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ZOOLOGIA

AGRÍCOLA

Aline Carneiro Silverol


Hábitos, hábitats e
modos de vida
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Definir hábitat e os tipos de dieta pertencentes ao Reino Metazoa.


 Identificar as regras da nomenclatura zoológica.
 Aplicar o Código Internacional de Nomenclatura Zoológica.

Introdução
Para compreender alguns comportamentos e características dos animais
pertencentes ao Reino Metazoa, é importante conhecer seu hábitat e
seu modo de vida, uma vez que suas necessidades alimentares podem
interferir diretamente em sua permanência em determinado hábitat. Além
disso, compreender a importância dos agrupamentos com a finalidade
de classificação, a forma como são classificados e suas regras também são
de grande relevância para os estudos relacionados à zoologia agrícola.
O estudo do comportamento alimentar de todo o Reino Metazoa
faz-se necessário para o entendimento de sua totalidade, além de ser
complementar aos estudos relacionados à agricultura. O mesmo se aplica
à classificação, que aborda a origem dos nomes das espécies, bem como
o que cada nome significa do ponto de vista hierárquico, contribuindo
para o aprendizado e para sua identificação.
Neste capítulo, você conhecerá os hábitats e os hábitos alimentares do
Reino Metazoa, aprenderá sobre a classificação taxonômica dos animais,
além de entender sobre as regras que regem o Código Internacional de
Nomenclatura Zoológica.
2 Hábitos, hábitats e modos de vida

Hábitats e hábitos alimentares do Reino


Metazoa

Hábitats
Todos os organismos são dependentes da natureza para o atendimento de
suas necessidades fundamentais, além de serem agentes de mudanças nos
sistemas naturais em que habitam. Podemos chamar essa relação de interações
entre o meio físico e o meio biológico. São essas interações que determinam
a distribuição e a abundância de organismos em diferentes ecossistemas
(SILVA et al., 2008).
De maneira geral, um hábitat é um local qualquer da superfície terrestre
onde um organismo ou um grupo pode viver. Para que os organismos habitem
esse local, uma série de condições e recursos se faz necessária, para que essa
área possa ser ocupada por determinada espécie. Podemos dizer, portanto,
que as interações entre os organismos e o ambiente limitam a distribuição da
espécie, ou seja, são essas condições que determinam o seu hábitat.
O hábitat de uma espécie deve apresentar um conjunto de condições para
que a população daquele grupo consiga manter suas necessidades vitais bá-
sicas, como alimentação, água, proteção e parceiros para reprodução. Além
disso, deve ter espaço suficiente para comportar a população da espécie de
forma viável.
A ideia de hábitat também reforça as diversas condições às quais os or-
ganismos estão expostos na superfície terrestre, ao mesmo tempo que os
organismos contribuem para a formação daquele ou de novos hábitats. Assim,
os hábitats não são estáticos ao longo do tempo e realçam a forma como a
estrutura do ambiente é percebida por cada ser vivo (SILVA et al., 2008). Os
organismos são tão influenciados pelo ambiente físico que são capazes de
alterá-lo à medida que passam a integrar a paisagem.
Os hábitats, de forma geral, podem ser aquáticos ou terrestres. A seleção
de um hábitat é o processo em que os organismos utilizam e/ou ocupam os
hábitats de forma não aleatória. Um organismo não está presente em todos
os lugares. A própria seleção natural favorece o desenvolvimento de sistemas
sensores que reconhecem quando um hábitat é adequado àquela população.
Assim, os animais escolhem as áreas mais favoráveis ao seu desenvolvimento.
Hábitos, hábitats e modos de vida 3

Hábitos alimentares do Reino Metazoa


Mais da metade dos animais presentes no planeta Terra sobrevive porque se
alimenta de outros animais (CAIN; BOWMAN; HACKER, 2018). Alguns
animais caçam outros para o seu consumo, suprindo, assim, suas necessida-
des básicas, enquanto outros consomem somente tecidos vegetais e também
satisfazem suas necessidades básicas de sobrevivência.
Cada categoria alimentar, ou nível trófico, é definida pela distância que
separa um nível do nível trófico inicial, que é o autótrofo. Os animais autótrofos
são aqueles que produzem seu próprio alimento, estando, portanto, na base
do nível trófico (Figura 1).

Figura 1. Níveis tróficos em um ecossistema mostrando a hierarquia da cadeia alimentar.


Fonte: Adaptada de Cain, Bowman e Hacker (2018).

Os animais do Reino Metazoa podem ser classificados, com relação à sua


dieta, em herbívoros, carnívoros e onívoros (CAIN; BOWMAN; HACKER,
2018).
4 Hábitos, hábitats e modos de vida

Animais herbívoros
Os animais herbívoros representam a categoria dos organismos que se alimen-
tam dos seres autótrofos. Organismos autótrofos são aqueles que produzem
seu próprio alimento, como as algas, as plantas e algumas bactérias. Quando
pensamos em cadeia alimentar, os herbívoros apresentam uma importante
função no ciclo alimentar, pois são os consumidores primários. Eles são os
responsáveis por levar as vitaminas e outros elementos importantes presentes
nas plantas para os animais carnívoros.

Relembre o funcionamento da cadeia alimentar assistindo ao


vídeo disponível no link ou código a seguir.

https://goo.gl/Luxzkd

Os herbívoros podem ser classificados de acordo com o tipo de alimento


que consomem. Eles podem ser:

 Nectarívoros: animais que se alimentam do néctar das plantas. Exemplos:


beija-flor e abelha.
 Polinívoros: animais que se alimentam do pólen das flores. Exemplos:
morcego, aranha e roedores.
 Folívoros: animais que se alimentam de folhas. Exemplos: coelho, boi
e mariposa.
 Frugívoros: animais que se alimentam de frutas. Exemplos: anta, gambá
e tucano.
 Granívoros: animais que se alimentam de sementes de plantas e grãos.
Exemplos: papagaio e galinha.

A Figura 2 traz exemplos de animais herbívoros.


Hábitos, hábitats e modos de vida 5

Figura 2. Exemplos de animais herbívoros: nectarívoro (beija-flor), polinívoro (morcego),


folívoro (coelho), frugívoro (tucano) e granívoro (galinha).
Fonte: Alissondias (2016, documento on-line), Onze de Gênesis (2017, documento on-line), Soncela
(2019, documento on-line), Aras (2019, documento on-line) e Figueiredo (2019, documento on-line).

Além de possuírem a função de alimentar outras espécies, permitindo o


fluxo de nutrientes entre plantas e animais, os herbívoros também possuem
um papel importante no ecossistema, contribuindo com a polinização das
plantas e a dispersão de sementes.
6 Hábitos, hábitats e modos de vida

Animais carnívoros
Os animais carnívoros são os seres vivos que se alimentam predominantemente
da carne de outros animais. Eles são chamados de predadores ou consumidores
e podem ser divididos em:

 Consumidores secundários: quando a fonte de alimentação é um animal


herbívoro (os herbívoros são os consumidores primários).
 Consumidores terciários: quando a fonte de alimento é outro animal
carnívoro.

Como os animais carnívoros são predadores, eles exercem uma importante


função na cadeia alimentar, pois equilibram o ecossistema, de forma a controlar
as populações das espécies das quais se alimentam (Figura 3).

Figura 3. Exemplos de animais carnívoros: tubarão, gavião e cobra.


Fonte: Vasconcelos (2018, documento on-line), Menq (2018, documento on-line) e National Geographic
(2017, documento on-line).
Hábitos, hábitats e modos de vida 7

Animais onívoros
Os animais onívoros são os seres vivos que se alimentam tanto de vegetais
quanto de animais (herbívoros e carnívoros), apresentando uma dieta bem
diversificada (Figura 4). Por essa razão, são chamados de predadores, pois
participam de toda a cadeia alimentar.

Figura 4. Exemplos de animais onívoros: porco, gambá e ser humano.


Fonte: Teixeira (2019, documento on-line) e Giuliana (2011, documento on-line).

A palavra “onívoro” tem origem latina e representa a união dos termos omnis (tudo) e
vorus (devorar), ou seja, significa “aquele que come tudo”.
8 Hábitos, hábitats e modos de vida

Os animais onívoros são classificados em: consumidores primários, pois


se alimentam de plantas; consumidores secundários, pois se alimentam de
animais herbívoros; e consumidores terciários, pois se alimentam de animais
carnívoros. Em relação ao nível trófico, os animais onívoros participam de
várias cadeias alimentares, uma vez que podem ser classificados como con-
sumidores primários, secundários ou terciários.

Nomenclatura zoológica
Devido à diversidade e à quantidade de animais existentes no planeta Terra, é
necessário nomeá-los. A nomenclatura zoológica tem a função de sistematizar
a forma como são atribuídos os nomes científicos dos animais. É um assunto
de grande importância, pois a padronização permite que qualquer pessoa, em
qualquer lugar do mundo, compreenda sobre o animal que esteja pesquisando.

A classificação e sua importância


O desenvolvimento de um trabalho de classificação de organismos envolve
duas etapas: uma analítica e uma classificatória. Na fase analítica, é realizada
uma descrição detalhada do organismo, momento em que são estabelecidas as
características que os individualizam dentre os demais organismos similares,
ou seja, é o estabelecimento da espécie. Após a observação de características
singulares, são examinadas as características comuns e as similaridades
entre as várias espécies já existentes e identificadas. Essa etapa é chamada de
classificatória, em que o trabalho leva à constituição de agrupamentos cada
vez maiores e gerais, em que são denominadas as categorias taxonômicas,
ordenadas de forma hierárquica.
A taxonomia é uma área da ciência que tem por objetivo o estudo da
classificação, o que inclui seus princípios, regras e procedimentos. Essa área
explora as causas das relações e das similaridades entre os organismos. O
objetivo, portanto, é ordenar e nomear de acordo com a nomenclatura zooló-
gica. A sistemática é a ciência que agrupa todo um conjunto de informações
sobre os organismos vivos, como sua diversidade biológica e suas relações. A
sistemática considera a diversidade dos organismos, descrevendo-os, definindo
seus hábitats e sua distribuição geográfica. Com isso, suas relações biológicas
e filogenéticas são compreendidas, possibilitando a classificação dos animais,
ou seja, a nomeação da diversidade biológica. As relações filogenéticas estão
ligadas ao conceito de filogenia. A filogenia é a história evolutiva de uma
Hábitos, hábitats e modos de vida 9

espécie ou de um grupo de espécies. As relações filogenéticas, portanto, são as


relações evolutivas que podem existir entre as espécies (REECE et al., 2015).

Para compreender melhor as relações filogenéticas e a filogenia,


assista ao vídeo disponível no link ou código a seguir.

https://goo.gl/xMZ3sU

A função principal da classificação é organizar o conhecimento por meio


do agrupamento de objetos, facilitando, assim, a comunicação entre os diversos
objetos de estudo. Os objetos são agrupados em classes ou categorias. Podemos
definir as classes ou as categorias pelas semelhanças que elas compartilham,
ou seja, suas características. Assim, em uma classificação, os objetos e suas
classes são reunidos em categorias mais amplas, originando as classificações
hierárquicas. Na hierarquia, as categorias apresentam características particu-
lares, que as tornam diferentes, e características comuns, que as reúnem nos
agrupamentos.
Na biologia e, por conseguinte, na zoologia, nossos objetos de estudo são
os seres vivos. As categorias são os diferentes táxons, e são definidas pelas ca-
racterísticas semelhantes que determinado grupo de organismos compartilham
entre si. A classificação biológica é um sistema de referência da diversidade
biológica de um agrupamento, devendo evidenciar o conhecimento sobre as
relações de proximidade entre os táxons para reconstruir a história evolutiva
de um agrupamento.
Muitos animais são conhecidos por seus nomes populares. Entretanto, cada
local ou região pode nomear o mesmo animal de forma diferente. O nome
atribuído de forma popular pode englobar um grupo amplo de organismos,
incluindo até mesmo grupos não aparentados, que não apresentam relação
filogenética.
10 Hábitos, hábitats e modos de vida

Você já viu esse animal na parede da sua casa?

Fonte: Lagartixa-Doméstica-Tropical (2019, documento on-line).

Você sabia que ele apresenta um nome diferente em cada lugar do Brasil? O nome
científico desse animal é Hemidactylus mabouia, também conhecido como lagartixa
tropical doméstica.
Os nomes populares variam de acordo com o Estado: no Espírito Santo e em alguns
lugares de Minas Gerais, a lagartixa é conhecida como taruíra. No Norte e Nordeste, ela
pode ser chamada de calango, labigó, lapixa, briba, osga, catengue ou vigora. No Sul
do Brasil, é conhecida como lagartixa e, em alguns lugares de Santa Catarina, também
é chamada de jacarezinho de parede. Imaginou a confusão que seria se usássemos os
nomes populares para definir um animal?

Regras da nomenclatura zoológica


É muito importante que haja uma padronização dos nomes dos organismos
e que seja atribuído um nome científico para determinado ser vivo. Assim,
ele será conhecido e reconhecido em qualquer lugar do mundo. Para que isso
seja possível, é necessária a existência de regras de nomenclatura, justamente
para auxiliar a padronização dos nomes.
A nomenclatura zoológica pode ser definida como uma atribuição de
nomes aos diferentes táxons das classificações, não havendo outra função em
Hábitos, hábitats e modos de vida 11

taxonomia (SIMPSOM, 1962). A classificação baseia-se no sistema lineano


(Figura 5), que expressa a nomenclatura binomial (dois nomes para identificar
gênero e espécie) e a organiza em categorias hierárquicas para fins de classi-
ficação. Para entendermos melhor o significado da nomenclatura zoológica,
vamos esclarecer os conceitos de táxon e categoria.

Espécie:
Panthera pardus

Gênero:
Panthera

Família:
Felidae

Ordem:
Carnivora

Classe:
Mannalia

Filo:
Chordata

Domínio: Reino:
Bacteria Animalia Domínio:
Archaea

Domínio:
Eukarya

Figura 5. Sistema lineano, mostrando a classificação taxonômica.


Fonte: Adaptada de Reece et al. (2015).
12 Hábitos, hábitats e modos de vida

Táxon é um grupo de organismos reconhecidos como uma unidade formal


a qualquer nível de uma classificação hierárquica (SIMPSON, 1962). No
exemplo a seguir, cada um dos nomes citados são nomes dados aos táxons
(FERREIRA JUNIOR; PAIVA, 2010):

 Animalia, Platyhelminthes, Trematoda, Strigeatida, Schistosomatidae,


Schistosoma, Schistosoma mansoni (esquistossoma ou xistossomo, cau-
sador da esquistossomose, barriga-d’água, mal-do-caramujo ou xistose).

A categoria taxonômica faz parte de determinado nível hierárquico no


qual certos táxons são classificados (FERREIRA JUNIOR; PAIVA, 2010).
As principais categorias taxonômicas são:

 domínio;
 reino;
 filo;
 classe;
 ordem;
 seção;
 família;
 tribo;
 gênero;
 espécie.

Existem também outras categorias suplementares, como coorte, falange,


entre outras, que são utilizadas quando é necessário maior nível de detalha-
mento. Sobre as categorias taxonômicas, existem algumas diretrizes que
devem ser observadas, especialmente na identificação e posterior nomeação
de um organismo.
Quando falamos em filo, estamos considerando modificações fisiológicas e
morfológicas de grande expressão, que representam uma importante alteração
estrutural, como a notocorda dos vertebrados. A classe é um grupo taxonômico
com base nas modificações ligadas às relações filogenéticas entre as classes,
ou seja, adaptações de ordem fisiológica e morfológica que conferem um
modo próprio de vida a esses indivíduos. A ordem é um grupo taxonômico
que considera um conjunto de estruturas sem relações filogenéticas evidentes.
A família é um agrupamento de gêneros com base em afinidades anatômicas
específicas, como membros locomotores e estrutura dos dentes. O gênero é
um agrupamento de espécies com grande similaridade estrutural e anatômica.
Hábitos, hábitats e modos de vida 13

A espécie é a categoria base de classificação dos organismos. Podemos definir


espécie como uma população de animais de uma área, onde ocorre cruzamento
e há produção de prole fértil (BUZZI, 1985).
A cada uma dessas categorias taxonômicas, até a categoria seção, pode-se
acrescentar os prefixos super, sub ou infra, criando novas subdivisões (FER-
REIRA JUNIOR; PAIVA, 2010). São exemplos: superfilo, subfilo, superclasse,
subclasse, infraclasse, entre outros. Para as categorias família, gênero e espécie,
pode-se acrescentar os prefixos super ou sub. são exemplos: superfamília,
supertribo, subgênero, subespécie.
Os táxons superfamília, família, subfamília, tribo e subtribo são iden-
tificados, respectivamente, pelas terminações oidea, idae, inae, ini e ina.
Utilizando o mesmo exemplo para ilustrar os táxons, mas identificando as
categorias taxonômicas, ficaria dessa forma:

 Animalia (Reino), Platyhelminthes (Filo), Trematoda (Classe), Stri-


geatida (Ordem), Schistosomatidae (Família), Schistosoma (Gênero),
Schistosoma mansoni (Espécie – esquistossoma ou xistossomo, causa-
dor da esquistossomose, barriga-d’água, mal-do-caramujo ou xistose,
nomes populares).

Código Internacional de Nomenclatura


Zoológica
O Código Internacional de Nomenclatura Zoológica é um sistema de regras e
recomendações sobre os procedimentos corretos de composição e aplicação
de nomes zoológicos. Os primeiros passos para a construção de um código
zoológico foram dados pelo sueco Carl Von Linné, botânico e médico, mais
conhecido por Lineu. Em seu livro, Systema naturae, publicado em 1758,
ele sugeriu a nomenclatura binomial, que é utilizada até hoje. Com base nas
propostas de Lineu, o Congresso Internacional de Zoologia, em 1898, criou
uma comissão para a preparação do Código Internacional de Nomenclatura
Zoológica, que entrou em vigor a partir de 1901.
O objetivo do Código Internacional de Nomenclatura Zoológica é promover
a estabilidade e universalidade dos nomes científicos dos animais, além de
garantir que cada nome seja único e distinto (BUZZI, 1985). A Comissão
Internacional de Nomenclatura Zoológica, que gerencia o Código Internacional,
adota como norma fundamental a Lei da Prioridade. A Lei da Prioridade, que
está no capítulo 1, artigo 3º, indica que o nome válido de um táxon é o nome
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disponível mais antigo aplicado a ele, que não seja anterior ao ano de 1758 (ano
em que saiu a edição do livro Systema naturae) e que não seja invalidado por
quaisquer disposições da Comissão de Nomenclatura Zoológica.
O Código Internacional de Nomenclatura Zoológica é extremamente
complexo, com muitas regras e detalhes, para garantir que todo o organismo
registrado possua nome e exclusividade. Por isso, existe uma série de regras
para nomear os organismos. Com relação à composição dos nomes dados aos
organismos, eles podem ser uninomiais, binomiais, trinomiais e tetranomiais.

a) Os nomes uninomiais são formados por somente uma palavra, um


adjetivo usado como substantivo ou um substantivo no plural. Devem
ser escritos com letra inicial maiúscula e não devem ser grifados para
denominar táxons de categorias de filo até subtribo. Para denominar
gênero, devem ser escritos com letra inicial maiúscula e devem ser
grifados. Exemplo: Aphis (gênero de abelhas).
b) Os binomiais são expressos por dois nomes e são usados para táxons da
categoria da espécie. Consistem no nome do gênero no qual a espécie
está classificada seguido do nome específico. Exemplo: Aphis mellifera.
c) Os trinomiais referem-se à utilização de três nomes e são utilizados
em táxons de categoria de subgênero e de subespécie. Quando há um
subgênero ou uma subespécie, todos devem ser grifados, como no
exemplo Glenea (Paraglenea) tigrinata (Subgênero). Quando o subgê-
nero tem o mesmo nome que o gênero, abrevia-se, como no exemplo
Formica (F.) rufa
d) Os tetranomiais são expressos por quatro nomes: gênero, subgênero,
espécie e subespécie, como no exemplo Partamona (Partamona) cupira
helleri (um tipo de abelha).

Outra regra importante trata da escrita dos nomes zoológicos. Os nomes


zoológicos de todas as categorias taxonômicas devem ser escritos a partir de
raízes latinas ou gregas ou, na ausência destas, os nomes podem ser latini-
zados. Exemplos:

Bufo marinus: sapo


Bos taurus: boi
Felis tigris: tigre
Felis leo: leão
Hábitos, hábitats e modos de vida 15

Ficou curioso para saber como é feita a latinização dos nomes?


No site da Comissão Internacional de Nomenclatura Zoo-
lógica, existe um documento para auxiliar a latinização dos
termos para quem nomear suas descobertas. Confira no link
ou código a seguir.

https://goo.gl/QVfmN8

Se o nome a ser utilizado para nomear um ser vivo fizer referência a um


nome geográfico, que são nomes próprios e não aceitam tradução, eles devem
ser latinizados. Por exemplo, macacos encontrados ao Sul da África do Sul
foram nomeados como Australopithecus africanus.
Existem também casos em que os organismos podem ser nomeados com
nomes de pessoas, a fim de homenageá-las. São chamados de nomes patroní-
micos, nomes próprios que também não têm tradução. Os nomes patronímicos
devem ser latinizados de acordo com o gênero: nomes masculinos terminam em
i, e nomes femininos terminam em ae. Por exemplo, Tosanoides obama, que
foi uma espécie de peixe descoberta em 2016, recebeu seu nome em referência
a Barak Obama, na época, presidente dos Estados Unidos.
Quando um organismo é nomeado, a nomenclatura deve atentar, em um
primeiro momento, para a composição do nome da espécie. O nome da espécie
é sempre binominal: o primeiro nome identifica o gênero (genérico); o segundo
identifica o nome específico (que é diferente do nome da espécie). O nome
genérico é escrito com a primeira letra maiúscula, e o nome específico, com
a primeira letra minúscula. Assim, o nome da espécie será o nome genérico
mais o nome específico. Por exemplo, Homo sapiens (Homo é o gênero, e
sapiens é a espécie).
O Código Internacional de Nomenclatura Zoológica (ou International Code
of Zoological Nomenclature) possui 18 capítulos e 90 artigos, que regem sobre
as normas de nomenclatura, sobre as formas de registro, entre outras prerro-
gativas. Podemos citar alguns dos principais artigos do Código Internacional
de Nomenclatura Zoológica:
16 Hábitos, hábitats e modos de vida

Art. 2º A nomenclatura zoológica é independente da nomenclatura botânica


ou outras.
Art. 5º O nome da espécie é binominal e o da subespécie é trinomial. O primeiro
nome é indicativo do gênero; o segundo, da espécie, e o terceiro, da subespécie.
Art. 6º O subgênero, quando citado, é colocado entre o gênero e a espécie e
entre parênteses.
Art. 22. A data da publicação de um nome, se citada, segue o nome do autor
com uma vírgula interposta. Aphis mellifera Lin., 1758.
Art. 28. Os nomes de famílias e gêneros devem iniciar com letra maiúscula,
e os nomes das espécies, com letra minúscula.
Art. 29. O nome da família é formado pela adição da terminação idae ao
gênero-tipo e, no caso de subfamília, pela adição da terminação inae ao
gênero-tipo. Família Papilionidae, deriva do Gênero Papilio.
Art. 51. O nome do autor não faz parte do nome de um táxon, e sua citação é
opcional (INTERNATIONAL..., 1999, documento on-line).

Se você ficou curioso para saber como é o Código Internacional


de Nomenclatura Zoológica e como estão dispostos os artigos
e as normas que regem a classificação dos animais, acesse o
link ou código a seguir.

https://goo.gl/8uuLxG

ALLISSONDIAS. Ficheiro: Beija-flor-de-barriga-branca (Amazilia leucogaster) Ilhéus.


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ARAS, L. Tucano. In: Todoestudo. São Paulo, 2019. Disponível em: https://www.todoes-
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BUZZI, Z. J. Entomologia didática. Curitiba: Ed. UFP, 1985.
CAIN, M. L.; BOWMAN, W. D.; HACKER, S. D. Ecologia. Porto Alegre: Artmed, 2018.
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FERREIRA JUNIOR, N.; PAIVA, P. C. Introdução à zoologia. Rio de Janeiro: Fundação


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18 Hábitos, hábitats e modos de vida

Leituras recomendadas
PAPAVERO, N. (org.). Fundamentos práticos de taxonomia zoológica: coleções, bibliografia,
nomenclatura. 2. ed. São Paulo: Ed. UNESP, 1994.
SADAVA, D. Vida: a ciência da biologia: evolução, diversidade e ecologia. 8. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2010. v. 2.

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