si 27,29 Is 53,12 Lm 2,15 Me 14,58; Jo 2.19.20 43.6; 26,63: Le 43.9 p. Cirene. Colonia grega, na costa do norte da Africa; nume- rosos judeus ali se tinham estabelecido (cf. At 2,10; 11,20). q. Alusao provdvel, nao ao cranio de Adio (cf. Origenes), nem aos criinios dos supliciados, mas 4 forma do rochedo, que recordava a de um cranio, r. Quando um homem deve ser executado, permite-se-the to- mar wn grdo de incenso dentro de uma taga de vinho, para que perca a consciéncia... As senhoras distintas de Jerusalém en- carregavam-se dessa tarefa (Tratado judaico sobre o Sinédrio, 43a}. Mt menciona o fel, que torna a bebida intragdvel (cf, S1 69,22). s. Alguns mss. acrescentam: a fim de que se cumprisse a palavra do profeta: eles repartiram entre si minhas vestes e fangaram sorte sobre a minha tinica (Sl 22.19), Este acréscimo, sem diivida, foi tamado de Jo 19,24. t. A inscrigfo com o fitulo ou raz&o da condenagio fuzia parte dos suplicios oficiais, Seu texto, sem diivida irdnico, fora prova- velmente imposto por Pilatos (cf, Jo 19,19-22, que explana o episddio). u. Bandidos. Acerca desta palavra, cf. 26,55 nota. vy. Cf. $1 22,8 e 109,25 w. Lit. “2 0 constrdis...” (cf. 26,61 nota) x. Cf. $122.9; Sb 2,13.18-20. MATEUS 27 mesmo! Ele é 0 Rei de Israel, pois desga 9 1.49: : 12,13 agora da cruz, e acreditaremos nele! “Pds em Deus a sua confianga; que Deus o livre agora, se o ama, pois ele disse: ‘Eu Jo 5,18; 10,36; 19,7 sou 0 Filho de Deus*!” “Até os bandidos crucificados com ele o injuriavam da mesma forma. Morte de Jesus (Mc 15,33-39; Lc 23,44- 48; Jo 19,28-30). 8A partir do meio-dia, trevas cobriram toda a terra até As trés horas’. “Por volta das trés horas, Jesus exclamou com voz forte: “Eli, Eli, lem sabacténi”, isto é, “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste’...?” “Al- guns dos que ali estavam diziam, ao ouvi- -lo: “Ei-lo que chama Elias"!” “Logo um deles corre a tomar uma esponja que embebeu em vinagre®; ¢, fixando-a na extremidade de um canigo, ofereceu-ihe de beber, “Os outros disseram: “Espera! Vejamos se Elias vird salvd-lo”. Mas ‘Jesus, gritando novamente com voz for- te, rendeu o espiritot. 'E eis que o véu do Santudrio rasgou-se em duas partes Ex 26,31-35 de alto a baixo“; a terra tremeu, os roche- dos se fenderam; “os tumulos abriram- se, os corpos de muitos santos jd faleci- dos ressuscitaram: “saindo dos tuimulos, depois da sua ressurreigio, eles entraram 5 4,5; Ap 11,2; na Cidade Santa e apareceram a um gran- i 21,2-10; 22,19 y. Lit. a partir da hara sexta... até a hora nona, Essas trevas (cf. Ex 10,22; Am 89-10) figuram provavelmente o juizo de Deus, que desde a cruz se estende por sobre toda a terra, 0 mundo inteiro, Outra tradugio possivel: sobre todo a pais. z. Cf. SI 22,2. Grito de anguistia, nao porém de desespero, ja que ele se dirige a Deus citando as Escrituras. Ha quem atenue 0 realismo desta expressio, observando que este mesmo SI 22 termina com uma prece confiante. a. A respeito da espera de Elias na apocalfptica judaica, cf.17 10 nota. b. Vinagre. Bebida forte usada pelos soldados romanos. A alusao ao S| 69,22 presta a este gesto uma caructeristica desu- mana que provavelmente nio tinha (cf. Jo 19,28-30). c. Nao o Espirito Santo, nem o espirito divino que os. gregos dizem residir no homem e opdem ao corpo material, mas 0 espirito da vida no sentido do AT (Gn 35,18; Sr 38,23; Sb 16.14). d. Trata-se ou do véu que separava o dtrio do préprio Tem- plo (de sorte que a morte de Jesus viria permitir 0 acesso dos pagos a presenca de Deus), ou do véu que separava o Santo dos Santos (neste caso, a morte de Jesus.significava o fim do sacerddcio da antiga alianga; neste sentido: Hb 6,19; 10,20). © contexto nao impée a escolha entre uma ou outra dessas interpretacdes. MALBUS 27-26 de ntimero de pessoas®. “A vista do ter- remoto e do que acontecia, 0 centuriao e os que com ele guardavam Jesus foram tomados de grande medo e disseram: “Verdadeiramente, este era o Filho de Deus”. Sepultamento de Jesus (Mc 15,40-47; Le 23,49-56; Jo 19,25.38-42). *Estavam L¢ 82.3 ali algumas mulheres que olhavam, a distancia; elas tinham seguido Jesus des- de os dias da Galiléia, servindo-o. *En- tre elas achavam-se Maria de Mdgdala, Maria, mie de Tiago e José, e a mie dos filhos de Zebedeu. *’Ao cair da tarde, chegou um homem rico de Arimatéia, chamado José, que também se tornara discipulo de Jesus". “Este homem foi ter Dt 21,2223 com Pilatos e pediu o corpo de Jesus. Ent&o Pilatos ordenou que lho entregas- sem. *Tomando 0 corpo, José o envol- veu num lengol limpoe o depositou num Mc 629 tumulo totalmente novo, que mandara AUI29 Cavar para si no rochedo; a seguir, rolou 24,2; uma grande pedra na entrada do tumulo me ae € retirou-se. *'Entretanto, Maria de Mdg- Mc 1540-47, dala e a outra Maria estavam ali senta- 16,1; Le 24,10, das em frente do sepulcro. Jo 19,25 20,20 A guarda do sepulcro. “No dia seguin- te, ou seja, no dia depois da Preparagiio*, foram os sumos sacerdotes e os fariseus e. As descrigdes dos vv. 51 a 53 inclutam-se nas profecias tradicionais que anunciavam o dia do jufzo final (Am 83; Is 26,19; Ez 37,12; Dn 12,2). f. Pode-se waduzir também: que, também ele, se tornara discipulo de Jesus ou: que se fizera instruir no ensinamento de Jesus (0 mesmo verbo em Mt 13.52 e 28,19). Pode-se interpretar quer, de preferéncia, que este homem fosse origindrio de Arimatéia, cidade de Judd a nordeste de Lida (Lod), quer que estivesse chegando desta cidade ¢ fosse entrar em Jerusalém, no momento em que viu o Crucificado. 2. Preparacgdy. Esta palavea se aplicava a sexta-feira, dia em que os judeus preparavam a celebragio do shabbat. h. Os vy. 62-66, peculiares a MI. so 0 eco de uma polémica entre judeus e cristios. N&o se trata de provar a ressurreigio de Jesus, mas de responder & objeciio judaica que afirmava ter sido roubado o corpo de Jesus. i. Lit. sedutor: aquele que induz as multiddes em erro. j. Alusio aos anuncios da Paixiéo e da Ressurreig¢ao que os evangelistas relatam; eles parecem ser conhecidos no ambiente judaico no momento da redagio de Mt. k, Lit. no momento em que comegava a luzir o primeira dia. Esta express&0 alude provavelmente & aparigao da estrela ves-

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