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Informativos Resumidos 2020
Informativos Resumidos 2020
INFORMATIVOS
STF / STJ
COMENTADOS
RESUMIDOS
Setembro/2020
Bons estudos!
Gustavo @diaskershaw
• SERVIDORES PÚBLICOS
Constitucionalidade do art. 40, § 18 da CF/88 e do art. 9º da EC
41/2003
É constitucional o art. 40, § 18, da CF/88, incluído pela EC 41/2003:
Art. 40 (...) § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de
aposentadorias e pensões concedidas pelo regime de que trata este
artigo que superem o limite máximo estabelecido para os benefícios
do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, com
percentual igual ao estabelecido para os servidores titulares de
cargos efetivos. Também é constitucional o art. 9º da EC 41/2003:
Art. 9º Aplica-se o disposto no art. 17 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias aos vencimentos, remunerações e
subsídios dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da
administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes
políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória
percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais
ou de qualquer outra natureza.
STF. Plenário. ADI 3133/DF, ADI 3143/DF e ADI 3184/DF, Rel. Min.
Cármen Lúcia, julgado em 24/6/2020 (Info 983).
• RESSARCIMENTO AO ERÁRIO
É prescritível a pretensão de ressarcimento ao erário fundada em
decisão do Tribunal de Contas.
Importante!!!
STF. Plenário. RE 636886/AL, Rel. Alexandre de Moraes, julgado em
20/04/2020 (Repercussão Geral – Tema 899) (Info 983 – clipping).
• SERVIDORES PÚBLICOS
Servidor público municipal, que se aposenta pelo INSS (em razão de
o Município não ter RPPS), é afastado do cargo pelo fato de a
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• ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
STF. Plenário. ADI 2167/RR, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o
ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 3/6/2020 (Info 980).
• CONSELHOS PROFISSIONAIS
É inconstitucional a suspensão do exercício profissional em razão do
inadimplemento de anuidades devidas à entidade de classe
Importante!!!
O Estatuto da OAB (Lei nº 8.906/94) prevê que o advogado que
deixar de pagar as contribuições devidas à OAB (anuidades) pratica
infração disciplinar (art. 34, XXIII, da Lei nº 8.906/94) e pode ser
suspenso do exercício, ficando proibido de exercer a advocacia
• CONCURSO PÚBLICO
A equiparação de carreira de nível médio a outra de nível superior
constitui ascensão funcional, vedada pelo art. 37, II, da CF/88.
STF. Plenário. ADI 3199, Rel. Roberto Barroso, julgado em
20/04/2020 (Info 977).
• SERVIDORES PÚBLICOS
Lei estadual pode exigir que servidor more no Município onde atua,
mas não pode exigir que ele peça autorização todas as vezes em que
for sair da localidade.
A regra que estabelece a necessidade de residência do servidor no
município em que exerce suas funções é compatível com a
Constituição de 1988, a qual já prevê obrigação semelhante para
magistrados, nos termos do seu art. 93, VII.
Por outro lado, viola a Constituição a lei estadual que proíba a saída
do servidor do Município sede da unidade em que atua sem
autorização do superior hierárquico. Essa previsão configura grave
violação da liberdade fundamental de locomoção (art. 5º, XV, da
CF/88) e do devido processo legal (art. 5º, LIV).
STF. Plenário. ADPF 90, Rel. Luiz Fux, julgado em 03/04/2020 (Info
977).
• AUTOTUTELA
• CONCURSO PÚBLICO
O prazo para se questionar a preterição de nomeação de candidato
em concurso público é de 5 anos, contado da data em que o outro
servidor foi nomeado no lugar do aprovado.
Nos casos de preterição de candidato na nomeação em concurso
público, o termo inicial do prazo prescricional quinquenal recai na
• PROCESSO ADMINISTRATIVO
O cadastro e o peticionamento no Sistema Eletrônico de Informações
denotam a ciência de que o processo administrativo tramitará de
forma eletrônica.
O cadastro e o peticionamento no Sistema Eletrônico de Informações
denotam a ciência de que o processo administrativo tramitará de
forma eletrônica.
Caso concreto: determinada interessada estava participando de
processo administrativo no âmbito da administração pública federal;
o processo “físico” foi migrado para “eletrônico”; a interessada fez
cadastro neste sistema eletrônico, aceitou as condições e chegou a
peticionar eletronicamente; ela foi, então, intimada eletronicamente
para apresentar documentos e não o fez; diante disso, perdeu o
direito de contratar com o Poder Público; em seguida, alegou, em
mandado de segurança, que não foi oficialmente informada de que a
comunicação dos atos administrativos do seu processo seria realizada
exclusivamente por meio eletrônico; o STJ não aceitou a
argumentação.
STJ. 1ª Seção. MS 24.567-DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado
em 11/03/2020 (Info 667).
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• CONCURSO PÚBLICO
Em casos excepcionais, em que a restauração da estrita legalidade
ocasionaria mais danos sociais que a manutenção da situação
consolidada pelo decurso do tempo, a jurisprudência do STJ é firme
no sentido de admitir a aplicação da teoria do fato consumado.
Importante!!!
Em regra, o STJ acompanha o entendimento do STF e decide que é
inaplicável a teoria do fato consumado aos concursos públicos, não
sendo possível o aproveitamento do tempo de serviço prestado pelo
servidor que tomou posse por força de decisão judicial precária, para
efeito de estabilidade.
Contudo, em alguns casos, o STJ afirma que há a solidificação de
situações fáticas ocasionada em razão do excessivo decurso de tempo
entre a liminar concedida e os dias atuais, de maneira que, a
reversão desse quadro implicaria inexoravelmente em danos
desnecessários e irreparáveis ao servidor.
Em outras palavras, o STJ entende que existem situações
excepcionais nas quais a solução padronizada ocasionaria mais danos
sociais do que a manutenção da situação consolidada, impondo-se o
distinguishing, e possibilitando a contagem do tempo de serviço
prestado por força de decisão liminar, em necessária flexibilização da
regra. Caso concreto: determinado indivíduo prestou concurso para o
cargo de Policial Rodoviário Federal e foi aprovado nas provas
teóricas, tendo sido, contudo, reprovado em um dos testes práticos.
O candidato propôs mandado de segurança questionando esse teste.
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• SERVIDORES PÚBLICOS
Escrevente notarial do Estado de São Paulo que se aposentou
segundo as regras da Lei estadual nº 10.393/70 pode ser atingido
pelas regras da Lei estadual 14.016/2010, que alterou a forma de
reajuste das aposentadorias e aumentou as alíquotas da contribuição
previdenciária.
Baixa relevância para concursos
Escrevente notarial do Estado de São Paulo que se aposentou
segundo as regras da Lei estadual nº 10.393/70 pode ser atingido
pelas regras da Lei estadual 14.016/2010, que alterou a forma de
reajuste das aposentadorias e aumentou as alíquotas da contribuição
previdenciária.
A Lei estadual nº 14.016/2010 previu novos critérios para os
reajustes futuros da aposentadoria e, conforme jurisprudência do
STF, não existe direito adquirido à manutenção de regime jurídico
anterior.
A Lei estadual 10.393/70 indexava a aposentadoria ao valor do
salário-mínimo, o que é expressamente vedado pelo art. 7º, IV, da
Constituição Federal. Nesse sentido também é a Súmula Vinculante 4.
A alíquota da contribuição previdenciária também é perfeitamente
possível considerando que não existe direito adquirido a regime
jurídico e, a contribuição previdenciária possui natureza jurídica
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• BENS PÚBLICOS
As terras devolutas pertencem, em regra, aos Estados-membros,
com exceção daquelas indispensáveis à defesa das fronteiras, das
fortificações e construções militares, das vias federais de
comunicação e à preservação ambiental, que são de propriedade da
União.
As terras devolutas pertencem, em regra, aos Estados-membros, com
exceção daquelas indispensáveis à defesa das fronteiras, das
fortificações e construções militares, das vias federais de
comunicação e à preservação ambiental, que são de propriedade da
União (art. 20, II, da CF/88).
As terras devolutas pertencem aos Estados-membros desde a
Constituição de 1891, que delas excetuava apenas a porção do
território indispensável para a defesa das fronteiras, fortificações,
construções militares e estradas de ferro federais.
Esse mesmo tratamento jurídico foi mantido, com pequenas
variações, nas Constituições de 1934, 1937, 1946, 1967, EC 1 de
1969 e, finalmente, na Constituição Federal de 1988.
Caso concreto: no Estado de São Paulo havia uma grande área que
era considerada como terra devoluta. Diante disso, em 1939, o
Estado ajuizou ação discriminatória para regularizar essa área, tendo
o pedido sido julgado procedente, com a expedição de títulos de
domínio das terras em favor do autor.
A União, posteriormente, propôs ação anulatória alegando que as
referidas terras seriam de sua propriedade desde 1872, por
anexação.
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• CONCURSO PÚBLICO
Cabe à Justiça Comum (estadual ou federal) julgar ações contra
concurso público realizado por órgãos e entidades da Administração
Pública para contratação de empregados celetistas.
Importante!!!
Compete à Justiça comum processar e julgar controvérsias
relacionadas à fase pré-contratual de seleção e de admissão de
pessoal e eventual nulidade do certame em face da Administração
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• APOSENTADORIA
O Tribunal de Contas tem o prazo de 5 anos para julgar a legalidade
do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão,
prazo esse contado da chegada do processo à Corte de Contas.
Importante!!!
Atualize seus livros!
Em atenção aos princípios da segurança jurídica e da confiança
legítima, os Tribunais de Contas estão sujeitos ao prazo de cinco anos
para o julgamento da legalidade do ato de concessão inicial de
aposentadoria, reforma ou pensão, a contar da chegada do processo
à respectiva Corte de Contas.
STF. Plenário. RE 636553/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
19/2/2020 (repercussão geral – Tema 445) (Info 967).
• LEI DA RELICITAÇÃO
As normas previstas na Lei da Relicitação (Lei 13.448/2017) para a
prorrogação antecipada dos contratos de concessão são compatíveis
com os princípios constitucionais da eficiência, da razoabilidade, da
impessoalidade, da moralidade e da competitividade.
As normas previstas na Lei da Relicitação para a prorrogação
antecipada dos contratos de concessão não violam os princípios
constitucionais da eficiência, da razoabilidade, da impessoalidade, da
moralidade e da competitividade.
As regras complementam os requisitos da legislação geral (Lei nº
8.987/95) sobre o regime de concessão de serviços públicos, que
exige a regularidade, a continuidade, a eficiência, a segurança e a
fixação de tarifas em valores razoáveis (modicidade). A prorrogação é
analisada caso a caso e está sujeita à fiscalização da agência
reguladora. Vale ressaltar, ainda, que o contrato deve ser submetido
à consulta pública, havendo ainda a necessidade de encaminhar ao
TCU o termo aditivo para análise final.
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• RESPONSABILIDADE CIVIL
Pretensão dos acionistas de serem indenizados pela União e pela
Petrobrás pelos prejuízos causados em decorrência da desvalorização
dos ativos da Companhia, por conta da Lava Jato, deverá ser ajuizada
na Justiça Federal de 1ª instância (e não por arbitragem).
Importante!!!
A União, na condição de acionista controladora da Petrobras, não
pode ser submetida à cláusula compromissória arbitral prevista no
Estatuto Social da Companhia, seja em razão da ausência de lei
autorizativa, seja em razão do próprio conteúdo da norma
estatutária.
Caso concreto: um grupo de acionistas da Petrobrás formulou
requerimento para instauração de procedimento arbitral perante a
Câmara de Arbitragem do Mercado (CAM-BOVESPA) contra a União e
a Petrobrás, no qual pedem o ressarcimento pelos prejuízos
decorrentes da desvalorização dos ativos da Petrobras, em razão dos
desgastes oriundos da Operação Lava Jato.
O procedimento foi instaurado com base no art. 58 do Estatuto Social
da Petrobrás, onde consta uma cláusula compromissória dizendo que
as disputas que envolvam a Companhia, seus acionistas,
administradores e conselheiros fiscais deverão ser resolvidas por
meio de arbitragem.
A União afirmou que não estava obrigada a participar dessa
arbitragem, argumento que foi acolhido pelo STJ.
STJ. 2ª Seção. CC 151.130-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd.
Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 27/11/2019 (Info 664).
• ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
É inconstitucional lei estadual que obrigue a participação de
representante da seccional da OAB em órgão colegiado da
Administração Pública estadual.
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• CONCURSO PÚBLICO
Não é legítima a cláusula de edital de concurso público que restrinja a
participação de candidato pelo simples fato de responder a inquérito
ou a ação penal, salvo se essa restrição for instituída por lei e se
mostrar constitucionalmente adequada.
Importante!!!
Sem previsão constitucionalmente adequada e instituída por lei, não
é legítima a cláusula de edital de concurso público que restrinja a
participação de candidato pelo simples fato de responder a inquérito
ou a ação penal.
STF. Plenário. RE 560900/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
5 e 6/2/2020 (repercussão geral – Tema 22) (Info 965).
• AGENTES PÚBLICOS
Os médicos cooperados estrangeiros não possuem direito adquirido
de permanecer no Projeto Mais Médicos Inexiste direito adquirido
para os médicos cooperados estrangeiros de permanecer nos quadros
de agentes públicos da saúde pública, ainda que já tenham sido
vinculados ao Projeto Mais Médicos para o Brasil.
STJ. 2ª Turma. RO 213-DF, Rel. Min. Mauro Campbell Marques,
julgado em 05/12/2019 (Info 663).
• SERVIDORES PÚBLICOS
STF modulou os efeitos da decisão que afirmou que os servidores
públicos federais não possuem direito aos quintos no período de
08/04/1998 a 04/09/2001; com isso, o Tribunal resguardou a
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• FUNDEF
União deverá indenizar Estados prejudicados com o cálculo incorreto
do VMNA.
O valor da complementação da União ao Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do
Magistério (Fundef) deve ser calculado com base no valor mínimo
nacional por aluno extraído da média nacional.
A complementação ao Fundef realizada a partir do valor mínimo
anual por aluno fixada em desacordo com a média nacional impõe à
União o dever de suplementação de recursos, mantida a vinculação
constitucional a ações de desenvolvimento e manutenção do ensino.
Em outras palavras, os Estados prejudicados com o cálculo incorreto
do valor mínimo nacional por aluno deverão ser indenizados por
conta do montante pago a menor a título de complementação pela
União no período de vigência do FUNDEF, isto é, nos exercícios
financeiros de 1998 a 2007.
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• LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA
Em ação de desapropriação indireta é cabível reparação decorrente
de limitações administrativas Imóvel do particular foi incluído em
unidade de conservação.
Houve, no caso, uma limitação administrativa. Ele ajuizou ação de
desapropriação indireta pedindo indenização.
Mesmo não tendo havido desapropriação indireta, mas sim mera
limitação administrativa, o juiz deverá conhecer da ação e julgar seu
mérito.
Devem ser observados os princípios da instrumentalidade das formas
e da primazia da solução integral do mérito.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.653.169-RJ, Rel. Min. Regina Helena Costa,
julgado em 19/11/2019 (Info 662).
• LICITAÇÕES
O estabelecimento de critérios de classificação para a escolha de
licitantes em credenciamento é ilegal.
Importante!!!
O credenciamento é uma hipótese de inexigibilidade de licitação na
qual “a Administração aceita como colaborador todos aqueles que,
atendendo as motivadas exigências públicas, manifestem interesse
em firmar contrato ou acordo administrativo.” (TORRES, Ronny
Charles Lopes de. Leis de Licitações Públicas comentadas. Salvador:
Juspodivm, 2019, p. 348).
Desse modo, o credenciamento é um procedimento por meio do qual
a Administração Pública anuncia que precisa de pessoas para fornecer
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• CONSELHOS PROFISSIONAIS
É dispensável a submissão ao exame de suficiência pelos técnicos
em contabilidade formados anteriormente à promulgação da Lei nº
12.249/2010 ou dentro do prazo por ela previsto.
Baixa relevância para concursos
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• LICITAÇÕES
Na concorrência para a venda de bens imóveis, é vedada, à
Administração Pública, a fixação de caução em valor diverso do
estabelecido no art. 18 da Lei nº 8.666/93.
O art. 18 da Lei nº 8.666/93 estabelece o valor da caução, na fase
de habilitação de concorrência pública para venda de bens imóveis,
no percentual de 5% da avaliação do imóvel.
É proibido que a Administração Pública fixe caução em valor diverso
do estabelecido em lei. Não cabe, assim, estabelecer percentual
diverso ou mesmo aceitar valor de caução inferior a 5% da avaliação
do imóvel, em face do princípio da legalidade.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.617.745-DF, Rel. Min. Og Fernandes, Rel. Acd.
Min. Assusete Magalhães, julgado em 22/10/2019 (Info 669).
• PODER DE POLÍCIA
Não é possível a manutenção de quiosques e trailers instalados sobre
calçadas sem a regular aprovação estatal.
Importante!!!
Em cidades tomadas por veículos automotores, a maior parte deles a
serviço de minoria privilegiada, calçadas integram o mínimo
existencial de espaço público dos pedestres, a maioria da população.
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• EMPRESAS PÚBLICAS
A Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF) não
está submetida ao regime constitucional dos precatórios PGDF O
Metrô-DF é empresa pública, regida pelo direito privado.
Embora preste serviço de utilidade pública, a empresa não
desempenha serviço público essencial em sentido típico ou de caráter
monopolístico.
O Metrô-DF desenvolve atividade econômica com a exploração
comercial de marcas, patentes, tecnologia e serviços técnicos
especializados, com a distribuição de dividendos, o que permite a
penhora de seus bens. Vale ressaltar ainda que há distribuição de
lucros entre os acionistas da empresa. Diante desse contexto, não há
como se aplicar o regime de precatório para o Metrô-DF.
STF. 1ª Turma. Rcl 29637 AgR/DF, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o
ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 30/6/2020 (Info 984).
• SERVIDORES PÚBLICOS
Servidores temporários não possuem direito a 13º salário e férias,
salvo se previsto em lei ou houver desvirtuamento da contratação.
Importante!!!
Servidores temporários não fazem jus a décimo terceiro salário e
férias remuneradas acrescidas do terço constitucional, salvo:
I) expressa previsão legal e/ou contratual em sentido contrário, ou
II) comprovado desvirtuamento da contratação temporária pela
Administração Pública, em razão de sucessivas e reiteradas
renovações e/ou prorrogações.
STF. Plenário. RE 1066677, Rel. Marco Aurélio, Rel. p/ Acórdão
Alexandre de Moraes, julgado em 22/05/2020 (Repercussão Geral –
Tema 551) (Info 984 – clipping).
• CONCURSO PÚBLICO
É inconstitucional lei que preveja a integração, no quadro do Tribunal
de Contas, de servidores que estejam à disposição daquela Corte
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• RESPONSABILIDADE CIVIL
A reparação do dano ao meio ambiente é direito fundamental
indisponível, sendo imperativo o reconhecimento da
imprescritibilidade no que toca à recomposição dos danos ambientais.
Importante!!!
É imprescritível a pretensão de reparação civil de dano ambiental.
STF. Plenário. RE 654833, Rel. Alexandre de Moraes, julgado em
20/04/2020 (Repercussão Geral – Tema 999) (Info 983 – clipping).
• COMPETÊNCIA
É constitucional lei estadual que proíba a utilização de animais para
desenvolvimento, experimentos e testes de produtos cosméticos.
É constitucional lei estadual que proíba a utilização de animais para
desenvolvimento, experimentos e testes de produtos cosméticos, de
higiene pessoal, perfumes e seus componentes.
A proteção da fauna é matéria de competência legislativa concorrente
(art. 24, VI, da CF/88). A Lei federal nº 11.794/2008 possui uma
natureza permissiva, autorizando, a utilização de animais em
atividades de ensino e pesquisas científicas, desde que sejam
observadas algumas condições relacionadas aos procedimentos
adotados, que visam a evitar e/ou atenuar o sofrimento dos animais.
Mesmo o que o tema tenha sido tratado de forma mais restrita pela
lei estadual, isso não se mostra inconstitucional porque, em princípio,
é possível que os Estados editem normas mais protetivas ao meio
ambiente, com fundamento em suas peculiaridades regionais e na
preponderância de seu interesse, conforme o caso.
STF. Plenário. ADI 5996, Rel. Alexandre de Moraes, julgado em
15/04/2020 (Info 975).
• INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA
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• COMPRA E VENDA
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• USUCAPIÃO
A existência de contrato de arrendamento mercantil do bem móvel
impede a aquisição de sua propriedade pela usucapião, contudo,
verificada a prescrição da dívida, inexiste óbice legal para prescrição
aquisitiva .
A existência de contrato de arrendamento mercantil do bem móvel
impede a aquisição de sua propriedade pela usucapião, contudo,
verificada a prescrição da dívida, inexiste óbice legal para prescrição
aquisitiva.
Exemplo: João celebrou contrato de arrendamento mercantil com o
banco para aquisição de um automóvel; em 1998, o arrendatário
deixou de pagar as prestações; o arrendador tinha o prazo de 5 anos
para ajuizar ação de cobrança, ou seja, até 2003; até essa data
(2003), não se podia falar em usucapião; a partir de 2003, como o
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• ALIMENTOS
Não incide desconto de pensão alimentícia sobre as parcelas
denominadas diárias de viagem e tempo de espera indenizado.
Não incide desconto de pensão alimentícia sobre as parcelas
denominadas diárias de viagem e tempo de espera indenizado.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.747.540-SC, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, julgado em 10/03/2020 (Info 667)
• ALIMENTOS
Se foi celebrado um acordo na ação de investigação de paternidade,
mas não se estipulou o termo inicial dos alimentos, estes serão
devidos desde a data da citação.
Na ausência de expressa previsão no acordo de alimentos a respeito
do seu termo inicial, deve prevalecer o disposto no § 2º do art. 13 da
Lei nº 5.478/68 (Lei de Alimentos), segundo o qual, em qualquer
caso, os alimentos fixados retroagem à data da citação. Art. 13 (...) §
2º Em qualquer caso, os alimentos fixados retroagem à data da
citação.
Se a lei diz expressamente que “em qualquer caso” os alimentos
retroagem, não cabe ao intérprete fazer restrições onde o legislador
não o fez, de modo que não há justificativa para que os alimentos
fixados em acordo celebrado em ação investigatória de paternidade
não receba o mesmo tratamento, sob o singelo argumento de que
ajuste foi omisso a respeito do seu termo inicial.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.821.107-ES, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado
em 10/03/2020 (Info 667).
• SUCESSÃO LEGÍTIMA
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• TESTAMENTO
É válido o testamento particular que, a despeito de não ter sido
assinado de próprio punho pela testadora, contou com a sua
impressão digital.
Importante!!!
O art. 1.876, § 2º do Código Civil afirma que um dos requisitos do
testamento particular é que ele seja assinado pelo testador. Vale
ressaltar, contudo, que o STJ decidiu que: É válido o testamento
particular que, a despeito de não ter sido assinado de próprio punho
pela testadora, contou com a sua impressão digital.
Caso concreto: a falecida deixou um testamento particular elaborado
por meio mecânico; o testamento foi lido na presença de três
testemunhas, que o assinaram; vale ressaltar, no entanto, que esse
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• DPVAT
A regulação do DPVAT e do DPEM deve ser feita por meio de lei
complementar, nos termos do art. 192 da CF/88, não podendo,
portanto, ser tratada por medida provisória.
As alterações no seguro obrigatório só podem ser feitas por meio de
lei complementar. Isso porque o sistema de seguros integra o
sistema financeiro nacional, subordinado ao Banco Central do Brasil.
Pode-se dizer que o sistema de seguros é um subsistema do sistema
financeiro nacional.
De acordo com o art. 192 da Constituição Federal, é necessário lei
complementar para tratar dos aspectos regulatórios do sistema
financeiro.
Desse modo, a regulação do DPVAT (Seguro Obrigatório de Danos
Pessoais causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres) e do
DPEM (Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causados por
Embarcações ou por sua Carga) deve ser feita por meio de lei
complementar, nos termos do art. 192 da Constituição Federal. É
vedada a edição de medida provisória que disponha sobre matéria
sob reserva de lei complementar (art. 62, § 1º, III, da CF/88).
Logo, é inconstitucional a MP 904/2019, que pretendia extinguir o
DPVAT e o DPEM, a partir de 1º de janeiro de 2020. Essa MP viola o
art. 62, § 1º, III c/c o art. 192 da CF/88.
STF. Plenário virtual. ADI 6262/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado
em 19/12/2019.
• DÍVIDAS CONDOMINIAIS
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• RESPONSABILIDADE CIVIL
O fato de ter havido prescrição da pretensão punitiva não impede o
ajuizamento ou a continuidade da ação civil ex delicto.
A decretação da prescrição da pretensão punitiva do Estado na ação
penal não fulmina o interesse processual no exercício da pretensão
indenizatória a ser deduzida no juízo cível pelo mesmo fato.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.802.170-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 20/02/2020 (Info 666).
• RESPONSABILIDADE CIVIL
O art. 927, parágrafo único, do CC pode ser aplicado para permitir a
responsabilização objetiva do empregador por danos causados ao
empregado decorrentes de acidentes de trabalho, não sendo
incompatível com o art. 7º, XXVIII, da CF/88, que prevê
responsabilidade subjetiva.
Importante!!!
O art. 927, parágrafo único, do Código Civil é compatível com o art.
7º, XXVIII, da Constituição Federal, sendo constitucional a
responsabilização objetiva do empregador por danos decorrentes de
acidentes de trabalho nos casos especificados em lei ou quando a
atividade normalmente desenvolvida, por sua natureza, apresentar
exposição habitual a risco especial, com potencialidade lesiva, e
implicar ao trabalhador ônus maior do que aos demais membros da
coletividade.
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• BEM DE FAMÍLIA
Não se pode penhorar o bem de família com base no inciso IV do art.
3º da Lei 8.009/90 se o débito de natureza tributária está relacionado
com outro imóvel que pertencia ao devedor.
Para a aplicação da exceção à impenhorabilidade do bem de família
prevista no art. 3º, IV, da Lei nº 8.009/90 é preciso que o débito de
natureza tributária seja proveniente do próprio imóvel que se
pretende penhorar. Exemplo: João celebrou com Pedro contrato de
“permuta de imóveis urbanos”. Ficou acertado que João transmitiria a
propriedade de sua casa para Pedro e, em troca, Pedro faria a
transferência de seu apartamento a João. Ficou consignado que cada
parte iria transmitir o imóvel sem quaisquer dívidas tributárias.
Depois da permuta e da transferência da posse, Pedro constatou que
a casa cedida por João possuía débitos de IPTU. Para regularizar a
situação, Pedro quitou essas dívidas. Em seguida, Pedro ajuizou ação
contra João pedindo o ressarcimento desses valores considerando
que houve um descumprimento do contrato neste ponto. O pedido foi
julgado procedente. No cumprimento de sentença, Pedro pediu a
penhora do apartamento que, depois da permuta, passou a pertencer
a João e que é seu bem de família.
Essa penhora não pode ser deferida porque não se enquadra no
inciso IV do art. 3º da Lei:
Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de
execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza,
salvo se movido: IV - para cobrança de impostos, predial ou
territorial, taxas e contribuições devidas em função do imóvel
familiar; Pode-se apontar três argumentos principais:
• A dívida era referente a outro imóvel (e não ao que se pretende
penhorar). • Não se está cobrando um imposto devido em função do
imóvel; o que se está pleiteando é o ressarcimento decorrente de
inadimplemento contratual.
• As hipóteses de exceção à regra da impenhorabilidade do bem de
família são taxativas, não comportando interpretação extensiva.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.332.071-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 18/02/2020 (Info 665).
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• CONDOMÍNIO
O condomínio, por ser uma massa patrimonial, não possui honra
objetiva e não pode sofrer dano moral.
Os condomínios são entes despersonalizados, pois não são titulares
das unidades autônomas, tampouco das partes comuns, além de não
haver, entre os condôminos, a affectio societatis, tendo em vista a
ausência de intenção dos condôminos de estabelecerem, entre si,
uma relação jurídica, sendo o vínculo entre eles decorrente do direito
exercido sobre a coisa e que é necessário à administração da
propriedade comum.
39
• USUCAPIÃO
O interesse jurídico no ajuizamento direto de ação de usucapião
independe de prévio pedido na via extrajudicial.
A tentativa de usucapião extrajudicial não é condição indispensável
para o ajuizamento da ação de usucapião.
Mesmo que estejam preenchidos os requisitos para a usucapião
extrajudicial, o interessado pode livremente optar pela propositura de
ação judicial.
O próprio legislador deixou claro, no art. 216-A da Lei de Registros
Públicos, que a existência da possibilidade de usucapião extrajudicial
não traz prejuízo à busca da usucapião na via jurisdicional:
Art. 216-A. Sem prejuízo da via jurisdicional, é admitido o pedido de
reconhecimento extrajudicial de usucapião (...)
STJ. 3ª Turma.REsp 1.824.133-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, julgado em 11/02/2020 (Info 665).
• ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA
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• BEM DE FAMÍLIA
Proprietário que aceita que seu bem de família sirva como garantia de
um contrato de alienação fiduciária em garantia não pode,
posteriormente, alegar que esse ato de disposição foi ilegal.
A proteção legal conferida ao bem de família pela Lei nº 8.009/90
não pode ser afastada por renúncia do devedor ao privilégio, pois é
princípio de ordem pública, prevalente sobre a vontade manifestada.
A despeito disso, o bem de família legal não gera inalienabilidade.
Logo, é possível que o proprietário pratique atos de disposição dele,
podendo, por exemplo, oferecê-lo como objeto de alienação fiduciária
em garantia. A utilização abusiva do direito à proteção do bem de
família viola o princípio da boa-fé objetiva e, portanto, não deve ser
tolerada.
Assim, deve ser afastado o benefício conferido ao titular do bem de
família que exerce o direito em desconformidade com o ordenamento
jurídico.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.595.832-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 29/10/2019 (Info 664).
• FIANÇA
É necessária a outorga conjugal para fiança em favor de sociedade
cooperativa.
É necessária a outorga conjugal para fiança em favor de sociedade
cooperativa.
42
• PARENTESCO
A concessão de guarda do menor não implica automática destituição
do poder-dever familiar dos pais para representá-lo em juízo.
A representação legal do filho menor é uma das vertentes do poder
familiar e deverá ser exercida, em regra, pelos pais, conforme prevê
o art. 1.634, VII, do Código Civil.
Assim, somente em algumas hipóteses é que o menor poderá deixar
de ser representado pelos seus pais.
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• ALIMENTOS
O fato de o representante legal do menor, autor de execução de
alimentos, possuir atividade remunerada não pode, por si só, servir
de empecilho à concessão da gratuidade de justiça.
Em ação judicial que versa sobre alimentos ajuizada por menor, não
é admissível que a concessão da gratuidade de justiça esteja
condicionada a demonstração de insuficiência de recursos de seu
representante legal.
Caso concreto: uma criança, representada por sua mãe, ingressou
com execução de alimentos contra o pai; o juiz indeferiu o pedido de
gratuidade de justiça porque a mãe do autor (representante do
menor) não provou a sua insuficiência de recursos.
O direito ao benefício da gratuidade de justiça possui natureza
individual e personalíssima.
Assim, os requisitos para a concessão ou não do direito à gratuidade
deverão ser preenchidos, em regra, pela própria parte, e não pelo
seu representante legal.
É evidente que, em se tratando de menores representados pelos
seus pais, haverá sempre um forte vínculo entre a situação desses
dois diferentes sujeitos de direitos e obrigações, sobretudo em razão
da incapacidade civil e econômica do próprio menor.
Isso não significa, contudo, que se deva automaticamente examinar o
direito à gratuidade a que poderia fazer jus o menor à luz da situação
financeira de seus pais. Assim, em se tratando de direito à gratuidade
de justiça pleiteado por menor de 18 anos, deve o juiz, inicialmente,
aplicar a regra do §3º do art. 99, deferindo o benefício em razão da
presunção de sua insuficiência de recursos.
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• SUCESSÃO LEGÍTIMA
Se o herdeiro renunciou a herança, não tem legitimidade para ação
que busca a nulidade de uma alienação realizada pelo de cujus em
vida considerando que, mesmo se anulada a venda, não terá
qualquer direito sobre esse bem;
Aquele que renuncia a herança não tem legitimidade para pleitear
eventual nulidade de negócio jurídico que envolva um dos bens que
integram o patrimônio do de cujus. Exemplo hipotético: João, Pedro,
Tiago e Regina são irmãos. Em 2010, Regina, que tinha sérios
problemas de saúde, vendeu um apartamento para seu irmão Tiago
por preço bem abaixo do mercado.
Os demais irmãos não souberam dessa venda. Em 2011, Regina
faleceu. Não tinha cônjuge, descendentes ou ascendentes.
Diante disso, os únicos herdeiros eram seus irmãos.
João optou por renunciar a herança em favor do monte. Logo depois
que fez isso, João tomou conhecimento da venda do apartamento
ocorrida em 2010.
Ele ficou revoltado porque considerou que sua irmã não estava em
sua perfeita condição mental, tendo sido, portanto, “enganada” por
Tiago. João ingressou com ação declaratória de nulidade do negócio
jurídico.
O juiz deverá extinguir o processo sem resolução do mérito porque
João não possui legitimidade ativa ad causam considerando que ele
renunciou expressamente a herança deixada por Regina, de sorte
que, mesmo se anulada a venda, não teria nenhum proveito
econômico com isso.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.433.650-GO, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 19/11/2019 (Info 664).
• SEGURO
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• INVENTÁRIO
A fixação de determinado valor a ser recebido mensalmente pelo
herdeiro a título de adiantamento de herança não configura o negócio
jurídico processual atípico do art. 190 do CPC/2015.
A fixação de determinado valor a ser recebido mensalmente pelo
herdeiro a título de adiantamento de herança não configura negócio
jurídico processual atípico na forma do art. 190, caput, do CPC/2015.
O acordo firmado entre os herdeiros para autorizar a retirada mensal
dos valores não é um acordo puramente processual. Isso porque o
seu objeto é o próprio direito material que se discute e que se
pretende obter na ação de inventário, ou seja, a divisão do
patrimônio do autor da herança.
O que se está fazendo, portanto, é simplesmente antecipar a fruição
e uso do direito material.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.738.656-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 03/12/2019 (Info 663).
• INVENTÁRIO
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• SEGURO
É cabível a modulação dos efeitos do entendimento da Súmula 610
do STJ no caso de suicídio que tenha ocorrido ainda na vigência do
entendimento anterior, previsto nas Súmulas 105 do STF e 61 do STJ
No seguro de vida, se o segurado se suicidar, a seguradora continua
tendo obrigação de pagar a indenização?
1) Entendimento ANTERIOR (até 08/04/2015) (Súmulas 105 do STF e
61 do STJ): O critério era o da premeditação: • Se o suicídio foi
premeditado: NÃO • Se o suicídio não foi premeditado: SIM
2) Entendimento ATUAL (Súmula 610 do STJ): O critério passou a ser
o meramente temporal: • Suicídio nos dois primeiros anos: SEM
direito à indenização. • Suicídio após os dois primeiros anos: TEM
direito à indenização. Caso concreto: segurado cometeu suicídio
antes de terminarem os dois primeiros anos do contrato. Ficou
demonstrado que o suicídio não foi premeditado.
Assim, pelo entendimento anterior, o beneficiário do seguro teria
direito à indenização (porque o suicídio não foi premeditado). Por
outro lado, pelo entendimento atual, o filho de João não teria direito
à indenização (porque o suicídio ocorreu nos dois primeiros anos do
contrato).
O beneficiário ajuizou a ação contra a seguradora quando ainda
vigorava o entendimento anterior do STJ, tendo, inclusive, obtido
uma sentença favorável.
Ocorre que, quando o processo chegou ao STJ por meio de recurso, o
entendimento já havia mudado.
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• OBRIGAÇÕES
No pagamento diferido em parcelas, não havendo disposição
contratual em contrário, é legal a imputação do pagamento
primeiramente nos juros.
Importante!!!
A imputação dos pagamentos primeiramente nos juros é instituto
que, via de regra, alcança todos os contratos em que o pagamento é
diferido em parcelas. O objetivo de fazer isso é o de diminuir a
oneração do devedor. Ao impedir que os juros sejam integrados ao
capital para, só depois dessa integração, ser abatido o valor das
prestações, evita que sobre eles (juros) incida novo cômputo de
juros.
STJ. 3ª Turma. AgInt no REsp 1.843.073-SP, Rel. Min. Marco Aurélio
Bellizze, julgado em 30/03/2020 (Info 669).
• ALIMENTOS
A desoneração dos alimentos fixados entre ex-cônjuges deve
considerar outras circunstâncias, além do binômio necessidade-
possibilidade, tais como a capacidade potencial para o trabalho e o
tempo de pensionamento.
Importante!!!
O dever de prestar alimentos entre ex-cônjuges é transitório,
devendo ser assegurado alimentos apenas durante certo tempo, até
que o ex-cônjuge consiga prover o seu sustento com meios próprios.
Assim, ao se analisar se o ex-cônjuge ainda deve continuar
recebendo os alimentos, deve-se examinar não apenas o binômio
necessidade-possibilidade, devendo ser consideradas outras
circunstâncias, tais como a capacidade potencial para o trabalho e o
tempo decorrido entre o seu início e a data do pedido de
desoneração.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.829.295-SC, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, julgado em 10/03/2020 (Info 669).
49
• DOAÇÃO
É nula a doação entre cônjuges casados sob o regime da comunhão
universal de bens.
É nula a doação entre cônjuges casados sob o regime da comunhão
universal de bens, na medida em que a hipotética doação resultaria
no retorno do bem doado ao patrimônio comum amealhado pelo casal
diante da comunicabilidade de bens no regime e do exercício comum
da copropriedade e da composse.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.787.027-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 04/02/2020 (Info 670).
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• OBRIGAÇÕES (JUROS)
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• CRÉDITO RURAL
Inconstitucionalidade do art. 26 da Lei nº 8.177/71 .
O art. 26 da Lei nº 8.177/71 é inconstitucional porque permite a
incidência da TR em substituição ao IPC nos contratos celebrados
antes do início de sua vigência, o que se afigura incompatível com a
garantia fundamental de proteção ao ato jurídico perfeito, previsto no
inciso XXXVI do art. 5º da Constituição Federal. Art. 5º (...) XXXVI -
a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a
coisa julgada.
STF. Plenário. ADI 3005/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado
em 1/7/2020 (Info 984).
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• COMPETÊNCIA LEGISLATIVA
É inconstitucional lei estadual que discipline a instalação de antenas
transmissoras de telefonia celular.
É inconstitucional Lei estadual que, a pretexto de proteger a saúde
da população, estabelece limites de radiação para a instalação de
antenas transmissoras de telefonia celular. Essa lei adentra na esfera
de competência privativa da União para legislar sobre
telecomunicações.
A União, no exercício de suas competências (art. 21, XI e art. 22, IV,
da CF/88), editou a Lei nº 9.472/97, que, de forma nítida, atribui à
ANATEL a definição de limites para a tolerância da radiação emitida
por antenas transmissoras.
A União, por meio da Lei nº 11.934/2009, fixou limites
proporcionalmente adequados à exposição humana a campos
elétricos, magnéticos e eletromagnéticos.
Dessa forma, a presunção de que gozam os entes menores para, nos
assuntos de interesse comum e concorrente, legislarem sobre seus
respectivos interesses (presumption against preemption) foi
nitidamente afastada por norma federal expressa (clear statement
rule).
59
• DIREITOS SOCIAIS
O art. 522 da CLT, que prevê um número máximo empregados que
podem ser dirigentes sindicais, é compatível com a CF/88 e não viola
a garantia da liberdade sindical.
O art. 8º, VIII, da CF/88 prevê que os dirigentes sindicais não
podem ser demitidos, salvo se cometerem falta grave.
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61
• ADPF
É cabível o ajuizamento de ADPF contra interpretação judicial de que
possa resultar lesão a preceito fundamental.
Cabe ADPF contra o conjunto de decisões judiciais que determinam
medidas de constrição judicial em desfavor do Estado-membro, das
Caixas Escolares ou das Unidades Descentralizadas de Execução da
Educação UDEs e que recaiam sobre verbas destinadas à educação.
STF. Plenário. ADPF 484/AP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 4/6/2020
(Info 980).
• TRIBUNAIS DE CONTAS
É constitucional dispositivo da CE/SP que preveja que o TCM/SP será
composto por cinco conselheiros e que obedecerá às normas da
Constituição Federal, da Constituição Estadual e as normas
pertinentes aos Conselheiros do TCE.
A Constituição do Estado de São Paulo previu a seguinte regra:
Art. 151. O Tribunal de Contas do Município de São Paulo será
composto por cinco Conselheiros e obedecerá, no que couber, aos
princípios da Constituição Federal e desta Constituição.
62
63
• COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS
Inconstitucionalidade de lei estadual que afaste as exigências de
revalidação de diplomas emitidos por instituições de ensino superior
estrangeiras.
É inconstitucional lei estadual que afasta as exigências de
revalidação de diploma obtido em instituições de ensino superior de
outros países para a concessão de benefícios e progressões a
servidores públicos.
Essa lei invade a competência privativa da União para legislar sobre
diretrizes e bases da educação nacional (art. 22, XXIV, CF/88).
STF. Plenário. ADI 6073, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em
27/03/2020.
• CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
Lei estadual que modifique os limites geográficos de Município pode
ser objeto de ADI
Lei estadual que dispõe sobre criação, incorporação, fusão ou
desmembramento de municípios possui natureza normativa e
abstrata, desafiando o controle concentrado.
STF. Plenário. ADI 1825, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 15/04/2020
(Info 978).
• COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS
É inconstitucional lei de iniciativa parlamentar que trate sobre as
atribuições dos órgãos da Administração Pública.
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• PODER LEGISLATIVO
É inconstitucional norma da CE que preveja a possibilidade de a
Assembleia Legislativa convocar o Presidente do TJ ou o PGJ para
prestar informações, sob pena de crime de responsabilidade.
É inconstitucional norma da Constituição Estadual que preveja a
possibilidade de a Assembleia Legislativa convocar o Presidente do
Tribunal de Justiça ou o Procurador-Geral de Justiça para prestar
informações na Casa, afirmando que a sua ausência configura crime
de responsabilidade.
O art. 50 da CF/88, norma de reprodução obrigatória, somente
autoriza que o Poder Legislativo convoque autoridades do Poder
Executivo, e não do Poder Judiciário ou do Ministério Público.
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• COMPETÊNCIAS FEDERATIVAS
Não é possível exigir que Estados-membros e Municípios se vinculem
a autorizações e decisões de órgãos federais para tomar atitudes de
combate à pandemia.
Importante!!!
Covid-19
A Lei nº 13.979/2020 previu, em seu art. 3º, um rol exemplificativo
de oito medidas que podem ser adotadas pelo poder público para o
combate ao coronavírus.
O art. 3º, VI, “b”, e os §§ 6º e 7º, II, da Lei nº 13.979/2020
estabeleceram que os Estados e Municípios somente poderia adotar
algumas medidas se houvesse autorização da União.
O STF, ao apreciar ADI contra a Lei, decidiu:
a) suspender parcialmente, sem redução de texto, o disposto no art.
3º, VI, “b”, e §§ 6º e 7º, II, da Lei nº 13.979/2020, a fim de excluir
estados e municípios da necessidade de autorização ou de
observância ao ente federal; e
b) conferir interpretação conforme aos referidos dispositivos no
sentido de que as medidas neles previstas devem ser precedidas de
recomendação técnica e fundamentada, devendo ainda ser
resguardada a locomoção dos produtos e serviços essenciais definidos
por decreto da respectiva autoridade federativa, sempre respeitadas
as definições no âmbito da competência constitucional de cada ente
federativo.
Assim, os Estados/DF e Municípios podem, mesmo sem autorização
da União, adotar medidas como isolamento, quarentena, exumação,
necropsia, cremação e manejo de cadáver e restrição à locomoção
interestadual e intermunicipal em rodovias, portos ou aeroportos.
Vale ressaltar que Estados e Municípios não podem fechar fronteiras,
pois sairiam de suas competências constitucionais.
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• ACESSO À INFORMAÇÃO
É inconstitucional o art. 6º-B da Lei nº 13.979/2020, incluído pela MP
928/2020, porque ele impõe uma série de restrições ao livre acesso
do cidadão a informações Covid-19.
É inconstitucional o art. 6º-B da Lei nº 13.979/2020, incluído pela
MP 928/2020, porque ele impõe uma série de restrições ao livre
acesso do cidadão a informações.
O art. 6º-B não estabelece situações excepcionais e concretas
impeditivas de acesso à informação.
Pelo contrário, transforma a regra constitucional de publicidade e
transparência em exceção, invertendo a finalidade da proteção
constitucional ao livre acesso de informações a toda sociedade.
STF. Plenário. ADI 6351 MC-Ref/DF, ADI 6347 MC-Ref/DF e ADI 6353
MC-Ref/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgados em 30/4/2020
(Info 975).
• COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS
É constitucional lei estadual que proíba a utilização de animais para
desenvolvimento, experimentos e testes de produtos cosméticos.
É constitucional lei estadual que proíba a utilização de animais para
desenvolvimento, experimentos e testes de produtos cosméticos, de
higiene pessoal, perfumes e seus componentes. A proteção da fauna
70
• MINISTÉRIO PÚBLICO
É constitucional lei complementar estadual que preveja que compete
exclusivamente ao Procurador-Geral de Justiça interpor recursos ao
STF e STJ.
Importante!!!
Atenção! Ministério Público
Lei Orgânica estadual do Ministério Público pode atribuir
privativamente ao Procurador-Geral de Justiça a competência para
interpor recursos dirigidos ao STF e STJ.
Não há inconstitucionalidade formal nessa previsão. Isso porque a
Lei federal nº 8.625/93 (Lei Orgânica Nacional do Ministério Público -
LONMP) não pormenoriza a atuação dos Procuradores-Gerais de
Justiça e dos Procuradores de Justiça em sede recursal e, por
expressa dicção do caput de seu artigo 29, o rol de atribuições dos
Procuradores-Gerais de Justiça não é exaustivo, de forma que as leis
orgânicas dos Ministérios Públicos estaduais podem validamente
ampliar tais atribuições.
Além disso, não há ofensa aos princípios do promotor natural e da
independência funcional dos membros do Parquet, uma vez que:
• se trata de mera divisão de atribuições dentro do Ministério Público
estadual, veiculada por meio de lei;
71
• ADVOCACIA PÚBLICA
Norma estadual não pode conferir autonomia para a PGE
Norma estadual não pode conferir inamovibilidade aos Procuradores
do Estado Princípios e garantias funcionais do MP e da Defensoria não
podem ser estendidas à PGE Norma estadual não pode conferir
independência funcional aos Procuradores do Estado
Importante!!!
Atenção! Advocacia Pública
Norma estadual não pode conferir autonomia para a PGE.
As Procuradorias de Estado, por integrarem os respectivos Poderes
Executivos, não gozam de autonomia funcional, administrativa ou
financeira, uma vez que a administração direta é una e não comporta
a criação de distinções entre órgãos em hipóteses não contempladas
explícita ou implicitamente pela Constituição Federal.
STF. Plenário. ADI 5029, Rel. Luiz Fux, julgado em 15/04/2020.
Norma estadual não pode conferir inamovibilidade aos Procuradores
do Estado A garantia da inamovibilidade conferida pela Constituição
Federal aos magistrados, aos membros do Ministério Público e aos
membros da Defensoria Pública (arts. 93, VIII; 95, II; 128, § 5º, b; e
134, parágrafo único) não pode ser estendida aos procuradores de
estado.
STF. Plenário. ADI 5029, Rel. Luiz Fux, julgado em 15/04/2020.
Princípios e garantias funcionais do MP e da Defensoria não podem
ser estendidas à PGE Os princípios institucionais e as prerrogativas
funcionais do Ministério Público e da Defensoria Pública não podem
ser estendidos às Procuradorias de Estado, porquanto as atribuições
dos procuradores de estado – sujeitos que estão à hierarquia
administrativa – não guardam pertinência com as funções conferidas
aos membros daquelas outras instituições.
STF. Plenário. ADI 5029, Rel. Luiz Fux, julgado em 15/04/2020.
72
• PODER JUDICIÁRIO
Inexiste ilegalidade em portaria editada pelo Juiz Diretor do Foro que
restringiu o ingresso de pessoas portando arma de fogo nas
dependências do Fórum.
Inexiste ilegalidade em portaria editada pelo Juiz Diretor do Foro da
Comarca de Sete Quedas que restringiu o ingresso de pessoas
portando arma de fogo nas dependências do Fórum.
STJ. 1ª Turma. RMS 38.090-MS, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado
em 10/03/2020 (Info 667).
73
• LIBERDADE DE EXPRESSÃO
A proibição da entrevista com Adélio Bispo, autor da facada contra
Jair Bolsonaro, não significou censura nem restrição indevida à
liberdade de imprensa.
A decisão judicial que proibiu a realização de entrevista com Adélio
Bispo, autor da facada contra Jair Bolsonaro, não significa restrição
indevida à liberdade de imprensa nem representa censura prévia.
Logo, essa decisão não configura ofensa ao entendimento firmado
pelo STF na ADPF 130, que julgou não recepcionada a Lei de
Imprensa (Lei nº 5.250/67).
A decisão judicial impediu a entrevista com o objetivo de proteger as
investigações e evitar possíveis prejuízos processuais, inclusive
quanto ao direito ao silêncio do investigado.
Além disso, a decisão teve como finalidade proteger o próprio
custodiado, que autorizou a entrevista, mas cuja sanidade mental era
discutível na época, tendo sido, posteriormente, declarado
inimputável em razão de “transtorno delirante persistente”.
STF. 1ª Turma. Rcl 32052 AgR/MS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado
em 14/4/2020 (Info 973).
• COMPETÊNCIAS FEDERATIVAS
Além da União, os Estados/DF e Municípios também podem adotar
medidas de combate ao coronavírus considerando que a proteção da
saúde é de competência concorrente; o Presidente pode definir as
atividades essenciais, mas preservando a autonomia dos entes.
A Lei nº 13.979/2020 prevê medidas que poderão ser adotadas pelo
Brasil para enfrentamento da emergência de saúde pública de
importância internacional decorrente do coronavírus.
A MP 926/2020 alterou o caput e o inciso VI do art. 3º da Lei nº
13.979/2020 e acrescentou os §§ 8º a 11 ao art. 3º da Lei nº
13.979/2020. Foi ajuizada uma ADI contra esta MP.
74
• COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS
É constitucional lei estadual que autoriza a comercialização de
bebidas alcoólicas nas arenas desportivas e nos estádios.
É constitucional lei estadual que autoriza a comercialização de
bebidas alcoólicas nas arenas desportivas e nos estádios. Trata-se de
legislação sobre consumo, matéria de competência concorrente (art.
24, V, da CF/88).
O art. 13-A, II, da Lei nº 10.671/2003 (Estatuto do Torcedor) indica
como “condições de acesso e permanência do torcedor no recinto
esportivo”, entre outras, “não portar objetos, bebidas ou substâncias
proibidas ou suscetíveis de gerar ou possibilitar a prática de atos de
violência”.
Não há, contudo, uma vedação geral e absoluta por parte do
Estatuto do Torcedor, de modo que o legislador estadual, no exercício
de sua competência concorrente complementar, observadas as
especificidades locais, pode regulamentar a matéria, autorizando, por
exemplo, a venda de cerveja e chope (bebidas de baixo teor
alcóolico) nos estádios.
Vale lembrar que isso já é autorizado nos grandes eventos mundiais
de futebol e outros esportes, inclusive na Copa do mundo organizada
pela FIFA e nas Olimpíadas.
75
• COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS
É inconstitucional lei estadual que determine aos titulares das
serventias extrajudiciais que façam a microfilmagem dos documentos
arquivados no cartório.
Os Estados-membros não possuem competência legislativa para
determinar a microfilmagem de documentos arquivados nos cartórios
extrajudiciais do Estado.
Esse tema envolve registros públicos e responsabilidade civil dos
notários e registros, matéria que é de competência privativa da
União, nos termos do art. 22, XXV, da CF/88.
STF. Plenário. ADI 3723, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
27/03/2020.
• INTERVENÇÃO
A Constituição Estadual não pode disciplinar sobre intervenção
estadual de forma diferente das regras previstas na Constituição
Federal.
A Constituição Estadual não pode trazer hipóteses de intervenção
estadual diferentes daquelas que são previstas no art. 35 da
Constituição Federal.
As hipóteses de intervenção estadual previstas no art. 35 da CF/88
são taxativas. Caso concreto: STF julgou inconstitucional dispositivo
da Constituição de Pernambuco que previa que o Estado-membro
poderia intervir nos Municípios caso ali ocorressem atos de corrupção
e improbidade administrativa.
STF. Plenário. ADI 2917, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
27/03/2020.
Viola a Constituição Federal a previsão contida na Constituição
Estadual atribuindo aos Tribunais de Contas a competência para
requerer ou decretar intervenção em Município. Essa previsão não
encontra amparo nos arts. 34 e 36 da CF/88.
STF. Plenário. ADI 3029, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
27/03/2020.
76
• PODER JUDICIÁRIO
A readmissão na carreira da Magistratura não encontra amparo na
Lei Orgânica da Magistratura Nacional nem na Constituição Federal de
1988.
Importante!!!
Após a promulgação da Constituição Federal de 1988, o servidor
exonerado não possui o direito de reingresso no cargo. Isso porque o
atual ordenamento constitucional impõe a prévia aprovação em
concurso público como condição para o provimento em cargo efetivo
da Administração Pública.
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AMICUS CURIAE
Ilegitimidade do amicus curiae para pleitear medida cautelar
• CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
Relator não pode, de ofício, na ADPF que trata sobre o Estado de
Coisas Inconstitucional dos presídios, determinar medidas para
proteger os presos do Covid-19.
Ilegitimidade do amicus curiae para pleitear medida cautelar
O amicus curiae não tem legitimidade para propor ação direta; logo,
também não possui legitimidade para pleitear medida cautelar.
Assim, a entidade que foi admitida como amicus curiae em ADPF não
tem legitimidade para, no curso do processo, formular pedido para a
concessão de medida cautelar.
STF. Plenário. ADPF 347 TPI-Ref/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio,
red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 18/3/2020 (Info
970).
Relator não pode, de ofício, na ADPF que trata sobre o Estado de
Coisas Inconstitucional dos presídios, determinar medidas para
proteger os presos do Covid-19
A decisão do Ministro Relator que, de ofício, na ADPF que trata sobre
o Estado de Coisas Inconstitucional no sistema prisional, determina
medidas para proteger os presos do Covid19 amplia indevidamente o
objeto da ação.
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• MINISTÉRIO PÚBLICO
O art. 227, VIII, da LC 75/93 autoriza que ato do PGR estipule prazo
de duração para o recebimento do auxílio-moradia, estando essa
limitação temporal em harmonia com o regime de subsídio, em
parcela única, previsto no art. 39, § 4º e no art. 128, § 5º, I, “c”, da
CF/88.
O art. 227, VIII, da LC 75/93 prevê que os membros do MPU terão
direito ao pagamento de auxílio-moradia, desde que estejam em uma
lotação considerada particularmente difícil ou onerosa.
79
• CNJ
Se o Tribunal aplica censura para magistrado que praticou conduta
grave, essa decisão enseja revisão disciplinar do CNJ por ser
contrária ao texto expresso da lei considerando que o art. 44 da
LOMAN afirma que a censura será aplicada se a infração não justificar
punição mais grave.
O Conselho Nacional de Justiça pode proceder à revisão disciplinar
de juízes e membros de tribunais desde que observado o requisito
temporal: processos disciplinares julgados há menos de 1 ano (art.
103-B, § 4º, V, da CF/88).
Vale ressaltar que, depois de instaurada a revisão, não existe prazo
para que o CNJ julgue o procedimento.
A Constituição Federal e o Regimento Interno do CNJ conferem
legitimidade universal para propositura da revisão disciplinar, que
pode ser instaurada por provocação de terceiros e até mesmo de
ofício. As hipóteses de cabimento da revisão estão elencadas no art.
83 do Regimento Interno do CNJ.
O inciso I prevê que cabe a revisão quando a decisão for contrária a
texto expresso da lei. Se o Tribunal aplica a pena de censura para um
magistrado que praticou conduta grave, essa decisão enseja revisão
disciplinar por ser contrária ao texto expresso da lei. Isso porque,
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• IMUNIDADE PARLAMENTAR
• DEFENSORIA PÚBLICA
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82
• CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
O Procurador da Câmara Municipal dispõe de legitimidade para
interpor recurso extraordinário contra acórdão de Tribunal de Justiça
proferido em representação de inconstitucionalidade em defesa de lei
ou ato normativo estadual ou municipal.
Os Procuradores (do Estado, do Município, da ALE, da Câmara etc.)
possuem legitimidade para a interposição de recursos em ação direta
de inconstitucionalidade.
STF. 2ª Turma. RE 1126828 AgR/SP, rel. orig. Min. Edson Fachin,
red. p/ o ac. Min. Cármen Lúcia, julgado em 4/2/2020 (Info 965).
• CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
É possível, em tese, o ajuizamento de ADI contra deliberação
administrativa de tribunal, desde que ela tenha conteúdo normativo
com generalidade e abstração, devendo, contudo, em regra, a ação
ser julgada prejudicada caso essa decisão administrativa seja
revogada.
É cabível ação direta de inconstitucionalidade contra deliberação
administrativa do Tribunal que determina o pagamento de reajuste
decorrente da conversão da URV em reais (“plano real”) aos
magistrados e servidores.
Depois que a ADI foi proposta, e antes que fosse julgada, o TRT
decidiu revogar essa deliberação administrativa.
Diante disso, indaga-se: o mérito da ação foi julgado? NÃO. Em
decorrência da revogação da deliberação, o STF julgou prejudicada a
ADI, por perda superveniente de objeto.
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• CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
Exige-se quórum de maioria absoluta dos membros do STF para
modular os efeitos de decisão proferida em julgamento de recurso
extraordinário no caso em que não tenha havido declaração de
inconstitucionalidade.
Exige-se quórum de MAIORIA ABSOLUTA dos membros do STF para
modular os efeitos de decisão proferida em julgamento de recurso
extraordinário repetitivo, com repercussão geral, no caso em que
NÃO tenha havido declaração de inconstitucionalidade da lei ou ato
normativo.
Qual é o quórum para que o STF, no julgamento de recurso
extraordinário repetitivo, com repercussão geral reconhecida, faça a
modulação dos efeitos da decisão?
• Se o STF declarou a lei ou ato inconstitucional: 2/3 dos membros.
• Se o STF não declarou a lei ou ato inconstitucional: maioria
absoluta.
STF. Plenário. RE 638115 ED-ED/CE, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 18/12/2019 (Info 964).
• ENTIDADES DESPORTIVAS
É inconstitucional previsão do Estatuto do Torcedor, inserida pela Lei
do PROFUT, que permitia o rebaixamento do clube em caso de não
comprovação da regularidade fiscal e trabalhista A Lei 13.155/2015
institui o PROFUT (Programa de modernização da gestão e de
responsabilidade fiscal do futebol brasileiro).
Essa lei alterou o Estatuto do Torcedor (Lei nº 10.671/2003) para
incluir entre os critérios técnicos, além da colocação obtida em
campeonato anterior, a apresentação de Certidão Negativa de
Débitos Federais, de certificado de regularidade de contribuição ao
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e comprovação de
pagamentos de obrigações previstas nos contratos de trabalho e nos
contratos de imagem dos atletas.
Assim, por força da Lei nº 13.155/2015, um clube de futebol da série
“A” (“1ª divisão”) do Campeonato Brasileiro caso não cumprisse os
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• MINISTÉRIO PÚBLICO
Ação de improbidade administrativa proposta contra Promotor de
Justiça (podendo resultar na perda do cargo): julgada em 1ª
instância; ação civil de perda de cargo de Promotor não envolvendo
improbidade administrativa: julgada pelo TJ.
Importante!!!
Ação Civil de perda de cargo de Promotor de Justiça cuja causa de
pedir não esteja vinculada a ilícito capitulado na Lei nº 8.429/92 deve
ser julgada pelo Tribunal de Justiça.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.737.900-SP, Rel. Min. Herman Benjamin,
julgado em 19/11/2019 (Info 662).
• MINISTÉRIO PÚBLICO
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• CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
A decisão do Relator que INADMITE o ingresso do amicus curiae é
recorrível?
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Covid-19
A associação “Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e seis
partidos políticos ajuizaram arguição de descumprimento de preceito
fundamental alegando que o Poder Público estava falhando na
proteção dos povos indígenas com relação à pandemia da Covid-19.
Os autores apontaram uma série de atos comissivos e omissivos do
Poder Público que, segundo eles, estavam causando alto risco de
contágio e de extermínio dos povos indígenas.
Os requerentes apontaram que tais atos violam a dignidade da
pessoa humana (art. 1º, III, da CF/88), o direito à vida (art. 5º,
caput) e o direito à saúde (arts. 6º e 196), além do direito de tais
povos a viverem em seu território, de acordo com suas culturas e
tradições (art. 231). Na ação, os autores pedem a realização de
diversas medidas necessárias para a proteção dos povos indígenas.
O Min. Roberto Barroso (relator) deferiu parcialmente a medida
cautelar para que a União implemente, em resumo, as seguintes
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DIREITO DO CONSUMIDOR
• PLANO DE SAÚDE
Competência para julgar demandas entre usuário e operadora de
plano de saúde
Tema polêmico!
Complemente os informativos 620 e 627 STJ
Compete à Justiça comum julgar as demandas relativas a plano de
saúde de autogestão empresarial, exceto quando o benefício for
instituído em contrato de trabalho, convenção ou acordo coletivo,
hipótese em que a competência será da Justiça do Trabalho, ainda
que figure como parte trabalhador aposentado ou dependente do
trabalhador.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.799.343-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi, julgado em 11/03/2020
(Tema IAC 5) (Info 668).
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• PLANO DE SAÚDE
Competência para julgar demandas entre usuário e operadora de
plano de saúde.
Tema polêmico! Complemente os informativos 620 e 627 STJ
Compete à Justiça comum julgar as demandas relativas a plano de
saúde de autogestão empresarial, exceto quando o benefício for
instituído em contrato de trabalho, convenção ou acordo coletivo,
hipótese em que a competência será da Justiça do Trabalho, ainda
que figure como parte trabalhador aposentado ou dependente do
trabalhador. STJ. 2ª Seção. REsp 1.799.343-SP, Rel. Min. Paulo de
Tarso Sanseverino, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi, julgado em
11/03/2020 (Tema IAC 5) (Info 668).
Vale ressaltar, contudo, que temos aqui uma “polêmica”. No mesmo
dia, na mesma sessão de julgamento, a 2ª Seção apreciou o CC
165.863-SP no qual foram redigidas teses aparentemente
contraditórias com as do REsp 1.799.343-SP.
Compare: Compete à Justiça comum o julgamento das demandas
entre usuário e operadora de plano de saúde, sendo irrelevante a
existência de norma acerca da assistência à saúde em contrato de
trabalho, acordo ou convenção coletiva. Para a definição da
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• PLANO DE SAÚDE
Se não houver previsão contratual expressa, o plano de saúde não é
obrigado a custear o tratamento de fertilização in vitro.
Importante!!!
O art. 10, III, da Lei nº 9.656/98, ao excluir a inseminação artificial
do plano-referência de assistência à saúde, também excluiu a técnica
de fertilização in vitro. A inseminação artificial compreende a
fertilização in vitro, bem como todas as técnicas médico-científicas de
reprodução assistida, sejam elas realizadas dentro ou fora do corpo
feminino.
Isso significa que não é abusiva a negativa de custeio, pela operadora
do plano de saúde, do tratamento de fertilização in vitro, quando não
houver previsão contratual expressa.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.7946.29/SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, Rel. p/
Acórdão Min. Nancy Andrighi, julgado em 18/02/2020 (Info 667).
STJ. 4ª Turma. REsp 1.823.077-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado
em 20/02/2020 (Info 666).
• PLANO DE SAÚDE
Plano de saúde possui responsabilidade solidária por danos causados
pelos médicos e hospitais próprios ou credenciados.
Importante!!!
A demora para a autorização da cirurgia indicada como urgente pela
equipe médica do hospital próprio ou credenciado, sem justificativa
plausível, caracteriza defeito na prestação do serviço da operadora do
plano de saúde, resultando na sua responsabilização.
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• PLANO DE SAÚDE
Se não houver previsão contratual expressa, o plano de saúde não é
obrigado a custear o tratamento de fertilização in vitro.
Importante!!!
Não é abusiva a negativa de custeio, pela operadora do plano de
saúde, do tratamento de fertilização in vitro, quando não houver
previsão contratual expressa.
O art. 10, III, da Lei nº 9.656/98 estabelce que a “inseminação
artificial” não é um procedimento de cobertura obrigatória pelos
planos de saúde. Em outras palavras, o contrato pode ou não prever
a cobertura desse tratamento.
Se o contrato não cobrir expressamente e o plano de saúde, em
virtude disso, se recusar a custear, essa negativa não será abusiva.
Vale ressaltar que a fertilização in vitro não é mesmo que
inseminação artificial. Mesmo assim, a partir de uma interpretação
sistemática e teleológica, que garanta o equilíbrio atuarial do sistema,
deve-se entender que o mesmo raciocínio se aplica para a fertilização
in vitro e que este tratamento também não é de cobertura
obrigatória.
Nesse sentido, a Resolução Normativa nº 428/2017, da ANS permite
que o plano de saúde não ofereça inseminação artificial e outras
técnicas de reprodução humana assistida. Assim, ao falar em outras
técnicas, pode-se incluir aí a fertilização in vitro.
STJ. 3ª Turma. REsp 1794629/SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, Rel. p/
Acórdão Min. Nancy Andrighi, julgado em 18/02/2020.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.823.077-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado
em 20/02/2020 (Info 666).
• PLANO DE SAÚDE
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• PUBLICIDADE ENGANOSA
Se a matriz havia sido condenada a publicar contrapropaganda, mas
encerrou suas atividades, essa condenação poderá ser redirecionada
para a filial.
Importante!!!
É possível o redirecionamento da condenação de veicular
contrapropaganda imposta a posto de gasolina matriz à sua filial.
Ainda que possuam CNPJ diversos e autonomia administrativa e
operacional, as filiais são um desdobramento da matriz por integrar a
pessoa jurídica como um todo.
Eventual decisão contrária à matriz por atos prejudiciais a
consumidores é extensível às filiais.
Obs: a contrapropaganda é uma medida imposta nos casos de
veiculação de publicidade inverídica ou abusiva, que busca anular ou
compensar os efeitos nocivos da publicidade ilícita.
A finalidade, portanto, é corrigir o desvio cometido na publicidade
antijurídica veiculada pelo fornecedor.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.655.796-MT, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, julgado em 11/02/2020 (Info 665).
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• PUBLICIDADE ENGANOSA
A ausência de informação relativa ao preço, por si só, não caracteriza
publicidade enganosa.
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• PLANO DE SAÚDE
Autarquia que seja criada para prestar serviços de saúde suplementar
para os servidores públicos e seus dependentes estará sujeita às
regras da Lei dos Planos de Saúde (Lei 9.656/98).
Aplica-se a Lei nº 9.656/98 à pessoa jurídica de direito público de
natureza autárquica que presta serviço de assistência à saúde de
caráter suplementar aos servidores municipais.
Considerando que o caput do art. 1º faz menção expressa às pessoas
jurídicas de direito privado, pode-se interpretar que a escolha do
termo “entidade” no § 2º teve por objetivo ampliar a aplicação da lei
para todas as pessoas jurídicas que prestam os serviços de
assistência à saúde suplementar, até porque não faria sentido a
utilização de termos distintos.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.766.181-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel.
Acd. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 03/12/2019 (Info
662).
• CONCEITO DE CONSUMIDOR
Não se aplica o Código de Defesa do Consumidor às relações entre
acionistas investidores e a sociedade anônima de capital aberto com
ações negociadas no mercado de valores mobiliários
Caso concreto: João ajuizou ação contra o Itaú Unibanco alegando
que é acionista investidor da instituição financeira e que deveria ter
recebido dividendos correspondentes às suas ações preferenciais e
que eles não foram pagos pelo banco. Afirmou que se trata de
relação de consumo e que, portanto, deveria ser aplicado o CDC. O
STJ não concordou com a tese. De acordo com a teoria finalista ou
97
99
100
• LIBERDADE SINDICAL
O art. 522 da CLT, que prevê um número máximo empregados que
podem ser dirigentes sindicais, é compatível com a CF/88 e não viola
a garantia da liberdade sindical.
A liberdade sindical tem previsão constitucional, mas não possui
caráter absoluto.
A previsão legal de número máximo de dirigentes sindicais dotados
de estabilidade de emprego não esvazia a liberdade sindical.
• CONTRATO DE TRABALHO
A Lei nº 13.467/2017 (Reforma Trabalhista) alterou o § 3º do art.
614 da CLT e vedou expressamente a ultratividade das normas
coletivas no ordenamento jurídico brasileiro.
Deve ser julgada prejudicada, por perda superveniente de objeto, a
ação direta de inconstitucionalidade ajuizada em face do art. 19 da
MP 1.950-62/2000, convertida no art. 18 da Lei nº 10.192/2001, na
parte em que revogou os §§ 1º e 2º do art. 1º da Lei nº 8.542/92.
Os §§ 1º e 2º do art. 1º da Lei nº 8.542/92 previam a ultratividade
das convenções e acordos coletivos.
101
• COMPETÊNCIA
Justiça do Trabalho não tem competência penal.
A Justiça do Trabalho não tem competência para processar e julgar
ações penais.
STF. Plenário. ADI 3684, Rel. Gilmar Mendes, julgado em 11/05/2020
(Info 980).
• COMPETÊNCIA
Justiça comum deve julgar ação de servidor contratado depois da
CF/88, sem concurso público, contra Município, no qual ele cobra
verbas trabalhistas decorrentes desta contratação.
102
• CONTRATO DE TRABALHO
É inconstitucional dispositivo que afirma que os casos de
contaminação por coronavírus não serão considerados doenças
ocupacionais.
É inconstitucional dispositivo que suspenda a atuação repressiva dos
Fiscais do Trabalho Covid-19 A MP 927/2020 dispõe sobre a
possibilidade de celebração de acordo individual escrito, a fim de
garantir a permanência do vínculo empregatício, durante o período da
pandemia do novo coronavírus (covid-19), bem como sobre diversas
providências a serem tomadas nesse período de calamidade pública
relativas aos contratos de trabalho.
No julgamento de medida cautelar, o STF decidiu suspender a eficácia
apenas dos arts. 29 e 31 da MP 927/2020, mantendo os demais
dispositivos. Art. 29.
Os casos de contaminação pelo coronavírus (covid-19) não serão
considerados ocupacionais, exceto mediante comprovação do nexo
causal.
Esse dispositivo não se mostra razoável ao afirmar, de forma tão
ampla, que a contaminação pelo coronavírus não seria doença
ocupacional, excluindo da proteção inclusive de trabalhadores de
atividades essenciais que continuam expostos aos riscos. Art. 31.
Durante o período de cento e oitenta dias, contado da data de
entrada em vigor desta Medida Provisória, os Auditores Fiscais do
Trabalho do Ministério da Economia atuarão de maneira orientadora,
exceto quanto às seguintes irregularidades: (...) Não existe razão
para suspender, durante o período de 180 dias, contados da data de
entrada em vigor da MP, a atuação completa dos Auditores Fiscais do
Trabalho.
103
• CONTRATO DE TRABALHO
É constitucional a MP 936/2020, que autoriza a redução da jornada
de trabalho e do salário ou a suspensão temporária do contrato de
trabalho por meio de acordos individuais em razão da pandemia do
covid-19, independentemente de anuência sindical A MP 936/2020
instituiu o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da
Renda para enfrentamento do estado de calamidade pública
decorrente do covid-19.
Com o objetivo de ajudar os empresários e evitar que muitos
trabalhadores percam seus empregados durante a pandemia, a MP
permitiu:
• a redução proporcional de jornada de trabalho e de salários; e
• a suspensão temporária do contrato de trabalho. A MP prevê que
existe a possibilidade de essas medidas serem implementadas por
meio de acordo individual ou de negociação coletiva aos empregados.
O § 4º do art. 11 da MP afirma que “Os acordos individuais de
redução de jornada de trabalho e de salário ou de suspensão
temporária do contrato de trabalho, pactuados nos termos desta
Medida Provisória, deverão ser comunicados pelos empregadores ao
respectivo sindicato laboral, no prazo de até dez dias corridos,
contado da data de sua celebração.” Esse acordo escrito individual
firmado entre o empregado e o empregador é um ato jurídico perfeito
e acabado e não está sujeito ao referendo (aprovação) do sindicato.
O STF, ao analisar o pedido de medida cautelar na ADI proposta
contra a Medida Provisória, decidiu manter a eficácia da MP
936/2020, que autoriza a redução da jornada de trabalho e do salário
ou a suspensão temporária do contrato de trabalho por meio de
acordos individuais em razão da pandemia do novo coronavírus,
independentemente de anuência sindical.
104
• RESPONSABILIDADE CIVIL
O art. 927, parágrafo único, do CC pode ser aplicado para permitir a
responsabilização objetiva do empregador por danos causados ao
empregado decorrentes de acidentes de trabalho, não sendo
incompatível com o art. 7º, XXVIII, da CF/88, que prevê
responsabilidade subjetiva.
Importante!!!
O art. 927, parágrafo único, do Código Civil é compatível com o art.
7º, XXVIII, da Constituição Federal, sendo constitucional a
responsabilização objetiva do empregador por danos decorrentes de
acidentes de trabalho nos casos especificados em lei ou quando a
atividade normalmente desenvolvida, por sua natureza, apresentar
exposição habitual a risco especial, com potencialidade lesiva, e
implicar ao trabalhador ônus maior do que aos demais membros da
coletividade.
STF. Plenário. RE 828040/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado
em 12/3/2020 (repercussão geral – Tema 932) (Info 969).
• COMPETÊNCIA
Cabe à Justiça Comum (estadual ou federal) julgar ações contra
concurso público realizado por órgãos e entidades da Administração
Pública para contratação de empregados celetistas.
Importante!!!
Compete à Justiça comum processar e julgar controvérsias
relacionadas à fase pré-contratual de seleção e de admissão de
pessoal e eventual nulidade do certame em face da Administração
Pública, direta e indireta, nas hipóteses em que adotado o regime
celetista de contratação de pessoal.
STF. Plenário. RE 960429/RN, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4
e 5/3/2020 (repercussão geral – Tema 992) (Info 968).
• COMPETÊNCIA
105
STF. Plenário. CC 8018/PI, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac.
Min. Alexandre de Moraes, julgado em 19/12/2019 (Info 964).
• COMPETÊNCIA
Justiça do Trabalho não tem competência para julgar as causas
instauradas entre o Poder Público e servidor que lhe seja vinculado
por relação jurídico-estatutária.
A interpretação adequadamente constitucional da expressão “relação
do trabalho” deve excluir os vínculos de natureza jurídico-estatutária,
em razão de que a competência da Justiça do Trabalho não alcança
as ações judiciais entre o Poder Público e seus servidores.
Vale ressaltar também que o processo legislativo para edição da
Emenda Constitucional 45/2004, que deu nova redação ao inciso I do
art. 114 da Constituição Federal, é, do ponto de vista formal,
constitucionalmente hígido (não houve qualquer inconstitucionalidade
formal).
STF. Plenário. ADI 3395, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
15/04/2020 (Info 984 – clipping).
106
• SISTEMAS ELEITORAIS
É constitucional o art. 4º da Lei nº 13.165/2015, que deu nova
redação ao art. 108 do Código Eleitoral, para dizer que só será eleito
o candidato que obtiver votos em número igual ou superior a 10% do
quociente eleitoral.
É inconstitucional a expressão “número de lugares definido para o
partido pelo cálculo do quociente partidário do art. 107”, prevista no
inciso I do art. 109 do Código Eleitoral, com redação dada pela Lei
13.165/2015.
É constitucional o § 2º do art. 109 do CE, com redação dada pela Lei
13.488/2017, que estabeleceu que todos os partidos e coligações que
participaram do pleito podem concorrer às denominadas “sobras
eleitorais”.
É constitucional o art. 4º da Lei nº 13.165/2015, que deu nova
redação ao art. 108 do Código Eleitoral, para dizer que só será eleito
o candidato que obtiver votos em número igual ou superior a 10% do
quociente eleitoral.
Essa alteração não viola o princípio democrático ou o sistema
proporcional, consistindo, antes, em valorização da
representatividade e do voto nominal, em consonância com o sistema
de listas abertas e com o comportamento cultural do eleitor
brasileiro.
A pessoa que está sendo eleita pelo partido tem que ter o mínimo de
representatividade popular e, por isso, se estabeleceu esses 10%. O
objetivo do legislador foi o de acabar com a figura do “puxador de
votos”, excluindo da participação, no parlamento, candidatos que
pessoalmente tenham obtido votação inexpressiva e, por isso,
tenham representatividade popular ínfima.
STF. Plenário. ADI 5920/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 4/3/2020
(Info 968).
É inconstitucional a expressão “número de lugares definido para o
partido pelo cálculo do quociente partidário do art. 107”, prevista no
108
109
• INELEGIBILIDADE
Não é possível fazer uma interpretação extensiva do art. 1º, I, “g”,
da LC 64/90 para dizer que a simples violação da Lei de Licitações
configura ato doloso de improbidade administrativa e que, portanto,
caracteriza essa hipótese de inelegibilidade.
O art. 1º, I, “g”, da LC 64/90 prevê que são inelegíveis para
qualquer cargo os que tiverem suas contas rejeitadas pelo Tribunal
de Contas “por irregularidade insanável que configure ato doloso de
improbidade administrativa”.
Assim, a rejeição de contas só gera a inelegibilidade se a
irregularidade insanável que for detectada configurar ato doloso de
improbidade administrativa.
Não é possível fazer uma interpretação extensiva desse dispositivo
para dizer que a simples violação da Lei de Licitações configura ato
doloso de improbidade administrativa e que, portanto, caracteriza
essa hipótese de inelegibilidade.
É necessário fazer uma distinção entre “ato meramente ilegal” e “ato
ímprobo”, exigindo para este último uma qualificação especial: lesar o
erário ou, ainda, promover enriquecimento ilícito ou favorecimento
contra legem de terceiro.
STF. 2ª Turma. ARE 1197808 AgR-segundo e terceiro/SP, Rel. Min.
Gilmar Mendes, julgado em 3/3/2020 (Info 968).
110
• MARCA
Justiça Estadual não pode julgar improcedente pedido de abstenção
de uso de marca, sob o argumento de que o registro dessa marca
tem uma nulidade e, portanto, não goza de proteção; falta
competência à Justiça Estadual para reconhecer essa nulidade.
Importante!!!
Não compete à Justiça estadual, em sede de reconvenção proposta
na ação de abstenção de uso de marca, afastar o pedido da
proprietária da marca, declarando a nulidade do registro ou
irregularidade da marca.
A Justiça Estadual não pode, ao julgar uma ação de abstenção de uso
de marca, negar o pedido da proprietária da marca utilizando como
argumento que o registro dessa marca conteria uma nulidade ou
irregularidade.
A competência para examinar eventual nulidade do registro de uma
marca é da Justiça Federal. Isso porque, nessa situação, haverá
interesse jurídico do INPI na demanda, considerando que foi essa
autarquia federal que concedeu o registro, incidindo, portanto, na
hipótese do art. 109, I, da CF/88. Caso concreto: uma escola propôs
ação pedindo para que outra empresa de educação não utilizasse o
termo “Poliedro” como marca; o TJ julgou o pedido improcedente
afirmando que essa palavra não poderia ter sido registrada como
marca; logo, o registro seria nulo.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.393.123-SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti,
julgado em 18/02/2020 (Info 667).
• RECUPERAÇÃO JUDICIAL
A sistemática prevista no art. 142 da Lei nº 11.101/2005 não é
aplicável nas hipóteses do art. 66, ou seja, quando reconhecida a
utilidade e a urgência na alienação de bens integrantes do ativo
permanente de empresa em recuperação judicial.
O art. 66 da Lei nº 11.101/2005 afirma que é possível a alienação de
bens integrantes do ativo permanente da empresa em recuperação
111
• MARCA
A empresa que comercializa responde solidariamente com o
fabricante de produtos contrafeitos pelos danos causados pelo uso
indevido da marca.
A empresa que comercializa responde solidariamente com o
fabricante de produtos contrafeitos pelos danos causados pelo uso
indevido da marca. Ainda que a solidariedade não seja
expressamente prevista na Lei nº 9.279/96, a responsabilidade civil é
solidária para todos os autores e coautores que adotem condutas
danosas ao direito protegido de outrem, conforme sistema geral de
responsabilidade estabelecido no art. 942 do Código Civil.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.719.131-MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 11/02/2020 (Info 666).
• MARCA
A renúncia ao registro não enseja a perda do objeto da ação que
veicula pretensão de declaração de nulidade da marca.
Importante!!!
Atenção!
Concursos federais A renúncia ao registro não enseja a perda do
objeto da ação que veicula pretensão de declaração de nulidade da
marca.
112
• CONTRATOS BANCÁRIOS
É possível que o contrato de abertura de crédito fixo preveja que os
encargos financeiros serão um percentual da taxa média do CDI.
É admissível a estipulação dos encargos financeiros de contrato de
abertura de crédito em percentual sobre a taxa média aplicável aos
Certificados de Depósitos Interbancários (CDIs).
Nos depósitos interbancários, como em qualquer outro tipo de
empréstimo, a instituição tomadora paga juros à instituição emitente.
A denominada Taxa CDI, ou simplesmente DI, é calculada com base
nas taxas aplicadas em tais operações, refletindo, portanto, o custo
de captação de moeda suportado pelos bancos.
STJ. 3ª Turma.REsp 1.781.959-SC, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, julgado em 11/02/2020 (Info 665).
• RECUPERAÇÃO JUDICIAL
113
• RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Os créditos derivados da prestação de serviços contábeis e afins
podem ser classificados como créditos trabalhistas no processo de
recuperação judicial.
Os créditos decorrentes da prestação de serviços contábeis e afins,
mesmo que titularizados por sociedade simples, são equiparados aos
créditos trabalhistas para efeitos de sujeição ao processo de
recuperação judicial.
O tratamento dispensado aos honorários devidos a profissionais
liberais - no que se refere à sujeição ao plano de recuperação judicial
- deve ser o mesmo conferido aos créditos de origem trabalhista, em
virtude de ambos ostentarem natureza alimentar. Esse entendimento
não é obstado pelo fato de o titular do crédito ser uma sociedade de
contadores, considerando que, mesmo nessa hipótese, a natureza
alimentar da verba não é modificada.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.851.770-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 18/02/2020 (Info 665).
• RECUPERAÇÃO JUDICIAL
114
• FALÊNCIA
O síndico (atual administrador judicial) deve prestar contas também
dos atos realizados pelo gerente que ficar responsável pela
continuidade provisória das atividades do falido.
O síndico (atual administrador judicial) é responsável pela prestação
de contas da massa falida ao juízo a partir do momento de sua
115
• RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Compete ao juízo da recuperação judicial o julgamento de tutela de
urgência que tem por objetivo antecipar o início do stay period ou
suspender os atos expropriatórios determinados em outros juízos,
antes mesmo de deferido o processamento da recuperação.
O Juízo da recuperação é competente para avaliar se estão presentes
os requisitos para a concessão de tutela de urgência objetivando
antecipar o início do stay period ou suspender os atos expropriatórios
determinados em outros juízos, antes mesmo de deferido o
processamento da recuperação.
STJ. 2ª Seção. CC 168.000-AL, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
julgado em 11/12/2019 (Info 663).
• REPRESENTAÇÃO COMERCIAL
É nula a cláusula que prevê o pagamento antecipado da indenização
devida ao representante comercial no caso de rescisão injustificada
do contrato pela representada.
A representação comercial autônoma é uma espécie de contrato
segundo o qual uma determinada pessoa (física ou jurídica) chamada
de “representante” compromete-se a ir em busca de interessados que
116
• RECUPERAÇÃO JUDICIAL
A ação de habilitação retardatária de crédito deve ser ajuizada até a
prolação da decisão de encerramento do processo recuperacional.
Se o credor não requereu a habilitação de seu crédito e o quadro-
geral de credores já foi homologado, a única via que ainda resta para
esse credor será pleitear a habilitação por meio de ação judicial
autônoma que tramitará pelo rito ordinário, nos termos do art. 10,
§ 6º, da LFRE: § 6º Após a homologação do quadro-geral de
credores, aqueles que não habilitaram seu crédito poderão,
observado, no que couber, o procedimento ordinário previsto no
Código de Processo Civil, requerer ao juízo da falência ou da
recuperação judicial a retificação do quadro-geral para inclusão do
respectivo crédito.
Vale ressaltar, no entanto, que essa ação pedindo a habilitação
retardatária somente pode ser proposta até a prolação da decisão de
encerramento do processo recuperacional.
Desse modo, uma vez encerrada a recuperação judicial, não se pode
mais autorizar a habilitação ou a retificação de créditos.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.840.166-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 10/12/2019 (Info 662).
117
118
• RECUPERAÇÃO JUDICIAL
A alienação de ativos na forma de unidade produtiva isolada pode se
dar por meio diverso do previsto nos arts. 60 e 142 da Lei nº
11.101/2005.
Cuidado com alguns livros!
A alienação de unidades produtivas isoladas prevista em plano de
recuperação judicial aprovado deve, em regra, se dar na forma de
alienação por hasta pública, conforme o disposto nos arts. 60 e 142
da Lei nº 11.101/2005.
A adoção de outras modalidades de alienação, na forma do art. 145
da Lei nº 11.101/2005, só pode ser admitida em situações
excepcionais, que devem estar explicitamente justificadas na
proposta apresentada aos credores.
Nessas hipóteses, as condições do negócio devem estar
minuciosamente descritas no plano de recuperação judicial que deve
ter votação destacada deste ponto, ser aprovado por maioria
substancial dos credores e homologado pelo juiz. Em suma: a
alienação de unidades produtivas isoladas prevista em plano de
recuperação judicial aprovado somente poderá adotar outras
modalidades de alienação em situações excepcionais, que devem
estar explicitamente justificadas na proposta apresentadas aos
credores.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.689.187-RJ, Rel. Min. RicardoVillas Bôas
Cueva, julgado em 05/05/2020 (Info 671).
119
DIREITO INTERNACIONAL
• EXPULSÃO
É proibida a expulsão caso o estrangeiro tenha filho brasileiro e ele
esteja sob a sua guarda ou dependência econômica ou socioafetiva,
mesmo que isso tenha ocorrido após o fato ensejador do ato
expulsório.
Importante!!!
O § 1º do art. 75 da Lei nº 6.815/80 não foi recepcionado pela
Constituição Federal de 1988, sendo vedada a expulsão de
120
• EXPULSÃO
Estrangeiro que tenha filho brasileiro que esteja sob sua guarda ou
dependência não pode ser expulso mesmo que o nascimento tenha
ocorrido após os fatos que ensejaram a expulsão
Importante!!!
Para a configuração das hipóteses legais de inexpulsabilidade não é
exigível a contemporaneidade dessas mesmas causas em relação aos
fatos que deram ensejo ao ato expulsório.
Caso concreto: portaria de expulsão do estrangeiro foi publicada em
2017; enquanto aguardava a efetivação da expulsão, esse
estrangeiro teve um filho brasileiro, nascido em 2019; a Lei de
Migração (Lei nº 13.445/2017), em seu art. 55, II, “a”, proíbe a
expulsão caso o estrangeiro tenha filho brasileiro e ele esteja sob a
sua guarda ou dependência econômica ou socioafetiva; muito embora
a portaria de expulsão tenha sido editada antes do nascimento do
filho brasileiro, o certo é que não se pode exigir para a configuração
das hipóteses legais de inexpulsabilidade a contemporaneidade
dessas mesmas causas em relação aos fatos que deram ensejo ao ato
expulsório.
STJ. 1ª Seção. HC 452.975-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em
12/02/2020 (Info 667).
121
• REGIME JURÍDICO
É constitucional lei estadual que preveja que o exercício da advocacia
deve ser considerado como título em concursos para cartório.
O exercício da advocacia é critério adequado para a atribuição de
título em concursos para carreiras jurídicas.
Assim, é constitucional lei estadual que preveja que o exercício da
advocacia deve ser considerado como título em concursos para
cartório (serventias notariais e de registro).
STF. Plenário. ADI 3760, Rel. Gilmar Mendes, julgado em
15/04/2020.
• COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS
É inconstitucional lei estadual que determine aos titulares das
serventias extrajudiciais que façam a microfilmagem dos documentos
arquivados no cartório.
Os Estados-membros não possuem competência legislativa para
determinar a microfilmagem de documentos arquivados nos cartórios
extrajudiciais do Estado.
Esse tema envolve registros públicos e responsabilidade civil dos
notários e registros, matéria que é de competência privativa da
União, nos termos do art. 22, XXV, da CF/88.
STF. Plenário. ADI 3723, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
27/03/2020.
122
• REINCIDÊNCIA
Admite-se o uso de informações processuais extraídas dos sítios
eletrônicos dos tribunais, quando completas, a fim de demonstrar a
reincidência do réu.
Importante!!!
Para fins de comprovação da reincidência, é necessária
documentação hábil que traduza o cometimento de novo crime depois
de transitar em julgado a sentença condenatória por crime anterior,
mas não se exige, contudo, forma específica para a comprovação.
Desse modo, é possível que a reincidência do réu seja demonstrada
com informações processuais extraídas dos sítios eletrônicos dos
tribunais.
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 448.972/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares
da Fonseca, julgado em 16/08/2018. STF. 1ª Turma. HC 162548
AgR/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 16/6/2020 (Info 982).
• CORRUPÇÃO PASSIVA
Pratica corrupção passiva o Deputado Federal que recebe vantagem
indevida para interceder junto a diretor da Petrobrás com o intuito de
que fazer com que a empresa faça acordo com empresa privada e
pague a ela determinadas quantias em atraso.
Uma determinada empresa havia prestado serviços para a Petrobrás
e não tinha recebido todo o valor que entendia devido. Essa empresa
entrou em contato com determinado Deputado Federal para que ele
resolvesse a situação.
Este Deputado comprometeu-se a falar com o diretor de
abastecimento da Petrobrás, mas exigiu o pagamento de vantagem
indevida.
123
124
• ROUBO
Nos casos em que se aplica a Lei nº 13.654/2018, é possível a
valoração do emprego de arma branca, no crime de roubo, como
circunstância judicial desabonadora.
A Lei nº 13.654/2018 entrou em vigor no dia 24/04/2018. Antes
dessa Lei, o emprego de arma branca era considerado causa e
aumento de pena no roubo. Essa Lei, contudo, deixou de prever a
arma branca como majorante.
Suponhamos que, no dia 25/04/2018, João, usando um canivete,
ameaçou a vítima, subtraindo dela o telefone celular. O juiz, ao
condenar o réu, não poderá, na 3ª fase da dosimetria da pena,
utilizar a “arma branca” como causa de aumento de pena. Diante
disso, nada impede que o magistrado utilize esse fato (emprego de
arma branca) como uma circunstância judicial negativa, aumentando
a pena-base na 1ª fase da dosimetria da pena.
Assim, no período de aplicação da Lei nº 13.654/2018, o juiz está
proibido de utilizar essa circunstância (emprego de arma branca)
como causa de aumento de pena, mas nada impede que considere
isso como circunstância judicial negativa, na fase do art. 59 do CP.
STJ. 5ª Turma. HC 556.629-RJ, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em
03/03/2020 (Info 668).
125
• DESOBEDIÊNCIA
127
128
• CRIMES AMBIENTAIS
Se a ré pratica o crime de poluição qualificada e não toma
providências para reparar o dano, entende-se que continua
praticando ato ilícito em virtude da sua omissão, devendo, portanto,
ser considerado que se trata de crime permanente.
Os delitos previstos no: - art. 54, § 2º, I, II, III e IV e § 3º e - art.
56, § 1º, I e II, - cumulados com a causa de aumento de pena do art.
58, I, da Lei nº 9.605/98, ... que se resumem na ação de causar
poluição ambiental que provoque danos à população e ao próprio
ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas na
legislação de proteção, e na omissão em adotar medidas de
precaução nos casos de risco de dano grave ou irreversível ao
ecossistema, ... são crimes de natureza permanente, para fins de
aferição da prescrição.
Caso concreto: a empresa ré armazenou inadequadamente causando
grave poluição da área degradada, sendo que, até o momento de
prolação do julgado, não havia tomado providências para reparar o
dano, caracterizando a continuidade da prática infracional.
Desse modo, constata-se que o crime de poluição qualificada é
permanente, ainda que por omissão da ré, que foi prontamente
notificada a reparar o dano causado, mas não o fez.
STJ. 5ª Turma.AgRg no REsp 1.847.097-PA, Rel. Min. Joel Ilan
Paciornik, julgado em 05/03/2020 (Info 667).
• PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
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• ARREPENDIMENTO POSTERIOR
130
• STJ: SIM.
É possível a utilização de inquéritos policiais e/ou ações penais em
curso para formação da convicção de que o réu se dedica a atividades
criminosas, de modo a afastar o benefício legal previsto no art. 33, §
4º, da Lei n.º 11.343/2006.
STJ. 3ª Seção. EREsp 1.431.091-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado
em 14/12/2016 (Info 596).
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 539.666/RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro,
julgado em 05/03/2020.
• STF: NÃO.
Não se pode negar a aplicação da causa de diminuição pelo tráfico
privilegiado, prevista no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006, com
fundamento no fato de o réu responder a inquéritos policiais ou
processos criminais em andamento, mesmo que estejam em fase
recursal, sob pena de violação ao art. 5º, LIV (princípio da presunção
de não culpabilidade).
Não cabe afastar a causa de diminuição prevista no art. 33, § 4º, da
Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas) com base em condenações não
alcançadas pela preclusão maior (coisa julgada).
STF. 1ª Turma. HC 173806/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
18/2/2020 (Info 967).
STF. 1ª Turma. HC 166385/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
14/4/2020 (Info 973).
131
• CRIMES DO ECA
132
• CRIMES DO ECA
Juiz não pode aumentar a pena-base do crime do art. 241-A do ECA
alegando que a conduta social ou a personalidade são desfavoráveis,
sob o argumento de que o réu manifestou grande interesse por
material pornográfico.
O grande interesse por material que contenha cena de sexo explícito
ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente é ínsito ao crime
descrito no art. 241-A da Lei nº 8.069/90, não sendo justificável a
exasperação da pena-base a título de conduta social ou
personalidade.
Caso concreto: na 1ª fase da dosimetria da pena (art. 59 do CP), o
juiz aumentou a pena-base de 3 para 4 anos afirmando que a
conduta social e a personalidade do agente eram desfavoráveis:
“Com base nos elementos constantes dos autos, percebo que a
conduta social e a personalidade do acusado demonstram certa
periculosidade pelo grande interesse em pornografia infantil.
Fixo a pena-base privativa de liberdade em 4 (quatro) anos de
reclusão nesta fase.”
STJ. 6ª Turma. REsp 1.579.578-PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz,
julgado em 04/02/2020 (Info 666).
• PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
• HOMICÍDIO
A qualificadora do meio cruel é compatível com o dolo eventual.
Importante!!!
Não há incompatibilidade entre o dolo eventual e o reconhecimento
do meio cruel, na medida em que o dolo do agente, direto ou
indireto, não exclui a possibilidade de a prática delitiva envolver o
emprego de meio mais reprovável, como veneno, fogo, explosivo,
asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel (art. 121, § 2º, III,
do CP). Caso concreto: réu atropelou o pedestre e não parou o
veículo, arrastando a vítima por 500 metros, assumindo, portanto, o
risco de produzir o resultado morte; mesmo tendo havido dolo
eventual, deve-se reconhecer também a qualificadora do meio cruel
prevista no art. 121, § 2º, III, do CP.
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1573829/SC, Rel. Min. Reynaldo
Soares da Fonseca, julgado em 09/04/2019.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.829.601-PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado
em 04/02/2020 (Info 665).
• CRIME DE INCÊNDIO
A materialidade do delito de incêndio deve ser comprovada, em
regra, mediante exame de corpo de delito, podendo ser suprida por
outros meios caso haja uma justificativa para a não realização do
laudo pericial.
A materialidade do delito de incêndio (art. 250, § 1º, I, do CP), cuja
prática deixa vestígios, deve ser comprovada, em regra, mediante
exame de corpo de delito, nos termos do art. 158 do CPP. Existe até
uma previsão específica para o caso do crime de incêndio: Art. 173.
No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que
houver começado, o perigo que dele tiver resultado para a vida ou
para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor e as
demais circunstâncias que interessarem à elucidação do fato.
134
• TRÁFICO DE DROGAS
É possível que o juiz negue o benefício do § 4º do art. 33 da Lei de
Drogas pelo simples fato de o acusado ser investigado em inquérito
policial ou réu em outra ação penal que ainda não transitou em
julgado?
Atualize o Info 596-STJ
É possível que o juiz negue o benefício do § 4º do art. 33 da Lei de
Drogas com base no fato de o acusado ser investigado em inquérito
policial ou ser réu em outra ação penal que ainda não transitou em
julgado?
• STJ: SIM. É possível a utilização de inquéritos policiais e/ou ações
penais em curso para formação da convicção de que o réu se dedica a
135
• PECULATO
Pratica o crime de peculato-desvio o Governador que determina que
os valores descontados dos contracheques dos servidores para
pagamento de empréstimo consignado não sejam repassados ao
banco, mas sim utilizados para quitação de dívidas do Estado.
Importante!!!
O administrador que desconta valores da folha de pagamento dos
servidores públicos para quitação de empréstimo consignado e não os
repassa a instituição financeira pratica peculato desvio, sendo
desnecessária a demonstração de obtenção de proveito próprio ou
alheio, bastando a mera vontade de realizar o núcleo do tipo.
Peculato-desvio é crime formal para cuja consumação não se exige
que o agente público ou terceiro obtenha vantagem indevida
mediante prática criminosa, bastando a destinação diversa daquela
que deveria ter o dinheiro.
Caso concreto: diversos servidores estaduais possuíam empréstimos
consignados. Assim, todos os meses a Administração Pública estadual
fazia o desconto das parcelas do empréstimo da remuneração dos
servidores e repassava a quantia ao banco que concedeu o mútuo.
136
• PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
É possível aplicar o princípio da insignificância para furto de bem
avaliado em R$ 20,00 mesmo que o agente tenha antecedentes
criminais por crimes patrimoniais.
É possível a aplicação do princípio da insignificância para o agente
que praticou o furto de um carrinho de mão avaliado em R$ 20,00
(3% do salário-mínimo), mesmo ele possuindo antecedentes
criminais por crimes patrimoniais.
STF. 1ª Turma. RHC 174784/MS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/
o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/2/2020 (Info 966).
137
• PRESCRIÇÃO
Acórdão que confirma ou reduz a pena interrompe a prescrição?
Tema polêmico!
Acórdão que confirma ou reduz a pena interrompe a prescrição?
• SIM. É a posição atual da 1ª Turma do STF. O acórdão
confirmatório da sentença implica a interrupção da prescrição.
A prescrição é, como se sabe, o perecimento da pretensão punitiva
ou da pretensão executória pela inércia do próprio Estado. No art.
117 do Código Penal que deve ser interpretado de forma sistemática
todas as causas interruptivas da prescrição demonstram, em cada
inciso, que o Estado não está inerte. Não obstante a posição de parte
da doutrina, o Código Penal não faz distinção entre acórdão
condenatório inicial e acórdão condenatório confirmatório da decisão.
Não há, sistematicamente, justificativa para tratamentos díspares. A
ideia de prescrição está vinculada à inércia estatal e o que existe na
confirmação da condenação é a atuação do Tribunal.
Consequentemente, se o Estado não está inerte, há necessidade de
se interromper a prescrição para o cumprimento do devido processo
legal.
STF. 1ª Turma. RE 1237572 AgR, Rel. Min. Marco Aurélio, Relator p/
Acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 26/11/2019.
STF. 1ª Turma. RE 1241683 AgR/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio,
red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 4/2/2020 (Info
965).
• NÃO. É a posição da doutrina, do STJ e da 2ª Turma do STF.
O art. 117, IV do CP estabelece que o curso da prescrição
interrompe-se pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios
138
• LEI DE DROGAS
Para fins do art. 33, § 4º, da Lei de Drogas, milita em favor do réu a
presunção de que ele é primário, possui bons antecedentes e não se
dedica a atividades criminosas nem integra organização criminosa; o
ônus de provar o contrário é do Ministério Público.
A previsão da redução de pena contida no § 4º do art. 33 da Lei nº
11.343/2006 tem como fundamento distinguir o traficante contumaz
e profissional daquele iniciante na vida criminosa, bem como do que
se aventura na vida da traficância por motivos que, por vezes,
confundem-se com a sua própria sobrevivência e/ou de sua família.
Assim, para legitimar a não aplicação do redutor é essencial a
fundamentação corroborada em elementos capazes de afastar um
dos requisitos legais, sob pena de desrespeito ao princípio da
individualização da pena e de fundamentação das decisões judiciais.
Desse modo, a habitualidade e o pertencimento a organizações
criminosas deverão ser comprovados, não valendo a simples
presunção.
Não havendo prova nesse sentido, o condenado fará jus à redução de
pena. Em outras palavras, militará em favor do réu a presunção de
que é primário e de bons antecedentes e de que não se dedica a
atividades criminosas nem integra organização criminosa.O ônus de
provar o contrário é do Ministério Público.
Assim, o STF considerou preenchidas as condições da aplicação da
redução de pena, por se estar diante de ré primária, com bons
antecedentes e sem indicação de pertencimento a organização
criminosa.
139
• ESTELIONATO
A competência para julgar estelionato que ocorre mediante depósito
ou transferência bancária é do local da agência beneficiária do
depósito ou transferência bancária (local onde se situa a agência que
recebeu a vantagem indevida).
Importante!!! Pacificou!!!
Na hipótese em que o estelionato se dá mediante vantagem indevida,
auferida mediante o depósito em favor de conta bancária de terceiro,
a competência deverá ser declarada em favor do juízo no qual se
situa a conta favorecida.
No caso em que a vítima, induzida em erro, efetuou depósito em
dinheiro e/ou transferência bancária para a conta de terceiro
(estelionatário), a obtenção da vantagem ilícita ocorreu quando o
estelionatário se apossou do dinheiro, ou seja, no momento em a
quantia foi depositada em sua conta.
STJ. 3ª Seção. CC 167.025/RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca, julgado em 14/08/2019.
STJ. 3ª Seção. CC 169.053-DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior,
julgado em 11/12/2019 (Info 663).
Não confundir:
• estelionato que ocorre por meio do saque (ou compensação) de
cheque clonado, adulterado ou falsificado: a competência é do local
onde a vítima possui a conta bancária. Isso porque, nesta hipótese, o
local da obtenção da vantagem ilícita é aquele em que se situa a
agência bancária onde foi sacado o cheque adulterado, ou seja, onde
a vítima possui conta bancária.
Aplica-se o raciocínio da súmula 48 do STJ (Compete ao juízo do local
da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar crime de
estelionato cometido mediante falsificação de cheque.)
• estelionato que ocorre quando a vítima, induzida em erro, se dispõe
a fazer depósitos ou transferências bancárias para a conta de terceiro
140
Importante!!!
A tipificação da conduta descrita no art. 5º da Lei Antiterrorismo
(atos preparatórios de terrorismo) exige a motivação por razões de
xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião,
expostas no art. 2º do mesmo diploma legal.
STJ. 6ª Turma. HC 537.118-RJ, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior,
julgado em 05/12/2019 (Info 663).
141
• MEDIDA DE SEGURANÇA
Na aplicação do art. 97 do CP não deve ser considerada a natureza
da pena privativa de liberdade aplicável, mas sim a periculosidade do
agente, cabendo ao julgador a faculdade de optar pelo tratamento
que melhor se adapte ao inimputável
Importante!!!
Segundo o art. 97 do CP: Art. 97.
Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art.
26). Se, todavia, o fato previsto como crime for punível com
detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial.
Assim, se fosse adotada a redação literal do art. 97 teríamos o
seguinte cenário:
• Se o agente praticou fato punido com RECLUSÃO, ele receberá,
obrigatoriamente, a medida de internação.
142
• LEI DE DROGAS
A reincidência de que trata o § 4º do art. 28 da Lei nº 11.343/2006
é a específica.
Importante!!!
O art. 28 da Lei nº 11.343/2006 prevê o crime de porte de drogas
para consumo pessoal. Art. 28.
Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer
consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido
às seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;
143
• DOSIMETRIA DA PENA
Se o erro do juiz na dosimetria da pena foi apenas na denominação
da circunstância judicial (chamou de “conduta social”, porém era
“maus antecedentes”), é possível que a pena seja mantida.
Demonstrada mera falta de técnica na sentença, o habeas corpus
pode ser deferido para nominar de forma correta os registros
pretéritos da paciente, doravante chamados de maus antecedentes, e
não de conduta social, sem afastar, todavia, o dado desabonador
que, concretamente, existe nos autos e justifica diferenciada
individualização da pena.
O juiz mencionou cinco condenações definitivas do réu como
justificativa para o aumento da pena na primeira fase da dosimetria.
O magistrado deveria ter denominado os registros como “maus
antecedentes”, mas, em vez disso, os enquadrou como “conduta
social” negativa.
O erro do pronunciamento está relacionado somente à atecnia na
nomeação da circunstância legal. Assim, em habeas corpus, deve ser
corrigida a palavra imprópria, para que o dado concreto levado em
conta pelo juiz seja chamado de maus antecedentes.
STJ. 6ª Turma. HC 501.144/SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz,
julgado em 10/03/2020 (Info 669).
144
• PENA DE MULTA
Em adequação ao entendimento do STF, o inadimplemento da pena
de multa obsta a extinção da punibilidade do apenado Atualize o Info
568-STJ.
O STF, ao julgar a ADI 3.150/DF, declarou que, à luz do preceito
estabelecido pelo art. 5º, XLVI, da Constituição Federal, a multa, ao
lado da privação de liberdade e de outras restrições – perda de bens,
prestação social alternativa e suspensão ou interdição de direitos –, é
espécie de pena aplicável em retribuição e em prevenção à prática de
crimes, não perdendo ela sua natureza de sanção penal.
Diante da eficácia erga omnes e do vinculante dessa decisão, não se
pode mais declarar a extinção da punibilidade pelo cumprimento
integral da pena privativa de liberdade quando pendente o
pagamento da multa criminal.
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1.850.903-SP, Rel. Min. Reynaldo
Soares da Fonseca, julgado em 28/04/2020 (Info 671).
• ESTATUTO DO DESARMAMENTO
145
146
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
• ACIDENTE DE TRABALHO
O art. 21-A da Lei nº 8.213/91 é constitucional Atenção! Concursos
federais.
É constitucional a previsão legal de presunção de vínculo entre a
incapacidade do segurado e suas atividades profissionais quando
constatada pela Previdência Social a presença do nexo técnico
epidemiológico entre o trabalho e o agravo, podendo ser elidida pela
perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social se demonstrada
a inexistência.
STF. Plenário. ADI 3931, Rel. Cármen Lúcia, julgado em 20/04/2020
(Info 977).
• PREVIDÊNCIA PRIVADA
147
• DESAPOSENTAÇÃO
Não há, por ora, previsão legal do direito à 'desaposentação' ou à
‘reaposentação’, sendo constitucional a regra do art. 18, § 2º, da Lei
nº 8.213/91.
Em 2016, o STF decidiu que não há previsão legal do direito à
“desaposentação”.
148
149
• CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA
Incide a contribuição previdenciária patronal sobre os valores pagos
a título de Hora Repouso Alimentação – HRA.
A Hora Repouso Alimentação – HRA é paga como única e direta
retribuição pela hora em que o empregado fica à disposição do
empregador. Ou seja, o trabalhador recebe salário normal pelas oito
horas regulares e HRA pela 9ª (nona) hora, em que ficou à disposição
da empresa.
A HRA possui, assim, nítida natureza remuneratória, submetendo-se
à tributação pela contribuição previdenciária patronal, nos termos dos
arts. 22, I, e 28 da Lei nº 8.212/91.
STJ. 1ª Seção. EREsp 1.619.117-BA, Rel. Min. Herman Benjamin,
julgado em 27/11/2019 (Info 671).
Obs: a redação do art. 71, § 4º, da CLT foi alterada pela Lei nº
13.467/2017: “A não concessão ou a concessão parcial do intervalo
150
• IMPENHORABILIDADE
São inconstitucionais quaisquer medidas de constrição judicial em
desfavor do Estado-membro, das Caixas Escolares ou das Unidades
Descentralizadas de Execução da Educação UDEs, que recaiam sobre
verbas destinadas à educação.
As Unidades Executoras Próprias (UEx), como, por exemplo, Caixas
Escolares, podem receber recursos públicos destinados à educação,
via transferência, para a melhoria da infraestrutura física e
pedagógica, o reforço da autogestão escolar e a elevação dos índices
de desempenho da educação básica, por meio da gestão
descentralizada.
151
• COMPETÊNCIA
Justiça comum deve julgar ação de servidor contratado depois da
CF/88, sem concurso público, contra Município, no qual ele cobra
verbas trabalhistas decorrentes desta contratação.
Compete à Justiça comum julgar conflitos entre Município e servidor
contratado depois da CF/88, ainda que sem concurso público, pois,
152
• SUSPEIÇÃO
A falha procedimental consubstanciada na publicação antecipada de
resultado de julgamento que havia sido adiado não gera suspeição do
relator.
A falha procedimental consubstanciada na publicação antecipada de
resultado de julgamento que havia sido adiado não gera suspeição do
relator.
Essa falha não se enquadra em nenhuma das hipóteses taxativas de
suspeição previstas no art. 135 do CPC.
As hipóteses taxativas de cabimento da exceção devem ser
interpretadas de forma restritiva, sob pena de comprometimento da
independência funcional assegurada ao magistrado no desempenho
de suas funções.
STJ. 2ª Seção. AgInt na ExSusp 198-PE, Rel. Min. Marco Aurélio
Bellizze, julgado em 17/03/2020 (Info 668).
• AGRAVO DE INSTRUMENTO
153
• EXECUÇÃO
Coexistindo execução fiscal e execução civil, contra o mesmo
devedor, com pluralidade de penhoras recaindo sobre o mesmo bem,
o produto da venda judicial, por força de lei, deve satisfazer o crédito
fiscal em primeiro lugar.
Ainda que perfectibilizada a arrematação do bem objeto de penhora
na execução civil, os valores levantados devem ser restituídos ao
juízo, quando, coexistindo execução fiscal, ausente a prévia intimação
da Fazenda Pública.
Caso concreto: banco ajuizou execução contra devedor e conseguiu a
penhora de um imóvel; algum tempo depois, a União ajuizou
execução fiscal contra esse mesmo devedor e conseguiu a penhora
desse mesmo imóvel; no primeiro processo (o do banco), o juiz
autorizou a alienação judicial do bem (hasta pública); o dinheiro
obtido foi depositado e o juiz, sem ouvir a Fazenda Nacional (União)
autorizou que o banco fizesse o levantamento da quantia; em uma
situação como essa, o banco terá que devolver o dinheiro; isso
porque coexistindo execução fiscal e execução civil, contra o mesmo
devedor, com pluralidade de penhoras recaindo sobre o mesmo bem,
o produto da venda judicial, por força de lei, deve satisfazer o crédito
fiscal em primeiro lugar.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.661.481-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 10/03/2020 (Info 667).
• RECURSOS
154
Importante!!!
A tempestividade recursal pode ser aferida, excepcionalmente, por
meio de informação constante em andamento processual
disponibilizado no sítio eletrônico, quando informação
equivocadamente disponibilizada pelo Tribunal de origem induz a
parte em erro.
Caso concreto: o TJ/MS negou provimento a uma apelação que havia
sido interposta pela parte; na movimentação processual existente no
site do TJ/MS, constou a informação de que o vencimento do prazo
recursal para a interposição de recurso ao STJ contra o acórdão do TJ
se daria no dia 10/12; assim, no dia 10/12, a parte apresentou
recurso especial contra o acórdão do TJ; ocorre que essa informação
estava errada; o termo final do prazo era dia 09/12;
isso significa que parte interpôs o recurso especial
intempestivamente; vale ressaltar, contudo, que a parte foi induzida
em erro pela informação constante no sítio oficial do TJ; o STJ,
excepcionalmente, considerou tempestivo o recurso.
STJ. Corte Especial. EAREsp 688.615-MS, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 04/03/2020 (Info 666).
• RECURSOS
A tese firmada por ocasião do julgamento do REsp 1.813.684/SP é
restrita ao feriado de segunda-feira de carnaval Atualize o Info 660-
STJ;
A parte, ao apresentar recurso especial ou recurso extraordinário,
tem o ônus de explicar e comprovar que, na instância de origem, era
feriado local ou dia sem expediente forense? SIM. O art. 1.003, § 6º,
do CPC/2015 trouxe expressamente um dispositivo dizendo que a
comprovação do feriado local deverá ser feita, obrigatoriamente, no
ato de interposição do recurso: “O recorrente comprovará a
ocorrência de feriado local no ato de interposição do recurso.”
Assim, a comprovação da ocorrência de feriado local deve ser feita no
ato da interposição do recurso, sendo intempestivo quando interposto
fora do prazo previsto na lei processual civil.
155
• AGRAVO
“Despacho” que intima o advogado para que o devedor cumpra
obrigação de fazer, sob pena de multa, possui aptidão para gerar
prejuízo à parte e, portanto, pode ser impugnado por meio de
recurso.
Cabe agravo de instrumento contra o pronunciamento judicial que,
na fase de cumprimento de sentença, determinou a intimação do
executado, na pessoa do advogado, para cumprir obrigação de fazer,
sob pena de multa.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.758.800-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 18/02/2020 (Info 666).
• AGRAVO
156
• SUSPENSÃO DE SEGURANÇA
Excepcionalmente, cabe recurso especial contra decisões proferidas
no âmbito do pedido de suspensão se estiverem em jogo aspectos
elementares da dignidade da pessoa humana.
Em regra, o STJ afirma que não cabe recurso especial contra
decisões proferidas no âmbito do pedido de suspensão.
O recurso especial se destina a combater argumentos que digam
respeito a exame de legalidade, ao passo que o pedido de suspensão
ostentaria juízo político.
Caso excepcional no qual o STJ admitiu o recurso especial: juiz
concedeu liminar determinando que o Estado de SP fornecesse banho
quente aos presos; Presidente do TJ/SP suspendeu a liminar; contra
esta decisão foi interposto agravo; a Corte Especial do TJ manteve a
suspensão da liminar; o STJ admitiu recurso especial contra esta
decisão tendo em vista que estavam em jogo aspectos elementares
da dignidade da pessoa humana.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.537.530-SP, Rel. Min. Herman Benjamin,
julgado em 27/04/2017 (Info 666).
• PETIÇÃO INICIAL
Autor propôs ação monitória envolvendo duas notas promissórias;
juiz determina que ele traga aos autos o original de uma dessas
promissórias; ele descumpre; deverá haver o indeferimento parcial
da inicial, prosseguindo o processo quanto a outra promissória.
157
• RECURSOS
A simples referência à existência de feriado local previsto em
Regimento Interno e em Código de Organização Judiciária Estadual
não é suficiente para a comprovação de tempestividade do recurso
especial nos moldes do art. 1.003, §6º, do CPC/2015.
Importante!!!
A parte, ao apresentar recurso especial ou recurso extraordinário,
tem o ônus de explicar e comprovar que, na instância de origem, era
feriado local ou dia sem expediente forense?
SIM. O art. 1.003, § 6º, do CPC/2015 trouxe expressamente um
dispositivo dizendo que a comprovação do feriado local deverá ser
feita, obrigatoriamente, no ato de interposição do recurso: “O
recorrente comprovará a ocorrência de feriado local no ato de
interposição do recurso.” Assim, a comprovação da ocorrência de
feriado local deve ser feita no ato da interposição do recurso, sendo
intempestivo quando interposto fora do prazo previsto na lei
processual civil. Imagine que em um recurso especial interposto, a
parte mencionou que havia um feriado local, mas não juntou
qualquer documento comprovando esse fato.
Ao adotar essa prática, a parte comprovou validamente a existência
do feriado local?
A mera referência (menção) às normas estaduais é suficiente para
comprovar a ocorrência de feriado local?
NÃO. A comprovação da existência de feriado local que dilate o prazo
para interposição de recursos dirigidos ao STJ deverá ser realizada
por meio de documentação idônea, não sendo suficiente a simples
menção ou referência nas razões recursais.
A ocorrência de feriado local, recesso, paralisação ou interrupção do
expediente forense deve ser demonstrada, no ato da interposição do
recurso que pretende seja conhecido por este Tribunal, por
documento oficial ou certidão expedida pelo Tribunal de origem, não
158
• AÇÃO RESCISÓRIA
Se o autor da ação rescisória – fundada em violação literal à
disposição de lei – afirma que a sentença rescindenda violou o art. XX
da Lei, o Tribunal não pode julgar a rescisória procedente com base
na violação do art. YY, mesmo que se trate de matéria de ordem
pública.
Importante!!!
Na ação rescisória fundada em literal violação de lei, não cabe o
reexame de toda a decisão rescindenda, para verificar se nela haveria
outras violações à lei não alegadas pelo demandante, mesmo que se
trate de questão de ordem pública.
Quando o autor da rescisória propõe a ação com fundamento na
hipótese de violação literal à disposição de lei - art. 485, V, CPC/1973
(art. 966, V, CPC/2015) – ele tem o ônus de indicar o(s)
dispositivo(s) que foi(foram) violado(s).
O Tribunal que julgará a rescisória só irá examinar se houve violação
aos dispositivos indicados, não podendo reexaminar toda a decisão
rescindenda, para verificar se nela haveria outras violações a literal
disposição de lei não alegadas pelo demandante, nem mesmo ao
argumento de se tratar de matéria da ordem pública.” (YARSHELL,
Flávio. Ação rescisória: juízos rescindente e rescisório. São Paulo:
Malheiros, 2005, p. 151).
Desse modo, na ação rescisória fundada no art. 485, V, CPC/1973
(art. 966, V, CPC/2015), o juízo rescisdente do Tribunal se encontra
vinculado aos dispositivos de lei apontados pelo autor como
literalmente violados, não podendo haver exame de matéria estranha
à apontada na inicial, mesmo que o tema possua a natureza de
questão de ordem pública, sob pena de transformar a ação rescisória
em um recurso, natureza jurídica que ela não possui.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.663.326-RN, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 11/02/2020 (Info 665).
159
• COMPETÊNCIA
Cabe à Justiça Comum (estadual ou federal) julgar ações contra
concurso público realizado por órgãos e entidades da Administração
Pública para contratação de empregados celetistas.
Importante!!!
Compete à Justiça comum processar e julgar controvérsias
relacionadas à fase pré-contratual de seleção e de admissão de
pessoal e eventual nulidade do certame em face da Administração
Pública, direta e indireta, nas hipóteses em que adotado o regime
celetista de contratação de pessoal.
STF. Plenário. RE 960429/RN, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4
e 5/3/2020 (repercussão geral – Tema 992) (Info 968).
• CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
O requerimento de inclusão do nome do executado em cadastros de
inadimplentes, nos termos do que dispõe o art. 782, § 3º, do
CPC/2015, não depende da comprovação de prévia recusa
administrativa das entidades mantenedoras do respectivo cadastro.
161
• EXECUÇÃO
Tratando-se de condenação ao pagamento de honorários
sucumbenciais, não é possível exigir do cônjuge meeiro, que não
integrou a relação processual da lide originária, a comprovação de
que a dívida executada não foi contraída em benefício do casal ou da
família.
Havendo penhora de bem indivisível (ex: um apartamento), a
meação do cônjuge alheio à execução deve recair sobre o produto da
alienação do bem.
Para impedir que a penhora recaia sobre a sua meação, o cônjuge
meeiro deve comprovar que a dívida executada não foi contraída em
benefício da família. Precedentes.
No entanto, tratando-se de dívida proveniente da condenação ao
pagamento de honorários sucumbenciais em demanda da qual o
cônjuge meeiro não participou, é inegável o direito deste à reserva de
sua meação.
Os honorários advocatícios consagram direito do advogado contra a
parte que deu causa ao processo, não se podendo exigir do cônjuge
meeiro, que não integrou a relação processual da lide originária, a
comprovação de que a dívida executada não foi contraída em
benefício do casal ou da família.
162
• RECLAMAÇÃO
É inadmissível a reclamação proposta após o trânsito em julgado da
decisão reclamada STF determinou a devolução do recurso
extraordinário para o tribunal de origem a fim de que ficasse
aguardando o julgamento do tema afetado como recurso
extraordinário repetitivo.
Após o julgamento pelo STF, o Presidente do Tribunal de origem
julgou prejudicado o referido recurso extraordinário.
Contra esta decisão do Presidente do Tribunal de origem, a parte
prejudicada interpôs recurso inadequado, que não foi admitido.
Houve trânsito em julgado.
Diante disso, a parte prejudicada ingressou com reclamação
afirmando que a decisão do Presidente do Tribunal de origem
descumpriu a decisão do STF que determinou o retorno dos autos ao
Tribunal para aguardar o julgamento do tema afetado. Deve ser
negado seguimento a esta reclamação.
Isso porque é inadmissível a reclamação proposta após o trânsito em
julgado da decisão reclamada (art. 988, § 5º, I, do CPC/2015).
Súmula 734-STF: Não cabe reclamação quando já houver transitado
em julgado o ato judicial que se alega tenha desrespeitado decisão do
Supremo Tribunal Federal. Além disso, o ato do STF que determina a
devolução do recurso extraordinário para que aguarde o julgamento
do tema afetado não tem cunho decisório.
STF. 1ª Turma. Rcl 24810 AgR/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
11/2/2020 (Info 966).
163
• SUSTENTAÇÃO ORAL
Se um processo que estava no Plenário virtual é destacado para
julgamento presencial, o julgamento será reiniciado, de forma que
será possível a realização de sustentação oral mesmo que o relator já
tivesse votado no ambiente virtual.
O Min. Alexandre de Moraes era relator de uma ação direta de
inconstitucionalidade. Ele incluiu esse processo para ser julgado pelo
Plenário Virtual.
O relator apresentou seu voto e os Ministros começaram a votar.
Ocorre que o Min. Marco Aurélio formulou pedido de destaque,
requerendo que a referida ADI fosse julgada presencialmente pelo
Plenário físico.
Diante disso, o Min. Alexandre de Moraes retirou o processo da pauta
de julgamentos eletrônicos e o encaminhou ao Plenário físico para
julgamento presencial, tendo havido nova publicação de pauta.
O advogado da parte, quando viu a publicação da pauta, pediu para
fazer sustentação oral no Plenário físico.
O Min. Alexandre de Moraes negou o pedido sob o argumento de que
já havia apresentado seu voto no Plenário Virtual e a sustentação oral
ocorre sempre antes de o relator votar.
Depois que o relator vota, não cabe mais sustentação oral.
164
• CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
O credor pode optar pela remessa dos autos ao foro de domicílio do
executado, mesmo após o início do cumprimento de sentença.
O inciso II do art. 516 do CPC prevê que o cumprimento da sentença
será feito perante o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de
jurisdição.
O parágrafo único, por sua vez, afirma que o exequente poderá optar
por ingressar com o cumprimento de sentença:
a) no juízo do atual domicílio do executado;
b) no juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução;
c) no juízo do local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou
de não fazer. É possível que o exequente faça a opção de que trata o
parágrafo único do art. 516 do CPC/2015 mesmo após já ter sido
iniciado o cumprimento de sentença?
SIM. O credor pode optar pela remessa dos autos ao foro de domicílio
do executado, mesmo após o início do cumprimento de sentença.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.776.382-MT, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 03/12/2019 (Info 663).
• CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
Para incidência da multa do art. 523, § 1º, do CPC, é preciso a
efetiva resistência do executado ao cumprimento de sentença João
165
• EXECUÇÃO
166
• EXECUÇÃO
Juiz, no despacho inicial da execução, fixou os honorários
advocatícios; esse valor é, em princípio, provisório; ocorre que, no
curso da execução, foi firmado acordo entre as partes, sem nada
dispor sobre honorários; o advogado poderá executar esse valor
fixado no despacho inicial.
Quando houver sentença homologatória de transação firmada entre
as partes e esta não dispor sobre os honorários sucumbenciais, a
decisão inicial que arbitra os honorários advocatícios em execução de
título extrajudicial pode ser considerada título executivo.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.819.956-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, Rel. Acd. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 10/12/2019
(Info 663).
• COMPETÊNCIA
Justiça comum deve julgar causa de servidor celetista que passou a
ser regido pelo regime estatutário (pós CF/88).
Compete à Justiça comum processar e julgar causa de servidor
público municipal admitido mediante aprovação em concurso público
sob o regime da CLT e que, posteriormente, passou a ser regido pelo
estatuto dos servidores públicos municipais (estatutário).
Caso concreto: o servidor ingressou no serviço público do Município
em 1997 no cargo de auxiliar de serviços gerais sob o regime
celetista e, em julho de 2010, passou a ser regido pelo regime
estatutário.
167
• REPERCUSSÃO GERAL
O STF reconheceu a repercussão geral na discussão sobre a inclusão
dos expurgos inflacionários na correção monetária dos depósitos
judiciais (Tema 1.016) e determinou a suspensão nacional de todos
os processos que envolvam o tema.
Há repercussão geral da questão constitucional referente à inclusão
dos expurgos inflacionários na correção monetária dos depósitos
judiciais (Tema 1.016).
168
• IRDR
O procedimento de distinção (distinguishing) previsto no art. 1.037,
§§ 9º a 13, do CPC/2015, aplica-se também ao incidente de
resolução de demandas repetitivas – IRDR.
Importante!!!
O procedimento de alegação de distinção (distinguishing) entre a
questão debatida no processo e a questão submetida ao julgamento
sob o rito dos recursos repetitivos, previsto no art. 1.037, §§9º a 13,
do CPC, aplica-se também ao IRDR.
Exemplo: o TJ/SP está recebendo milhares de apelações discutindo
se os bancos podem ou não cobrar a tarifa bancária “X”. É instaurado
um IRDR no TJ/SP para decidir o tema. O Desembargador Relator
determina a suspensão de todos processos pendentes, individuais ou
coletivos, que tramitam no Estado de São Paulo envolvendo a
cobrança da tarifa bancária “X”.
Antes da instauração do IRDR, Pedro havia ajuizado, na comarca de
Santos (SP), ação contra o Banco Itaú questionando a cobrança da
tarifa “X”.O processo estava tramitando normalmente, mas o Juiz foi
informado de que o TJ/SP determinou o sobrestamento de todos os
processos que tratem sobre o tema.
Diante disso, o magistrado proferiu decisão determinando a
suspensão do processo envolvendo Pedro e o Banco Itaú. Pedro,
169
• PENHORA
É ilegal a decisão judicial que determina a penhora de valores de
instituição financeira, no âmbito de processo do qual não era parte,
mas funcionou como auxiliar da justiça.
A instituição financeira que cumpre ordem judicial de
indisponibilização de saldos encontrados em contas bancárias atua
como auxiliar da Justiça.
A atuação dos auxiliares da Justiça é dirigida e orientada pelo Juízo
da causa, a quem subordinam-se e submetem-se, mediante regime
administrativo, e, por isso, os auxiliares não detêm nenhuma
faculdade ou ônus processual, devendo, entretanto, observar os
deveres estabelecidos no art. 77 do CPC/2015 (art. 14 do CPC/1973).
Assim, os auxiliares da Justiça podem ser responsabilizados civil,
administrativa ou penalmente pelos danos que causarem, em razão
de dolo ou culpa.
170
• IMPENHORABILIDADE
Os bens da Fundação Habitacional do Exército - FHE são
impenhoráveis A Fundação Habitacional do Exército (FHE) é uma
entidade vinculada ao Exército Brasileiro, criada pela Lei nº 6.855/80.
A FHE tem por objetivo facilitar a aquisição da “casa própria” para os
militares e demais associados, além de prestar outras formas de
“apoio social” aos militares (exs: consórcios, seguros, planos
odontológicos etc.).
Os bens da FHE são considerados impenhoráveis em razão de dois
motivos:
1) a FHE possui características de autarquia federal (e os bens das
autarquias são impenhoráveis);
2) o art. 31 da Lei nº 6.855/80 prevê que o patrimônio da FHE goza
dos privilégios próprios da Fazenda Pública, inclusive quanto à
impenhorabilidade.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.802.320-SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves,
julgado em 12/11/2019 (Info 662).
171
• PROCESSO COLETIVO
172
• AÇÃO POPULAR
Em regra, o autor pode ajuizar a ação popular no foro de seu
domicílio, mesmo que o dano tenha ocorrido em outro local; contudo,
diante das peculiaridades, as ações envolvendo o rompimento da
barragem de Brumadinho devem ser julgadas pelo juízo do local do
fato.
Em 2019, houve o rompimento de uma barragem de rejeitos de
minério, localizada em Brumadinho (MG).
O rompimento resultou em um terrível desastre ambiental e
humanitário. Felipe, na condição de cidadão, ajuizou ação popular
contra a União, o Estado de Minas Gerais e a Vale S.A., pedindo para
que os réus fossem condenados a recuperar o meio ambiente
degradado, pagar indenização pelos danos causados e pagar multa
por dano ambiental. Como Felipe mora em Campinas (SP), ele
ajuizou a ação no foro de seu domicílio e a demanda foi distribuída
para a 2ª Vara Federal de Campinas (SP).
173
174
176
177
• AÇÃO RESCISÓRIA
Inexistindo homologação judicial do pedido de renúncia, não se pode
permitir a abertura do prazo decadencial de dois anos para propor
ação rescisória antes que ocorra a indispensável intimação da parte
interessada.
Em regra, a desistência do recurso ou a renúncia ao prazo recursal
constituem ato unilateral de vontade do recorrente que independe da
aquiescência da parte contrária e produz efeitos imediatos, ensejando
o trânsito em julgado.
Desse modo, a desistência do recurso ou a renúncia ao prazo
recursal determinam, em regra, o trânsito em julgado da decisão
impugnada, se não houver recurso pendente de julgamento da outra
parte.
Contudo, se ainda não houve homologação judicial, o princípio do
contraditório impede que o trânsito em julgado seja reconhecido
antes da ciência da parte contrária. Não se pode permitir a abertura
do prazo decadencial de 2 anos da ação rescisória antes que ocorra a
indispensável intimação da parte interessada no fato processual que
lhe dá origem. Nesse contexto, deve ser contado o prazo decadencial
da data da intimação da parte contrária, após o pedido de renúncia.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.344.716-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria,
julgado em 05/05/2020 (Info 671).
• IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
Após a entrada em vigor do CPC/2015, o juiz deve intimar o
executado para apresentar impugnação ao cumprimento de sentença,
caso tenha transcorrido o prazo para cumprimento espontâneo da
obrigação na vigência do CPC/1973.
O art. 475-J do CPC/1973 previa que o prazo para impugnação ao
cumprimento de sentença somente era contado a partir da intimação
do auto de penhora e avaliação. O art. 525 do CPC/2015, por sua
vez, afirma que, transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o
pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15 dias para que o
178
179
180
• INVESTIGAÇÃO CRIMINAL
É constitucional o Inquérito instaurado para investigar “fake news” e
ameaças contra o STF.
Importante!!!
É constitucional a Portaria GP 69/2019, por meio da qual o
Presidente do STF determinou a instauração do Inquérito 4781, com
o intuito de apurar a existência de notícias fraudulentas (fake news),
denunciações caluniosas, ameaças e atos que podem configurar
crimes contra a honra e atingir a honorabilidade e a segurança do
STF, de seus membros e familiares.
Também é constitucional o art. 43 do Regimento Interno do STF, que
foi recepcionado pela CF/88 como lei ordinária.
O STF, contudo, afirmou que o referido inquérito, para ser
constitucional, deve cumprir as seguintes condicionantes:
a) o procedimento deve ser acompanhado pelo Ministério Público;
b) deve ser integralmente observado o Enunciado 14 da Súmula
Vinculante.
c) o objeto do inquérito deve se limitar a investigar manifestações
que acarretem risco efetivo à independência do Poder Judiciário (art.
2º da CF/88). Isso pode ocorrer por meio de ameaças aos membros
do STF e a seus familiares ou por atos que atentem contra os Poderes
instituídos, contra o Estado de Direito e contra a democracia; e, por
fim,
d) a investigação deve respeitar a proteção da liberdade de expressão
e de imprensa, excluindo do escopo do inquérito matérias
jornalísticas e postagens, compartilhamentos ou outras
manifestações (inclusive pessoais) na internet, feitas anonimamente
181
• COMPETÊNCIA
Justiça do Trabalho não tem competência penal.
A Justiça do Trabalho não tem competência para processar e julgar
ações penais.
STF. Plenário. ADI 3684, Rel. Gilmar Mendes, julgado em
11/05/2020 (Info 980).
182
• PROVAS
Descumprimento do art. 212 do CPP e eventual nulidade processual.
A defesa alegou nulidade processual por desrespeito ao art. 212 do
CPP, por ter o juízo inquerido diretamente as testemunhas. A
magistrada que presidia a audiência reputou observados o
contraditório e a ampla defesa, porque depois de perguntar, ela
permitiu que os defensores e o MP fizessem questionamentos.
A 1ª Turma do STF discutiu se houve nulidade.
Dois Ministros (Marco Aurélio e Rosa Weber) consideraram que não
foi respeitada a aludida norma processual. Assim, votaram por
conceder a ordem de habeas corpus para declarar a nulidade
processual a partir da audiência de instrução e julgamento.
183
• NULIDADES
A nulidade processual pela não abertura da fase de diligências
configura nulidade relativa, devendo ser arguida no momento
oportuno e com a demonstração de efetivo prejuízo.
A falta de abertura de prazo, após o encerramento da instrução, para
manifestação das partes acerca do interesse na feitura de diligências
complementares constitui nulidade relativa, cujo reconhecimento
pressupõe que o inconformismo seja veiculado em momento
oportuno, ou seja, quando da apresentação de alegações finais.
STF. 1ª Turma. HC 147584/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
2/6/2020 (Info 980).
• COLABORAÇÃO PREMIADA
Terceiros que tenham sido mencionados pelos colaboradores podem
obter acesso integral aos termos dos colaboradores desde que
estejam presentes os requisitos positivo e negativo.
A SV 14 prevê: É direito do defensor, no interesse do representado,
ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em
procedimento investigatório realizado por órgão com competência de
polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.
Terceiros que tenham sido mencionados pelos colaboradores podem
obter acesso integral aos termos dos colaboradores para viabilizar, de
forma plena e adequada, sua defesa, invocando a SV 14?
184
• DENÚNCIA ANÔNIMA
Para ser decretada a medida de busca e apreensão, é necessário que
haja indícios mais robustos que uma simples notícia anônima.
Denúncias anônimas não podem embasar, por si sós, medidas
invasivas como interceptações telefônicas, buscas e apreensões, e
devem ser complementadas por diligências investigativas posteriores.
Se há notícia anônima de comércio de drogas ilícitas numa
determinada casa, a polícia deve, antes de representar pela
expedição de mandado de busca e apreensão, proceder a diligências
veladas no intuito de reunir e documentar outras evidências que
confirmem, indiciariamente, a notícia.
Se confirmadas, com base nesses novos elementos de informação o
juiz deferirá o pedido.
Se não confirmadas, não será possível violar o domicílio, sendo a
expedição do mandado desautorizada pela ausência de justa causa.
O mandado de busca e apreensão expedido exclusivamente com
apoio em denúncia anônima é abusivo.
STF. 2ª Turma. HC 180709/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
5/5/2020 (Info 976).
185
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• TRIBUNAL DO JÚRI
Não se deve anular a condenação do réu no júri por ausência de
defesa no caso em que o advogado fez sustentação oral por apenas 3
minutos, sendo que, antes disso, o Ministério Público já havia pedido
a absolvição.
Na sessão plenária do Tribunal do Júri, na fase de sustentações
orais, o Ministério Público falou durante 1h e 30min e, ao final de sua
exposição, pediu a absolvição do réu. Em seguida, o advogado
constituído fez sustentação oral apenas concordando com o Ministério
Público e pedindo igualmente a absolvição. A manifestação da defesa
188
• TRIBUNAL DO JÚRI
A determinação de realização de novo julgamento pelo Júri não
contraria o princípio constitucional da soberania dos vereditos quando
a decisão for manifestamente contrária à prova dos autos.
A anulação de decisão do tribunal do júri, por ser manifestamente
contrária à prova dos autos, não viola a regra constitucional que
assegura a soberania dos veredictos do júri (art. 5º, XXXVIII, c, da
CF/88).
Vale ressaltar, ainda, que não há contrariedade à cláusula de que
ninguém pode ser julgado mais de uma vez pelo mesmo crime. Ainda
que se forme um segundo Conselho de Sentença, o julgamento é um
só, e termina com o trânsito em julgado da decisão.
STF. 1ª Turma. RHC 170559/MT, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/
o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 10/3/2020 (Info 969).
189
• COMPETÊNCIA
Depois de anos sendo investigado em inquérito que tramitava no
STF, o Ministro Relator declinou a competência para apurar os crimes
porque os fatos ocorreram antes de o investigado ser Deputado
Federal; logo, aplica-se o entendimento firmado na AP 937 QO.
190
• PROVA TESTEMUNHAL
Advogado que teve seus poderes revogados pela cliente, que pediu
de volta os documentos do caso, não pode depor como testemunha
no processo porque a conduta da parte demonstra que ela não
liberou o causídico do sigilo profissional que ele deve respeitar.
A vítima contratou um advogado para representar seus interesses no
processo criminal. Sucede que, logo no início do processo, ela e o
advogado se desentenderam e a vítima revogou expressamente os
poderes que havia conferido ao advogado, proibindo-o de atuar no
caso.
Além disso, requereu que ele devolvesse qualquer documento que
estivesse em sua posse e que fosse relacionado com o fato apurado.
Ao saber disso, o réu pediu a oitiva do advogado como testemunha
no processo penal. Esse advogado não poderá ser ouvido como
testemunha.
Para que o advogado possa prestar seu testemunho é indispensável
que haja o consentimento válido do interessado direto na
manutenção do segredo (cliente). Mesmo que a parte interessada
faça isso, ou seja, mesmo que ela autorize que o profissional revele
os fatos resguardados pelo sigilo, ainda assim ele é quem irá decidir
se irá dar ou não seu testemunho.
No caso concreto, o advogado que foi arrolado como testemunha
teve seus poderes como patrono da interessada expressamente
191
• PRISÃO DOMICILIAR
A prisão domiciliar do art. 318 do CPP só se aplica para os casos de
prisão preventiva, não podendo ser utilizado quando se tratar de
execução definitiva de título condenatório (sentença condenatória
transitada em julgado).
Importante!!!
Não é possível a concessão de prisão domiciliar para condenada
gestante ou que seja mãe ou responsável por crianças ou pessoas
com deficiência se já houver sentença condenatória transitada em
julgado e ela não preencher os requisitos do art. 117 da LEP.
STF. 1ª Turma. HC 177164/PA, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
18/2/2020 (Info 967).
• COLABORAÇÃO PREMIADA
O delatado tem o direito de acesso aos termos de colaboração
premiada que mencionem seu nome, desde que já tenham sido
juntados aos autos e não prejudiquem diligências em andamento.
Importante!!!
O delatado possui o direito de ter acesso às declarações prestadas
pelos colaboradores que o incriminem, desde que já documentadas e
que não se refiram à diligência em andamento que possa ser
prejudicada.
192
• AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA
Não é cabível a realização de audiência de custódia por meio de
videoconferência.
Importante!!!
A audiência de custódia, no caso de mandado de prisão preventiva
cumprido fora do âmbito territorial da jurisdição do Juízo que a
determinou, deve ser efetivada por meio da condução do preso à
autoridade judicial competente na localidade em que ocorreu a
prisão. Não se admite, por ausência de previsão legal, a sua
realização por meio de videoconferência, ainda que pelo Juízo que
decretou a custódia cautelar.
STJ. 3ª Seção. CC 168.522-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em
11/12/2019 (Info 663).
• RECURSOS
Depois do trânsito em julgado, defesa impetrou HC pedindo a
anulação do acórdão do TJ; STJ concedeu a ordem; TJ rejulgou e
manteve a condenação; MP interpõe recurso especial para aumentar
a pena; STJ não pode majorar a pena porque isso seria reformatio in
pejus indireta.
Ofende o enunciado do non reformatio in pejus indireta o aumento
da pena através de decisão em recurso especial interposto pelo
Ministério Público contra rejulgamento de apelação que não alterou
reprimenda do acórdão anterior, que havia transitado em julgado
para a acusação e que veio a ser anulado por iniciativa exclusiva da
defesa.
Exemplo: sentença condenou o réu a 10 anos de reclusão. Defesa
apelou. Tribunal de Justiça reduziu a pena para 9 anos. Essa decisão
transitou em julgado para ambas as partes.
Defesa impetrou habeas corpus junto ao STJ, que concedeu a ordem
para anular o acórdão do TJ por ausência de prévia intimação. TJ
193
• INQUÉRITO POLICIAL
Não há nulidade na ação penal instaurada a partir de elementos
informativos colhidos em inquérito policial que não deveria ter sido
conduzido pela Polícia Federal considerando que a situação não se
enquadrava no art. 1º da Lei 10.446/2002.
Caso concreto: a Polícia Federal, sob a supervisão do Ministério
Público estadual e do Juízo de Direito, conduziu inquérito policial
destinado a apurar crimes de competência da Justiça Estadual.
Entendeu-se que a Polícia Federal não tinha atribuição para apurar
tais delitos considerando que não se enquadravam nas hipóteses do
art. 144, § 1º da CF/88 e do art. 1º da Lei nº 10.446/2002.
A despeito disso, o STF entendeu que não havia nulidade na ação
penal instaurada com base nos elementos informativos colhidos.
O fato de os crimes de competência da Justiça Estadual terem sido
investigados pela Polícia Federal não geram nulidade. Isso porque
esse procedimento investigatório, presidido por autoridade de Polícia
Federal, foi supervisionado pelo Juízo estadual (juízo competente) e
por membro do Ministério Público estadual (que tinha a atribuição
para a causa).
O inquérito policial constitui procedimento administrativo, de caráter
meramente informativo e não obrigatório à regular instauração do
194
• PROVAS
Não viola a SV 14 quando se nega que o investigado tenha acesso a
peças que digam respeito a dados sigilosos de terceiros e que não
estejam relacionados com o seu direito de defesa Mesmo que a
investigação criminal tramite em segredo de justiça será possível que
o investigado tenha acesso amplo autos, inclusive a eventual relatório
de inteligência financeira do COAF, sendo permitido, contudo, que se
negue o acesso a peças que digam respeito a dados de terceiros
protegidos pelo segredo de justiça.
Essa restrição parcial não viola a súmula vinculante 14. Isso porque
é excessivo o acesso de um dos investigados a informações, de
caráter privado de diversas pessoas, que não dizem respeito ao
direito de defesa dele.
STF. 1ª Turma. Rcl 25872 AgR-AgR/SP, Rel. Min. Rosa Weber,
julgado em 17/12/2019 (Info 964).
• PROVAS
195
• NULIDADES
Não viola a SV 11 a decisão que mantém as algemas durante
julgamento no júri de réu que integra milícia, possui extensa folha de
antecedentes criminais e foi transferido para presídio federal de
segurança máxima em virtude da sua alta periculosidade.
É possível que o réu permaneça algemado durante o julgamento no
Tribunal do Júri caso existam nos autos informações fornecidas pela
polícia no sentido de que o acusado integra milícia, possui extensa
folha de antecedentes criminais e foi transferido para presídio federal
de segurança máxima justamente em virtude da sua alta
periculosidade. Não se pode desconsiderar o que está nos autos do
processo e aquilo que foi informado pela polícia.
A questão da periculosidade, ou não, do réu é assunto de polícia e
não de juiz. Se a polícia informa que o réu é perigoso, o juiz que,
196
• HABEAS CORPUS
Não cabe HC contra decisão de Ministro do STF que decreta a prisão
preventiva de investigado ou réu.
Não cabe habeas corpus contra decisão de Ministro do STF que
decreta a prisão preventiva de investigado ou réu. Aplica-se, aqui,
por analogia, o entendimento exposto no enunciado 606 da Súmula
do STF.
Súmula 606-STF: Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal
Pleno de decisão de turma, ou do plenário, proferida em habeas
corpus ou no respectivo recurso.
STF. Plenário. HC 162285 AgR/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 19/12/2019 (Info 964)
• HABEAS CORPUS
A concessão do benefício da transação penal impede a impetração de
habeas corpus em que se busca o trancamento da ação penal?
Importante!!!
A concessão do benefício da transação penal impede a impetração de
habeas corpus em que se busca o trancamento da ação penal?
Com a celebração da transação penal, o habeas corpus que estava
pendente fica prejudicado ou o TJ deverá julgá-lo mesmo assim?
• STJ: SIM. Fica prejudicado. A concessão do benefício da transação
penal impede a impetração de habeas corpus em que se busca o
trancamento da ação penal.
197
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199
200
• EXECUÇÃO PENAL
Mesmo que na sentença condenatória não tenha constado
expressamente que o réu é reincidente, o juízo da execução penal
poderá reconhecer essa circunstância para fins de conceder ou não os
benefícios, como, por exemplo, a progressão de regime.
Importante!!!
Suponhamos que na sentença condenatória não constou que o
apenado é reincidente.
O juízo da execução, contudo, na fase de cumprimento da pena,
percebeu que o condenado é reincidente.
O juízo da execução penal poderá reconhecer essa circunstância
negativa no momento de analisar se concede ou não os benefícios
(ex: progressão).
O Juízo da Execução pode promover a retificação do atestado de pena
para constar a reincidência, com todos os consectários daí
decorrentes, ainda que não esteja reconhecida expressamente na
sentença penal condenatória transitada em julgado.
201
• HABEAS CORPUS
É possível a impetração de habeas corpus e a interposição de recurso
de forma concomitante?
Importante!!!
O habeas corpus, quando impetrado de forma concomitante com o
recurso cabível contra o ato impugnado, será admissível apenas se:
a) for destinado à tutela direta da liberdade de locomoção ou
b) se traduzir pedido diverso do objeto do recurso próprio e que
reflita mediatamente na liberdade do paciente.
Nas demais hipóteses, o habeas corpus não deve ser admitido e o
exame das questões idênticas deve ser reservado ao recurso previsto
para a hipótese, ainda que a matéria discutida resvale, por via
transversa, na liberdade individual.
STJ. 3ª Seção. HC 482.549-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz,
julgado em 11/03/2020 (Info 669).
• INDULTO
O descumprimento das condições impostas para o livramento
condicional não pode ser invocado para impedir a concessão do
indulto, a título de não preenchimento do requisito subjetivo.
O descumprimento das condições do livramento condicional não
pode servir para obstaculizar a concessão do indulto. Para a análise
do pedido de indulto ou comutação de penas, o magistrado deve
restringir-se ao exame do preenchimento dos requisitos previstos no
decreto presidencial, uma vez que os pressupostos para a concessão
da benesse são da competência privativa do Presidente da República.
Dessa forma, qualquer outra exigência caracteriza constrangimento
ilegal.
O Decreto nº 7.873/2012 prevê que apenas falta disciplinar de
natureza grave prevista na Lei de Execução Penal, cometida nos 12
meses anteriores à data de publicação do decreto, pode obstar a
concessão do indulto.
202
• SUSPENSÃO DO PROCESSO
Não há, no momento, decisão do Comitê de Direitos Humanos da
ONU impedimento o prosseguimento das ações penais que tramitam
no Brasil contra o ex-Presidente Lula
A defesa do ex-Presidente Lula formulou reclamação ao Comitê de
Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas alegando que o
processo penal que tramita contra ele no Brasil teria violado
disposições do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos.
Ainda não há decisão final de mérito do Comitê.
A defesa impetrou habeas corpus no STF pedindo que a ação penal
proposta contra ele fique sobrestada até que haja um
pronunciamento final do Comitê da ONU. A 2ª Turma do STF,
contudo, indeferiu o pedido de suspensão do julgamento da ação
penal até pronunciamento final do Comitê de Direitos Humanos da
ONU.
Segundo explicou o STF, a decisão do Comitê negou a concessão de
“medidas provisionais” em favor de Lula. Isso significa que o referido
órgão não determinou a suspensão de ações penais instauradas em
desfavor do paciente. O comitê, em princípio, não reconheceu a
203
• NULIDADES
STF determinou o desentranhamento do termo de colaboração
premiada de Antônio Palocci do processo penal que tramita contra
Lula, cuja juntada aos autos teria sido promovida indevidamente, de
ofício, pelo ex-Juiz Sérgio Moro.
A defesa do ex-Presidente Lula impetrou habeas corpus no STF
pedindo o desentranhamento do “Termo de Colaboração de Antônio
Palocci Filho”, cuja juntada aos autos foi promovida de ofício, pelo
então Juiz Federal Sérgio Moro. O STF entendeu que essa juntada foi
ilícita e determinou o seu desentranhamento.
Os Ministros apontaram três circunstâncias envolvendo essa conduta
que revelariam a parcialidade do magistrado na condução do
processo: Em primeiro lugar, o termo de colaboração foi juntado
quando a fase de instrução processual havia sido encerrada, de forma
que as declarações sequer estariam aptas a fundamentar a prolação
da sentença. Em segundo, aconteceu cerca de três meses após a
decisão judicial que o homologara. Para os Ministros, essa demora
parece ter sido cuidadosamente planejada para gerar verdadeiro fato
político na semana que antecedia o primeiro turno das eleições
presidenciais.
Ato contínuo à juntada, foi determinado o imediato levantamento do
sigilo, com clara finalidade de que fosse dada publicidade às
imputações dirigidas ao réu, sem que as circunstâncias narradas no
ajuste fossem relevantes para a ação penal em andamento. Em
terceiro, o fato de a juntada e o levantamento do sigilo terem
ocorrido por iniciativa do próprio juiz, isto é, sem qualquer
provocação do órgão acusatório.
A determinação da juntada desse termo de delação, nesses moldes,
consubstancia inequívoca quebra da imparcialidade.
204
205
DIREITO TRIBUTÁRIO
• IMPOSTO DE RENDA
Não é possível estender, pela via judicial, a isenção prevista no art.
6º, XIV, da Lei 7.713/88 aos trabalhadores em atividade.
Importante!!!
206
• CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA
É constitucional a contribuição social do segurado especial prevista no
art. 25 da Lei nº 8.212/91.
É constitucional, formal e materialmente, a contribuição social do
segurado especial prevista no art. 25 da Lei nº 8.212/91.
STF. Plenário. RE 761263, Rel. Alexandre de Moraes, julgado em
15/04/2020 (Repercussão Geral – Tema 723) (Info 983 – clipping)
• DIREITO FINANCEIRO
Análise da constitucionalidade da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Importante!!!
A Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF (Lei Complementar nº
101/2000) é formalmente constitucional, não houve qualquer vício na
tramitação do projeto, tendo sido respeitado o devido processo
legislativo.
No que tange ao aspecto material, o STF declarou a
constitucionalidade dos arts. 4º, § 2º, II, e § 4º; 7º, caput e § 1º;
11, parágrafo único; 14, II; 17, §§ 1º a 7º; 18, § 1º; 20; 24; 26, §
1º; 28, § 2º; 29, I, e § 2º; 39; 59, § 1º, IV; 60; e 68, caput, da LRF.
207
• Art. 9º, § 3º
Veja o que diz o § 3º do art. 9º: Art. 9º Se verificado, ao final de um
bimestre, que a realização da receita poderá não comportar o
cumprimento das metas de resultado primário ou nominal
estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério
Público promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários,
nos trinta dias subsequentes, limitação de empenho e movimentação
financeira, segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes
orçamentárias. (...) § 3º No caso de os Poderes Legislativo e
Judiciário e o Ministério Público não promoverem a limitação no prazo
estabelecido no caput, é o Poder Executivo autorizado a limitar os
valores financeiros segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes
orçamentárias. Com relação ao § 3º do art. 9º, o STF entendeu que a
norma prevista não guarda pertinência com o modelo de freios e
contrapesos estabelecido constitucionalmente para assegurar o
exercício responsável da autonomia financeira por parte dos Poderes
Legislativo e Judiciário e do Ministério Público. Isso porque o
dispositivo estabelece inconstitucional hierarquização subserviente
em relação ao Executivo, permitindo que, unilateralmente, limite os
valores financeiros segundo os critérios fixados pela Lei de Diretrizes
Orçamentárias no caso daqueles outros dois Poderes e instituição não
promoverem a limitação no prazo fixado no caput. A defesa de um
Estado Democrático de Direito exige o afastamento de normas legais
que repudiam o sistema de organização liberal, em especial, na
presente hipótese, o desrespeito à separação das funções do Poder e
suas autonomias constitucionais.
• Caput dos arts. 56 e 57
Esses dispositivos preveem o seguinte: Art. 56. As contas prestadas
pelos Chefes do Poder Executivo incluirão, além das suas próprias, as
dos Presidentes dos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do
Chefe do Ministério Público, referidos no art. 20, as quais receberão
parecer prévio, separadamente, do respectivo Tribunal de Contas.
208
• IPTU
A diferenciação de alíquotas, por estar ou não edificado o imóvel
urbano, não se confunde com a progressividade do IPTU; logo, não é
inconstitucional mesmo que antes da EC 29/2000.
Atenção! PGM
São constitucionais as leis municipais anteriores à Emenda
Constitucional n° 29/2000, que instituíram alíquotas diferenciadas de
IPTU para imóveis edificados e não edificados, residenciais e não
residenciais.
STF. Plenário. RE 666156, Rel. Roberto Barroso, julgado em
11/05/2020 (Repercussão Geral – Tema 523) (Info 982 – clipping).
• IMUNIDADE TRIBUTÁRIA
Estados-membros, mesmo gozando de imunidade tributária
recíproca, devem cumprir as obrigações tributárias acessórias.
A imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, “a”, da Constituição)
impede que os entes públicos criem uns para os outros obrigações
relacionadas à cobrança de impostos, mas não veda a imposição de
obrigações acessórias.
As obrigações acessórias sejam instituídas por meio de atos
infralegais.
STF. Plenário. ACO 1098, Rel. Roberto Barroso, julgado em
11/05/2020 (Info 980).
• PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE
A alteração no programa fiscal REINTEGRA, por acarretar
indiretamente a majoração de tributos, deve respeitar o princípio da
anterioridade.
210
• ICMS
O sujeito ativo do ICMS-importação é o Estado-membro no qual está
domiciliado ou estabelecido o destinatário legal da operação que deu
causa à circulação da mercadoria.
O sujeito ativo da obrigação tributária de ICMS incidente sobre
mercadoria importada é o Estado-membro no qual está domiciliado
ou estabelecido o destinatário legal da operação que deu causa à
circulação da mercadoria, com a transferência de domínio.
STF. Plenário. ARE 665134, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em
27/04/2020 (Repercussão Geral –Tema 520) (Info 978).
211
• ICMS
Não cabe ICMS sobre a demanda de potência elétrica porque
somente integram a base de cálculo desse imposto os valores
referentes àquelas operações em que haja efetivo consumo de
energia elétrica.
É indevida a incidência do ICMS sobre o valor correspondente à
demanda de potência elétrica contratada, mas não utilizada.
STJ. 1ª Seção. REsp 960.476/SC, Rel. Min. Teori Albino Zavascki,
julgado em 11/03/2009 (recurso repetitivo).
212
• DIREITO FINANCEIRO
As restrições impostas pelos arts. 14, 16, 17 e 24 da LRF não se
aplicam durante o estado de calamidade pública decorrente do
coronavírus.
Importante!!!
Covid-19 Os arts. 14, 16, 17 e 24 da LRF exigem, para o aumento de
gastos tributários indiretos e despesas obrigatórias de caráter
continuado, as estimativas de impacto orçamentáriofinanceiro e a
compatibilidade com a LDO, além da demonstração da origem dos
recursos e a compensação de seus efeitos financeiros nos exercícios
seguintes. O art. 114 da LDO/2020 também traz restrições nesse
sentido.
Durante a pandemia do coronavírus, o Governo precisava tomar uma
série de medidas que implicariam renúncia de receita ou então
criação ou aumento de despesas e isso ofenderia as regras acima
listadas. Diante disso, o Presidente da República ajuizou ADI pedindo
que o STF afastasse essas exigências da Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF 101/2000) e da LDO/2020 em relação à criação e à
expansão de programas de prevenção ao novo coronavírus e de
proteção da população vulnerável à pandemia.
O Min. Alexandre de Moraes, monocraticamente, deferiu medida
cautelar concordando com o pedido.
Depois da liminar foi editada a Lei nº Lei nº 13.983/2020 e a EC
106/2020, que excepcionaram a aplicação dessas regras durante o
período de calamidade pública decorrente do coronavírus.
Diante disso, o STF decidiu:
213
• DIREITO FINANCEIRO
Lei estadual não pode autorizar que o Estado utilize recursos de
depósitos judiciais, em percentuais e para finalidades diferentes
daquilo que é previsto na legislação federal.
A Lei estadual, ao permitir a utilização dos recursos de depósitos
judiciais em percentual superior ao previsto na legislação nacional, e
ainda para finalidades discricionárias, bem como ao estabelecer o
repasse de rendimentos dos depósitos judiciais ao Fundo de
Reaparelhamento do Poder Judiciário, contraria o art. 101, §§ 2º, I e
II, e 3º, do ADCT e a Lei Complementar federal 151/2015, além de
invadir a competência da União para legislar sobre direito processual
(art. 22, I, da CF/88) e sobre normas gerais de direito financeiro (art.
24, I, da CF/88).
STF. Plenário. ADI 5353 MC-Ref/MG, Rel. Min. Teori Zavascki,
julgado em 28/09/2016 (Info 841).
STF. Plenário. ADI 5080, Rel. Luiz Fux, julgado em 15/04/2020.
• IMUNIDADE TRIBUTÁRIA
Súmula vinculante 58
Não há direito ao crédito de IPI em relação à aquisição de insumos
isento, não tributados ou sujeitos à alíquota zero.
Súmula vinculante 58: Inexiste direito a crédito presumido de IPI
relativamente à entrada de insumos isentos, sujeitos à alíquota zero
ou não tributáveis, o que não contraria o princípio da não
cumulatividade.
STF. Plenário. Aprovada em 24/04/2020.
214
• DIREITO ADUANEIRO
Em razão do seu caráter interpretativo, o conceito abrangente de
licitação internacional revelado pelo art. 3º da Lei nº 11.732/2008
retroage às situações anteriores a sua entrada em vigor.
O art. 5º da Lei nº 8.032/90 concede o regime de drawback do art.
78, II, do DL 37/66 para as empresas que forem participar de
“licitação internacional”.
A definição de licitação internacional para fins de concessão do
regime aduaneiro do drawback é aquela prevista no art. 3º da Lei nº
11.732/2008 (não se utilizando a Lei nº 8.666/93).
Veja o que diz o art. 3º da Lei nº 11.732/2008: Art. 3º Para efeito
de interpretação do art. 5º da Lei nº 8.032, de 12 de abril de 1990,
licitação internacional é aquela promovida tanto por pessoas jurídicas
de direito público como por pessoas jurídicas de direito privado do
setor público e do setor privado.
Esse conceito abrangente de licitação internacional previsto no art.
3º da Lei nº 11.732/2008 possui indiscutível caráter interpretativo e,
por isso, retroage para alcançar situações ocorridas antes de sua
entrada em vigor.
Aplica-se o raciocínio contido no art. 106, I, do CTN: a lei aplica-se a
ato ou fato pretérito em qualquer caso, quando seja expressamente
interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos
dispositivos interpretados.
215
• IMUNIDADE TRIBUTÁRIA
Súmula vinculante 57
O livro eletrônico e os suportes exclusivamente utilizados para fixá-
los gozam de imunidade tributária.
Súmula vinculante 57: A imunidade tributária constante do art. 150,
VI, d, da CF/88 aplica-se à importação e comercialização, no mercado
interno, do livro eletrônico (e-book) e dos suportes exclusivamente
utilizados para fixá-los, como leitores de livros eletrônicos (ereaders),
ainda que possuam funcionalidades acessórias.
STF. Plenário. Aprovada em 15/04/2020.
• ICMS
216
• IMPOSTO DE RENDA
É ilegal o art. 4º, I, da IN SRF nº 139/1989 que proibiu a
compensação envolvendo exercícios financeiros diferentes.
Baixa relevância para concursos É ilegal o art. 4º, I, da IN SRF nº
139/1989, que, ao suprimir a comunicação entre exercícios
diferentes, traz inovação limitadora não prevista no Decreto-lei nº
1.790/1980.
O Decreto-lei nº 1.790/1980, que foi recepcionado com força de lei
ordinária, não estabeleceu restrição à compensação entre períodos
diversos, isto é, não impôs nenhuma limitação temporal ao exercício
de tal direito.
Assim, era perfeitamente possível a compensação do imposto de
renda retido na fonte mesmo que em calendários (exercícios)
diferentes.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.628.374-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, Rel.
Acd. Min. Regina Helena Costa, julgado em 04/02/2020 (Info 665).
• DIREITO ADUANEIRO
Súmula 640-STJ
As empresas nacionais que vendem mercadorias para a Zona Franca
de Manaus possuem direito ao benefício fiscal do REINTEGRA
Súmula 640-STJ: O benefício fiscal que trata do Regime Especial de
Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras
(REINTEGRA) alcança as operações de venda de mercadorias de
origem nacional para a Zona Franca de Manaus, para consumo,
industrialização ou reexportação para o estrangeiro.
STJ. 1ª Seção. Aprovada em 18/02/2020, DJe 19/02/2020.
• IMUNIDADE TRIBUTÁRIA
217
• RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA
É inconstitucional a lei estadual que preveja que o administrador, o
advogado, o economista e outros profissionais teriam
responsabilidade solidária em relação às obrigações tributárias de
seus clientes.
Importante!!!
É inconstitucional lei estadual que disciplina a responsabilidade de
terceiros por infrações de forma diversa da matriz geral estabelecida
pelo Código Tributário Nacional (CTN).
Há, neste caso, uma inconstitucionalidade formal.
Ao ampliar as hipóteses de responsabilidade de terceiros por
infrações, prevista pelos arts. 134 e 135 do CTN, ou tratar sobre o
tema de maneira diferente, a lei estadual invade competência do
legislador complementar federal para estabelecer as normas gerais
na matéria (art. 146, III, “b”, da CF/88).
218
• DIREITO FINANCEIRO
As receitas provenientes do adicional criado pelo art. 82, § 1º, do
ADCT não podem ser computadas para efeito de cálculo da
amortização da dívida do Estado; tais recursos devem, no entanto,
ser considerados para cálculo do montante mínimo destinado à saúde
e à educação.
O art. 82, § 1º do ADCT permite que os Estados aumentem em até
2% a alíquota do ICMS que é cobrado sobre produtos e serviços
considerados supérfluos.
O valor arrecadado com esses 2% a mais deverão ser destinados
exclusivamente ao Fundo Estadual de Combate e Erradicação da
Pobreza: Art. 82.
Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem instituir Fundos
de Combate à Pobreza, com os recursos de que trata este artigo e
outros que vierem a destinar, devendo os referidos Fundos ser
geridos por entidades que contem com a participação da sociedade
civil. § 1º Para o financiamento dos Fundos Estaduais e Distrital,
poderá ser criado adicional de até dois pontos percentuais na alíquota
do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS, sobre
os produtos e serviços supérfluos e nas condições definidas na lei
complementar de que trata o art. 155, § 2º, XII, da Constituição, não
se aplicando, sobre este percentual, o disposto no art. 158, IV, da
Constituição. (...)
As receitas provenientes do adicional previsto pelo § 1º do art. 82 do
ADCT não podem ser consideradas para efeito de cálculo da
amortização da dívida do Estado (não podem ser incluídas no cálculo
da dívida pública do Estado com a União).
Por outro lado, tais recursos devem sim ser considerados para efeito
de cálculo do montante mínimo destinado à saúde e à educação.
219
• ICMS
A norma do art. 20, § 6º, I, da LC 87/96 não confere o crédito a
quem promove as saídas isentas, mas ao contribuinte que adquire os
produtos agropecuários ao abrigo da isenção.
• IMUNIDADE TRIBUTÁRIA
Redação original:
220
STF. Plenário. RE 566622 ED/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac.
Min. Rosa Weber, julgado em 18/12/2019 (Info 964.
• IMPOSTO DE RENDA
Não tendo participado do fato gerador do tributo, a declaração
conjunta de imposto de renda não torna o cônjuge corresponsável
pela dívida tributária dos rendimentos percebidos pelo outro.
Não tendo participado do fato gerador do tributo, a declaração
conjunta de imposto de renda não torna o cônjuge corresponsável
pela dívida tributária dos rendimentos percebidos pelo outro. Exemplo
hipotético: João e Carla são casados.
Eles fizeram uma declaração conjunta do imposto de renda. Ocorre
que não se declarou que Carla recebeu R$ 10 mil por serviços
prestados para uma determinada empresa. Houve, portanto, omissão
de rendimentos recebidos.
Ao detectar a omissão, a Receita Federal fez lançamento de auto de
infração contra Carla e João. Não poderia ter feito contra João.
O fato gerador (renda auferida com os serviços prestados) foi
praticado apenas pela mulher. Logo, o marido não pode ser
considerado como solidariamente obrigado.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.273.396-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia
Filho, julgado em 05/12/2019 (Info 662).
• IMPOSTO DE RENDA
A isenção de quota condominial do síndico não configura renda para
fins de incidência do Imposto de Renda de Pessoa Física.
Importante!!!
O imposto de renda tem como fato gerador a aquisição da
disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou de proventos de
qualquer natureza.
Renda, para fins de incidência tributária, pressupõe acréscimo
patrimonial ao longo de determinado período, ou seja, riqueza nova
agregada ao patrimônio do contribuinte.
221
• CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS
Os meros cerealistas não têm direito ao crédito presumido de
PIS/PASEP e Cofins.
Têm direito ao crédito presumido de PIS/PASEP e Cofins as pessoas
jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias por meio
de processo de industrialização de grãos de soja, milho e trigo
adquiridos de pessoa física, cerealista ou cooperado pessoa física. Os
meros cerealistas não têm direito ao crédito presumido de PIS/PASEP
e Cofins.
Para fazer jus ao benefício fiscal, a sociedade interessada deve
produzir mercadorias, ou seja, deve realizar processo de
industrialização a partir de grãos de soja, milho e trigo adquiridos de
pessoa física, cooperado pessoa física ou cerealista, transformando-
os em outros (v.g. óleo de soja, farelo de soja, leite de soja, óleo de
trigo, farinha de trigo, pães, massas, biscoitos, fubá, polenta etc).
Se a pessoa faz apenas limpeza, secagem, classificação e
armazenagem, isso não ocasiona transformação do produto, razão
pela qual essa sociedade será considerada como mera cerealista, não
podendo aproveitar o crédito.
222
223
224
• INTERNAÇÃO
É legal a internação de adolescente gestante ou com o filho em
amamentação, desde que assegurada atenção integral à sua saúde,
bem como as condições necessárias para que permaneça com seu
filho durante o período de amamentação.
Não há impeditivo legal para a internação de adolescente gestante ou
com filho em amamentação, desde que seja garantida atenção
integral à saúde do adolescente, além de asseguradas as condições
necessárias para que a adolescente submetida à execução de medida
socioeducativa de privação de liberdade permaneça com o seu filho
durante o período de amamentação (arts. 60 e 63, § 2º da Lei nº
12.594/12 - SINASE).
STJ. 5ª Turma. HC 543.279-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca, julgado em 10/03/2020 (Info 668).
• ADOÇÃO
O registro civil de nascimento de pessoa adotada sob a égide do
Código Civil/1916 não pode ser alterado para a inclusão dos nomes
dos ascendentes dos pais adotivos.
O registro civil de nascimento de pessoa adotada sob a égide do
Código Civil/1916 não pode ser alterado para a inclusão dos nomes
dos ascendentes dos pais adotivos.
O ordenamento jurídico vigente ao tempo em que realizada a adoção
simples da peticionante por meio de escritura pública (natureza
contratual), previa que o parentesco resultante da adoção era
meramente civil e limitava-se ao adotante e ao adotado, não se
estendendo aos familiares do adotante visto que mantidos os vínculos
do adotado com a sua família biológica.
Não se aplica o regime jurídico de adoção do ECA para este caso.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.232.387-MG, Rel. Min. Antonio Carlos
Ferreira, Rel. Acd. Min. Marco Buzzi, julgado em 11/02/2020 (Info
666).
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