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O que é golpe de aríete e quais são as causas?

O que é Golpe de Aríete?

O Golpe de Aríete é um fenômeno hidráulico onde o fluído literalmente dá


“marteladas” no interior da tubulação, se chocando contra tubos, válvulas e
conexões.

Numa tradução literal, Aríete significa carneiro e pode ter também como
entrada a tradução “vaivém”.

O nome Aríete vem de um dispositivo ou arma de guerra utilizada nas Idades


Média e Antiga. O Aríete era composto por um grande tronco de árvore com
uma das extremidades revestida por peça metálica, geralmente de bronze,
muitas vezes no formato de uma cabeça de um carneiro.

Essa arma era utilizada pelos soldados que, sincronizados em grupo,


chocavam a extremidade metálica desse tronco contra portões repetidas vezes,
até que a estrutura viesse a romper.

Como ocorre o Golpe de Aríete?

Geralmente, pelo efeito da obstrução do fluido com o fechamento de alguma


válvula de forma abrupta, por quedas de energia onde sistemas são desligados
e posteriormente religados ou ainda, pelo acumulo de ar dentro do fluido
causando bolsões compressíveis.

Quando uma válvula é fechada de forma abrupta, geralmente válvulas de


esfera, borboleta ou retenção, a energia de velocidade é transformada em
pressão.

O fluído obstruído pela válvula tende a retornar no sentido contrário ao de


escoamento, chocando se com o fluido que ainda tentar escoar no seu sentido
natural, pela inércia, isso cria ondas de choque ao longo da tubulação que vão
diminuindo com a acomodação do fluido e estabilização da pressão.

Quando ocorrem quedas de energia e retomadas seguintes, ou nas partidas de


bombas, a alta velocidade inicial do fluido pode causar batidas nos pontos de
bloqueio, em estrangulamento ou ainda em mudanças de direções. Essas
paradas programadas ou não, geralmente encontram bolsões de ar que
agravam a onda de choque, onde o ar pode ser comprimido causado excessos
de pressão e verdadeiros bólidos dentro de tubulações.

O que o Golpe de Aríete causa?

Quanto maior a velocidade de escoamento do fluído, tão maior pode ser o


Golpe de Aríete. Em prédios muito altos ou tubulações muito extensas a
ocorrência é de maior impacto.
O Golpe de Aríete pode provocar o rompimento imediato de válvulas, tubos,
uniões e conexões de uma tubulação.

Ao longo do tempo, os ciclos de batidas do Golpe de Aríete fragilizam as


tubulações e seus componentes, causando manutenções recorrentes além de
danificar bombas e motores.

Outro efeito muito incômodo é o barulho causado pelas “marteladas” na


tubulação, em alguns casos chegando a ser até insuportáveis.

Exemplo de válvula rompida por um Golpe de Aríete Áudio


Exemplo de barulho causado por um Golpe de Aríete

O que pode ser feito para evitar o surgimento do Golpe de Aríete?

Algumas ações podem ser tomadas para evitar esse fenômeno hidráulico,
utilização de válvulas redutoras de pressão, acionamento lento das válvulas de
bloqueio ou ainda aplicação de sistemas de controle na partida das bombas de
forma a elevar sua potência de forma gradativa.

O Golpe de Aríete e seus riscos nas instalações


hidráulicas
O aríete era uma máquina de guerra amplamente utilizada nas Idades Média e Antiga.
Você já deve ter visto um inclusive, em algum filme medieval sendo utilizado naquela
cena em que os soldados que cercavam uma muralha tentavam romper o portão
principal para entrar na cidade inimiga. O aríete era aquela arma usada para isso, ele era
constituído por um tronco de grandes dimensões, em uma de suas pontas era acoplada
uma testa de ferro ou de bronze que podia, muita das vezes ter o formato da cabeça de
um carneiro, em uma clara alusão ao animal que vive dando “cabeçadas” em seus
oponentes. Os aríetes podiam ser portáteis ou acoplados a um carro, seu princípio era
simples, os soldados o levavam até a porta de uma muralha e em sincronia, faziam sua
testa chocar-se contra os portões, destruindo aos poucos a estrutura da entrada e abrindo
caminho para o restante do exército.
Aríete do tipo portátil

Aríete acoplado a um carro

Mas o que então essa arma de guerra medieval tem a ver com as instalações
hidráulicas?

O golpe de aríete nesse caso é um fenômeno que ocorre no interior das tubulações que
conduzem tanto água fria quanto água quente sob pressão quando essa mesma água ao
escoar pelos tubos em alta velocidade é bruscamente interrompida. Tal processo acaba
gerando sobrepressões nas conexões e equipamentos da instalação hidráulica, algo
muito parecido com o que a arma medieval fazia, só que nesse caso ao invés dos
soldados em velocidade chocarem-se abruptamente com as portas de uma muralha é o
líquido em escoamento que chocas-se devido ao fechamento rápido de um registro ou
de uma válvula. Em casos mais severos é possível até escutar o impacto devido a ele
nos encanamentos.
Infográfico Golpe de Aríete (Fonte: VRPPremium)

O golpe pode ser causado por diversos equipamentos: bombas de recalque ou


pressurização, máquinas de lavar roupa, válvulas de descarga, registros de esfera,
registros de gaveta, válvulas monocomando, etc. Nas bombas hidráulicas por exemplo,
é muito comum haver problemas quando é instalada uma válvula de retenção na rede
muito distante do ponto de recalque e sem dispositivos de proteção, vazamentos nos
pontos de conexão entra as válvulas e a tubulação são comuns nesses casos. Ainda nos
sistemas influenciados pela bomba, a abertura ou fechamento de registros, com a bomba
em funcionamento especialmente no caso dos registros de curso curto que interrompem
o fluxo de água de maneira mais abrupta também permite verificarmos o mesmo
fenômeno.
Patologias decorrentes do golpe de aríete (Fonte: TLV)

Já nas residências o local mais comum do golpe acontecer é em ramais que


alimentam vasos sanitários com válvulas de descarga e quando essas válvulas
encontram-se desreguladas também parando a passagem de água de maneira muito
rápida. A solução nesse caso é efetuar ou a regulagem da válvula ou mesmo sua
substituição por uma mais moderna com melhor controle do fecho.

Em prédios é mais comum verificarmos casos nos andares mais baixos uma vez que a
água tende a chegar nesses pavimentos com maiores velocidades. Nessas situações as
consequências podem ser catastróficas, o golpe aplicado aos tubos a longo prazo
reduzem sua resistência e acabam gerando uma manutenção do sistema acima dos
normais previstos pelos fabricantes. Em casos mais severos o golpe pode ocasionar o
rompimento instântaneo e pode prejudicar até parte da estrutura do prédio. Uma das
formas de evitar tais inconvenientes é a instalação de válvulas redutoras de pressão.
Essas vávulas atuam de maneira automática e devem ser sempre instaladas em pares, de
forma que em uma eventual manutenção o abastecimento do ramal não seja
prejudicado.

Normalmente , cria-se estação central de válvulas redutoras onde concentramos todos os


dispositivos, esta pode situar-se a meia altura do prédio ou no pavimento mais inferior.
Na prática, verifica-se a instalação inferior com maior uso, uma vez que a instalação a
meia altura traz o inconveniente do barulho gerado pelas válvulas e a dificuldade em
encontrar um local no pavimento dos apartamentos para locar-se a central.

Posições da central de válvulas redutoras de pressão: 1 -à meia altura; 2 – no subsolo


(Fonte: VRPPremium)
O projetista deve estar atento à essas situações de sobrepressão, especialmente
em edifícios com mais de 40m de altura ou cerca de 13 andares sempre em atendimento
às recomendações da NBR 5626 – Instalação predial de água fria.

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