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CAPÍTULO I – IMPOSTO SOBRE RENDIMENTOS DE PESSOAS SINGULARES

1.1. CONCEITO E CARACTERIZAÇÃO

De acordo com o n.º1 do Artigo 1, o IRPS é um imposto directo que incide sobre o
valor global anual dos rendimentos, mesmo quando provenientes de actos ilícitos.

O IRPS é pois em primeiro lugar, um imposto e, enquanto tal, encontra-se subordinado


a princípios gerais, como o da legalidade, da tipicidade, da igualdade, da protecção da
família e da protecção da propriedade privada. Mas a sua natureza subordina-se
também, a outros princípios específicos como o da capacidade contributiva, da
generalidade da territorialidade, da realização e do imediatismo.

O IRPS é, em segundo lugar, um imposto sobre rendimento.


Na ausência de uma definição legal de rendimento tributável, o código prevê cinco
categorias de rendimentos, em regra autónomas entre si, mas que comportam, nalguns
casos, elementos de preponderância e elementos de articulação. Não existe uma
categoria verdadeiramente residual.
Por último, o IRPS é um imposto sobre rendimento das pessoas singulares, sendo
portanto um imposto subjectivo, estando conexos com o elemento subjectivo da
incidência aspectos como o da caracterização dos sujeitos passivos, a relevância do
agregado familiar e a residência como elemento objectivo de conexão territorial que
legitima o poder de tributar o rendimento auferido numa base mundial.

1.1. INCIDÊNCIA

OS SUJEITOS PASSIVOS DO IRPS


A Luz do n° 1 do CIRPS o IRPS é um imposto directo que incide sobre o valor global
anual dos rendimentos, mesmo quando provenientes de actos ílicitos. Deve, assim,
distinguir-se entre pessoas singulares residentes em território moçambicano, as quais
são sujeitas a imposto sobre totalidade dos seus rendimentos, incluindo os obtidos fora
desse território (art.º 20 nº1 CIRPS) e pessoas singulares não residentes em território
moçambicano, as quais apenas são sujeitas a imposto sobre os rendimentos obtidos
neste território (art. 20º nº 2 CIRPS).

O AGREGADO FAMILIAR
Relativamente as pessoas singulares residentes, deve distinguir-se entre as pessoas sós e
as pessoas que integram um agregado familiar. Existindo agregado familiar, o imposto é
devido pelo conjunto dos rendimentos das pessoas que o constituam, considerando-se
como sujeitos passivos aquelas a quem incumbe a sua direcção (art.º 18º nº2 CIRPS) e
que são, segundo a lei civil, os cônjuges que não sofram de qualquer inibição ou
incapacidade de exercício.
O agregado familiar é composto diversamente, embora sempre com base na família
nuclear – pais e filhos ou equiparados – (art.18º nº 3):
a) Por cada um dos cônjuges e os seus dependentes a seu cargo;
b) Pelo pai ou a mãe não casados e os dependentes a seu cargo
c) Pelo adoptante não casado e os dependentes a seu cargo
De acordo com o consagrado no n°4 do art.18°do CIRPS consideram-se dependentes:
a) Os filhos, adoptados e enteados, menores não emancipados;
b) Os filhos, adoptados e enteados, maiores que, não tendo mais de 25 anos nem
auferindo anualmente rendimentos superiores ao mínimo previsto no artigo 56° do
CIPRPS, tenham frequentado no ano a que o imposto respeitaa 12ª classe,
estabelecimento de ensino médio ou superior ou cumprido serviço militar efectivo
normal.
c) Os filhos, os adoptados e enteados, maiores, inaptos para o trabalho e para
amgariar meios de subsistência, quando não aufiriram rendimentos superiores ao
mínimo previsto no artigo 56° do CIPRPS a que respeita o imposto;
d) Os menores sob tutela desde que não aufiram quaisquer rendimentos;
e) Os ascendentes a cargo do sujeito passivo, incapazes para o trabalho e para
angariar meios de subsistência, quando não aufiram rendimentos superiores ao mínimo
previsto no artigo 56° do CIPRPS a que respeita o imposto.

A luz do n°6 do art.18° do CIPRS as pessoas referidas no número anterior não podem,
simultaneamente, fazer parte de mais de um agregado familiar, nem constar de mais do
que uma declaração de rendimentos. O n°7 do art. 18°do CIPRS sublinha que a situação
pessoal e familiar dos sujeitos passivos relevante para efeitos de tributação é aquela que
se verifica no último dia do ano a que o imposto respeite.

Exemplo 1:
A família Cossa é constituída pelo casal Anacleta e Alberto, as duas filhas menores, um
filho
João com 27 anos que frequenta o ensino superior, um sobrinho cujos pais faleceram e o
José, pai do Augusto, que não aufere qualquer rendimento.

Resposta:. Para efeitos de IRPS, o agregado familiar é constituído pelo casal, as filhas
menores, o sobrinho caso a tutela tenha sido atribuída judicialmente a um dos cônjuges
e o José. Isto é, como o casal já não engloba os rendimentos se a Anacleta e Alberto
ambos auferirem rendimentos então só existem 3 dependentes que devem sem repetição
declarados no modelo 10 de cada cônjuge.
O filho André não deve, do ponto de vista fiscal, ser incluído neste agregado familiar.
Se este obtiver rendimentos deverá apresentar a sua declaração de rendimentos
autonomamente.
Exemplo 2:

O Sr. Carlos Langa é casado e não separado judicialmente sabe-se que a Sra. Catarina
Sitoe sua esposa não aufere nenhum rendimento, vivem com o casal três filhos, o mais
velho tem 26 anos de idade e encontra-se a frequentar o último ano no curso de
economia na Universidade Eduardo Mondlane. Sabe-se ainda que dos filhos do casal o
do meio com 20 anos de idade trabalha na empresa Petromoc e recebe mensalmente 21
000,00 Mts. Além dos filhos vive com o casal a Sra. Lina Tembe sem renda mãe do Sr.
Carlos.
Resposta: De acordo com o previsto no n° 3 e 4 ambos dos art.18°do CIRPS o Sr.
Carlos possui três (3) dependentes que são a sua esposa, a caçula e Sra. Lina sua mãe.

O filho mais velho é rejeitado como dependente a luz da alínea b do n°4 do art.18°do
CIRPS, e o do meio é refutado como dependente conforme a alínea d do n°4 do mesmo
código.

Exemplo 3:

A Sra. Lenucha é viúva e vive com a mãe que se encontra aposentada e seus 5 filhos,
nos filhos um recebe salário anual acima de 225.000,00 e outro recebe um rendimento
anual inferior a 225.000,00, sabe-se dos filhos da Sra. Lenucha a menina de 18 anos já
foi emacipada e está apta a conduzir um dos carros para levar os outros irmãos mais
novos para o colégio.
Quantos dependentes estão a cargo da Sra. Lenucha?
Resposta: Conforme previsto nos n° 3 e 4 do art. 18 do CIRPS, a Sra. Lenucha tem
apenas 3 dependentes, portanto, não são seus dependentes a mãe, a filha emacipada e o
filho que tem rendimento anual superior a 225.000,00 Mts.
Nota: prezado /a estudante sempre que a interpretação da legislação fiscal se afigurar
complexa contacte o seu tutor para melhor esclarecimento das suas dúvidas.

1.2. SUJEITOS PASSIVOS DO IRPS

Incidência Pessoal
Conforme o âmbito da sujeição os n°1 e 2 do artigo 20° CIRPS abordam a questão de
sujeitos passivos residents e não residentes, no entanto, em matéria de fisco o que é
residência?
1.2.1. RESIDENTES EM TERRITÓRIO MOÇAMBICANO
O artigo 21º dispõe que são residentes em território moçambicano as pessoas que, no
ano a que respeitam os rendimentos:
a) Hajam nele permanecido mais de 180 dias, seguidos ou interpolados;
b) Tendo permanecido por menos tempo, ai disponham, em 31 de Dezembro desse
ano, de habitação em condições que façam supor a intenção de a manter e ocupar como
residência permanente;
c) Desempenham no estrangeiro funções ou comissões de carácter público, ao
serviço da República de Moçambique;
d) Sejam tripulantes de navios ou aeronaves, desde que aqueles (tripulantes)
estejam ao serviço de entidades com residência, sede ou direcção efectiva no território
moçambicano.
2. Serão sempre havidas como residentes em território moçambicano as pessoas
que constituem o agregado familiar, desde que naquele resida qualquer das pessoas a
quem incumbe a direcção do mesmo.

1.2.2. NÃO RESIDENTES EM TERRITÓRIO MOÇAMBICANO

Os não residentes são tributados em território moçambicano apenas pelos rendimentos


aqui obtidos; é o art.º 22º do CIRPS que estabelece os elementos de conexão territorial
que permitem identificar os rendimentos que se consideram obtidos em território
moçambicano. Esses elementos gravitam, fundamentalmente, em torno dos critérios da
localização da fonte do rendimento e da entidade devedora do rendimento.

1.2.3. AS PESSOAS COLECTIVAS E O IRPS

Recaem sobre pessoas colectivas e outras entidades equiparadas, com sede, direcção
efectivas ou estabelecimento estável em território moçambicano, deveres diversos,
conexos com a tributação em IRPS.
Com efeito, as pessoas colectivas ou entidades equiparadas que devam, paguem ou
coloquem à disposição rendimentos sujeitos a IRPS, ou que intervenham em actos
susceptíveis de gerarem rendimentos tributáveis em IRPS, ou que sejam credoras de
encargos ou despesas susceptíveis de abatimento em IRPS, estão subordinados a um
conjunto de obrigações cujos activos são quer o Estado, quer os sujeitos passivos de
IRPS, consoante os casos.
Tais deveres constituem-se, uns no âmbito da substituição tributária, outros no âmbito
do dever geral da colaboração que recai sobre essas entidades.

1.3. OS RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS EM IRPS

1.3.1. RENDIMENTOS DE TRABALHO DEPENDENTE – 1ª CATEGORIA

INCIDÊNCIA OBJECTIVA
Integram-se na 1ª Categoria (art.º 2º) os rendimentos derivados, directa ou
indirectamente, da prestação de trabalho dependente ou por conta de outrem, bem como
aqueles que a Lei qualifique como tais.
No entanto, o art.º 2º prevê situações fiscalmente qualificadas como fonte de
rendimentos do trabalho dependente que são todas as remunerações pagas ou postas à
disposição do seu titular provenientes de:
a) Trabalho por conta de outrem prestado ao abrigo de contrato individual de
trabalho ou de outro a ele legalmente equiparado:
b) Trabalho prestado ao abrigo de um contrato de aquisição de serviços ou outro de
idêntica natureza, seja prestado sob autoridade e a direcção da pessoa do adquirente dos
serviços.
c) Exercício de função, serviço ou cargo público;
d) Situações de pré-reforma, pré-aposentação ou reserva, com ou sem prestação de
trabalho, bem como de prestação atribuídas, a qualquer titulo, antes de verificados os
requisitos exigidos nos regimes obrigatórios de segurança social aplicáveis para a
passagem à situação de reforma ou, mesmo que não subsista o contrato de trabalho, se
mostrem subordinados à condição de serem devidas até que tais requisitos se
verifiquem, mesmo que devidas por fundos de pensões ou outras entidades, que se
substituam à entidade originariamente devedora.

Entende-se por remuneração: Ordenados, salários, vencimentos, gratificações,


percentagens, comissões, participações, subsídios ou prémios, senhas de presença,
emolumentos, participações em multas e outras remunerações acessórias.
Elemento essencial, mas também não exclusivo, da qualificação dos rendimentos do
trabalho dependente é a retribuição, ou seja, a contraprestação em numerário ou em
espécie, certa variável ou mista, paga ou colocada à disposição do trabalhador, de forma
regular e periódica.
No entanto outras prestações principais, devidas aos trabalhadores por conta de outrem,
ainda que possam não integrar o conceito de retribuição, preenchem por previsão legal o
conceito mais abrangente de remuneração e tudo o que for considerado renumeração
será, em princípio, considerado rendimento sujeito a tributação como rendimento do
trabalho dependente.
Entre as prestações não compreendidas no conceito civilístico de retribuição, podemos
distinguir entre prestações principias e prestações acessórias.
Nas prestações acessórias inclui-se um leque cada vez mais vasto, sobretudo de
renumerações em espécie, geralmente designadas por finge benefits ou vantagens
acessórias. Nelas se compreende todos os direitos, benefícios ou regalias não incluídos
na renumeração principal que sejam auferidos devido beneficiário uma vantagem
económica, designadamente:
a) Os abonos de família e respectivas prestações complementares, excepto na parte
em que não excedam os limites legais estabelecidos;
b) O subsídio de refeição na parte em que exceder o salário mínimo legalmente
estabelecido;
c) Os subsídios de residência ou equivalentes ou a utilização de casa de habitação
fornecida pela entidade patronal, excepto casas próprias localizadas no recinto do
empreendimento;
d) Os resultantes da utilização pessoal pelo trabalhador ou membro do órgão social,
de viatura automóvel que gere encargos para a entidade patronal, quando exista
acordamos escrito entre o trabalhador ou membro do órgão social e a entidade patronal,
sobre a imputação àquele da referida viatura automóvel.
Assim, e se não for celebrado novo vínculo gerador de rendimentos de trabalho
dependente com a mesma entidade ou com outra que com ela esteja em relação de
domínio, de grupo ou de simples participação, é excluída da tributação.
e) As importâncias despendidas pela entidade patronal com viagens e estadias, de
turismo e similares, não conexas com as funções exercidas pelo trabalhador ao serviço
da mesma entidade;
f) Os impostos e outros encargos legais devidos pelo trabalhador e que a entidade
empregadora tome sobre si.

De acordo com o Art. nº 4, são ainda considerados rendimentos de trabalho dependente:


a) As remunerações dos membros dos órgãos estatutários das pessoas colectivas e
entidades equiparadas;
b) As importâncias que os empresários individuais escriturem como remuneração
do seu trabalho ou do prestado pelas pessoas que façam parte do respectivo agregado
familiar;
c) Os abonos para falhas devidos a quem no seu trabalho tenha de movimentar
numerário, na parte em que exceda 5% da remuneração mensal;
d) As ajudas de custos e as importâncias auferidas pela utilização de automóvel
próprio em serviço da entidade patronal, na parte em que ambos excedam o limite dos
quantitativos estabelecidos para os funcionários do Estado, com remunerações fixas
equivalentes ou mais aproximadas;
e) As verbas de deslocação, viagens ou representação de que não tenham sido
prestadas contas até ao termo do exercício.
f) As gratificações não atribuídas pela entidade patronal, conexas com a prestação
de trabalho dependente, embora estas sejam tributadas a uma taxa especial de 15%, nos
termos do art.º 75º.

OBRIGAÇÕES DECLARATIVAS
Os rendimentos do trabalho dependente ficam sujeitas a tributação quando são pagos ou
colocados a disposição e é com referência ao ano de pagamento ou da colocação a
disposição que devem ser declarados, mesmo que sejam susceptíveis de reporte.
A titularidade de rendimentos do trabalho dependente nas condições referidas,
determina apresentação anual da declaração do Modelo 10. E as entidades pagadoras
declaram o pagamento de IRPS no modelo 19.
Anexo a que se refere o artigo 65°-A
Limites dos intervalos salário bruto mensal Valor do IRPS a reter relativo ao limite
inferior do salário bruto, por número de dependentes (MTs) Taxa aplicável a cada
unidade adicional do limite inferior do salário bruto

0 1 2 3 4 ou mais
Até 20 249,99 ¬ ¬ ¬ ¬ ¬ ¬
De 20 250,00 até 20 749,99 0,00 ¬ ¬ ¬ ¬ 0,10
De 20 750 até 20 999,99 50,00 0,00 ¬ ¬ ¬ 0,10
De 21 000,00 até 21 249,99 75,00 25,00 0,00 ¬ ¬ 0,10
De 21 250,00 até 21 749,99 100,00 50,00 25,00 0,00 ¬ 0,10
De 21 750 até 22 249,99 150,00 100,00 75,00 50,00 0,00 0,10
De 22 250,00 até 32 749,99 200,00 150,00 125,00 100,00 50,00 0,15
De 32 750,00 a té 60 749,99 1.775,00 1.725,00 1.700,00 1.675,00
1.625,00 0,20
De 60 750,00 até 144 749,99 7.375,00 7.325,00 7.300,00 7.275,00
7.225,00 0,25
De 144 750,00 até diante 28.375,00 28.325,00 28.300,00 28.275,00
28.225,00 0,32

Antes de aprender a preencher o modelo 10 referente a liquidação anual do imposto é


importante o estudante saber calcular o salário líquido do trabalhador onde é também
objecto de estudo o cálculo do IRPS.

Exemplo
1. A empresa Moz Alarmes Lda em 25 de Maio de 2018 processou salário dos
seguintes trabalhadores:
Nome Salário Bruto INSS Nr de dependentes
Tânia Manjate 75 000,00 7% 4
Tómas Manhica 19 250,00 7% 2
Alexandre Tivane 100 000,00 7% 0

Pedidos:
a) Apure o salário líquido de cada trabalhador
b) Mostre o lançamento de processamento de salário
c) Suponha que para além do seu salário base a Sra. Tânia recebe subsídios de
refeição e abonos de falha respectivamente 8.000,00 Mts e 6.000,00 Mts e o salário
mínimo do seu sector está fixado em 6.500,00 Mts. Qual é base de tributação para cada
subsídio? E com que valor seria calculado o seu IRPS?
d) Preencha o modelo 10 dos sujeitos passivos de IRPS conforme o rendimento
anual de cada um sem considerar os subsidios e pode acrescentar os dados não
fornecidos como Nuit, estado cívil e informação relacionada com os dependentes.
e) Qual deve ser o prazo da entrega do modelo 10?
IRPS = Base do IRPS + (Salário Bruto - Limite Inferior)*taxa

INSS = Salário Bruto*3%

Salário Líquido = Salário Bruto – IRPS – INSS – Outros descontos


Para calcular o Salário líquido é imperioso o estudante conhecer as fórmulas acima, no
entanto, para calcular o IRPS da Tânia segue-se os passos.
a) Apure o salário líquido de cada trabalhador
Passo 1 – Identificar o intervalo do salário na tabela de retenção na fonte;

Quem recebe 75.000,00 Mts está no intervalo de 60 750,00 até 144 749,99
Passo 2 Identificar a base do IRPS

Conhecido o intervalo e olhando para a coluna de dependentes, o número extraído no


cruzamento da linha do intervalo de salário e número de dependentes é 7.225,00.

Passo 3 Identificar a taxa ou coeficiente aplicável


A taxa do intervalo salarial identificado é de 0,25
Portanto, IRPS = 7.225,00 + (75.000,00 – 60 750,00 )*0,25
IRPS = 10.787,50
INSS = 75.000,00*0,03 = 3.000,00 Mts
Nota: Para calcular o IRPS do Alexandre Tivane é só seguir o mesmo raciocínio, mas
saiba que o Tomás não desconta o IRPS porque recebe um salário base abaixo de
20.250,00 como mostra a tabela de retenção, contudo independentemente do salário que
o trabalhador efectivo aufere deve descontar 3% do INSS.
Nome do trabalhador Salário Base IRPS INSS Outros descontos Salário
Líquido
1 2 3 4 5 =1- (2+3+4)
Tânia Manjate 75.000,00 10.787,50 2.250,00 ¬- 61.962,50
Tomás Manhiça 19.250,00 ¬ 577,50 ¬- 18.672,50
Alexandre Tivane 100.000,00 17.187,50 3.000,00 - 79.812,50
Total 194.250,00 27.975,00 5.827,50 - 160.447,50
Tabela 1: de cálculo do salário líquido
Com estes exemplos cremos que o prezado estudante está em condições de calcular o
salário líquido dos trabalhadores efectivos de uma determinada empresa.
b) Lançamento de processamento de salário
62 Gastos com pessoal
622 Remunerações dos trabalhadores
6221 Tânia Manjate 75.000,00
6222 Tomás Manhiça 19.250,00
6223 Alexandre Tivane 100.000,00
623 Encargos sobre remunerações 7.770,00
a 44 Estado
4421 Rendimento de trabalho dependente 27.975,00
449 Contribuições para o INSS 13.597,50
a 46 Outros credores
4622 Remunerações dos trabalhadores a pagar 160.447,50
Pelo processamento de salários dos trabalhadores

Nota explicativa: lembre-se que as contas da classe 6 debitam pelo aumento de despesas
e a conta estado pelo INSS e IRPS credita pelo aumento de dívida a pagar e por fim
credita a conta outros credores pelo aumento de dívidas a pagar aos trabalhadores, saiba
que é na fase de processamento de salário que se regista as despesas e dívidas a pagar.
No entanto, no lançamento a conta de INSS é creditado pelo total do INSS pago pelo
trabalhador e pela empresa (7%), enquanto nos encargos sobre remunerações só se
considera os 4% pagos pela empresa uma vez que 3% de INSS suportada pelo
trabalhador já se descontou no apuramento do salário líquido.
c) O subsídio de alimentação enquadra-se nas remunerações acessórias disposto na
alínea b do n°1 do art. 3° do CIRPS
Portanto a base de tributação de seria calculado desta forma:

No que toca aos abonos para falha enquadra-se nos outros rendimentos do trabalho
dependente conforme alínea c do art.4°do CIRPS e calcula-se desta forma:

BT (Refeição) = 8.000,00 – 6.500,00


BT (Refeição) = 1.500,00 Mts

BT (Abonos para falha) = 6.000,00 – 0,05*75.000,00 Mts


BT (Abonos para falha) = 1.250,00 Mts

Nota: Sempre que pela formula o resultado da base de tributação for um número
negativo considera-se zero porque não há excesso do limite estabelecido.

Salário base 75.000,00


BT (Refeição) + 1.500,00
BT (Abonos/Falha) + 1.250,00
Total 77.750,00

Conforme a demonstração na tabela 77.750,00 Mts seria o valor a ser considerado no


cálculo do IRPS da Sra. Tânia.

d) Preenchimento do modelo 10 da Tânia Manjate no final do ano.

Advertência: Prezado estudante qualquer dificuldade relacionada com o preenchimento


do modelo 10 deve ligar ao docente da disciplina para ter esclarecimento. Importa
referir que na prática o trabalhador não precisa preencher a parte de anexo, mas é
importante saber efectuar cálculos da liquidação do imposto que são preenchidos no
anexo ou verbete do modelo 10. Preenchido o modelo 10 da Sra. Tânia Manjate o
estudante deve preencher o modelo 10 de Sr. Alexandre Tivane.
e) Tratando-se de rendimentos da 1ª categoria o modelo 10 deve ser entregue de
Janeiro a 31 de Março de 2019
2. O Sr. Jaime Chissano é director financeiro na empresa ABD Lda e tem a seu
cargo três (3) dependentes, durante o ano de 2017 auferiu o rendimento correspondente
a 1.800.000,00 Mts e foi-lhe retido o IRPS de 359.760,00 Mts. Pede-se o
preenchimento do modelo 10 incluíndo o anexo dos rendimentos da 1ª categoria.

Obs: O estudante pode acrescentar os dados não fornecidos como Nuit, estado cívil e
informação relacionada com os dependentes etc.

Preenchimento do modelo 10 com respectivo anexo

O estudante já aprendeu a calcular o salário líquido a partir do salário bruto, mas é


também importante saber calcular o salário bruto a partir do salário líquido, visto que ao
trabalhador interessa-lhe negociar o salário líquido, mas a empresa interessa-lhe
negociar o salário bruto, dai a razão de ter que saber calcular esses salários nessas
perspectivas.
3. A Delfina e Joana negociaram um salário líquido de 35 500,00 Mts Líquidos,
mas sabe-se que a Delfina tem 3 dependentes e a Chudy apenas um qual é o salário
bruto de cada uma?
`Para resolver este exercício o estudante deve usar a tabela usada no cálculo do IRPS
para identificar o possível intervalo e base do IRPS em função da informação
disponibilizada pelo trabalhador.
Começando pela Delfina temos:
IRPS = 1.675,00 + (SB – 32.750,00)*0,2
IRPS = 1.675,00 + 0,2SB – 6.550,00
IRPS = 0,2SB – 4.875,00

Prezado estudante o IRPS é dado por esta função porque não é possível calcular o seu
valor sem ter o valor do salário bruto, de seguida colocamos a função do IRPS no
cálculo do salário líquido sem se esquecer de conjugar os sinais da função e da formula
geral.
35.500,00 = SB -0,2SB + 4.875,00 – 0,03SB
35.500,00 – 4.875,00 = SB -0,2SB – 0,03SB
30.625,00 = 0,77SB
SB = 30.625,00/0,77
SB = 39.772,73

O salário bruto da Delfina deve ser fixado em 39.772,73 para puder levar o salário de
35.500,00 Mts
Já para Joana mudando apenas a base do IRPS consoante o número de dependentes fica:
IRPS = 1.725,00 + (SB – 32.750,00)*0,2
IRPS = 1.725,00 + 0,2SB – 6.550,00
IRPS = 0,2SB – 4.825,00
35.500,00 = SB -0,2SB + 4.875,00 – 0,03SB
35.500,00 – 4.825,00 = SB -0,2SB – 0,03SB
30.625,00 = 0,77SB
SB = 30.675,00/0,77
SB = 39.837,66 Mts

EXERCÍCIOS DE CÁLCULO DE IRPS - 1ª CATEGORIA


1. A Premier Bet uma empresa que coloca a disposição as apostas de várias
modalidades de jogos. No mês de Setembro de 2018 em relação aos cálculos de salário
líquido disponibilizou a seguinte informação:
Salário Base N° de Dependentes
Trabalhador A20.000,00 2
Trabalhador B 25.000,00 1
Trabalhador C 10.000,00 0
Trabalhador D32.500,00 2

a) Pretende-se o cálculo do salário líquido de cada trabalhador


b) Preencha o modelo 10 e respectivo anexo para cada sujeito passivo de IRPS
Candidato Salário liquido N° de dependentes
A 25.000,00 0
B 140.000,00 2
C 19.594,00 1
2. A Sociedade GAMA S.A realizou uma entrevista a três candidatos, na
negociação do salário cada um deu a proposta de salário líquido numa fase inicial.
a) Apure o salário base de cada candidato
b) Quem é sujeito passivo de IRPS? Mostre o valor de IRPS desses sujeitos
passivos.

1.3.2. RENDIMENTO DO TRABALHO INDEPENDENTE – 2ª CATEGORIA

INCIDÊNCIA OBJECTIVA
De acordo com o n°1 e 2° do art. 8° CIRPS integram-se na 2ª categoria os rendimentos
imputáveis a trabalho independente, abrangendo as seguintes situações:
a) Os decorrentes do exercício de qualquer actividade comercial, industrial,
agrícola, silvícola ou pecuária;
b) Os auferidos no exercício por conta própria, de qualquer actividade de prestação
de serviços, ainda que conexas com qualquer actividade comercial, industrial, agrícola,
silvícola ou pecuária;
c) Os rendimentos provenientes da propriedade intelectual, como tal se entendendo
os direitos de autor e direitos conexos, da propriedade industrial, do know-how, quando
auferidos pelos titulares originários;
d) Os decorrentes de actividades artísticas, desportivas e ou culturais;
e) Outros rendimentos desta categoria deverão ser visitados. Art. nº 8 nº.3
FORMAS DE DETERMINAÇÃO DO RENDIMENTO LÍQUIDO
Segundo dispõe o Art.º 30º, a determinação do rendimento líquido do trabalho
independente far-se-á com base na contabilidade organizada, no regime de escrituração
simplificada, ou na aplicação das regras decorrentes do regime simplificado de
determinação do rendimento colectável. ou nos livros de registo de serviços prestados e
de despesas.

DEVERES ACESSÓRIOS DE NATUREZA DECLARATIVA


Os titulares de rendimento da 2ª categoria devem apresentar:
a) Declaração de início de actividade, antes do seu início;
b) Declaração anual de rendimento, do Modelo nº 10, acompanhada do anexo.
c) Declaração anual de informação contabilística e fiscal, nos termos do disposto
no Art.º 39 do RCIRPC - 20E, acompanhada dos anexos que dela fazem parte integrante
e que o sujeito passivo esteja obrigado a apresentar. A obrigação que deve ser cumprida
até ao último dia útil do mês de Junho de cada ano.
d) Declaração de cessação de actividade, a qual deverá ser comunicada no prazo de
30 dias a contar com a data da cessação da actividade.

DEVERES ACESSÓRIOS DE NATUREZA CONTABILÍSTICA


Os titulares de rendimentos da 2ª categoria devem:
a) Emitir recibo do modelo oficial de todas as importâncias recebidas dos seus
clientes, incluindo, portanto as relativas a adiantamentos, provisões e reembolso de
despesas;
b) Emitir factura ou documento equivalente por cada transmissão de bens,
prestação de serviços ou de outras operações efectuados e a emitir documento de
quitação de todas as importâncias recebidas.
c) Escriturar e manter actualizados os livros de registo obrigatórios e mantê-los em
ordem;
Os livros de registo, ou de contabilidade, devem estar centralizados no domicilio do
sujeito passivo ou no se local de exercício da actividade, devem ser, juntamente com os
documentos respectivos, arquivados e guardados em boa ordem durante os dez anos
civis subsequentes aquele a que digam respeito.

APLICAÇÃO DE MÉTODOS INDIRECTOS NA DETERMINAÇÃO DOS


RENDIMENTOS DO TRABALHO INDEPENDENTE (REMISSÃO)
Nos termos do disposto no artigo 38º CIRPS, é possível a aplicação de métodos
indirectos para determinar os rendimentos líquidos do trabalho independente, desde que,
com as necessárias adaptações, se verifiquem os factos e os requisitos previstos no
artigo 38º:

OPÇÃO PELA TRIBUTAÇÃO SEGUNDO AS REGRAS DA 1ª CATEGORIA


QUANDO O PROFISSIONAL INDEPENDENTE PRESTE SERVIÇOS A UMA
ÚNICA ENTIDADE
De acordo com o Art.30º CIRPS o sujeito passivo pode optar, se os rendimentos
auferidos resultarem de serviços prestados a uma única entidade, o sujeito passivo
poderá optar pela tributação de acordo com as regras estabelecidas para a 1ª categoria,
mantendo-se essa opção por um período de três anos.
A opção agora permitida não retira ao sujeito passivo a qualidade de titular de
rendimentos da 2ª categoria, designadamente para efeitos declarativos (declaração de
inicio, declaração de cessação e declaração anual) e para efeitos de IVA.
Exemplo
1. A BDC MOÇAMBIQUE LDA contratou um consultor para elaborar o manual
de procedimentos de funcionamento da empresa “medidas de controlo interno de todas
as áreas operacionais da empresa” sabendo que foi pago um salário líquido de
100.000,00 MTs qual foi o gasto total suportado pela BDC MOÇAMBIQUE LDA?
Mostre o valor do IRPS por pagar.

R: Sendo rendimento da segunda categoria o caro estudante deve saber que a taxa a ser
usada nesta categoria é de 20% conforme previsto no n°1 do art.32°CIRPS

100.000,00 = SB – 0,2SB
100.000,00 = 0,8SB
SB = 100.000,00/0,8
SB = 125.000,00

IRPS = Salário Bruto – Salário Líquido ou Salário bruto x 20%


IRPS = 125.000,00 Mts – 100.000,00 ou 125.000,00x0,2
IRPS = 25.000,00 Mts

EXERCÍCIOS DE CÁLCULO DE IRPS - 2ª CATEGORIA

A W & C Lda. É uma consultoria na aréa de gestão e conforme contrato da sociedade


tem autonomia de dar algumas formações ocasionais o que força a contratação de
professores especializados na matéria de cada formação, a informação contabilística
extraída em 30 de Maio de 2018 referente aos serviços de terceiros indicava:
Profissão Salário liquido Salário Bruto IRPS
Advogado 25.000,00 A D
Professores B 175.000,00 E
Electricista 12.000,00 C F

a) Calcule os valores das letras A,B,C,D,E e F

1.3.3. RENDIMENTOS DE CAPITAIS – 3ª CATEGORIA

INCIDÊNCIA OBJECTIVA
Integram a 3ª Categoria os rendimentos de capitais e os provenientes de mais-valias,
definidos no art.º 10º CIRPS, a seguir enunciados esquematicamente:
Em primeira linha, consideram-se rendimentos de capitais:
a) Os juros e lucros, incluindo os apurados na liquidação, colocados à disposição
dos sócios das sociedades ou dos associados num contrato de associação em
participação ou de associação à quota, bem como as quantias postas à disposição dos
membros das cooperativas a título de remuneração do capital; os rendimentos derivados
dos títulos de participação, certificados de fundos de investimento, obrigações, e outros
análogos ou operações de reporte;
b) Os rendimentos originados pelo diferimento no tempo de uma prestação ou pela
mora no pagamento;
c) Os rendimentos provenientes de contratos que tenham por objecto a cessão ou
utilização temporária de direitos de propriedade intelectual ou industrial ou prestação de
informações respeitante a uma experiencia adquirida no sector industrial, comercial, ou
científico, quando não auferidos pelo seu autor ou titular originário, ou ainda os
derivados de assistência técnica e do uso ou concessão do uso de equipamento agrícola,
industrial, comercial ou científico.
Nota: Outras indicações de rendimentos de capital poderão ser visitadas nos números 3
e 4 do artigo em causa CIRPS.
Quanto às mais-valias, estas são constituídas pelos ganhos obtidos que, não sendo
considerados rendimentos comerciais, industriais, agrícolas, de capitais ou prediais
resultam de:
a) Alienação onerosa de direitos reais sobre bens imóveis e afectação de quaisquer
bens do património particular à actividade empresarial e profissional exercida em nome
individual pelo seu proprietário;
b) Alienação onerosa de partes sociais, incluindo a sua remissão e amortização com
redução de capital e de outros valores mobiliários;
c) Alienação onerosa da propriedade intelectual ou individual ou de experiência
adquirida no sector comercial, industrial ou científico, quando o transmitente não seja o
seu titular originário;
d) Cessão onerosa de posições contratuais ou outros direitos inerentes a contratos
relativos a bens imóveis;
e) Os rendimentos líquidos positivos, apurados em cada ano, provenientes de
operações relativas a instrumentos financeiros derivados, com excepção dos ganhos
provenientes de operações de swaps cambiais, swaps de taxa de juro, swaps de juros e
divisas e operações cambiais a prazo, desde que, neste último caso, tenham subjacente
um elemento, designadamente depósitos ou valores mobiliários, que assegurem a
cobertura de risco.
Nota: Outras indicações de rendimentos de mais-valias poderão ser visitadas no artº. 13
n.º 2.
Para os rendimentos de mais-valias, o ganho sujeito a IRPS é constituído:
• Pela diferença entre o valor de realização e o valor de aquisição, líquidos da
parte qualificada como rendimentos de capitais;
• Pela importância recebida pelo cedente, deduzida de preço por que
eventualmente tenha obtido os direitos e bens objecto de cessão.
A DETERMINAÇÃO DO RENDIMENTO LÍQUIDO

• FORMULAÇÃO DAS REGRAS DE INCIDÊNCIA


De acordo com o Art. 40º os rendimentos de capitais sujeitos a impostos são os
colocados à disposição do seu titular ou os liquidados, conforme os casos, não sendo
efectuadas quaisquer deduções.
Relativamente às mais-valias, o valor dos rendimentos é o correspondente ao saldo
apurado entre as mais-valias e as menos-valias realizadas no mesmo ano, determinadas
nos seguintes termos:
- O saldo referente às transmissões previstas nas alíneas a), c) e d) do nº1 do Artº. 13º,
positivo ou negativo, é apenas considerado em 50% do seu valor.
- O saldo referido no n.º 1, respeitante às transmissões previstas na alínea b) do nº. 1 do
Artº. 13º, positivo ou negativo, é apenas considerado:
a) Em 100% do seu valor, quando as partes sociais ou outros valores mobiliários forem
detidos durante menos de 12 meses;
b) Em 85% do seu valor, quando as partes sociais ou outros valores mobiliários forem
detidos por período entre 12 e 24 meses;
c) Em 65% do seu valor, quando as partes sociais ou outros valores mobiliários forem
detidos por período entre 24 e 60 meses;
c) Em 55% do seu valor, quando as partes sociais ou outros valores mobiliários forem
detidos durante mais de 60 meses;

DETERMINAÇÃO DO VALOR DE AQUISIÇÃO – MAIS-VALIAS


a) Quanto aos bens ou direitos adquiridos a título gratuito, sejam móveis ou
imóveis, o valor de aquisição é o valor que tiver sido considerado para efeitos de
imposto sobre as sucessões e doações;

b) Quanto a bens ou direitos adquiridos a título oneroso:


i. Tratando-se de imóveis adquiridos a terceiros, o valor de aquisição é sempre
igual ao que tiver servido para efeitos de liquidação de SISA;

ii. Não havendo lugar à liquidação de SISA, considera-se o valor que lhe serviria
de base, caso fosse devida, determinado de harmonia com as regras próprias daquele
imposto.

DETERMINAÇÃO DO VALOR DE REALIZAÇÃO MAIS-VALIAS


a) Em caso de permuta, o valor de realização é o valor contratualmente estipulado
ou o valor de mercado, na falta daquele, acrescido da importância a receber ou
diminuído da importância a pagar;

b) Em caso de expropriação, o valor de realização é o valor da indemnização


recebida, seja qual for o modo da sua determinação;
c) No caso de afectação de quaisquer bens do património particular do titular de
rendimentos da segunda categoria a actividade empresarial e profissional, o valor será o
de mercado, à data da afectação.

d) Nos demais casos, o valor da respectiva contraprestação.

OBRIGAÇÕES DECLARATIVAS
Os rendimentos de capitais e os de mais-valias são expressos na Declaração Anual de
Rendimentos Modelo

Exemplos

1. Suponha que o ISM no final de 2016 alienou os seguintes elementos:


Activo Valor de aquisição Vida útil Ano de aquisição Amortização
Acumulada Valor da Venda
2 Computadores 40.000,00 6 2014 20.000,00 15.000,00
1 Impressora 10.000,00 6 2013 6.666,67 7.000,00
1 Viatura 280.000,00 5 2015 112.000,00 210.000,00
i. Qual é o valor de IRPS a pagar?
ii. Porquê que as mais-valia são tributadas em sede do IRPS e não em sede IRPC?
Na sua opinião o que é mais vantajosa para a entidade pagadora?

2. Na celebração do contrato de depósito a prazo entre Sr. Style e Banco Socremo


foi acordado que no final de cada ano o depositante levantaria um juro líquido de
20.000,00 Mts gerado por um capital de 200.000,00 Mts.
a) Qual é o juro bruto produzido pelo capital do Sr. Style?
b) Quanto é que o banco canalizou ao cofre do estado referente ao IRPS do Sr.
Style

Correcções
1a)
Valor contabilístico = (V0 - AA) Valor de venda Mais-valia ou Menos-
valia IRPS
Computador 20.000,00 15.000,00 -5.000,00 -650,00
Impressora 3.333,33 7.000,00 3.666,67 476,67
Viatura 168.000,00 210.000,00 42.000,00 7.140,00
Total 191.333,33 232.000,00 40.666,67 6.966,67

NOTA: Demonstração de cálculo de IRPS para cada elemento mobiliário conforme as


taxas previstas no n°3 do art. .40°do CIPRS. Prezado estudante no geral sabe-se que a
taxa de retenção na Terceira categoria é de 20% mas é importante ver a questão do
tempo de permanência efectivo do imobilizado alienado.
Descrição Bem detido a % aplicada Cálculos
Computador 3 anos 65% -5 000*0,65*0,2 = -650,00
Impressora 4 anos 65% 3 666,67*0,65*0,2 = 476,67
Viatura 2 anos 85% 42 000*0,85*0,2 = 7 140,00

1b) Sendo um acto isolado, isto é, o bem vendido não se enquadra no escopo do
negócio da empresa visto que adquiriu-se para o uso e não como mercadoria a
legislação dá a possibilidade de elementos como estes serem tributados em sede de
IRPS, no entanto, no momento de apuramento de resultados a receita das mais-valia
será anulada no modelo 22 para empresa não sofrer uma dupla tributação. Quanto a
decisão de tributação favorável da empresa comparando as taxas de IRPS e IRPC
aplicáveis pode se dizer que o IRPS é favorável, mas esta resposta pode ser enganadora,
pois sabe-se que a empresa paga ou não paga o IRPC em função do resultado obtido,
portanto a resposta seria depende dos casos.

2a) Os depósitos a prazo enquadram-se na Terceira categoria, portanto a taxa de


retenção do IRPS nesta categoria é de 20% mas sendo depósito a prazo a taxa a aplicar
conforme alinea a) do n°3 do art.57 CIRPS será de 10%.
Juro líquido = Juro Bruto – IRPS
20.000,00 = JB – 0,1JB
JB = 20.000,00/0,9
JB = 22.222,22

2b)
IRPS = 0,1*22.222,22 ou 22.222,22 – 20.000,00
IRPS = 2.222,22 Mts

EXERCÍCIOS DE CÁLCULO DE IRPS - 3ª CATEGORIA

1. Suponha que a STV no intuito de equipar um dos seus gabinetes comprou em 04


de Maio de 2017 um TV plasma por 50.000,00 Mts que foi alienado em 04 de Setembro
de 2017 por 65.000,00 Mts. Qual é o valor do IRPS a pagar?

2. A Petromoc Vendeu por 35.000,00 Mts uma motorizada adquirida a 6 anos que
se encontrava escriturada por 25.000,00 Mts. Apure o IRPS.
1.3.4. RENDIMENTOS PREDIAIS – 4ª CATEGORIA

INCIDÊNCIA OBJECTIVA
Integram a 4ª categoria os rendimentos, ou seja, as rendas de prédios rústicos, urbanos,
pagas ou colocadas à disposição dos respectivos titulares, bem como as provenientes da
cessão de exploração de estabelecimento comerciais ou industriais, incluindo a dos bens
móveis naquele existente.
Considera-se rendas:
a) As importâncias relativas à cedência do uso de prédio ou parte dele e aos
serviços relacionados com aquela cedência;
b) As importâncias relativas ao aluguer de máquinas e mobiliários instalados no
imóvel locado;
c) A diferença auferida pelo sublocador, entre a renda recebida do subarrendatário
e a pagar ao senhorio;
d) As importâncias relativas à cedência do uso de partes comuns de prédios em
regime de propriedade horizontal
e) As importâncias relativas à constituição, a título oneroso, de direitos reais de
gozo temporários, ainda que, por vezes, vitalícios, sobre prédios rústicos ou urbanos.

DETERMINAÇÃO DO RENDIMENTO LÍQUIDO


O rendimento líquido da 4ª categoria é dado pela dedução, ao montante bruto das rendas
auferidas, das despesas de conservação e de manutenção efectivamente suportada e que
se mostrem documentalmente provadas.
Deduzir-se-ão ainda, no caso de fracção autónoma de prédio em regime de propriedade
horizontal, os encargos de conservação, fruição e outros que, no termos da lei civil, o
condómino deva obrigatoriamente suportar, e que se encontrem documentalmente
provados.
Na sublocação e na cessão temporária de exploração de estabelecimento comercial,
industrial ou agrícola, a diferença entre a renda ou as importâncias recebidas pelo
sublocador ou pelo cedente, respectivamente, se a parte que cada um paga não
beneficiar de qualquer dedução.

OBRIGAÇÕES DECLARATIVAS
O facto constitutivo da obrigação de imposto, quanto ao aspecto temporal é o
pagamento ou colocação à disposição, das rendas. Assim, a renda depositada à ordem
do senhorio é uma renda paga ou colocada à disposição. Mas já não é a renda
depositada à ordem do Tribunal na pendência de um processo de despejo.
A titularidade de rendimentos da 4ª categoria determina a apresentação da declaração
anual Modelo 10 de IRPS, acompanhada do anexo.
Exemplo:
3. A empresa Moza alarmes Lda. arrendou escritórios da Sr. Amosse Tembe pelo
valor mensal de 45.000,00 Mts Líquidos.
a) Quanto é que a empresa Moza alarmes Lda gasta de renda por mês?
b) Se tivesse arrendado numa empresa que exige o mesmo valor líquido e com
contabilidade organizada quanto é que a Moza alarmes Lda gastaria de renda por mês?
c) Em relação a questão em a) quem é sujeito passivo do IRPS e quem deve
declarar o seu pagamento?
Resolução
3a) Renda líquida = Renda bruta – IRPS
45.000,00 = RB – 0,14RB
RB = 45.000,00/0,86
RB = 52.325,58

3b) Renda líquida = Renda bruta – IRPS


45.000,00 = RB – 0,2RB
RB = 45.000,00/0,8
RB = 56.250,00

3c) O sujeito passivo é o Sr. Amosse Tembe mas o pagamento é declarado pela empresa
Moza Alarmes Lda.
Nota explicativa: Nesta categoria a taxa de retenção aplicada para um particular é de
14% resultante da retenção de 20% e sobre ela incidindo uma dedução de 30% de
despesas de manutenção e conservação conforme disposto no n°3 do RIRPS suportadas
pelo arrendatário. No entanto, retém-se apenas 20% se o contrato de arrendamento tiver
sido celebrado com uma empresa em regime de contabilidade organizada.

1.3.5. RENDIMENTOS DA 5ª CATEGORIA


De acordo com o Art. 16º do CIRPS, encontram-se agrupados nesta categoria os
rendimentos originários de:
a) Ganhos em numerário, efectivamente pagos ou postos à disposição, provenientes
de jogos de diversão social, nomeadamente: lotarias, rifas, apostas mútuas, loto,
totoloto, bingo, sorteios, concursos e outras modalidades regidas pela Lei nº 9/94, de 14
de Setembro (rege a exploração de jogos de diversão social);

b) Incrementos patrimoniais, desde que não considerados rendimentos de outras


categorias.

A DETERMINAÇÃO DO RENDIMENTO LÍQUIDO


Na determinação do rendimento colectável dos rendimentos qualificados como
incrementos patrimoniais não são efectuadas quaisquer deduções.

OBRIGAÇÕES DECLARATIVAS
A titularidade de rendimentos da 5ª Categoria determina a apresentação da Declaração
Anual Modelo 10 de IRPS, acompanhada do Anexo.
Exemplo
1. Se a Sojogo tem um prémio bruto de 50.000,00 Mts quanto é que deve entregar
aos vencedores?

Conforme o disposto na alínea c do n°3 do art. 57 CIRPS a retenção de imposto deve


ser feita a uma taxa de 10%
Prémios líquidos = Prémios brutos - IRPS
Prémios líquidos = 50.000,00 - 50.000,00*0,1
Prémios líquidos = 45.000,00

Resposta: os vencedores recebem o prémio líquido, dai que receberão um total de


45.000,00 Mts.
EXERCÍCIOS DE CÁLCULO DE IRPS - 5ª CATEGORIA

Quanto é que a sojogo gastaria para pagar um prémio líquido de 1.500.000,00 Mts?
O estudante já teve oportunidade de calcular o rendimento líquido em várias categorias,
e sabe que as taxas liberatórias aplicadas de segunda a quinta categoria variam de 10% a
20%, neste momento deve aprender am preencher o modelo 19 pois a entidade pagadora
declara o pagamento de IRPS de várias categorias neste modelo.

1. A Sociedade Moz Alarmes Lda que presta serviços de montagem de alarmes


durante o mês de Julho de 2018 registou várias despesas incluindo o processamento de
salário conforme o extracto do balancete abaixo:
Contas Período Acumulado Saldos
Débito Crédito Débito Crédito Devedor Credor
62 Gastos com Pessoal 202.020,00 0,00 1.414.140,00 0,00 1.414.140,00
0,00
622 Remunerações dos trabalhadores 194.250,00 0,00 1.359.750,00 0,00
1.359.750,00 0,00
6221 Tânia Manjate 75.000,00 0,00 525.000,00 0,00 525.000,00 0,00
6222 Tomás Manhiça 19.250,00 0,00 134.750,00 0,00 134.750,00 0,00
6223 Alexandre Tivane 100.000,00 0,00 700.000,00 0,00 700.000,00
0,00
623 Encargos sobre remunerações 7.770,00 0,00 54.390,00 0,00
54.390,00 0,00
63 Fornecimentos e Serviços de Ter.56.000,00 0,00 296.000,00 0,00
296.000,00 0,00
632 Fornecimentos e Serviços 56.000,00 0,00 296.000,00 0,00
296.000,00 0,00
63223 Transportes de Pessoal 15.000,00 0,00 75.000,00 0,00
75.000,00 0,00
632231 Hilário Munguambe 15.000,00 0,00 75.000,00 0,00 75.000,00
0,00
63232 Rendas e alugueres 30.000,00 0,00 210.000,00 0,00 210.000,00
0,00
632321 António Mondlane 30.000,00 0,00 210.000,00 0,00 210.000,00
0,00
63299 Outros serviços 11.000,00 0,00 11.000,00 0,00 11.000,00
0,00
632991 Canalizador José Machel 6.000,00 0,00 6.000,00 0,00
6.000,00 0,00
632992 Electricista Cristovão 5.000,00 0,00 5.000,00 0,00
5.000,00 0,00

Informações Adicionais
 A ABC Lda. celebrou no dia 28 de Fevereiro o contrato de serviços prestados
por Sr. Hilário Munguambe;
 O Edifício onde está sediada a empresa pertence ao Sr. António Mondlane um
particular tendo sido celebrado o contrato no dia 20 de Maio de 2010
 A Sra. Tânia tem 4 dependentes, Sr. Tomás tem 2 dependentes e Sr. Alexandre
sem nenhum dependente.

Pretende-se:
a) Analisado o balancete preencha o modelo 19 referente a Julho.
b) Indique o prazo da submissão deste modelo nas finanças.

Nota explicativa: Na primeira categoria já se demonstrou o cálculo do IRPS da Tânia e


Alexandre, portanto, o estudante deve saber que o Hilário Munguambe, José Machel e
Cristovão são prestadores de serviços por isso o rendimento é classificado na segunda
categoria onde se desconta 20% do rendimento total de 26.000,00 Mts dando IRPS de
5.200,00 Mts, o rendimento do Sr. António Mondlane proveniente de aluguer
enquandra-se na quarta categoria onde se desconta 14% de 30.000,00 dando IRPS de
4.200,00 Mts.

1b). Respondendo à questão em b, importa referir que a empresa deverá entregar o


modelo 19 entre dia 1 a 20 do mês seguinte que seria entre 1 até 20 de Agosto de 2018.

2. Suponha que no mês de Janeiro de 2019 a Vodacom para além dos salários
brutos de 5.000.000,00 Mts com uma taxa de retenção na fonte pela 1ª categoria
correspondente a 12%, reteve em outras categorias o IRPS referente a gastos de
arrendamento de espaço de colocação de antenas no valor de 1.500.000,00 Mts e pagou
os serviços dos engenheiros vindo de Portugal o correspondente a 1.000.000,00 Mts
brutos.
Tarefa:
a) Preencha o modelo 19 da Vodacom
b) Indique a data para submissão do modelo 19.

Prezado/a estudante com estas duas demonstrações acreditamos que já está preparado/a
para preenhecer o modelo 19 de qualquer empresa ou qualquer exercício, o segredo para
o seu preenchimento é conhecer a categoria do rendimento e a taxa ou taxas de IRPS
aplicada(s) para cada caso.

Exercício
1. A Premier Bet Moçambique uma empresa que coloca a disposição as apostas de
várias modalidades de jogos. No mês de Setembro de 2018 em relação aos cálculos e
pagamento de IRPS disponibilizou a seguinte informação:
Salário Base N° de Dependentes
Trabalhador A20.000,00 2
Trabalhador B 25.000,00 1
Trabalhador C 10.000,00 0
Trabalhador D32.500,00 2

Outras informações
 Em setembro a empresa disponibilizou prémios líquidos de 2.000.000,00 Mts
aos vencedores.
 Neste mês a empresa atribuiu e imediatamente disponibilizou os dividendos dos
sócios pelo valor bruto total de 250.000,00 Mts

Pretende-se o preenchimento do modelo 19.

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