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JUSTIÇA RESTAURATIVA E EMERGÊNCIA DA CIDADANIA DA DICÇÃO DO DIREITO A

CONSTRUÇÃO DE UM NOVO PARADIGMA DE JUSTIÇA CRIMINAL

Raquel Tiveron

PARTE I – A CRISE DO PARADIGMA PUNITIVO: TUDO QUE É SOLIDO DESMANCHA NO


AR?

CAPÍTULO I - O SISTEMA PENAL POSTO EM QUESTÃO CRISE DE LEGITIMIDADE DA PENA


DE PRISÃO?

O livro Justiça Restaurativa e emergência da cidadania da dicção do direito: A construção


de um novo paradigma de justiça criminal é uma obra importante e inovadora que
discute a necessidade de um novo paradigma de justiça criminal, baseado na justiça
restaurativa.

O livro é dividido em três partes: a primeira parte discute o sistema penal atual e suas
falhas; a segunda parte apresenta a justiça restaurativa como uma alternativa ao
sistema penal; e a terceira parte discute os desafios e as possibilidades da justiça
restaurativa no Brasil.

O capítulo 1 do livro, O sistema penal posto em questão: crise de legitimidade da pena


de prisão? discute a crise de legitimidade do sistema penal atual. A autora, Raquel
Tiveron, argumenta que o sistema penal atual é baseado na ideia de punição, que é uma
ideia retributiva da pena. A punição retributiva visa a causar sofrimento ao criminoso
como forma de retribuir o crime que ele cometeu.

O paradigma retributivo prevê a aplicação de uma pena a pessoa em conflito com a lei
como forma de punição pelo seu crime. No entanto, a autora argumenta que a pena de
prisão não cumpre os seus objetivos. Em primeiro lugar, a prisão não é um dissuasor
eficaz do crime. Em segundo lugar, a prisão não é uma forma de ressocialização do
criminoso. Em terceiro lugar, a prisão tem um impacto negativo na vítima do crime.

O sistema penal contemporâneo fundamenta-se na concepção de isolamento, buscando


afastar o indivíduo envolvido em transgressões, da sociedade, com o intuito de
salvaguardá-la do infrator. Contudo, essa abordagem isolacionista pode,
paradoxalmente, acentuar a propensão à violência. A autora, por sua vez, sustenta a
importância de reintegrar o indivíduo em conflito com a lei na comunidade, em vez de
seguir esse caminho de isolamento.

O livro em comento, explora a urgência de um paradigma de justiça criminal revitalizado.


Sua abordagem é ancorada na justiça restaurativa como uma alternativa viável ao
sistema punitivo vigente.

A visão da autora é de que a justiça restaurativa apresenta-se como uma opção mais
eficaz quando comparada à sentença de encarceramento. Esse método concentra-se na
reparação dos danos decorrentes do crime, englobando a participação da vítima, do
infrator e da comunidade. O cerne da justiça restaurativa é a busca pela restauração da
tranquilidade e da concórdia entre todos os envolvidos no delito.

A conclusão do capítulo pela autora enfatiza que a justiça restaurativa emerge como um
método mais equitativo e compassivo para abordar transgressões criminais. Essa
abordagem se concentra na resolução dos conflitos entre as partes afetadas pelo crime
e na reparação dos danos causados por ele. Além disso, a justiça restaurativa
desempenha um papel crucial na fomentação da paz e da concórdia dentro da
comunidade.

Em síntese, a autora oferece uma análise crítica perspicaz do sistema penal


convencional, destacando a ineficácia da pena de prisão e seu impacto adverso na
sociedade. Nesse contexto, a justiça restaurativa surge como uma alternativa mais
efetiva e compassiva para enfrentar o crime. Ela não apenas busca resolver os conflitos
entre os envolvidos e reparar os danos resultantes, mas também desempenha um papel
crucial na promoção da paz e harmonia dentro da comunidade.

Aqui estão algumas das principais conclusões do livro:

 O sistema penal atual é baseado na ideia de punição, que é uma ideia retributiva.
 A punição retributiva não é eficaz na prevenção do crime.
 O sistema penal atual é baseado na ideia de isolamento.
 O isolamento pode na verdade aumentar o risco de violência.
 É importante reintegrar a pessoa em conflito com a lei na sociedade.
 A justiça restaurativa é uma abordagem alternativa ao sistema penal atual que
se concentra na reparação do dano causado pelo crime, na reconciliação entre o
criminoso e a vítima, e na reintegração do criminoso na sociedade.
 A justiça restaurativa tem sido usada com sucesso em muitos países, e há
evidências de que ela é mais eficaz na prevenção do crime do que o sistema penal
atual.

PONTOS CENTRAIS - CAPÍTULO I


A pena de prisão, historicamente vista como uma resposta eficaz à criminalidade,
enfrenta críticas significativas em várias frentes. Alguns dos pontos que podem ser
abordados em uma análise crítica sobre a crise de legitimidade da pena de prisão
incluem:

1. Eficácia na Reabilitação: A pena de prisão nem sempre demonstrou ser eficaz na


reabilitação de infratores. Taxas de reincidência muitas vezes altas lançam
dúvidas sobre sua capacidade de reformar comportamentos criminosos.
2. Custos Sociais e Financeiros: A prisão tem um custo elevado, tanto em termos
financeiros como sociais. A manutenção de um sistema penitenciário
sobrecarregado pode desviar recursos que poderiam ser usados em programas
mais produtivos, como prevenção do crime e assistência a vítimas.
3. Impacto nas Comunidades e Famílias: A prisão frequentemente separa os
infratores de suas famílias e comunidades, o que pode ter efeitos prejudiciais
duradouros. Isso pode levar a laços enfraquecidos, rupturas familiares e maior
dificuldade na reintegração após a libertação.
4. Discriminação e Desigualdade: A prisão pode exacerbar desigualdades
existentes, uma vez que minorias étnicas e grupos socioeconômicos
desfavorecidos muitas vezes são mais afetados pelas políticas criminais. Isso
levanta questões sobre a justiça e equidade do sistema.
5. Ênfase na Punição em Detrimento da Reparação: Críticos argumentam que o
foco excessivo na punição pode obscurecer a importância de restaurar as vítimas
e resolver danos causados à comunidade.
Nesse contexto, a justiça restaurativa tem emergido como uma abordagem alternativa
à justiça criminal tradicional. A justiça restaurativa busca envolver as partes
interessadas, incluindo vítimas, infratores e a comunidade, em processos colaborativos
para reparar o dano causado pelo crime. Ela coloca ênfase na responsabilização, no
diálogo e na restauração, em vez de apenas na punição.

Em uma análise crítica do Capítulo I do livro "Justiça Restaurativa e Emergência da


Cidadania," seria importante examinar como a autora aborda a crise de legitimidade da
pena de prisão e como ela apresenta a justiça restaurativa como um novo paradigma de
resposta ao crime. Isso poderia incluir uma avaliação das evidências fornecidas, das
perspectivas teóricas exploradas e das implicações práticas da proposta de um novo
modelo de justiça criminal. Além disso, seria relevante considerar como a autora
contextualiza sua análise dentro do cenário jurídico, social e político mais amplo.

POSSÍVEIS DESAFIOS E BENEFÍCIOS ASSOCIADOS À ADOÇÃO DA JUSTIÇA


RESTAURATIVA COMO UM NOVO PARADIGMA DE JUSTIÇA CRIMINAL:

DESAFIOS:

1. Mudança Cultural: A transição de um sistema penal tradicional para um modelo


de justiça restaurativa pode exigir uma mudança cultural profunda, tanto por
parte das instituições judiciais quanto da sociedade em geral. Isso pode
enfrentar resistência devido à familiaridade com o sistema atual.
2. Complexidade dos Casos: Nem todos os casos podem ser adequadamente
tratados pela justiça restaurativa. Crimes graves ou casos em que a segurança
das vítimas ou da comunidade esteja em risco podem apresentar desafios na
aplicação dessa abordagem.
3. Equidade e Participação: Garantir a equidade de participação de todas as partes
envolvidas (vítimas, infratores e comunidade) pode ser difícil. A presença
desigual de poder ou a falta de acesso a recursos pode impactar a dinâmica dos
processos restaurativos.
BENEFÍCIOS:

1. Restauração e Reparação: A justiça restaurativa enfatiza a reparação do dano


causado pelo crime, proporcionando uma oportunidade para as vítimas
expressarem suas necessidades e sentimentos. Isso pode contribuir para uma
sensação de justiça mais holística.
2. Empoderamento das Partes Interessadas: Envolvendo as partes interessadas no
processo de resolução de conflitos, a justiça restaurativa pode capacitar vítimas
e infratores a desempenharem um papel ativo na busca por soluções.
3. Redução da Recorrência Criminal: Ao abordar as causas subjacentes do crime e
enfatizar a responsabilização pessoal, a justiça restaurativa pode potencialmente
reduzir as taxas de reincidência, proporcionando uma abordagem mais eficaz
para lidar com o comportamento criminoso.
4. Custo-Efetividade: Em comparação com o sistema penal tradicional, a justiça
restaurativa pode ser mais econômica, uma vez que envolve menos custos
associados à detenção e ao sistema prisional.
5. Reconstrução de Comunidades: A justiça restaurativa pode contribuir para a
reconstrução e fortalecimento das comunidades, uma vez que envolve diálogo e
cooperação entre os membros da comunidade.

No entanto, é importante considerar que a adoção da justiça restaurativa não implica


necessariamente na eliminação completa da pena de prisão. Pode ser mais realista
pensar em uma complementaridade entre abordagens restaurativas e sanções
tradicionais, com base na gravidade do crime e nas necessidades das partes envolvidas.

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