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Fichamento - Capítulo Ii - Raquel Tiveron
Fichamento - Capítulo Ii - Raquel Tiveron
No século XIX, a prisão passou a ser usada de forma mais generalizada, como forma de
controlar a criminalidade crescente. Nesse período, o sistema penal foi baseado na ideia
de retribuição, ou seja, o criminoso deveria sofrer uma pena proporcional ao crime que
cometeu. A prisão, portanto, era vista como uma forma de punir o criminoso e de
dissuadir outros de cometer crimes.
No século XX, o sistema penal passou a ser baseado na ideia de prevenção, ou seja, o
objetivo do sistema penal é prevenir que os crimes aconteçam. Nesse período, a prisão
passou a ser usada de forma mais intensiva, como forma de incapacitar os criminosos
de cometer crimes e de proteger a sociedade.
A autora argumenta que a prisão não é eficaz na prevenção do crime. Pelo contrário, a
prisão pode até mesmo aumentar o risco de reincidência. Isso ocorre porque a prisão é
um ambiente de violência e de privação de liberdade, que pode levar os presos a se
envolverem em mais crimes quando saírem da prisão.
A autora também argumenta que a prisão é um fator criminógeno. Isso ocorre porque
a prisão pode levar os presos a se envolverem em atividades criminais dentro da prisão,
como o tráfico de drogas e o contrabando de armas. Além disso, a prisão pode levar os
presos a desenvolverem problemas de saúde mental e de dependência química, que
podem torná-los mais propensos a cometer crimes quando saírem da prisão.
A autora conclui o capítulo argumentando que a prisão não é uma solução para o
problema da criminalidade. Pelo contrário, a prisão é um problema social que precisa
ser resolvido. A autora defende a adoção de políticas públicas que promovam a justiça
restaurativa, como a mediação, a conciliação e a negociação, como alternativas à prisão.
A seguir, estão alguns dos subtítulos do capítulo II e uma breve análise de cada um:
Um estudo realizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 2019 mostrou que 40%
dos presos no Brasil têm algum tipo de transtorno mental. O mesmo estudo mostrou
que 22% dos presos são dependentes de drogas. Esses problemas de saúde mental e de
dependência química podem ser agravados pelo ambiente prisional, o que torna os
presos mais propensos a cometer crimes quando saírem da prisão.
A prisão não é eficaz na ressocialização dos presos. Pelo contrário, a prisão pode levar
os presos a se envolverem em atividades criminais dentro da prisão, como o tráfico de
drogas e o contrabando de armas. Além disso, a prisão pode levar os presos a
desenvolverem problemas de saúde mental e de dependência química, que podem
torná-los mais propensos a cometer crimes quando saírem da prisão.
Um estudo realizado pela Universidade de Cambridge em 2016 mostrou que a prisão
tem um impacto negativo na reincidência criminal. O estudo mostrou que os presos que
são condenados a penas de prisão têm uma probabilidade 20% maior de serem
recondenados do que os presos que são condenados a penas alternativas, como a
liberdade condicional.
A realidade carcerária
A perversidade no cumprimento da pena faz com que o ofensor se torne, uma nova
vítima, pois, a resposta à violência, é outro tipo de violência, a estatal. O sistema penal
acaba por endurecer o condenado, jogando-o contra a ‘ordem social’.
- Insegurança
- Embrutecimento
- Solidão
- Ociosidade
- Abando da família
- Desajuste sexual
“Síndrome de vitimização do cárcere” – o condenado tende a sentir credor da sociedade.
Desvantagens do cárcere:
Nesses moldes a prisão é mais do que forma abstrata de liberdade, pois, ela tem
momentos de aflição física e psicológica. Esse cenário é gerador da reincidência,
desmoronando a ideia de ressocialização.
O Brasil possui uma das maiores populações carcerárias do mundo, com mais de 700 mil
pessoas presas.
As prisões brasileiras estão superlotadas, com uma taxa de ocupação média de 170%.
As condições de higiene e segurança nas prisões são precárias.
A teoria nothing works, ou "nada funciona", é uma teoria criminológica que defende que
a prisão não é eficaz na prevenção do crime. Essa teoria é baseada em pesquisas que
demonstraram que a prisão não tem um efeito dissuasório sobre a criminalidade.
A teoria nothing works ganhou força nos anos 1970, quando um grupo de pesquisadores
americanos, liderados por Robert Martinson, publicou uma série de estudos que não
encontraram evidências de que a prisão fosse eficaz na redução da criminalidade.
A ideia de Robert Martinson com essa pesquisa era obter o esvaziamento das prisões,
entretanto, o efeito foi contrário. O sistema carcerário Norte Americano, entendeu que
se nada funciona e não se pode ressocializar, então serão aplicadas penas mais duras
para neutralizar o infrator.
A pena de morte é cruel porque implica a privação arbitrária da vida de uma pessoa. A
vida é um direito inalienável e intransferível que não pode ser tirado por ninguém,
mesmo pelo Estado. A pena de morte é também desumana porque causa sofrimento
físico e emocional intenso ao condenado. O processo de execução, seja por injeção letal,
cadeira elétrica ou outro método, é sempre doloroso e degradante.
Por todas essas razões, a pena de morte é uma punição que deve ser abolida em todos
os países. Ela é um anacronismo que não tem lugar em uma sociedade civilizada.
A pena de morte não é um dissuasor eficaz do crime. Não há evidências de que ela leve
as pessoas a cometerem menos crimes.
A pena de morte é cruel e desumana. Ela causa sofrimento físico e emocional intenso
ao condenado.
Just deserts
A teoria do just deserts (no sentido de “apenas o merecido”) defende que a punição
deve ser proporcional à gravidade da infração cometida. Assim como o nothing works
de Robert Martinson, os princípios retributivos do just deserts influenciaram a retirada
da ideia de reabilitação do modelo americano (VON HIRSCHI, 1985, p. 19- 26).
O tratamento igualitário para crimes semelhantes, não leva em conta fatores estruturais
e econômicos, tais como a pobreza.
- Falta de Flexibilidade: Um sistema penal baseado na just deserts pode não permitir
ajustes adequados às circunstâncias individuais. Isso pode levar a situações em que
penas mínimas obrigatórias são aplicadas indiscriminadamente, mesmo quando casos
específicos exigiriam soluções mais justas e eficazes.
- Perpetuação de Vingança em Vez de Justiça: A busca pela just deserts pode, em alguns
casos, se transformar em uma busca por vingança. Isso não só prejudica o indivíduo
condenado, mas também não contribui para a construção de uma sociedade mais
segura e coesa.
Teorias como o just deserts — que em tese poderiam garantir um sistema justo e
imparcial de justiça por meio da aplicação dos princípios de coerência e de
proporcionalidade — necessitam ser cuidadosamente equilibradas com outras mais
flexíveis, como a justiça restaurativa, que permitam a consideração de circunstâncias
individuais e do impacto das desigualdades estruturais, tanto no comportamento
ofensivo quanto no processo de criminalização (BARTON, A., 2004, p. 2).
Poderia a pena de prisão ser abolida?
Maíra Rocha Machado atribui parte da responsabilidade por essa desinformação pública
aos próprios operadores do direito, que poderiam valer-se de oportunidades em que
estão em evidência para esclarecer à população sobre meios alternativos e mais eficazes
que a prisão.
“Não precisamos de um Direito Penal melhor, mas de algo melhor do que o Direito
Penal”.