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(FICHAMENTO) A Interiorização Da Metrópole
(FICHAMENTO) A Interiorização Da Metrópole
Interiorização da metrópole e
outros estudos. 1 ed. São Paulo: Alameda, 2005, pp. 7-38.
Dias analisa que a maioria dos autores que escrevem sobre a independência do Brasil
ainda possuem certos “vícios” e se utilizam de termos e conceitos europeus quando publicam
seus estudos sobre o episódio histórico. Até os dias atuais, alguns estudiosos se utilizam do
exemplo dos Estados Unidos e tentam colocar a nação brasileira em um modelo esquemático
de revolução que desencadeou uma mudança social e estrutural em todo o Estado.
[...] nossa historiografia, [...] ainda não se descartou completamente de certos vícios
de interpretação provocados por enfoques europeizantes, que distorcem o processo
brasileiro entre os quais avulta o da imagem de Rousseau do colono quebrando os
grilhões do jugo .da metrópole; ou da identificação com o liberalismo e o
nacionalismo próprios da grande revolução burguesa na Europa. (DIAS, página 11)
Talvez os portugueses não perceberam, naquela época, que a vinda da Corte em 1808
por si só já significava uma ruptura com o antigo reino e com o pacto colonial, surgindo
contraposições entre aqueles portugueses que permaneceram em Lisboa e os que agora
habitavam na nova Corte. Ademais, antes mesmo nessas novas divergências entre os
portugueses, já haviam tensões e conflitos internos advindos da Revolução Francesa, explica a
autora.
A autora também destaca em seu texto as pesquisas que nos levam a compreender o
elitismo presente no Brasil colônia, fundamental para entendermos as relações da metrópole
interiorizada. A interdependência dos interesses administrativos, rurais e comerciais e a
ameaça de uma fragmentação do poder tendo em vista a fraqueza das classes dominantes
foram fatores que contribuíram para o modelo de metrópole estabelecido após a
Independência. Contudo, os conflitos, cada vez mais discrepantes dado a dicotomia do
absolutismo versus a política mercantilista, foram o pontapé para o início das transformações
que finalmente viriam a acontecer nesse período.
Além disso, a crítica de Dias se dá pelo fato dos atuais pesquisadores utilizarem
conceitos europeus para estudarem a independência de um país latinoamericano, como o
liberalismo e o nacionalismo da própria Europa, com “certos vícios de interpretação
provocados por enfoques europeizantes, que distorcem o processo brasileiro” (p. 11). Por
tanto, somente quando estudarmos as especificidades brasileiras sem os vícios do
eurocentrismo poderemos, então, entender a formação da consciência nacional brasileira.